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1 DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Flávio Martins Curso DEL POL Federal 2011 1. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO Sentido Sociológico: (Ferdinand Lassale) A constituição não é uma folha de papel. É a soma dos fatores reais de poder que emanam da população. Todo Estado tem uma constituição. Sentido Político: (Cal Schimitt) constituição é uma decisão política fundamental tomada pelo povo (posição decisionista). Para Shimitt Constituição e diferente de lei constitucional. 1

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DIREITOCONSTITUCIONAL

Prof. Flávio Martins

CursoDEL POL Federal

20111

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1. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO

Sentido Sociológico: (Ferdinand Lassale) A constituição não é uma folha de papel. É a soma dos fatores reais de poder que emanam da população. Todo Estado tem uma constituição.

Sentido Político: (Cal Schimitt) constituição é uma decisão política fundamental tomada pelo povo (posição decisionista). Para Shimitt Constituição e diferente de lei constitucional.

Sentido Jurídico: (Kelsen) Para Hans Kelsen o conceito de constituição se divide em dois sentidos:

A- Sentido jurídico positivo: é a lei mais importante de todo o ordenamento jurídico;

B- Sentido lógico jurídico: acima da constituição, há uma norma fundamental hipotética, não é escrita e cujo único mandamento é “obedeça a constituição”.

A Constituição é pressuposto de validade de todo o ordenamento jurídico (para que uma lei seja válida precisa ser compatível com a CF.)

Observação: Segundo o STF, lei complementar e lei ordinária possuem a mesma hierarquia.

Sentido Culturalista: (Jose Afonso da Silva) é fruto da cultura de um país, sendo também uma norma jurídica (visa conciliar os sentidos anteriores).

1.1 A incorporação dos tratados internacionais no Direito brasileiro

Quando ao procedimento?

A) Assinatura do tratado (Art. 84,VIII da CF). “Compete privativamente ao Presidente da República: VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”;

B) Referendo do congresso Nacional (art. 49 inciso I da CF) “É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”.

C) Decreto Presidencial;

Os Tratado internacionais ingressam no direito brasileiro com qual hierarquia?

A- Via de regra, ingressam com força de lei ordinária.

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Os tratados internacionais sobre direitos humanos (TIDH) que forem aprovados pelo congresso nacional, nas duas casas (Senado e Câmara) em dois turnos, e por três quintos de seus membros, ingressam no direito brasileiro com força de emenda constitucional. Art 5°, §3° da CF acrescentado pela EC 45.

Segundo o STF os tratado internacionais sobre D.H. que não forem aprovados pelo congresso nacional com o procedimento do art. 5°, §3° da CF, ingressarão no direito brasileiro como uma norma infraconstitucional e com status supralegal.

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B- Os tratados internacionais sobre direitos humanos (TIDH) que forem aprovados pelo congresso nacional nas duas casas (Senado e Câmara) em dois turnos, e por três quintos de seus membros, ingressam no direito brasileiro com força de emenda constitucional. Art. 5°, §3° da CF foi acrescentado pela EC 45.

C- Segundo o STF os tratado internacionais sobre Direitos Humanos que não forem aprovados pelo congresso nacional com o procedimento do art. 5°, §3° da CF, ingressarão no direito brasileiro como norma infraconstitucional e com status supralegal.

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2. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES

Elementos orgânicos: são aqueles que organizam a estrutura do Estado. Exemplos: Art. 2°, Art. 18 e Art. 92 da Constituição Federal.

Elementos limitativos: são aqueles que limitam o exercício do poder do Estado, fixando direitos à população. Todas os Direitos e Garantias Fundamentais podem ser considerados elementos limitativos.

Elementos sócio-ideológicos: são aqueles que fixam uma ideologia estatal. Exemplo Art. 3 e Art. 170 da Constituição Federal.

Elementos de estabilização constitucional: são aqueles que buscam a estabilidade, em caso de tumulto institucional.

Exemplos:

Intervenção Federal (art. 34 da CF);

Estado de Defesa (art 136 da CF);

Estado de Sítio (Art. 137 da CF e seguintes).

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3. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO

A Constituição Federal se divide em três partes:

1- Preâmbulo: “o preâmbulo da nossa constituição é uma espécie de intenções”. Embora o preâmbulo não seja obrigatório, esteve presente em todas as constituições brasileiras.

Qual a natureza do preâmbulo? Segundo o STF, o preâmbulo não é norma constitucional (tem uma função interpretativa).

Consequências:

A- O preâmbulo não é norma de repetição obrigatória dos Estados;

B- O preâmbulo não pode ser usado como parâmetro no controle de constitucionalidade;

C- A palavra “Deus” no preâmbulo não fere a laicidade do Estado brasileiro.

2- Parte permanente (denominação dada pela doutrina): pode ser objeto de reforma constitucional;

3- Atos e disposições constitucionais transitórias: é um conjunto de normas temporárias (exemplo: CPMF) ou excepcionais (exemplo: o art. 2° do ADCT).

Segundo o STF o ADCT é norma constitucional e pode ser objeto de emendas constitucionais.

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4. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

4.1 Quanto ao conteúdo:

A) Material: constituição material é aquela que possui apenas matéria constitucional, estando em um ou vários documentos.

B) Formal: constituição formal é aquela que além de possuir matérias constitucionais, possui outros assuntos.

A Constituição brasileira é uma constituição FORMAL.

Exemplo: art. 242, §2 da CF “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”.

4.2 Quanto à forma:

A) Escrita: um documento solene.

B) Não escrita: (também conhecida como costumeira ou consuetudinária) é fruto dos costumes de um país.

Exemplo: Inglaterra.

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição ESCRITA.

4.3 Quando ao modo de elaboração

A) dogmática: constituição dogmática é fruto de um trabalho legislativo específico. Reflete os dogmas de um momento da história.

B) Histórica: é aquela constituição que é fruto de uma lenta evolução histórica.

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição DOGMÁTICA.

4.4 Quando a origem

A) Promulgada: é a constituição democrática, feita pelos representantes do povo.

As Constituições brasileiras que foram promulgadas: 1891, 1934, 1946 e 1988.

B) Outorgada: é aquela constituição imposta ao povo pelo governante.

Constituições brasileiras que foram outorgadas: 1824 (Don Pedro), 1937 (Getúlio Vargas) e 1967 (Ditadura Militar).

C) Cesarista: é aquela constituição feita pelo governante e submetida à apreciação do povo, mediante referendo.

D) Pactuada ou dualista: é aquela que é fruto do acordo entre duas forças políticas.

Exemplo: Magna Carta Inglesa de 1215 “Rei João sem Terra X Barões Ingleses”.

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição PROMULGADA.

4.5 Quanto à extensão

A) Sintética: é aquela constituição resumida, concisa (trata dos temas principais).

B) Analítica: extensa, prolixa.

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição ANALÍTICA.

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4.6 Quanto à função (Canotilho)

A) Garantia: é aquela constituição que fixa os direitos e garantias fundamentais.

B) Dirigente: é aquela constituição que além de fixar direitos e garantias fundamentais fixa metas estatais.

Exemplo: (Art. 3 da CF/88)

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição DIRIGENTE.

4.7 Classificação quando a sistemática

A) Unitária: é aquela constituição composta de um só documento.

B) Variada: é aquela constituição que é composta de vários documentos esparsos.

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição VARIADA.

BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE: a constituição não se resume ao seu texto escrito. Também são normas constitucionais os princípios nela implícitos, bem como os tratados internacionais sobre direitos humanos nos termos do Art. 5, §°3 da CF/88.

4.8 Quanto ao sistema da constituição

A) Principiológica: é aquela constituição que preponderam os princípios. (existem mais princípios que regras).

B) Preceitual: é aquela que preponderam as regras. (possui mais regras do que princípios).

Segundo parte da doutrina existem princípios e regras.

Diferença entre princípios e regras:

PRINCÍPIOS REGRAS

Normas mais amplas;

Segundo Robert Alexy “mandamentos de otimização” deve ser cumpridas na medida do possível.

Existindo conflito entre princípios, os dois coexistirão.

Normas mais restritas (específicas);

Exigência do total cumprimento;

Existindo conflito de regras, uma revogará a outra.

4.9 Quando a essência (critério ontológico) Kal Loewnstein

A) Semântica: é aquela constituição que esconde a triste realidade de um país. Essa constituição e muito comum em regimes ditatoriais. Exemplo: a CF brasileira de 1824.

B) Nominal: é aquela constituição que não reflete a realidade do país, pois se preocupa com o futuro.

C) Normativa: é aquela constituição que reflete a realidade atual do país.

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição NOMINAL.

Exemplo de comprovação: Art. 7 inciso IV da CF e art. 196 da CF.

A Constituição Federal de 1988 é nominal e tende a ser normativa.

4.10 Classificação de Raul Machado Horta

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A) Constituição Expansiva: é aquela constituição que prevê novos temas e amplia temas antes tratados. (CF/88)

B) Constituição Plástica: é aquela constituição que pode ser complementada pela legislação infraconstitucional.

4.11 Classificação de Marcelo Neves

A) Constituição simbólica: e aquela constituição que o simbolismo e mais forte do que seus efeitos práticos.

4.12 Heteroconstituição (Jorge Miranda)

É a Constituição feita por um país para vigorar em outro país (exemplo a constituição de Chipre)

4.13 Quando a estabilidade ou rigidez

A) Imutável: é aquela constituição que não pode ser modificada.

B) Rígida: é aquela constituição que possui um processo de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis.

C) Flexível: é aquela constituição que possui o mesmo processo de alteração das outras leis.

D) Semirrígida ou semiflexível: é aquela constituição que parte dela é rígida é parte e flexível.

A Constituição Federal de 1988 é uma Constituição RÍGIDA.

Quadro de comparação - “Quórum”

Constituição Federal: para alterar a Constituição Federal o quórum necessário é de maioria absoluta (mais de três quintos).

Lei complementar: para alterar uma lei complementar ou criar o quórum necessário é de maioria absoluta (mais da metade de todos os membros).

Lei ordinária: para alterar uma lei ordinária ou criar o quórum necessário é de maioria simples ou relativa (mais da metade dos presentes).

Segundo Alexandre de Moraes a CF/88 é super-rígida, porque além de possuir um procedimento rigoroso de alteração, possui um conjunto de matérias que não podem ser suprimidas.

CLÁUSULAS PÉTREAS (art. 60, §4 da CF), são matérias que não podem ser suprimidas.

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5. CLÁUSULAS PÉTREAS (art 60, §4 da CF)

Forma Federativa de Estado (Federação): é a união de vários Estados, cada qual com uma parcela de autonomia.

Observação: a constituição diz que são vedadas emendas constitucionais tendentes a abolir a Federação.

Exemplo: uma emenda constitucional que reduz excessivamente a competência dos Estados, será inconstitucional.

O Nosso sistema de governo é considerado cláusula pétrea? O sistema de governo presidencialista não é considerado cláusula pétrea.

A república é uma cláusula pétrea? A forma de governo republicana não é uma cláusula pétrea, expressa na CF. Segundo a doutrina majoritária é o STF, a república é uma cláusula pétrea implícita.

Voto:

A- Voto direto: é aquele em que o povo escolhe diretamente seus representantes, sem intermediários;

B- Secreto: é aquele voto sigiloso;

C- Universal: todos podem votar;

D- Periódico: de tempos em tempos o eleitor tem o direito de votar;

E- voto obrigatório: não é cláusula considerado pétrea.

Separação dos Poderes: Art. 2 da CF/88 “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

Direitos é garantias individuais: Art. 60 §4° Inciso IV da CF/88 “os direitos e garantias individuais”.

Direitos: são normas de conteúdo declaratório (vida, honra, liberdade de locomoção).

Garantias: são normas de conteúdo assecuratório (visa assegurar um direito que foi declarado).

Exemplo:

A constituição prevê o direito a honra, para garantir esse direito à constituição prevê a indenização.

Direito de liberdade de locomoção, para garantir esse direito a constituição prevê o “Habeas corpus”.

Segundo o STF, os direitos e garantias individuais não estão apenas estabelecidos no Art. 5° da CF.

Segundo o STF, o Art. 150 da CF prevê a anterioridade tributária e considera como direito individual do contribuinte).

Segundo o STF, os direitos sociais também são cláusulas pétreas (interpretação ampliativa ou generosa das cláusulas pétreas).

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6. CONSTITUCIONALISMO

O Constitucionalismo é um movimento histórico, político é jurídico com o objetivo de limitar o poder do Estado por meio de uma constituição.

6.1 Marcos Históricos do constitucionalismo

A- Magna Carta inglesa de 1215: A Magma Carta de 1215 foi assina pelo Rei João I (João sem Terra), que foi obrigado a assinar um documento reconhecendo direitos como a propriedade, liberdade etc…

B- Constituição dos EUA de 1787.

C- Constituição da França de 1791.

6.2 Neoconstitucionalismo

É um movimento que surgiu após a II Guerra Mundial, fruto do pós-positivismo e cujo objetivo é assegurar uma maior eficácia a Constituição, principalmente no que tange os direitos fundamentais.

6.3 Transconstitucionalismo (Marcelo Neves)

É basicamente o estudo combinado (coordenado) do constitucionalismo nacional com o constitucionalismo transnacional (com as cortes internacionais).

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7. PODER CONSTITUINTE

Conceito de poder constituinte: (Emanuel Joseph Sieyés) é o Poder de criar ou de reformar uma constituição.

O titular indireto do poder constituinte é o povo. Art. 1° Parágrafo único da CF/88 “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

7.1 Poder Constituinte Originário (PCO)

O poder constituinte originário cria uma nova constituição.

7.1.1 Características do poder originário

A- Inicial: porque ele faz nascer um novo ordenamento jurídico;

B- Incondicionado: significa que ele pode ser exercido de qualquer maneira (exemplo: revolução, assembleia constituinte);

C- Ilimitado:

1ª Corrente: (tradicional) o poder originário não possui limites em nenhuma lei.

2ª Corrente: (posição moderna) a doutrina majoritária identifica limites ao Poder Originário:

Parte da doutrina identifica como limite o “direito natural” (Manoel Gonçalves Ferreira Filho);

Parte da doutrina prevê como limite a proibição do retrocesso. A constituição não pode retroceder na tutela dos direitos fundamentais. MAJORITÁRIA.

7.2 Poder Constituinte derivado ou instituído

O poder constituinte derivado ou instituído se divide em dois:

Reformador: o poder de alterar a constituição existente.

Decorrente: é o poder que cada Estado possui para elaborar sua própria constituição.

Segundo o STF, o Distrito Federal também possui poder derivado decorrente. Isso porque a lei orgânica do DF tem “status” de Constituição Estadual.

Observação: municípios possuem lei orgânica e não constituição.

7.2.1 Características do poder derivado

A- Condicionado: ele possui formas pré-estabelecidas de manifestação. Exemplo para modificar a atual constituição o instrumento é a emenda constitucional;

B- Limitado: porque possui o seus limites estabelecidos na própria constituição. Exemplo: as cláusulas pétreas;

7.3 Poder Constituinte Difuso (mutação constitucional)

A mutação constitucional não é a mudança do texto da constituição. É a mudança da interpretação do texto constitucional.

Segundo alguns autores a mutação constitucional é uma modalidade informal de modificação da constituição (interpretação).

Exemplo: Para fins de inviolabilidade de domicílio, qual o significado de casa? O Estabelecido no CP.

7.4 Reforma Constitucional

7.4.1 Revisão Constitucional

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A revisão constitucional esta prevista no Art. 3° do ADCT. “A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”.

Observação: a revisão constitucional já foi feita, em sessão unicameral (com a reunião das duas casas), com quórum de maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional.

1ª Corrente: não se pode fazer um nova revisão constitucional à CF/88. A ideia é de que o Art. 3° do ADCT deveria ser utilizado somente uma única vez, como já foi feito.

As regras de alteração da Constituição são imutáveis (clausulas pétreas). MAJORITÁRIA.

2ª Corrente: Posição Minoritária (teoria da dupla revisão) faz-se uma emenda constitucional alterando o art. 3 do ADCT, permitindo novas revisões.

7.4.2 Emenda Constitucional

A Emenda Constitucional está prevista no Art. 60 da Constituição Federal “A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República;     III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (no mesmo ano)”.

Quem pode fazer a Proposta de Emenda Constitucional (PEC)? Esse rol é taxativo?

1/3 de Deputados ou senadores;

Presidente da república (desde a constituição de 1937);

Mais da 1/2 das Assembleias legislativas, pela maioria simples de seus membros.

Prevalece o entendimento de que esse rol é taxativo.

Qual o procedimento de Aprovação Proposta de Emenda Constitucional (PEC)?A proposta será

votada nas duas casas do congresso nacional, em dois turnos, com quórum de 3/5.

Quanto a sanção ou veto presidencial? Não existe sanção nem veto presidencial nas PECs.

Quem é responsável pela promulgação das Emendas Constitucionais? As mesas da Câmara e do

Senado (não é a mesa do congresso nacional).

Rejeição da Proposta de Emenda Constitucional (PEC)? Somente poderá ser proposta novamente na

próxima sessão legislativa (No ano seguinte).

7.4.3 Quanto a proibição de Emendar a Constituição

Não de pode fazer a emenda constitucional em períodos de:

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A- Intervenção federal;

B- Estado de defesa;

C- Estado de Sítio.

7.5 Limitações ao Poder de Reformar a Constituição

A- Limitações materiais: matérias que não podem ser suprimidas (cláusulas pétreas);

B- Limitações circunstanciais: São as circunstâncias, nas quais não se pode emendar a constituição federal.

C- Limitações procedimentais: procedimento mais rigoroso para a alteração (quórum de três quintos).

D- Limitações implícitas: não podem ser alteradas as regras de alteração da constituição, nem o titular do Poder Constituinte.

7.6. Fenômenos Constitucionais

A- Recepção: a nova constituição recebe todas as leis anteriores, desde que compatíveis. As leis anteriores incompatíveis não serão recepcionadas.

Exemplo: A lei de imprensa.

A recepção tem o poder de alterar a natureza normativa de alguns atos.

Exemplo: Código Penal, decreto-lei 2848/40. Que foi recepcionado como Status de lei ordinária pela Constituição Federal de 1988.

