direito constitucional ii - lfg

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TURMA: Maratona OAB 1ª fase online DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON CONTEÚDO DO MATERIAL: TEMA 1: PODER LEGISLATIVO: IMUNIDADES PARLAMENTARES TEMA 1: PODER LEGISLATIVO: IMUNIDADES PARLAMENTARES 1-Imunidades dos Congressistas As imunidades parlamentares “são regras que visam assegurar o livre exercício do mandato e não proteger a pessoa que eventualmente o desempenha; são, pois, prerrogativas de caráter institucional, vinculadas ao cargo” 1 . Os parlamentares federais possuem imunidade material (art. 53, CF/88); formal relacionada à prisão (art. 53, § 2°, CF /88) e imunidade formal relativa ao processo (art. 53, §§ 3° a 5°, CF/88). 2 - Imunidades dos Deputados Estaduais Art. 32, § 3º, CF/88: Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27. Art. 27, § 1º, CF/88: Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. Conforme o artigo 27, § 1º, CF/88, “as mesmas regras referentes às inviolabilidades e imunidades pertencentes aos parlamentares federais são aplicáveis aos Deputados estaduais” 2 . 3 - Imunidades dos Vereadores Art. 29, VIII, CF/88: O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os 1 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 565. 2 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 584-585.

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Resumo Direito Constitucional OAB

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  • TURMA: Maratona OAB 1 fase online DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON

    CONTEDO DO MATERIAL:

    TEMA 1: PODER LEGISLATIVO: IMUNIDADES PARLAMENTARES

    TEMA 1: PODER LEGISLATIVO: IMUNIDADES PARLAMENTARES

    1-Imunidades dos Congressistas

    As imunidades parlamentares so regras que visam assegurar o livre exerccio do mandato e no proteger a pessoa que eventualmente o desempenha; so, pois, prerrogativas de carter institucional, vinculadas ao cargo1.

    Os parlamentares federais possuem imunidade material (art. 53, CF/88); formal relacionada priso (art. 53, 2, CF /88) e imunidade formal relativa ao processo (art. 53, 3 a 5, CF/88).

    2 - Imunidades dos Deputados Estaduais

    Art. 32, 3, CF/88: Aos Deputados Distritais e Cmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.

    Art. 27, 1, CF/88: Ser de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- s-lhes as regras desta Constituio sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remunerao, perda de mandato, licena, impedimentos e incorporao s Foras Armadas.

    Conforme o artigo 27, 1, CF/88, as mesmas regras referentes s inviolabilidades e imunidades pertencentes aos parlamentares federais so aplicveis aos Deputados estaduais2.

    3 - Imunidades dos Vereadores

    Art. 29, VIII, CF/88: O Municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os

    1 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 565.

    2 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 584-585.

  • seguintes preceitos: inviolabilidade dos Vereadores por suas opinies, palavras e votos no exerccio do mandato e na circunscrio do Municpio

    Os vereadores no possuem nenhuma imunidade formal. No entanto, possuem imunidade material, mas esta est circunscrita ao territrio do Municpio.

    Neste sentido, o Vereador inviolvel ao proferir suas opinies, palavras e votos, mas o reconhecimento desta imunidade condiciona-se no s demonstrao de pertinncia e conexo com o mandato, mas tambm a comprovao de que ele agia dentro dos limites da circunscrio municipal

  • TURMA: MARATONA OAB 1 FASE ONLINE

    DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON

    CONTEDO DO MATERIAL:

    - REPARTIO CONSTITUCIONAL DE COMPETNCIAS

    - QUESTES PERTINENTES AO TEMA

    REPARTIO CONSTITUCIONAL DE COMPETNCIAS

    COMPETNCIAS ESTADUAIS3

    Os Estados-membros possuem competncia residual: o art. 25, 1, CF/88 expressamente determina que so reservadas a estes entes as competncias que no lhes sejam vedadas pela Constituio.

    Identifica-se para os Estados competncias:

    - materiais exclusivas;

    - legislativas privativas;

    - materiais comuns (art. 23, CF/88), e

    - legislativas concorrentes (art. 24, CF/88).

    Obs: H competncia material exclusiva expressa para os Estados, constante do texto constitucional, conforme dispe o artigo 25, 2, CF/88:

    Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concesso, os servios locais de gs canalizado, na forma da lei, vedada a edio de medida provisria para a sua regulamentao.

    3 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 475.

  • Em relao s atribuies legislativas privativas, os Estados-membros

    possuem algumas atribuies expressas no texto constitucional:

    - art. 18, 4, CF/88: A criao, a incorporao, a fuso e o desmembramento de Municpios, far-se-o por lei estadual, dentro do perodo determinado por Lei Complementar Federal, e dependero de consulta prvia, mediante plebiscito, s populaes dos Municpios envolvidos, aps divulgao dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

    - art. 25, 3, CF/88: Os Estados podero, mediante lei complementar, instituir regies metropolitanas, aglomeraes urbanas e microrregies, constitudas por agrupamentos de municpios limtrofes, para integrar a organizao, o planejamento e a execuo de funes pblicas de interesse comum.

    - art. 22, Pargrafo nico, CF/88: Lei complementar poder autorizar os Estados a legislar sobre questes especficas das matrias relacionadas neste artigo.

    COMPETNCIAS MUNICIPAIS4

    Suas mais importantes atribuies foram elencadas no art. 30, CF/88,

    que enunciou a competncia municipal para legislar sobre assuntos de

    interesse local, suplementar a legislao federal e a estadual no que couber e

    algumas atribuies materiais (administrativas).

