direito constitucional ii - pedro taques

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  Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes  Direito Constitucional - Danilo Meneses  Intensivo II Página 1 Direito Constitucional  Pedro Taques O Ministério Público na Constituição Federal - Introdução: - A CRFB/88 no título IV organiza os poderes. Este título subdivide-se em: - Capítulo I: Legislativo (art. 44); - Capítulo II: Executivo (art. 76); - Capítulo III: Judiciário (art. 92); - Capítulo IV: Funções Essenciais da Justiça (art. 128); Pergunta: O ministério Público é um 4º Poder? Qual a importância dele ser um 4º Poder? RESPOSTA: Antes de responder, devemos analisar a evolução história do MP. - Evolução histórica do Ministério Público nas Constituições: - Constituição de 1.824: - não tratou do M.P. em seu texto; - o Código de Processo Criminal do Império, de 1.832 fez referência ao “promotor damacusação”; - Constituição de 1.891: - o Ministério Público se encontrava dentro do judiciário, uma vez que a Constituição dizia que “o procurador geral da república será escolhido entre um dos ministros do STF”; - antes da Constituição, em 1.889, com a proclamação da República, em 1.890 o ministério público foi institucionalizado por meio de um decreto; - Constituição de 1.934: - o Ministério Público estava contido em um capítulo chamado de “atividades de cooperação governamental” junto com o Tribunal de Contas; - nesse momento histórico encontra-se na doutrina quem diga que pela Constituição de 1.934 o Ministério Público estaria contido dentro do Poder Executivo; - Constituição de 1.937: - tal Constituição deu início a um “iato autoritário ” que se prolongou até 1.945; - tal Constituição não tratou o Ministério Público com a finalidade devida, uma vez que ela não fez referência ao M.P. como instituição, havendo um retrocesso do Ministério Público; - sempre devemos fazer uma conexão entre o M.P. e a democracia, uma vez que nos momentos de democracia no Brasil, o M.P. é independente, já nos momentos de ausência de democracia, o M.P. perde prestígio, não sendo independente; - Constituição de 1.946: - tal Constituição foi a mais democrática de nossa história segundo alguns constitucionalistas, trazendo o M.P. i ndependente; - Constituição de 1.967:

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Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes – Direito Constitucional - Danilo Meneses – Intensivo II  Página 1

Direito Constitucional – Pedro Taques

O Ministério Público na Constituição Federal

- Introdução:

- A CRFB/88 no título IV organiza os poderes. Este título subdivide-se em:- Capítulo I: Legislativo (art. 44);

- Capítulo II: Executivo (art. 76);

- Capítulo III: Judiciário (art. 92);

- Capítulo IV: Funções Essenciais da Justiça (art. 128);

Pergunta: O ministério Público é um 4º Poder? Qual a importância dele ser um 4º Poder?

RESPOSTA: Antes de responder, devemos analisar a evolução história do MP.

- Evolução histórica do Ministério Público nas Constituições:

- Constituição de 1.824:

- não tratou do M.P. em seu texto;

- o Código de Processo Criminal do Império, de 1.832 fez referência ao “promotor

damacusação”; 

- Constituição de 1.891:

- o Ministério Público se encontrava dentro do judiciário, uma vez que a Constituiçãodizia que “o procurador geral da república será escolhido entre um dos ministros do

STF”; 

- antes da Constituição, em 1.889, com a proclamação da República, em 1.890 o

ministério público foi institucionalizado por meio de um decreto;

- Constituição de 1.934:

- o Ministério Público estava contido em um capítulo chamado de “atividades de

cooperação governamental” junto com o Tribunal de Contas; 

- nesse momento histórico encontra-se na doutrina quem diga que pela Constituição de1.934 o Ministério Público estaria contido dentro do Poder Executivo;

- Constituição de 1.937:

- tal Constituição deu início a um “iato autoritário” que se prolongou até 1.945; 

- tal Constituição não tratou o Ministério Público com a finalidade devida, uma vez queela não fez referência ao M.P. como instituição, havendo um retrocesso do MinistérioPúblico;

- sempre devemos fazer uma conexão entre o M.P. e a democracia, uma vez que nosmomentos de democracia no Brasil, o M.P. é independente, já nos momentos deausência de democracia, o M.P. perde prestígio, não sendo independente;

- Constituição de 1.946:

- tal Constituição foi a mais democrática de nossa história segundo algunsconstitucionalistas, trazendo o M.P. independente;

- Constituição de 1.967:

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- no dia 31 de março de 1.964 há um golpe que inaugura um novo “ iato autoritário”,

perdendo o M.P. a independência e passando a pertencer ao judiciário;

- Constituição de 1.969:

- o Ministério Público não era independente e fazia parte do Poder Executivo;

- Constituição de 1.988:

- a posição Constitucional do M.P. lhe garantiu ser “uma das funções essenciais à

 justiça”; 

- o devido processo legal é um conjunto de regras que garantem um processo justo,assim, para que o processo seja justo, o juiz deve ser imparcial e inerte, não podendoagir de ofício. Assim, a Constituição nos dá exemplo de duas instituições que provocamo judiciário: membros do M.P. (artigo 128 da CRFB/88) e advogados (art. 133 daCRFB/88), sendo estas as duas instituições que possuem poder postulatório;

- o professor Hugo Nigro Mazili diz que quando a Constituição disse que o MinistérioPúblico é uma das funções essenciais à justiça, ela disse menos do que deveria, uma vezque o M.P. não é uma função essencial apenas à justiça, mas sim uma função essencial àprópria existência do “estado democrático de direito”; 

- hoje, pela Constituição de 1.988 o Ministério Público é uma instituição “extra -poder”,

ou seja, o Ministério Público, sem ser poder, exerce atribuições e possui garantias dePoder; o Ministério Público portanto não é uma 4º Poder, pois nós temos formalmente,3 órgãos que exerce parcela da Soberania do Estado: Legislativo; Executivo; Judiciário euma instituição “extra-poder”, que é o Ministério Público; 

- hoje, discutir se o Ministério Público é um poder ou não já está despido deimportância: o importante é exercer atribuições e possuir garantias de poder, coisa queo Ministério Público atual faz;

- em 1.748 Montesquieu escreveu “O espírito das leis” (que comentava o Estado Francês

e o Estado Inglês), não podendo hoje importarmos a realidade de Montesquieu naépoca para os dias atuais; hoje devemos fazer a divisão orgânica de Montesquieu combase na nossa realidade (é o que o Ministro Gilmar Mendes fala de compreensão

constitucionalmente adequada da divisão orgânica de Montesquieu)  – devemosentender a teoria de Montesquieu como algo histórico, e não como algo científico;

- “Felipe O. Belo”, em 1.301 já institui algumas funções que depois foram dadas aoMinistério Público;

- hoje, tecnicamente, não é correto se falar em “divisão tripartite de Montesquieu”, uma

vez que o Poder é único e indivisível (§ único do artigo 1º) e recebe o nome de soberaniapopular. Esse poder se revela através de órgãos, portanto, o termo correto a se usar é“divisão orgânica de Montesquieu”, uma vez que temos órgãos que exerce parcela da

soberania do Estado: Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério Público. Hoje existe oque chamamos de atribuições precípuas.

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- a Constituição de Venezuela de 1.998 fala em 5 poderes; a Constituição do Equador de2.008 fala em 5 poderes também;

- o Professor José Afonso da Silva diz que o Ministério Público, pela Constituição de1.988, estaria posicionado dentro do Poder Executivo; buscando a natureza jurídica dosatos praticados pelos membros do M.P. não são leis (não tem a abstração egeneralidades da lei) nem decisões jurisdicionais (não tem a definitividade das decisões

 jurisdicionais), portanto eles praticam atos de natureza administrativa, daí, emdecorrência disso, ele estaria dentro do Poder Executivo; 

- Ministério Público Brasileiro:

- Ministério Público da União;

- Ministério Público dos Estados;

- essa divisão existe em razão da nossa forma federativa de estado;

- uma das características das pessoas jurídicas com capacidade política é acapacidade de auto-organização dos estados-membros;

- o Município é uma pessoa jurídica com capacidade política, por isso temos umafederação tri-dimensional (União, Estados-membros e Municípios);

- por opção do legislador, Município não ganhou judiciário próprio nem MinistérioPúblico próprio;

- em alguns estados dos Estados Unidos existe judiciário municipal;

- o MPU se divide em 4 ramos (ou 4 categorias):

- Ministério Público Federal;

- Ministério Público do Trabalho;

- Ministério Público Militar;

- Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

- o MPDFT faz parte do Ministério Público da União porque o DistritoFederal é uma pessoa jurídica com capacidade política híbrida (possuicompetência material dos Estados e dos Municípios). Sendo assim, oDistrito Federal possui menos autonomia do que os estados-membros (a exemplo disso, o DF não pode se dividir em Municípios);

- a Lei Complementar 75/93 organiza o MPU;

- o chefe do M.P.U. é o Procurador Geral da República, sendoescolhido dentre os integrantes da carreira com mais de 35 anos.Surge a dúvida de qual carreira é essa:

- 1ª Posição: só pode ser Procurador Geral da Repúblicaintegrantes do Ministério Público Federal (posição majoritária)

 – a PEC 358/05 está no Congresso (já aprovada no Senado) visatrazer expresso na Constituição que somente integrantes do

MPF podem ser PGR;

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- 2ª Posição: qualquer integrante do MPU pode ser PGR, umavez que aonde a Constituição não diferencia, não cabe aointérprete fazê-lo;

- o Presidente escolhe o PGR e indica o nome para o Senado, quedeve aprovar por maioria absoluta de votos. O PGR exerce mandatode dois anos, permitindo-se reconduções (quantas o presidentedesejar, uma vez que a Constituição não limita o número dereconduções) – não existe lista na escolha do PGR;

- todos os ramos do MPU menos o MPF possuem o seu procurador-geral próprio: procurador-geral do MPM; procurador-geral do MPT;procurador-geral do MPDFT. O procurador-geral do MPF é o próprioPGR (Procurador-Geral da República);

- Procurador-Geral do MPT:

- é escolhido pelo Procurador-Geral da República, que deveráescolher o nome de uma lista de 3 nomes. Tal lista é criadapelos votos dos membros da instituição.

- o mandato é de dois anos, permitindo-se uma únicarecondução;

- Procurador-Geral do MPM:

- quem escolhe é o PGR de uma lista de 3 nomes fornecida pelaprópria instituição (MPM);

- exerce-se o mandato de dois anos, permitida uma única

recondução;

- Procurador-Geral do MPDFT:

- quem escolhe NÃO é o PGR, mas sim o Presidente daRepública, de uma lista com 3 nomes fornecida pelos membrosdo MPDFT;

- o mandato é de dois anos, permitida uma única recondução;

- até a Constituição de 1.988, o PGR poderia ser escolhido fora dacarreira; até a Constituição de 1.988 o PGR era demitido ad nutum (a

qualquer momento) pelo Presidente, hoje ele já não pode serdemitido pelo Presidente, só podendo ser afastado com aconcordância da maioria absoluta do Senado;

- o PGR denuncia as mais altas autoridades da República (ele temassento no STF); se o PGR entende que não é caso de denúncia, massim caso de arquivamento do inquérito, o STF mandaria para o 28 doCPP para quem, uma vez que o PGR é a maior autoridade doMinistério Público? Ninguém, uma vez que o PGR é o próprio 28,assim ele pede a “homologação do arquivamento” – em regra o STFnem entra no mérito do arquivamento;

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- Características peculiares do MPF:

- membros do MPF são procuradores da república e oficiamem regra perante o juiz federal;

- depois de um certo tempo, há promoção para “Procurador

Regional da República” que oficia em regra perante um dos

cinco Tribunais Regionais Federais;

- a próxima promoção é para Sub-Procurador-Geral daRepública, que oficia perante o STJ;

- dentre os Sub-Procuradores-Gerais o Presidente escolhe oPGR que atua perante o STF1;

- Características peculiares dos MPE´s:

- organizado pela lei 8.625/93. Além dessa lei nacional, cadaEstado possui uma lei complementar estadual própriaorganizando seu Ministério Público;

- o chefe do MPE é o Procurado Geral de Justiça (PGJ) que é

escolhido pelo governador de uma lista tríplice fornecida pelacategoria (também por votação) – o governador está vinculadoá esta lista, não estando o governador obrigado a escolher onome mais votado;

- o PGJ exercerá mandato de dois anos permitindo-se umaúnica recondução;

- as constituições estaduais podem exigir que o PGJ deva ter oseu nome aprovado pela assembléia legislativa? Não, o STF jádisse mais de uma vez que as constituições estaduais nãopodem exigir que o PGJ tenha seu nome aprovado peloparlamento estadual;

- quem pode concorrer para ser PGJ depende da constituiçãoestadual e da lei complementar estadual (alguns estadospermitem que promotores e procuradores de justiçaconcorram – Mato Grosso, Goiás – e outros estados permitemapenas que procuradores de justiça concorram à PGJ  – SãoPaulo);

- lei municipal não pode ofertar atribuição ao MinistérioPúblico, somente podendo ser feito por lei federal e leiestadual;

- promotor de justiça em regra oficia perante o juiz de direito;

procurador de justiça em regra oficia perante o Tribunal deJustiça;

- caso o PGJ venha a pedir o arquivamento de um inquérito, oTribunal de Justiça não está obrigado a arquivar (art. 12, XI, lei8.625/93), devendo o Colégio dos Procuradores de Justiçarever o ato do PGJ;

- o art. 130 da CRFB/88 diz que “*...+ aos membros do MP junto

aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seçãopertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.” O STF

 já decidiu que o artigo 130 faz referência a um Ministério

1Embora não se encontre na Constituição nada dizendo que o PGR deve ser escolhido entre os Sub-

Procuradores-Gerais, esse é o entendimento da doutrina;

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Público Especial que atua junto ao Tribunal de Contas, que nãofaz parte do Ministério Público Estadual nem do MinistérioPúblico Federal, encontrando-se na economia doméstica doTribunal de Contas. A lei 8.443/92 (dispõe sobre a Lei Orgânicado Tribunal de Contas da União) regulamentando a atuação doM.P. perante o Tribunal de Contas, lei esta já julgada

Constitucional pelo STF.- Cargos do MP junto ao TCU:

- Procurador Geral do MP junto ao TCU;

- 3 Sub-Procuradores-Gerais do MP junto ao TCU;

- 4 Procuradores do MP junto ao TCU;

- em sede estadual, o MP que oficia perante o Tribunalde Contas do Estado depende do Estado. Na maioria dosEstados, ainda é o Ministério Público do Estado (ex.:Estado de São Paulo); no entanto, em muitos Estados

(ex.: Rondônia; Goiás; Maranhão; Mato Grosso; Rio deJaneiro) já foram realizados concursos para o MPEspecial junto ao Tribunal de Contas do Estado (costumaser chamado de Ministério Público de Contas);

- o CNMP editou um ato normativo dando prazo paraque os Ministérios Públicos Estaduais saiam dosTribunais de Contas;

- o CNMP fiscaliza o MP do artigo 130 da CRFB/88? Não,o CNMP só fiscaliza o MPU e o MPF, não fiscalizando oMP Especial junto ao Tribunal de Contas;

- não existe Ministério Público Eleitoral: o que existe é umMinistério Público com funções eleitorais;

- Princípios Institucionais do Ministério Público (art. 127, §1º):

- Expressos:

- Unidade;

- só existe um Ministério Público: no instante em que o membro do MP semanifesta, ele está falando em nome da instituição, por isso ele não representa ainstituição, mas sim, presenta a instituição;

- essa unidade existe dentro de cada ramo, dentro de cada categoria;

- o PGR é o chefe administrativo, por isso ele fala em nome do MPU; o PGJ é ochefe administrativo, por isso ele fala em nome do MP Estadual; o membro do MPpresenta o MP no exercício das atribuições constitucionais (na peça; na audiênciapública; etc.);

- Indivisibilidade;

- é uma conseqüência lógica da unidade;

- significa possibilidade de substituição de uns pelos outros na mesma relaçãoprocessual (dentro da mesma categoria ou do mesmo ramo);

- a possibilidade de substituição de um membro do MP por outro dentro da

mesma categoria do MP é mais uma demonstração da existência daindivisibilidade;

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- Independência Funcional;

- ausência de subordinação hierárquica no exercício das atribuiçõesconstitucionais  – no exercício de suas atribuições constitucionais, você só sesubordina à constituição e à sua consciência (desde que limitada à constituição);

- esse limite que é a Constituição não significa que não se poder ter as chamadaspré-compreensões  – pré-compreensões significa que cada um de nósdecorrermos do nosso “determinismo histórico”, que forja o que se denomina

como “ideologia”. Também somos frutos do nosso inconsciente (força interior

que não podemos controlar). O determinismo histórico e o nosso inconscienteformam a pré-compreensão. Interpretar era somente retirar sentido, masatualmente, interpretar é “dar sentido”, e esse sentido é dado levando em conta

nosso determinismo histórico e nosso inconsciente, por isso cria-se as pré-compreensões. Montesquieu não era adepto à essa corrente, pois considerava o

 juiz um ser inanimado, que representava a “boca da lei”. 