B- Represtinação: é o retorno da lei revogada quando sua lei revogadora deixa de existir.

Linha do tempo:

Lei “A” Lei “B” Lei “C”

Lei “B” revoga Lei “A”, Lei “C” revoga lei “B”. Lei “A” volta a produzir efeitos?

Exceções da represtinação:

1- Se a lei nova dispuser expressamente;

2- Cautelar da ADI (por expressa previsão da lei 9.868/99)

C- Desconstitucionalização: a nova constituição ao revogar a Constituição anterior, transforma esta em Lei infraconstitucional. Fenômeno não aplicado no Brasil.

D- Recepção Material de norma constitucional: (Jorge Miranda) A nova constituição mantém em vigor alguns dispositivos da constituição anterior. Art. 34 do ADCT.

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8. HISTÓRIA DAS CONSTITUIÇÕES

8.1 Constituição de 1824

Características:

A constituição de 1824 foi outorgada por D. Pedro I. Estado Unitário Monarquia Quatripartição de Pores: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. Religião oficial (católica). Voto censitário (comprovação de renda). Abolição da escravatura em 1888 Em 1889 foi proclamada a República.

8.2 Constituição de 1894

Características:

Anteprojeto de Rui Barbosa A Constituição de 1891 foi inspirada na Const. EUA Federação República Presidencialismo Tripartição de Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) Estado leigo laico (sem religião) Controle difuso de Constitucionalidade

8.3 Constituição de 1934

Características:

Promulgada República Federativa Presidencialismo Ocorreu um aumento dos Poderes da União em detrimento dos poderes dos Estados. Diminuiu-se a atribuição do Senado Naquela época surgiu os direitos sociais (direitos humanos de 2ª geração). Passou a permitir o voto feminino. Mandado de Segurança Ação popular.

8.4 Constituição de 1937

Características:

Outorgada por Getúlio Vargas Concentração do Poder nas Mãos do Executivo Federalismo nominal Desaparecimento do Senado Apelidada: de polaca (porque foi inspirada na Constituição Polonesa) Redução dos direitos fundamentais (exemplo de direitos que foram supridos: direito de greve,

mandado de segurança e ação popular) previsão da pena de morte.

8.4 Constituição de 1946

Características:

Promulgada Inspirou-se na CF de 1934 Retorno do Federalismo (aumento dos poderes dos Estados)

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Retorno de direitos fundamentais (exemplo ms e ação popular) Previsão da capital no planalto central Surgimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)

8.5 Constituição de 1967

Características:

Outorgada Concentração dos Poderes nas mãos do Executivo Federalismo nominal Aumento da competência da Justiça Militar O Brasil era governado por atos institucionais EC 01/69 incorporou os atos institucionais na constituição

9. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Eficácia jurídica é a possibilidade de efeitos concretos.

9.1 Classificação das normas constitucionais de acordo com sua eficácia

A- Norma constitucional de eficácia plena: é aquela que produz todos os seus efeitos, sem precisar de complemento. Exemplo Art. 57 “ O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.” da CF;

B- Norma constitucional de eficácia contida: (sinônimos: restringível ou redutível) também produz todos os seus efeitos, mas lei infraconstitucional pode reduzir esses efeitos. Exemplo Art 5°, XIII, CF “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Exemplo: Estatuto da OAB.

Observação: A lei infraconstitucional não pode restringir excessivamente os efeitos da norma constitucional.

Observação: A doutrina atual, critica essa classificação (norma constitucional contida) porque norma constitucional pode sofrer restrições com base em lei infraconstitucional. Exemplo: direito a vida. O código penal admite o aborto no caso de estupro ou quando a vítima da gestante correr risco de vida.

C- Norma de eficácia limitada: é aquela norma que produz poucos efeitos.

Observação: as normas constitucionais de eficácia limitada se subdividem em duas espécies:

1- Princípios programáticos: é aquela norma que fixa um programa de atuação para o Estado.

Exemplo: Art. 4°, parágrafo único da CF ou Art. 196 da CF.As normas de eficácia limitada produzem poucos efeitos porque precisam de uma evolução do Estado.

Segundo o STF, essas normas constitucionais são capazes de gerar direitos subjetivos (possibilidade de acionar o Estado) porque o Estado tem o dever de realizar um mínimo existencial dessas normas.

Em abril de 2010 o STF proferiu a seguinte decisão “o Estado deve assegurar a medicação e o tratamento de pacientes portadores de enfermidade grave”. Exemplo: medicamento de custo elevado.

2- Princípio institutivo: são aquelas normas constitucionais que precisam de um complemento de um regulamento. Art. 37, inciso VII da CF “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”.

Observação: ainda não existe lei que regulamente o assunto!

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Observação: Se o complemento da norma constitucional de eficácia limitada não for feito, ocorrerá inconstitucionalidade por omissão.

Mandado de Injunção

Inconstitucionalidade por omissão e suprida por:

ADI por omissão

D- Norma Constitucional de eficácia absoluta: é uma norma de eficácia plena que não pode ser suprimida da Constituição. Exemplo: cláusulas pétreas.

F- Norma Constitucional de eficácia exaurida: Norma constitucional que já produziu todos os efeitos previstos. Exemplo Art. 2° do ADCT.

10. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Qual a diferença entre direitos e garantias fundamentais?

Direitos fundamentais: é uma norma de conteúdo declaratório. Exemplo: direito a vida, liberdade de locomoção.

Garantia: é uma norma de conteúdo assecuratório (serve para resguarda um direito que você tem). Exemplo: Para preservar o direito a honra a CF fez previsão da indenização por dano material e moral. Para preservar o direito de locomoção a CF fez previsão do habeas corpus.

10.1 Classificação dos direitos fundamentais, segundo a constituição de 1988

A- Direitos Individuais e coletivos (art.5° da CF).B- Direitos Sociais (art. 6 ao 11 da CF)C- Direito de Nacionalidade (Art. 12 e 13 da CF)D- Direitos políticos e partidos políticos (art. 14 ao 17 da CF)

10.2 Classificação doutrinária dos direitos fundamentais (dimensões)

Antigamente se fazia uso da expressão “geração” ao direitos fundamentais, atualmente se faz uso da expressão “dimensões” como preferência. Porque a palavra geração dava o entendimento de que a segunda geração substitui a primeira e assim por diante.

A primeira, segunda e terceira dimensão foram idealizações de Norberto Bobbio.

Processo Mnemônico: Liberdade / Igualdade / Fraternidade.

A) Direitos de Primeira dimensão: aqueles direitos que primeiro surgiram, também são chamados de direitos individuais ou liberdades públicas. O Estado tem o dever principal de não fazer (de não agir). Exemplo: direito a vida, liberdade, propriedade etc.

Exemplos de novos direitos humanos: direito de morrer, o direito ao esquecimento.

B) Direitos de Segunda dimensão: são os chamados direitos sociais. Exemplo: direito a saúde, educação, moradia, trabalho etc. O Estado tem o dever principal de fazer.

C) Direitos de Terceira dimensão: são os chamados metaindividuais ou transidividuais. Exemplos: os direitos difusos e coletivos. Ex: direito ao meio ambiente sadio (art. 225, CF).

D) Direitos de Quarta dimensão: Existe duas correntes.

1° Corrente: são os direitos decorrentes da evolução da ciência (clonagem, manipulação genética).

2° Corrente: sã os direitos ligados à democracia.

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10.3 Classificação do Status de Jellinek

A- Status negativo: o Estado tem o dever de não fazer (liberdades públicas);

B- Status positivo: o Estado tem o dever de fazer (direitos sociais);

C- Status ativo: a possibilidade de intervir nas decisões do Estado (direitos políticos);

D- Status passivo: a pessoa tem um dever com relação ao Estado (Imposição de uma obrigação a pessoa).

10.4 Titulares dos Direitos fundamentais

Art. 5° da Constituição Federal “caput” “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…”

Os titulares dos direitos fundamentais são os brasileiros e os estrangeiros residentes no país.

Segundo o STF, pelo princípio da universalidade todos os que estão no território brasileiro são titulares de direitos fundamentais.

Pessoa jurídica é titular de direitos fundamentais? Pessoa jurídica é titular de direitos fundamentais (de alguns direitos fundamentais). Alguns direitos são incompatíveis com a natureza da pessoa jurídica. Exemplo liberdade de locomoção.

Segundo o STF não cabe Habeas Corpus em favor de pessoa jurídica.

Observação: A constituição prevê alguns direitos que são específicos da pessoa jurídica.

Exemplo: nome empresarial.

Observação: Segundo o STF, a pessoa jurídica de direito público também é titular de alguns direitos fundamentais.

Exemplo: município.

O embrião e titular de direitos fundamentais? Segundo o STF, depende. O embrião no ventre materno é titular de alguns direitos humanos (exemplo: o direito a vida).

Quanto ao embrião que está fora do ventre materno não são titulares de direitos fundamentais. Por isso, a lei de biossegurança é constitucional.

O morto é titular de direitos fundamentais? É titular de alguns direitos fundamentais.

O STJ declara que a imagem e a dignidade da pessoa humana são direitos fundamentais assegurados ao morto.

Os animais são titulares de direitos fundamentais? Segundo o STF, embora sejam objeto de proteção do direito, não são titulares desses direitos. Art. 225 inciso VII “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”.

10.4 Características dos Direito Fundamentais

A- Historicidade: significa que os direitos fundamentais decorrem de uma evolução histórica.

B- Universalidade: pertencem a todos.

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C- Concorrência: podem ser usufruídos simultaneamente.

D- Relatividade: significa que os direitos fundamentais não são absolutos.

Exemplo: vida, a própria constituição admite a pena de morte, em caso de guerra declarada.

Observação: parte da doutrina identifica alguns direitos absolutos (exemplo, Art° 5 inciso III da CF “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”.

A Teoria Norte americana “teoria do cenário da bomba relógio” admite a tortura.

E- Inalienabilidade: não se pode renunciar aos direitos fundamentais.

Observação: é possível apenas não exercê-los. Ex. intimidade do candidato do big brother.

F- Vinculação aos três poderes:

1- Legislativo: o legislativo deve fazer leis que respeitem os direitos fundamentais, o legislativo deve regulamentar os direitos fundamentais previstos na constituição. O legislativo deve estar atendo à proibição do retrocesso;

2- Executivo: todos os atos do executivo devem respeitar os direitos fundamentais;

3- Judiciário: o poder judiciário deve fiscalizar os demais poderes quanto ao respeito dos direitos fundamentais. As decisões do judiciário devem respeitar os direitos fundamentais.

10.5 Eficácia dos direitos fundamentais

Segundo o art. 5° da CF “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”.

Segundo o STF, o §1°, do Art.5° da CF/88 “dispensam as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais”.

Exemplo: direito de resposta (art.5°, V, CF).

Exemplo: mandado de injunção (art.5°, LXXI, CF).

10.6 Classificação da eficácia das normas constitucionais

A- Eficácia vertical: é a relação entre o Estado e as pessoas. Exemplo: o Estado não pode tirar a vida do sujeito.

B- Horizontal: aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas. Esse tema deve ser visto com cautela, em razão do princípio da autonomia da vontade.

1- Eficácia horizontal mediata ou indireta: os direitos fundamentais se aplicam às relações privadas, por meio de lei infraconstitucional. Exemplo: código penal.

2- Eficácia horizontal imediata ou direta: é a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas, sem necessidade de lei infraconstitucional.

Exemplos de eficácia horizontal imediata:

Segundo o STF: Para se excluir um associado de uma associação deve-se respeitar o contraditório.

Segundo o STF: Na relação empregado e empregador deve-se respeitar a intimidade.

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Segundo o STF: Na relação empregado empregador deve-se se respeitar a igualdade.

10.7 Direitos fundamentais em espécie

10.7.1 O Direito a vida esta previsto no Art. 5° “caput” da CF.

O direito a vida possui dois aspectos:

A- Direito de continuar vivo (o direito de não ser morto).

B- Direito de a uma vida digna (não basta sobreviver)

Desde que momento a vida é tutelada?

O pacto de São Jose da Costa Rica determina no “Artigo 4º - Direito à vida, 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”.

Exemplos de tutela a via intrauterina: Aborto, alimentos gravídicos.

Exceções ao direito à vida:

A- CF admite a pena de morte em caso de guerra declara, Art. 5°, XLVII, da CF “não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX”;

B- O CP prevê duas hipóteses de aborto legal:

Aborto necessário: aquele realizado para salvar a vida da gestante.

Aborto sentimental: daquela gravidez oriunda de estupro; É quando o aborto do feto anencefálico? O CP considera crime;

C- O Código Brasileiro de Aeronáutica permite o abate de aeronaves hostis;

D- Eutanásia: causar a morte por piedade (ex: menina de ouro), é considerado homicídio privilegiado;

E- Ortotanásia: causar a morte por omissão. (ex: desligar os aparelhos que mantém uma pessoa vivendo. É fato atípico, segundo a resolução 1805 do Conselho Nacional de Medicina).

10.7.2 O Direito a igualdade esta previsto no Art. 5° “caput” da CF.

O Direito a igualdade de divide em dois:

A- Igualdade formal: que consiste em dar a todos o mesmo tratamento;

B- Igualdade material: consiste em dar aos desiguais um tratamento desigual, na medida de sua desigualdade.

Exemplos: foro por prerrogativa de função. Imunidade parlamentar. Serviço militar obrigatório para os homens. Idade para aposentadoria.

Ações afirmativa: são políticas públicas destinadas a certos grupos historicamente desprestigiados. Exemplo cotas nas universidades para os negros

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Segundo o STF o edital de um concurso público pode limitar a idade desde que haja relação com a função a ser exercida.

10.7.3 Princípio da Legalidade Art. 5° inciso II da CF.

Diferença entre o princípio da legalidade é princípio da reserva legal.princípio da legalidade princípio da reserva legal

Art. 5 inciso II da CF: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”

Lei no sentido amplo.

Algumas matérias só podem ser disciplinadas por meio de lei.

Lei no sentido estrito (emanada do poder legislativo). Exemplo Direito Penal.

10.7.3.1 Classificação do princípio da reserva legal

A- Absoluta: a lei vai regular integralmente a norma constitucional;

B- Relativa: além da lei, atos infralegais poderão regulamentar a norma constitucional.

C- Simples: a norma constitucional não fixa uma finalidade específica da lei.

D- Qualificada: a norma constitucional fixa as diretrizes da norma regulamentadora.

10.7.4 Tratamento constitucional quanto a tortura

A tortura é crime equiparado a hediondo. A regulamentação da tortura surgiu com a Lei 9.455/97. A CF de 1988 vedou a graça, anistia e fiança.

Segundo a CF os crimes de racismo e a atuação de grupos armados contra o Estado democrático são imprescritíveis.

10.7.5 Defesa da Honra.

O Art. 5° V, CF determina que havendo ofensa à honra é assegurada indenização por danos morais e materiais e direito de resposta.

10.7.6 Liberdade de consciência e crença

Art. 5° VI da CF/88 “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”

O Brasil é um Estado Laico (não possui religião).

A única constituição que adotou o Estado confessional no Brasil foi a de 1824 no Art. 5°, a qual tinha instituído que o Brasil era um país católico apostólico romano.

Existe três sistemas quanto a religião:

A- Fusão: confusão entre o Estado e a IgrejaB- Estado confessional: CF/1824C- Estado leigo laico: sem religião

Segundo o SFT, a palavra “Deus” no preâmbulo não fere a Laicidade do Estado brasileiro, com fundamentação de que o Preâmbulo não é norma constitucional.

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E quanto os crucifixos nas repartições públicas?

Segundo o CNJ, a presença dos crucifixos nos prédios do poder judiciário não fere a laicidade.

Observação: A lei vai proteger os locais de culto e as suas liturgias: Ar.217 do CPC “vedação de citação durante os cultos religiosos”.

Art. 5° inciso VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 

10.7.7 Escusa de consciência

Art. 5 inciso XIII da CF/88 “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”

Obrigação a todos imposta. Exemplo: serviço obrigatório para os homens, jurado, o convocado para trabalhar nas eleições na Justiça Eleitoral.

10.7.8 Liberdade da atividade intelectual, artística, científica

Art. 5 inciso IX da CF/88: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”

Segundo o STF a lei de imprensa não foi integralmente recepcionada pela CF/88 na ADPF 130/DF.O Juiz deverá aplicar as demais leis (Código Penal, Código Civil), bem como os princípios gerais do direito. Ou seja, a Lei de Imprensa não produz mais efeitos.

O STF declarou na ADI 4451 a inconstitucionalidade do dispositivo legal que limitada o uso de humor na cobertura jornalística das eleições.

Segundo o STF, essa lei consistia em censura prévia. A liberdade esta intimamente ligada a democracia.

Eventuais derão ser punidos “a posteriori”.

O STF declarou na ADI 3741 a inconstitucionalidade da lei que proibia a divulgação de pesquisas eleitorais nos dias anteriores à eleição.

10.7.9 Inviolabilidade “direito de estar só”

CF/88 Art. 5° inciso X “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”

Vida privada Intimidade+ ampla + restrita

Quanto ao sigilo bancário e fiscal

O sigilo bancário e fiscal está previsto implicitamente no Art.5°,X,CF.

Segundo o STF, quem pode decretar a quebra do sigilo bancário e fiscal:

A- Juiz;

B- CPI (comissão parlamentar de inquérito). Art. 58, §3 da CF/88. A CPI possui poderes instrutórios de magistrado.

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A Receita Federal baseada na Lei Complementar 105/01 solicitou informações diretamente do banco Santander, o STF entendeu que a Receita Federal não pode decretar quebra de sigilo bancário RE 389808.

10.7.9.1 Inviolabilidade domiciliar

CF/88 Art. 5° inciso XI “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.

Conceito de casa segundo o Art. 150 §§ 4° e 5° do Código Penal “§ 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero”.

Exceções:

A- Consentimento do morador (dia e noite);B- Flagrante delito (dia e noite);C- Desastre ou para prestar socorro (dia e noite);D- Durante o dia por determinação judicial.

Segundo o STF, somente o magistrado pode determinar a busca domiciliar “reserva de jurisdição”.

