revista empreendedor

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Integração pelo Juruá A estrada da redenção Pacto pela Educação Fortalece a Matriz Curricular em Rio Branco Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre CPI da Energia Elétrica Deputados investigam as distorções na conta de luz do acreano Empreendedorismo Social Melhorando a vida de quem mais precisa Praça da Revolução – Rio Branco - Acre Entrevista: Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita

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Revista Empreendedor, edição 2009

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Page 1: Revista Empreendedor

Integração pelo Juruá A estrada da redenção

Pacto pela Educação Fortalece a Matriz

Curricular em Rio Branco

Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre

CPI da Energia Elétrica Deputados investigam as distorções

na conta de luz do acreano

Empreendedorismo Social Melhorando a vida de quem mais precisa

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Entrevista: Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais

Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita

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Índice23

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Consultoria Empresarial – com Alan Rick

Economia Cooperativista

Integração pelo Juruá - A estrada da redenção

Transporte de Cargas Novas Regras para Validar o Registro Nacional

CPI da Energia Elétrica Deputados investigam as distorções na conta de luz do acreano

As Muitas Histórias de uma “Princesinha”

Coluna Acre $/A – com Mirla Miranda

Entrevista: Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais

Cheiro da FlorestaAssociação francesa busca matérias primas para a fabricação de perfumes

Empreendedorismo SocialMelhorando a vida de quem mais precisa

Sivirino vai à Expoacre

Cerâmicas acreanas buscam certificação

Carta Aberta de um Seringalista da Amazônia ao Presidente Lula

Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre

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editorial

O filho tão esperado, a formatu-ra, a casa própria, o primeiro carro... Todas essas conquis-

tas demandam esforço, disposição, sacrifícios e tempo. E tempo é tudo na vida, como destaca o artigo de Mirla Miranda, uma das novidades desta edição – além da parceria com o programa Acre S. A./ Amazônia S.A. As novidades, aliás, estão em todas as páginas. Afirmamos, sem nenhum equívoco, que você tem em mãos uma nova revista. Nova em essência, conteúdo, foco e até no nome.

Iniciamos o trabalho da edição de setembro/outubro bem cedo. As pau-tas eram muitas, os temas também. Este mês você vai conhecer através da REVISTA EMPREENDEDOR as histórias de sucesso de Raimundo Noleto – o “Raimundo da Casa dos Cereais” que começou seu empreen-dimento, junto com os irmãos, numa banca ao lado do mercado novo. Saberá também como o Roberto da Princesinha transformou uma lancho-nete num dos mais famosos restau-rantes da capital e que estratégias de marketing desenvolveu diante de cada desafio.

Esta edição traz um balanço geral da Expoacre 2009! Tudo bem, tá cer-to que já estamos em outubro, porém nenhuma revista jamais trouxe um levantamento tão completo do maior evento do estado. A reportagem “Sivi-rino vai a Expoacre” merece sua aten-ção. Como um produtor rural enxerga a Feira? O que interessa ao homem do campo, num evento dessa magni-tude? Você saberá e certamente vai se divertir durante a leitura.

A integração comercial, cultural e política com o Peru, em Cruzeiro do Sul, é também uma reportagem espe-cial. Durante a realização da ExpoJu-ruá 2009 um importante evento selou o acordo de intenções comerciais, culturais e políticas entre os dois pa-íses. Aliás, um passo gigantesco foi dado para a integração comercial durante o Encontro Político Empresa-rial entre autoridades dos dois países

Expediente:

Vanderlei NascimentoDiretor Presidente

Alan Rick MirandaDiretor de Jornalismo e

Consultoria

Marcela JansenJornalista Assistente

Zeneide MotaDiretora Administrativa

Mx DesignLayout

que aconteceu no finalzinho de agos-to: a vinda de aviões cargueiros direto do Peru com produtos que estão na pauta de importação juruaense (e a posterior exportação de produtos da nossa região para o país vizinho) con-firmaram o bom momento da relação entre as duas regiões. Ponto para os políticos e empresários de Cruzeiro do Sul.

A EMPREENDEDOR traz também matérias sobre “empreendedorismo social” (você sabe o que é?); sobre a CPI da conta e luz - assunto que in-teressa muito a quem produz riqueza no Acre e que se sente vilipendiado pelo altíssimo valor pago pela ener-gia elétrica no estado; tem a matéria sobre o recadastramento do setor de transportes em todo o Brasil e muito mais.

