diário insular - nº 251 - 27.01

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GRACIOSENSE NOS SINDICATOS BETTENCOURT PICANçO 251 # 27.01.2008 WWW. DIARIOINSULAR .COM Jornal Diário | Ano LX I | Nº18966 | 0,55 e Fundado em 1946 | Terceira | Açores

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graciosensenos sindicatos

Bettencourt Picanço

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2di DoMinGo 27.JANeIrO.2008 �di DoMinGo 27.JANeIrO.2008

nota de aBertUraJosé Lourenço

04 Leodolfo Bettencourt Picanço [entrevista]

10 eleições com novas regras [reportagem]

12 Francisco Coelho e reis Leite [perspeCtivas]

14 Maduro-Dias [veLa De estai]

16 A noite das Candeias [reportagem]

18 Luiz Fagundes Duarte [FoLHetim]

24 Guilherme Marinho [opiniÃo]

25 Arnaldo ourique [opiniÃo]

26 Dédalo enes [Desporto]

28 sugestões [agenDa]

29 Cartoon [tiro&QUeDa]

20 José Cid [entrevista]

Bettencourt Picançoo tema de abertura: natural da ilha Gra-ciosa, Leodolfo Bettencourt Picanço é uma das mais destacadas figuras do sin-dicalismo português. o presidente do Sindicato dos Quadros técnicos do es-tado (Ste) assegura que os funcionários da administração pública têm razões pa-ra temer as consequências das políti-cas assumidas pelos governos nos últi-mos anos. Bettencourt Picanço conside-ra que os açores podem ser o local ide-al para a implementação de um projecto inovador de administração aberta, mas coloca reservas a algumas iniciativas do Governo regional como sejam os “qua-dros de ilha”.reportagem: os próximos dois actos elei-torais – regionais e autárquicas – têm novas regras. em outubro, o voto de ca-da açoriano contará duas vezes: para o círculo da sua ilha e para um círculo re-gional de compensação. em 2009, vota-rá só para uma lista, de onde sairá todo o elenco do seu município.outra reportagem: quando o sol se pu-nha, depois do toque das trindades, ca-da um se fechava na sua própria casa. os labregos, que vinham do mar, subin-do as ribeiras, obrigavam a que em to-das as casas, pelo menos em uma das janelas, houvesse uma candeia acesa. era a noite de 2 de Fevereiro.entrevista: ok, você conhece-o. É o can-tor de “a cabana junto à praia” e “como o macaco gosta de banana”. o que po-de não saber é que José cid começou por cantar fado e jazz, viu músicas cen-suradas antes do 25 de abril, lançou um álbum de homenagem a Garcia Lorca e bateu-se pela questão timorense. e con-tinua a ser politicamente incorrecto: “a ministra da cultura não é culta”. o ou-tro lado de um cantor que se afirma an-ti-sistema. esteve em angra e Di-revista não perdeu a oportunidade de falar com “l’enfant terrible”.Desporto: na Liga Profissional, de “leão” ao peito, confirmou capacidades inatas para a prática do basquetebol. agora, como capitão do terceira Basket, o ex-tremo/posto Dédalo enes sonha em as-cender ao campeonato da Proliga.

FotoGraFia antónio araúJo

MiniatUra de “dança PoPULar”

MuSeu aBerto 059

MiniAturA De “DAnçA PoPuLAr”. tecido, PaPeL e cartão. �1,5 x 57,5 x 57,5 cM. iLha tercei-ra, escoLa Mista da Ladeira grande. séc. xx [1940-1950]. Mah.r.2007.1

Miniatura de uma dança formada por bonecos de pano, re-presentando o mestre da dança e os dançarinos vestidos de branco, com as suas faixas vermelhas e douradas cruza-das no peito e cingidas na cintura, e uma espécie de coroa

na cabeça, à maneira de antigos cavaleiros, e o ratão na sua figura de velho trocista. Feita pelas crianças de uma esco-la de uma freguesia rural da ilha terceira, sob a orientação da sua professora, esta miniatura ilustra a tradição popular das danças de entrudo da ilha terceira, enquanto celebra-ções dos aspectos mais físicos e efémeros da vida como o corpo e a palavra.

esta peça pertence ao acervo do Museu de Angra do Heroísmo.

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5di DoMinGo 27.JANeIrO.2008

os sindicatos e o Poder PoLítico

BettenCoUrt piCanço

naturaL Da iLha GracioSa, LeoDoLFo Bettencourt Picanço É

uMa DaS MaiS DeStacaDaS FiGuraS Do SinDicaLiSMo PortuGuêS. o

PreSiDente Do SinDicato DoS QuaDroS tÉcnicoS Do eStaDo (Ste)

aSSeGura Que oS FuncionárioS Da aDMiniStração PúBLica têM

razõeS Para teMer aS conSeQuênciaS DaS PoLíticaS aSSuMiDaS

PeLoS GovernoS noS úLtiMoS anoS. »

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o sindicalismo está a atravessar uma fase em que se pri-vilegia a concentração em super-estruturas. essa situação não acaba por ser favorável ao poder político que poderá ter a tentação para controlar o movimento sindical?o sindicalismo é uma afirmação e uma resposta da sociedade civil. uma afirmação da sua vitalidade e da capacidade de intervir diariamente na construção do futuro e uma resposta às condições sociais. É com ela que eu espero também que Portugal será capaz de ul-trapassar a actual situação.Mas, porque os problemas são, cada vez mais, glo-

bais, as organizações sindicais construíram também respostas a nível de país, a nível europeu e a nível mundial.Só que as organizações são das pessoas e para as pes-soas: as pessoas querem respostas no seu dia-a-dia e essas respostas não lhes são dadas pelas super-es-truturas.Quanto ao controlo do movimento sindical pelo po-der político, essa é uma tentação recorrente. Mas não podemos esquecer que, a despeito de muita gente dizer, hoje, que o bom governo não é de direita nem

de esquerda, ainda não foi encontrado substituto pa-ra as ideias e, consequentemente, para as opções de cada um quanto ao que lhe parece que é melhor pa-ra o futuro.

tendo em conta que desempenha as funções de presiden-te do sindicato dos Quadros técnicos do estado (ste) há cerca de duas décadas como vê o actual momento do mo-vimento sindical?o actual momento do movimento sindical é difícil. o

Governo não considera o movimento sindical como movimento social, determinante para o desejado de-senvolvimento social.Grande parte do “mundo” empresarial português gos-taria que não houvesse movimento sindical.os trabalhadores, cada vez mais só trabalhadores dos serviços, estão a ser atacados com a desregulação e a precarização das condições de trabalho.há uma consequente fragilização do movimento sin-dical.o risco é o de o nosso empobrecimento ser acom-

panhado pela fragilização das organizações sindicais, substituídas, a prazo, por movimentações sociais inor-gânicas.

ACORDAR AS PESSOASapesar das greves realizadas o ano passado, o governo continua insensível aos argumentos dos sindicatos. Quer isso dizer que os meios de luta dos trabalhadores estão a ficar esgotados?a nossa administração pública é a maior organização do país. o que vai acontecendo nela é quase sempre um prenúncio do que vai acontecer com as condições de trabalho de todos os trabalhadores.É a precarização, a flexibilização, a redução das remu-nerações reais… não tem sido possível ganhar estas “guerras” todas. Mas tem-se conseguido introduzir al-gumas alterações, corrigir alguns caminhos.e, muito especial, tem-se acordado muitas pessoas para a necessidade de todos e cada um de nós usar a sua voz e dar vida à democracia todos os dias e não só de quatro em quatro anos.

tendo em conta as reformas em curso na administração pública considera que os funcionários do estado têm cada vez mais razões para temerem pela manutenção dos seus postos de trabalho?o Governo pôs em marcha um processo destinado a ficar com o poder de mandar para casa os trabalhado-res que escolher e, depois, contratar os que lhe apete-cer, com a remuneração que quiser.É um facto que o medo está aí. e quem tem medo tem razões para isso. o problema está na resposta que há que dar nessas situações. e isto porque a nos-sa administração não tem gente a mais. o que é que lhe falta então? Falta-lhe uma organização capaz e es-tável. Mas falta-lhe, também, uma gestão atenta às pessoas e aos objectivos. e, já agora, transparente.

o governo decidiu alargar aos funcionários públicos o acesso ao subsídio de desemprego, mas em contrapartida exige mais um por cento do salário para descontos. é caso para dizer que estamos perante uma situação de dar com uma mão e tirar com a outra?Fazer com que os trabalhadores da administração pú-blica com contratos administrativos de provimento e descontos para a caixa Geral de aposentações des-contem mais um por cento para o subsídio de desem-prego é um manifesto contra-censo.Fazer com que estes trabalhadores descontem mais que os outros dá bem a ideia dos caminhos que es-tão a ser seguidos.

Qual o futuro da administração pública se o governo não recuar em algumas das medidas que está a colocar em prá-tica ou pretende tomar em nome da redução de despesas?eu penso que o que está em causa não é o futuro da administração pública.a administração pública não é uma entidade mítica. São os docentes, os médicos, os enfermeiros, os pro-

entreviSta héLio vieirA FotoGraFia AnDré Kosters|LusA Bettencourt Picanço conSiDera

Que oS açoreS PoDeM Ser o LocaL iDeaL Para a iMPLeMentação De

uM ProJecto inovaDor, De aDMiniStração aBerta, MaS coLoca re-

ServaS a aLGuMaS iniciativaS Do Governo reGionaL coMo SeJaM oS

“QuaDroS De iLha”.