- portanto, a constituição é o limite das pré-compreensões;

- o PGR é o chefe administrativo do Ministério Público, mas não é o chefe noexercício das atribuições constitucionais;

- o artigo 28 do CPP é uma das demonstrações da independência funcional;

- alguns MP estaduais fazem recomendações à seus membros (vindas do ConselhoSuperior, da Corregedoria): porém, essas recomendações são diretrizes, norte deatuação, não tendo caráter obrigatório;

- não se deve confundir independência funcional (art. 127, §1º) com autonomiafuncional (art. 127, §2º): a independência funcional é do membro, dopresentante, já a autonomia funcional é da instituição frente aos demais órgãosque exerce soberania;

- Implícito:

- Princípio do Promotor Natural;

- é uma garantia fundamental do cidadão de que ele só se verá processado pormembros do MP previamente estabelecidos, ou seja, escolhidos antes do fato;

- tal princípio busca evitar “promotores de encomenda”, promotores escolhidos

 post factum.

- esse princípio busca garantir a independência funcional também;

- não ofende o princípio do promotor natural a existência de grupos especiais deinvestigação (ex.: GAECO - Grupo de Atuação Especial no Combate àsOrganizações Criminosas);

- o princípio do promotor natural deve ser respeitado para o oferecimento dadenúncia, não devendo ser respeitado na fase inquisitorial;

- o promotor natural pode solicitar ao procurador-geral auxílio de outrosmembros;

- fundamentos para o promotor natural:

- alguns entendem que decorre do devido processo legal, que garante umprocesso justo (art. 5º, LIV);

- alguns entendem que o fundamento está no artigo 5º, LIII da CRFB/88;

- há também quem entenda que o princípio do promotor natural encontrefundamento no princípio da inamovibilidade;

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- Legais (estão na LC 75/93):

- tais princípios se referem ao MP com função eleitoral;

- Princípio da Federalização;

- a atribuição eleitoral é o MPF, ou seja, cabe ao Ministério Público Federalexercer as atribuições eleitorais, uma vez que a justiça eleitoral é uma justiçafederal especializada;

- Princípio da Delegação;

- em razão do princípio da delegação, o exercício dessas atribuições que sãofederais é delegado ao Ministério Público Estadual, por isso o membro doMinistério Público Estadual possui estas atribuições eleitorais;

- quem oficia perante a justiça eleitoral em primeiro grau (juiz eleitoral) de jurisdição é o promotor eleitoral;

- quem oficia perante o Tribunal Regional Eleitoral é um membro do MPF(Procurador Regional Eleitoral);

- quem oficia perante o TSE é o Procurador Geral Eleitoral  – é o ProcuradorGeral da República que também exerce o cargo de Procurador GeralEleitoral  – ele faz uma designação de um Vice Procurador Geral Eleitoralpara oficiar no TSE;

- atribuições genéricas do Ministério Público:

- o art. 127 da CRFB/88 nos dá notícia das atribuições genéricas do Ministério Público: taisatribuições serão esclarecidas pelo artigo 129 da carta constitucional;

- o rol do artigo 129 traz um rol meramente exemplificativo, não sendo um rol taxativo, umavez que o inciso IX de tal artigo diz que cabe ao MP exercer outras funções que lhe forem

conferidas;- requisitos para que outras atribuições sejam ofertadas ao Ministério Público:

- Requisito Formal:

- só a lei pode ofertar atribuições ao Ministério Público (lei que não sejaMunicipal);

- Requisito Material:

- as atribuições devem ser compatíveis com sua finalidade;

- Requisito Negativo:

- há proibição de representação judicial por parte do Ministério Público;

- atribuições genéricas e específicas do Ministério Público (ver art. 127 da CRFB/88):

-  Art. 127  –  O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função

 jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

- segundo Alexandre de Moraes, seria inconstitucional a emenda constitucional que porventura tentasse abolir o Ministério Público (uma vez que a instituição é permanente, e seapresenta como instrumento, garantia da concretização dos direitos fundamentais) outentasse transferir ele para um dos poderes uma vez que causaria uma hipertrofia do poder; as

forças armadas também são permanentes (art. 142 da CRFB/88);

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- o Ministério Público é essencial à prestação jurisdicional do Estado (princípio daessencialidade)  – não existe prestação jurisdicional de ofício. - Nigro Manzili diz que aConstituição disse menos do que deveria, por deveria dizer que o Ministério Público éessencial à existência do Estado. Não existe no mundo um Ministério Público estruturadocomo o nosso, que tem muitos poderes de determinadas áreas e nenhum em outras;

- ordem jurídica é a organização, a disciplina da sociedade através de um direito, ou seja, oconjunto de normas de um Estado em um determinado momento histórico. A lei está para oordenamento jurídico assim como a árvore está para a floresta. O ordenamento jurídico é oconjunto de leis (em sentido amplo);

- o MP defende a ordem jurídica como órgão agente: ações penais e ações civis, atuandocomo parte instrumental na defesa do ordenamento jurídico, portanto, sendo o fiscal dalei e da Constituição (mesmo como órgão agente);

- o MP defende a ordem jurídica como órgão interveniente: mesmo sendo órgãointerveniente, ele possui poderes de parte; a participação do MP se justifica pela a

natureza da parte (presença de menor incapaz) ou pela natureza da relação jurídicaprocessual (questões de Estado; casamento; divórcio; ação penal privada – fiscalizando oprincípio da indivisibilidade; habeas corpus  – participa uma vez que o princípio daliberdade é indisponível);

- o MP deve agir na defesa do regime democrático: não se deve restringir tal interpretação aponto de pensar que o MP age na fiscalização do processo eleitoral; não existe MinistérioPúblico Eleitoral, existe o MP com atribuições eleitorais (que faz sim a defesa do regimedemocrático  –  “defesa da verdade  das urnas” – ou seja, um processo eleitoral sem vícios efraudes). Porém, o conceito de democracia é muito mais amplo do que simplesmente o direitode votar e ser votado: é o respeito à liberdade; respeito à igualdade; respeito à dignidade da

pessoa humana.- a Constituição exige não só o respeito, mas acima de tudo, a concretização dessesvalores. A liberdade nesse caso se refere à auto-determinação (escolha de destinos).Portanto, nesse caso a liberdade deve ser vista amplamente: liberdade de crença;liberdade de associação; liberdade de reunião; liberdade de consciência2. A igualdadeprotegida pelo MP é: exigência de que os concursos reservem vagas para os portadoresde deficiências; ações afirmativas ou discriminações positivas (busca a criação depersonalidades emblemáticas – exemplos de superação); a igualdade aqui não pode servista de forma puramente formal.

- dignidade da pessoa humana é um sobre princípio, pré-constitucional ou pré-estatal,uma vez que não é a Constituição que nos dá a dignidade, mas ela apenas a legitima,uma vez que mesmo sem a carta Constitucional nós já temos a dignidade. Nas palavrasde Kant: “ A dignidade nos separa da coisa, uma vez que o indivíduo é um fim em si 

mesmo” . A coisa é um meio para se atingir um fim, a coisa não tem dignidade, e sim,preço. A dignidade que o MP protege é a dignidade em sentido moral e a dignidade emsentido material: em sentido moral significa direito de ter direitos (o cidadão não podeser violado, desrespeitado, menoscabado), e em sentido material significa um pisomínimo de dignidade (mínimo existencial), assim, o MP busca a concretização desse pisomínimo de dignidade (direitos sociais);

2 Nesse ponto que surge a discussão acerca da presença de imagens religiosas em locais públicos.

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- defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis: segundo o professor KazuoWatanabe interesse é sinônimo de direito, é uma posição jurídica necessária à satisfação deuma necessidade. Os interesses sociais devem ser igualados ao “bem-comum”, ou seja,

interesse geral, interesse de toda a coletividade, interesses meta-individuais, proteção da coisapública, proteção dos bens mais elevados de uma sociedade. Interesses individuaisindisponíveis se dão em razão de dois motivos: em razão da natureza (qualidade) da parte e

em razão da natureza da relação processual;

- funções institucionais do Ministério Público (art. 129 da CRFB/88):

I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

- adoção do sistema processual penal acusatório, havendo separação entre quem acusae quem julga; o chamado “juizado de instrução” seria inconstitucional no Brasil. O MP éo titular da ação penal pública, cabendo a ele provar os fatos que alegam, não cabendoao acusado provar sua inocência.

II  – zelar pelos efetivos respeitos do Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos

direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;- no art. 37 temos os princípios que se aplicam à Administração Pública, devendo elesserem respeitados, estando o MP responsável pelo efetivo respeito à esses direitos,promovendo as medidas necessárias à sua garantia. Ex.: ações civis; recomendações;ação penais; ações por improbidade administrativa;

III  – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público esocial, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

- patrimônio público deve ser entendido não só como o patrimônio material, mastambém como patrimônio ético e moral da sociedade, é o dever de honestidade,honestidade cívica. As tradições, costumes, são patrimônios públicos que não de ordemmaterial;

IV  – promover a ação de inconstitucionalidade por representação para fins de intervenção daUnião e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;

- o MP como fiscal da constituição defende o pacto federativo, defende a Constituição,como no exemplo da Ação Direta por Inconstitucionalidade Interventiva na defesa dosprincípios constitucionais sensíveis;

- O PGJ promove a ADI estadual para fins de proteção da forma normativa daConstituição; a constituição não é um aviso, é uma norma jurídica diferenciada, quepossui imperatividade reforçada, assim, quando o MP ajuíza uma ADI ele deseja que a

Constituição seja respeitada;

V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

- essa competência não é exclusiva do MP, uma vez que o artigo 232 diz que tambémsão competentes os próprios índios, suas comunidades ou organizações (FUNAI, ONG´s),portanto, a competência para defender os índios judicialmente é concorrente;

- o art. 109, XI atribui competência para a justiça federal julgar questões relativas àinteresses indígenas, portanto a atribuição para tal é do MPF; cabe ao MP Estadualapenas a defesa extrajudicial dos direitos indígenas;

VI –

 expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitandoinformações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;

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- esse inciso foi regulamentado pela resolução 13 do Conselho Nacional do MinistérioPúblico. Existe para o MP um poder-dever de requisição, que nesse caso, não é pedido(pois pedido é requerimento), não é ordem (está ausente a subordinação hierárquica),portanto, trata-se de determinação. Não atendida essa requisição, pode-se configurar ocrime do art. 10 da lei da ação civil pública, violando o princípio da legalidade, cabendoação de improbidade administrativa;

VII  –  exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementarmencionada no artigo anterior;

- a resolução 20 do CNMP regulamentou o controle externo da atividade policial;

- controle externo da atividade policial: com fundamento neste dispositivo o MinistérioPúblico faz a fiscalização, o controle, da atividade finalística (atividade voltada para asegurança pública) do aparelho policial. Os aparelhos policiais sujeitos à esse controleestão elencados no artigo 144 da CRFB/88;

- exemplos de atividade controladas com fundamento nesse dispositivo: respeito aoprazo para instauração de inquérito; respeito estrito à ordem judicial de interceptação

telefônica; cumprimento do alvará de soltura; diligências realizadas para o cumprimentodo mandado de prisão;

VIII  – requisitar diligências investigatórias e a instauração policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;

- se a requisição for feita, o Ministério Público deve trazer os fundamentos darequisição, daí estando o delegado obrigado a instaurar o inquérito policial sob pena dassanções legais (improbidade administrativa; prevaricação);

- se o inquérito foi requisitado pelo Ministério Público, ele passa a ser a autoridadecoatora que estará sujeita ao HC, ficando a competência portanto do Tribunal;

- atividades vedadas aos membros do Ministério Público (art. 128, §5º):

- é vedado o exercício da advocacia aos membros do Ministério Público (II, “b”). A Advocacia

Geral da União foi criada em 1.988, e até aí, quem fazia a defesa da União eram osProcuradores da República (pertencentes ao MPF), portanto, os membros do MPF queentraram para o MP até outubro de 1.988 podem advogar até hoje (art. 29, §6º do ADCT);

- até a EC/45 de 2.004 a Constituição permitia atividade político partidária por membros doMinistério Público. Porém, a EC/45 mudou o regime, assim atualmente há 3 situações:

- membros do MP que entraram na instituição até 5 de outubro de 1.988 podem sercandidatar licenciando-se do Ministério Público (ex.: Fernando Capez; Carlos Sampaio);

- membros do MP que ingressaram na instituição de 5 de outubro de 1.988 até apromulgação da EC/45 de 2.004, há duas posições doutrinárias:

- 1ª Corrente  pode-se candidatar licenciando-se;

- 2ª Corrente não pode licenciar-se, uma vez que desejando candidatar, deve-se exonerar do cargo;

- TSE adere à segunda corrente, devendo o membro do MP exonerar-se;

- STF o tema não é pacífica, mas há uma decisão de 2.009, que por maioria devotos entende pela exoneração;

- membro do MP que ingressou no Ministério Público depois da EC/45, deve seexonerar;

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- prazo de filiação para o membro do MP é diverso (o mesmo ocorre com o magistrado),uma vez que o prazo é de 6 meses conforme previsto em lei complementar, sendo oprazo comum de 1 ano;

- Investigação pelo Ministério Público:

- Argumento Contra:

- o artigo 144, §1º, IV da CRFB/88 traz a exclusividade da investigação para a polícia;

- Argumento Favorável:

- o Ministério Público pode investigar, através da Teoria dos Poderes Implícitos: se aConstituição dá a atividade fim (ajuizamento da ação penal), ela dá, implicitamente, osmeios e instrumentos para que ele possa ajuizar a ação penal (atividade fim); nadoutrina prevalece essa posição;

- TRIBUNAIS:

- para o STJ, o Ministério Público pode investigar;

- para o STF, o pleno ainda não decidiu, embora as turmas tenham proferidos decisõesfavoráveis e contras; há recente decisão (lembrando que apostila foi escrita em 2009) nosentido de permitir a investigação;

- Organização dos Poderes:

- todas as nossas Consituições (com exceção da Constituição de 1.824) adotaram a divisãoorgânica de Montesquieu. A teoria de 1.824 adotou a Teoria do Poder Moderador ou Teoria do4º Poder (de Benjamim);

- em 1.748 Montesquieu escreveu o livro “O Espírito das Leis”, comentando o Estado Francês e

o Estado Inglês. Aristóteles, em 340 anos antes de Cristo, já havia identificado as trêsatribuições do poder: cria a norma geral + aplica a norma geral ao caso concreto + resolve oconflito de interesses porventura surgido da aplicação da norma geral.

- Jonh Locke em 1.690, em um livro chamado “O Segundo Tratado do Governo Civil” também

identificou atribuições daquele que exercia o poder. O avanço de Montesquieu em relação àesses outros pensadores no livro “O Espírito das Leis” foi de que cada uma das atribuições já

identificadas por Aristótales e John Locke deveriam ser desenvolvidas por órgãosindependentes, dizendo que “tudo estaria perdido se no mesmo homem ou no mesmo corpo

de homens exercerem-se as três atribuições”; 

- atualmente, devemos ter uma compreensão constitucionalmente adequada da divisãoorgânica de Montesquieu. Devemos ver o poder como órgão que exerce parcela da soberaniado Estado:

- no Brasil o legislativo exerce precipuamente duas funções (inova no ordenamento jurídico criando leis3 + fiscaliza). A fiscalização pode se dar de duas formas:

- fiscalização econômico-financeira (art. 70 à art. 75) o legislativo é, noexercício dessa fiscalização, auxiliado no Tribunal de Contas;

- fiscalização político-administrativa (art. 58) é feita através das comissões;

3Originariamente, os parlamentos somente tinham a função de fiscalização, somente depois da Revolução

Francesa (1.789) o parlamento europeu passou a exercer a função de inovar no ordenamento jurídico.

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- funções secundárias ou atípicas do legislativo:

- administração dos órgãos internos (art. 51, IV e art. 52, XIII) administra seusassuntos internos;

- julga (art. 52, parágrafo único) ex.: cabe ao senado julgar o presidente darepública pela prática de crime de responsabilidade;

- função primária (típica) do executivo:

- aplica a lei ao caso concreto (art. 37) administra a coisa pública;

- funções atípicas (secundárias) do executivo:

- inova a ordem jurídica (art. 62) exemplo claro é a medida provisória. Leidelegada não é exercício de função atípica do executivo, sendo ela exceção aoprincípio da indelegabilidade;

- julga ex.: processo administrativo tributário; concurso público; licitação. Valelembrar que esse julgamento não tem caráter definitivo;

- funções primárias (típicas) do judiciário:

- Montesquieu dizia que o judiciário é a boca que fala o que está na lei, sendo umser inanimado, tenho uma atribuição aplicação da lei ao caso concreto,substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito com força definitiva;

- atualmente o judiciário tem outras funções típicas, inclusive segundo o LuizFlávio Gomes4:

- defende a força normativa da Constituição através do controle deconstitucionalidade;

- garante direitos fundamentais;

- resolve os conflitos entre os demais poderes;

- é dotado da chamada legislação judicial 5;

- funções atípicas (secundárias) do judiciário:

- administra seus assuntos internos é o chamado “auto-governo dos tribunais”; 

- inova a ordem jurídica exemplo claro é o regimento interno do Tribunal;

- cada órgão exerce funções típicas e outras atípicas para a

manutenção da independência e harmonia entre os poderes,

uma vez que a ingerência de um poder na atribuição do outro

configura violação à cláusula pétrea (art. 60,§4º);

- Poder Legislativo:

- o poder legislativo da União é exercido pelo Congresso Nacional, sendo ele bicameral, umavez que possui duas casas no Congresso Nacional: bicameralismo do tipo federativo6. Além

4 No mesmo sentido, Zilmar Faquim.5  Segundo Gilmar Mendes “*...+ é a criatividade dos juízes e dos tribunais, sobretudo das cortes

constitucionais.” Exemplos: súmulas vinculantes; sentenças aditivas; normatização em mandado de injunção. 6 Há uma Câmara onde estão os representantes do povo (art. 45 – Câmara dos Deputados) e uma Câmara ondeestão os representantes dos Estados-membros (art. 46  – Senado). Não existe federação quando os estados-

membros não participam na criação da lei: no Brasil, os senadores participam da criação da lei comorepresentantes dos Estados-membros e do Distrito Federal, portanto essa característica que marca obicameralismo federativo.

