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Introdução à matéria de Direito Financeiro. Noções Gerais FACULDADE AUTÔNOMA DE DIREITO – FADISP DIREITO FINANCEIRO Prof. André Castro Carvalho

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Page 1: Introdução à matéria de Direito Financeiro. Noções Gerais FACULDADE AUTÔNOMA DE DIREITO – FADISP DIREITO FINANCEIRO Prof. André Castro Carvalho

Introdução à matéria de Direito Financeiro. Noções Gerais

FACULDADE AUTÔNOMA DE DIREITO – FADISP

DIREITO FINANCEIRO

Prof. André Castro Carvalho

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Premissas iniciais

• Para que se presta o Estado?

• Como e com o que o Estado “sobrevive”?

• O Direito dialoga com as demais disciplinas?

• O Estado Federal, além de “federalizar” as competências, deve fazê-lo com os recursos?

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Necessidades públicas

• A Assembleia Constituinte vai determinar o que o Estado deve fazer e onde ele deve se abster.

• Ao criar obrigações para a União Federal e Estado, a Constituição está se pautando pelas necessidades públicas de determinada sociedade.

• Assim, as necessidades públicas são aqueles deveres do Estado para com seus “súditos”, posto que eles aderem ao Estado para proteger seus interesses (lembrem-se dos contratualistas e de Thomas Hobbes: homo homini lupus)

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Atividade Financeira do Estado

• Conforme ensina o Professor Regis de Oliveira (p. 65), “a atividade financeira é precedida pela definição das necessidades públicas.”

Definição das necessidades financeiras, ou seja, do que o Estado deve atender

Formação do Estado

Surgimento da atividade financeira do Estado

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Atividade Financeira do Estado

• Assim, a partir do momento que se definem as obrigações (necessidades públicas), vem a pergunta: como o Estado irá atendê-las?

• Logo, o Estado deve auferir recursos, gerir, gastar, segundo Regis de Oliveira. Adicionaria que ele também deve controlar essa atividade.– ATIVIDADE FINANCEIRA ESTATAL = ARRECADAR

+ GERENCIAR + GASTAR + CONTROLAR

• A atividade financeira estatal vai, portanto, estruturar o Estado.

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Objeto metodológico

• Assim, na nossa disciplina, iremos avançar a partir do primeiro aspecto (arrecadação), cerne de estudo do Direito Tributário, para nos debruçarmos sobre o Direito Financeiro:– Gerenciar recursos = orçamento– Gastar os recursos = despesas públicas– Controlar os recursos = fiscalização

• Direito Financeiro, portanto, “(...) é o estudo de princípios e normas que regem a atividade financeira do Estado.” (OLIVEIRA, p. 86)

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Principal enfoque

• A despeito disso, daremos um enfoque adicional às despesas públicas. E por quê?

• O Direito Financeiro não é ramo de estudo independente, como se pode ver. Diríamos que ele é instrumental a todos os ramos de Direito Público, pois sem recursos não se tem Estado, como já vimos.

• Porém, há um ramo com o qual ele se relaciona fundamentalmente. E qual seria?

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Direito Constitucional• O Direito Financeiro vem como resposta ao

Direito Constitucional.• A Constituição Federal estabelece que é um

direito de todos educação e saúde de qualidade, por exemplo.

• Mas como se faz para ter uma educação básica pública de qualidade?

• Algumas opções: escravizar os professores para o ensino, como na Roma Antiga? Escravizar parte da população para construir escolas, como fazia o Egito Antigo?

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Direito Constitucional• Claro que não! O Estado precisa determinar como será o

financiamento do ensino público.• O financiamento do ensino público, desde a arrecadação,

gerenciamento, gasto e controle é afeto ao Direito Financeiro.• Assim, por exemplo:

– Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 2000) – CLÁUSULA SOCIAL

– Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. – CLÁUSULA FINANCEIRA

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Direito Constitucional Financeiro

• Assim, o Direito Constitucional define o que é fundamental para uma nação, inscrevendo constitucionalmente aquilo que entende como mais importante a ser perseguido.

• O Direito Financeiro, em um segundo momento, vai se preocupar em efetivá-los.

• Daí surge o Direito Constitucional Financeiro, que estudará a atividade financeira estatal como garantidora da estruturação empírica da Constituição (CORTI, p. 2 e 16).

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Direito Constitucional Financeiro

• Visto isso, o que é o Direito Constitucional Financeiro? É a zona secante existente entre o Direito Financeiro, o Direito Constitucional e a Ciência das Finanças:

Direito Constitucional

Direito Financeiro

Ciência das Finanças

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Direito Constitucional Financeiro

• É portanto, o ponto em comum entre o Direito Constitucional (que vai definir os direitos e deveres), Ciência das Finanças (que vai definir os aspectos políticos, econômicos e sociais para se traçar a política financeira do Estado) e o Direito Financeiro (que, por meio das normas jurídicas, rege a atividade financeira estatal.