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rados potenciando a desertificação.

ADMINISTRAÇÃO REGIONALtendo em conta as especificidades dos açores considera que existem condições para que a administração regional possa servir para testar medidas a implementar a nível nacional como aconteceu com os cartões de saúde e do ci-dadão?os açores como região autónoma distribuída por no-ve ilhas têm todas as condições para a implementa-ção de um projecto, inovador, de administração aber-ta.este projecto permitiria o funcionamento de toda a administração em suporte informático aberto. com todos a terem acesso à trânsitação dos processos que a todos interessam e cada um ao processo que só a ele respeita. em primeiro lugar uma administração em que o po-der político está próximo dos serviços e dos adminis-trados. o que é bom se a governação for democrática e participada. e pode ser mau caso o não seja, porque aí a tendência será para a partidarização.em segundo lugar porque este projecto, de interesse nacional, pode potenciar a participação dos açorianos na vida das suas terras e no seu desenvolvimento.continuo a pensar que são as pessoas os motores das mudanças e que só com elas é possível construir o fu-turo a que temos direito.

como analisa as especificidades da administração pública regional, sobretudo no que se refere à legislação publica-da recentemente sobre os quadros da ilha?

Somos um país de dez milhões de habitantes, com duas regiões autónomas, bem delimitadas.o Sindicato dos Quadros técnicos do estado (Ste) tem um Secretariado regional nos açores, com se-de em angra do heroísmo, que tem estado bastan-te activo.recentemente promovemos uma reunião em Ponta Delgada e outra em angra do heroísmo a propósito da nova lei relativa à avaliação do Desempenho.a questão chave, na região autónoma dos açores, com o respectivo Governo, tal como acontece com o Governo central, é a do diálogo.É ver a negociação das condições de trabalho que ocorreu este ano, em que a negociação foi de “faz de contas”, tal como aconteceu com o Governo regio-nal dos açores a propósito da criação dos Quadros de ilha.o Ste enviou os seus contributos mas sempre espe-rou que uma tal matéria fosse objecto de negociação como manda a lei.e temos fundadas preocupações com os quadros de ilha. e isto porque o que se fez foi transformar todas as figuras da mobilidade geral em mera afectação, possibilitando a libertação de efectivos com a conse-quente colocação de trabalhadores, a escolher, como excedentes.e, se uma tal intenção tem, no continente, os efei-tos desastrosos que já se sentem, receio bem que nas nossas ilhas o efeito possa ser bem pior.Mas, como vamos iniciar um novo ano, há que dizer que é sempre tempo de arrepiar caminho e projectar o futuro dos açores com os açorianos.

fissionais da segurança social, dos impostos, da justi-ça, os militares, os polícias...Quando o Governo diz que os trabalhadores da ad-ministração pública são muitos e promove o encer-ramento de maternidades, hospitais, centros de saú-de, escolas e outros serviços públicos, quase todos no interior, traduzindo-se tudo em menos saúde, menos segurança social, menos apoios sociais... Perguntamo-nos: Será esse o futuro? espero que não.

TOLERÂNCIAS DE PONTOas tolerâncias de ponto para os funcionários públicos con-cedidas em datas festivas como o natal e Passagem de ano estão a criar cada vez mais mal-estar junto dos trabalha-dores do sector privado que não tem direito a esse privilé-gio. como sindicalista como vê essa situação?as tolerâncias de ponto não são, do meu ponto de vis-ta, problema para ninguém.nem as que o Governo pode dar por ocasião do natal, ou ano novo, compreensíveis atentos os dias da sema-na em que aquelas datas recaíram... nem as que qual-quer outra entidade patronal, na terceira, por exemplo, pode dar por ocasião de uma determinada festa com tradição arreigada ou, até tourada à corda…

os cidadãos continuam a ter uma visão crítica dos funcio-nários públicos por que muitas vezes os serviços do estado não dão resposta às suas necessidades. é caso para dizer que quem está na linha da frente no contacto com os uten-tes acaba por ser o bode expiatório da ineficiência de de-terminados serviços?ao nível dos serviços públicos a questão reside no fac-to de que aquilo que chega às pessoas depende de três níveis de intervenções.o primeiro é o da definição das políticas públicas. isto é, qual vai ser ou é a extensão dos apoios na Saú-de, na educação, na Justiça, na Segurança e dos cor-respondentes encargos a assumir pelo país. e isto ca-be em exclusivo ao poder político.Se se assume fechar maternidades, centros de saú-de, escolas ou tribunais… porque concentrando esses serviços os custos são menores, quem pode culpar os trabalhadores da administração pública?Se se reduz o número de trabalhadores sem quantifi-car os necessários face às cargas de trabalho, porque há que reduzir o défice, quem pode culpar os traba-lhadores pelo aumento dos tempos de espera?o segundo nível de intervenção situa-se na direcção da administração pública. Direcção que incumbe ao Governo que para o efeito nomeia livremente os dirigentes de topo.a partir da altura em que se partidarizou a função - es-ses dirigentes caem quando cai o Governo – tem-se assistido a uma efectiva redução das capacidades or-ganizativas e de gestão da administração.a intervenção política diária na condução dos serviços públicos e não ao nível dos objectivos tem-se acentu-ado, empobrecendo a gestão efectiva dos meios, hu-manos e materiais.consequentemente, todos perdemos: utentes dos

serviços que não se apercebem das razões de mui-tos maus funcionamentos e trabalhadores, eles tam-bém utentes, que ainda por cima têm de dar a cara todos os dias.o terceiro nível tem a ver com os trabalhadores.e aqui somos confrontados com a ineficiência da ges-tão, com a precaridade crescente das relações laborais e a sequente rotação de pessoal em alguns serviços, a que se soma o facto de o investimento em formação ser paupérrimo.em vez de o estado dar o exemplo à sociedade por-tuguesa aquilo a que temos assistido é à quase total omissão por parte da administração, quer nos diag-nósticos preparatórios de planos de formação, quer na elaboração destes, em termos harmónicos e sus-tentados por orçamentos adequados.É já visível na administração um gradual empobreci-mento dos seus quadros – a isto acresce a sua saída.considerando que a administração já foi um sector li-derante no país, considero que isto é inquietante.

os sucessivos governos têm feito bandeira da moderniza-ção da administração pública. essa é uma questão mera-mente aparente ou houve de facto progressos dignos de registo nessa área?É verdade que a crescente informatização dos serviços veio reflectir-se nas respostas às populações. e de mo-do altamente favorável.É de facto mais rápido obter o bilhete de identidade, há um maior controlo sobre o pagamento dos impos-tos …Mas está por fazer o exame dos sobrecustos que isso tem tido e, muito em especial, tendo-se optado por em muitos desses processos se entregar toda a ope-ração nas mãos de multinacionais, descapitalizando-se na quase totalidade os serviços públicos dos recur-sos humanos necessários ao acompanhamento e de-senvolvimento das acções, as consequências poderão ser gravíssimas.

Quais são os grandes desafios da administração pública portuguesa para os próximos anos?os grandes desafios da administração pública portu-guesa para os próximos anos passam pela operacio-nalização de mecanismos básicos de gestão, nomea-damente de recursos humanos.Basta lembrar que ainda não existe uma base de da-dos que permita saber, em cada momento, quantos são e quais as características dos diversos grupos, quantos entraram, quantos saíram...outra área importante é a da formação, com a conse-quente necessidade de construção de planos de for-mação assentes nas efectivas necessidades.Por último, a consideração dos serviços públicos co-mo essenciais em todo o país, como esteios de cida-dania e do desenvolvimento social, e não como orga-nizações que se justificam unicamente face à rentabi-lidade ou aos custos, como vem acontecendo recen-temente com diversos serviços que estão a ser encer-

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oS PróxiMoS DoiS actoS eLeitoraiS

– reGionaiS e autárQuicaS – têM no-

vaS reGraS. eM outuBro, o voto De

caDa açoriano contará DuaS ve-

zeS: Para o círcuLo Da Sua iLha e Pa-

ra uM círcuLo reGionaL De coMPen-

Sação. eM 2009, votará Só Para uMa

LiSta, De onDe Sairá toDo o eLenco

Do Seu MunicíPio.