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disso, adotamos um bicameralismo de equilíbrio ou de equivalência: Câmara dos Deputados eSenado Federal possuem o mesmo grau de importância7. No bicameralimos aristocrático, háuma casa de maior importância que a outra (adotada em alguns países da Europa);

- Formas de Manifestação do Legislativo da União8:

- somente a Câmara dos Deputados (art. 51):

- se dá através de resolução;

- somente o Senado Federal (art. 52):

- se dá através de resolução também;

- Congresso Nacional (art. 49):

- feito através de decreto legislativo, sem a participação do Presidente;

Obs.: não existe diferença entre o termo “privativo” usado nos

artigos 51 e 52 com o termo “exclusivo” utilizado no artigo 49,mas apenas nesse caso.

- Câmara dos Deputados + Senado Federal/ Senado Federal + Câmara dosDeputados (art. 48):

- com a participação do Presidente sancionando ou vetando projeto de leiordinária ou projeto de lei complementar;

- Legislativo da União investido do Poder Constituinte Derivado Reformador (art.60):

- é feito através de Emenda Constitucional;- Presidente não sanciona e não veta Emenda Constitucional;

- Definição de alguns institutos:

- Legislatura  é o lapso temporal de 4 anos (art. 44, parágrafo único);

- Seção legislativa  uma legislatura é correspondente a 4 seções legislativas, estandoprevista no art. 57 da CRFB/88. Uma seção legislativa começa dia 02 de fevereiro à 17 de julho,depois de 1º de agosto a 22 de dezembro;

- Deputados Federais são representantes do povo (art. 45) e o número de DeputadosFederais por estado-membro varia de acordo com a população (número de habitantes); cadaestado-membro terá no mínimo 8 Deputados Federais e no máximo 70 Deputados Federais;no caso de territórios, serão 4 Deputados Federais;

- atualmente temos 513 Deputados Federais;

- o número de Deputados Estaduais é o triplo dos Deputados Federais (ex.: se o Estadotem 10 Deputados Federais, terá 30 Deputados Estaduais); essa regra vale para os

7 O desenho de Oscar Niemayer do Congresso se dá porque o senado é mais fechado, mais conservador (meiocírculo voltado para baixo) e a câmara voltada para cima a abertura do círculo (a câmara é mais aberta, menosconservadora, mais moderna). Exemplo claro é a idade necessária para ser membro do senado ou da câmara,

uma vez que a idade exigida para ser membro na câmara é de 21 anos, já no senado, a idade mínima é de 35anos.8 Os artigos indicados são de leitura obrigatória.

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Estados-membros que têm no máximo 12 Deputados Federais. Quando se chega aonúmero de 36 Deputados Estaduais, ou seja, 12 Deputados Federais, soma-se oexcedente (ex.: se o Estado tiver 15 Deputados Federais, soma-se 36 + 3, que é oexcedente dos 15, chegando-se ao resultado de 39 Deputados Estaduais);

FÓRMULA

DF > 12 DE = 36 + (DF -12)

DF < ou = 12 DE = DF x 3

- o mandato dos Deputados Federais é de 4 anos;

- Povo  corresponde aos brasileiros natos e brasileiros naturalizados (art. 12);

- População  no conceito de população está contido os brasileiros natos, naturalizados,apátridas, estrangeiros;

- Senadores  são representantes dos Estados-Membros e do DF. As unidades parciais devemparticipar da vontade geral (ou seja, na formulação). Todas as suas unidades são iguais, embusca de manutenção do pacto federativo. Cada Estado têm 3 senadores, é opção política apartir da emenda constitucional 11/77, onde antes era apenas 2. A CF/88 manteve os trêssenadores por estado-membro e no DF. Eles são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário(diferentemente dos Deputados Federais, Deputados Estaduais e vereadores  – que são eleitospelo sistema proporcional). O senado se renova a cada eleição de maneira alternada (1/3 emuma eleição e 2/3 em outra). Como o Senado se compõe de 81 senadores, 1/3 = 27 e 2/3 = 54.Na eleição de 2.010 serão eleitos dois senadores por Estado, totalizando 54 senadores. Omandato do senador é de 8 anos, sendo 2 legislaturas.

- os senadores têm suplentes, devendo na candidatura registrar dois suplentes; talinstituto (da suplência) não é interessante no Brasil, uma vez que o suplente é

normalmente quem paga a campanha ou até mesmo algum parente do senador; existeuma proposta de emenda na Constituição para abolir essa norma da Constituição;

- Mesa  é órgão de direção de um colegiado, é encarregada da condução dos trabalhoslegislativos e administrativos daquela casa; no legislativo da União existem três mesas: mesada Câmara dos Deputados; mesa do Senado Federal; mesa do Congresso Nacional;

- a mesa da Câmara é formada só por Deputados Federais;

- a mesa do Senado é formada por Senadores;

- a mesa do Congresso é formada por Senadores e Deputados Federais;

- Cargos: Presidente, 1º Vice-Presidente, 2º Vice-Presidente, 1º Secretário, 2ºSecretário, 3º Secretário e 4º Secretário quem exerce cargo na mesa exercemandato de dois anos e a Constituição Federal proíbe a reeleição para o mesmocargo na mesa. Esta proibição não é uma norma de reprodução obrigatória,assim, as leis orgânicas municipais e as Constituições Estaduais podemestabelecer de forma diversa9. O Presidente do Senado, automaticamente, seráo Presidente do Congresso Nacional (os demais cargos da mesa do CongressoNacional será de forma alternada10);

Obs.: a CRFB/88 deu às mesas algumas atribuições que são de relevo:

9 Já houve em nossa história reeleição para mesas do Senado e da Câmara, sob o argumento de que a vedaçãose dá apenas na mesma legislatura;10 É formada para um senador, depois um deputado federal, depois um senador, depois um deputado federal  – assim, o 1º vice-presidente da câmara exerce o mesmo cargo no Congresso. Assim, o presidente do senado nãoexerce cargo na mesa do Congresso Nacional.

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- promulgação de emenda (mesa da Câmara e do Senado  – art. 60,§3º);

- ajuizar ADI (mesa da Câmara e do Senado – art. 10311);

- linha sucessória do Presidente da República (o presidente da câmarae o presidente do senado estão na linha sucessória do presidente darepública – art. 80);

- fazem a pauta de votação (os presidentes decidem qual projeto vaientrar em votação

- Atribuições do legislativo da União:

- Fiscalização:

- a fiscalização se desempenha através de duas espécies: fiscalização econômico-financeira (art.´s 70 até 75) e fiscalização político-administrativa12 (art. 58 da CRFB/88).

- Comissões do artigo 58 da lei fundamental há, segundo tal artigo, três comissões:

- comissão temática ou material;

- comissão representativa ou de representação;

- comissão parlamentar de inquérito;

- a todas as comissões aplica-se o princípio da participação

 proporcional dos partidos políticos (assim, se um partido tem

10% dos Deputados Federais, ele tem 10% de representação

nas comissões);

- Comissão temática ou material:

- a casa legislativa é dividida em comissões temáticas (ou materiais), significando quecada comissão debate um tema, debate uma matéria. É o regimento interno daquelacasa legislativa que diz quais são as comissões temáticas e quais são as comissões

materiais (ex.: Comissão de Agricultura, Comissão de Saúde, Comissão de Educação  – normalmente, existem muitas comissões temáticas que se dão por já existir umMinistério em relação ao tema).

- a Comissão Temática/Material mais importante é a CCJ (Comissão de Constituição eJustiça), uma vez que todo projeto de lei obrigatoriamente deve passar por ela, sendo elaa responsável pelo controle preventivo de constitucionalidade. O parecer da CCJ não émeramente opinativo, mas sim terminativo. Todo projeto deve passar por no mínimoduas comissões (primeiro pela CCJ e depois por sua área de atuação  – saúde, educação,etc.).

- as comissões temáticas realizam audiência pública, convidam professores euniversitários, estudiosos e cientistas para debater o projeto e contribuírem em seuaprimoramento. No Brasil, comissão temática/material é dotada da delegação interna oudelegação imprópria (é o que o Ministro Gilmar Mendes denomina de processolegislativo abreviado), que significa que a comissão temática/material tem poderofertado pela Constituição (art. 58, §2º, “I”) para aprovar projetos de lei

independentemente da manifestação do plenário. A delegação própria (ou externa) é alei delegada, sendo externa pelo fato de se dar do legislativo ao executivo.

- Comissão representativa ou de representação:

11Mesa da Câmara e do Senado Federal podem ajuizar ADI, mas a mesa do Congresso não pode.

12 Desempenhada pelas Comissões.

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- durante os períodos de recesso do Congresso ele será representado por uma comissão(art. 58, §4º da CRFB/88). Tal comissão é mista ou conjunta, formada por deputadosfederais e por senadores.

- Comissão Parlamentar de Inquérito:

- até a Revolução Francesa (1.789), os parlamentos europeus tinham a atribuição únicade fiscalizar. Com a Revolução Francesa, surge o denominado Estado Liberal, sendo esteum Estado garantidor. No estado liberal, as constituições são apenas político-jurídicas.Com a Revolução Francesa, surge o dogma da lei: em 1.804 surge o Código CivilNapoleônico – que trazia o dogma da lei, onde a lei deve ser obedecida, uma vez que odireito é a lei (positivismo), devendo ser cumprido o que foi pactuado. Essa foi a épocade maior força do poder legislativo, uma vez que se dava muito valor à lei. Daí surgiramos direitos fundamentais de primeira geração (a lei limitava a atuação do Estado paraproteger as liberdades individuais).

- No século XX surge o Estado-Social, que passa de um Estado Liberal para um Estado

Prestador, uma vez que este tinha de prestar educação, saúde, trabalho (direitos sociais – direitos fundamentais de segunda geração). As Constituições deixam de serunicamente político-jurídicas passam a ser sociais-econômicas. Essa foi a fase em que oExecutivo passou a ter maior força. O Executivo passou a ter prerrogativa de inovar naordem jurídica (decreto-lei, medida provisória);

- o Legislativo, se sentindo acanhado, passou a ter outra função (para conquistar espaço):fiscalizar por meio das CPI.

- no século XXI, alguns dizem ser o século do Judiciário, porque o Estado além degarantidor e prestador, ele deve ser um Estado-Transformador, que em regra, é feitapelo judiciário (ações afirmativas, judicialização de políticas públicas, ativismo judical);

- CPI  a CRFB/88 deu força, valorizou a Comissão Parlamentar de Inquérito, de talforma, que chegou a dizer que a CPI terá “*...+ poderes de investigação próprios daautoridade judicial” – art. 58, §3º. No Brasil, o juiz não investiga, em razão de ter-seadotado o sistema processual penal acusatório (art. 129, I)  – o STF confirmou talorientação ao dizer que o dispositivo da lei 9.034/95 que permitia que o juiz investigarera totalmente inconstitucional. O Juiz tem apenas poderes instrutórios  – por via deexceção, a LC 35/79 (LOMAN) há previsão de um juiz investigar o outro. A CPI portanto,possui poderes instrutórios do juiz, mas não poderes investigatórios.

- Tendo em conta os poderes instrutórios, o que pode e o que não pode a CPI? Existemduas leis regulamentando o tema: a lei 1.579/52 e a lei 10.001/00, além do CPP e CPCque são aplicados de forma subsidiária (sem prejuízo ainda da aplicação dos regimentosinternos);

- ATIVIDADES PERMITIDAS PELA CPI - - ATIVIDADES PROIBIDAS PELA CPI -

- notificar testemunhas, determinar suacondução coercitiva;

- há decisão no STF no sentido de queíndio não pode ser conduzidocoercitivamente à CPI, pois implicaria emremoção forçada do índio da sua terra, oque é vedado pela Constituição (art. 231);

- na CPI, ou você é testemunha, ouinvestigado/indiciado ou convidado; a

- pode prender em flagrante (mas nãopode prender em flagrante o investigado

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testemunha e o investigado pode serconduzido coercitivamente, ao contrário doconvidado;

pelo crime de falso testemunho, uma vezque ele não é testemunha). O investigadotem o direito constitucional ao silêncio;

- membro do MP pode ser convocado paraCPI, mas não está obrigado a respondersobre fatos que tenha manifestado no

exercício de suas atribuiçõesconstitucionais. O mesmo se aplica aos

 juízes;

- por não ser dotada de autoridadeprópria (precisa da integração do poder

 judiciário), a CPI não pode: afastar o sigilo

das comunicações telefônicas (art. 5º, XII);expedir mandado de prisão; expedirmandado de busca e apreensão13. Essastrês exigências, o STF denomina de“reserva constitucional de jurisdição”. 

- realizar perícias, exames, vistorias; - determinar constrição judicial (arresto,seqüestro, hipoteca legal  – ou seja,medidas assecuratórias);

- afastar o sigilo bancário e fiscal (segundoo STF, a CPI é dotada de autoridade própria 

para afastar o sigilo fiscal e bancário sem serecorrer ao judiciário14);

- impedir que o cidadão deixe o territórionacional; determinar a apreensão de

passaporte (não pode pelos mesmosmotivos das hipóteses acima  – não temautoridade própria);

- oficiar a companhia telefônicarequisitando os extratos telefônicos;

- requisitos necessários para a constituição da CPI:

- 1/3 no mínimo dos deputados federais e/ou15 senadores; CPI Mista é chamada deCPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito);

- 1/3 dos deputados federais (513 no total) = 171 deputados federais;

- 1/3 dos senadores (81 no total) = 27 senadores;

- fato determinado a CPI na sua constituição deve especificar (objetivar) oobjeto da investigação. Não é qualquer fato determinado que enseja a criação deCPI, mas sim somente fatos que tenham relevância pública. Esse fato determinadodeve estar dentre as atribuições da casa legislativa que realiza a CPI.

- prazo certo na existe CPI permanente, portanto, toda CPI deve ter um prazocerto, sob pena de se ferir o princípio da segurança jurídica (art. 4º, caput). AConstituição não diz qual é o prazo, dependendo do regimento interno da casalegislativa, podendo variar de 120 a 180 dias, admitindo prorrogação desde que

dentro da mesma legislatura.- as Constituições Estaduais podem estabelecer a exigência de outrosrequisitos? O STF decidiu que CPI é um direito das minorias parlamentares,portanto, se os partidos políticos não indicarem os membros para fazer parte

13 A casa é asilo inviolável do indivíduo (art. 5º, XI). Casa é todo espaço corporal autônomo e delimitado. Essanoção de casa vem da Carta do Rei João Sem Terra (1.215). Existem duas espécies de casa: casa em sentidorestrito e casa por extensão. O art. 150, §4º do CP define casa em sentido restrito como domicílio restrito (localde habitação – permanente ou temporária) e casa por extensão (que é o local onde exerce seu trabalho, ofícioou profissão).14 CPI criada no parlamento municipal não te essa prerrogativa, uma vez que não há poder judiciário municipal,

devendo assim nesse caso, a CPI recorrer ao judiciário.15

Existem dois tipos de CPI: CPI simples (formada só por deputados ou só por senadores) e CPI mista ouconjunta (formada por deputados federais e senadores).

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da comissão, o presidente da mesa da casa deve nomear os membros dopartido político para compor a comissão. Portanto, a maioria não podeinviabilizar a criação da CPI. O STF entendeu ser inconstitucional aConstituição do Estado de São Paulo por trazer outros requisitos quedificultem a instauração da CPI (exigia a aprovação do plenário para aconstituição da CPI), uma vez que dificultaria o exercício dos direitos das

minorias. Facilitar a criação da CPI (apesar de não haver decisão do STF), emtese, seria possível.

- término dos trabalhos da CPI:

- a CPI elabora um relatório ao final dos trabalhos que deve ser votado pela CPI(todas as diligências e determinações da CPI devem ser votadas pela CPI, peloprincípio da colegialidade). Este relatório, em sendo o caso, é remetido aoMinistério Público, assim, a CPI não está obrigada a enviar o relatório ao MinistérioPúblico (dependendo de oportunidade e conveniência política).

- recebido tal relatório por parte do M.P., deve este promover as ações penais oucíveis cabíveis, de acordo com o que foi constatado na CPI. A ação civil em regra éde improbidade administrativa (lei 8.429/92). Vale lembrar que os documentosenviados (relatório) não vinculam o membro do Ministério Público, embora,segundo a lei 10.001/00 o MP tenha de dar prioridade aos trabalhos realizadospela CPI.

- ao término dos trabalhos, a CPI pode também apresentar projetos de lei (art. 61da CRFB/88);

- se constituída uma CPI no âmbito da União, caso lese o direito de alguém, deveeste entrar com mandado de segurança ou habeas corpus diretamente no STF; emcaso de CPI Estadual, os remédios são os mesmos, mas a competência é doTribunal de Justiça. Em caso de CPI Municipal, a competência de julgar o mandadode segurança e o habeas corpus é do juiz de direito.

