dg11112010

1
8 PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 11/11/2010 DIÁRIO GAÚCHO Venda ilegal ... e liberada S e você quiser um tênis falsificado, encontra. Óculos de sol, celulares, CD’s e DVD’s piratas também. A única coisa que o pedestre não consegue ver no Centro da Capital é a fiscalização da prefeitura. Desde a inauguração do Camelódromo, em fevereiro de 2009, tem sido assim: camelôs irregulares, conhecidos como caixinhas, agem livremente. A presença dos vendedores ilegais nas ruas incomoda pedestres e lojistas e desafia as autoridades. O pior vem agora: a Secretaria Municipal da Indústria e Comércio (Smic) admite que não tem o que fazer. Na segunda-feira, a reportagem do DG encontrou caixinhas em vários pontos. Produtos ficam escondidos Para continuar vendendo produtos sem nota fiscal, eles mudaram a estratégia. Em vez de usar caixas de madeira ou papelão nas calçadas – a origem ao apelido – como expositores móveis de mercadorias, jovens de camiseta, bermuda e boné conquistam a clientela no grito. Os produtos ficam escondidos em prédios próximos. Nas mãos, os ambulantes carregam catálogos coloridos com fotos de modelos de tênis. À tardinha, mais de 30 em ação Na segunda de manhã, pelo menos oito jovens ofereciam tênis supostamente da marca Nike na esquina das ruas Otávio Rocha e Marechal Floriano. O par era vendido por R$ 150 (linha 1) e R$ 200 (linha 2). – O linha 1 é parecido, mas o 2 é original. Te mostro, quer ver? – pergunta o caixinha na expectativa de aumento da receita. Às 18h, na frente da escadaria do Camelódromo, pela Rua Voluntários da Pátria, havia 12 ambulantes. Mais adiante, no trecho entre as ruas Doutor Flores e Vigário José Inácio, outros 21 buscavam fregueses. Desde fevereiro de 2009, depois da inauguração do Camelódromo, o Diário Gaúcho vem denunciando a ação dos caixinhas. CAMELÔS IRREGULARES Ambulantes conhecidos como “caixinhas” seguem oferecendo produtos piratas no Centro da Capital. Smic admite que há falta de fiscais. RESUMO DA NOTÍCIA EDUARDO RODRIGUES [email protected] O assunto já foi notícia no Diário 14 e 15/2/2009 O assunto já foi notícia no Diário 9/4/2009 Repórter: Quanto custa o tênis? Caixinha: O da linha 1 custa R$ 150 e o da Linha 2, R$ 200 ( um parceiro se aproxima e mostra fotos dos modelos). Repórter: Você me entrega na hora? Caixinha: Sim, tu escolhes e a gente busca. Paga e eu pego pra ti. É rapidinho. Repórter: Tu ficas sempre aqui? Caixinha: Sim. Se eu não estiver, eles ( os outros vendedores) me chamam. “Tu escolhe e a gente busca” Durante cinco minutos, a reportagem conversou com um dos caixinhas sobre uma possível compra. A explicação para a ação tranquila dos vendedores ilegais está no desmonte da equipe de fiscalização da Smic. A justificativa do chefe do setor, Walter Souza Correa, vem em tom de desabafo: – É impossível fazer o trabalho. Teríamos de ter de 70 a 80 fiscais na rua, mas contamos somente com 21. Nos últimos seis anos, a secretaria perdeu 68 fiscais. Em 2004, as atividades de ambulantes eram monitoradas por 104 agentes – 91 deles nas ruas. Hoje, a Smic dispõe somente de 21 para combater a venda de produtos ilegais em toda a cidade, e 36 no total. Aposentadorias, demissões e transferências são as principais causas da redução. FALTAM FISCAIS NA SMIC O assunto já foi notícia no Diário 7/7/2009 MARCELO OLIVEIRA Repórter negociou com os caixinhas

Upload: thiago-sturmer

Post on 27-Jan-2017

5.038 views

Category:

News & Politics


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: dg11112010

8 PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 11/11/2010DIÁRIO GAÚCHO

Venda ilegal ...e liberada

Se você quiser umtênis falsificado,encontra. Óculos

de sol, celulares, CD’s eDVD’s piratas também.A única coisa que opedestre não conseguever no Centro da Capitalé a fiscalização daprefeitura. Desde ainauguração doCamelódromo, emfevereiro de 2009, temsido assim: camelôsirregulares, conhecidoscomo caixinhas, agemlivremente.