Prevalece o conceito de dia para fins de cumprimento de mandado de busca das 6 horas da manhã às 18 horas.

No Inquérito 2424 o STF entendeu que é possível a invasão de escritório de advocacia durante a noite, mediante ordem judicial, para instalação de escutas ambientais, com fundamentação na Lei do Crime organizado 9.034/95 a qual permite a captação de imagens.

10.7.9.2 Inviolabilidade das comunicações

CF/88 Art. 5°inciso XII “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”  

Quais são as comunicações que são invioláveis?

A- Correspondências (cartas);B- Comunicações telegráficas (telegrama);C- Comunicações de dados (e-mail, fax);D- Comunicações telefônicas.

O direito de inviolabilidade de comunicações não são absolutos.

Exceções:

Salvo por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal os dados e comunicações telefônicas (STF e Lei 9.296/96) “reserva de jurisdição (somente o magistrado)”;

Correspondência dos presos (que recebe e que transmite); Estado de defesa e sítio.

Intercepção telefônica Quebra do sigilo Gravação clandestinaGravação de uma comunicação feita por um 3°, sem o

Obtenção dos registros Gravação feita por um dos interlocutores, sem o

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conhecimento dos interlocutores. telefônicos conhecimento do outro.

Não existe previsão legal.

Entende que se trata de gravação licita.

Somente o magistrado pode decretar a quebra de sigilo

Magistrado e CPI, pode decretar a quebra de sigilo.

Essa interceptação telefônica ou de dados que só pode ser decretada por determinação judicial no processo penal na instrução processual ou investigação criminal, desde que seja com a finalidade de apurar os crimes punidos com reclusão.

A degradação de uma interceptação telefônica pode ser utilizada como prova empresta no processo civil ou administrativo?

Segundo o STF e STJ, desde que a prova tenha sido produzida licitamente, é possível sua utilização como prova emprestada no processo administrativo. Exemplo crime cometido por funcionário público, com a finalidade de buscar a demissão.

Segundo a Lei 9296/96, a interceptação telefônica é uma medida excepcional e tem prazo de até 15 dias, prorrogáveis (quantas vezes forem necessárias).

Caso ocorra a descoberta fortuita de novos fatos, via a tona a descoberta de um homicídio, além da participação de um participe. (Serendipidade).

É pacífico que a interceptação pode recair sobre novos fatos ou novos criminosos, se houver conexão com o crime para o qual foi decretada a interceptação.

Caso seja decretada a interceptação de um crime apenado com reclusão e seja verificado a existência de um crime conexo punido com detenção, pode ser utilizada a decravação da interceptação como prova emprestada? Sim HC 69552 STJ e A 626214 do STF.

10.8 Remédios Constitucionais

A- “Habeas Corpus” Art. 5, LXVIII, CF

Origem do “habeas corpus” magma carta de 1215 outorgada pelo Rei João Sem Terra.

No Brasil a origem do habeas corpus se deu no Código de Processo Criminal de 1832. E depois na CF/1891.

Observação: O HC tutelava quaisquer direitos, e não apenas a liberdade de locomoção.Teoria brasileira do habeas corpus.

Art. 5°, LXVIII da CF “conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”

Direito tutelado pelo habeas corpus? Liberdade de locomoção (direito de ir, vir e ficar) ou a liberdade ambulatória.

Espécies de habeas corpus

Habeas Corpus Preventivo: aqueles que existe uma ameaça real de constrangimentos.

Habeas Corpus Repressivo ou Liberatório: já existe o ato constrangedor (já existe a prisão, inquérito policial).

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Qualquer pessoa pode impetrar habeas corpus em favor de qualquer pessoa.

Impetrante: qualquer pessoa, não precisa ser advogado. (Art.1° EOAB). Pode ser impetrado em favor de direito próprio ou alheio.

Não precisa de procuração.

Pode ser impetrado por brasileiro ou estrangeiro. Segundo o STF o habeas corpus deve ser proposto na língua portuguesa.

Pode ser impetrado por analfabeto. Art. 654 do CPP.

Não se admite habeas corpus apócrifo (sem assinatura).

Habeas corpus contra vontade do paciente? Segundo o STF, não será julgado o habeas corpus contra a vontade do paciente.

Quando ao paciente: Segundo o STF, o paciente deve ser pessoa física. Segundo o STF, não cabe habeas corpus em favor de pessoa jurídica. HC 92921/BA.

Segundo o STF, pessoa jurídica não pode ser impetrante ou paciente em HC.

Habeas corpus contra prisão disciplinar? Segundo o Art. 142, 2§, da CF não cabe habeas corpus contra punição disciplinar do militar.

Segundo o STF e o STM, é possível habeas corpus para discutir a legalidade, e não o mérito da punição.

Quanto ao Habeas Corpus na justiça do trabalho? De acordo com a EC 45/04, a Justiça do Trabalho pode julgar habeas corpus. Segundo o STF, isso não significa que a Justiça do Trabalho julgará matéria penal. ADI 3684.

Segundo o STF, é possível HC contra decisão judicial que decreta a quebra do sigilo bancário e fiscal durante o processo penal ou investigação criminal (risco de prisão).

Competência para julgamento de HC:

Delegado: Magistrado local

Magistrado: Tribunal de Justiça

Tribunal de Justiça: Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça: Supremo Tribunal Federal

Turma Recursal do JECrim é autoridade coadora?

O STF, deixando de aplicar a Súmula 690, entende que a competência é do TJ ou do TRF.

Existe a possibilidade da concessão de liminar em habeas corpus?

Sim. Segundo o STF, não cabe HC contra decisão que nega liminar em outro HC, salvo em caso de extrema e legalidade.

Súmula 691 do STF “Não compete ao supremo tribunal federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra decisão do relator que, em "habeas corpus" requerido a tribunal superior, indefere a liminar”.

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Observação: salvo quando

O Efeito extensivo dos recursos também pode ser aplicado no habeas corpus?

Sim. o efeito extensivo pode ser aplicado no habeas corpus em razão da utilização de analogia com fundamentação do Art. 580 do CPP. 

Observação: O habeas corpus e habeas datas são ações gratuidas para todos. Segundo o Art. 5° inciso LXXVII.

B- “Habeas Data” Art. 5, LXXII, CF – Regulamento pela lei 9.507/97

Origem:

EUA: Freedom of information act de 1974. O Brasil se inspirou na Carta Portuguesa, de 1976 (arts. 26, I a 3, e 25, 1 a 6). CF/88.

O Habeas dadas tem a função de garantir o acesso à informação sobre dados pessoais.

Dados da pessoa do impetrante.

Exceção: Já se permitiu habeas data para pleitear acesso a dados do falecido.

Se confunde o direito de obter dados pessoais, com o direito de certidão e o direito de informação.

Direito de informação: se relacionado com informações de direito público ou particular.

CF/88 Art. 5 inciso XXXIII “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Já o Direito de Certidão: se relaciona com o direito de obter uma certidão para satisfação de direitos.

CF/88 Art. 5 inciso XXXIV “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”

O Direito de obter informações tutelado pelo habeas datas e mais restrito “informações sobre dados pessoais”.

Se o direito de obter informação ou o direito de obter certidão for violado, qual o remédio constitucional necessário apto a solucionar o problema? Mandado de Segurança.

CF/88 Art. 5 inciso LXXII “conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”.

Cabimento ou finalidades:

a) Obtenção de informações sobre dados pessoais existentes em órgãos governamentais ou de caráter público.

Observação: Segundo o Parágrafo único. Art. 1º da Lei 9.507/97 “Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações”.

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b) Retificação de dados constantes em órgãos governamentais ou de caráter público.c) Fazer anotações nos dados pessoais, quando estiverem corretos.

Para se impetrar habeas data, é necessária a negativa ou a demora na via administrativa ou a demora na via administrativa.

Fundamentação: a negativa ou a demora na via administrativa é necessária para configuração do interesse de agir.

Habeas data finalidade Motivação PrazoAcesso Recusa Demora de 10 dias.Retificação Recusa Demora de 15 dias.Anotação Recusa Demora de 15 dias.

Impetrante:

A- pessoa física ou jurídica;B- Brasileiro ou estrangeiro.

Observação se faz necessário a atuação de advogado

Legitimado passivo: detentor da informação.

Observação: O habeas corpus e habeas datas são ações gratuitas para todos. Segundo o Art. 5° inciso LXXVII.

C- “Mandado de Injunção” Art. 5, LXXI, CF

O mandado de injunção não possui lei regulamentando. Segundo o STF, aplica-se analogicamente o rito do mandado de segurança.

Origem do mandado de injunção:

A- EUA “writ of injunction”B- Direito Português.

O fato é que o MI teve inspiração no direito americano e português mas é considerado um remédio constitucional que não se compara a nenhum.

Finalidade do mandado de injunção: cabe quando a ausência de norma regulamentadora inviabiliza a realização de um direito constitucional.

Exemplo a constituição fez previsão de um direito constitucional, porem esse direito precisa de uma regulamentação. (norma de eficácia limitada).

Exemplos:

1- Art. 37 inciso VII “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”.

2- Art. 40, §4° “4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: I portadores de deficiência; II que exerçam atividades de risco; III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

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Quanto ao impetrante do mandado de injunção: qualquer pessoa (que se diga titular do direito constitucional previsto, mas não regulamentado). Desde que seja acompanhado por advogado.

O STF admite Mandado de Injunção coletivo. Ou seja, o STF faz uma analogia com mandado de segurança coletivo.

Segundo o STF, o município pode impetrar mandado de injunção.

Efeitos do mandado de injunção:

1° Posição antiga do STF: posição não concretista. Aplicava-se o mesmo efeito da ADI por omissão (apenas comunicava o órgão omitente).

2° Posição concretista do STF: (atual) o mandado de injunção produzirá efeitos concretos.

Posição concretista individual: que beneficia o impetrante.

Posição concretista coletiva: produzirá efeitos além das partes. MI 708 e 712.

D- Ação Popular Art. 5, LXXIII, CF

Origem: Roma

Origem brasileira Constituição de 1934, foi retirada da Constituição de 1937, retornou na Constituição de 1946 até os dias atuais.

Ação popular e uma ação ajuizada por cidadão. (cidadão é a pessoa no gozo dos seus direitos políticos). Prova: título de eleitor (art. 1º, § 3º, Lei 4.717/65).

A pessoas entre 16 e 18 anos precisa da assistência dos pais? Não. Se faz necessário o acompanhamento de advogado.

Estrangeiro não pode ajuizar ação popular. Salvo os portugueses equiparados.

Pessoa Jurídica pode ajuizar ação popular? Não.

Súmula 365, STF: “pessoa jurídica não tem legitimidade para propor Ação Popular”

É possível ajuizar ação popular fora do domicílio eleitoral.

O Art. 6° da LAP permite que outros cidadãos participem da ação popular como litisconsorte ou assistente.

Qual a finalidade constitucional da ação popular?

CF/88 Art. 5° LXXIII “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”

Evitar ou reparar lesão ao: Patrimônio público, meio ambiente, moralidade administrativa ou patrimônio histórico e cultural.

Evitar = preventiva. Reparar = repressiva.

Observação: O habeas corpus e habeas datas são ações gratuidas para todos. Segundo o Art. 5° inciso LXXVII.

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O autor da ação popular é isento de custas e ônus de sucumbência, salvo comprovada má-fé.

E- Mandado de Segurança Art. 5, LXIX, CF – Lei 12.016/09

O mandado de segurança é uma ação constitucional destinada a tutelar direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra ato de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de função pública.

Quanto a origem:

- no estrangeiro (recurso de amparo): writ of mandamus – Inglaterra, juízo de amparo – México.

- nascimento no Brasil: meso desenvolvimento da ação popular.

- Espécies de mandado de segurança: preventivo e repressivo

Direito líquido e certo: é o direito que não precisa de dilação probatória (direito que já está provado).

O mandado de segurança é residual. (raro no processo penal).

Impetrante: pessoa física ou jurídica, brasileiro ou estrangeiro desde que representado por advogado.

É possível utilizar mandado de segurança com a finalidade de tutelar o direito de minorias. O STF no MS 24831, admitiu a criação de CPI com número menor de parlamentares .

Cabe mandado de segurança impetrado por parlamentar para obstar o prosseguimento de um projeto de lei inconstitucional.

A Lei 12.016/09 fixa o prazo decadencial para impetração do mandado de segurança no prazo de 120 dias, a contar do conhecimento do ato.

Esse prazo é constitucional porque, se esgotado, não impede que a parte procure o Poder Judiciário por outros meios.

Mandado de Segurança Coletivo Art. 5, LXX, CF.

O mandado de segurança coletivo é regulamentado pela Lei 12.016/09.

O mandado de segurança coletivo e igual ao individual com exceção ao direito tutelado e quanto aos legitimados.

Direitos tutelado: direitos coletivos (direitos que pertencem a uma coletividade determinável de pessoas e é um direito indivisível) e direitos individuais homogêneos (são aqueles direitos que pertencem a uma coletividade determinável de pessoas e é divisível. Exemplo acidente de avião da TAM).

- legitimidade ativa:

a) partido político com representação no Congresso Nacional (art. 21, Lei 12.016/09)

Em favor de seus integrantes.

Em favor de direitos ligados à finalidade partidária.

b) organizações sindicais, entidades de classe e associações (art. 21, Lei 12.016/09)

Entidade de classe. Associação legalmente constitucionalmente e em funcionamento há pelo menos 1 ano. Em favor de seus membros ou associados.

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Art. 21 da Lei 12.016/09 “O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial”.

- litispendência para ações individuais? Art. 22, Lei 12.016/09

O mandado de segurança coletivo não produzirá litispendência quanto as ações individuais, para que aquele que impetrou MS individual, para se beneficiar do MS coletivo, deverá desistir de sua ação no prazo de trinta dias, a contar do conhecimento da medida coletiva. - liminar? Art. 22, § 2º, Lei 12.016/09

§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

11. DIREITOS SOCIAIS

Os direito sociais são direitos fundamentais de 2ª dimensão (o Estado tem o dever principal de fazer). Exemplos: Educação, saúde, moradia, alimentação, trabalho etc.

Art. 6° da Constituição Federal “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

A moradia foi acrescentada pela EC 26/2000.

A Alimentação foi acrescentada pela EC 64/2010.

Os direitos sociais são cumpridos nos termos dos dispositivos constitucionais presentes no título “ORDEM SOCIAL”. Art.193 e seguintes da CF.

As normas definidoras dos direitos sociais não produzem todos os seus efeitos (são normas programáticas). Exemplo Art. 196, CF “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

As normas programáticas necessitam de uma paulatina evolução do Estado. Segundo o STF e a doutrina, O Estado é obrigado a assegurar um “mínimo existencial” desses direitos sociais.

Existe um limite: o da reserva do possível. ADPF 45. RESp 764.085.

Observação: O ônus de provar essa impossibilidade é do Estado.

Complementar o estudo com a leitura do art. 6 ao 11 da CF.

12. DIREITO DE NACIONALIDADE

Conceito: é o vínculo jurídico e político de uma pessoa com um Estado.

O Direito de Nacionalidade é um direito fundamental: está previsto na CF/88 no Art. 12 é em tratado internacionais de direitos humanos. Pacto de São Jose da Costa Rica Artigo 20 “Direito à nacionalidade. 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra. 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la”.

• Pessoas sem nacionalidade? (apátrida ou heimatlos)

Conceitos importantes:

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a) povo: conjunto de nacionais (não importa onde estejam).

b) população: é o conjunto de pessoas em um determinado lugar, independente da nacionalidade.

c) nação: é o conjunto de pessoas ligadas por laços históricos, culturais e linguísticos.

12.1 Espécies de Nacionalidade

A- Nacionalidade originária (primária): é aquela adquirida pelo nascimento. Somente pode estar prevista na Constituição Federal. Art. 12, I da CF.

B- Nacionalidade secundária (adquirida): é aquela adquirida por um ato posterior de vontade. (naturalização). As hipóteses de naturalização podem estar previstas na CF e na lei infraconstitucional. Estatuto do Estrangeiro, Lei 6.815/80.

Legislar sobre nacionalidade é competência exclusiva federal. Art. 22 da CF Art. 22. “Compete privativamente à União legislar sobre: XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;”.

Medida Provisória não pode versar sobre nacionalidade. Art. 62, “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral”.

12.2 Critérios definidores de nacionalidade

Brasileiros Natos Art. 12, inciso I da CF “São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira”

A- Os nascidos em território brasileiro (“Jus solis”), salvo se de pais estrangeiros a serviço de seu país;

B- Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, que esteja a serviço do Brasil (“jus sanguinis” + critério funcional) os pais devem estar a serviço do Estado brasileiro;

C- Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, que seja registrado em repartição brasileira competente. (“jus sanguinis” + registro “consulado ou embaixada”). A EC 54/07 retroage para os nascidos entre 1994 e 2007 por expressa previsão;

D- O Nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, que venha a residir no Brasil e opte pela nacionalidade brasileira. (“jus sanguinis + residência no Brasil + opção)”. Não tem prazo para o filho de pai ou mãe brasileira nascido no estrangeiro vir a fixar residência no Brasil. Quanto a opção, deve ser requerida na Justiça Federal Art. 109 inciso X da CF, depois de atingida a maioridade Art. 12, I, C da CF/88. O Ato de optar pela nacionalidade brasileira e um ato personalíssimo.

Segundo o STF, a nacionalidade será adquirida no momento da fixação da residência (nacionalidade precária). Só se torna definitiva, com a opção pela nacionalidade brasileira.

Segundo o TSE, o alistamento eleitoral não depende de prova de opção pela nacionalidade brasileira (resolução do TSE 21385/03).

Art. 12 da CF/88. São brasileiros: I - natos:a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados

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em repartição brasileira competente OU venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

12.3 Naturalização

A- Tácita ou grande naturalização: Art. 69, §4° da CF/1891.