- CPI União = STF

- CPI Estado = TJ

- CPI Município = JUIZ DE DIREITO

- pode haver participação de membros do MP no trabalho das CPI, comdeterminação do PGR (CPI da União) ou o PGJ (CPI´s Estaduais e Municipais);

- Teoria das Maiorias:

- a maioria vence, mas respeitando o direito da minoria. O art. 1º da CRFB/88 respeita odireito de ser diferente, ou seja, prega a tolerância, devendo respeitar aquele que édiferente. Essa teoria das maiorias surge em razão da democracia (adepto MichelTemer);

- maioria simples -> art. 47 -> lei ordinária;

- é variável, não sendo portanto, fixa. É qualquer maioria desde que se façapresente ao menos a maioria absoluta de votos (ex.: 70 pessoas presentes = 36votos a maioria simples);

- ela é a regra. O artigo 47, “primeira parte” da CRFB/88 diz que é a regra. O STFnão atende a essa indicação doutrinária em que quando não dizer qual a maioria,será aplicada a regra, ou seja, maioria simples. O STF entendeu que no artigo 53,

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§2º na parte final da CRFB/88, trata-se de maioria absoluto, e não da regra doartigo 47.

- maioria absoluta -> art. 69 -> lei complementar;

- é fixa, invariável. É o primeiro número inteiro acima da metade dos membros dacasa legislativa (ex.: imaginemos uma casa hipotética com 100 membros = 51membros a maioria absoluta);

- nenhuma deliberação pode ser tomada pelo Congresso sem que ao menos amaioria pelo menos esteja presente; a CRFB/88, em seu artigo 47, “última parte”,

exige a maioria absoluta para que haja deliberação;

- maioria qualificada -> art. 60 -> emenda complementar;

- é especial, sendo uma exceção. É representada por uma fração (ex.: 1/3, 2/3,3/5). Em regra esta maioria está acima da maioria absoluta de votos. Essa maioriaé de difícil alcance;

- essa maioria qualificada para alteração da Constituição revela seu caráter rígido,devida a dificuldade para que se possa alterar o texto Constitucional;

- maioria simples e maioria relativa -> não existe diferença entre maioria simples e

maioria relativa, a Constituição apenas usa um termo distinto (1ª corrente). Namaioria simples, segundo a 2ª corrente, há dois grupos de parlamentares: os quevotaram contra e os que votaram a favor; já na maioria relativa há votoscontrários, votos favoráveis e abstenções de votos;

- Função Executiva:

- o Executivo aplica ao lei ao caso concreto (art. 37), administrando a coisa pública(conseqüentemente, sujeito aos princípios administrativos);

- no Brasil, o órgão executivo é exercido por uma única autoridade, assim, nós vivemos umexecutivo monocrático16, traduzindo no sistema ou regime de governo presidencialista

(diferentemente do que ocorre no parlamentarismo, onde há duas ou mais autoridadesexercendo a função executiva, havendo um executivo dual);

- o Presidente exerce ao mesmo tempo a função de Chefe de Estado e de Chefe de Governo;no exercício da atribuição de chefe de Estado ele defende a unidade federal, o pactofederativo. No exercício da função de chefe de Governo exerce a chefia superior daadministração pública;

- como diferença do parlamentarismo para o presidencialismo, é importante ver de quemaneira se relacionam o executivo e o legislativo, verificando qual o grau de dependência doexecutivo em relação ao legislativo:

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO

- uma autoridade exerce a função de

chefe de Estado e chefe de Governo(executivo monocrático);

- a função de chefe de governo é exercida por

autoridade diferente (executivo dual);

- pode ser: parlamentarismo monárquicoconstitucional17 e parlamentarismorepublicano18;

- o Brasil já foi parlamentarista de setembro de1.961 até fevereiro de 1.963, sendo que o

16 Confirmando tal orientação, a redação do art. 76 diz que “*...+ o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da

República *...+” 17 O rei é chefe de Estado e o Primeiro Ministro é chefe de governo (Inglaterra, Espanha);18

O Presidente da República é chefe de Estado e o Primeiro Ministro é chefe de Governo (França, Itália,Portugal);

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parlamentarismo foi do tipo republicano(Tancredo – chefe de governo e Getúlio Vargas – chefe de estado);

- ainda fomos parlamentaristas, noparlamentarismo à brasileira, com Dom Pedro IIno segundo reinado; 

- existe independência do executivo emrelação ao legislativo;

- há dependência política do executivo emrelação ao legislativo19;

- o poder constituído legislativo não podereduzir o mandato do chefe doexecutivo;

- o parlamento pode reduzir o mandato do chefedo executivo

- o sistema ou regime de governo não é uma cláusula pétrea, então, não é núcleoconstitucional intangível;

- requisitos para ser Presidente da República (também aplica-se ao vice):

- ser brasileiro nato (art. 12, §3º) 20;

- idade mínima de 35 anos (art. 14, §3º) 21;

- filiação partidária -> no Brasil, é uma condição de elegibilidade (art. 14, §3º);

- plenitude do exercício dos direitos políticos (não incorrer em nenhuma das causas deperda e suspensão dos direitos políticos previstos no art. 15 da CRFB/88);

- eleição do presidente e vice-presidente:

- a CRFB/88 trouxe eleições casadas, assim, votando no presidente, automaticamente,estará votando-se no vice com ele registrado, não podendo separar o voto, conforme jáprevisto em Constituições anteriores;

- o presidente é eleito pelo sistema eleitoral majoritário, e não pelo sistema eleitoral

proporcional. No sistema eleitoral majoritário dá-se importância ao candidato e não aopartido político, portanto, será eleito o candidato com mais votos, sendo adotados nasseguintes eleições (presidentes; governadores; prefeitos; senadores). No sistemaeleitoral proporcional, dá-se importância ao partido político, onde pode-se votar nocandidato ou no próprio partido (votar na legenda), sendo adotados em algumaseleições (deputados federais; deputados estaduais; vereadores). No sistema eleitoralproporcional nem sempre o candidato mais votado é o que é eleito;

- espécies de sistemas eleitorais majoritários:

- majoritário simples -> é aquele que se contenta com qualquer maioria de votos

(eleição para senadores e para prefeitos em Municípios com menos de 200 mileleitores);

- majoritário absoluto -> a Constituição exige que o eleito atinja no mínimo a maioriaabsoluta dos votos válidos, portanto, caso nenhum candidato atinja esse quantum,haverá segundo turno entre o candidato mais bem votado e o segundo candidato maisbem votado. Essa regra busca dar legitimidade popular às eleições (eleição parapresidentes, governadores ou prefeitos com municípios com 200 mil ou mais eleitores);

- o eleito deve atingir ao menos a maioria absoluta dos votos válidos, que são atotalidade aqueles subtraídos dos votos em brancos e dos votos nulos. O art. 106

19 Por exemplo, o presidente paga o preço político da rejeição da medida provisória.20 Tal regra se dá em razão da segurança nacional.21

Aos 35 anos o cidadão atinge a capacidade política absoluta, uma vez que ele pode exercer qualquer cargona administração pública. Não existe idade máxima para exercício de cargos eletivos no Brasil.

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do Código Eleitoral diz que os votos em branco entra na contagem dos votosválidos, mas tal artigo não foi recepcionado pela Constituição de 1.988;

- o primeiro turno de votação se dá no primeiro final de semana de outubro, e osegundo turno se dá no último final de semana de outubro;

- o presidente e o vice-presidente são diplomados pelo TSE. A diplomação é oúltimo ato do processo eleitoral. O cidadão que passa em concurso é nomeado,não diplomado;

- os governadores são diplomados pelo TRE;

- quem diploma o prefeito é o juiz eleitoral;

- posse do presidente e vice-presidente:

- o presidente e vice tomam posse no dia 1º de janeiro no ano seguinte à eleição, emsessão conjunta do Congresso Nacional, onde eles se comprometem fielmente àobedecer a Constituição Federal. Caso esse compromisso seja violado, há crime deresponsabilidade segundo o art. 85 da lei fundamental;

- caso até o dia 11 de janeiro (passado dez dias do dia 1º) e nenhum dos dois tenham

tomado posse, os cargos serão declarados vagos, salvo motivo de força maior. Quemdeclara vago os cargos é o Congresso Nacional, por estar-se diante de um caso político,não jurídico e também não eleitoral;

- sucessão:

- sucessão em sentido restrito -> é igual à vacância, que tem caráter definitivo (morte,renúncia, condenação pela prática de crime de responsabilidade);

- substituição -> ocorre em caso de impedimentos, que não são definitivos, mas simtemporários (viagens, licença para tratamento médico, férias);

- linha sucessória: vice-presidente -> presidente da câmara -> presidentedo senado -> presidente do STF;

- somente o vice-presidente sucede no caso de vacância; os demais apenassubstituem no caso de impedimento. O presidente da câmara está antes dopresidente do senado pelo motivo da câmara ser a casa que representa o povo e osenado a casa que representa os Estados;

- atribuições do vice-presidente:

- o vice-presidente é quase que inútil em nosso ordenamento do ponto de vista atual;

- a mando do presidente, o vice-presidente pode atuar em missões especiais;

- somente lei complementar pode estabelecer atribuições para o vice-presidente;

- o mandato do presidente:- o mandato do presidente é de 4 anos, sendo divididos em dois períodos de 2 anos. Essadivisão é importante pelo seguinte: se nos dois primeiros anos houver vacância do cargode presidente, assume o presidente da câmara e convoca eleições diretas no prazo de90 dias, mas caso esteja-se nos dois últimos anos do mandato, assume o presidente dacâmara e convoca eleições indiretas no prazo de 30 dias;

- não há lei que regulamente a eleição indireta, devendo ela ser realizada peloCongresso Nacional;

- nos dois casos acima, os eleitos apenas terminarão os mandatos daqueles quedesapareceram, ou seja, somente o prazo restante, é um “mandato tampão”;

- eleição direta -> o povo escolhe sem intermediários os seus representantes;

- eleição indireta -> há intermediários entre o povo e seus representantes, assim, o povoelege os intermediários que por sua vez, elegerão os seus representantes (ex.: nos EUA

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a eleição para Presidente é indireta, assim, o povo elegeu os chamados grandeseleitores para que estes elegessem o presidente);

- Responsabilidade do chefe do Executivo:

- Forma de governo:

- de que maneira o poder é exercido? Aristótales disse que o poder pode serexercido de três maneiras:

- Monarquia -> governo de um só; se viciada = tirania

- Aristocracia -> governo de mais de um, porém, poucos; se viciada =oligarquia 

- República -> governo de muitos; se viciada = demagogia 

- em 1.513, Maquiavel, no livro “O Príncipe”, disse que os Estados ou são

Principados (monarquia) ou são Repúblicas:

- na Monarquia o poder é exercido de maneira hereditária, de maneiravitalícia e de maneira irresponsável;

- na República o poder é exercido de maneira eletiva, de maneiratemporária e de maneira responsável. Aquele que exerce parcela dasoberania do Estado deve ser responsabilizado;

- o replubicanismo é uma cláusula pétrea, embora a forma de governo nãoseja uma cláusula pétrea. A forma de governo é a maneira pela qual ogoverno é exercido. Já o republicanismo significa honestidade cívica, deverfundamental de ser honesto. Em razão do republicanismo, não é permitidoa existência de obstáculos que impeçam que o cidadão sejaresponsabilizado por seus atos;

- a Constituição Federal nos informa que o chefe do executivo pode ser responsabilizado

por duas maneiras: crimes comuns + crimes de responsabilidade:- crime comum -> infração de natureza jurídica penal;

- crime de responsabilidade -> infração de natureza jurídica político-administrativa;

- crime de responsabilidade praticado pelo presidente:

- será julgado pelo Senado Federal, sendo o senado presidido pelo presidente doSTF (art. 52, parágrafo único)  – tal ato é a materialização do sistema de freios econtra-pesos;

- o senado não pode julgar o presidente sem que antes exista autorização da

Câmara dos Deputados, uma vez que ela fará um juízo de admissibilidade daacusação;

- há um julgamento bi-fásico portanto;

- qualquer cidadão22 é parte legítima para denunciar o Presidente da República naCâmara dos Deputados pela prática de crime de responsabilidade;

- a CRFB/88, no artigo 85, elenca as condutas do presidente que importarão emcrimes de responsabilidade, sendo um rol meramente exemplificativo, uma vezque além dessas condutas existem outras que configuram o crime deresponsabilidade (previstas na lei 1.079/50). A adequação típica não segue a regra

22 Existe dois tipos de cidadão: cidadão em sentido amplo e cidadão em sentido estrito. Em sentido amplo, serefere a toda pessoa humana que pode exercer direitos e contrair obrigações. Em sentido estrito, se refere aonacional que exerce direitos políticos.

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do direito penal, aplicando-se a adequação conforme a natureza do crime(político-administrativa) e os tipos são abertos;

- na Câmara, será criada uma Comissão Especial que irá analisar a denúncia,expedindo parecer, notificando o Presidente para exercer o direito constitucionalde ampla defesa e contraditório (pode arrolar testemunhas, juntar exames, pedirperícias, junta documentos, etc);

- após o exercício do contraditório e da ampla defesa, a Câmara fará o juízo deadmissibilidade da acusação, podendo o juízo ser: negativo ou positivo; a Câmarafará um juízo político de oportunidade e conveniência, e em caso de juízonegativo, não fica autorizado o julgamento pelo senado. A Câmara pode autorizaro julgamento no senado com o quórum de 2/3 (portanto, quórum qualificado) emvotação aberta. A autorização concretiza-se por meio de uma resolução daCâmara dos Deputados;

- a resolução vai para o senado, sendo o ato de início do julgamento vinculado,não havendo discricionariedade para o senado em relação à dar início ao

 julgamento ou não;

- consequências do início do julgamento pelo senado: o presidente deverá sernotificado + o presidente, após notificado, deverá ser afastado da presidência poraté 180 dias + haverá substituição da presidência (o vice-presidente assume olugar do presidente temporariamente);

- o senado o presidente tem direito ao contraditório e à ampla defesa (lembrandoque ele se encontra afastado da presidência, uma vez que, caso ele não estejaafastado, com seu poder e força política ele pode mudar o voto dos senadores etambém para que ele possa dedicar à sua ampla defesa), e posteriormente, será

 julgado pelo senado (trata-se de julgamento que se orienta pela conveniênciapolítica), devendo ter o quórum de 2/3 dos senadores em votação aberta paracondenação do presidente (54 votos); são as penas (equivalentes, possuindo a

mesma força, não havendo relação de acessoriedade entre elas):- perda do cargo;

- inabilitação para o exercício de função pública por 8 anos;

- a decisão do senado não pode ser modificada pelo poder judiciário, uma vez queo mérito é definitivo, podendo o STF apenas analisar se os princípiosconstitucionais foram ou não foram violados;

- inabilitação para exercício de função pública não significa suspensão dos direitospolíticos;

- crime de responsabilidade praticado pelos governadores:

- pela prática de crime de responsabilidade os governadores são julgados protribunais mistos compostos por desembargadores e deputados estaduais, sendopresididos pelo presidente do TJ. Segundo o STF, a composição deve ser de 5desembargadores e 5 deputados estaduais, não podendo a Constituição Estadualprever de forma diversa, pois é vedado a ela definir crime e processo deresponsabilidade (matéria de competência privativa da União)  – ver súmula 722do STF;

- a lei federal 1.079/50 diz que a comissão deve ser composta por 5 deputadosestaduais e 5 desembargadores, presidida pelo presidente do TJ;

- em caso de condenação, a são penas (art. 78, §3º da lei):

- perda do cargo;

- inabilitação para o exercício de função pública por 8 anos;

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- crime de responsabilidade praticado pelos prefeitos:

- o decreto lei 201/77 e o artigo 29-A tratam de condutas que, quando praticadaspelo prefeito, incorrem em crime de responsabilidade;

- pela prática de crime de responsabilidade, a Câmara dos Vereadores que sãoresponsáveis pelo julgamento;

- o decreto 201/77 estabelecem duas espécies de crime de responsabilidade:

-> crime de responsabilidade próprio = infração de natureza penal;

->  crime de responsabilidade impróprio = infração de natureza político-administrativa;

- pela prática de crime de responsabilidade próprio o julgamento é feitopelo poder judiciário, já no caso de crime de responsabilidade impróprio o

 julgamento se dá pela câmara de vereadores;

- crime de comum praticado pelo presidente:

- pela prática de crime comum, segundo os artigos 86 e art. 102, I, alínea “b” ,compete ao STF processar e julgar originariamente o presidente e o vice-presidente nas infrações penais comuns;

- infração penal comum é um gênero, que se contrapõe aos crimes deresponsabilidade. Dentro desse gênero, estão contidas as seguintes práticas:

a) crime comum em sentido estrito;

b) crime eleitoral;

c) crime militar;

d) crime doloso contra a vida;

e) contravenção penal;

- o presidente é dotado de irresponsabilidade relativa (art. 86, §3º e §4º), que sesubdivide em duas espécies:

- o presidente não pode ser preso sem que haja sentença condenatóriatransitada em julgado (não está sujeito a prisão em flagrante, mesmo emcaso de crimes inafiançáveis);

- o presidente somente pode ser processado durante o mandato por crimeex officio (crimes praticados durante o exercício da função), portanto,durante o mandato, ele não pode ser processado pela prática de crimeestranho ao exercício da função;

- Luiz Flávio Gomes entende que o prazo prescricional não ficasuspenso juntamente com o processo, mas o STF entende que hásuspensão da prescrição;