Ah sim, antes que eu me esqueça: a revista também estará circulando em Boa Vista-RR e Manaus-AM e nas próximas edições traremos reporta-gens do empreendedorismo que se faz nesses estados vizinhos. Por isso a mudança. A EMPREENDEDOR agora é da Amazônia e do Brasil, mas com os pés bem firmados no seu nas-cedouro, trazendo e focando sempre em primeiro lugar o empreendedoris-mo do povo acreano.

Boa leitura.

Vanderlei NascimentoDiretor Presidente

Empreendedor deSucesso anuncia AQUI.

(68) 3223-0954(68) 9969-2718

Rua Delfim Neto/63Cep: 69.908-970

Cohab do Bosque

Integração pelo Juruá A estrada da redenção

Pacto pela Educação Fortalece a Matriz

Curricular em Rio Branco

Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre

CPI da Energia Elétrica Deputados investigam as distorções

na conta de luz do acreano

Empreendedorismo Social Melhorando a vida de quem mais precisa

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Entrevista: Raimundo Noleto da Casa dos Cereais

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A Casa dos Cereais conquistou clientes e amigos ao longo de sua história por algumas ca-

racterísticas comerciais que poderí-amos chamar de virtudes. O arroz, a farinha, o milho, o feijão, a mandioca, as hortaliças e frutas da região e os produtos que encontramos em qual-quer supermercado, com o diferen-cial de que os sócios-irmãos tinham sempre uma maneira de ajudar o cliente a pagar de acordo com suas possibilidades. Era comum um pro-dutor-fornecedor precisar de ajuda, de crédito, e a quem procurava? Os irmãos Leonídio, Vítor e Raimundo, da Casa dos Cereais. Os produtos em abundância e sempre frescos aju-daram a consolidar a Casa dos Cere-ais como um dos pontos comerciais mais importantes do Mercado Novo, o atual Mercado Elias Mansour.

Essa típica empresa familiar cres-ceu e hoje é uma bem sucedida rede de supermercados. São duas lojas em Rio Branco e uma em Brasiléia, além de novos investimentos que já estão sendo tocados.

A vocação comercial dos irmãos vem desde o berço, aliás, vem do sangue e é essa história que vamos conhecer com mais detalhes a partir desta reportagem.

EMPREENDEDORES DE BERÇO

“Seu Davino Martins Noleto, goia-no e dona Maria Moreira, uma mara-nhense de fibra, tiveram 15 filhos, dos quais 12 estão vivos. Seu Davino era um homem do campo, não teve es-tudo, mas tinha visão de empreende-dor. Ao saber que uma nova cidade estava para ser erguida em Goiás, pe-gou os poucos pertences, a mulher e os filhos e caminharam 30 dias a pé até chegar àquilo que um dia viria a ser o município de Gurupi, hoje no estado do Tocantins.

Seu Davino montou sua barraca e passou a vender a produção da la-voura no recém criado mercado muni-cipal de Gurupi. Ali começava a forjar no caráter dos filhos o mesmo espírito empreendedor que carregava.

Aos seis anos de idade, o filho Raimundo já era levado pelo pai para ajudar na feira. Com os outros irmãos fazia de tudo. Vendeu picolé, engra-xou sapatos e conforme ia crescendo assumia mais responsabilidades. Aju-dava, mas também estudava. Com muita luta concluiu o ensino médio.

Em 1978, já rapaz, Raimundo fez um concurso para a aeronáutica. Foi aprovado e serviu como soldado no VI Comando Militar da Aeronáutica, na Base Aérea de Anápolis (GO). Fi-cou ali quase dois anos. “Esse perío-do marcou decisivamente minha vida. No quartel aprendi disciplina e senso de hierarquia. Até hoje aplico algu-mas regras do modelo militar no nos-so empreendimento. Por isso muitos funcionários me vêem como militar”, revela Raimundo Noleto. Sempre que aparecia um serviço na base aérea, o soldado Raimundo era voluntário, por isso foi adquirindo o respeito e a ad-miração de todos na tropa.