A presença dosvendedores ilegais nasruas incomodapedestres e lojistas edesafia as autoridades.O pior vem agora: aSecretaria Municipal daIndústria e Comércio(Smic) admite que nãotem o que fazer.

Na segunda-feira, areportagem do DGencontrou caixinhas emvários pontos.

● Produtos ficamescondidos

Para continuarvendendo produtos semnota fiscal, elesmudaram a estratégia.Em vez de usar caixasde madeira ou papelãonas calçadas – a origemao apelido – comoexpositores móveis demercadorias, jovens decamiseta, bermuda eboné conquistam aclientela no grito. Osprodutos ficamescondidos em prédiospróximos.

Nas mãos, osambulantes carregamcatálogos coloridos com

fotos de modelos detênis.

● À tardinha, maisde 30 em ação

Na segunda demanhã, pelo menos oitojovens ofereciam tênissupostamente damarca Nike naesquina das ruasOtávio Rocha eMarechal Floriano. Opar era vendido porR$ 150 (linha 1) eR$ 200 (linha 2).

– O linha 1 éparecido, mas o 2 éoriginal. Te mostro,quer ver? – perguntao caixinha naexpectativa deaumento da receita.

Às 18h, nafrente da escadariado Camelódromo, pelaRua Voluntários daPátria, havia12 ambulantes. Maisadiante, no trecho entreas ruas Doutor Flores eVigário José Inácio,outros 21 buscavamfregueses.

Desde fevereiro de2009, depois dainauguração doCamelódromo, o DiárioGaúcho vemdenunciando a açãodos caixinhas.

CAMELÔS IRREGULARES

Ambulantes conhecidos como“caixinhas” seguem oferecendo produtospiratas no Centro da Capital. Smic admiteque há falta de fiscais.

RESUMO DA NOTÍCIA

EDUARDO [email protected]

O assunto já foi

notícia no Diário

14 e 15/2/2009

O assunto já foinotícia no Diário

9/4/2009

Repórter: Quanto custa otênis?

Caixinha: O da linha 1 custaR$ 150 e o da Linha 2, R$ 200(um parceiro se aproxima emostra fotos dos modelos).

Repórter: Você me entregana hora?

Caixinha: Sim, tu escolhes e agente busca. Paga e eu pego prati. É rapidinho.

Repórter: Tu ficas sempreaqui?

Caixinha: Sim. Se eu nãoestiver, eles (os outros vendedores)me chamam.

“Tu escolhe e a gente busca”Durante cinco minutos, a reportagem conversou com um

dos caixinhas sobre uma possível compra.

A explicação paraa ação tranquilados vendedoresilegais está nodesmonte daequipe defiscalização daSmic. A justificativado chefe do setor,Walter SouzaCorrea, vem emtom de desabafo:

– É impossível

fazer o trabalho.Teríamos de ter de70 a 80 fiscais narua, mas contamossomente com 21.

Nos últimos seisanos, a secretariaperdeu 68 fiscais.Em 2004, asatividades deambulantes erammonitoradas por104 agentes – 91

deles nas ruas.Hoje, a Smic dispõesomente de21 para combater avenda de produtosilegais em toda acidade, e 36 nototal.Aposentadorias,demissões etransferências sãoas principais causasda redução.

FALTAM FISCAIS NA SMIC

O assunto já foi

notícia no Diário

7/7/2009

MARCELO OLIVEIRA

Repórter negocioucom os caixinhas