    - art. 30, CF/88: Compete aos Municpios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislao federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competncia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuzo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislao estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, os servios pblicos de interesse local, includo o de transporte coletivo, que tem carter essencial; VI - manter, com a cooperao tcnica e financeira da Unio e do Estado, programas de educao

    4 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 477.

  • infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperao tcnica e financeira da Unio e do Estado, servios de atendimento sade da populao; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupao do solo urbano; IX - promover a proteo do patrimnio histrico-cultural local, observada a legislao e a ao fiscalizadora federal e estadual.

    A seguir algumas das mais relevantes manifestaes do STF a respeito

    das atribuies legislativas municipais:

    - a fixao do horrio de funcionamento de estabelecimentos comerciais (smula n 645, STF);

    - normas que se referem ao conforto e a segurana dos usurios (clientes ou no) dos servios bancrios de competncia municipal (AI 347.717-AgR-RS, noticiado no Informativo 394, STF);

    - edio de lei que estipule tempo mximo de espera na fila de cartrios, para obteno de servios notariais (RE 397.094-DF, STF, Rel. Min. Seplveda Pertence, noticiado no Informativo 438, STF);

    Por fim, os municpios tambm exercem as competncias materiais

    comuns previstas no art. 23, CF/88.

    COMPETNCIAS DISTRITAIS5

    O Distrito Federal possui competncia legislativa cumulativa estadual e municipal, exerce as competncias materiais comuns previstas no art. 23, CF/88, as competncias legislativas concorrentes, previstas no art. 24, CF/88 e, tambm poder exercer a competncia legislativa sobre temas especficos descritos no art. 22, CF/88, caso a Unio venha delegar parte de alguma de suas competncias legislativas privativas, conforme o pargrafo nico do artigo 22 da Constituio.

    Em resumo, pode-se dizer que o Distrito Federal competente para:

    - editar sua prpria Lei Orgnica;

    5 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 479.

  • - exercer a competncia legislativa remanescente (e as eventuais enumeradas) dos Estados-membros;

    - exercer a eventual competncia legislativa delegada pela Unio;

    - exercer a competncia legislativa concorrente-suplementar (complementar e supletiva) com os Estados-membros;

    - exercer a competncia legislativa enumerada dos Municpios; e

    - exercer a competncia legislativa suplementar dos Municpios

    TURMA: MARATONA OAB 1 FASE ONLINE

    DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON

    CONTEDO DO MATERIAL:

    ORGANIZAO DOS PODERES PODERES EXECUTIVO E JUDICIRIO

    PODER EXECUTIVO

    1 - Funo do Poder Executivo:

    Por ser um dos Poderes da Unio, o poder executivo independente e autnomo e tem por funo primordial a de administrar a coisa pblica, por meio de atos de chefia de Estado, chefia de Governo e da administrao6.

    2 - Eleio e mandato

    So requisitos para se candidatar ao cargo de Presidente da Repblica7:

    Possuir a nacionalidade originria (ser brasileiro nato); Possuir alistamento eleitoral; Estar no pleno exerccio dos direitos polticos; Estar filiado a algum partido poltico; Ter a idade mnima de trinta e cinco anos, a ser comprovada na data da

    posse. No estar sujeito incidncia de nenhuma causa de inelegibilidade

    (que so as previstas no art. 14, 1 a 9 da CF/88) 6 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 727.

    7 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 737.

  • O sistema eleitoral adotada nas eleies para o cargo de Presidente da Repblica o sistema eleitoral majoritrio absoluto (ou sistema de dois turnos).

    A eleio do Presidente e do Vice-Presidente da Repblica ser realizada, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no ltimo domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do trmino do mandato presidencial vigente. (art. 77, caput, CF/88)

    Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistncia ou impedimento legal de candidato, convocar-se-, dentre os remanescentes, o de maior votao. (art. 77, 4, CF/88)

    O mandato do Presidente de quatro anos e ter incio em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleio, podendo o mesmo se reeleger para um nico perodo subsequente, novidade introduzida pela Emenda Constitucional n 16/19978

    3 - Impedimento e vacncia

    Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de fora maior, no tiver assumido o cargo, este ser declarado vago. (art. 78, pargrafo nico, CF/88)

    Compete ao Vice-Presidente substituir o Presidente da Repblica em caso de impedimento ou vacncia do cargo. Mas, havendo o impedimento simultneo do Presidente e do Vice-Presidente da Repblica, a Constituio Federal prev um rol taxativo e ordenado das pessoas que devero ser chamadas sucessivamente para ocupar, interinamente, a Presidncia da Repblica9.

    Neste sentido, em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacncia dos respectivos cargos, sero sucessivamente chamados ao exerccio da Presidncia:

    1) O Presidente da Cmara dos Deputados; 2) O Presidente do Senado Federal; 3) O Presidente do Supremo Tribunal Federal.

    Vale ressaltar ainda que, ocorrendo a vacncia dos dois cargos nos dois primeiros anos do mandato presidencial dever ser organizada nova eleio em at noventa dias depois de aberta a ltima vaga. Se, por outro lado, a vacncia dos dois cargos se efetivar nos ltimos dois anos do mandato ser feita nova eleio, trinta dias depois da ltima vaga se abrir10.

    4 - Licena

    8 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 740.

    9 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 742.