- exemplos difíceis:

- o candidato à presidente comete um crime, posteriormente vem aser eleito e diplomado e toma posse, assim, durante o mandato eleNÃO pode vir a ser processado, uma vez que trata-se de crimeestranho ao exercício da função;

- o presidente mata a mulher e o amante, NÃO podendo ser presonem processado durante o mandato, uma vez que trata de crimeestranho a função;

- o presidente mata Henrique Meireles (presidente do BancoCentral), não podendo ser preso, mas podendo SIM ser processado,pois o crime não é estranho à função;

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- a investigação não é feita pelo delegado, mas sim por um ministro do STF (atuacomo coordenador do inquérito), que ao terminar a investigação, mandará estapara o PGR. A autoridade policial não pode indiciar o presidente, uma vez que setrata de inquérito judicial, e não inquérito policial. O PGR oferta a denúncia aoSTF, não podendo o STF receber a denúncia sem que antes exista a autorização dacâmara dos deputados. A Câmara dos Deputados fará um juízo de admissibilidade

da acusação, autorizando ou não o STF a se manifestar sobre o recebimento dadenúncia, por meio de juízo político, sendo necessário o quórum de 2/3 paraautorização em votação aberta;

- possibilidades do juízo de admissibilidade feito pela Câmara dos Deputados:

a) Juízo de admissibilidade negativo: a Câmara dos Deputados não autorizao STF a se manifestar acerca do recebimento da denúncia. A ConstituiçãoFederal não afirma o que fazer com o prazo prescricional nesse caso. OProfessor Luiz Flávio não entende que é caso de suspensão da prescrição.No HC 83.154 o STF determina a suspensão do prazo prescricional (emborao HC não se trate de presidente da república, mas o STF diz que se o MPencontra-se impedido de ofertar a denúncia, não pode haver fluência do

prazo prescricional);

b) Juízo de admissibilidade positivo: a Câmara dos Deputados, com 2/3 dosvotos (art. 171 + art. 171), autoriza o STF a se pronunciar acerca dorecebimento da denúncia. Esses juízos se materializam em uma resoluçãoda Câmara dos Deputados (resolução é espécie normativa que tem porfinalidade veicular matéria de competência privativa da Câmara  – art. 51 – ou privativa do Senado – art. 52;

- antes do STF se pronunciar acerca do recebimento da denúncia,deve o Presidente apresentar a defesa no prazo de até quinze dias(defesa preliminar, onde será trazido argumentos sustentando o não

recebimento da denúncia). Ofertada a defesa, o STF marca a data,para o recebimento ou não da denúncia;

- quem se manifesta a respeito do recebimento ou não da denúncianão é o Ministro Relator, mas sim o STF. Recebendo o STF a denúnciacontra o presidente, este passa a ser acusado criminalmente,devendo se afastar de suas funções por até 180 dias (art. 86, §2º daCRFB/88). Se nesse prazo o STF não terminar o julgamento, ele voltapara suas funções mesmo com o curso da ação penal;

- caso a decisão do Supremo seja a condenação do presidente, estenão pode exercer o cargo de Presidente da República, uma vez quehaverá condenação com o trânsito em julgado. O STF pode, em razão

da sentença penal condenatória com o trânsito em julgado, decretara prisão do presidente da república;

- durante os 180 dias em que o Presidente está afastado, o viceassume, havendo substituição. Após a condenação do Presidentecom trânsito em julgado, o vice assume definitivamente apresidência, havendo sucessão;

- crime de comum praticado pelo governador:

- pela prática de crime comum, quem julga o governador é o STJ (art. 105, I, “a”).Crime comum abrange: crime comum em sentido restrito + crime eleitoral23 +crime militar + contravenção penal + crime doloso contra a vida. O STJ julga

23 Fica claro que o TSE não possui competência originária para julgar ações penais.

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governador, mas não julga vice-governador, sendo a Constituição estadual que vaidefinir quem vai julgar o vice-governador. Em regra, as Constituições estaduaisdizem que quem vai julgar o vice-governador é o TJ. A Constituição Estadual nãopode ofertar competência criminal para o STJ. A Constituição Federal, no artigo125, §1º, permite que as Constituições Estaduais ofertem competência para oTribunal de Justiça, assim, é constitucional que as Constituições Estaduais

estabeleçam que competente para julgar vice-governador é o TJ do Estado;- nos casos em que o vice-governador comete um crime no exercício do cargo deGovernador (ex.: Governador viaja e o vice assume), continuando o Tribunal deJustiça do Estado competente para julgar, uma vez que houve substituição (asimples substituição não importa em modificação da competência);

- no caso do Governador, o STJ só pode receber a denúncia se houver autorizaçãodo parlamento estadual (Assembléia Legislativa). Os §´s 3º e 4º do artigo 86aplicam-se aos governadores? Ou seja, o governador pode ou não ser processadopor crime fora do exercício da função? Esses dois parágrafos não se aplicam aosgovernadores, portanto, estamos diante de uma norma constitucional federal deextensão proibida aos Estados-membros. Assim, o governador pode ser preso em

flagrante, pode ser preso temporariamente e também pode ser presopreventivamente. A constituição estadual que conceder tais privilégios para ogovernador (irresponsabilidade relativa), ela será inconstitucional, pois não cabeàs constituições estaduais tratarem sobre processo, a não ser que tenhaautorização expressa da Constituição Federal;

- crime de comum praticado pelo prefeito:

- pela prática de crime comum, o prefeito é julgado pelo Tribunal de Justiça.Segundo a súmula 702 do STF, crimes estaduais é da competência do Tribunal deJustiça, crimes eleitorais levam o julgamento para o Tribunal Regional Eleitoral, e

no caso de crime federal, a competência para julgar o prefeito é do TribunalRegional Federal. O STF aplicou o princípio da simetria para se chegar à essasituação;

- a Constituição exige que o prefeito seja julgado pelo colegiado, nãonecessariamente pelo Tribunal ou órgão especial, basta ser uma turma, câmara,seção, etc.

- o critério da regionalidade24 no julgamento dos prefeitos traz a regra de que nãose leva em conta o lugar da infração, mas sim o lugar da regionalidade onde eleestá vinculado (regionalidade do local onde ele é prefeito);

- prefeito não é dotado de irresponsabilidade relativa: ele pode ser preso, elepode ser processado no exercício do mandato. O Tribunal, para se manifestar

acerca do recebimento da denúncia, não precisa da autorização do legislativomunicipal (Câmara de Vereadores);

PERGUNTA: A autoridade que responde por crime de responsabilidade (lei 1.079/50 oudecreto-lei 201/67) pode também ser acionada por improbidade administrativa (lei8.429/92)?

RESPOSTA:  Em 13/06/07, na reclamação 2.138, o STF disse que a autoridade queresponde por crime de responsabilidade não está sujeito à improbidade administrativa(vale lembrar que era a composição antiga do STF). Recentemente, o TRF da 4ª Região,no caso da Governadora Ieda, aplicou o entendimento do STF na reclamação. Na

24Expressão criada por Eugênio Pacceli que busca afastar o critério do lugar da infração previsto no artigo 69, I,

do CPP

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reclamação, o voto do Ministro Joaquim Barbosa afirma-se que a autoridade queresponde por crime de responsabilidade pode responde por improbidade administrativasim, mas o juiz na ação de improbidade não poderá aplicar a pena da perda do cargo, jáque esta somente pode se dar em caso de crime de responsabilidade. O voto doMinistro Joaquim Barbosa parece o mais coerente e deve ser o que vai prevalecer com anova composição do STF. As sanções aplicáveis seria: proibição de negociar com a

administração pública + multa civil + outras medidas.

FUNÇÃO JURISDICIONAL

- Atribuições:

- em 1.748 Montesquieu dizia que o juiz “é a boca da lei”25. Diante disso, surge a idéia de

neutralidade do juiz. Porém, ninguém é neutro, mesmo que seja imparcial. Neutralidade éatributo de coisa;

- nesse contexto histórico, cabia ao judiciário aplicar a lei no caso concreto, substituindo a

vontade das partes, resolvendo o conflito de interesse com a força definitiva;- atualmente, deve-se fazer a interpretação/compreensão constitucionalmente adequada dadivisão orgânica de Montesquieu, cabendo ao judiciário26: defesa, concretização dos direitosfundamentais (judicialização de políticas públicas; ativismo judicial); defesa da força normativada Constituição (a Constituição é uma norma jurídica super-imperativa, ou seja, comimperatividade reforçada, ela manda  – o judiciário fazendo o controle de constitucionalidadedefende a força normativa da Constituição); faz o seu auto-governo (é o chamado auto-governo dos tribunais  – elegendo seus órgãos diretivos, criando seu regimento interno, etc.);resolve o conflito entre os demais poderes (alguns chegam a fazer uma correlação entre opoder judiciário e o próprio poder moderador); legislação judicial (sentença aditiva; súmulavinculante; nova posição do STF acerca do mandado de injunção; as regras sobre a

demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol  – é a criatividade dos juízes, tribunais edas cortes constitucionais, editando normas de caráter geral, em regra, na jurisdiçãoconstitucional);

- Organização do Poder Judiciário Nacional:

- o poder judiciário dos Estados Unidos é bem simples, em razão da cultura jurídica dosamericanos: são pragmáticos, anglo-saxônicos, eles não buscam justiça, mas sim aestabilização das relações sociais. Nos Estados Unidos, o promotor é chamado de “juiz na

porta do Tribunal”, uma vez que ele tem ampla discricionariedade de transacionar:

- No Brasil, basicamente, a organização segue o esquema abaixo:

- STF -- Conselho Nacional de Justiça (CNJ)27 -

- Tribunais Superiores (STJ + TSE + STM + TST) -

Divisão da Justiça Comum:

Justiça Comum Federal Justiça Comum Estadual

TRF TJ

Juízes Federais Juízes de Direito

25 Frase essa encontrada no famoso livro “O Espírito das Leis”. 26

Essas palavras são de Gilmar Ferreira Mendes, para atribuir ao poder judiciário moderno outras funções.27 Criado pela EC-45/04.

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Divisão da Justiça Especializada:

Eleitoral:

TSE TERJunta EleitoralJuízes Eleitorais

Militar:

STM Tribunal Militar28  Auditoria Militares

Trabalhista:

TST TRT Juízes do Trabalho

- nós adotamos a cultura jurídica romano-germânica, buscando justiça.

- Supremo Tribunal Federal:

- o STF é formado por onze ministros: esse número é uma cláusula pétrea;

- requisitos para ser Ministro do STF:

* ser brasileiro nato (art. 12, §3º)29

;* idade mínima de 35 anos (aos 35 anos o cidadão atinge a capacidade políticaabsoluta);

* idade máxima de 65 anos (em razão da aposentadoria compulsória de 70 anos, daí necessita-se que ele desenvolva suas atividades por pelo menos 5 anos  – para sermembro do CNJ a idade máxima é de 66 anos);

* notável conhecimento jurídico: é sabido de todos que ele é um grande cultor deciência jurídica, portanto, conhecimento que dispensa prova, a sociedade já sabe queele é profundo conhecedor das ciências jurídicas. Hoje entende-se que deve ser nomínimo bacharel em direito, não se vislumbrando que possa alguém que não tenhacurso de Direito ter notável conhecimento jurídico;

* reputação ilibada, reputação idônea: é uma vida passada sem qualquer mancha, semqualquer nódoa. Uma vida passado que não o desabone.;

O presidente escolhe livremente um brasileiro que preencha esses requisitos, devendo osenado aprovar com maioria absoluta de votos. O Senado aprova em uma sabatina,

onde o senado vai descobrir posições importantes do futuro Ministro em relação aostemas mais polêmicos. Essa sabatina não se trata de prova, mas sim de colhimento de

opiniões gerais do Ministro. Essa sabatina, no Brasil, não é levada muito a sério, uma vezque é feita muito rápido.

Obs.: todos os requisitos estão no artigo 101 da lei fundamental. Fica claro que não

precisa ser juiz para ser Ministro do Supremo, bastando preencher os requisitos da lei.

- Superior Tribunal de Justiça:

- o STJ foi criado em 1.988 para ser um Tribunal Nacional;

- o objetivo do STJ é a uniformização das decisões da justiça comum estadual e da justiçacomum federal;

- o tribunal é composto por no mínimo 33 juízes, que recebem o nome de Ministros. Portanto,como é o mínimo, o número pode ser aumentado;

- requisitos para ser ministro do STJ (art. 104 da CRFB/88):

28 Apesar da previsão constitucional, ainda não foram criados.29

A razão é porque está na linha de sucessão do Presidente da República o Ministro do STF que for presidentedo STF (art. 80 da CRFB/88).

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* ser brasileiro (nato ou naturalizado);

* idade mínimia de 35 anos;

* idade máxima de 65 anos;

* notável conhecimento jurídico;

* reputação idônea, ilibada;

* a escolha dos Ministros do STJ está vinculada a categorias30

:- 1/3 dentre desembargadores dos TJ´s;

- 1/3 dentre os desembargadores dos TRF´s;

- 1/3 dentre os advogados e membros do Ministério Público31;

- Tribunais Regionais Federais:

- não existiam tribunais regionais federais até a Constituição de 1.988, que dividiu o territórionacional em 5 regiões, criando 5 Tribunais Regionais Federais. Até 1.988, o segundo grau de

 jurisdição da justiça federal era o extinto TFR;

- o número mínimo de desembargadores por tribunal federal é de 7;

- é possível a criação de outros tribunais;- disposição atual dos tribunais:

- TRF da 1ª Região: sede em Brasília + 14 Estados (todos da região norte, todos docentro-oeste exceto Mato Grosso do Sul, do sudeste somente Minas Gerais, do nordesteé Bahia, Maranhão e Piauí)

- TRF da 2ª Região: sede no Rio de Janeiro e abrange Espírito Santo;

- TRF da 3ª Região: sede em São Paulo, abrange o Mato Grosso do Sul;

- TRF da 4ª Região: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná;

- TRF da 5ª Região: sede em Pernambuco, abrange todos os nordeste, menos Bahia,Maranhão e Piauí;

- 1º Grau de Jurisdição da Justiça Federal: Juízes federais. A lei 5.010/66 criou a justiça federalde primeiro grau de jurisdição. Não existe comarca na justiça federal, sendo que a divisão da

 justiça federal recebe o nome de seção judiciária federal. Cada estado é uma seção judiciáriafederal. A seção judiciária federal pode ser dividida em sub-seção judiciária federal. Hoje nóstemos aproximadamente 1.600 juízes federais

- requisitos para ser desembargador:

*a idade mínima é de 30 anos;

- Justiça Comum Estadual:

- segundo grau de jurisdição da justiça estadual são os Tribunais de Justiça, sendo que

atualmente temos 27, um por Estado da Federação;- o número mínimo de desembargadores é de 7. Esse número aumenta, dependendo donúmero da população (para se ter uma idéia, atualmente, São Paulo tem 360desembargadores);

- a idade mínima para sem desembargador é de 30 anos;

- a justiça estadual de primeiro grau é composta por juízes de direito e é dividida em comarcas(divisão da justiça comum estadual). A comarca pode abranger um ou mais Municípios;

30 Quando o que morrer ou deixar de ser Ministro, o quem vem a substituir vai ser do mesmo órgão dosubstituído. Se for advogado ou membro do MP, são remetidos por parte das instituições 6 nomes demembros, o STJ reduz essa lista para 3: dentre essa lista de três, o presidente escolhe. Em se tratando de

membros dos TRF, há a informação por parte do STJ de vaga aberta, assim há uma candidatura por parte dosmembros do TRF para tal cargo, o STJ pega essa lista e reduz para 3 e o Presidente escolhe dentre esses três.31 Os membros do Ministério Público podem ser membros do MPF ou do MPE.

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- Justiça Especializada Eleitoral:

- não existe no Brasil um quadro próprio de juízes eleitorais. A justiça eleitoral empresta juízesda justiça estadual e da justiça federal;

- todos aqueles que exercem cargo na justiça eleitoral exercem mandato de dois anos,permitindo-se uma única recondução por mais dois anos;

- a justiça eleitoral é uma justiça federal especializada;

- Tribunal Superior Eleitoral:

- é composto por 7 juízes que recebe o nome de Ministros. Desses 7:

*3 são oriundos do STF32;

*2 são oriundos do STJ33;

*2 são oriundos da OAB34;

- OBSERVAÇÕES:

- recebem em torno de R$ 4.000,00 por mês somente por exercer essafunção. No caso de advogado, pode-se continuar com o escritório, apenassendo vedado que você advogue na área eleitoral.