Mudaram as regras para as eleições regionais. e as eleições autárquicas estão a seguir o mesmo rumo.na prática, o objectivo é o mesmo. Mas os eleitores serão confrontados com algumas alterações. no caso das eleições para os órgãos de governo próprio das regiões autónomas, os açorianos, já em outubro, vão encontrar um modelo em que o seu voto será conta-do duas vezes: votam uma só vez, mas elegeram os deputados da sua ilha e deputados por um círculo re-gional, onde serão contabilizados todos os votos en-tregues nas urnas espalhadas pelo arquipélago.em 2009, ao que tudo indica, será a vez das autárqui-cas surgirem com regras novas – acabam as duas lis-tas para as eleições para os municípios, havendo ape-nas uma de onde sai o presidente da câmara, os vere-adores e os membros da assembleia Municipal.no primeiro caso – nas regionais – a mudança das regras foi justificada pelos legisladores com a neces-sidade de garantir maior proporcionalidade represen-tativa. isto é, conseguir-se que aos votos corresponda o número correcto de parlamentares, aproveitando-se os “restos” de cada ilha.no segundo caso – nas autárquicas – a mudança (que se encontra em análise na assembleia da república) tem por base a vontade dos partidos (no caso o PS e o PSD já que os restantes grupos parlamentares são contra esta proposta de Lei) de garantir estabilidade

governativa nos executivos camarários e de freguesia.a aprovação da lei eleitoral dos açores ocorreu em Ju-lho de 2006, recebendo os votos a favor de todos os partidos, exceptuando o PSD, que se insurge contra o novo sistema de distribuição de lugares no parlamen-to açoriano, e que, na altura, apresentou uma alterna-tiva, que não vingou.os social-democratas justificaram a sua oposição ao novo texto por considerarem que os socialistas pre-tenderam “moldar a lei eleitoral à sua medida” e qui-seram “perpetuar-se no poder através de manobras de secretaria”.a proposta de lei para as eleições autárquicas encon-tra-se em discussão na assembleia da república. ape-sar do coro de críticas – oriundo dos partidos mais pe-quenos no hemiciclo nacional e da associação nacio-nal de Freguesias (que acusa a medida de inconstitu-cionalidade) – a sintonia de posições entre o PS e o PSD (autores conjuntos da proposta de lei) garante, à partida, o seu sucesso.

CíRCuLO DE COMPENSAÇÃOem outubro, mês em que decorrerão as eleições re-gionais, os açorianos serão confrontados com o novo modelo eleitoral no arquipélago, que impõe dez círcu-los eleitorais, embora cada açoriano só vote uma vez.a nova Lei eleitoral para os açores aumenta de 52 pa-ra 57 o número de deputados na assembleia Legisla-tiva regional.a lei cria um novo círculo eleitoral regional de “com-pensação”, com cinco deputados, que acresce aos res-tantes nove já existentes - um por cada ilha do arqui-pélago - que elegem um total de 52 representantes.com estas alterações, pretende-se melhorar a propor-cionalidade do sistema, reduzindo o risco do partido mais votado em legislativas regionais não obter, porém, o maior número de lugares no parlamento açoriano.a proposta lança um novo conceito: a lista pelo círculo regional, concorrente a cinco mandatos, além dos 52 já existentes, distribuídos pelas nove ilhas do arquipélago.o novo sistema eleitoral, explicado grosso modo, fun-cionará assim: cada partido apresenta uma lista de candidato por cada ilha onde pretende concorrer e, além dessas, apresenta uma outra, de âmbito regio-nal, incluindo e ordenando os candidatos por sua von-tade.Depois, no acto de votação, o eleitor mantém um só

MUdanças no voto

voto, usado, em primeira instância, para a eleição dos candidatos por ilha; depois, o seu voto é contabiliza-do uma segunda vez para a selecção dos candidatos regionais.e é esta contabilidade dupla que gerou vários protes-tos, já que diversas vozes se insurgiram contra a utili-zação “indirecta” do seu voto para a eleição de cinco mandatos para a assembleia Legislativa dos açores.na génese desta argumentação centra-se a velha dis-cussão “ilha/região”, dois conceitos intrinsecamente ligados na análise do sistema eleitoral insular.o apuramento dos cinco “mandatos regionais” faz-se pela contagem da soma dos votos de cada partido em cada círculo de ilha.aqui reside outra das questões ligadas a este proces-so: em que termos se estabelece neste procedimen-to a relação eleito-eleitor, peça fundamental das elei-ções democráticas.os defensores do novo modelo argumentam que es-sa relação se mantém porque cada um dos candida-tos incluídos na lista regional tem, obrigatoriamente, de estar integrado numa lista para um círculo de ilha; os detractores sustentam que a contabilidade dupla do voto, encerra essa ligação.a discussão, contudo, cingiu-se aos partidos. a lei pas-sou e estará em vigor em outubro.

MENOS LISTASPS e PSD – promotores da revisão da lei eleitoral pa-ra as autarquias – querem que as novas regras para a eleição dos executivos das câmaras municipais e das juntas de freguesia estejam em vigor em 2009, ano previsto para novo escrutínio no poder local.uma das novidades é o fim da lista para a câmara Mu-nicipal, existindo apenas uma única lista, de onde sai-rão todos os eleitos locais – uma forma idêntica ao que já existe para as juntas de freguesia.o projecto de lei eleitoral prevê que “o presidente do

órgão executivo é o cidadão que encabeçar a lista mais votada na eleição para o órgão deliberativo”, havendo um só boletim de voto em vez dos actuais dois.independentemente do resultado eleitoral, cabe à lis-ta do presidente “obrigatoriamente” a maioria dos membros do órgão executivo, que escolhe de entre os membros da assembleia.as listas não vencedoras têm “o direito de indicar ve-readores para o executivo”, que nunca serão mais de dois quintos do total, escolhidos igualmente entre os membros eleitos da assembleia municipal.no caso dos açores, partindo do número de eleitores registado no início de 2007 – que dimensiona os exe-cutivos camarários – não haverá alteração ao número de vereadores em cada autarquia insular.Ponta Delgada terá direito a oito vereadores (sendo três da oposição); Lagoa, ribeira Grande, angra do heroísmo, Praia da vitória e horta manterão os seus seis vereadores (sendo dois da oposição); e os restan-tes municípios terão quatro vereadores, com um a sair da lista derrotada mais votada.Quanto aos poderes das assembleias municipais, são acrescentados dois: “apreciar a composição do órgão executivo e o programa de acção apresentados pe-lo presidente da câmara municipal” e “votar moções de rejeição dos executivos apresentados pelo presi-dente”.as moções de rejeição do executivo proposto pelo presidente da câmara podem ser apresentadas por “um terço dos membros do órgão deliberativo” e são aprovadas “por maioria de três quintos dos membros eleitos directamente”.a rejeição de uma segunda proposta do presidente “implica a realização de eleições intercalares”.na votação de moções de rejeição, das opções do pla-no, das propostas de orçamento e das suas revisões, são excluídos os presidentes das juntas de freguesia.a partir de 2009, as regras estarão em vigor.

eLeiçõeS

rePortaGeM rui MessiAs

FotoGraFia António ArAúJo

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12di DoMinGo 27.JANeIrO.2008 1�di DoMinGo 27.JANeIrO.2008

FrAnCisCo CoeLho reis Leite

o Grupo Parlamentar do Partido Socialista soli-citou, na última semana, a audição do Director do centro regional da rá-dio e televisão de Portu-gal, S.a.trata-se, afinal, de exerci-tar, pela primeira vez, um poder-dever, cometido à nossa assembleia Legis-lativa desde 2007, por di-ploma, que reestruturou aquela empresa e lhe aprovou os actuais esta-tutos.os poderes são natu-ralmente para exercitar, sendo útil lembrar a boa prática legislativa que, re-lativamente a serviços ou organismos de carácter nacional com âmbito na-cional e actividade nos açores, tem recentemen-te concedido poderes de audição e informação aos órgãos de Governo próprio. assim é também com a última orgânica da PSP, de agosto do ano transacto, que confere um poder de audição do respectivo comandante regional, recentemente já exercitado pelo nosso GovernoÉ certo que o serviço pú-blico de rádio e televi-são aguça apetites e gera polémicas apaixonadas. Sempre assim foi. assim continuará a ser.efectivamente, a rádio e

televisão públicas regio-nais, exactamente por o serem, sempre merece-ram grandes níveis de exigência por parte do cidadão. e justamente. É que temos direito ao ser-viço público nacional. e a um serviço público regio-nal. cuja realidade con-ceptual, sendo neces-sária, é complexa e di-fícil de operacionalizar, em 9 ilhas, com realida-des, dimensões e hierar-quias noticiosas diferen-tes. a insularidade repar-tida implica sempre so-brecustos – aqui tam-bém, e de que manei-ra. Mas é essa realidade e esses sobrecustos que justificam a existência do centro regional, absolu-tamente diferente duma mera Delegação.os economicismos sim-ples são inimigos sem-pre da descentralização e a autonomia…e são efectivamente empobre-cedores.Porque é a nossa iden-tidade que, em primeiro lugar, a rádio e televisão públicas devem servir, e ajudar a consolidar, do mesmo modo que a co-formaram.e realidades multi-po-lares rejeitam soluções uni-direccionais. Fora ou dentro. Seja na universi-dade. Seja no serviço pú-

blico de comunicação so-cial. e é com condições, meios e recursos descen-tralizados que se produz e exercita o serviço públi-co. Produtivo e com pro-dutividade.estes são, concerteza, desafios de sempre e de-safios muito actuais. De resposta e satisfação di-fíceis; talvez até caros e exigentes. estes são, de certeza, os desafios que o Director do centro re-gional aceitou e quer al-cançar.Será pois inevitavelmen-te frutuosa a audição do nosso Parlamento ao Di-rector do centro regio-nal da rtP. ambas as partes ficarão a conhe-cer melhor os objectivos