    10 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 743.

  • O Presidente e o Vice-Presidente da Repblica no podero, sem licena do Congresso Nacional, ausentar-se do Pas por perodo superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. (art. 83, CF/88)

    De acordo com o entendimento do STF, a regra supracitada dever ser aplicada em mbito estadual, visto ser norma de observncia obrigatria.

    5 - Atribuies do Presidente da Repblica

    As atribuies do Presidente da Repblica encontram-se em um rol exemplificativo constante do art. 84, CF/88.

    Vale ressaltar que, nem todas as competncias elencadas no art. 84 podero ser delegadas. Somente so delegveis as atividades previstas nos incisos VI, XII e XXV 1 parte. A delegao poder ser feita aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repblica (PGR) e ao Advogado-Geral da unio(AGU)11.

    O PODER JUDICIRIO:

    1 - Funes e viso panormica dos rgos:

    O Poder Judicirio tem por funo tpica a jurisdicional. A funo jurisdicional refere-se ao exerccio da prpria jurisdio.

    A funo tpica do poder judicirio a de julgar. O Poder Judicirio tambm exerce funes que no so de sua natureza intrnseca. Realiza funes atpicas tanto de natureza executivo-administrativa quanto de natureza legislativa. Ao organizar suas secretarias (art.96, I, b) e ao conceder licena e frias a seus membros, juzes e servidores imediatamente vinculados (art.96, I, f), o judicirio estar, claramente, exercendo funo de natureza executiva. No mesmo sentido, ao elaborar o seu regimento interno (art.96, I, a), o judicirio estar legislando.

    O Poder judicirio se subdivide em rgos especficos. So rgos do Poder Judicirio (rol do artigo 92, CF):

    Supremo Tribunal Federal (STF) Conselho Nacional de Justia (CNJ) Superior Tribunal de Justia (STJ) Tribunais Regionais Federais e Juzes Federais (TRFs) Tribunais e Juzes do Trabalho (TRTs) Tribunais e Juzes Eleitorais Tribunais e Juzes Militares Tribunais e Juzes dos Estados e do Distrito Federal e Territrios

    11

    MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 743.

  • Obs.: o CNJ no exerce a funo jurisdicional. Todavia, isso no exclui a sua participao no rol dos rgos do Poder Judicirio. Dentre os rgos elencados, o Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e o Conselho Nacional de Justia tm sede na Capital Federal. Os dois primeiros exercem jurisdio em todo o territrio nacional. (artigo 92, CF).

    Organograma do Poder Judicirio:

    2 - Garantias do Judicirio:

    Algumas garantias foram conferidas pela Constituio Federal ao Poder Judicirio, no intuito de assegurar a sua independncia e autonomia frente aos outros poderes.

    Existem garantias de carter institucionais (tais garantias se subdividem em garantias de autonomia orgnico-administrativa e em garantias de autonomia financeira), que protegem o judicirio como um todo, como instituio, alm de garantias funcionais ou de rgos que recaem sobre os prprios membros (magistrados), visando assegurar-lhes independncia e imparcialidade no exerccio de suas funes.

    2.1 Garantias Institucionais:

    CNJ SUPREMO TRIBUNAL

    FEDERAL

    TST

    TRTs

    JUZES DO TRABALHO

    STJ

    TJs TRFs

    JUZES DE DIREITO

    JUZES FEDERAIS

    TSE

    TREs

    JUZES E JUNTAS ELEITORAIS

    STM

    AUDITORIAS MILITARES DA

    UNIAO

    JUSTIA

    ELEITORAL

    JUSTIA

    COMUM

    JUSTIA

    TRABALHISTA

    JUSTIA

    MILITAR

    JUSTIA COMUM ESTADUAL/DISTRITAL

    JUSTIA COMUM FEDERAL

    ESTADUAL/DISTRITAL

    UNIO

    STJ

    TJMs ou TJs

    JUIZES AUDITORES E CONSELHOS DE

    JUSTIA

  • 2.1.1 Garantias de autonomia orgnico-administrativa

    Tais garantias so visveis na estruturao dos prprios rgos pertencentes ao pode judicirio. Vejamos o que diz o artigo 96 da CF:

    Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus rgos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observncia das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competncia e o funcionamento dos respectivos rgos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e servios auxiliares e os dos juzos que lhes forem vinculados, velando pelo exerccio da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituio, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdio; d) propor a criao de novas varas judicirias; e) prover, por concurso pblico de provas, ou de provas e ttulos, obedecido o disposto no art. 169, pargrafo nico, os cargos necessrios administrao da Justia, exceto os de confiana assim definidos em lei; f) conceder licena, frias e outros afastamentos a seus membros e aos juzes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados;II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justia propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: a) a alterao do nmero de membros dos tribunais inferiores; b) a criao e a extino de cargos e a remunerao dos seus servios auxiliares e dos juzos que lhes forem vinculados, bem como a fixao do subsdio de seus membros e dos juzes, inclusive dos tribunais inferiores, Imparcialidade dos rgos judicirios-art.95,p.nico,I-V Vedaes onde houver; (Redao dada pela Emenda Constitucional n. 41, de 19.12.2003) c) a criao ou extino dos tribunais inferiores; d) a alterao da organizao e da diviso judicirias; III - aos Tribunais de Justia julgar os juzes estaduais e do Distrito Federal e Territrios, bem como os membros do Ministrio Pblico, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral.