B- Expressa:

1- Ordinária: Art. 12, II, A da CF/88) seus requisitos estão previsto em lei infraconstitucional (Lei 6.815/80 Estatuto do Estrangeiro), exigindo-se dos estrangeiros oriundos de países de língua portuguesa apenas residência por 1 ano e idoneidade moral. Requisitos: residência por 4 anos, boa saúde, ler e escrever na língua portuguesa. Natureza jurídica do processo de naturalização: é um processo misto que possui caráter administrativo e caráter jurisdicional (a entrega do certificado de naturalização pelo juiz federal). Segundo o STF, a naturalização é obtida com a entrega do certificado. Antes disso, o agente é estrangeiro (HC 62795-1)

2- Extraordinária ou quinzenária: (art. 12, II, b, CF/88) o estrangeiro de qualquer nacionalidade poderá se naturalizar brasileiro desde que resida no Brasil por 15 anos ininterruptos, sem condenação criminal.

C- Hipóteses de naturalização previstas no Estatuto do Estrangeiro

1- Radicação precoce: Art. 115, § 2, I do Estatuto do Estrangeiro “estrangeiro admitido no Brasil até a idade de 5 anos, radicado definitivamente no território nacional, desde que requeira a naturalização até dois anos após atingir a maioridade”

2- Conclusão de curso superior: estrangeiro que tenha vindo residir no Brasil antes de atingida a maioridade e haja feito curso superior em estabelecimento nacional de ensino, se requerida a naturalização até um ano após a formatura.

12.4 Diferenças entre brasileiro nato e naturalizado

Somente a CF pode estabelecer as diferenças entre brasileiros nato e naturalizados.

A- Cargos público: cargos privativos de brasileiro nato: presidente da republico, vice presidente, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado, Ministros do STF, Diplomata, Ministro da defesa, Oficiais das Forças Armadas.

B- Funções: o brasileiro nato seis assentos reservados no Conselho da República (Art 89, CF/88). Conselho da República e um órgão superior de consulta do Presidente, que dará sua opinião antes de decisões importantes (exemplo: intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa) que não são vinculantes.

Art. 89 da CF/88 “O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI - o Ministro da Justiça; VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução”.

C- Extradição: é a remessa de uma pessoa para outro país para que lá seja processado ou cumpra pena.

Brasileiro Nato: nunca pode ser extraditado do Brasil.

Brasileiro Naturalizado: em dois casos:

1- Crime anterior à naturalização;

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2- Tráfico drogas (não importa quando foi praticado).

D- Propriedade de empresas jornalísticas: (CF/88, art. 222)

Brasileiro Nato: sim

Brasileiro Naturalizado: depois de 10 anos, a contar da naturalização.

12.5 Português Equiparado (Art. 12, §1° da CF/88)

O português com residência permanente no Brasil pode requerer a equiparação, adquirindo todos os direitos de um brasileiro naturalizado (quase nacionalidade).

Observação: a CF/88 exige reciprocidade por parte de Portugal.

O Português residente no Brasil tem duas opções:

1- Naturalizar-se brasileiro: requisitos: (residir por um ano + idoneidade moral). Observação: deixa de ser português.

2- Requer a equiparação: terá todos os direitos de um brasileiro naturalizado (continua sendo português).

O decreto 3927/01 fez previsão de duas regras:

A- O Português equiparado só pode ser extraditado para Portugal;B- O Português equiparado deverá escolher em qual país exercerá os seus direitos políticos.

12.6 Perda da Nacionalidade

Art. 12 § 4º da CF/88 “Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis”;

1- Só pode recair sobre brasileiros naturalizados;

2- A competência jurisdicional é da Justiça Federal;

3- Deve ser ajuizada pelo Ministério Público Federal;

4- Prática de atividade nociva ao interesse nacional;

5- Qual o momento da perda? Pela sentença transitada em julgado;

6- Pode readquirir a naturalização? Existe duas hipóteses:

A- Ação rescisória: (não é possível uma nova naturalização);

B- Aquisição voluntária de outra nacionalidade:

1- Pode recair sobre brasileiros natos ou naturalizados;

2- Qual o momento da perda da naturalização? Decreto presidencial (Lei 818/49). Segundo o decreto 3.453/00, o Presidente delegou está função ao Ministro da Justiça;

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3- Pode readquirir a naturalização? Segundo a (Lei 818/49), se a pessoa voltar a residir no Brasil, basta fazer um requerimento ao Ministro da Justiça;

4- Segundo Jose Antonio da Silva: ao readquirir a naturalização, o status será o “a quo” em outras palavras anterior.

12.7 Deportação, expulsão e extradição

Deportação: é a retirada de um estrangeiro do território brasileiro, se aqui entrou ou permaneceu irregularmente. A Deportação é um ato unilateral.

Qual será o destino da pessoa deportada? Art. 58 do Estatuto do Estrangeiro.

A- Para o país de sua nacionalidade;B- Para o país de sua procedência;C- Para outro país que consta.

O Estrangeiro, em vias de ser deportado pode ser preso (Art. 61 do Estatuto do Estrangeiro). Desde a CF/88, essa prisão só ser decretada por juiz.

Quem arca com as despesas da deportação?

Estatuto do Estrangeiro Art. 59 “Não sendo apurada a responsabilidade do transportador pelas despesas com a retirada do estrangeiro, nem podendo este ou terceiro por ela responder, serão as mesmas custeadas pelo Tesouro Nacional”.

O estrangeiro deportado pode retornar ao Brasil?

Sim. Mas segundo o Art 64 do Estrangeiro “O deportado só poderá reingressar no território nacional se ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária, das despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à época, também corrigida”.

Expulsão: é a retirada do estrangeiro do território brasileiro se aqui praticou ato atentatório ao interesse nacional. A expulsão é um ato unilateral

Estatuto do Estrangeiro Art. 65 “É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que: a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil; b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro”.

A Expulsão é feita por um decreto presidencial. O Judiciário não pode apreciar o mérito da expulsão, mas a legalidade e constitucionalidade.

O Estatuto do Estrangeiro no Art. 66, Parágrafo único prevê que “A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por decreto”.

HC 82893 / SP - SÃO PAULO EMENTA: 1. EXPULSÃO. Estrangeiro condenado por tráfico de entorpecentes. Filha brasileira. Reconhecimento ulterior à expedição do Decreto de expulsão. Inexistência, ademais, dos requisitos simultâneos da guarda e da dependência econômica. Não ocorrência de causa impeditiva. HC denegado. Interpretação do art. 75, caput, inc. II, letra b, e § 1º, da Lei nº 6.815/90. A existência de filha brasileira só constitui causa impeditiva da expulsão de estrangeiro, quando sempre a teve sob sua guarda e dependência econômica, mas desde que a tenha reconhecido antes do fato que haja motivado a expedição do decreto expulsório. 2. EXPULSÃO. Estrangeiro

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condenado por tráfico de entorpecentes. Decreto presidencial. Existência de causa legal. Conveniência e oportunidade. Ato discricionário do Presidente da República. Sujeição a controle jurisdicional exclusivo da legalidade e constitucionalidade. É discricionário do Presidente da República, que lhe avalia a conveniência e oportunidade, o ato de expulsão, o qual, devendo ter causa legal, só está sujeito a controle jurisdicional da legalidade e constitucionalidade.

O estrangeiro, em vias de ser expulso, pode ser preso. Art. 69 do Estatuto do Estrangeiro “O magistrado, a qualquer tempo, poderá determinar a prisão, por 90 (noventa) dias, do estrangeiro submetido a processo de expulsão e, para concluir o inquérito ou assegurar a execução da medida, prorrogá-la por igual prazo”.

O Estatuto do Estrangeira veda a expulsão em três hipóteses:

A- Quanto a extradição for vedada: (crime político);B- Quando o estrangeiro tem cônjuge brasileiro ( há mais de 5 anos);C- Quando o estrangeiro tem filho brasileiro que dele dependa. Observação adoção ou reconhecimento

posterior ao ato atentatório não impede a expulsão.

Estatuto do Estrangeiro Art. 75. “Não se procederá à expulsão:I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou II - quando o estrangeiro tiver: a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. § 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar. § 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo”.

Súmula 421 do STF “Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro”.

Extradição: é o envio de uma pessoa para outro país, para que lá seja processada ou cumpra pena. A extradição é um ato bilateral.

Existem duas modalidades de extradição:

A- Ativa: o Brasil solicita a extradição;

B- Passiva: quando um país pede ao Brasil.

Compete ao STF analisar o preenchimento dos requisitos da Extradição

Art. 102 da Constituição Federal “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro”.

Requisitos para extradição passiva:

A- Existência de trato de extradição entre os 2 países, ou acordo de reciprocidade;

Estatuto do Estrangeiro, Art. 76 “A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade”.

B- O Estado deve ter competência para julgar o crime; Observação: O STF não analisa o mérito.

Art. 78 do Estatuto do Estrangeiro “ São condições para concessão da extradição: I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82.   Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, sucessivamente: I - o Estado requerente em cujo território haja sido

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cometido o crime mais grave, segundo a lei brasileira; II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem simultâneos. § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Governo brasileiro. § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito à preferência de que trata este artigo”.

A extradição é vedada:

A- Brasileiros, via de regra;

B- Crime político e de opinião;

C- Se não for crime nos 2 países;

D- Se a punibilidade já foi extinta segundo a Lei de um dos 2 países;

E- Se o Brasil é competente para julgar o crime. Exceção: Tráfico internacional de drogas. (Convenção de Nova York);

F- Para cumprimento de pena de morte.

Segundo o STF, só e possível a extradição em caso de prisão perpétua se o país assumir o compromisso de comutar essa privação de liberdade de até 30 anos.

Estatuto do Estrangeiro Art. 77 “Não se concederá a extradição quando: I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido; II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou inferior a 1 (um) ano; V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; VII - o fato constituir crime político; e VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato principal. § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a apreciação do caráter da infração. § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, seqüestro de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social”.

13. DIREITOS POLÍTICOS

Direitos Políticos são os direitos destinados a realizar a SOBERANIA POPULAR.

CF/88 Art. 1º Parágrafo único. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

13.1 Tipos de Democracia

Conceito de democracia: Demo: Povo / Cracia sinônimo: de poder

A- Direta: o povo toma suas decisões diretamente;

B- Indireta: ou representativa: o povo toma suas decisões por meio de representantes eleitos;

C- Semidireta: é uma democracia indireta, com algumas hipóteses de democracia direta. Adotada pela CF/88.

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13.2 Plebiscito X Referendo

Plebiscito Referendo

Consulta popular;

Convocado pelo congresso nacional;

Art. 49 da CF/88 “É da competência exclusiva do Congresso Nacional: XV - autorizar referendo e convocar plebiscito”;

A autorização é realizada por meio de decreto-legislativo. Com iniciativa de um 1/3 dos parlamentares.

Primeiramente ocorre a consulta e depois elabora a Lei ou ato administrativo.

Consulta popular;

Autorizado pelo congresso nacional;

Art. 49 da CF/88 “É da competência exclusiva do Congresso Nacional: XV - autorizar referendo e convocar plebiscito”;

A convocação é autorizada por meio de decreto-legislativo. Com iniciativa de um 1/3 dos parlamentares.

Primeiramente elabora a Lei ou ato administrativo e depois ocorre a consulta.

13.3 Iniciativa Popular

Iniciativa popular “Federal” requisitos:

Art. 61 § 2° da CF/88 “A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles”.

1% do eleitorado nacional;

Em pelo menos 5 Estados;

Com pelo 0,3% dos eleitores desses Estados, caso esse requisito seja preenchido o projeto de lei de

iniciativa popular deve ser encaminhado a Câmara dos Deputados;

Prevalece o entendimento de que não existe a possibilidade utilizar a iniciativa popular para emendar a constituição.

O congresso nacional não tem prazo para votar o projeto de iniciativa popular.

Esse projeto só pode versar sobre um tema.

O congresso não pode rejeitar esse projeto por vício de forma.

PROJETO DE LEI DE INICIATIVA POPULAR NO ÂMBITO:

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Estadual Quantidade de assinaturas: A Constituição Federal não fez previsão, portanto deve ser previsto na Constituição Estadual.

Municipal Quantidade de assinaturas: 5% do eleitorado do município (Art. 29, XIII da CF/88

13.4 Direito de Sufrágio

O Direito de votar também é chamado de distabilidade ou capacidade eleitoral ativa.

O Direito de ser votado também é chamado de elegibilidade ou capacidade eleitoral passiva.

13.4.1 Capacidade eleitoral ativa:

1- Obrigatório: para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos;

2- Facultativo: para os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, para os maiores de 70 anos e para os analfabetos;

3- Proibido: para os estrangeiros (exceção português equiparado), menor de 16 anos e para os militares conscritos (recruta do serviço militar obrigatório).

13.4.1.1 Características do voto

Clausulas pétreas:

Direito: sem intermediários (o povo escolhe diretamente seus representantes);

Observação: exceção ao voto direto: voto indireto na CF/88:

Caso o presidente e o vice deixaram o cargo por qualquer razão nos primeiros dois anos do mandato, ocorrera novas eleições diretas no prazo de 90 dias.

Caso o presidente e o vice deixaram o cargo por qualquer razão nos dois últimos anos do mandato, ocorrera eleições indiretas no congresso nacional no prazo de 30 dias.

Pode ser plicado o princípio da simetria aos casos semelhantes aos governadores e prefeitos.

Secreto: sigiloso.

Universal: todos têm o direito de votar, desde que preenchidos os requisitos estabelecidos.

Periódico: de tempos em tempos o cidadão tem o direito de votar.

Características que não estão prevista no rol de clausulas pétreas:

Igualdade: todos voto tem o mesmo peso.

Exceção: Em se tratando dos votos destinados aos membros da câmara federal, o número de deputados federais e proporcional a quantidade de habitantes dos Estados (mínimo de oito e máximo de setenta).

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Exemplo: para eleger um deputado federal no Amazonas será necessário 20 mil votos, já no estado de São Paulo 200 mil votos.

Liberdade: o eleitor pode votar em qualquer candidato, bem como em branco ou nulo.

Observação: Obrigatoriedade de comparecimento, não importa o que o eleitor vai fazer com o voto.

13.4.2 Capacidade eleitoral passiva:

Condições de elegibilidade:

A- Brasileiro. Exceção português equiparado;

B- Alistamento eleitoral;

C- Filiação partidária;

D- Gozo dos seus direitos políticos;

E- Domicilio eleitoral na circunscrição

F- Idade mínima: (depende da função)

1- 35 anos: Presidente, vice-presidente e Senados;2- 30 anos: Governador e vice-governador;3- 21 anos: Prefeito, vice-prefeito, deputados e juiz de paz (aquele responsável pela celebração do

casamento);4- 18 anos: vereador.

Qual o momento de aferição das condições de exigibilidade?

Regra: registro da candidatura.

Exceção: a idade mínima deve ser apurada na data da posse.

13.4.3 INELEGIBILIDADE

A- Absoluta: todos os cargos.

Quais são os casos:

1- Estrangeiros;2- Militar conscritos (recrutas);3- Analfabeto.

B- Relativa:

Quais são os casos:

1- Reeleição: o chefe do poder executivo (Presidente, Governador e Prefeito) só pode se reeleger 1 vez consecutiva;

Observação: A constituição permite novas reeleições não consecutivas.

Para que haja uma nova reeleição, não é necessária a desincompatibilidade.

Observação: No poder legislativo não há limites de reeleições.

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2- Inelegibilidade para outros cargos: O Chefe do poder executivo (Federal, Estadual ou Municipal) para se candidatar para outros cargos renunciar ao atual mandato seis meses antes da eleição.

Observação: Essa limitação não se aplica ao Poder Legislativo.

3- Inelegibilidade pelo parentesco: alguns parentes (Cônjuge, Ascendente, Descendente e Irmão “CADI”) do chefe do poder executivo não podem se candidatar dentro da respectiva circunscrição. Também e valido essa inelegibilidade para a união estável.

Observação: SÚMULA VINCULANTE Nº 18 “A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da constituição federal”.

Exceção: Se o parente já ocupava cargo público eletivo, poderá se candidatar à reeleição.

4- Inelegibilidade do militar: O militar conscrito (recruta) não pode ser eleito.

Militar com menos de 10 anos de atividade: deve deixar a atividade (baixa).

Militar com mais de 10 anos de atividade: ficará agregado (afastado temporariamente) e, se for eleito, passa para a inatividade.

Observação: Conflito entre o Art. 14 VS 142, §3° da CF/88: O registro da candidatura poder ser feito sem o alistamento eleitoral, que só ocorrerá se o militar for eleito.

CF/88 § 9° do Art. 14 “Outras hipóteses de inelegibilidade podem ser criados por meio de lei complementar”.

Exemplo: Lei Ficha limpa.

OBSERVAÇÃO: os militares conscritos (recrutas) e os estrangeiros (exceção português equiparado) são inalistáveis.

13.4.4 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO

A- Prazo: quinze dias contados da diplomação;

B- Requisitos: a ação deve ser instruída com prova de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude, que deverá ser correr sob segredo de justiça,

C- Responsabilidade do autor: respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de má-fé;

13.4.5 PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

Observação: Os direitos políticos não são casados, são suspensos ou perdido.

Quanto ao prazo:

A- Perda: indeterminado;

B- Suspensão: prazo determinado.

Hipóteses de perda:

A- Ação para cancelamento da naturalização (justiça federal) com sentença transida em julgado, (razão) por deixar de ser brasileiro;

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B- Aquisição voluntária de outra nacionalidade. Momento da perda da nacionalidade: decreto do ministro da justiça;

C- ATENÇÃO: Escusa de consciência (prevista no art. 5°, inciso VIII da CF/88) Observação: enquanto o sujeito não cumprir a prestação alternativa imposta;

Suspensão dos direitos políticos:

A- O preso condenado por sentença condenatória penal transitada em julgado, enquanto durarem os efeitos da sentença. Não imposta a prisão (regime aberto, “sursis”, livramento condicional);

B- Condenação por improbidade administrativa;

C- Incapacidade civil absoluta.

HipótesePerda/Suspensão Reaquisição

Cancelamento de naturalização Ação rescisóriaAquisição voluntaria de outra nacionalidade Decreto do MJCondenação criminal Terminar os efeitos da condenaçãoImprobidade Administrativa Basta terminar o prazo previsto em leiIncapacidade Retorno da capacidade

13.4.6 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ELEITORAL (ANUIDADE ELEITORAL) ART. 16 CF/88.