gerais (e esperamos que comuns) para o impor-tante serviço público de formação e informação, que é um poderoso ins-trumento de identidade e pluralismo social e po-lítico.Para já, a Lei, em pro-posta do PS, reconheceu que os órgãos de Gover-no próprio têm uma pa-lavra política a dizer (no sentido mais nobre do termo) sobre os objecti-vos e orientação do cen-tro da rtP/Sa, sediado numa região autónoma.o exercício desse poder, mais do que uma facul-dade, é um imperativo e uma responsabilidade.Que a audição nos traga boas-novas…

serviço PÚBLicoo alerta foi lançado pelo jornalista Joel neto e tem o peso que a personali-dade em causa lhe traz, porque Joel neto é um jornalista de grande mé-rito e muita audiência.o que neste imbróglio me parece deveras preo-cupante nem é a concor-dância ou discordância acerca de uma nova pro-gramação da rtP e da rDP, que inevitavelmen-te agradará a uns e não a outros, como é costu-me nestas coisas. o que é deveras preocupante são os sinais que nos vão chegando que o Gover-no da república também neste campo se prepara para desamparar os cen-tros regionais da rádio e

televisão estatal para os matar. no fundo absolu-tamente a mesma estra-tégia que tem levado a cabo com a universida-de e com outros serviços periféricos da sua única responsabilidade.nunca se assistiu, nem mesmo nos momentos mais negros do passa-do, a um concertado ata-que do governo central às regiões autónomas, que chega a pôr em cau-sa a unidade nacional, que deve ser um dos pi-lares de actuação dos go-vernos.não é inviabilizando as aspirações autonómicas dos açorianos que o go-verno garante a unidade, mas antes empenhando-

se no processo regional e num tratamento de igual-dade para todos os cida-dãos. o actual governo da república faz absolu-tamente o contrário e to-dos os dias vão surgindo notícias do seu desmaze-lo em relação às regiões autónomas e às suas ati-tudes de um centralismo vesgo, o que parece de-monstrar um certo ódio às ilhas.tudo isto ao ponto do próprio Presidente do Governo regional e líder da maioria socialista aler-tar para as infiltrações centralistas no governo e nos seus agentes.ora, Joel neto levantou a suspeição que o actu-al director da nova em-presa de comunicação rDP/rtP nos açores, o seu colega jornalista Pedro Bicudo, ele tam-bém com pergaminhos firmados, trazia a mis-são de acabar por ma-tar, fechando-o, o centro de produção regional da rtP, substituindo-o pe-la sempre falada jane-la nos canais nacionais. Levaria avante este pro-pósito, que lhe terá si-do encomendado pelos “centralistas infiltrados na empresa”, acrescen-to eu, fazendo degradar de tal maneira a qualida-de do canal regional que

ele acabaria sem audi-ência, por desaparecer e também sem protestos.recuso-me a acreditar que Pedro Bicudo, um açoriano, se preste a se-melhante papel que não poderia deixar de ser considerado uma trai-ção. Por isso mesmo sou de parecer que o Director da rDP/rtP açores de-via, não verdadeiramente dar uma resposta a Joel neto, mas explicar com frontalidade qual é o seu programa para a televi-são regional e o que pre-tende conseguir para re-novar o interesse por um canal que tem sido, com todos os seus defeitos, um elemento fundamen-tal na construção da re-gião autónoma dos aço-res.o silêncio de Pedro Bicu-do e a demora numa re-novação, que é palpável, não é de molde a des-cansar-nos e a afastar, neste campo também, as suspeições de mais uma “perfídia centralista”.também aqui, se tudo continuar na mesma, o Governo regional não poderá fazer de contas que nada é com ele e as-sistir de braços cruzados à morte do canal regio-nal de televisão, que se encontra realmente mo-ribundo.

o aLerta

P E R S P E C T I V A S

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FrAnCisCo [email protected]

veLa De eStai

“não se vive de raízes, vive-se de parabólicas!”esta frase, fantástica, foi dita assim, tal e qual, por um sacerdote, missionário em Moçambique, durante um programa que vi na tv.Já não me lembro do canal mas sei que se falava de progresso e de sustentabilidade. e também se falava das dificuldades da vida e do como procurar o futuro.esqueci quase tudo!Só não esqueci, com uma pontinha de inveja por não ter sido o descobridor de tal frase, a força dela e o peso dela!Mas vamos adiante!e tomemos para nós a frase, a ver se porventura não estaremos todos um bocado a viver do que as ante-nas parabólicas nos trazem, sem cuidar das raízes, co-mo é preciso.uma árvore, uma planta, qualquer que seja, tem raí-zes, caule ou tronco, ramos e folhas.Da terra, precisa tirar o alimento e a humidade, mas é do ar e do sol que tira o resto para viver e dar fruto.até a batateira, que entesoura as suas riquezas no escuro do chão, lança ramos e flores e vive ao de cimo da terra.esta crítica do tal missionário, mesmo feita ali ao do-brar da esquina passada por Bartolomeu Dias e já em vista dos orientes vários, que de lá se vislumbram, não encaixa só em Moçambique, infelizmente…a gente vive, mais do que parece, de parabólicas!Porque a gente copia sem saber porquê; tenta fazer igual sem cuidar das diferenças, esforça-se por ser tal e qual sem pensar que, naturalmente somos pareci-dos e diferentes ao mesmo tempo.a gente vê umas casas feitas lá longe e pumba, toca de fazer igual na paisagem das ilhas!(a gente vê umas casas aqui perto, antigas e bem fei-tas, ditas “das nossas” e com a mesma ligeireza, pum-ba, toca de copiar, sem saber também das razões, dos métodos, etc.).a gente vê umas estradas grandes e largas na tv e to-ca de querer fazer igual, mesmo que seja só para ir daqui perto ali mais abaixo, coisa que menos asfalto e betão resolviam na mesma.a gente vê parques e multi usos e tem de ter. Muitas

vezes sem cuidar do modo certo de fazer, adaptando, percebendo esta terra e a outra, e as diferenças e se-melhanças de cada uma.a gente vê centros comerciais lá fora e bimba, há que ter um!São alguns exemplos, dos muitos que qualquer um pode encontrar. Basta olhar e ver, ao nível dos costumes, das casas, das soluções políticas, das propostas de acção cultu-ral, e por aí fora o modo como se copia sem pensar muito ou até pensando nada.É verdade que somos seres humanos como os demais e, portanto, é natural a procura da semelhança.a questão não está aí!a questão está em:Porque é mais cómodo;Porque é mais fácil;Porque aborrece muito menos;Porque é só comprar;Porque fica muito mais “igual”;a gente copia de um lado e cola no outro, sem cuida-do e inteligência, perdendo a identidade aos bocadi-nhos, o estatuto cultural, a capacidade de pensar pela própria cabeça, a humanidade própria, em suma.Deixo-vos ainda um exemplo:neste país de navegadores e de gente ligada ao mar – neste arquipélago – os parques para as crianças brin-carem são todos iguaizinhos e comprados, prontos a montar, aí fora, num qualquer fornecedor!ninguém se atreveu a remar contra a maré e a procu-rar coisas de cada sítio que servissem de inspiração.uma burra de milho ou um cafuão, reinterpretados não dariam uma excelente coisa para trepar, subir e descer? um bote da baleia, com rampas e escadinhas, não seria muito mais nosso que uma “coisa” que pa-rece barco mas não passa disso?não seria muito mais interessante ver gente de palmo e meio, descobrindo formas dessas?Depois queixem-se do nada em que a gente mais no-va cai, sem saber e sem conhecer.as raízes plantam-se enquanto é tempo!

viver deParaBóLicas

foTo

gRA

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AnTó

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ARA

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16di DoMinGo 27.JANeIrO.2008 17di DoMinGo 27.JANeIrO.2008

QuanDo o SoL Se Punha, DePoiS

Do toQue DaS trinDaDeS, caDa uM Se

Fechava na Sua PróPria caSa. oS La-

BreGoS, Que vinhaM Do Mar, SuBin-

Do aS riBeiraS, oBriGavaM a Que eM

toDaS aS caSaS, PeLo MenoS eM uMa

DaS JaneLaS, houveSSe uMa canDeia

aceSa. era a noite De 2 De Fevereiro.

a noite do dia 2 de Fevereiro é celebrada hoje, já com algum, ou muito folclore à mistura, porém ain-da com muito respeito por parte do povo, e há pesso-as mais antigas, e não só, que sentem ainda hoje os mesmos medos de outrora, quando nessa noite o re-gresso a casa era feito somente com a luz do dia e o toque das trindades a todos chamava de forma mais insistente do que em qualquer outro dia do ano.estivessem onde fosse, homens, mulheres e crianças, corriam para casa, recolhendo-se nos seus lares, mas não sem que antes acendessem uma candeia, vela, ou qualquer outro tipo de luminária, que colocavam numa das janelas da casa, de preferência com as por-tadas bem cerradas e trancas na porta. Só os muito bravos se ficavam pelas tabernas até mais tarde. e mesmo esses, quase sempre acabavam por se arrepender da sua ousadia, já que, pelo menos do susto não se livravam.era a noite da estrela, das candeias ou da Luz.