    Assim, claramente perceptvel que os Tribunais possuem competncia para eleger seus rgos diretivos, sem qualquer participao dos outros Poderes; elaborar o regimento interno; organizar a estrutura administrativa interna de modo geral, como concesso de frias, licena, dentre outras atribuies que destacam a sua autonomia orgnico-administrativa. Essa autonomia configura uma espcie de garantia.

    2.1.2 Garantias de autonomia financeira

    Em relao garantia de autonomia financeira, esta existe para assegurar o exerccio das atribuies do Poder Judicirio. Garante que o Poder Judicirio

  • no dependa de outro Poder para resolver quaisquer questes relacionadas s suas finanas.

    Nesse sentido, os Tribunais elaboraro suas propostas oramentrias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes oramentrias.

    Tal garantia est prevista expressamente na Constituio Federal, vejamos:

    Art. 99. Ao Poder Judicirio assegurada autonomia administrativa e financeira. 1 Os tribunais elaboraro suas propostas oramentrias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes oramentrias. 2 O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I - no mbito da Unio, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovao dos respectivos tribunais; II - no mbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territrios, aos Presidentes dos Tribunais de Justia, com a aprovao dos respectivos tribunais. 3 Se os rgos referidos no 2 no encaminharem as respectivas propostas oramentrias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes oramentrias, o Poder Executivo considerar, para fins de consolidao da proposta oramentria anual, os valores aprovados na lei oramentria vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do 1 deste artigo. (Includo pela Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004) 4 Se as propostas oramentrias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do 1, o Poder Executivo proceder aos ajustes necessrios para fins de consolidao da proposta oramentria anual. (Includo pela Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004) 5 Durante a execuo oramentria do exerccio, no poder haver a realizao de despesas ou a assuno de obrigaes que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes oramentrias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de crditos suplementares ou especiais. (Includo pela Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004)

    2.2 Garantias funcionais ou de rgos

    As garantias funcionais se subdividem em dois grupos: a garantia de independncia dos rgos judicirios (relacionada aos membros, os magistrados) e as garantias de imparcialidade dos rgos judicirios. As garantias contidas neste segundo grupo so, na verdade, vedaes trazidas pelo legislador constitucional no intuito de resguardar a imparcialidade, como veremos a frente.

  • 2.2.1 Garantias de Independncia dos rgos judicirios:

    Aos membros do poder judicirio so resguardadas as seguintes garantias (art.95 da CF):

    Vitaliciedade: s perde o cargo por sentena transitada em julgado (adquirida: aps dois anos de estgio probatrio - concurso pblico; ou na posse - quinto constitucional e Tribunais Superiores).

    Obs: Ao contrrio dos magistrados, os demais servidores pblicos so estveis, ou seja: podem perder o cargo no s por deciso judicial, como tambm por processo administrativo e mediante procedimento de avaliao peridica de desempenho.

    A vitaliciedade, em primeiro grau de jurisdio, s ser adquirida aps 2 anos de efetivo exerccio do cargo, desde que, naturalmente, o magistrado supere o denominado estgio probatrio. Nos 2 primeiros anos, para o Juiz, que ingressou na carreira atravs de concurso de provas e ttulos, ocupando o cargo de juiz substituto (art. 93,I), a perda do cargo depender de deliberao do tribunal a que estiver vinculado (art. 95,I).

    Todos os membros dos tribunais tm a garantia da vitaliciedade, independente da forma de acesso. Mesmo que um advogado ou membro do MP integre a carreira da Magistratura, por exemplo, atravs da regra do quinto constitucional 94 (estudaremos adiante), no exato momento da posse adquirir a vitaliciedade no tendo de passar por qualquer estgio probatrio. Devemos lembrar, ainda, que de acordo com a regra da vitaliciedade, uma vez vitaliciado, o magistrado s perder o cargo por sentena judicial transitada em julgado. Todavia, temos duas excees:

    Ministros do STF: na hiptese de crime de responsabilidade sero julgados pelo Senado Federal (art. 52, II).

    Conselheiros do CNJ: de acordo com o art. 5., 1 do Regimento Interno do CNJ Conselho Nacional de Justia (art. 103-B, CF/88), os Conselheiros tero as mesmas prerrogativas, impedimentos constitucionais, suspeies e incompatibilidades que regem a carreira da magistratura, enquanto perdurar o mandato. Contudo, o art. 52, II, estabelece que os membros do CNJ sero julgados pelo SF por crime de responsabilidade.

    Inamovibilidade: promoo ou remoo somente por iniciativa prpria (salvo interesse pblico, por voto da maioria absoluta do tribunal ou do CNJ, assegurada ampla defesa - art. 93, VIII, da CF).

    Irredutibilidade de subsdios: o subsdio do magistrado no poder ser reduzido (ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI; 39, 42; 150, II; 153, III; e 153, 22,1, todos da CF).

    2.2.2 Garantias de Imparcialidade dos rgos judicirios:

  • Algumas vedaes foram impostas ao magistrado e esto taxadas no artigo 95 da Constituio Federal. importante frisar que se trata de rol exaustivo. Isso porque h restrio de direitos no intuito de se garantir a imparcialidade dos membros do judicirio. Aos magistrados vedado:

    exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou funo, salvo uma de magistrio;

    receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participao em processo;

    dedicar-se atividade poltico-partidria; receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de

    pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei (EC n. 45/2004);

    exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao (EC n. 45/2004). Tal limitao denomina-se quarentena de sada.