Mas a saudade do pai falou mais alto. Aliás, não só a saudade. “Seu” Davino não via futuro para o filho na carreira militar. Em 1980, Raimundo

estava de volta a Gurupi. Virou técni-co de futebol do time juvenil do Cru-zeirinho. Os meninos eram bons de bola e chegaram a ficar meses sem perder uma partida. Os pais gosta-vam por causa do treinamento e da disciplina militar do técnico do time. Foram 10 anos na carreira de técnico de futebol amador, no Tocantins. Ain-da no Tocantins, foi eleito vereador por dois mandatos no município de Gurupi.

A VINDA PARA O ACRE

Em 1990, os irmãos Vítor e Leo-nídio vieram para o Acre. Eles viam no estado as mesmas oportunidades que o pai enxergou em Gurupi. Os irmãos que já tinham experiência no ramo de secos e molhados monta-ram uma barraca ao lado do Merca-do Novo e iniciaram o negócio. Rai-mundo chegou um pouco mais tarde, convocado pelos irmãos. Antes tinha orado a Deus, pedindo um sinal, uma direção para verdadeiramente vencer na vida. Sabia que seria comerciante. Noleto é crente fervoroso da Assem-bléia de Deus Ministério Madureira.

Quando chegou a Rio Branco, a banca já empregava 10 funcionários. Raimundo, dos irmãos, sempre teve um perfil mais ousado para os negó-cios. Em razão disso, Vítor e Leonídio o

entrevistaCASA DOS CEREAIS DE BARRACA A SUPERMERCADO COM A FORÇA DA FAMÍLIA

Raimundo e seus irmãos começaram com esta pequena banca ao lado do Mercado

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colocaram como diretor do empreendi-mento.

O movimento do mercadinho já era bom. O empreendimento era fa-moso porque tinha de tudo: hortifruti-granjeiros, cereais, peixe seco, rapa-dura, produtos a granel, farinha de Cruzeiro do Sul, farinha de tapioca...

O faturamento já era suficiente para que os irmãos levassem uma vida sossegada, mas sem luxo. Os dois primeiros estavam satisfeitos com o rumo dos negócios, mas Rai-mundo não. Enxergava muitas injustiças no dia-a-dia do mercado municipal. Gente desempregada ou no subemprego. Tinha o desejo de contratar essas pessoas, possibilitan-do renda para suas famílias.

EXPANDINDO O NEGÓCIO

Raimundo começa, então, a mo-tivar os irmãos a investir e ampliar o negócio. Conseguiu convencê-los e com recursos próprios e a parceria de alguns fornecedores, em 2004 am-pliaram o negócio e transformaram o antigo mercadinho em supermerca-do.

Em pouco tempo já estavam comprando as áreas em redor e hoje são donos de 3200 metros quadra-dos do imóvel vizinho à Feira Muni-cipal. A área total, somando-se os pontos alugados, fica em torno de 4,7 mil metros quadrados.

A empresa foi crescendo na mes-ma medida em que as pessoas vi-nham procurar emprego. “Eu posso dar um exemplo desse nosso jeito de trabalhar. O Goiano (como é conhe-

cido o irmão Leonídio) ajudou certa vez o empreendimento de um rapaz, o Zacarias. Não tínhamos nenhuma garantia de recebimento do dinheiro investido. O rapaz queria montar uma casa de farinha. O Goiano acreditou, ajudou o rapaz, o negócio deu certo e hoje o Zacarias expandiu seus negó-cios e virou até pecuarista. Mas o filho dele ainda toca a casa de farinha no Calafate”, revela Raimundo.

A LOJA DO TANCREDO NEVES - MODERNIZAÇÃO E GRANDEZA

O Supermercado Casa dos Ce-reais do Tancredo Neves surgiu em 2007. Muitos consumidores fiéis da Casa dos Cereais do mercado Elias Mansour moravam naquela região da cidade e constantemente pediam que os irmãos abrissem um merca-do por ali. Outro fator que motivou a expansão foi a falta de estrutura na área próxima do Terminal Urbano. No local o estacionamento é insuficiente, o trânsito é muito congestionado e a concorrência está muito próxima.