LABREGOS Ou DIABRETESMal caía a noite, os labregos, uma espécie de homens disformes, cobertos de algas verde escuro, subiam à

terra, vindos do mar, por tudo quanto era ribeira.eles vinham, por entre o ruído das correntes das su-as mais horrendas prisões na terra em busca de qual-quer ser vivo que pudessem encontrar. Fosse homem ou animal, tudo eles levariam consigo antes da alvora-da de um novo dia e sem quaisquer contemplações.ainda não há mais de meio século, essa noite era as-sim nas ilhas, e os labregos eram conhecidos por di-versos nomes, sendo denominados, na zona oeste da ilha terceira, por diabretes, sendo que esta expressão é oriunda da ilha de S. Jorge, onde o culto destes se-res vindos do mar à terra, foi mais forte do que em qualquer outra ilha açoriana, embora se saiba que era também um dos maiores cultos na ilha do arcanjo, onde o cantar da noite das estrelas, ou à Senhora das estrelas, ainda hoje anima aquela ilha, cada vez com maior número de grupos em quase todas as localida-des, para que a tradição se mantenha.o povo temia-os mais que a tudo e os poucos ho-mens que se atreviam a sair de noite, provocados pe-lo anseio de visitarem uma qualquer taberna que fos-se possível encontrar aberta, encontravam um ror de candeias em todas as casas, acompanhadas por um horrendo arrepio na espinha que os fazia tremer até aos ossos, de m frio do outro mundo.a noite era entrecortada pelos gemidos dos labregos e, pelo chão de terra, as correntes roçavam a sua toa-da ameaçadora, de fazer tremer os mais valentes.

FENÓMENOSMaria augusta, nascida na freguesia de São Brás, há muitas décadas, contava que numa dessas noites, o marido ficara fora de casa até às tantas e quando re-gressava, foi perseguido por um fogoso cavalo que lhe embaraçava os passos. Bem que tentou ver-se livre dele, mas em vão. o bicho não o deixava de jeito ne-nhum e não havia quem o socorresse, até que uma mulher que se encontrava à janela, por detrás da luz de uma candeia, o chamou aos gritos e lá lhe conse-guiu colocar nas mãos uma agulha, daquelas de co-zer o pano e lhe disse para picar o animal quando es-

noite das candeias

te estivesse muito próximo dele. Manuel assim fez e, para seu deslumbramento, diga-se que mais susto do que outra coisa, viu cair aos seus pés um homem des-conhecido, nu, sem saber onde se encontrava, Mais um mistério ocorrido numa noite das candeias.Mas também há muito quem diga que esse tipo de ocorrência era frequente, e não apenas na noite de 2 de Fevereiro, mas ao longo de todo o ano.embora pudesse ocorrer em muitos outros locais, o caminho que vai da rua da Pereira ao terreiro de São João de Deus em angra, denominado de caminho Fundo, em tempos uma espécie de ribeira, foi palco, na década de 1940, de uma verdadeira comédia em noite de candeias.um homem, na casa dos quarenta, que tinha por hábi-to beber uns copitos a mais, subia aquela custaneira to-das as noites, com um, ou muitos, grãos na asa, a cami-nho de casa onde o esperavam a mulher e as filhas.um vizinho, mais afoito, em noite de candeias, resol-veu ir para o seu quintal e, noite escura como breu, quando o homem passava, resolveu arrastar longas correntes junto às paredes dos cerrados que davam para o caminho, provocando os mais horrendos sons, que assustariam o mais valente dos homens.este, subiu todo o caminho a correr, olhando para trás, quase a cada passada, verdadeiramente aterrorizado, tendo chegado a casa cós os bofes a quererem sair-lhe pela boca, de tão grande o assombramento.consta que, pelo menos em noite das candeias, não voltou a andar na rua depois do sino da velha igreja

de Santa Luzia, tocar as trindades.homens de lavoura, que se levantavam com o alvor do dia, contaram, gerações atrás de gerações, as si-lhuetas horrendas que viam, dos labregos ou diabre-tes a regressarem ao mar, por vezes parecendo que levavam ao colo outros seres vivos, que haviam en-contrado na rua, e só com o céu já todo despido de estrelas é que as candeias se iam começando a apa-gar nas portas e janelas das casas, sem excepção, des-de a mais humilde até à mais fidalga.eram outros tempos, outras pessoas, outras vivências, mas como a voz do povo é voz de Deus, e porque ao homem pouco mais do que nada é dado a sa-ber, mais vale colocar na janela, qualquer objecto que emane luz, a cada dia 2 de Fevereiro, não vá o Dia-bo tecê-las.Das duas uma, ou os labregos já não sobem as ribei-ras e os medos não se farão sentir, ou ainda o fazem e todo o cuidado será pouco.Seguramente, as ilhas ficarão iluminadas, e com uma rara beleza nocturna, com milhares de candeias ace-sas.a celebração de nossa Senhora das candeias, da es-trela, ou da Luz, chegou aos nossos dias, enquanto que os medos do povo, todos nós sabemos que ainda não se perderam totalmente, mas já não é como era, apesar de tudo. De qualquer modo, e durante todo o ano, sempre que falta a luz, sente-se qualquer coisa de estranho, que até faz o mais rijo dos homens asso-biar para afugentar os medos… não é?

rePortaGeM . FotoGraFia henrique DéDALo

LenDaS DoS noSSoS avóS

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Luiz FAGunDes DuArte

Quem me conhece sabe que eu sou deputado e fa-ço parte do grupo parlamentar que apoia o governo, numa situação de maioria absoluta. coisa menos im-portante, mas não menos real, eu sou o coordenador dos deputados do meu grupo parlamentar nas maté-rias que têm a ver com educação, ciência, ensino Su-perior, Juventude e Desporto (antes também tinha a cultura, mas as alterações recentemente introduzidas no regimento da assembleia da república mandaram a pobre da cultura para a esfera da… Ética, o que me faz coçar a orelha). tudo isto somado faz com que, na prática, uma decisão minha na comissão de educação, tomada numa circunstância imprevista, se possa trans-formar em lei – o que, muitas vezes, torna o meu traba-lho muito atraente mas, também, muito angustiante. Para que não se cometam erros de maior, os três minis-tros e quatro secretários de estado que tutelam as áre-as correspondentes ao meu campo de intervenção par-lamentar vão frequentemente reunir-se comigo e com os restantes deputados que eu coordeno: nós, que te-mos que defender no parlamento, e em muitos outros locais, os actos do governo, temos que saber de ante-mão o que é que o governo está a fazer, o que é que pensa fazer a seguir, e porque é que faz assim e não assado. De todas as áreas que coordeno, a educação é, sem dúvida, a mais trabalhosa e, de longe, a que mais dores de cabeça me dá. não será preciso explicar porquê.hoje, quarta-feira, foi a vez de a Ministra de educação comparecer à reunião – a que chegou atrasada por-que fora à costa da caparica inaugurar uma nova esco-la. “uma escola muito bonita!”, justificou ela, claramen-te orgulhosa. ao que eu respondi, em tom de brinca-deira: “Deve ter sido mais uma imitação dos que se faz nos açores…”.a ministra pôs-se séria, pausou uns segundos, e repli-

cou-me:«não me provoque!».este diálogo, meio atontado, tem uma história: é que, mesmo tendo em conta que os dois governos são do Partido Socialista, muitas das medidas mais polémicas tomadas pelo ministério da educação não produzem efeitos aqui na região, mercê da autonomia que te-mos – o que traz como efeito situações bizarras como a FenProF, que é afecta ao Partido comunista, ou o PSD, ou o cDS-PP, bradarem aos altos ventos que, em matéria de educação (porque é disso que falamos), o Governo da república tem muito que aprender com o Governo dos açores, que aqui é que se está bem… para depois me zurzirem nas orelhas explorando, sa-biamente, a minha situação incómoda de, enquanto deputado socialista eleito pelos açores, estar conotado com o bom trabalho que por cá se faz (injustamente, porque eu nada tenho a ver com o trabalho do actual Governo dos açores, a não ser pelo meu voto de cida-dão), e ao mesmo tempo, enquanto coordenador sec-torial do grupo parlamentar socialista que sustenta o governo da república, ter que defender coisas que eles consideram más – e, em certos casos, de sinal e quali-dade opostos.eu não vou discutir isso, até porque aquelas forças sin-dicais e partidárias só por puro interesse é que louvam agora a actuação do Governo dos açores em matéria de educação, quando até há pouco a combatiam: que-rem aproveitar-se do clima de alguma agitação (a meu ver exagerada) que dizem existir no país inteiro, explo-rando-o contra o Governo da república. Mas, no fundo, esta sagrada aliança PcP-PSD-cDS não deixa de ter as suas razões: eu conheço muitas escolas do continente, conheço muitas escolas dos açores – e quando toca a comparar, eu também sei fazer as mi-nhas contas.

o QUe está à vistanão se esconde

FoLhetiM 357

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ok, você conhece-o.

É o cantor De “a caBana Junto à

Praia” e “coMo o Macaco GoSta De

Banana”. o Que PoDe não SaBer É

Que JoSÉ ciD coMeçou Por

cantar FaDo e Jazz, viu teMaS

SeuS cenSuraDoS anteS Do 25 De

aBriL, Lançou uM áLBuM De

hoMenaGeM a Garcia Lorca e

Bateu-Se PeLa QueStão tiMoren-

Se. e continua a Ser PoLiticaMente

incorrecto: “a MiniStra Da cuLtura

não É cuLta”. o outro LaDo De uM

cantor Que Se aFirMa anti-SiSteMa.