    3- A Regra do quinto constitucional

    De acordo com o art. 94 da CF, um quinto dos lugares (equivalente a 20%), dos Tribunais Regionais Federais dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territrios ser composto de membros do Ministrio Pblico com mais de dez anos de carreira e advogados de notrio saber jurdico e de reputao ilibada com mais de dez anos de efetiva atividade profissional. obs: Percebam que os membros do Ministrio Pblico podem, um dia, se integrar aos tribunais como magistrados! Essa possibilidade proveniente da regra do quinto constitucional. Lembrem-se disso em prova. Os rgos de representao das respectivas classes os indicam em lista sxtupla. Dessa lista, o tribunal forma lista trplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos 20 dias subsequentes, escolhe um para nomeao.

    Deve-se observar que o magistrado que nomeado pelo quinto constitucional desde logo vitalcio, ou seja, no adquirir a vitaliciedade aps dois anos, o que se exige apenas no primeiro grau. Essa regra tambm se aplica aos Tribunais Regionais do Trabalho (art. 115 da CF) e ao STJ (art.104, pargrafo nico).

    Obs: No so todos os tribunais brasileiros que devem observar a regra do quinto constitucional! Os outros tribunais que no foram descritos acima possuem um procedimento prprio de composio.

    4 O Supremo Tribunal Federal ( artigos 101 a 103, CF)

    O Supremo Tribunal Federal compe-se de 11 Ministros, escolhidos dentre cidados com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notvel saber jurdico e reputao ilibada (art.101). So nomeados pelo Presidente da Repblica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (101, pargrafo nico) Sua funo primordial a guarda da

  • Constituio. Possui competncias originrias e recursais. Quanto segunda, poder ser ordinria ou extraordinria.

    Destaca-se que a partir da EC n. 45, caber recurso extraordinrio quando a deciso recorrida julgar vlida lei local contestada em face de lei federal. Isso porque entende-se que nesse caso h conflito de competncia federativa. Alm disso, no recurso extraordinrio o recorrente dever demonstrar a repercusso geral das questes constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admisso do recurso, somente podendo recus-lo pela manifestao de dois teros de seus membros, conforme (102, 3, CF/88 e arts. 543-A e 543-B, CPC).

    Obs: No se aplica a regra do quinto constitucional ao STF!

    5 O Superior Tribunal de Justia ( artigos 104 e 105, CF)

    O Superior Tribunal de Justia compe-se de, no mnimo, 33 Ministros(104, CF), nomeados pelo Presidente da Repblica, dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, de notvel saber jurdico e reputao ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo (104, pargrafo nico):

    um tero dentre juizes dos Tribunais Regionais Federais; um tero dentre desembargadores dos Tribunais de Justia, indicados

    em lista trplice elaborada pelo prprio Tribunal; um tero, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministrio

    Pblico Federal, Estadual, Distrito Federal e Territrios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

    O Superior Tribunal de Justia tem competncias originrias e recursais. H previso de recurso ordinrio e especial.

    6 Conselho Nacional de Justia (art. 103-B, CF)

    A Reforma do Judicirio (EC n.45/2004) instituiu o Conselho Nacional de Justia, composto de 15 membros, com mandato de 2 anos, admitida 1 reconduo, tendo sido instalado em 14.06.2005.

    Os membros do Conselho so nomeados pelo Presidente da Repblica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, com exceo do Presidente do STF, que membro nato.

    Assim, temos a seguinte composio:

    o Presidente do Supremo Tribunal Federal; um Ministro do Superior Tribunal de Justia, indicado pelo respectivo

    tribunal; um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo

    tribunal;

  • um desembargador de Tribunal de Justia, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

    um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal

    de Justia; um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justia; um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicadopelo Tribunal

    Superior do Trabalho; um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; um membro do Ministrio Pblico da Unio, indicadopelo Procurador-

    Geral da Repblica; um membro do Ministrio Pblico estadual, escolhido pelo Procurador-

    Geral da Repblica dentre os nomes indicados pelo rgo competente de cada instituio estadual;

    dois advogados, indicados pelo Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil;

    dois cidados, de notvel saber jurdico e reputao ilibada, indicados um pela Cmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

    O Presidente do Supremo Tribunal Federal presidir o Conselho e, nas suas ausncias e impedimentos, o Vice-Presidente do STF. O Ministro do Superior Tribunal de Justia exerce a funo de Ministro-Corregedor. Junto ao Conselho oficiaro o Procurador Geral da Repblica e o Presidente do Conselho Federal da OAB.

    Compete ao Conselho o controle da atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio e do cumprimento dos deveres funcionais dos juzes, cabendo-lhe, alm de outras atribuies que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as detalhadas no art. 103-B, 4, I a VII, da CF/88 (por exemplo, receber e conhecer das reclamaes contra membros ou rgos do Poder Judicirio, inclusive contra seus servios auxiliares, serventias e rgos prestadores de servios notariais e de registro que atuem por delegao do poder pblico ou oficializados, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoo, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsdios ou proventos proporcionais ao tempo de servio e aplicar outras sanes administrativas, assegurada ampla defesa; representar ao Ministrio Pblico, no caso de crime contra a administrao pblica ou de abuso de autoridade). O Conselho, contudo, no ter funes jurisdicionais. (obs. Apesar de no possuir funo jurisdicional, no deixa de pertencer ao judicirio. Atentos a este detalhe).