O imóvel no Tancredo Neves é alu-gado, mas ali os Noleto investiram R$ 3,5 milhões em acabamento, reforma e instalações. Outra loja que será am-pliada em breve é a de Brasiléia que passará dos atuais 400 metros qua-drados para 2 mil metros quadrados.

Um dos sonhos de Raimundo está sendo consolidado. Hoje, ele e sua família dão emprego direto a 400 pes-soas. Indiretamente estima empregar aproximadamente 5 mil acreanos.

Esse tocantinense de 50 anos,

adotou o Acre como sua casa. Sua es-posa é dona Anilsa Barbosa Moreira, também de Gurupi-TO. Eles têm três filhos: Igor, Huggo e Hudson. Raimun-do Noleto que recebeu os títulos de ci-dadão rio-branquense e acreano pela Câmara de Vereadores de Rio Branco e Assembléia Legislativa, respectiva-mente, concedeu a seguinte entrevista à EMPREENDEDOR ACREANO.

RE: COMO SURGIU O NOME CASA DOS CEREAIS?

RAIMUNDO NOLETO: Porque nosso foco de vendas era o milho, o feijão, o arroz... Aí você já viu! No Acre o nome pega! Naquela época a pro-dução de grãos também era maior. Ti-nha um incentivo muito grande quan-do o (Tião) Bocalon era secretário de agricultura. Foi um período muito bom para a produção.

RE: POR QUE O SENHOR VENCEU NO ACRE E NÃO NO TOCANTINS?

RAIMUNDO NOLETO: Porque eu acredito que o Acre é a terra das oportunidades para quem quer traba-lhar. Tem um povo hospitaleiro que só precisa de uma mão, um apoio inicial. Precisamos gerar oportunidades de trabalho para o nosso povo.

RE: ONDE É PRECISO MAIS OPORTUNIDADES DE TRABALHO?

RAIMUNDO NOLETO: Eu penso que o Estado tem que criar as con-

A Casa dos Cereais do Tancredo Neves, um investimento de quase R$ 4 milhões, foi um pedido dos moradores da região

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dições para que a iniciativa privada possa se desenvolver mais. Devemos olhar com mais carinho para a produ-ção. Eu creio que nós empresários e produtores também podemos criar essas condições para que o nosso povo possa produzir mais.

RE: O QUE, ENTÃO, PRECISA SER MELHORADO PARA QUE O ESTADO PRODUZA MAIS?

RAIMUNDO NOLETO: A carga tri-butária ainda é muito elevada. O Esta-do tem recebido muitos recursos para investimentos em construções e infra-estrutura, mas, no meu entendimento o foco deve ser a produção. Isso ge-raria muitos empregos e renda para milhares de famílias. Quando nós ge-ramos emprego tiramos pessoas da vida degradante. Quanto mais empre-go, menos violência. Problemas fami-liares são resolvidos com emprego, renda e trabalho.

RE: E QUE SETORES PRODUTIVOS DEVEM SER PRIORIZADOS?

RAIMUNDO NOLETO: Eu ajudaria na produção de grãos e hortifrutigran-

jeiros. Um dia desses um senhor me procurou para oferecer um produto: gengibre. Ele tem capacidade para produzir até 10 mil quilos por mês. Mas ninguém nem sabia!

A madeira, por exemplo, pode ser mais utilizada para construção de ca-sas populares.

Fui a uma feira no Shopping Cen-ter Norte, em São Paulo, num evento da APAS- Associação Paulista de Su-permercados. Lá eu vi muitos móveis fabricados com madeira acreana. Foi um choque. Era para agregar valor a esses produtos aqui mesmo no Acre. Mas a maior parte da madeira con-tinua saindo daqui em toras e pran-chas, sem agregar valor. Isso tem que acabar.

O manejo é um negócio excepcio-nal. Mas o Estado deveria subsidiar a madeira manejada para as pequenas marcenarias. Do contrário elas conti-nuarão sendo engolidas pelas gran-des madeireiras.

RE: O SENHOR ACREDITA QUE EMPREENDIMENTOS COMO A ÁLCOOL VERDE MERECIAM MAIS SENSIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES?

RAIMUNDO NOLETO: Com cer-teza. Dói quando vemos pessoas pe-

dindo ajuda, com tanta terra fértil no Acre. Lá em Tocantins nós temos pro-dução até no “deserto” do Jalapão: é o famoso capim dourado. E aqui com terra pra produzir, plantação feita, a coisa emperra por causa da burocra-cia. É um absurdo.