A nova lei que altera o processo eleitoral entrará em vigor imediatamente, mas só poderá ser aplicada às eleições que ocorrerem um anos depois.

Art. 16. Da CF/88 “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.”

Observação: No STF existe um procedimento discutindo a LC 135/10 se tem ou a relação com o processo administrativo.

Segundo o princípio da anuidade eleitoral é um direito individual do eleitor, portanto clausula pétrea.

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14. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

Conceito de Hermenêutica: é a ciência da interpretação.

Prevalece o entendimento de que existe uma hermenêutica constitucional.

Razões doutrinarias da existência da hermenêutica constitucional: A constituição possui um grande número de dispositivos de natureza política. Enquanto a CF é o pressuposto de validade das leis, ela não possui essa mesma limitação.

Existe duas posições doutrinárias a respeito da hermenêutica constitucional:

A- Interpretativismo: o interprete deve ser limitar à análise do texto constitucional e dos princípios claramente implícitos.

B- Não interpretativismo: o interprete tem liberdade para buscar os valores constitucionais, como igualdade e justiça.

14.1 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

A- Jurídico ou hermenêutico clássico: (também conhecido como método de Savigny) é o mesmo método utilizado na interpretação das leis;

Interpretação gramatical; Lógico; Teleológico: aquele que busca a finalidade da lei; Histórico: busca a origem na lei, processo de criação da lei.

B- Método tópico – problemático: o intérprete parte de um problema para chegar à norma constitucional;

C- Método hermenêutico: (concretizado por Conrad Hesse): o interprete parte de uma pré-compreensão da norma constitucional, para fazer um círculo hermenêutico.;

D- Método Normativo estruturante: o texto constitucional não se confunde com a norma constitucional. O texto constitucional é apenas a “ponta do iceberg”;

E- Método científico espiritual: busca a finalidade da constituição;

F- Método comparado: o intérprete se vale do direito comparado.

14.2 PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

A- Princípio da unidade: havendo conflito entre normas constitucionais, uma não revogará a outra.

B- Princípio da concordância prática ou harmonização: visa solucionar o conflito entre direitos fundamentais;

C- Princípio do efeito integrador: havendo conflito entre normas constitucionais, deve-se buscar a norma que mantém a integração política e social;

D- Princípio da justeza ou conformidade funcional: o intérprete não pode alterar as competências previstas na constituição. exemplo: o judiciário,ao exercer o controle de constitucionalidade, atua como legislador negativo;

E- Princípio da eficiência ou da máxima efetividade: o intérprete deve buscar a maior eficácia possível das normas constitucionais. Exemplo: normas programáticas;

F- Princípio da Força Normativa da Constituição: (Conrad Hesse) o intérprete deve buscar uma maior longevidade da constituição evitando reformas sucessivas;

G- Presunção de constitucionalidade das leis e dos atos normativos: via de regra, as leis e demais atos do poder público presumem-se constitucionais. Presunção relativa “júris tantum”;

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H- Princípio da supremacia da constituição: a lei deve ser interpretada de acordo com a Constituição, e não o contrário.

I- Princípio da proporcionalidade: possui origem na Alemanha, seu objetivo principal e analisar a constitucionalidade das limitações feitas nos diapositivos constitucionais, principalmente nos direitos fundamentais (adequação + necessidade + proporcionalidade);

J- Princípio da Razoabilidade: possui origem nos EUA, que faz uso do princípio do devido processo legal, possui dois aspectos:

1- Processual: que é a soma dos princípios constitucionais aplicados ao processo;

2- Devido processo material ou substantivo: se o ato do poder público não for razoável, será inconstitucional.

Observação: Razoabilidade no Brasil, se o ato do poder público não for razoável, será inconstitucional.

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15. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Conceito: é a verificação da compatibilidade das Leis e Atos Normativos com a Constituição.

15.1 TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE

A- Material: o conteúdo da lei fere a constituição;

B- Formal: que se divide em:

Orgânica: uma lei é elaborada por órgão incompetente;

Propriamente dita: vício no processo de criação da lei.

15.2 ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE “QUANTO AO MOMENTO”

A- Preventivo: antes no nascimento da lei ou do ato normativo;

O controle preventivo ocorre:

Por meio das comissões de constituição e justiça (CCJ): Observação: as comissões de constituição e justiça estão presentes as casas legislativas, e o objetivo principal é analisar a constitucionalidade dos projetos de lei.

Veto jurídico: aprovado o projeto de lei pelo legislativo, o Executivo poderá veta ló.

O veto pode ser:

1) Jurídicos: por inconstitucionalidade do projeto ou ato;

2) Político: ato ou projeto contrário ao interesse público.

Pelo poder judiciário: quando um parlamentar impetra mandado de segurança para obstar (sustar) o prosseguimento de um projeto de lei inconstitucional. Exemplo clausula de barreira: o partidos, para terem acesso aos recursos do fundo partidário e ao horário gratuito de rádio e TV, deveriam ter um n° mínimo de parlamentares (fere o direito de minorias).

B- Repressivo: é aquele que ocorre depois do nascimento da lei ou do ato normativo.

Via de regra: é realizado pelo judiciário.

EXCEÇÃO: CONTROLE REPRESSIVO REALIZADO PELO PODER LEGISLATIVO.

Medida provisória: a medida provisória e feita pelo chefe do poder executivo, que depois será encaminhada ao congresso nacional, que poderá rejeitar a medida provisória por considerar inconstitucional.

Decretos e leis delegadas: CF/88 “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:V – (DECRETO) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou (LEI DELEGADA) dos limites de delegação legislativa;”

15.3 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE REALIZADO PELO JUDICIÁRIO:

A- Controle de constitucionalidade difuso: qualquer Juiz pode declarar um lei inconstitucional, desde que haja um caso concreto e que a inconstitucionalidade seja matéria incidental “incidenter tantum”.

De origem Americana, na Suprema corte no caso Marbury us Madison.

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Competência: Os tribunais só podem declarar um lei inconstitucional pela maioria absoluta dos seus membros ou dos membros do órgão especial. Clausula de reserva de plenário, CF/88 “ Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”

SÚMULA VINCULANTE N° 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (cf, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

Um sujeito foi preso por tráfico de drogas, porem o advogado do preso requereu perante o juízo local liberdade provisória, alegando a inconstitucionalidade da proibição de liberdade provisória (contrariando o dispositivo legal). o Ministérios Público recorreu (recurso em sentido estrito Art.581 do CPP). Em

Se o órgão fracionário (câmara ou turma do tribunal) entender que a Lei é constitucional, prosseguirá no julgamento.

Se o órgão fracionário (câmara ou turma do tribunal) entender que a Lei é inconstitucional, lavrará o acórdão e remeterá ao pleno ou ao órgão especial.

Observação: Existe duas hipóteses em que não é necessária a remessa ao pleno ou ao órgão especial:

1- Quanto o pleno ou órgão especial já se manifestou sobre o assunto;

2- Quando o pleno do STF já se manifestou sobre o assunto.

Existe a possibilidade de fazer controle de constitucionalidade em ação civil pública?

Atualmente, entende-se que é possível controle difuso em ação civil pública , pois a declaração de inconstitucionalidade ficará na fundamentação, e não da parte dispositiva.

Um juiz de primeira instância declarou uma lei inconstitucional. A declaração de inconstitucionalidade somente produz efeitos entre as partes?

Resposta: Esta decisão do juiz de primeira instância somente produz efeitos “inter partes”

Caso o Ministério Público recorra da decisão do juiz de primeira instância ao Tribunal de Justiça. O tribunal pode declarar a lei inconstitucional?

Resposta: Sim, desde que seja preenchido os requisitos previsto no Art. 97 da CF/88.

Quanto aos efeitos: “inter partes”

Caso o recurso tenha chegado ao STF, e a lei seja considerada inconstitucional, deverá encaminha a decisão ao senado federal, que poderá suspender a execução da lei, no todo ou em parte, produzindo efeitos “erga omnes”.

CF/88 “Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;”

Algumas decisões do STF, no controle difuso, produziram efeitos “era omnes”

Exemplo 1: HC declarou que o regime integralmente fechado é inconstitucional. Campos do Jordão. Com efeitos “era omnes”.

Exemplo 2: R. A redução do n° de vereadores do município de Mira Estrela. Com efeitos “erga omnes”.

Teoria da transcendência do motivos determinantes. Com base nessa teoria o supremo tem entendido que o Art. 52, inciso X, da Constituição de 1988 passou por uma mutação constitucional, mas da sua interpretação.

15.4 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONCENTRADO:

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De origem Europeia.

15.4.1 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE GENÉRICA (ART. 102, I, A, CF/88);

Art. 102 da CF/88 “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;”

COMPETÊNCIA:

Diploma legal Constituição contraria CompetênciaLei Federal Constituição Federal STF CF/88 Art. 102,I,a.Lei Estadual Constituição FederalLei Estadual Constituição Estadual TJ CF/88 Art. 125.Lei Municipal Constituição EstadualLei Federal Constituição Federal e Estadual TJ ou STF (se porem

simultâneas, a ADIn Federal suspende a estadual ADIn 1413).

Lei Municipal Constituição Federal Não cabe ADIn.

Cabe controle difuso é Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental.

Lei Distrital Lei Org. Distrito Federal TJ-DF (LODF tem status de constituição estadual).

Lei Distrital Constituição Federal Depende do conteúdo contrariado.

Caráter estadual: STFCaráter municipal: Não cabe ADIn

Lei Municipal Lei Orgânica do Município Não cabe ADIn, pois não se trata de controle de constitucionalidade, mas de controle de legalidade.

LEGITIMADOS // antes de 1988 (PGR) - art. 103, CF

- Presidente da República:

O presidente da república pode ajuizar ADIn contra lei que ele sancionou.

Por dois motivos:

Pode não ser o mesmo presidente;

A sanção não tem o condão de apagar os vícios de iniciativa.

- Mesa do Senado e Mesa da Câmara dos deputados:

Observação: a mesa do congresso nacional (senado + câmara dos deputados) não é legitimada.

- Mesa da Ass. Legislativa: (poder legislativo estadual)

Na CF/88 não esta previsto a Câmara Legislativa do Distrito Federal. No Entanto a EC 45/04 solucionou o problema.

- Governador

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Na CF/88 não esta previsto que o Governador o Distrito Federal. No Entanto a EC 45/04 solucionou o problema.

O governador e a Assembleia devem provar na ADIn o interesse do respectivo Estado ou do Distrito Federal.

PERGUNTA: O Governador de um Estado pode Ajuizar uma ADIn contra uma Lei de outro Estado?

Sim. O governador pode ajuizar ADin contra lei de outro Estado, desde que prove o interesse do seu Estado.

- Procurador Geral da República: o PGR já era considerado da CF/88.

- Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil: é um legitimado universal (pode propor ADIn relacionada a qualquer tema).

NÃO CONFUNDIR: Conselho federal X Seccional.

- Partidos Políticos com representação no congresso nacional:

Pelo menos um deputado.

Segundo o STF, a perda de representação no congresso nacional no curso da ADIn, não impedirá o seu prosseguimento (ADIn2159).

Argumento: para evitar desistência fraudulenta.

- Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional:

Conceito de confederação sindical: (art. 535 da CLT “reunião de pelo menos três federações, em pelo menos três estados.

Entidade de classe de âmbito nacional: O STF fez uma analogia à lei orgânica dos partidos políticos “ ou seja, a entidade de classe deve ter filiados em pelo menos nove Estados brasileiros”.

Atualmente, o STF admite ADin ajuíza por “associações de 2° grau” ou “associação de associações”.

O STF classifica os legitimados em dois grupos:

1- Universais: podem propor a ADIn sobre qualquer assunto;

2- Interessados: que devem provar o interesse especial no objeto da ação (pertinência temática).

Quem são os legitimados interessados?

Governador; Assembleia Legislativa; Confederação Sindical.

OBJETO DA ADIn

Podem ser objeto de ADIn:

A- Lei ou ato normativo pode ter caráter abstrato.

B- Lei ou ato normativo pode ter caráter concreto. Exemplo Lei orçamentária.

ADI 4048. Argumento: força normativa da constituição.

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Existe a possibilidade de utilizar ADIn contra RESOLUÇÃO do CNJ.

Existe possibilidade de utilizar ADIn para combater súmula? Não cabe ADIn contra súmula (argumento: súmula não é lei, nem ato normativo).

Existe possibilidade de utilizar ADIn para combater súmula vinculante ?

A ministra Elen Graci entendi que sim no HC 96.301.

Já os outros Ministros do STF dizem que não.

A lei 11.417/06 prevê procedimento de cancelamento de súmula vinculante, tendo os legitimados da ADIn possibilidade de requerê-lo.

Cabe ADIn contra emenda constitucional?

Sim. Uma emenda constitucional pode ser inconstitucional.

Exemplo: uma EC que fere uma clausula pétrea. EC 52/06 foi declarada inconstitucional, em parte, por ferir o princípio da anterioridade eleitoral.

Norma constitucional originária: fruto do poder constituinte originário.

Norma constitucional originária pode ser objeto de ADIn? Segundo o STF, não (ADIn 4097) em razão de não existir hierarquia entre normas constitucionais.

Observação: Otto Bachoff defende no livro “normas constitucionais inconstitucionais” que existe hierarquia entre normas constitucionais. POSIÇÃO NÃO ADMITIDA PELO STF.

Decretos: são atos infralegais cuja função principal é regulamentar a Lei que lhe é superior. Via de regra, ADIn não pode atacar decreto (ADIn 264) em razão de não se tratar de inconstitucionalidade, mas sim de ilegalidade.

Exceções:

A- Quando a lei é declarada inconstitucional, o decreto que a regulamenta é declarado inconstitucional “por arrastamento” (ADIn 2947) em razão do acessório acompanhar o principal.

B- Decreto autônomo: aquele decreto que impõe algumas normas, mas que não regulamenta leis superiores. Exemplo: CF/88 “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;” ADIn 2950.

Tratados internacionais podem ser objeto de ADIn? os tratados no direito brasileiro podem possuir a seguinte hierarquia no ordenamento jurídico:

A- lei ordinária; B- norma supralegal e infraconstitucional;C- emenda constitucional.

Nas três hipóteses pode ser utilizado ADIn para impugnar um tratado internacional.

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Lei anterior à CF/88: Segundo o STF, não cabe ADIn, pois esta lei, se incompatível com a nova constituição, não será pó ela recepcionada. Qualquer juiz pode decidir se uma lei foi recepcionada ou não.

Leis revogadas: Posição tradicional, não, ainda que a revogação tenha ocorrido no curso da ADIn. Argumento: uma ADIn contra lei revogada tutelaria apenas interesses individuais. Posição moderna O Gilmar Mendes na ADIn 1244, aplicando o princípio da força normativa da constituição diz que cabe ADIn contra lei revogada.PROCEDIMENTO DA ADIn:

CF/88 Art. 102. “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;”

 CF/88 Art. 103. “Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. § 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal. § 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. § 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.”

Petição inicial: Art. 3o da Lei 9.868/99 “A petição indicará: I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações; II - o pedido, com suas especificações. Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias da lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação.”

A procuração, se houver, deve ter poderes especiais (ADI 2461).

Observação: o STF não está limitado aos fundamentos jurídicos alegados pelo autor.

Exemplos de causas de indeferimento da ADIn:

Falta de pertinência temática; Legitimidade; Lei anterior a constituição

Não se admite desistência na ADIn.

Observações:

A- A perda de representação no congresso nacional do partido político não implica desistência.

B- O relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. As informações deverão ser prestadas no prazo de trinta dias contado do recebimento do pedido.

C- Não se admite intervenção de terceiro.

AMICUS CURIAE: (amigo da corte) Art. 7o da Lei 9.868/99 § 2o “O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado

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o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.”. O Amicus curiae é uma medida destinada a “democratizar a ADIn. Prazo para admissão o mesmo prazo estabelecido para prestar informações (30 dias). Observação: o STF não é rigoroso quanto a observância desse prazo. requisitos: relevância da matéria e representatividade dos postulantes. Segundo o STF o Amicus curiae não pode ser pessoa física, somente órgão ou entidade. Pertinência temática também para o amicus curiae. Sob a pena recusa do amicus curiae.

amicus curiae não e parte, porem pode fazer sustentação oral.

Decisão da ADIn:

Deve participar a AGU no prazo de 15 dias e PGR no prazo de 15 dias também.

Qual a função da AGU na ADIn? CF/88 Art. 103 § 3º “defender a constitucionalidade da lei”. Segundo o STF, a AGU não PE mais obrigada a defender a constitucionalidade da Lei (mutação constitucional).

Quanto a participação do PGR na ADIn é considerado fiscal da lei “custus legis”.

Segundo o STF, o PGR fará seu parecer, mesmo quando é o autor da ação. Também pode o PRG opinar pela improcedência do pedido, mas isso não implica em desistência da ADIn.

Depois da participação do AGU e do PRG, o Ministro relator pode determinar a realização de perícias, audiências pública etc… (art. 9°, Lei 9868/99).

Decisão da ADIn:

Para se declarar uma lei inconstitucional, é necessário maioria absoluta do tribunal (art. 97, CF/88). Ou seja no mínimo seis membros no caso do STF.

Observação: Segundo a Lei 9868/99 são necessários os votos de pelo menos oito ministros. Pelo menos oito devem estar presentes.

A decisão da ADIn possui caráter dúplice (o STF pode declarar a Lei inconstitucional ou constitucional) Arts 23 e 24 da 9868/99.

Lei declarada inconstitucional: ADIn procedente.

Lei declarada constitucional: ADIn improcedente.

A decisão da ADIn é irrecorrível, não admitindo ação rescisória.

Exceção: embargos de declaração (destinado a suprir uma obscuridade, uma omissão).

EFEITOS DA DECISÃO:

Caráter dúplice ou ambivalente;

Efeito “erga omnes”;

Efeito “ex tunc”, (retroativo) via de regra;

O STF, por 2/3 de seus membros (na pratica oito) pode manipular (modular) os efeitos da ADIn.

Observação: Segundo o STF, essa modulação de efeitos também pode ser feita no controle difuso.