- somente pode ser presidente do TSE um dos Ministros do STF;- um dos dois Ministros do STJ será o corregedor geral eleitoral;

- o TSE faz no mínimo duas sessões por semana;

- Tribunal Regional Eleitoral:

- há um por Estado da federação, portanto, são 27;

- é composto por 7 membros, compostos por:

* dois desembargadores do TJ escolhidos pelos próprios pares;

* dois juízes de Direito de entrância mais elevada escolhido pelo TJ;

* dois advogados escolhidos pelo Presidente da República de uma lista fornecidapelo TJ;

* um representante da justiça federal (que pode ser juiz federal oudesembargador federal  – será juiz federal quando o Estado não for sede de TRF,mas quando o Estado for sede de TRF, será desembargador Federal35);

- surge um absurdo nesse caso: o TRE faz parte de justiça especializadafederal que é comandada por desembargadores da justiça estadual;

- só pode ser Presidente do TRE um dos dois desembargadores estaduais;

- o mandado é de dois anos permitindo-se uma única recondução pelomesmo prazo;

- eles recebem em torno de R$ 3.900,00 por mês. No período microeleitoral, são no mínimo 8 sessões por mês. Nos períodos macro-eleitorais,próximos às eleições, deve-se ter no mínimo 16 sessões por mês;

- Juiz Eleitoral:

- apesar de ser uma justiça federal especializada, quem exerce a jurisdição em primeirograu são os juízes de Direito, que em razão do princípio da delegação, exercem aadjucatura eleitoral;

- o princípio da delegação importa inclusive em modificação de competência estadualpara federal (civil e penal). Assim, ofender um mesário (funcionário público federalequiparado) pode caracterizar crime de competência da justiça federal

32 Esses três são escolhido pelos seus pares, através de votação.33 Através de uma eleição entre os 33 Ministros do STJ.34

O STF faz uma lista e remete ao Presidente da República que escolhe os dois advogados.35 São Estados sede dos TRF´s: Distrito Federal + Rio de Janeiro + São Paulo + Rio Grande do Sul + Pernambuco.

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- a justiça eleitoral em primeiro grau de jurisdição é dividida em zona eleitoral (em cadazona há um juiz eleitoral);

- mais de um município do estar contido em uma zona eleitoral;

- Junta Eleitoral:

- a Constituição faz referência à junta eleitoral, mas não traz sua competência nem suacomposição;

- o Código Eleitoral regula a matéria, dizendo que a junta eleitoral será composta pordois ou quatro cidadãos e ela será presidida pelo próprio juiz eleitoral;

- a junta eleitoral exerce atribuições administrativas, não atribuições jurisdicionais;

- Justiça Especializada Militar:

- Justiça Militar da União:

- STM (Superior Tribunal Militar) -

 Î 

- Tribunais Militares -

 Î - Auditorias Militares -

- a justiça militar julga apenas crimes militares, conforme o decreto lei 1.001/69 (CódigoPenal Militar)  – nota-se que a competência é puramente criminal, não havendocompetência civil. Essa justiça militar julga crimes militares praticados por membros dasforças armadas ou por civis;

- STM -> tem sede em Brasília (DF) e tem jurisdição em todo o território nacional. Essetribunal é composto por 15 juízes, que recebem a denominação de “ministros”. Desses15 ministros, 10 são militares e 5 são civis. Esses 10 militares, todos são da patente maiselevada (Oficiais-Generais), sendo 4 oficiais-generais do Exército, 3 oficiais-generais daAeronáutica e 3 oficiais-generais da Marinha, todos escolhidos pelo presidente e o nome

deve obrigatoriamente ser aprovado pelo senado por maioria absoluta de votos. Dos 5civis, 3 são advogados, escolhidos pelo presidente, um deve ser juiz auditor militar, e umdeve ser membro do MPM (todos os cargos são vitalícios, ou seja, os 15 cargos sãovitalícios).

- Brasileiro naturalizado pode ser Ministro do STM? Sim, desde que dentre os 5civis, uma vez que para ser militares devem ser brasileiro nato (art. 12, §3º daCRFB/88);

- Tribunais Militares -> podem ser criados, mas ainda não o foram;

- Auditorias Militares -> o território nacional foi dividido em 12 auditorias militares, quesão escolhidos por concurso. A auditoria funciona de duas maneiras: Conselho

Permanente e Conselho Especial. Os conselhos são compostos pelo próprio juiz militar epelos oficiais militares. O Conselho Permanente julga praças das forças armadas, ou seja,não-oficiais, enquanto o Conselho Especial julga oficiais das forças armadas;

- Justiça Militar Estadual:

- é a única justiça especializada que pode ser criada pelo estado-membro;

- a competência da iniciativa para criar a justiça militar no estado-membro está previstano artigo 125, §3º da CRFB, sendo a competência de iniciativa do Tribunal de Justiça (ainiciativa é privativa/reservada/exclusiva do Tribunal de Justiça do Estado);

- Tribunal de Justiça -

 Î 

- Conselho de Justiça -

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- nos estados cujo efetivo da polícia militar supera 20.000 membros, é possível a criaçãodo Tribunal de Justiça Militar (atualmente há TJM em São Paulo, Minas Gerais, RioGrande do Sul;

- a EC 45/04 trouxe algumas inovações para a Justiça Militar Estadual:

I  – passou a ter competência cível, podendo julgar as ações decorrentes de atosdisciplinares militares;

II – o conselho justiça militar julga de duas maneiras: monocraticamente (só o juizde Direito); Conselho de Justiça (de forma colegiada, composto pelo próprio juizde Direito + oficiais militares). Quanto ao juiz de Direito, em regra, é qualquer juizdesignado pelo Tribunal de Justiça Estadual. Nos locais onde há o TJM (MG, SP,RS) o juiz é um juiz próprio da justiça militar;

III – a Justiça Militar Estadual nunca julga civis (nesse sentido, a súmula 53 do STJ – “Compete a justiça estadual processar a julgar civil acusado de prática de crime

contra instituições militares estaduais.”)

IV – a Justiça Militar Estadual nunca julga crime doloso contra a vida praticado pormilitar contra civil;

V  – a Justiça Militar Estadual não julga o crime de tortura praticado por militarcontra civil (lei 9.455/97);

VI  – o julgamento será feito pelo juiz de Direito singularmente se o crime militarfor praticado contra civil, exceto o caso de crime doloso contra a vida;

VII – o julgamento será feito pelo Conselho de Justiça todos os crimes praticadospor militares cujas vítimas também sejam policiais militares;

- Justiça do Trabalho:

- TST -

- TRT -

- Varas Especializadas -- TST -> tem sede em Brasília com jurisdição em todo o território nacional. Não existe mais

 juízes classistas no Brasil (eles foram extintos). O TST atualmente tem 27 Ministros, todostogados e vitalícios: desses 27, 1/5 são membros do MPT e Advogados (3 Membros doMinistério Público do Trabalho + 3 Advogados)  – o artigo 94 da CRFB/88 traz o quintoConstitucional , que tem como a razão a necessário oxigenação profissional, trazendo para osTribunais outros profissionais quem possuem história de vida diferente36; os 21 restantes são

 juízes de carreira promovidos dos TRT´s, todos escolhidos pelo Presidente, devendo ter onome aprovado pelo Senado por maioria de votos;

- TRT -> atualmente no Brasil, há 24 TRT´s. O número mínimo de juízes no TRT é de 7 juízes(juízes do Trabalho ou desembargadores do Trabalho). Sendo 7, para respeitar o quinto

constitucional, 1 deve ser advogado e 1 deve ser membro do MPT37.

- CNJ:

- foi criado pela EC 45/04;

- o CNJ não exerce jurisdição, ele foi criado em 2.005 como órgão administrativo;

- a previsão legal está no artigo 92 da CRFB/88, §1º. O §2º revela os órgãos que exerce jurisdição, e nesse rol, não se encontra o CNJ;

36  Quando o “quinto Constitucional” não der um número inteiro, você deve elevar para o primeiro númerointeiro Superior (essa é a orientação do STF).37 Os advogados e membros do MPT que atuam perante o TRT não podem ser promovidos para o TST, uma vezque estes não são juízes de carreira. A PEC 358/05 busca acabar com a graça dos advogados e dos promotoresno STJ, adotando a mesma regra que já foi acolhida em relação ao TST.

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- são atribuições do CNJ:

a) atribuição administrativa e financeira -> ele faz o controle administrativo e financeirodo poder judiciário;

b) fiscaliza o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes;

c) o CNJ não pode se usurpar da função do magistrado, uma vez que não trata-se deuma instância revisional;

- PERGUNTA: seria um CNJ um órgão de controle externo ao poder judiciário? RESPOSTA: Não,por dois motivos: dois 15 membros do CNJ, 9 são magistrados de carreira, dessa feita, amaioria dos 15 (portanto, os 9), são membros do poder judiciário; o CNJ não pode se imiscuirna atribuição finalística (típica/precípua) do magistrado, que é julgar.

- Garantias do Poder Judiciário:

- como órgão que exerce soberania dentro do Estado, ele é dotado de garantias. Tais garantiastêm por finalidade a manutenção de sua independência no exercício de sua função típica:

GARANTIAS INSTITUCIONAIS GARANTIAS DE ÓRGÃO/FUNCIONAIS

- se referem ao poder judiciário como umtodo;

- tais garantias se referem ao órgão, aomagistrado;

- têm como objetivo evitar que a instituição“Poder Judiciário” possa ser diminuída,

desrespeitada pelo legislativo ou executivo;

- busca assegurar ao magistradoindependência, liberdade, no momento dedecidir;

1) Garantias Institucionais:

1.1) Garantia de Autonomia Orgânica e Administrativa;

- prevista no artigo 96, I da CRFB/88 e possui três características:

*autogoverno dos tribunais -> os tribunais podem eleger seus órgãosdiretivos, sem a participação de qualquer poder;

*elaboração de regimentos internos -> os tribunais elaboram seusregimentos internos, sendo uma função atípica;

*organização da estrutura funcional interna -> os tribunais promovem aorganização de sua estrutura funcional interna;

1.2) Garantia de Autonomia Financeira;

- prevista no artigo 99 da CRFB/88. Sem autonomia financeira não háindependência propriamente dita, por isso a Constituição concede autonomiafinanceira ao judiciário, evitando que o judiciário fique condicionado às benessesdo executivo;

- o artigo 168 da CRFB/88 diz que os recursos acima elencados, referindo-se ao

duodécimo, que é repassado do executivo aos demais. A título por exemplo, se ogovernador não respeitar o artigo 168, é caso de intervenção federal;

- o artigo 98,§2º da CRFB/88 (incluído pela EC/45) diz que as custas eemolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio do próprio poder

 judiciário;

2) Garantias de Órgão/Funcionais:

2.1) Garantia de Independência:

- são os predicativos da magistratura, que se dividem em três (art. 95, I, II, III):

a)  vitaliciedade -> alguns servidores públicos, da carreira de agentespolíticos, são dotados de vitaliciedade (Magistratura, MP e Tribunal de

Contas). A vitaliciedade do magistrado em primeiro grau de jurisdição éalcançada após dos anos de exercício. Membros do STF são dotados de

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vitaliciedade no momento da posse. Deve ficar clara a diferença entravitaliciedade e estabilidade:

- vitaliciedade: predicativo de agentes políticos + é alcançada apósdois anos + só pode haver perda do cargo em razão de sentença

 judicial transitada em julgado;

- estabilidade: ocorre no caso de servidores públicos em sentidorestrito + é alcançada após três anos + pode perder o cargo noâmbito administrativo;

b) inamovibilidade -> o magistrado não pode ser removido a não ser queconcorde com a remoção. A remoção do magistrado, como regra, não édiscricionária, não podendo ser feita por oportunidade e conveniência daadministração. O magistrado somente pode então, ser removido comoregra, em razão de sua concordância. Porém, há uma exceção, prevista noartigo 93, VIII, que refere-se à remoção por interesse público, com voto demaioria absoluta do respectivo Tribunal ou CNJ (depois da EC/45 o que eramaioria relativa passou a ser maioria absoluta)

c) irredutibilidade de subsídios -> previsto no artigo 95, III da CRFB/88. Seriaessa irredutibilidade real ou jurídica? A irredutibilidade é jurídica, e nãoreal, uma vez que o subsídio do magistrado não é indexado com a inflaçãodo período anterior  – portanto, a irredutibilidade não deve garantir amanutenção do poder de compra;

2.2) Garantia de Imparcialidade;

- tais garantias encontram-se no parágrafo único do artigo 95 da CRFB/88 e tempor objetivo a capacidade subjetiva do magistrado. O artigo 5º, LIII fala do devidoprocesso legal no sentido do juiz ser imparcial, ou seja, na ausência deenvolvimento psicológico do julgador com a demanda;

- a garantia refere-se a imparcialidade, não à neutralidade. Em 1.748

Montesquieu, ao escrever “O Espírito das Leis” o juiz deveria ser neutro  – esse éum preconceito Francês, uma vez que o juiz fazia parte do segundo Estado nomomento Pré-Revolução Francesa;

- o juiz não pode exercer outro ou função pública, pois violaria a imparcialidadedo juiz: porém, há uma exceção, que é exercer uma função de magistério, umavez que a educação é um instrumento de transformação social;

- o CJN regrou esse cargo de magistério para no máximo 20 horas semanais;

- a Constituição veda a atividade política pelo magistrado, assim ele não podenem se filiar a partido nem ser candidato: caso o juiz queira ser candidato, eledeve se exonerar do cargo (não é afastamento, é exoneração), até 6 meses antesdas eleições (conforme a LC 64/90);

- a quarentena ou janela de 3 anos impede que o juiz aposentado exerça a funçãode advocacia no Tribunal ou juízo onde ele atuou como juiz;

- Órgão Especial:

- nos tribunais com mais de 25 membros a Constituição determina a possibilidade de criaçãodos órgãos especiais  – a título de exemplo no STJ, como há mais de 25 membros, existe essemembro;

- o órgão especial terá no mínimo 11 membros e no máximo 25 membros;

- as atribuições do órgão especial são de ordem administrativa e jurisdicionais (existe umadelegação de competência do órgão especial);

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- até a EC/45, o órgão especial era composto pelos membros mais antigos do Tribunal, e após aEC/45 houve uma democratização do órgão especial: metade é composta pelos mais antigos ea outra metade é escolhida via eleição;

- seria o artigo 93, XI, uma norma constitucional de eficácia plena ou de eficácia limitada? OSTF entendeu que não há necessidade de regulamentação futura, sendo portanto, auto-aplicável;

COMPETÊNCIA CRIMINAL NA CONSTITUIÇÃO

- Elementos Constitutivos ou Estruturais do Estado:

- Soberania;

- Poder;

- Território;

- Povo;

- todo juiz exerce parcela da soberania do Estado (violência legítima  – conforme Max Weber),assim, em regra, a sua jurisdição somente pode ser aplicada dentro do território nacional. Daí,quando se fala em jurisdição, fala-se em poder, em soberania, em território. Território é ocomponente espacial do Estado. Território é a parcela de terra onde o estado exerce sua

 jurisdição, soberania;

- todos os juízes do Brasil exercem jurisdição (juízes em sentido amplo);

- seria humanamente impossível e funcionalmente não aconselhável que todos os juízesexercessem a sua jurisdição sobre todos os casos, e em razão disso, a Constituição nos dá anotícia sobre competência;

- competência: é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído pela Constituição aomagistrado;

- juiz competente deve ser um juiz justo, daí os princípios do juiz natural (art. 5º, LIII), o

princípio que veda a existência de tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII);- a nossa Constituição nos revela um sistema constitucional de competência, que será dividoem fases (etapas):

- competência internacional -

- competência originária dos tribunais -

- competência das justiças especializadas ou especiais -

- competência da justiça federal -

- competência da justiça estadual (residual)  – 

- Competência Internacional:

- em regra a jurisdição somente pode ser aplicada dentro do território nacional, porém, existeexceções, que devem ser estudadas. Deve-se lembra que a regra, portanto, é o princípio daterritorialidade (art. 1º do CPP);

- exceções:

- o artigo 7º do CP trata da extraterritorialidade;

- a lei de tortura (9.455/97), no seu artigo 2º, manda aplicar a lei nacional a fatosocorridos fora do nosso território;

- a lei de lavagem de capitais (9.613/99) diz que o crime antecedente que é elementardo delito de lavagem pode ter ocorrido fora do Brasil  – ou seja, aplica-se a lei delavagem de capitais mesmo que o crime antecedente tenha ocorrido no exteior;

- território em sentido restrito: é compreendido pelo solo, subsolo, espaço aéreo nacional, marterritorial, plataforma continental (lei 8.617/93) e a passagem inocente;

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- território por extensão/ficto: representação diplomática não é território por extensão. Estácontido dentro do território por extensão o artigo 5º do CP: embarcação pública nacional ondequer que esteja + embarcação particular nacional no mar territorial nacional e em águasinternacionais38 + aeronave pública nacional onde quer que esteja + aeronave particularbrasileira no espaço aéreo nacional ou no espaço aéreo internacional;

- mar territorial e passagem inocente: a lei 8.617/93 dispõe sobre o mar territorial, onde diz

que mede 12 milhas marítimas, onde cada milha mede 1.852 metros - é conhecido como águasnacionais ou território marítimo. A partir do mar territorial soma-se 12 milhas e tem-se a zonacontígua. A partir do mar territorial conta-se mais 188 milhas e têm-se a zona econômicaexclusiva. O artigo 3º da lei 8.617 prevê a passagem inocente sobre o mar territorial, desdeque tenha por destino outro Estado, onde há exclusão da competência jurisdicional nacional;

- Competência Originária dos Tribunais39:

- a CRFB/88 entende que algumas autoridades em razão da dignidade do cargo deve ser julgadas originariamente por tribunais. São das as razões:

- os tribunais estariam fisicamente longe das disputas políticas locais (dos fatos), assimas suas decisões serão mais imparciais (Montesquieu);

- os membros dos tribunais, em razão da própria experiência acumulada com o tempo,seriam tecnicamente melhores do que os juízes de primeira instância;

- Guilherme de Souza Nucci diz que ofende o princípio republicano e por consequência oprincípio da igualdade, que é objetivo do Estado que se diz democrático de Direito.Ademais, ofende também o princípio da razoabilidade;