“MariMBo-Me Para o ProtagonisMo”

como está a ser o acolhimento do público a este seu últi-mo trabalho?em 2006 lancei o álbum “Baladas da Minha vida” e no ano passado avancei com outro, que acho bas-tante divertido, que se chama “Pop rock e vice-versa”, que é um pouco o historial do pop e do rock portu-gueses, que começa com o “Quarteto 1111” e comi-go. É um trabalho que inclui algumas versões de anti-gos temas meus e até de temas de outros autores. É um álbum de que gosto muito, tem um grafismo mui-to interessante, inspirado em andy Warhol, mas que não funcionou tanto como o “Baladas da Minha vida, que é dupla platina.

Porque pensa que o álbum “Baladas da Minha vida” fun-cionou melhor? era menos difícil de absorver?Desde sempre, na história da música portuguesa, são as baladas que funcionam bem. não apenas as mi-nhas baladas, mas as de toda a gente... o público por-tuguês consome muito bem baladas, mas ainda não existe um mercado alargado para o rock e o pop. uma boa balada funciona sempre melhor que um óptimo tema pop/rock. É algo que tem a ver com a nossa pró-pria alma, que é melancólica.

disse que o álbum “Pop rock e vice-versa” revisita a sua história e a do próprio início do pop/rock português. co-mo era o panorama musical do nosso país nos anos 70?este álbum lembra temas como “Fácil pouco dócil”, que são controversos, contra o sistema, contra o regi-me marcelista. o rock português efectivamente come-ça nos fins dos anos sessenta, princípio dos anos se-tenta, com o “Quarteto 111”, comigo, e também com outras bandas. o panorama dos anos 70 era interes-sante, começava a despontar o José afonso, o adria-no, o carlos Paredes, e havia também a música mais comercial, mais popular, com os grandes vultos, como Simone de oliveira, Madalena iglésias e antónio cal-vário. Depois aparece o “Quarteto 1111”, que vai real-mente mexer bastante com esse cenário. existia uma nova geração para quem essa música portuguesa não era muito apelativa, que, de repente, ganha uma ban-da portuguesa de que gosta. essa nova geração hoje tem uns 50, 60 anos. nessa altura começa-se a per-ceber que em Portugal existe uma banda criativa, tão interessante como as inglesas e as americanas. Mas, ao mesmo tempo, essa era uma banda que ia buscar muito à música tradicional, tinha um conceito muito próprio de portugalidade. É uma obra que permane-ce ainda hoje por revelar, porque não interessou às editoras, ou porque não convinha ao sistema. talvez fosse politicamente incorrecta, como eu hoje conti-nuo a ser.

considera que ainda existe um regime que é preciso com-bater?Sim, claro. uma democracia maioritária pode-se trans-formar numa ditadura compulsiva. Só num país como o nosso é que o ministro da Saúde não é demitido imediatamente e a ministra da educação não é demi-

tida, porque não dialoga com os professores. hoje é mais caro educar um jovem do que na época de Mar-celo caetano... estou a falar de saúde, da educação e da cultura. a ministra da cultura não é culta, não in-centiva aquilo que é a nossa arte, a nossa música tra-dicional e não tem currículo sequer para ser minis-tra. há no Partido Socialista três ou quatro figuras que tem currículo para serem ministros da cultura, como por exemplo Manuel alegre. esta ministra não tem es-sa bagagem. Sou a única pessoa que tem coragem de o dizer.

nunca se sentiu prejudicado por essa postura anti-sistema?Já, mas até acho piada. não funciono por interesses, bato-me por causas. o facto de, neste momento, a mi-nha carreira estar muito bem e sólida e toda a gente me querer ouvir e ver, não me faz ficar do tipo: “Dei-xa-me agora ficar quieto e calado, que isto está tudo a correr bem. Deixa-me só controlar a minha conta bancária”. eu não sirvo para isso, nunca fui assim. nas-ci numa família que se pode dizer rica. o meu pai e a minha mãe nasceram com um estatuto social muito bom na sua região e também no país, mas isso não me impede de me continuar a bater pelo que gosto e acredito. não funciono em torno do estatuto social, mas do povo português, do meu país.

Que país é esse?o melhor do mundo. Somos um povo que sabe es-perar, que acredita, que é pacífico. até transferimos os nossos desejos e esperanças para os mitos e para as lendas. É o caso de São Sebastião e do milagre de Fá-tima. espera-se que nossa senhora resolva os proble-mas... Mas não é assim. Penso que a pessoa que me-lhor visão teve de Portugal foi o Marquês de Pombal, que o olhou de forma estratósférica. De há cem anos para cá, Portugal, se teve 10 ou 20 anos de república a sério, já é muito. teve 10 anos com Salazar e outros 10 com cavaco Silva, enquanto este não se assumiu como uma pessoa que raramente se enganava e que não lia jornais. aí, perdeu terreno...

é assumidamente controverso?eu não tenho uma postura controversa na sociedade. Quem a tem é o Governo. eu não contesto, constato.

as pessoas percebem essa postura?as novas gerações percebem muito bem. comecei a cantar em coimbra, nos anos 50. cinquenta anos de-pois, voltei lá para actuar para 15 mil jovens e tive-os a cantar as minhas músicas do princípio ao fim. isto quer dizer alguma coisa. em contrapartida, o sistema político conimbricense odeia-me. não canto na coim-bra capital da cultura, embora seja o único ícone vivo da música coimbrã. nunca sou chamado pela câmara municipal para qualquer actividade e, no entanto, em coimbra, há dois meses atrás, 15 mil jovens cantaram e dançaram comigo do princípio ao fim...

Qual era a diferença entre a censura anterior ao 25 de

entreviSta heLenA FAGunDes

FotoGraFia António ArAúJo

JoSÉ ciD

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22di DoMinGo 27.JANeIrO.2008 2�di DoMinGo 27.JANeIrO.2008

“DEPOIS LOGO SE vê”...também canta fado. Que lugar tem este género na sua vi-da?eu começo por cantar fado e jazz, nos anos 50. na minha família existiam uns dois guitarristas, pessoas que escreviam poesia e eu aprendi a cantar fado des-de pequeno. Sou um fadista amador e um cantor de jazz amador.

o que é que canta em termos de jazz?canto coisas em português, que é coisa que os can-tores de jazz portugueses não fazem. no dia em que os cantores de jazz portugueses perceberem que es-tão em Portugal e que só podem ser universais assu-mindo isso - porque nós temos ritmos na nossa mú-sica popular que são perfeitamente jazzísticos - aí po-dem ultrapassar as barreiras. agora, nunca o pode-rão fazer enquanto continuarem a imitar a ella Fitzge-rald ou o coltrane. o fado e o jazz seduzem-me por-que são as únicas expressões musicais no mundo em que nunca se canta igual, existe sempre um feeling diferente. além disso, o fado ainda tem uma grande vantagem sobre o jazz e os blues, que é ser poetica-mente muito superior. Sempre existiram grandes po-etas a escrever para o fado. hoje todo o mundo per-cebeu que o fado é uma expressão musical tão uni-versal e tão rica como o tango, a bossa nova, o jazz ou

os blues. ao mesmo tempo, não existe nenhum pro-grama sobre fado no canal de televisão pública, que todos nós pagamos… Parece que se hostiliza o fado, de uma forma tão anti-cultural que até irrita. É muito mais interessante ver um programa de fado, de músi-ca popular ou de baladas portuguesas do que ver um filme com o Steve McQueen, há 30 anos atrás, a ma-tar 50 índios.

Quais são os seus projectos para o futuro?Gerir a minha decadência. tenho 65 anos e os meus únicos medos são não ter saúde e morrer de uma for-ma violenta… em termos musicais, vou preservando a minha voz e a minha imagem, não fumando e dor-mindo bem, aparecendo bem em palco. tenho vários álbuns já arquivados e prontos para saírem. vou lan-çar dois discos de baladas originais, um de pop/rock, chamado “Menino-Prodígio”, o meu último concerto no campo Pequeno, que foi inesquecível, e outro dis-co, que se chama “Fados e Fandangos”. São cinco ál-buns para serem lançados.

disse que os próximos anos serão para gerir a sua carrei-ra, mas também a sua decadência. como gostava que o re-cordassem?esse é o título do meu próximo álbum. chama-se “De-pois logo se vê”…

abril e esta “censura” de que agora fala?antes do 25 de abril a censura era declarada. censu-ravam-me as canções, embora nunca tenha sido pre-so. o regime prendia e perseguia basicamente as pes-soas filiadas no Partido comunista Português. agora, posso dizer que tenho umas 40 canções que todo o meu país canta e que existem outros cantores e can-toras que têm duas ou três e acompanham os primei-ros-ministros e presidentes da república para tudo o que é sítio do planeta e eu não. não precisei foi de ninguém que me ajudasse a escrever as minhas can-ções. Mas depois tenho o público, o lado do país re-al.