Observação: o STF já fixou data futura para produção de efeitos da ADIn (ADIn com efeito prospectivo).

“lei ainda constitucional” ou “inconstitucionalidade progressiva”: a lei nas constitucional, mas com o passar do tempo vai se tornando inconstitucional.

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Efeito vinculante: é obrigatório para todos os órgãos do poder judiciário e para a Administração pública, seja direta ou indireta, federal, estadual ou municipal.

Se a decisão ou ato desrespeitar o efeito vinculante, caberá reclamação para o STF.

DECISÕES NA ADIn:

Procedente: Inconstitucional;

Improcedente: Constitucional;

Observação: Interpretação conforme à Constituição.

Havendo duas ou mais interpretações de uma mesma lei, deve se optar pela interpretação de que a lei é constitucional.

Interpretação conforme:

Com redução de texto: o STF entende que a Lei é constitucional, mas retira um pequeno trecho. Exemplo: Ar. 7°, EAOB que supriu a expressão “desacato” pela ADIn 1.1278.

Sem redução de texto: o STF pode determina a interpretação correta ou pode excluir a interpretação incorreta.

Declaração parcial de inconstitucionalidade, sem redução de texto: o trecho inconstitucional está implícito na norma.

CAUTELAR NA ADIn:

Existe a possibilidade de utilizar a cautelar na ADIn Art. da Lei 9868/99. Apesar de receber o nome de cautelar, tem natureza de antecipação da tutela.

Diferença entre cautelar e antecipação de tutelar:

1- A cautelar tem natureza preservativa;

2- A antecipação da tutela tem natureza antecipativa, satisfativa.

Antes da Lei 9868/99 o ministro relator poderia conceder a cautelar.

Atualmente, no art. 10 da Lei 9868/99 se faz necessário para conceder a cautelar, maioria absoluta do STF (6 ministro), desde que presentes (oito ministro).

Exceção: período de recesso.

“Coisa julgada inconstitucional”:

Exemplo: em um determinado processo o juiz considera uma lei constitucional, anos depois o STF declara a Lei inconstitucional.

Prevalece o entendimento de que contra a coisa julgada inconstitucional cabe ação rescisória.no prazo de dois anos, depois do transito em julgado, depois disso a decisão não poderá ser alterada por razões de segurança jurídica.

Entendimento minoritário (Humberto Teodoro Junior): e possível uma ação declaratória de nulidade a qualquer tempo.

15.4.2 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

ADIn Interventiva possui duas finalidades:

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1- Declarar um ato inconstitucional: o objeto é mais amplo o que o da ADIn Genérica. A ADIn Interventiva possuía a finalidade de combater (qualquer ato do ou omissão do Poder Público).

2- Decretar a intervenção: é a retirada da autonomia do ente federativo.

ADIn Interventiva é uma criação brasileira, e surgiu na CF/34, somente foi ajuizada pela primeira vez em 1946.

Legitimado: Somente o procurador geral da república. Art. 36 da CF/88 . “A decretação da intervenção dependerá: III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.”

Apesar da CF/88 estabelecer a expressão “representação” do PGR, inegavelmente tem natureza de ação.

Competência para julgar: Supremo Tribunal Federal

Procedimento:

Lei 4337/64, Lei 5778/72 e Regimento Interno do STF.

O PGR tem o prazo de 30 dias para ajuizar a ADIn interventiva, a contar do recebimento das informações.

O ministro relator é o presidente do STF (necessariamente).

Cabe ADIn Interventiva quando houver lesão a princípio constitucional sensível.

Conceito de princípio constitucional sensível: (Pontes de Miranda) são os princípios previsto no art. 34, VII, da CF/88. (se violados, autorizam a intervenção).

Art. 34 da CF/88 “A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:   VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.”

Quanto ao recebimento da ADIn Interventiva

O STF pode julgar a ADIn Interventiva:

Improcedente: os autos serão arquivados;

Procedente: remete os autos ao Presidente da República que poderá decretar a intervenção e se preferir, poderá se limitar a suspender o ato impugnado.

Na ADIn interventiva, não há manifestação do congresso nacional.

ADIn Interventiva Estadual:

Legitimado: Procurador Geral de Justiça.

Competência para julgar: Tribunal de Justiça.

Cabimento: quanto houver algum ato que lesione princípio previsto na Constituição Estadual.

Art. 35 da CF/88 “O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos

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consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.”

Quanto ao recebimento da ADIn Interventiva estadual

O Tribunal de Justiça pode julgar a ADIn Interventiva:

Improcedente: os autos serão arquivados;

Procedente: remete os autos ao Governador que poderá decretar a intervenção e se preferir, poderá se limitar a suspender o ato impugnado.

15.4.3 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ART. 103° §2°, CF/88);

Previsão Legal: Art; 103, §2° da CF/88 e na Lei 9.868/99 (com as mudanças da Lei 12.063/09);

Cabimento:

Norma constitucional de eficácia limitada de princípio institutivo: é aquela norma constitucional que produz poucos efeitos porque precisa de um complemento (regulamento). Exemplo Greve do servidor público. Se não for feito o complemento corre a inconstitucionalidade por omissão.

Legitimados: os estabelecidos pelo Art. 103 da CF/88. Não sendo permitido a desistência, conforme o estabelecido pelo Art. 12-D, da Lei 9.868/99.

Intervenção de Terceiros: Assistência dos outros legitimados no prazo das informações (30 dias).

Admite-se a participação do “amicus curiae"

O ministro relator pode solicitar a manifestação do Advogado Geral da união.

O PGR dará a sua opinião nas ações em que não for o autor.

Concessão de cautelar: é possível a concessão de cautelar na ADIn por omissão ( Art. 12-F, Lei 9.868/88).

Decisões cautelares:

1- Suspender a lei ou ato impugnado, em caso de omissão parcial;

2- Ordenar a suspensão dos processos que versam sobre esse tema;

3- Ou outra decisão que o STF entender cabível.

Quorum de decisão: 8 ministros deverão estar presente, sendo necessário para a decisão 6 votos favoráveis.

Decisões definitivas:

1- Se a omissão é do Poder Legislativo: o judiciário apenas comunica. O STF já sugeriu prazo para elaboração da lei.

2- Se a omissão é do Poder Executivo: o judiciário determina que ato seja realizado em 30 dias, ou em outra data determinada pelo tribunal.

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15.4.4 AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ART. 102, I, A, DA CF/88) – ADC ou ADCon.

Previsão legal: Art. 102, I, “a”, “in fine”, da CF/88.

Observação: A Ação declaratória de constitucionalidade é fruto do poder constituinte derivado, EC 03/93.

Art. 102 da CF/88 “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;”

Finalidade: declarar ou ato normativo CONSTITUCIONAL.

A ADCon tem a função de transformar a presunção relativa “júris tantum” de constitucionalidade das leis em presunção ABSOLUTA.

Legitimados:

Legitimados da ADConAté 2004 A partir de 2004

Presidentes

Mesa do Senado

Mesa da Câmara dos deputados

Procurador Geral da República

Observação: A EC 45/04 (reforma do judiciário).

Todos as pessoas previstas no Art. 103 da CF/88.

Observação: se aplica a ADCon a pertinência temática e a capacidade postulatório.

Procedimento da ADCon: Está previsto na Lei 9.868/99.

Contra o indeferimento da inicial: cabe agravo para o próprio tribunal.

Objeto da ADCon: somente lei ou ato normativo federal.

Art. 102 da CF/88 “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: … ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;”

Observação: pelo princípio da simetria, os estados podem prever ADCon Estadual.

Observação: Não admite desistência ou intervenção de terceiros.

Observação: Não há previsão legal da participação AGU.

Observação: O PGR participa como fiscal da lei.

Observação: O STF admite a figura do “amicus curiae”com as características e observâncias do Art. 7° §2° “O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.”

Decisão: possui caráter dúplice ou ambivalente.

Caráter dúplice: O STF pode declarar a lei constitucional ou inconstitucional.

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Quórum: Deve estar se fazer presente no julgamento da ADCon no mínimo 8 ministro, sendo que 6 ministros devem decidir no mesmo sentido.

Efeitos:

“Erga omnes” contra todos;

“Vinculante” para todos os órgãos do poder judiciário e para toda administração pública.

“Ex tunc”

Cautelar na ADCon:

Previsão Legal:

Lei 9.868/99 Art. 21. “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.”

Natureza: preventiva, e não satisfativa.

Prazo de suspensão: 180 dias.

15.4.5 ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ART. 102° §1°, CF/88). ADPF

Previsão Legal: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: § 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado do parágrafo único em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93).

Observação: A previsão constitucional existe desde 1988. Porem somente foi regulamentada com a Lei 9.882/99. A ADPF foi inspirada no recurso constitucional alemão.

Sempre houve o receio de que a ADPF seria uma nova avocatória.

Conceito de avocatória: era uma medida prevista na CF/67, que consistia na possibilidade do STF avocar (chamar para si) determinados processos para a sua competências, substituindo a decisão dos tribunais originários.

Competência para julgar: do STF. Porem, pelo princípio da simetria, os estados podem fazer previsão da ADCon Estadual.

Legitimados: os legitimados do Art. 103 da CF/88.

Finalidade: evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição, em razão da prática de ato do poder público.

Observação: A ADPF pode ser preventiva (evitar) ou repressiva (reparar).

Preceitos fundamentais da constituição:

A lei 9.882/99 não define;

Direitos fundamentais;

princípios fundamentais (definidos no Art. 1 ao 4 da CF/88;

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Princípios sensíveis ( Art. 34, VII da CF/88);

Cláusulas pétreas (Art. 60, §4°).

O Art. 4 da Lei 9.882/99 define que a ADPF é uma ação subsidiária ou residual (só cabe ADPF quando não houver outro meio eficaz de sanar a lesividade).

Observação: A ADPF ainda possui uma segunda finalidade. Cabe ainda para declarar a inconstitucionalidade de atos que não admitem ADIn.

Exemplos: Lei municipal contrariando da Constituição Federal. Ou Lei anterior à CF/88 “lei de imprensa” ADPF 130.

Não cabe ADPF:

Contra atos políticos. Exemplo: não cabe ADPF contra veto do poder executivo;

Contra atos legislativos em formação. Exemplo ADPF 43;

Procedimento: está previsto na Lei 9.882/99.

A ADPF é uma ação subsidiária;

Petição inicial indeferida, cabe agravo.

Decisão liminar:

O quorum: Deve estar se fazer presente no julgamento da ADPF no mínimo 8 ministro, sendo que 6 ministros devem decidir no mesmo sentido (maioria absoluta).

Observação: Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave ou recesso o ministro relator poderá conceder liminar “ad referendum”, ou seja, deve ser confirmada pelo pleno do tribunal.

A liminar consiste na suspensão dos processos que versam sobre o tema ou outra medida adotada pelo STF.

O PGR sempre participará da ADPF como fiscal da lei. “Amicus curiae” o STF entende que é perfeitamente a participação do “amicus curiae”.

Efeitos da decisão definitiva da ADPF:

Os mesmos efeitos da ADIn.

Caráter dúplice ou ambivalente;

Efeito “erga omnes”;

Efeito “ex tunc”, (retroativo) via de regra;

Observação: O STF, por 2/3 de seus membros (na pratica oito) pode manipular (modular) os efeitos da ADPF.

Observação: Segundo o STF, essa modulação de efeitos também pode ser feita no controle difuso.

Efeito vinculante: é obrigatório para todos os órgãos do poder judiciário e para a Administração pública, seja direta ou indireta, federal, estadual ou municipal.

Se a decisão ou ato desrespeitar o efeito vinculante, caberá reclamação para o STF.

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16. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

Previsão Legal: Art. 18 ao 36 da CF/88.

Não confunda:

A- Forma de Estado:

1- Federação: é a união de vários Estados, cada qual com uma parcela de autonomia;

Observação: a federação brasileira é uma clausula pétrea.

2- Unitário: consiste num comando central único que pode ser descentralizado administrativamente e politicamente.

B- Forma de Governo:

1- Republica: Na republica o governante é um representante do povo, por ele escolhido, para um mandato determinado.

Observação: A república não é uma clausula pétrea expressa na CF/88. A doutrina majoritária entende que a república e uma clausula pétrea implícita.

2- Monarquia: O governante adquire o poder pela sucessão hereditária.

C- Sistema de Governo:

1- Presidencialismo: O chefe do governo é um presidente, escolhido pelo povo, para um mandato determinado;

Observação: o presidencialismo não é clausula pétrea.

2- Parlamentarismo: O chefe de governo é o 1° Ministro, escolhido pelo parlamento e sem mandato determinado.

Origem da Federação:

Surgiu nos Estado Unidos da America. Em 1776 as colônias britânica na América declaram independência. As ex-colônias formaram uma Confederação (união de estados independentes).

No Ano de 1787, nasce a Federação Norte America.

Origem da Federação no Brasil

No Brasil durante a monarquia, o Brasil era um Estado Unitário. Com a Proclamação da República o Brasil é transformado em uma Federação. As antigas províncias foram transformada em Estados.

Com a CF/37 e com a CF/67 a doutrina diz que no Brasil era adotado um federalismo aparente, ou seja, o poder era concentrado nas mãos do “presidente” ou do “comando”.

CLASSIFICAÇÃO:

1- Federação por agregação: vários estados independentes se unem para formar um novo país. Exemplo: Estados Unidos da America “a doutrina diz que houve um momento centrípeto”.

2- Federação por desagregação: já existe um país, que é divido em estados relativamente autônomos. Exemplo: Brasil “Ocorre um movimento centrífugo”.

Classificação da Federação Brasileira:

A- O Brasil é uma federação por desagregação;

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B- O Brasil é uma federação assimétrica: onde os entes federados buscam uma harmonia, disputam competências;

C- Federalismo cooperativo: os entes federativos se auxiliam reciprocamente;

D- Federação de 2° grau: porque além dos Estados, temos os municípios como entes federativos.

Entes Federativos: Art. 18 da CF/88

União; Estados; Distrito Federal; Municípios.

Observação: Todos autônomos nos termos da Constituição.

Os Territórios Federais, que podem ser criados por Lei Complementar, não são entes federativos, pois integram a União. Os territórios não possuem autonomia.

Formação de Novos Estados:

Não se admite a secessão: separação do território brasileiro.

Exemplo: Não pode o Rio Grande do Sul declarar independência do Brasil.

Porem existe a possibilidade de novos Estados:

A- Fusão: dois ou mais Estados se unem para formar um novo Estado. Exemplo: São Paulo + Minas Gerais;

B- Cisão: um Estado se divide em dois ou mais Estados diferentes. Exemplo: Pará (porem não ocorreu);

C- Desmembramento: parte de um Estado, dele se lesloca.

1- Desmembramento formação: a parte desmembrada se transforma em um novo Estado. Exemplo: Estado: Tocantins.

2- Desmembramento anexação: quanto a parte desmembrada é anexada a outro Estado.

Requisitos necessário para ocorrer a fusão, cisão ou desmembramento:

A- Plebiscito com a população diretamente interessada;

B- Lei complementar federal;

Formação de novos municípios:

É possível a fusão, cisão e o desmembramento de municípios.

Requisitos:

A- Lei Complementar do Congresso Nacional determinando o prazo para a criação de novos municípios;

B- Estudo de viabilidade municipal;

C- Plebiscito com a população diretamente interessada;

D- Lei Estadual criará o novo município.

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Observação: Atualmente não podem ser criados novo municípios porque não existe a Lei Complementar do Congresso Nacional estabelecendo o prazo para a criação de novos municípios.

Exemplo: Município de Luis Eduardo Magalhães.

A EC57/08 convalidou os municípios criados irregularmente até 2006.

Vedações aos entes federativos:

1- Separação entre o Estado e a Igreja: o Brasil e um Estado leigo laico.

A CF/88 veda a criação de igreja ou cultos;

A CF/88 veda que os entes federados subsidie;

A CF/88 proíbe a construção de aliança.

2- Não pode o ente federativo negar fé aos documentos público;

3- Não pode os entes federativos criar distinções entre brasileiros e estrangeiros e preferências entre si;

Competências dos entes federativos

1- Competência da União:

A- Competência não legislativa:

Competência comum: Art. 23 da CF/88 é aquela que pertence a todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios);

Art. 23 da CF/88 “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;        X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.”

Competência Exclusiva: Art. 21 da CF/88. É aquela que pertence a união e não pode ser delegada (transferida).

Art. 21. Compete à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; VII - emitir moeda; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a) os

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serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária; d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão; XVII - conceder anistia; XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;  XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

B- Competência Legislativa da União:

Competência privativa: art. 22 da CF/88. Pertence a união, mas pode ser delega aos Estados, por meio de lei complementar.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:  I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;     V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV - populações indígenas; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;       XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; XX - sistemas de consórcios e sorteios; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII - seguridade social; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXV - registros públicos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;XXIX - propaganda comercial. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Competência concorrente: Art. 24 da CF/88. A União faz a lei geral e o Estado faz a lei especifica.

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Observação: Caso a União não fizer a lei geral, o Estado poderá fazê-la, até que sobrevenha a lei federal, que suspenderá a lei estadual no que for contrario.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino e desporto; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

2- Competência Estadual:

A- Não legislativa:

Competência comum: prevista no Art. 23 da CF/88.

Competência residual: prevista no Art. 25 §° 1 da CF/88 “aquilo que não é da competência da união ou do município.

  Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

B- Competência Legislativa:

Constituição Estadual: Elaborar a Constituição Estadual, devendo respeitar os princípios estabelecidos pela Constituição Federal. “Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.”

Competência Residual: prevista no Art. 25 §° 1 da CF/88 “aquilo que não é da competência da união ou do município.

Competência privativa: Na competência privativa da União, o Estado pode receber delegação.

Competência Concorrente: o Estado faz a lei especifica e a União faz a lei geral.

Observação: Caso a União não fizer a lei geral, o Estado poderá fazê-la, até que sobrevenha a lei federal, que suspenderá a lei estadual no que for contrario.