- foro por prerrogativa de função é sinônimo de impunidade no Brasil. O STF nunca julgou umaautoridade dotada de foro por prerrogativa de função (ler sobre isso depois para se informarmelhor);

- a autoridade dotada de foro por prerrogativa de função não responde a inquérito policial,responde sim por inquérito judicial, que será presidido por um Ministro do Tribunalencarregado de julgar a autoridade;

- o STF diz que um ministro coordenará e supervisionará a investigação;

- para Luiz Flávio Gomes, a coordenação/supervisão ofende o sistema processual penalacusatório previsto no artigo 129, I, como também o Pacto de San José da Costa Rica quedefende a separação de quem defende e de quem acusa;

- a autoridade policial só pode indiciar a autoridade com foro por prerrogativa de função com aautorização do Ministro relator. No Brasil houve dois casos em que o indiciamento deautoridade com prerrogativa de função se deu sem autorização da autoridade condutora doprocesso: Aloísio Mercadante e Magno Malta. As autoridades dotadas de foro por prerrogativa

de função tem mitigado o princípio do duplo grau de jurisdição, não podendo tais autoridadesse valer de Recursos Ordinários, mas somente de Recursos Extraordinários (RE para o STF eREsp. para o STJ);

- a autoridade dotada de foro originários nos Tribunais não pode renunciá-lo, uma vez que nãoé um privilégio, e sim uma prerrogativa (a prerrogativa é dada em razão do cargo, enquanto oprivilégio é dado em razão da pessoa). A autoridade dotada de foro por prerrogativa de funçãotem o direito constitucional à lei 8.038/90 (que estabelece o julgamento nos Tribunais). Esta lei

38 Ou seja, em alto mar.39 A Constituição exige que o julgamento seja feito por um colegiado, não necessariamente pelo tribunal pleno,podendo ser por um órgão fracionado (turma, câmara, seção). A tão-só menção/citação/referência ao nome da

autoridade dotada de foro por prerrogativa não é o bastante para modificar a competência  – no dia 04 dedezembro de 2.009 o Ministro Eros Grau ordenou que os autos fossem enviados ao STF em razão da mençãodo nome de um senador nas investigações

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prevê o julgamento antecipado da lide penal uma vez que, o magistrado adentra no mérito nomomento do recebimento da denúncia (a lei prevê também a defesa preliminar);

- o art. 102, “I”, “b” da CRFB fala em infração penal comum, prevendo as autoridades queserão julgadas originariamente pelo STF. Infração penal comum é gênero que contém asseguintes práticas: crime comum em sentido restrito + crime eleitoral + crime militar + crimedoloso contra a vida + contravenção penal. O Poder Constituinte optou por todas as

autoridades do primeiro escalão do executivo, legislativo e judiciário se submeterem ao julgamento pelo STF:

- legislativo: senadores + deputados federais40 + Ministros do TCU*; 

- fases processo eleitoral: registro da candidatura -> votação -> apuração -> divulgação dos resultados -> diplomação;

- o TCU é um órgão que auxilia o legislativo, portanto, Ministros do TCU tambémsão julgados originariamente pelo STF;

- executivo: Presidente e vice-presidente da República + Ministros de Estado* +Presidente do Banco Central + Advogado Geral da União + Comandantes Militares

(Exército, Marinha e Aeronáutica) + membro de representação diplomáticapermanente;

- Ministros de Estado: a lei 10.683/03 define Ministros de Estado em seu artigo25. No artigo 38 da lei há algumas autoridades que são equiparadas a Ministros deEstado apenas para fins protocolares, não para fins de competência criminal noSTF – o STF, no informativo 374 que, as autoridades elencadas no artigo 38 dessalei não são dotadas de foro por prerrogativa de função no STF;

- judiciário: os próprios Ministros do STF + Ministros dos Tribunais Superiores (STJ, TST,STM, TSE);

- PGR: o PGR é o único membro do Ministério Público no Brasil julgado originariamenteno STF, aliás o PGR tem status de Ministro do STF;

- O STJ é um Tribunal Nacional (criado em 1.988), com o fim de unificar as jurisprudências da justiça comum estadual e da justiça comum federal. Julgamentos realizados pelo STJ seguem aregra da origem das autoridades (esse é o critério). Conforme o artigo 105, “I” , “a” da CRFB/88compete ao STJ julgar os crimes comuns, sendo esta uma expressão de gênero que contém:crime comum em sentido restrito + crime eleitoral + crime militar + crime doloso contra a vida+ contravenção penal. O STJ julga originariamente autoridades federais e autoridadesestaduais:

- autoridades federais:- juízes dos Tribunais Regionais Federais (5) + juízes dos Tribunais RegionaisEleitorais (27) + juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho (24) + membros doMPU que oficiem perante tribunais;

- o MPDFT faz parte do MPU, assim, os membros do MPDFT que oficiemperante Tribunais são julgados pelo STJ – ex.: o Procurador Geral de Justiçado MPDFT é julgado pelo STJ, assim como todos os Procuradores de Justiçado MPDFT;

40 O suplente do deputado federal ou senador é dotado de foro por prerrogativa de função? Não, ele não é

dotado de foro por prerrogativa de função, a não ser que ele deixe de ser suplente e assuma definitivamente ocargo de deputado federal ou de senador. O foro por prerrogativa de função do deputo federal e do senador sedá a partir da diplomação (ler sobre o caso José Genuíno).

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- autoridades estaduais:

- governador + desembargadores dos Tribunais de Justiça + conselheiros dosTribunais de Contas;

- o vice-governador é julgado originariamente pelo TJ, a depender daConstituição Estadual. Mas deve ficar claro que o vice-governador não é

 julgado pelo STJ. Para quem um vice-governador seja julgado pelo STJ, eledeve suceder o governador, não bastando mera substituição;

- membro do Ministério Público Estadual não é julgado originariamentepelo STJ;

- autoridade Municipal:

- membros dos Tribunais ou Cortes de Contas Municipais (aonde existir,logicamente).

- o artigo 31, §1º faz referência aos Tribunais de Contas Municipais;

- observação:

- o TSE não julga originariamente a prática de crime eleitoral por parte dogovernador, uma vez que esse tribunal não tem competência originária para

 julgar ação penal condenatória, tendo competência originária para julgar apenashabeas corpus;

- agora trataremos da competência dos Tribunais Regionais Federais e dos Tribunais de Justiça.Nesses dois tribunais, o critério da regionalidade afasta o critério do lugar da infração: issosignifica dizer que o critério do lugar da infração previsto no artigo 69, “I” do CPP fica afastadopara dar lugar ao critério da regionalidade.

- Tribunal Regional Federal (TRF):- juízes federais + juízes do trabalho + juiz auditor militar + membros do MPUque oficiem em primeiro grau de jurisdição:

- em todos os crimes e nas contravenções penais, menos nos crimeseleitorais (no caso de crimes eleitorais, essas autoridades são julgadasoriginariamente no TRE);

- a justiça federal não julga contravenções penais, mas essas autoridadessão julgadas pelo TRF originariamente pela prática de contravenção penaluma vez que nesse caso a competência é fixada em razão da pessoa, e nãoem razão da matéria;

- o promotor de justiça do MPDFT é julgado por quem? É julgado pelo TRFda 1ª Região, uma vez que o MPDFT faz parte do MPU e ele oficia emprimeiro grau de jurisdição;

- no regimento interno do TJDFT está fixado que o Tribunal de Justiça julgaPromotor de Justiça, no entanto, essa previsão não é constitucional,conforme decisão já proferida pelo STJ;

- deputados estaduais e prefeitos pela prática de crimes federais:

- e as autoridades estaduais, como secretário de Estado, que, de acordocom a Constituição Estadual são julgadas originariamente pelo TJ?Secretário de Estado guarda relação simétrica com o Ministro de Estado,portanto, devendo ser julgado pelo TRF (nesse sentido: STF);

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- Tribunal de Justiça (TJ):

- juiz de direito e promotores de justiça pela pratica de todos os crimes, menosos eleitorais;

- o julgamento se dará pelo TJ pela prática de todo os crimes, menos crimeseleitorais;

- juiz de direito que comete crime federal continua sendo julgado peloTribunal de Justiça (o mesmo valendo para o promotor de justiça);

- prefeitos e deputados estaduais pela prática de crimes estaduais;

- aplica-se a súmula 702 do STF;

- caso seja praticado crime eleitoral, compete ao TRE, e caso o crime sejafederal, compete ao TRF;

- outras autoridades elencadas na Constituição Estadual;

- o artigo 125, §1º da CRFB/88 permite que a Constituição Estadual ofertecompetência para os Tribunais de Justiça;

- em regra, as constituições referem aos seguintes cargos: vice-governador,secretário de estado, procurador geral do estado, procurador do estado. Asconstituições do estado do Piauí e do Rio de Janeiro também elencam osvereadores, disposição tida como constitucional pelo STF;

- na Constituição Estadual de Goiás o procurador de estado, o defensorpúblico e o delegado de polícia gozam de foro por prerrogativa de função.O STF, porém, na ADI 2.857 entendeu ser inconstitucional no que tange aoforo de prerrogativa de função para os delegados de polícia (eles não temsimetria com nenhuma outra autoridade prevista na Constituição);

- súmula 721 do STF: a competência do Tribunal do Júri nos crimes dolososcontra a vida prevalecem em relação ao foro por prerrogativa de funçãoestabelecido unicamente na Constituição Estadual. Essa súmula deve ser

interpretada no sentido de que a competência do Tribunal do Júri somenteé afastada se a competência por foro de prerrogativa de função estiverprevista na Constituição Federal;

- Competência das Justiças Especializadas:

- Justiça Especial do Trabalho:

- a justiça do trabalho não possui competência criminal (regra). No entanto, a partir daEC 45/04, em razão da alteração do artigo 114, IV, alguns juízes do trabalho passaram aentender que a emenda teria lhes concedido competência criminal;

- o STF, no julgamento da ADI 3.684 (manejada pelo PGR) o STF deu uma interpretaçãoconforme a Constituição para o artigo 114, IV, no sentido de que a Justiça do Trabalhonão possui competência criminal (mesmo com a redação dada pela EC 45/04);

- o habeas corpus é uma ação penal de natureza constitucional de rito especial esumaríssimo. Portanto, o habeas corpus não é ação penal de natureza condenatória;

- Justiça Especial Eleitoral:

- julga os crimes eleitorais previstos no Código Eleitoral;

- crimes eleitorais são aqueles praticados durante o processo eleitoral. Se dois crimesforem praticados, um crime eleitoral e um crime comum, serão julgados pela justiçaeleitoral (o foro atrativo da justiça eleitoral prevalece em caso de crimes conexos,ressalvado o caso em que o crime comum seja doloso contra a vida, ocasião na qual

separa-se o julgamento);- falsificação de título de eleitoral não é crime eleitoral, mas sim, crime federal;

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- o TSE não possui competência originária para ações penais condenatórias;

- o TER julga originariamente, pela prática de crimes eleitorais, as autoridades quepossuem foro pro prerrogativa de função no TJ ou no TRF;

- Justiça Especial Militar:

- essa justiça é composta pelo STM e pelas auditorias militares: os Tribunais Militaresainda não foram criados;

- a competência criminal da justiça militar da união não está na Constituição Federal,mas sim na lei 8.457/02. O decreto-lei 1.001/69 é o Código Penal Militar, que traz adivisão de competência;

- o STM julga os oficiais generais originariamente, menos os comandantes das forçasarmada, que são julgados pelo STF;

- a auditoria militar é composta por conselho permanente e conselho especial. Oconselho permanente julga não-oficiais das forças armadas, já o conselho especial julgaoficiais das forças armadas;

- Competência criminal da justiça federal:

- até 1.966 só existia justiça federal em segunda instância (TFR). Os juízes federais foramcriados pela lei 5.010/66;

- atualmente, a primeira instância é composta por juízes federais e a segunda instância écomposta pelo Tribunal Regional Federal;

- a justiça federal julga, de acordo com o artigo 109, IV da CRFB/88 os crimes praticados emdetrimento de serviços, bens e interesses da união;

- a competência criminal da justiça federal pode ser dividida em dois grandes grupos:

- competência criminal geral da justiça federal:

- competência criminal específica/especial da justiça federal41:

- a justiça federal não julga:

- a justiça federal não julga contravenção penal (a exceção é o caso de contravençãopenal praticada por quem tem forro por prerrogativa de função perante o TRF). A títulode exemplo, em caso de contravenção conexa com crime, há cisão de julgamentos;

- a justiça federal não julga atos infracionais, sendo a competência para julgar da justiçacomum estadual;

- a justiça federal não julga crimes militares;

- a justiça federal não julga crimes eleitorais;

- competência criminal geral da justiça federal:

- prevista no artigo 109, IV da CRFB/88;

- é de competência da justiça federal os crimes praticados em detrimento econômico oumoral das seguintes pessoas jurídicas: União + empresas públicas + autarquias ,atingindo os seus bens, serviços ou interesses42;

- União -> pessoa jurídica de direito público interno com capacidade política. O termoUnião refere-se ao legislativo, executivo e judiciário da União, sem prejuízo doMinistério Público da União;

- bens da União -> os bens da união estão previstos no artigo 20 da CRFB/88, que trazum rol meramente exemplificativo;

41A doutrina chama esse grupo de casuística constitucional.

42 É a trilogia da responsabilidade penal federal;

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- serviços da União -> são as atribuições legislativas e administrativas previstas nosartigos 21 e 22 da CRFB/88;

- interesses da União -> os interesses da União decorrem da concretização dacompetência da União;

- autarquia e empresa pública -> a definição de autarquia está prevista no decreto-lei200/67. Os bens, serviços e interesses das autarquias encontram-se relacionados na leide regência, ou seja, na lei criadora da autarquia ou da empresa pública;

- espécies de autarquia:

a) fundações públicas federais: exemplo típico seria a FUNAI e fundaçõesmantenedoras das Universidades Federais, também podendo citar a FundaçãoPalmares;

b) autarquia em sentido restrito: IBAMA, INCRA, INSS, Banco Central, CADE;

c) autarquia especial: agências reguladoras;

d) conselhos profissionais: OAB, Conselho Regional de Medicina  – para finspenais, fica claro que esses conselhos são autarquias federais;

- empresas públicas federais:

- Caixa Econômica Federal + INFRAERO + CONAB

- Obs.: Banco do Brasil, Petrobrás, são sociedades de economia mista, não sãoempresas públicas;

- agora vamos dividir a competência criminal geral da União:

- crimes ambientais:

- previstos na lei 9.605/98;

- se dividem em crimes ambientais em detrimento da fauna e em crimesambientais em detrimento da flora:

- crimes ambientais em detrimento da fauna:

a) fauna silvestre nacional: a espécie te um instante da sua vida natural noterritório nacional (ex.: lobo guará, jacaré de papo amarelo). Em regra, acompetência é da justiça estadual (a súmula 91 do STJ foi cancelada).Antigamente (desde 1.965), entendiam-se que os animais da fauna silvestreeram bens da União. A competência será da justiça federal se o animal dafauna silvestre for um bem da União, e ele o será quando se encontrar emunidades de conservação federal (exemplo claro é de quando ele encontrarem terras indígenas ou em parques nacionais). Animais da fauna silvestrenacional em extinção tem sua conservação como interesse da União,

portanto, caso seja praticado crimes contra eles, a competência é da justiçafederal. Crimes praticados em detrimento de animais que se encontrem nomar territorial nacional é de competência da justiça federal. Morcegos, porviverem em cavernas, atraem a competência para a União, uma vez que ascavernas são bens da união (fauna espeliológica);

b) animais exóticos: são aqueles não pertencentes a fauna silvestrenacional (ex.: zebra; camelo; elefante; urso polar). Em regra a competênciaé da justiça estadual, mas pode ser competência da justiça federal se forbem da União;

c) animais domésticos: fazem parte da vida em auxílio ao homem, que odomesticou (ex.: vaca, cavalo, cachorro, gato). Em regra a competência é da

 justiça estadual, mas quando a União tem animais domésticos, acompetência é da justiça federal;

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Observações: 

- fauna icteológica (peixes): a competência em regra é da justiça estadual,mas em se tratando de rios federais a competência é da justiça federal;

- crimes ambientais em detrimento da flora:

- regra: a regra é que a competência é da justiça estadual, salvo quandocometido crime ambiental contra bem da União;

- exemplo de bem da União: parques nacionais, reservas ecológicas ereservas biológicas;

- terras indígenas: crimes ambientais contra em flora em terras indígenas éde competência da justiça federal;

- o artigo 225, §4º da CRFB prevê alguns biomas, ou seja, ecossistemas, quesão patrimônio nacional (Floresta Amazônica, Serra do Mar, Mata Atlântica,Pantanal Mato-grossense). Nesse caso, surgem duas correntes:

- uma primeira corrente sustenta que patrimônio nacional tem osentido de bem da união, assim, a competência para julgar delitos de

crime ambiental contra esse bem seria da justiça federal (posiçãominoritária);

- uma segunda corrente diz que patrimônio nacional significa quetodos os entes federativos precisam proteger, portanto, acompetência para julgar delito contra esses ecossistemas é da justiçaestadual (posição majoritária);

- Obs.: dentre esses ecossistemas da Constituição, há unidades deconservação federal, exemplo: Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, Reserva de Taiamã  – dentro dessas reservas, acompetência é da justiça federal, pois se trata de bens da União;