  • TURMA: MARATONA OAB 1 FASE ONLINE

    DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON

    CONTEDO DO MATERIAL:

    TEMA 1: EMENDA CONSTITUCIONAL

    TEMA 2: MEDIDA PROVISRIA

    TEMA 1: EMENDA CONSTITUCIONAL

    1 - INTRODUO

    As Emendas Constitucionais so espcies normativas primrias previstas na Constituio Federal em seu art. 59, I. Visam promover acrscimo, supresso ou modificao no texto constitucional, lembrando que qualquer mudana formal na Constituio deve ser feita com base no art. 60 da referida Carta Constitucional, observando os limites impostos, quais sejam:

    - Limitaes circunstanciais (art. 60, 1)

    - Limitaes materiais (art. 60, 4)

    - Limitaes formais ou procedimentais que se dividem em subjetivas (art. 60, caput, I a III) e objetivas (art. 60, 2, 3 e 5).

    2 - LIMITAES FORMAIS

    A- SUBJETIVA

    A limitao formal subjetiva refere-se a quem tem autorizao para apresentar uma proposta de emenda constitucional. O rol, posto abaixo, que a CF traz taxativo e restrito:

    Art. 60, I a III, CF/88: A Constituio poder ser emendada mediante proposta:I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da Repblica; III - de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

  • Por fim, importante salientar que inexiste iniciativa popular para PEC. No entanto, existe iniciativa popular para apresentao de projetos de lei, nos termos do art. 61, 2, CF/88.

    B - FORMAIS OBJETIVAS

    Art. 60, 2, CF/88: A proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros.

    Art. 60, 3, CF/88: A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem.

    Art. 60, 5, CF/88: A matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa.

    As limitaes formais objetivas estabelecem a forma de aprovao de uma emenda constitucional.

    Aps a apresentao da PEC, ela ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando aprovada quando obtiver, em ambos os turnos, trs quintos dos votos dos membros de cada uma das casas.

    Ao ser aprovada, a EC promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem. A mesma ir ingressar no ordenamento jurdico, passando a ser preceito constitucional, de mesma hierarquia das normas constitucionais originrias.

    Ressalta-se que inexiste sano ou veto presidencial para PEC.

    Importante destacar que, a matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa. Sesso legislativa o perodo anual de trabalhos do Congresso Nacional que de acordo com o artigo 57, CF/88, vai, em regra, do dia 2 de fevereiro a 17 de julho e 1 de agosto a 22 de dezembro.

    3 - LIMITAES MATERIAIS

    Art. 60, 4, CF/88: No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa

  • de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e peridico; III - a separao dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.

    Esto previstas no art. 60, 4, CF/88, que diz expressamente que no ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e peridico; a separao de poderes; os direitos e garantias individuais. Tais matrias so protegidas como clusulas ptreas. Estas no podem sofrer alterao em seu ncleo essencial. Mas, podem ser objeto vlido de emendas constitucionais quando o intuito for ampliar ou sofisticar os assuntos relacionados no 4, do art. 60, CF/8812.

    4 - LIMITAES CIRCUNSTANCIAIS

    Art. 60, 1, CF/88: A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio.

    So limitaes que impedem a reforma da Constituio em algumas situaes. Em conformidade com o que preceitua o texto constitucional (art. 60, 1, CF/88), impossvel o acionamento do mecanismo de modificao da Constituio na vigncia do estado de stio, do estado de defesa e da interveno federal. Os ajustes s podero ser feitos quando vencida e superada a excentricidade do momento, com a cautela e serenidade necessrias mudana13.

    5 - LIMITAES IMPLCITAS AO PODER REFORMADOR

    a limitao tcita que impede a supresso das limitaes expressas.

    6 - EMENDA CONSTITUCIONAL E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

    A Emenda Constitucional elaborada segundo uma forma e versando sobre contedo previamente limitado pelo legislador constituinte originrio. Portanto se no houver respeito aos preceitos fixados pelo artigo 60 da Constituio Federal, a Emenda Constitucional ser inconstitucional podendo ser, perfeitamente, objeto de controle de constitucionalidade tanto na via difusa como na via concentrada. O controle ir verificar a constitucionalidade da Emenda, a partir da anlise do respeito aos parmetros fixados no artigo 60 do documento constitucional.

    12

    MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 125. 13

    MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 132.

  • TEMA 2: MEDIDA PROVISRIA

    1 - INTRODUO

    A Medida Provisria uma espcie normativa primria prevista na Constituio Federal em seu artigo 59. Este instrumento normativo deve ser utilizado somente em situaes de relevncia e urgncia, e est regulamentado no artigo 62 da Constituio Federal.

    2 LEGITIMADOS EDIO

    O Presidente da Repblica o nico legitimado a editar Medida Provisria, quando presentes os requisitos da relevncia e urgncia.

    Obs1: Para que o Governador de estado edite Medida Provisria deve haver previso expressa na Constituio Estadual. Pelo princpio da simetria, o Prefeito como chefe do Poder Executivo municipal poder editar Medida Provisria, desde que haja previso expressa na Constituio Estadual e na Lei Orgnica do Municpio.

    Obs2: art. 25, 2, CF/88: Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concesso, os servios locais de gs canalizado, na forma da lei,vedada a edio de medida provisria para a sua regulamentao.

    3 - PROCEDIMENTO

    Conforme preceitua o artigo 62 da Constituio Federal o Presidente no caso de relevncia e urgncia poder editar Medida Provisria que ter fora de lei. Aps sua edio, a Medida Provisria deve ser submetida de imediato ao Congresso Nacional.