Que valor tem para si esse país real?todo, absolutamente todo. o poder sabe muito bem que eu não vou estar com ele. isto a não ser que eu concorde. como já disse, eu não contesto, constato. agora vão fazer o aeroporto em alcochete. em vez de aproveitarem a Ponte vasco da Gama, vão construir outra ao lado. isto é impensável num país pobre, em que há miséria e é cada vez mais difícil estudar e ter acesso aos hospitais. vão-se fazer gastos faraónicos numa ponte ao lado de outra, esplendorosa, que sai praticamente em Lisboa. Quem vai enriquecer com is-to? É um país mal pensado, é isso que eu acho. e lá estou eu a dizer estas coisas. Sou sempre o mau da fita.

Utiliza a música para lutar por causas?também. tenho temas que são ecológicos ou políti-cos...

é o caso do álbum em que aborda a causa timorense...o meu álbum pelos direitos humanos foi uma expe-riência muito gratificante, que contou com algumas participações de amigos meus, como a Sara tavares, o olavo Bilac ou o Miguel Ângelo. isso para mim foi muito bom. Ficámos com a vitória do povo português sobre o mundo inteiro. vi o país unir-se e provar ser solidário...

teve orgulho do país nesse momento?Sim. Mas é preciso sempre não esquecer a forma co-mo saímos de timor, que é vergonhosa. não podemos esquecer que, quando se dá a grande invasão pela in-donésia, podíamos ao menos tentar negociado. talvez a austrália nos pudesse ter dado uma ajuda. ali estava em causa o mar de timor, com o maior depósito de petróleo do mundo por explorar. ninguém foi capaz de o dizer. nem os portugueses souberam explorar esse jazigo de petróleo. Somos uma gargalhada mun-dial... Podíamos muito bem ter-nos unido a outros pa-íses na exploração do petróleo, o que também seria rentável para a ilha de timor. outro exemplo é a nossa descolonização “exemplar” em que morreu mais de um milhão de pessoas. É um exemplo mundial aban-donar um país, quando a guerra colonial estava ga-nha, sem condições, precipitadamente, para os russos se meterem lá. Depois vem o doutor Mário Soares di-

zer que foi uma descolonização exemplar. como este Governo é exemplar... e lá está o chato do José cid pa-ra dizer que não. Mas podem-me perseguir à vontade, que eu tenho 65 anos e não tenho medo.

não tem medo de nada?não. tenho das doenças, da poluição, da energia nu-clear, mas isso toda a gente tem.

não tem medo que o público o esqueça?Já atravessei isso. atravessei o deserto nos anos 90 e foi óptimo. todos os desertos têm oásis. o deser-to não é só deserto. Gravei o álbum que é uma ode a Garcia Lorca, outro de jazz, outro com Pedro caldeira cabral, carlos de carmo e Jorge Palma sobre os Des-cobrimentos. Gravei um outro, lindíssimo, que está por revelar e que se chama “vendedor de Sonhos”.

deu-lhe liberdade essa travessia pelo deserto?Deu-me, porque eu sou uma pessoa que gosta basi-camente de música. Para mim o protagonismo não é importante. há cantores, quer na música pimbosa, co-mo na de qualidade, que vivem no medo de perder o protagonismo. eu não quero protagonismo. estou-me marimbando para o protagonismo. Sou um can-tor. continuo com a mentalidade do vocalista na ban-da. Se não me ligarem nenhuma, formo uma banda e começo a tocar em bailes.

Mas agora voltou em força...Sim, porque meti marketing na minha carreira. ho-je em dia é indispensável. temos um cagalhão musi-cal, perfumamo-lo, metemos uma miúda gira a cantar ou um rapaz que só sabe abrir e fechar a boca e diz-se que é fantástico. agora, pode-se fazer marqueting sobre boa melodia e boa poesia, o que é melhor. na música portuguesa há coisas que são boas e que não têm direito a marqueting nenhum. eu posso dizer que encontrei um grupo de pessoas que acreditam em mim, que me vêem como um cantor ao vivo. o que vim fazer aqui à ilha terceira é praticamente o mais di-fícil que há: trazer um piano, e ficar praticamente sozi-nho no palco. Sobreviver a isso é tão difícil...

como é essa sensação de estar sozinho num palco, só o cantor e o público...Quem anda a fazer muito isso é ney Matogrosso, que pega numa guitarra, sobe ao palco e fica sozinho em frente ao público. Diz: “eu sou assim, ouçam a minha música”. esse cantar sem rede torna tudo muito mais difícil, mas muito mais verdadeiro. Metade dos cantor-zinhos e cantorazinhas nunca teria coragem de fazer isso. a maior parte dos espectáculos deles é em play-back. o público é que tem de distinguir. a crítica tem de analisar o que é verdadeiro e o que não é. hoje, vê-em-se espectáculos de cantores e cantoras internacio-nais, de dimensão mundial, em que 70 por cento do espectáculo é disparado da mesa de som. Mas cada vez mais as gerações mais jovens têm a percepção do que estão a ver, o que me dá muita esperança.

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Face ao recente acórdão do tribunal constitucio-nal (1), após a reclamação de diversos pequenos par-tidos, entre os quais, o “nosso” PDa, da obrigação de fazer prova de que têm pelo menos cinco mil militan-tes, imposta pela lei dos partidos políticos aprovada em 2003 (2), sob pena de extinção judicial, teremos de concordar, em primeira via, que há um erro mate-rial de previsão desproporcionada pela assembleia da república (curioso, no entanto, que a criação de no-vos partidos está dependente de 7500 assinaturas). na altura, perante um arroubo dos grandes partidos, os outros, os pequenos com assento parlamentar, vo-taram favoravelmente, por unanimidade (3) (o cDS/PP era parte do arco da governação, o PcP e o Bloco de esquerda nada disseram), a sentença de morte dos mais pequenos ainda, esquecendo-se que, um dia, a lâmina pender-lhes-ia sobre o pescoço. além disso, e sobretudo, convém precisar que, aqui, a questão de fundo é a de defesa de uma concepção política do sis-tema democrático português que assume a importân-cia da diversidade de soluções e orientações ideoló-gicas num sistema, exclusivamente, partidário, como é o nosso. relembramos que a região já deu passos importantes nessa afirmação, com um círculo regional que permite assegurar um mínimo de representativi-dade aos partidos mais pequenos. não obstante, também, importa sublinhar, que, pa-ra haver uma representatividade parlamentar mínima, é fundamental que os pequenos partidos desenvol-vam trabalho sustentado junto do eleitorado, e, bem assim, cumpram obrigações perante órgãos indepen-

dentes de fiscalização, caso contrário a perversão de-mocrática estará, de novo, não na causa, mas, no re-médio.É, pois, imprudente o argumentário desses partidos quando se refugiam numa demagógica fumaça de atentado à liberdade de expressão, como se a con-quista de um estatuto, e dos seus direitos, não acarre-tasse obrigações. É-nos evidente que nada impede es-ses grupos políticos de se manifestarem ou explana-rem as suas ideias políticas enquanto associações. Quer isto dizer que os interesses em causa merecem uma ponderação que pode não obrigar à comprova-ção de militância (pelos menos nos actuais números), mas cuja, indispensável, prova de vida, para aceder a tempos de antena ou a recursos públicos, impõe que se vá além do que hoje é pedido (veja-se a obrigação de apresentação de candidaturas em quaisquer elei-ções gerais, pelo menos uma vez, durante um perío-do de seis anos consecutivos, em pelo menos um ter-ço dos círculos eleitorais, ou um quinto das assem-bleias municipais, no caso de eleições para as autar-quias locais). assim, confesso que não me repugna a cláusula barreira, em vigor noutros sistemas, quando determina um determinado número de votos, ou uma percentagem eleitoral, para o reconhecimento públi-co de partidos políticos. claro que, como em tudo, o segredo está no bom senso, o que, parece, anda a fal-tar… (1) http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/20080001.html

(2) http://www.cne.pt/dl/lpartidos2003.pdf

(3) http://www3.parlamento.pt/PLc/iniciativa.aspx?iD_ini=19430

os PeQUenos e os “Pechinchinhos”

GuiLherMe MArinhohttp://chaverde.blogspot.com/

oPinião

estou convencido que somos homens da autono-mia. a expressão homem autonómico não enceta ca-minhos que a locução homem da autonomia consen-te. Penso que o açoriano, numa primeira fase, seria mais da ilha, do mar e do clima. homem solitário e solidá-rio com o que o rodeia até à borda da terra. É um so-nhador para dentro, para as coisas da terra, não quer nada com o mundo e com o marPor altura do liberalismo, consequente da revolu-ção Francesa, o açoriano é outro. tem consciência do seu carácter marcadamente pela humidade, geogra-fia, terra queimada e encharcada de mar e de chuva. aqui é já não apenas português mas sobretudo ilhéu. É agora ali um homem sonhador do e pelo mundo. Quer mais.hoje o açoriano, embora seja tudo isso, é mais algu-ma coisa, sobretudo mais substancial. É o homem da autonomia. tem um sentido de região insular e arqui-pelágica; tem um sentido da sua unidade social e cul-tural; tem o sentido de uma identidade própria. Mes-mo sem a saber definir, aliás, sobretudo por não o sa-ber fazer. o homem da autonomia não quer o mun-do, não quer mais do mundo do quanto quer agir nu-ma participação democrática mais do que o portu-guês continental ou o ilhéu da Madeira. o açoriano da autonomia quer agarrar a vida e modificar-lhe, não os predicados estruturais naturais, mas a sua utilida-de e funcionalidade.o homem da autonomia não quer apenas significar que o seja por existir nos açores uma região autóno-ma dotada de poderes próprios de res publica. É-o em primeiro lugar porque se encontra inserido no e num mundo que os meios de informação instantânea o colocam no lugar dos acontecimentos mais signifi-cativos. isto é, num mundo que quer a globalização mas simultaneamente quer a individualidade regio-nal; melhor ainda, num mundo que quer e não quer a globalização; ou antes, num mundo que quer o parti-

cular nos particulares do todo. Quem é este novo homem, o homem da autonomia?