- Obs.: reservas de água das hidroelétricas são bens da União, assimcrime ambiental praticado contra a flora desses lagos, a competênciaé da justiça federal. Há muita jurisprudência no sentido da absolviçãoquando o impacto ambiental já existia antes da construção dahidroelétrica;

- crimes praticados por servidor púbico e contra servidor público:

- o artigo 327 do CP define o que seja funcionário público para fins penais. Ofuncionário público federal não é um “bem da união”, mas sim exerce um serviço

da União, portanto a União tem interesse nesse servidor;

- servidor público federal praticando crime somente será da competência da

 justiça federal se ele estiver investido nas funções federais ao praticar o crime(portanto, o crime somente será da competência da justiça federal sedemonstrada a existência de um nexo entre a conduta incriminada e o exercícioda função federal);

- a atribuição da polícia federal é mais abrangente do que a competência criminalda justiça federal, uma vez que a polícia federal também exercem atribuiçõestípicas da polícia estadual, conforme o artigo 144, §1º da CRFB/88 (ex.: tráficonacional de drogas; crimes cuja repressão deve ser uniforme;

- diante do exposto, crime cometido contra policial federal ao cumprir mandadoexpedido por juiz estadual é de competência da justiça estadual;

- se o funcionário público federal comete um crime totalmente fora de suasatribuições, a competência é da justiça estadual;

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- se o servidor público federal for vítima de um crime que foi praticado (motivado)em razão do exercício da função, a competência é da justiça federal, exemplos:

a) o deputado Idelbrando Pascoal matou uma testemunha que tinhaprestado depoimento perante o Conselho de Defesa dos Direitos da PessoaHumana, que é um órgão federal vinculado ao Ministério da Justiça. Assim,a competência foi da justiça federal;

b) existem muitos cidadãos que não são servidores públicos federais, mas,provisoriamente, exercem uma atribuição federal. Nesse caso, quando ocrime é cometido contra eles em razão do exercício dessa atribuição, acompetência é da justiça federal;

c) um cidadão quer matar um membro do MPF em razão do exercício desuas funções, que está no momento dando aula, chega e dá vinte tiros nasala de aula, mas mata apenas 3 alunos e não mata o professor: nesse caso,há divergência doutrinária e jurisprudencial, umas argumentando que acompetência é da justiça federal e outros entendendo que a competência éda justiça federal (não há julgamento no STJ nem no STF em relação a essefato);

- Empresa de Correios e Telégrafos:

- a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é uma empresa públicafederal. Portanto, crimes praticados em detrimento de bens, serviços e interessesdessa empresa pública federal é competência da justiça federal. Porém,atualmente, os Correios possuem agências franqueadas, daí no caso de crime emdetrimento de bens, serviços e interesses dessas agências franqueadas seria deinteresse da justiça federal ou da justiça estadual? Em regra a competência seráda justiça estadual, uma vez que no contrato de franquia estabelece que quemsofrerá o prejuízo econômico no caso será o franqueado. No caso, por exemplo,

da subtração de selos postais, a competência será da justiça federal, uma vez queos selos postais são bens da ECT. Caso a agência franqueada faça um contratocom alguma instituição financeira, para que a ECT faça a entrega de talões decheque e cartões de crédito: daí, no momento da entrega, a correspondência ésubtraída: nesse caso, a competência é da justiça federal, uma vez que atingirá oserviço da empresa pública federal;

- autarquias e empresas públicas:

- o fato do crime ter sido praticado dentro de uma autarquia ou empresa públicafederal não é o bastante para determinar a competência da justiça federal:exemplo seria o caso de que na fila da caixa econômica, o cidadão é roubado

quando ia depositar o dinheiro, sendo típico caso de competência da justiçaestadual;

- prefeito:

- quando comete crime federal, a competência é do TRF, e quando comete crimeestadual, a competência é do TJMG;

- quando a União Federal repassa para os Municípios recursos financeiros atravésde um contrato administrativo da espécie convênio e o Prefeito do Município veme desvia tal verba, daí, o crime seria federal ou estadual? Há duas súmulas do STJem relação à esse fato (súmula 208 e 209 do STJ), assim, se o Município no

convênio tem a obrigação de prestar contas perante um órgão federal, acompetência é da justiça federal, uma vez que existe um interesse da União nessecaso. No caso da verba ter sido transferida e incorporada ao patrimônio do

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Município, a competência passa a ser da justiça estadual. Há uma decisão do STFno ano de 2.009 que não aplica a súmula 208, dizendo que mesmo se o Municípiotem o dever de prestar contas ao órgão federal, isso não é o bastante paraacarretar a competência da justiça federal;

- competência criminal especial da justiça federal: crimes políticos:

- a justiça federal, segundo o artigo 109, IV, julga os crimes políticos;

- segundo o professor Vicente Greco Filho, não existe crime político no Brasil;

- Júlio Fabrini Mirabete, Guilherme de Souza Nucci, Eugênio Pacceli, Fernando da CostaTourinho Filho entendem que nesse caso os crimes políticos são os tipos penaisprevistos na lei 7.170/83 (alguns desses dispositivos foram recepcionados pelaConstituição de 1.988, e esses recepcionados seriam os crimes políticos);

- antes da Constituição de 1.988 a competência para julgar os crimes previstos na lei7.170/83 era da justiça militar;

- o único recurso cabível nesse caso é o Recurso Ordinário Constitucional para o STF (art.102, II, “b”), portanto não cabe apelação;

- seriam as ações do MST ações típicas à lei 7.170/83 -> há decisões no sentido de que asações do MST não são delitos políticos (mas o mais correto é analisar o caso concreto,uma vez que eventualmente é possível a configuração de delito político);

- o artigo 20 da lei 7.170/83 refere a “ato de terrorismo”, mas surge a dúvida do que sejaisso -> terrorismo é defesa de idéias políticas ou religiosas através da utilização daviolência e da expansão do medo (existe tanto terrorismo religioso quanto terrorismopolítico, e alguns defendem a existência de terrorismo social, o que seria o caso do PCC).O artigo 5º, XLIII dá uma ordem, um mandado expresso de criminalização referente aoterrorismo (devendo ser crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia)  – Fernando Capez diz que o artigo 20 da lei 7.170/83 é esse mandado expresso, porém, oSTF diz que o artigo 20 não foi recepcionado pela Constituição de 1.988, não havendoatualmente um tipo penal para o terrorismo;

- competência criminal especial da justiça federal: crimes à distância:

- também chamados de crimes de espaço máximo, previstos no artigo 109, V daCRFB/88;

- para que se configure esse crime, são indispensáveis dois requisitos: crime previsto emtratado e convenção internacional + comprovação da internacionalidade43;

- exemplos desse tipo de crime:

a) tráfico internacional ou transnacional de drogas;

b) tráfico de pessoas (art. 231 do CP);

c) pornografia infantil através da rede mundial de computadores;

d) subtração de cabos submarinos;

- competência criminal especial da justiça federal: crimes contra organização do trabalho:

- só será da competência da justiça federal se houver ofensa à organização do trabalhocoletivamente considerada (art. 197 a 207 do CP, quando a organização do trabalho foratingida coletivamente);

- caso o delito não cause dano coletivo, a competência será da justiça estadual (nessesentido, a súmula do antigo TFR);

43Necessário se faz a comprovação de uma relação entre a conduta e o resultado em mais de um Estado (o

termo Estado está sendo usado no sentido de “país”).  

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- competência criminal especial da justiça federal: crimes contra o sistema financeiro:

- nem todo crime contra o sistema financeiro será de competência da justiça federal.Somente será da competência da justiça federal se a lei estabelecer que tal crime contrao sistema financeiro é de competência da justiça federal;

- a Constituição fala do sistema financeiro nos artigos 192 e seguintes (o sistemafinanceiro é controlado e fiscalizado por uma autarquia federal chamada Banco Central);

- existe uma lei que expressamente diz que os crimes contra o sistema financeiro são decompetência da justiça federal (lei 7.492/86). Tal lei, no artigo 26 diz que a competênciaé da justiça federal;

- existem instituições financeira que ostentam as mais variadas natureza jurídicas. Paraconfigurar delito da lei 7.492/86 não se leva em conta a natureza jurídica da instituiçãofinanceira. Portanto, é possível por exemplo, que crimes financeiros sejam praticadosem detrimento do Banco do Brasil (que é sociedade de economia mista), mesmo assim,sendo de competência da justiça federal;

- a gestão fraudulenta (art. 4º da lei 7.492/83) diz que o crime se dá quando alguémvenha a gerir fraudulentamente a instituição financeira (o conceito de instituição

financeira está previsto no artigo 1º da lei), podendo ocorrer em qualquer instituiçãofinanceira;

- o artigo 20 da lei 7.492/83 traz o caso muito comum de “aplica em finalidade diversa

da prevista em lei ou contrato recurso proveniente de financiamento concedido por 

instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para passá-lo”. Empréstimo é

diferente de financiamento, onde somente esse último tem destinação já definida em leiou contrato;

- competência criminal especial da justiça federal: navios e aeronaves:

- o artigo 109, IX, traz os crimes praticados em navios e aeronave como competência da justiça federal, ressalvada a competência da justiça militar;

- navio é uma espécie do gênero embarcação, portanto, é uma embarcação de grandecalado que pode navegar maritimamente;

- aeronave é aparelho que possui instrumentos mecânicos ou de outra ordem quesobrevoam. Balão seria aeronave? Balão é aeronave para fins do artigo 109, IX daCRFB/88;

- a competência será federal mesmo que a aeronave esteja em solo;

- competência criminal especial da justiça federal: ingresso ou permanência irregular deestrangeiro:

- nesse ponto, deve-se diferenciar expulsão de extradição;

- expulsão -> o estrangeiro adentra no território nacional e comete um crime. Daí eleserá preso, processado, condenado e depois, em regra, termina de cumprir a pena eserá expulso do país (o brasileiro não pode ser expulso, uma vez que no Brasil não hápena de esbulho, banimento). Assim, o estrangeiro expulso que ingressar no territórionacional ou aqui permanecer comete crime, que nesse caso, é de competência da justiçafederal;

- deportação -> é a violação de uma regra administrativa, sendo o agente notificado paradeixar o território nacional, e caso não deixe voluntariamente o território nacional, eleserá deportado. Depois de realizada a regulamentação da situação, o estrangeiro podevoltar normalmente ao Brasil;

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- competência criminal especial da justiça federal: crime praticados contra índio ou por índio:

- o índio não é um bem da União. O índio é tutelado pela FUNAI nos termos da lei6.001/76;

- em regra, crimes praticados por índio ou contra índio é de competência da justiçaestadual;

- somente será de competência da justiça federal no caso de haver ligação entre o artigo109, XI com o artigo 231 da CRFB/88 (disputa de direitos indígenas que envolvam suascrenças, sua línguas, seus costumes);

- o índio pode ser autor de crime, mas se um laudo antropológico provar que o índio nãotem condições de saber a ilicitude da conduta, ele não terá praticado o delito (o fato dealguém ser por exemplo, doutor em direito, não significa que ele deixe de ser índio);

- competência criminal especial da justiça federal: lavagem de dinheiro:

- a lavagem de dinheiro está prevista na lei 9.613/98;

- em regra, a competência é da justiça estadual;

- a lavagem de dinheiro somente será de competência da justiça federal se o crimeantecedente também for de competência da justiça federal;

- havendo conexão entre um crime federal e um crime estadual, prevalece acompetência da justiça federal (súmula 122 do STJ)  – o sentido de elaboração dessasúmula é que a competência da justiça federal é prevista na Constituiçãoexpressamente;

ARTIGO 1º AO ARTIGO 4º DA CRFB/88

- Artigo 1º:

- o “A” previsto no artigo (logo no início) é a demonstração de que a República e a Federação

não foram inauguradas em 1.988, mas já existiam e foram trazidas do passado;- República Federativa do Brasil é o nome do Estado brasileiro, que revela a forma de estado(federação ou federativa), que trata-se de cláusula pétrea (art. 60, §4º). O nome do nossoEstado ainda revela a forma de governo, que é a republicana, não sendo uma cláusula pétrea(porém, deve ficar claro que o princípio Republicano é uma cláusula pétrea);

- como consequência do princípio republicano, hoje nos temos o denominado Republicanismo,que significa honestidade cívica;

- o termo “união” que aparece no artigo 1º refere-se a um substantivo feminino de ligação,diferentemente da União como pessoa jurídica, que está prevista no artigo 18, inclusive, nessecaso, com “U” maiúsculo (José Afonso da Silva entende que nos dois dispositivos a União tem o

mesmo sentido, de pessoa jurídica de direito público interno);- a “união é indissolúvel”, ou seja, a indissolubilidade do vínculo é a principal característica da

federação. Há dois instrumentos que protegem essa indissolubilidade do vínculo: intervençãofederal + crimes políticos;

- estado democrático de direito -> “estado democrático” é substantivo, e o termo “de direito”

é adjetivo, que qualifica o estado democrático. O estado de direito surge em 1.789 em reaçãoao arbítrio do estado absoluto. Esse estado tinha dois objetivos claros:

a) divisão orgânica (nos termos do que Montesquieu pregava);

b) oferta ao cidadão de direitos e garantias fundamentais;

- a faceta política do estado de direito recebe o nome de estado liberal. Já a facetaeconômica do estado de direito recebe o nome de liberalismo econômico. Esse estadode direito, após a segunda guerra mundial, passa a ser qualificado como democrático,daí, Estado Democrático de Direito;

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- Estado Democrático de Direito significa que há respeito à liberdade, igualdade e adignidade da pessoa humana;

- democracia não significa só exercícios de direitos políticos, significando muito mais doque isso, sobretudo, respeito à liberdade, igualdade e dignidade da pessoa humana;

- um estado democrático de direito é um estado que respeita a lei e organização dospoderes, devendo tal lei respeitar a igualdade, liberdade e a dignidade da pessoahumana;

- a constituição portuguesa de 1.976 fala em estado de direito democrático, e a nossaem estado democrático de direito, mas resta saber se há ou não diferença:

- 1ª Corrente: há sim diferença, uma vez que na Constituição portuguesa dá-semais importância ao direito do que a democracia. Já na nossa Constituição, dá-semais importância à democracia do que ao direito;

- 2ª Corrente: não há diferença em dizer estado democrático de direito e estadode direito democrático, uma vez que o estado somente pode ser democrático sefor de direito;

- inciso I: soberania no inciso I do artigo 1º refere-se a poder político supremo e independente;

- inciso II: cidadania é direito de ter direitos, uma vez que o cidadão pode adquirir direitos eobrigações;

- inciso III: dignidade da pessoa humana é o que separe o ser humano. Dignidade não é umdireito, mas sim um valo pré-constitucional e pré-estatal

- inciso IV: valores sociais do trabalho e da livre iniciativa é o reconhecimento de queadotamos o capitalismo, devendo ele se humanizar pelos valores sociais do trabalho. É ahumanização do capitalismo, que visa o respeito aos valores sociais do trabalho, respeito aosartigos 7º e 8º da CRFB/88;

- inciso V: pluralismo político é o direito fundamental a ser diferente, ou seja, o direitofundamental a ser tolerante. Essa diferença deve ser respeitada em todas as relaçõeshumanas, não somente em ideologias políticas;

- Artigo 3º:

- o artigo 3º nos revela que temos uma Constituição dirigente, uma Constituiçãocompromissária, nos revelando uma caminho a ser percorrido, traduzindo na busca pelaconcretização dos princípios elencados pelo artigo 1º;

- Artigo 4º:

- o artigo 4º é a revelação de que nós vivemos em um estado constitucional cooperativo;

- estado constitucional cooperativo -> é um estado que se disponibiliza para outros estados, ouseja, um estado que se abre para outros estados;

- independência nacional é uma consequência da soberania prevista no artigo 1º, sendo orespeito às outras soberanias. É aqui que se encontra o dualismo jurídico (há uma ordem

 jurídica nacional e uma ordem jurídica internacional);

- direitos humanos são posições jurídicas necessárias à concretização da dignidade da pessoahumana. Os direitos humanos são direitos fundamentais, assim, os direitos fundamentais sãodireitos humanos positivados em uma Constituição;

- autodeterminação significa que cada povo deve merecer um estado, não havendo colônia;

- não intervenção e defesa da paz traduz um estado não-bélico, portanto, não beligerante,portanto, somos um Estado que não fazemos guerras de conquista, mas somente guerrasdefensivas. Buscamos a solução pacífica de conflitos, ou seja, meios não-bélicos (arbitragem,

mediação, acordos internacionais);- repúdio ao terrorismo, ao racismo. Nós repudiamos o terrorismo e o racismo;

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Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes – Direito Constitucional - Danilo Meneses – Intensivo II  Página 49

- concessão de asilo político é a proteção que um estado dá a nacionais de outros estados quese encontram perseguidos em razão de sua ideologia e de sua defesa política. O asilo políticote finalidade essencialmente política, diferente do refúgio, que tem fins eminentementehumanitários. Quem concede o asilo político é o Presidente da República, já que concede orefúgio é o CONARE (Comitê Nacional de Refugiados). A concessão do asilo é um atodiscricionário, diferente da concessão do refúgio, que é um ato vinculado aos requisitos legais.

O asilo é ofertado em regra individualmente, diferentemente do refúgio, onde a perseguição écoletiva (assim, a concessão é coletiva). Concederemos o asilo político se o interesse políticodefendido pelo perseguido for democrático (portanto, os limites decorrem do próprio sistemaconstitucional);

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