3- Competência Municipal:

A- Competência não legislativa:

Competência comum: Art. 23 da CF/88;

Competência enumerados no Art. 30 da CF, incisos III e seguintes:

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Art. 30. Compete aos Municípios: III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

B- Competência Legislativa:

Elaborar a lei orgânica do município: Que deverá ser aprova pela Câmara de vereadores, por 2/3 de seus membros,em dois turnos, com interstício mínimo de 10 dias;

Legislar sobre assunto de interesse local;

Suplementar a lei federal e estadual no que couber: (segundo o STF significa no interesse local);

Plano diretor: Previsto no art. 182 da CF/88, o qual visa regular a ocupação do solo urbano com o passar dos anos. O plano diretor é obrigatório nos municípios com mais de 20.000 habitantes.

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17. SEPARAÇÃO DOS PODERES

Previsão legal: Art. 2 da CF/88 “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

A doutrina diz que o nome mais apropriado seria separação da funções estatais.

Finalidade da separação das funções estatais: é evitar a concentração de poder nas mãos de uma só pessoa.

A separação dos poderes veio em resposta das monarquias absolutista.

Montesquieu (Na obra o Espírito das Leis) adotou a tripartição de poderes.

No Brasil imperial, durante a monarquia era adotado a Quatripartição de Poder (Benjamin Constant): Executivo, Legislativo, Judicial e Moderador (exercido pelo próprio rei, que tinha como objetivo fiscalizar os outros poderes).

A separação dos poderes é um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil.

A separação dos poderes também é uma das clausulas pétreas estabelecidas no Art. 60, §° 4 da CF/88.

Características da separação dos poderes:

1- Independência: um poder não pode ser subordinado ao outro;

2- Harmonia: os poderes devem ter um convivência harmônica;

3- Indelegabilidade: via de regra, um poder não pode delegar sua função ao outro.

Exceção: Lei delegada.

Art. 68. da CF/ 88 “As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. § 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.”

Cada poder exerce uma função principal (função típica), bem como exerce as outras funções de forma secundária (função atípica).

Funçõesdo Poder |Função típica Função Atípica

Executivo: AdministrarLegislar: Ex. medida provisória;

Julgar: Ex processos administrativos;

Observação: parte da doutrina entende que o Poder Executivo não julga, pois suas decisões não possuem definitividade (ou seja, podem ser revistar pelo Poder Judiciário).

Funçõesdo Poder |Função típica Função Atípica

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Judiciário: JulgarLegislar: Ex. quando elabora o regimentos interno dos tribunais;

Administrar: conceder férias, licença, concurso público;

Funçõesdo Poder |Função típica Função Atípica

Legislativo:Legislar

Fiscalizar (art. 70 da CF/88).

Legislar: criar proposta de emenda constitucional.

Julgar. Exemplo: (O Senado julga o presidente nos crimes de responsabilidade. Art. 52, I,CF/88);

Administra: conceder férias, licença, concurso público;

Observação:   Art. 70 da CF/88 “A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.”Sistemas de controle:

A- Sistema de controle interno de cada poder:

B- Sistema externo realizado pelo poder legislativo:

Controle realizado pelo legislativo da União: Congresso Nacional (auxiliado pelo tribunal de constas da união).

Controle realizado pelo legislativo dos Estados: Assembleia Legislativa (auxiliada pelo tribunal de constas Estadual).

Controle realizado pelo legislativo dos municípios: Câmara dos Vereadores (auxiliado pelo tribunal de constas da Estadual, ou pelo tribunal de constas municipais, os quais foram criados anteriormente a CF/88).

Complemento de Estudo, relativo ao Tribunal de constas:

Art. 70 da CF/ 88 “A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.”

Art. 71 da CF/ 88 “O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,

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ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.       § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.       § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.”

Art. 72 da CF/ 88 “A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.”

Art. 73 da CF/ 88 “O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional. § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. § 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.”

Art. 74 da CF/ 88 “Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte

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legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.”

Art. 75 da CF/ 88 “As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.”

Existe na CF/88 um sistema de controle recíproco entre os três poderes (sistema de freios e contrapesos “Checks and balances”).

Exemplo: Legislativo: aprova um projeto de lei. Executivo: aprova a lei. Judiciário: declara a lei inconstitucional.

17.1 PODER LEGISLATIVO

O poder legislativo está presente em todas as unidades da federação. (Poder legislativo Federal, Estadual e Municipal).

União: Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal)

Estado: Assembleia legislativa

Distrito Federal: Câmara legislativa

Municípios: Câmara dos vereadores

O Poder legislativo via de regra é unicameral.

Exceção: O poder legislativo federal e bicameral (Câmara dos Deputados e Senado).

Diferença entre a câmera dos deputados e o senado federal:

Câmara dos Deputados Senado Federal

Número de integrantes: 513 deputados; A câmara dos deputados representa o

povo; Cada Estado tem um número diferente de

integrantes (varia de acordo com numero de habitantes, sendo no mínimo 08 e no máximo 70. Esse número e fixado por lei complementar);

O mandato de um deputado federal é de 04 anos;

O sistema eleitoral que rege o deputado e o proporcional.

Número de integrantes: 81 senadores; O Senado representa os Estados e o

Distrito Federal; Cada estado possui o mesmo número de

senadores (três); O mandato de um senador é de 8 anos, a

cada quatro anos ocorre uma espécie de revezamento.

Sistema eleitoral de maioria simples.

Art. 46 da CF/88 “Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. § 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. § 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. § 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.”

SISTEMA ELEITORAL

Majoritário:

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A- Com maioria absoluta: para ser eleito, e necessário ter + da 1/2 dos votos validos. Quem é eleito por esse sistema: Presidente, Governador e o Prefeito nos municípios com mais de 200 mil habitantes;

B- Com maioria simples: basta ter mais fotos que os demais candidatos. Quem é eleito por esse sistema: Prefeito nos municípios com menos de 200 mil habitantes e os senadores.

Proporcional: não importa apenas a quantidade de votos no candidato, mas também na coligação partidária do qual ele faz parte. Quem é eleito por esse sistema: todos os membros do poder legislativo, exceto os senadores.

Caso seja criado um território federal como será a composição do poder legislativo?

Não imposta a quantidade de habitantes, será de 4 deputados, por expressa previsão constitucional.

Não terá senadores. Em razão do senado representar os entes federativos, exceto municípios.

Não confunda:

Legislatura: período de mandato de 4 anos; Sessão legislativa: é o ano legislativo; Período Legislativo: Semestre legislativo.

TIPOS DE SESSÃO LEGISLATIVA

A- Sessão Legislativa Ordinária: “caput” do Art. 57 da CF/88 “O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.”

B- Sessão Legislativa Extraordinária: Art. 57 §§ 6° a 8° da CF/88:

é a convocação do congresso nacional no período do recesso; Essa convocação é feita, via de regra, pelo presidente do senado; O Congresso Nacional votara apenas a matéria para a qual foi convocada; Exceção: as medidas provisórias pendentes; O congresso nacional não receberão a mais por essa convocação.

Art. 57 §§ 6° a 8° da CF/88: “§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação.”

C- Sessão legislativa conjunta: Art. 57, §3° da CF/88

As duas casa do congresso nacional votarão conjuntamente;

Diferença:Sessão legislativa conjunta

Art. 57, §3° da CF/88

Sessão legislativa Unicameral

(prevista no art. do ADCT.) Não se utiliza mais.

Os votos dos deputados e senadores serão computados separadamente;

Os votos dos deputados e senadores serão

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computados conjuntamente;

Hipóteses de sessão conjunta:

A- Inaugurar a sessão legislativa;B- Elaborar o regimento comum do congresso nacional;C- Receber o compromisso do Presidente e Vice-Presidente;D- Apreciar o veto presidencial. O congresso pode rejeitar o veto presidencial no prazo de 30 dias,

pelo voto secreto da maioria absoluta.

Art. 57, §3° da CF/88 “Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: I - inaugurar a sessão legislativa; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.

D- Sessão Legislativa preparatória: Art. 57, §4° da CF/88

Finalidade:

Ocorre no dia 1 de fevereiro do primeiro ano de mandato, e proporcionar a posse dos novos parlamentares;

Será realizada a eleição das mesas representativas. Para mandato de 2 anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição subsequente.

Art. 57, § 4° da CF/88 “Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.”

MESAS

Composição das mesas:Mesa do senado Mesa da Câmara Mesa do Congresso Nacional

Presidente

1° Vice-presidente

2° Vice-presidente

1° Secretário

2° Secretário

Presidente

1° Vice-presidente

2° Vice-presidente

1° Secretário

2° Secretário

Presidente do Senado

1° Vice-presidente Câmara

2° Vice-presidente Senado

1° Secretário Câmara

2° Secretário Senado

COMISSÕES

As comissões podem ser:

A- PermanentesB- Temporárias

Quanto a composição: deve ser proporcional aos partidos políticos naquela casa;

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Art. 58 da CF/88 “O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. § 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.”

Comissão de Constituição e Justiça: possui a função principal de verificar a constitucionalidade dos projetos de lei;

Comissão mista: Previsão legal: Art. 62, §° 9° da CF/88 “Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.”

Art. 58 § 4º da CF/88 “Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.”

Comissão representativa: Art. 58, § 4° da CF/88. É composta de deputados e senadores eleita na última sessão legislativa, destinada a representar o Congresso Nacional no período de recesso.

Comissão Parlamentar de Inquérito: Art. 58, § 3° da CF/88.

Pode ser criada em qualquer casa legislativa;Câmara dos Deputados;Senado;Conjunta (senado + câmara dos deputados);Assembleia Legislativa do Estado;Câmara Municipal (vereadores).

Quantos parlamentares são necessários para criar uma CPI? 1/3

Observação: O STF já decidiu a instalação de CPI com número menor de assinaturas, graças ao direito das minorias;

Art. 58 § 3º da CF/88 “As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.”

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A CPI deve investigar fato certo. O STF, entende que a CPI pode investigar fatos novos decorrentes da investigação;

Prazo determinado: 30 dias, que na pratica pode até prorrogado;

Poder: A CPI possui poderes instrutórios de juiz;

A CPI pode:

1- Requisitar documentos;2- Determinar a intimação de testemunhas;3- Segundo a doutrina, determina a condução coercitiva de testemunhas faltosas;4- Decretar a quebra do sigilo bancário e fiscal;5- Decretar a quebra do sigilo telefônico (obtenção dos registros telefônicos);6- Decretar a prisão em flagrante;

CPI não pode:

1- Decretar outras prisões;2- Decretar interceptações telefônicas. (Somente o Juiz pode decretar as interceptações

telefônicas, em razão da reserva de jurisdição);3- Decretar busca domiciliar.

Segundo o STF a CPI Estadual possui os mesmo poderes da CPI Federal, em razão do princípio da simetria.

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IMUNIDADE PARLAMENTAR

Imunidade parlamentar é o conjunto de garantias destinadas a assegurar o livre exercício da função parlamentar. A Imunidade parlamentar não fere o princípio da igualdade, pois ela se trata de uma prerrogativa, e não de um privilégio.

DiferençaPrivilégio: diz respeito a pessoa; Prerrogativa: diz respeito a função por ele

exercida.

Previsão Legal: Art. 53 da CF/88 “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.     § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.”

ESPÉCIES DE IMUNIDADES PARLAMENTARES

A- Liberdade parlamentar material: é a liberdade de opiniões, palavras e votos. É uma irresponsabilidade penal e civil.

O parlamentar pode ser responsabilizado politicamente por quebra do decorro parlamentar;

Pra que ocorra a imunidade parlamentar as palavras devem ser proferidas no exercício da função;

Não importa o local onde proferida as palavras ou opiniões, desde que seja relacionada com exercício de suas atividades;

O parlamentar licenciado para ser ministro por exemplo, não pode gozar da imunidade parlamentar.

Segundo o STF, a Imunidade parlamentar material não se estende ao coautor sem essa prerrogativa;

Todos os parlamentares possuem Imunidade parlamentar material, mas os vereadores só tem dentro da circunscrição do município.

Observação: se o vereador estiver no exercícios de suas funções será acobertado pela imunidade material.

B- Imunidade formal ou processual: está relacionada à prisão dos parlamentares, bem como ao processo a ser instaurado contra eles.

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O parlamentar possuem imunidade formal a partir do momento em que são diplomados; Os membros do congresso nacional não podem ser presos, salvo em flagrante de crime

inafiançável. Nesse caso os autos serão remetidos no prazo de 24 horas à casa respectiva, para que, pelo da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão;

Regra geral: os parlamentares não podem ser presos (por prisão temporária, preventiva, flagrante de crime afiançável, por pronúncia e prisão civil);

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I - desde a expedição do diploma:  a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;  b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; II - desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a"; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;  V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;  VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. § 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.  § 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. § 2º -

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Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato. § 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.

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PROCESSO LEGISLATIVO

Previsão constitucional: Art. 59 a 69 da CF/88

Art. 59 da CF/88 “O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.”

EMENDA CONSTITUCIONAL

Proposta de Emenda Constitucional: PEC

Art. 60 da CF/88 “A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.”

1/3 de Deputados ou senadores;

Presidente da República;

Mais da 1/2 das assembleias legislativas, pela maioria de seus membros.

Observação: prevalece o entendimento de que esse rol é taxativo.

Procedimento de votação da PEC

Quorum de aprovação: 3/5 dos membros do congresso; Duas casas do congresso nacional; Dois turnos.

Art. 60 da CF/88 “ § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.”

Observação: Nunca haverá sanção ou veto presidencial.

Observação: A emenda constitucional e fruto do poder constituinte derivado.

Promulgação: mesas da câmara e do senado.

Observação: A promulgação não é de responsabilidade do congresso nacional.

Art. 60 da CF/88 “§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.”

Vedação circunstancial de emenda constitucional:

Estado Sítio: é uma medida de âmbito federal; Estado de defesa: é uma medida regional; Intervenção federal: é a intervenção da união em algum Estado ou Distrito Federal.

Art. 60 da CF/88 “§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.”

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Observação: Se uma PEC é rejeita, somente poderá ser apresentada na próxima sessão legislativa (no próximo ano).

Art. 60 da CF/88 “§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.”

Clausulas Pétreas: Art. 60 da CF/88 “ § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.”

LEI ORDINÁRIA

Iniciativa das leis ordinárias:

Regra:

A- Iniciativa concorrente:

Congresso: para fazer um projeto de lei ordinária basta um deputado;

Presidente: normalmente o presidente utiliza a medida provisória;

Povo:

1. Lei Federal: 1% do eleitorado nacional, em pelo menos 5 Estado, com 0,3 dos eleitores desses Estados. Art. 61, §2 , da CF “A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.”

2. Lei Estadual: A CF não estabelece, fica a cargo da constituição estadual.

3. Lei Municipal: 5% do eleitorado municipal.

B- Iniciativa privativa do presidente da república: Art. 61, §1, da CF “§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;  II - disponham sobre:    a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva.”

Observação: pelo princípio da simetria também aplica o dispositivo acima descrito, desde guardada as devidas proporções aos projetos de lei de iniciativa privativa dos governadores e prefeitos.

C- Projeto de lei privativa do ministério público: quando o projeto versar sobre a organização do ministério público. Observação: Em se tratanto de Ministério Público da União a iniciativa é concorrente entre duas pessoas:

1- MPU - Procurador geral da república2- Presidente da república.

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D- Projeto de lei Iniciativa do poder judiciário: quando o projeto versar sobre a organização do poder judiciário.

Procedimento de aprovação: No congresso nacional, haverá a Casa Iniciadora (vota o projeto pela primeira vez) e a Casa Revisora (vota pela segunda vez).

Procedimento de aprovação do projeto de leiIniciativa Casa iniciadora

Deputado CâmaraSenador SenadoPovo CâmaraPresidente CâmaraMinistério Público CâmaraPoder Judiciário Câmara

Observação: O senado somente será a casa iniciadora se o projeto de lei for de iniciativa de um senador.

Procedimento de aprovação do projeto de leiCasa Iniciadora Casa Revisora Consequência

Rejeitado Idem Só pode ser apresentado na próxima sessão legislativa, salvo deliberação da maioria absoluta

Aprovado Rejeitado Só pode ser apresentado na próxima sessão legislativa, salvo deliberação da maioria absoluta

Aprovado Aprovado Deve ser encaminhado ao presidente da república para ser sancionado ou vetado.

Aprovado Emendado Deve voltar para a casa iniciadora, para apreciar as emendas.

Observação: O projeto de lei pode ser emendado aditivamente, supressiva, aglutinativa, substitutiva, de redação.

Observação: Caso a casa iniciadora não concorde com a casa revisora (prevalecerá a vontade da casa iniciadora).

Sanção e veto Presidencial

Sanção: se o presidente concorda com a aprovação do projeto de lei, e deve ser feita no prazo de 15 dias úteis para sancionar, o silêncio será considerado como sanção tácita.

Veto: se o presidente não concordar com a aprovação do projeto de lei, e deve ser feito no prazo de 15 dias úteis.

O veto somente pode ser motivado por:

Inconstitucionalidade: veto jurídico; Contrario ao interesse público: veto político.

Características do veto Presidencial:

A- Expresso: o silêncio configura sanção tácita.B- Motivado: o presidente deve fundamentar as razões do veto.C- Supressivo: não se pode acrescentar texto.D- Total ou parcial: observação: não se pode vetar parte de artigo, alínea, inciso ou parágrafo (sob

pena de mudar o sentido da lei).E- Superável ou relativo: o congresso nacional pode rejeitar o veto presidencial no prazo de 30

dias, em sessão conjunto e pelo voto secreto de maioria absoluta.

Após ser sancionado o projeto de lei, qual o próximo passo?

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Promulgação: é o atestado de existência de uma nova lei.

Quem é responsável pela promulgação das leis?

O Presidente, no prazo de 48, contando a partir da sanção ou da comunicação da rejeição do veto.

Não o presidente não cumpra o prazo para sancionar o projeto, a promulgação será feita pelo presidente do senado, caso não faça, o projeto será sancionado pelo vice-presidente do senado.

Publicação: é a publicação no diário oficial da união.

O processo legislativo sumário: (ou regime de urgência constitucional) e o processo legislativo com prazo.

Requisitos:

1- O projeto deve ser de iniciativa do presidente da república;2- O presidente solicita urgência ao congresso nacional.