* o título é de um programa da rtPaçores, “estação de Servi-ço”, nov. 2007.

«açorianos, QUeMsoMos nós?»*

ArnALDo ouriqueSaLa Da [email protected]

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digo que seja impossível, mas não tenho essa ilu-são”. no entanto, o capitão do terceira Basket garante que não perdeu a ambição e admite que a Proliga seria uma solução interessante, sobretudo se atingisse o segundo escalão do basquetebol luso com a camisola do antigo emblema satélite dos “leões”. “a Proliga é, de facto, um campeonato muito engraça-do. há equipas de excelente qualidade, recheadas de óptimos jogadores portugueses. como ainda sou no-vo, tenho o objectivo de chegar mais além, surgindo a Proliga como uma opção bastante atractiva. conside-

ro, inclusive, que seria o quadro competitivo ideal pa-ra o terceira Basket”.elemento habitual no cinco inicial do representante das ilhas de bruma no campeonato nacional de Bas-quetebol 1 (cnB1) – zona Sul, Dédalo enes mostra-se deveras agradado com as condições que o clube oferece:“conheço as pessoas envolvidas neste projecto há muitos anos e sinto que confiam em mim. o treina-dor nuno Barroso, para além de meu antigo colega de equipa, é uma das minhas grandes referências na mo-dalidade. como pessoa, é também excelente. em face de tudo isto, não vejo razões para mudar”. “a equipa comporta atletas muito jovens, mas que cresceram imenso, em termos de qualidade de jogo,

nos últimos dois anos. estão a actuar com regularida-de no terceira Basket por mérito próprio. Depois, for-mamos um conjunto extremamente ambicioso e com um balneário magnífico. Podemos não ter o melhor plantel, mas somos uma das equipas mais fortes do campeonato. Se chegarmos bem aos play-offs, tudo pode acontecer”, acrescenta, com evidente satisfação. o extremo/poste considera a passagem pela Liga Pro-fissional, ao serviço do Lusitânia angra Património Mundial, como um momento “muito interessante”, atendendo a que acabou a época com uma média de utilização bastante aceitável.

amante confesso da bola ao cesto, Dédalo enes, natu-ral da Praia da vitória, não coloca de parte a possibili-dade de abraçar a carreira de treinador.“vivi duas experiências ao serviço dos escalões de for-mação do Lusitânia. Gostei, mas sinto que tenho de estar devidamente preparado. a experiência de atleta não é suficiente. Por outro lado, se já é difícil conci-liar a vida profissional com a prática desportiva, mais complicado seria aliar as três vertentes”. “Quando deixar de jogar, aí, sim, é um cenário que se pode concretizar, até porque é maravilhoso trabalhar com miúdos. vamos ver o que é que o futuro nos re-serva. Para já, estou concentrado a 100% na minha actividade enquanto atleta do terceira Basket”, ter-mina.

PaLavra de caPitãoDÉDaLo eneS

rePortaGeM MAteus roChA

FotoGraFia António ArAúJo

Produto dos escalões de formação do Sc Lusitâ-nia, Dédalo enes, de 27 anos de idade e 1.93 metros de altura, é um dos principais talentos do basquete-bol açoriano. a vestir pelo segundo ano consecutivo a camisola do terceira Basket clube, o nosso entre-vistado, embora não feche totalmente a porta, assu-me como pouco provável o regresso ao grémio ver-de e branco.“atendendo à minha actividade profissional (funcio-nário da Sata air açores), não é fácil voltar ao Lusi-tânia, conquanto gostasse de sublinhar o apoio fan-tástico que tenho recebido da empresa e dos meus colegas de profissão. trabalho por turnos, o que tor-na sobremaneira complicado conciliar as exigências competitivas da Liga com a vida profissional. não

na LiGa ProFiSSionaL, De “Leão” ao Pei-

to, conFirMou caPaciDaDeS inataS

Para a Prática Do BaSQueteBoL. aGo-

ra, coMo caPitão Do terceira BaSket,

o extreMo/PoSto DÉDaLo eneS Sonha

eM aScenDer ao caMPeonato Da Pro-

LiGa. tareFa coMPLicaDa, reconhece,

MaS não iMPoSSíveL.

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Livros

o afinador de Pianos Cristina nortonDom Quixote221 páginas

De Perón a evita, passan-do por Franco e Salazar, Benjamim, um afinador de pianos madrileno, vê-se arrastado por aconte-cimentos políticos que o condicionam.a profissão leva-o a viajar até à Galiza nas vésperas da Guerra civil espanho-la. Separado da família durante os três anos que dura o conflito, a sua vi-da complica-se ao ponto de empreender uma fu-ga que o leva a uma Lis-boa de espiões e de re-fugiados e, mais tarde, a Buenos aires.com uma narrativa apai-xonante, cristina norton envolve-nos numa his-tória de encontros e de-sencontros, de amor e de guerra, onde quaren-ta anos de realidade his-tórica convivem com o imaginário latino-ameri-cano. o humor e a ironia estão sempre presentes e os enredos picarescos de várias personagens imprimem ao livro um compasso de tango.

exPosiçÕes

“corpo intermitente” é o título de uma mostra de arte contemporânea pa-tente no Museu de an-gra, até 21 de abril.“Percursos” é o título de uma exposição de pin-

tura, da autoria de Flori-mundo Soares, patente na carmina Galeria, até 2 de Março.uma exposição de cari-caturas e cartoons da au-

toria de carlos Laranjeira está patente no centro cultural de angra, até 23 de Fevereiro.“Loop” é o título de uma exposição de pintura de

Paula Mota, patente na Sala Dacosta do Museu de angra, até 27 de Ja-neiro.“La Mirada Panorámica” é o título de uma exposi-ção de fotografia paten-te na Sala do capítulo do Museu de angra, até 27 de Janeiro.uma exposição de co-nhas de augusto veiga está patente no Museu da Graciosa, até 31 de Janeiro.

cineMa

uma extensão do cinee-co 2007 - Festival de ci-nema e vídeo da Serra da estrela - Seia decor-re até hoje, domingo, no centro cultural de angra e no auditório do ramo Grande.o centro cultural de an-gra apresenta de segun-da a quinta-feira, dias 28 a 31, pelas 21h00, “Pro-messas Perigosas”.

workshoP

“Bebés & Família” é o tí-tulo de um workshop que decorre até hoje, do-mingo, no centro cultu-ral de angra.

carnavaL

um baile de máscaras, com jantar incluído e ac-tuação do bailinho de João Mendonça “as sete maravilhas de Portugal”, tem lugar sexta-feira, dia 1, a partir das 19h30, no centro cultural de angra.

PUBL

ICID

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sUgestÕes tiro&QUedarui MessiAs

DIÁrIO INSULAr - Ficha Técnica: Propriedade: Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda., nº. Pessoa Colectiva: 512002746 nº. registo título 101105 Jornal diário de manhã Composição

e Impressão: Oficinas gráficas da Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda. Sede: Administração e redacção - Avenida Infante D. Henrique, n.º 1, 9701-098 Angra do Heroísmo Terceira

- Açores - Portugal Telefone: 295401050 Telefax: 295214246 [email protected] | www.diarioinsular.com Director: José Lourenço Chefe de redacção: Armando Mendes redacção:

Hélio Jorge Vieira, Fátima Martins, Vanda Mendonça, Henrique Dédalo, rui Messias e Helena Fagundes Desporto: Mateus rocha (coordenador), Luís Almeida, Daniel Costa, José eliseu

Costa, Jorge Cipriano e Carlos do Carmo. Artes e Letras: Álamo Oliveira (coordenador) Colaboradores: Francisco dos reis Maduro Dias, ramiro Carrola, Claudia Cardoso, Luís rafael do

Carmo, Luiz Fagundes Duarte, Gustavo Moura, Francisco Coelho, José Guilherme reis Leite, Ferreira Moreno, António Vallacorba, Diniz Borges, Bento Barcelos, Jorge Moreira, Duarte Frei-

tas, Guilherme Marinho, Daniel de Sá, Soares de Barcelos, Cristóvão de Aguiar, Vitor Toste, Luis Filipe Miranda, Paulo Melo e Fábio Vieira Fotografia: António Araújo, rodrigo Bento, João

Costa e Fausto Costa Design gráfico: António Araújo. Agência e Serviços: Lusa edição electrónica: Isabel Silva Sócios-Gerentes, com mais de 10% de capital: Paula Cristina Lourenço,

José Lourenço, Carlos raulino, Manuel raulino e Paulo raulino. Tiragem desta edição: 3.500 exemplares,; Tiragem média do mês anterior: 3.500 exemplares; Assinatura mensal: 11 euros

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