• O Direito Constitucional Financeiro vai além do Direito Financeiro, portanto. Presta-se, fundamentalmente, a usar os conhecimentos teóricos econômicos para dar, por meio de normas, sustentabilidade aos direitos e deveres apregoados pela Constituição.

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Estado Federal • Visto isso, sabemos o que são

necessidades públicas, atividade financeira, Direito Financeiro e o Direito Financeiro Constitucional.

• Porém, como isso fica em um Estado Federal, como o Brasileiro?

• Federação, do latim foedus, significa pacto. É, portanto, a união de diversos entes independentes que decidem abdicar parcela dessa independência para um fim comum.

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Federalismo

• Daí advém o pacto federativo, ou seja, o acordo entre esses entes que regerá as suas relações entre si.

• Logo, o Estado Federal surge de um processo de divisão de competências e atribuições para um fim comum, mantendo a autonomia de cada ente federativo (nas funções que lhe couberem) e o seu poder de participação nas decisões.

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Federalismo

• Assim, a Constituição irá distribuir competências e responsabilidades para cada ente federativo. A União, v. g., deve promover ensino superior gratuito. Estados devem se preocupar com o ensino médio e os Municípios com o ensino básico. Assim está escalonada, por exemplo, a educação no Brasil.

• Porém, como custear isso?

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Federalismo• A Constituição Federal distribui a competência tributária,

conforme estudado na disciplina do Direito Tributário, segundo diversos aspectos econômicos, políticos e sociais que não vem ao caso mencionar.

• Porém, apenas para recapitular, a maior fonte de recursos é a tributária. Todos os entes federativos podem cobrar taxas e contribuição de melhoria, os Municípios podem cobrar, de impostos, ISS, ITBI e IPTU, e a CIP de contribuição. Os Estados, IPVA, ICMS e ITCMD. A União, II, IE, IPI, IOF, IR, ITR e IGF, as contribuições sociais e as CIDEs, empréstimos compulsórios, dentre outros tributos que eu posso ter me esquecido...

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Federalismo Fiscal

• Portanto, a União é o ente que detém a maior capacidade tributária. Mas, por outro lado, Estados e Municípios têm tantas (ou até mais) obrigações a cumprirem, e poucos recursos disponíveis.

• Dessa forma, como fazer para sanar esse “problema”? Eis que surge o ramo de estudo “Federalismo Fiscal”.

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Federalismo Fiscal• O Federalismo Fiscal preocupa-se, logo, com a divisão

de atribuições e de recursos entre os entes federativos.• Marcos Mendes (p. 421) – que é economista – explica

federalismo fiscal:• (...) como a divisão de tarefas entre os diferentes níveis de governo: quem (que níveis de

governo) deve arrecadar cada um dos tributos do país e quem deve ofertar cada um dos serviços públicos (saúde, saneamento, educação, limpeza, iluminação, segurança pública, estabilidade macroeconômica, assistência aos pobres etc.) A idéia principal é buscar uma divisão de tarefas que maximize a eficiência do setor público.

• O principal meio para acabar com tanto são, portanto, as repartições de receita por meio de transferências intergovernamentais, questão correlata ao Direito Financeiro e ao Federalismo Fiscal.

• No Brasil, as transferências principais e as partilhas estão nos arts. 157 a 160.

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Federalismo Fiscal

Recursos da União Recursos dos Estados

Recursos dos Municípios

Atribuições da União Atribuições dos Estados Atribuições dos Municípios

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Federalismo Fiscal• Agora vocês devem estar se perguntando: e qual a

utilidade prática disso?• Notícia de 20/3/2010 na Agência Senado: “Os quatro projetos

do Executivo que tratam do novo marco regulatório para a exploração do petróleo na área do pré-sal foram aprovados pela Câmara dos Deputados na forma de substitutivos, com várias alterações nas propostas originais, e agora estão sendo debatidos pelos senadores. A mudança mais polêmica é a que altera o projeto que trata dos royalties do petróleo para prever a distribuição dos recursos com base nos Fundos de Participação dos Estados e Municípios (FPE e FPM), o que diminuirá o montante atualmente recebido por regiões produtoras. Também tem gerado discussão emenda ao projeto que cria o Fundo Social - os deputados querem que 5% dos recursos da área do pré-sal sejam direcionados a um fundo específico, com objetivo de recompor perdas das aposentadorias superiores a um salário mínimo.”

• E agora? Como ficam as Olimpíadas no Rio de Janeiro?

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ATÉ A PRÓXIMA SEMANA!

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