Procedimento de aprovação do projeto de lei com regime de urgência constitucionalCasa Iniciadora

Câmara

Casa Revisora

Senado

Emendas

45 dias 45 dias Caso exista emendas, 10 dias.Observação: se o prazo for desrespeito, tranca a pauta da casa onde estiver tramitando.

Paralisam-se todas as votações, exceto as medidas provisórias pendentes.

O Processo legislativo sumário não é possível para a elaboração de código.

LEI COMPLEMENTAR

Conceito: é a lei que se destina a complementar a Constituição, nas hipóteses expressamente previstas.

Exemplo: CF/88 Art. 59. “O processo legislativo compreende a elaboração de: Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.”

Observação: Quando a CF/88 fala “lei”, normalmente está referindo à lei ordinária.

Diferenças entre:Lei Complementar Lei Ordinária

Quórum de aprovação e maioria absoluta; Só pode ser elaborada sobre matéria

reservado na CF.

Quórum de aprovação é maioria simples; Pode versar sobre qualquer matéria.

Segundo o STF, não existe hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária.

Espécies de Quórum

Quórum de votação: (de instalação da sessão): número mínimo de parlamentares para se votar uma lei.

Observação: O quórum de votação e o mesmo em todas as espécies de leis e de maioria absoluta (mais da metade de todos os parlamentares).

Quórum de aprovação: número mínimo de parlamentares para se aprovar uma lei.

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Lei Complementar: Maioria absoluta.

Lei Ordinária: Maioria simples.

Qual a consequência de uma lei ordinária que versa sobre assunto reservado à lei complementar?

Resposta: A lei ordinária será formalmente inconstitucional.

Qual é a consequência de uma lei complementar que verse sobre assunto que não lhe era reservado?

Resposta: A lei complementar será constitucional, mas, segundo o STF, será materialmente uma lei ordinária. Portanto ela poderá ser revogada por uma lei ordinária.

LEI DELEGADA

Conceito: O congresso nacional delega para o Presidente a possibilidade de elaboração de uma Lei sobre assunto específico.

Exemplo: O Congresso Nacional transfere ao Presidente a possibilidade de fazer uma lei sobre um tema especifico.

Essa delegação feita pelo Congresso Nacional e espontânea ?

Não. O Presidente solicita a delegação.

Essa delegação e realizada por meio de que ato?

Será uma resolução do Congresso Nacional. O Congresso Nacional determina o tema a ser delegado, o tempo de duração da elaboração.

Observação: A delegação não pode ultrapassar a Legislatura (período de mandato de quatro anos).

Caso o Presidente extrapole na elaboração da Lei Delegado. O Congresso Nacional poderá fazer? Sustar o ato normativo do Poder Executivo.

CF/88 “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;”

Espécies de delegação:

Delegação típica (própria): A lei delegada não volta para o Congresso Nacional.

Delegação atípica (imprópria): é aquela em que a leu delegada volta para a apreciação do Congresso Nacional.

Observação: O retorno para apreciação da lei delegada deve estar previsto na resolução.

Observação: O Congresso Nacional pode aprovar ou rejeitar a Lei Delegada, sem fazer emendas.

 CF/88 Art. 68 “As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso

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Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. § 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.”

Matérias que não podem ser objeto de delegação:

Competência exclusiva do Congresso Nacional; Competência privativa da Câmara ou do Senado; Matéria reservada à Lei Complementar; Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público; Nacionalidade; Cidadania; Direito Individuais; Direito políticos e eleitorais; Planos plurianuais, Diretrizes orçamentárias e orçamento.

A doutrina entende que não é possível Lei Delegada versar sobre matéria penal, em razão da vedação sobre direitos individuais.

MEDIDA PROVISÓRIA

Conceito: é o ato com força de Lei feito pelo chefe do Poder Executivo e com duração determinada.

Ato com força de Lei: medida provisória não é lei. Observação pode ser convertida em Lei. A medida provisória esbarra na reserva legal.

Exemplo: Medida provisória não pode versar sobre Direito Penal.

Feita pelo Chefe do Poder Executivo:

Observação: Normamente é o Presidente da República. Porem se a Constituição Estadual ou a Lei Orgânica de um Município fazer previsão da Medida Provisória, o Chefe dos Poder Executivo Estadual e Municipal, podem criar a medida.

Duração:

Requisitos: são cumulativos.

Relevância.

Urgência.

Segundo o STF, o Poder Judiciário poderá, em casos extremos, apreciar os requisitos de Relevância e Urgência.

Efeito: A Medida Provisória produz efeitos desde sua publicação.

Prazo: 60 dias prorrogável por mais 60 dias. Observação: Não se conta o recesso.

Procedimento de Publicação: A Medida Provisória após ser editada, será encaminhada ao Congresso Nacional, onde será votada na Câmara dos Deputados e depois no Senado.

Ao apreciar a Medida Provisória pode:

A- Aprovar a Media Provisória: será convertida em Lei;

B- Rejeitar a Media Provisória: perda da eficácia;

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C- Não votar a Medida Provisória no prazo: perderá a eficácia (rejeição tácita). Observação: se o congresso não votar a Medida Provisória nos primeiros 45 dias, a pauta será trancada (será paralisada as votações na casa, onde estiver a Medida Provisória).

Segundo o STF, o trancamento da pauta não é absoluto (ficam paralisados apenas os projetos de lei que poderiam ser editados por medida provisória. Não ficam paralisados:

1- Proposta de Emenda Constitucional;2- Direito e Processual Pena etc.

D- Projeto de Lei de Coversão: o projeto de Lei será remetido ao Presidente para sanção ou veto (enquanto, isso vigerá o texto original da Medida Provisória.

Efeitos da perda de eficácia da Medida Provisória:

Se uma Medida Provisória é rejeita,perderá sua eficácia deforma “ex tunc” ou seja, de forma retroativa.

Para que isso ocorra, o Congresso Nacional deve editar um decreto legislativo, no prazo de 60 dias, para disciplinar os atos já gerados pela Medida Provisória.

Se esse decreto legislativo não for feito a rejeição da Medida Provisória produzira efeitos “ex nunc”, ou seja, produzirá efeitos a partir da li.

MATÉRIAS QUE NÃO PODEM SER EDITADAS POR MEDIDAS PROVISÓRIAS

Em linhas gerais:

1- Direito e Processo Penal e Civil;2- Nacionalidade, Cidadania, Direito Políticos;3- Matéria reservada à Lei Complementar;4- Que vise a retenção de ativos financeiros;5- Matéria já aprovada pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto;6- Matéria Orçamentária.

DECRETO LEGISLATIVO

Conceito: é o ato destinado a disciplinar a competência exclusiva do Congresso Nacional

Observação: Não há sanção ou veto presidencial.

Quórum de aprovação: Maioria Simples.

Competência:

Art. 49 da CF/88 “É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI - zelar

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pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;    XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.”

RESOLUÇÃO

Conceito: é o ato destinado a disciplinar a competência privativa da Câmara, ou do Senado.

Observação: Não há sanção ou veto presidencial.

Quórum de aprovação: Maioria Simples.

Competência:

Art. 51 da CF/88 “Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.”

Art. 52 da CF/88 “Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f) titulares de outros cargos que a lei determinar; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.”

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17.2 PODER EXECUTIVO

Chefe do Poder Executivo Federal: Presidente.

Chefe do Poder Executivo Estadual: Governador

Chefe do Poder Executivo Municipal: Prefeito

Eleições para Presidente:

Ocorro no primeiro domingo do mês de outubro do último ano do mandato presidencial.

Será considerado eleito quem obtiver mais da 1/2 dos votos validos (todos os votos,excluídos os brancos os nulos).

Se nenhum candidato obtiver maioria absoluta, ocorrera o segundo turno no último domingo de outubro, com os dois candidatos mais votados.

Observação: Se durante o segundo turno um dos candidatos deixar a disputa (por qualquer razão, chama-se o terceiro colocado).

Sucessão presidencial:

Presidente / Vice Presidente / Presidente da Câmara / Presidente do Senado / Presidente do STF.

Substituição definitiva: Presidente / Vice presidente.

Substituição Temporária: Presidente da Câmara / Presidente do Senado / Presidente do STF.

Observação: Se o Presidente e o Vice Presidente deixarem o cargo nos dois primeiros anos do mandato, será realizado novas eleições diretas no prazo de 90 dias.

Observação: Se o Presidente e o Vice Presidente deixarem o cargo nos dois primeiros anos do mandato, será realizado eleições indiretas no prazo de 30 dias.

Nos dois casos o presidente eleito apenas concluirá o mandato de seu antecessor.

Atribuições do Presidente da República:

O Presidente exerce simultaneamente as funções de:

A- Chefe de Estado: quem representa o país externamente;

B- Chefe de Governo: chefia a Administração Pública da União e dita regras políticas econômicas.

Previsão constitucional: Art. 84 da CF/88.

O rol de atribuições previsto no Art. 84 da CF/88 não é taxativo; Via de regra, essas atribuições são indelegáveis; Existe três atribuições que podem ser delegáveis:

1- Ministros;2- Procurador Geral da República;3- Advogado Geral da União.

Atribuições delegáveis:

1- Fazer decreto sobre a administração federal, sem aumentar despesas e sem criar ou extinguir órgãos públicos. Observação: é possível extinguir cargos públicos, quando vagos;

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2- Conceder indulto e comutar penas;

3- Dar provimento ao cargos públicos (fazer ocupar os cargos públicos vagos). Segundo a jurisprudência O “desprovimento” ou seja, a demissão também pode ser delegada.

Atribuições do Vice-Presidente:

Substituir o Presidente (na saída temporária); Suceder o Presidente (na sua saída definitiva); O Vice-Presidente pode ser convocado para missões especiais; Podem ser criadas outras atribuições por Lei Complementar; O Vice-Presidente comporá o Conselho da República e Defesa Nacional.

Responsabilidade do Presidente:

O Presidente da República pode cometer dois tipos de crimes:

1- Crime comum: é todo crime que não é de natureza de responsabilidade;

2- Crime de responsabilidade: Na verdade é uma infração política praticada pelo presidente.

Previsão constitucional dos crimes de responsabilidade:

Art. 85 da CF/88 “São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.”

Competência para julgar o Presidente:

Crime comum: STF

Crime de Responsabilidade: Senado Federal.

Observação: O Senado, mas presidido pelo Presidente do STF.

Juízo de admissibilidade: Nos crime praticados pelo Presidente na República somente pode ser julgado mediante o juízo de admissibilidade processual exercido pela Câmara dos Deputados por 2/3.

Observação: Recebida a denúncia (crime comum) pelo STF ou iniciado o processo (crime de responsabilidade) no Senado, o Presidente será suspenso do cargo por até 180 dias. Se não for julgado em 180 dias, volta ao cargo.

Imunidades do Presidente:

A- O Presidente só pode ser preso em razão de sentença penal condenatória;B- Só pode ser processado por crime comum que tiver vinculo com a função.

Observação: Os crimes que não tem vinculo com a função, incluídos os anteriores ao mandato, serão processados somente após o termino do mandato.

Observação: Essas Imunidades não se aplicam aos Governadores e Prefeitos, pois são reservadas ao Chefe de Estado.

Condenação pelo STF:

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A- Perda do cargo;B- Cumprimento da pena;C- A suspensão dos direitos políticos.

Condenação pelo Senado: (deve ocorrer por quórum de votação de 2/3)

A- Perda do cargo;B- Incapacidade para o exercício da função pública por 8 anos.

Ministros:

São nomeados e exonerados livremente pelo Presidente.

Requisitos para ser Ministro:

A- Maior de 21 anos;B- Gozo dos seus direitos políticos;C- Brasileiro. (nato, naturalizado ou português equiparado. Exceto: O Ministro da Defesa que deve

ser brasileiro nato.

Crimes de responsabilidades dos Ministros:

A- Não atender à convocação da Câmara ou do Senado ou de alguma comissão para prestar declarações;

B- Quando solicitadas informações por escrito e o ministro não as presta ou faz de forma inverídica.

Competência para julgar os Ministros: Crime comum e de Responsabilidade: o STF.

Observação: para julgar os Ministros por crimes conexos com o Presidente será o Senado Federal que ira julgar.

Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional

Conceito: São órgãos de consulta do Presidente. São convocados e presididos pelo Presidente da República. Seus pareceres não são vinculativos.

Exemplo: Serão ouvidos os Conselhos da República e de Defesa antes da decretação de intervenção federal, estado de defesa e estado de sitio.

Composição do Conselho da República: Art. 89 da CF/88

Art. 89 da CF/88 “O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI - o Ministro da Justiça; VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.”

Competência do Conselho da República:

Art. 90 da CF/88 “Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. § 1º - O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério. § 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.”

Composição do Conselho de Defesa: Art. 91 da CF/88

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Art. 91 da CF/88 “O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como membros natos: I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - o Ministro da Justiça; V - o Ministro de Estado da Defesa; VI - o Ministro das Relações Exteriores; VII - o Ministro do Planejamento. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.”

Competência do Conselho de Defesa:

Art. 91 da CF/88 “§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional: I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição; II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. § 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.”

17.3 PODER JUDICIÁRIO

Garantias:

A- Institucionais:

1- Autonomia orgânico administrativa;2- Autonomia financeira e orçamentária.

B- Funcionais: (dos membros)

1- Vitaliciedade: depois de dois anos no exercício da função o juiz se torna vitalício, só podendo perder o cargo por sentença transitada em julgado;

2-

Diferença entre:Vitaliciedade (Juiz e promotor) Estabilidade (demais funcionários públicos)

Previsão Constitucional: art. 95, I, CF;

Aquisição: após 2 anos de exercícios profissional;

Perda do cargo: Sentença Transitada em julgado;

Observação: Além dos dois anos, há um outro requisito para adquirir a vitaliciedade: é a participação obrigatória em programas de aperfeiçoamento.

Previsão Constitucional: art. 41 da CF;

Aquisição: após 3 anos de exercícios profissional;

Perda do cargo:

Sentença Transitada em julgado.

Processo Administrativo, desde seja assegurada a ampla defesa;

Avaliação periódica de desempenho, desde seja assegurada a ampla defesa;

Observação: Antes de se torna vitalício o juiz poderá perder o cargo por deliberação do tribunal a que estiver vinculado.

Quando o juiz se torna vitalício no primeiro dia: Quanto ingressar diretamente no tribunais.

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Exemplo: Nomeado para tribunal superior (STF, STJ). Ministro Carlos Brito.

Exemplo: “quinto constitucional” 1/5 dos tribunais (Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Federal e Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho) é composto de advogados e membros no ministério público, com mais de 10 anos de atividade.

3- Inamovibilidade: O magistrado não será removido do foro onde atua contra sua vontade. Exceção: interesse público, por deliberação da maioria absoluta do Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça;

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o juiz substituto também possui inamovibilidade. Tema controverso.

4- Irredutibilidade de subsídios: o vencimento do magistrado não pode ser reduzidos nominalmente. Recai normalmente a tributação.

Vedação aplicadas aos Juízes:

A- Juiz não apode exercer outra profissão, salvo uma de magistério;B- Juiz também não pode exercer vida político-partidária;C- Juiz não pode receber custas;D- Juiz não pode receber auxílio de instituição pública ou privada, salvo nas exceções legais.

Mestrado, Doutorado;E- “Quarentena” o juiz não poderá advogar no juízo ou tribunal do qual se afastou por três anos.

Supremo Tribunal Federal:

Previsão constitucional: Art. 101 e 102 da CF/88.

Composição: 11 Ministros.

Requisitos:

A- Mais de 35 anos e menor de 65 anos;B- Brasileiro Nato;C- Notável saber jurídico;D- Reputação ilibada.

Nomeação: Ocorre em três etapas.

1- Escolha livre do Presidente da República;2- Aprovação da maioria absoluta do Senado;3- Nomeação realizada pelo Presidente da República.

Competência do STF:

Art. 102 da CF/88 “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;  f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da

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administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;   q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;  r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; II - julgar, em recurso ordinário: (Recurso Ordinário Constitucional) a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político;  III - julgar, mediante recurso extraordinário (Recurso Extraordinário), as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. § 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.”

SÚMULA VINCULANTE

Previsão Constitucional: Art. 103-A da CF/88.

A Súmula Constitucional foi trazida pela Reforma do Judiciário com a EC 45/04.

Lei que regulamenta a Súmula Vinculante: 11.417/06.

Somente pode ser edita pelo STF; De ofício ou por provocação;

Quem pode provocar:

Os Legitimados da ADIn (Art. 103 da CF/88); Defensor público geral da união (Chefe da DPU); Os Tribunais; Os municípios, incidentalmente, nos processos em que for parte.

Requisitos:

Existência de controvérsia sobre matéria constitucional. Reinteradas decisões do STF sobre tal matéria.

Consequência:

Vincula:

Todos os órgãos do Poder Judiciário; Toda a Administração Pública, direta ou indiretamente, federal, estadual e municipal.

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Observação: Não vincula o Legislativo, na sua função típica (de legislar). Porem vincula o legislativo nas suas funções atípicas (exemplo administrar).

Contra ato ou decisão que desrespeita súmula vinculante cabe reclamação para o STF, sem prejuízo do Mandado de Segurança.

Aquele que podem requerer a edição de súmula vinculante, também podem requerer o cancelamento ou a revisão daquela súmula.

Prevalece o entendimento de que não cabe ADIn contra súmula vinculante.

Conselho Nacional de Justiça:

O CNJ foi criado pela EC 45/04, essa emenda foi denominada de Reforma do Judiciário.

O CNJ é um órgão do Poder Judiciário.

Art. 92, I-A da CF/88.

O STF declarou o CNJ constitucional, entendendo não ferir a separação dos poderes.O CNJ tem a função de fiscalizar o judiciário na sua atividade financeira, administrativas, bem como os deveres funcionais dos juízes.

Integrantes do CNJ:

O Presidente do CNJ é o presidente do STF. Na sua ausência será o vice-presidente do STF.

Nove são do Poder Judiciário, sendo dois advogados escolhidos pelo conselho federal da OAB, 2 escolhidos entre os integrantes do Ministério Público pelo Procurador Geral da República e dois cidadãos escolhidos pelo Senado e Câmara dos Deputados.

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