    A Medida Provisria deve ser votada em 60 dias podendo ser prorrogado por mais 60 dias. O ato normativo deve ser examinado por uma comisso mista que ir emitido um parecer, antes de ser apreciada nas duas casas do Congresso Nacional separadamente. A votao , necessariamente, iniciada na Cmara dos Deputados.

    Se a Medida Provisria no for votada em 45 dias, haver o sobrestamento (o trancamento, a sustao) das demais proposies da casa em que estiver tramitando. Para no haver o trancamento de pauta a votao deveria ser finalizada nas duas Casas (em separado) em at 45 dias contados da edio da Medida Provisria.

    A Medida Provisria perder sua eficcia, desde a edio, se no for convertida em lei no prazo de 60 dias, prorrogvel uma vez por igual perodo.

  • Se a medida perder sua eficcia ou for rejeitada, o Congresso Nacional

    deve disciplinar, por decreto legislativo, as relaes jurdicas delas decorrentes. Se o Congresso Nacional no editar o decreto legislativo em at 60 dias aps a rejeio ou perda da eficcia da Medida Provisria, as relaes jurdicas constitudas e decorrentes de atos praticados durante sua vigncia continuaro sendo regidas pela Medida Provisria.

    4 - CONVERSO DA MEDIDA PROVISRIA EM LEI

    A Medida Provisria pode ser convertida em lei com alterao ou sem alterao em seu texto. Quando convertida em lei sem alterao de seu texto no h sano ou veto presidencial. A Promulgao feita pelo Presidente do Congresso Nacional.

    Por outro lado, se a Medida aprovada com alterao em seu texto, ela se transforma em um projeto de lei de converso, neste caso haver sano e veto presidencial e se for aprovada quem a promulgar ser o Presidente da Repblica.

    5 - REJEIO TCITA OU EXPRESSA

    A rejeio expressa ocorre quando qualquer das Casas do Congresso Nacional, no perodo de votao, rejeita expressamente a Medida Provisria durante o seu perodo de eficcia.

    No que tange a rejeio tcita (ou rejeio por decurso de prazo), ela ocorre quando se encerra o prazo de 60 + 60 dias sem que a MP tenha sido convertida em lei ou rejeitada expressamente .

    Obs: vedada a reedio de Medida Provisria na mesma sesso legislativa em que tenha sido rejeitada, s podendo a reedio acontecer na sesso legislativa seguinte.

    6 - LIMITES MATERIAIS EDIO DE MEDIDA PROVISRIA

    Com a Emenda Constitucional n 32 de 2001, o artigo 62 passou a prever restries edio da Medida Provisria. Segundo o referido dispositivo, vedada a edio de MP relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos polticos, partidos polticos e direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organizao do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes oramentrias, oramento e crditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3; e) que vise a deteno ou seqestro de bens, de poupana popular ou qualquer outro ativo financeiro; f) reservada a lei complementar; g) j disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sano ou veto do Presidente da Repblica.

  • Obs: Ver artigo 246 da Constituio.

    7 - MEDIDA PROVISRIA E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

    A Medida Provisria, enquanto espcie normativa primria, mesmo tendo carter de temporariedade, est sujeita ao controle de constitucionalidade, como todos os demais atos normativos.

  • TURMA: MARATONA OAB 1 FASE ONLINE

    DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON

    CONTEDO DO MATERIAL:

    Tema 1: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS REMDIOS CONSTITUCIONAIS

    Tema 2: NACIONALIDADE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

    Tema 3: DIREITOS POLTICOS INELEGIBILIDADES RELATIVAS

    Tema 1: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS REMDIOS CONSTITUCIONAIS

    CABIMENTO DOS REMDIOS CONSTITUCIONAIS

    REMDIO CONSTITUCIONAL

    CABIMENTO

    HABEAS-CORPUS

    Tem por finalidade a tutela do direito de locomoo, conforme se depreende da leitura do dispositivo constitucional (art. 5, inciso LXVIII, CF/88). Ter, portanto, cabimento contra abuso de poder ou ilegalidade que afete o direito de locomoo do paciente.

    MANDADO DE INJUNO

    Ser cabvel sempre que a ausncia de norma regulamentadora tornar invivel o exerccio de direitos e liberdades constitucionais, bem como das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania (art. 5, LXXI, CF/88).

    MANDADO DE SEGURANA INDIVIDUAL

    Constitui remdio a ser utilizado quando direito lquido e certo capaz de ser demonstrado independente de ulterior dilao probatria do indivduo for violado por ato de autoridade governamental (autoridade pblica de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das respectivas autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista) ou de agente de pessoa jurdica privada que esteja, por delegao, no exerccio de atribuio do Poder Pblico, contra o qual no seja oponvel habeas corpus ou habeas data (art. 5, LXIX, CF/88).

  • Tema 2: NACIONALIDADE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

    A) BRASILEIROS NATOS (art. 12, I, a, b, c, CF/88).

    Art. 12, I, a, b e c, CF/88: So brasileiros: I - natos: a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

    - Alnea a (art. 12, I, a, CF/88)

    *Criana nascida em territrio nacional; *Este critrio s no se aplica quando dois requisitos estiverem presentes:

    MANDADO DE SEGURANA COLETIVO

    O mandado de segurana coletivo poder ser utilizado nas mesmas hipteses em de cabimento do mandado de segurana individual. Assim, possui por finalidade a proteo de direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o paciente sofrer leso ou ameaa a direito, por ao ou omisso da autoridade.

    Distingue-se do mandado de segurana individual, porm, no que diz respeito aos legitimados para a propositura da ao (art. 5, LXX, CF/88).

    HABEAS DATA

    Visa viabilizar o conhecimento, a retificao, a anotao (de contestao ou explicao sobre dado verdadeiro, mas justificvel e que esteja sob pendncia judicial ou amigvel) de informaes da pessoa do impetrante, constantes em bancos de dados pblicos ou bancos de dados privados de carter pblico (art. 5, LXXII, CF/88).

    AO POPULAR

    um instrumento judicial de exerccio direto da soberania, com carter cvico, que viabiliza que o cidado controle a legalidade dos atos administrativos e impea as lesividades, fazendo valer seu direito subjetivo a um governo probo, desprovido de corrupo e desonestidade. Consiste, portanto, na possibilidade de qualquer cidado, com maior ou menor amplitude, invocar a tutela jurisdicional no intuito de preservar os interesses coletivos (art. 5, LXXIII, CF/88).

  • I) ambos os pais forem estrangeiros; e II) qualquer um deles (ou ambos) estiver no Brasil a servio do pas de origem.

    - Alnea b (art. 12, I, b, CF/88)

    *Se a criana nascer no estrangeiro (no incidncia do critrio territorial); *O pai ou a me (ou ambos) brasileiro e est no exterior a servio da RFB; *Adota-se o critrio sanguneo somado ao critrio funcional.

    - Alnea c (art. 12, I, c, CF/88)

    1 hiptese criana nasceu no estrangeiro (no incidncia do critrio territorial): *Filho de pai brasileiro ou me brasileira (ou ambos brasileiros); *Nenhum deles est no exterior a servio da RFB; * suficiente a feitura do registro; *Utiliza-se o critrio sanguneo somado ao registro.

    2 hiptese criana nasceu no estrangeiro (no incidncia do critrio territorial): * Filho de pai brasileiro ou me brasileira (ou ambos brasileiros); *Nenhum deles est no exterior a servio da RFB; *No realizado o registro da criana; *Dever residir na RFB (a qualquer tempo) e aps 18 anos optar pela nacionalidade brasileira; *Utiliza-se o critrio sanguneo somado ao critrio residencial e a opo

    confirmativa.

    B) BRASILEIROS NATURALIZADOS (art. 12, II, a e b, CF/88).

    Art. 12, II, a e b, CF/88: So brasileiros: II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originrios de pases de lngua portuguesa apenas residncia por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Repblica Federativa do Brasil h mais de quinze anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

    - Alnea a naturalizao ordinria: *Originrios de pases que falam a lngua portuguesa: idoneidade moral e um ano de residncia ininterrupta; *Originrios de outros pases: naturalizao na forma da lei (estatuto do estrangeiro).

    - Alnea b - naturalizao extraordinria: *Residncia ininterrupta h mais de 15 anos; *Ausncia de condenao penal; *Apresentao do requerimento.

    Tema 3: DIREITOS POLTICOS INELEGIBILIDADES RELATIVAS

    O art. 14, 5 ao 9 da Constituio Federal lista algumas situaes que impedem o indivduo de exercer alguns cargos polticos. A referida inelegibilidade

  • relativa pois atinge alguns cargos (e no todos, como a inelegibilidade absoluta). So espcies de inelegibilidade relativa:

    A) Motivos funcionais: esto relacionadas aos cargos de Presidente da Repblica, Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeitos Municipais. Podem ser subdividas em: I) referentes ao mesmo cargo e II) referentes a outro cargo14:

    I) Para o mesmo cargo: O Presidente da Repblica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substitudo no curso dos mandatos podero ser reeleitos para um nico perodo subsequente (art. 14, 5, CF/88);

    II) Referente a outro cargo (desincompatibilizao): Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repblica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos at seis meses antes do pleito (art. 14, 6, CF/88);

    B) Por motivos de casamento, parentesco ou afinidade: So inelegveis, no territrio de jurisdio do titular, o cnjuge e os parentes consangneos ou afins, at o segundo grau ou por adoo, do Presidente da Repblica, de Governador de Estado ou Territrio, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substitudo dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se j titular de mandato eletivo e candidato reeleio (art. 14, 7, CF/88);

    Esta modalidade de inelegibilidade conhecida como inelegibilidade reflexa haja vista incidir sobre terceiros, isto , "refletir" em indivduos em razo do parentesco, da afinidade ou da condio de cnjuge que possuem frente a um chefe do Poder Executivo15.

    C) Da condio de militar: o militar alistvel elegvel, mas dever atender as seguintes condies:

    I) se contar menos de dez anos de servio dever afastar-se da atividade;

    II) se contar mais de dez anos de servio, ser agregado pela autoridade superior e, se eleito, passar automaticamente, no ato da diplomao, para a inatividade.

    Por fim, vale ressaltar que a Constituio Federal autoriza a edio de lei complementar (art. 14, 9, CF/88) para dispor sobre outros casos de inelegibilidade relativa e os prazos de sua cessao, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exerccio do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleies contra influncia do poder econmico ou do abuso do exerccio de funo, cargo ou emprego na administrao direta ou indireta16.

    14

    MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 306. 15

    MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 310. 16

    MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: juspodivm, 2013, p. 315.