RE: COMO O SENHOR AVALIA O MODELO DE DESENVOLVIMENTO DO ATUAL GOVERNO?

RAIMUNDO NOLETO: É um bom

modelo, com certeza. Mas é pos-sível gerar muito mais empregos principalmente no setor madeireiro, agregando valor aos produtos. Tem empresário fechando suas pequenas indústrias por falta da madeira mane-jada a preço justo. É preciso ajustar a legislação para as condições do es-tado. Os pequenos deveriam ser be-neficiados, com incentivos, um subsí-dio, talvez.

RE: O QUE ESTÁ FALTANDO NO MEIO POLÍTICO DO ESTADO PARA QUE ESSES PROJETOS ACONTEÇAM?

RAIMUNDO NOLETO: Todos os dias vemos empresas e pequenos negócios morrendo. Tem empresas acreanas se instalando em Rondônia. O que está faltando é atitude, ação. Tem muita retórica, muito discurso. Acredito, pela nossa experiência, que é preciso incentivar a gestão, diminuir a burocracia e aliviar a pesada carga tributária. Todos os que estão no Go-verno sabem o que fazer. O difícil é agir. Gerar emprego é fruto de vonta-de política.

O político é uma autoridade cons-tituída pelo povo, mas pode ter cer-teza que foi pela vontade de Deus. Por isso tem que exercer o mandato como um sacerdócio, como um ver-dadeiro servidor. É isso que é preci-so fazer. Podemos fazer muito mais. Acredito que tudo pode melhorar.

Raimundo Noleto, o “Raimundo dos

Cereais” é um empreendedor

que acredita na produção agrícola

como fomentadora do desenvolvimento

do Estado

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www.sebrae.com.brwww.sebrae.com.br

Promover a Competitividade e o Desenvolvimento Sustentável

das Micro e Pequenas Empresas

Missão

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Associação francesa busca novas matérias primas para a fabricação de perfumes com cheiro da floresta

Atuando na região oeste da França onde estão instaladas empresas que produzem per-

fumes como o Chanel Nº 5, Pacco Rabane e Dior a Cosmetic Valley é uma associação que promove a inte-gração de serviços entre empresas, pesquisadores e universidades para estimular a produção e a competitivi-dade.

Sempre em busca de novidades, a Cosmetic Valley envia ao mundo seu diretor geral Jean-Luc Ansel que está no Acre procurando informações sobre ervas e essências amazônicas que possam servir de base para o desenvolvimento de novos produtos para as indústrias com as quais sua entidade se relaciona.

Acompanhado pelo tradutor Ay-mar Roger, Ansel esteve conhecendo os resultados das pesquisas que vêm sendo desenvolvidas pela Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) e tam-bém procurou o Sebrae em busca de informações sobre empresas acrea-nas que produzam óleos essenciais e outras matérias primas para a indús-tria da perfumaria e cosméticos.

“Buscamos novidades, mas não nos interessamos por matérias pri-mas brutas, queremos que elas se-jam beneficiadas aqui por empresas daqui, por isso, nosso desejo é o de construir parcerias com entidades como o Sebrae, Universidade e insti-tuições de pesquisa para que apóiem e orientem esses empreendedores na fabricação, no beneficiamento dessas matérias primas dentro do padrão de qualidade, regularidade e segurança exigido pelas indústrias”, esclareceu Ansel.

Ele explicou que ao beneficiar as essências e extratos da floresta na própria zona de produção, eles con-tribuem para o desenvolvimento re-gional sustentável gerando emprego, renda e estimulando a aplicação de

novas tecnologias. “Ao beneficiar aqui sua matéria prima, isso nos permite divulgar sua localidade de origem e o nome Amazônia que é uma marca im-portante e que precisa ser usada com sabedoria”, explicou Ansel.

Ele destacou sua surpresa ao conhecer os trabalhos e pesquisas que vêm sendo realizadas na Funtac onde, além de informações sobre o uso comercial de óleos como a Copa-íba e Andiroba, também descobriu o potencial da pimenta longa na produ-ção do safrol que é um dos principais fixadores utilizados tanto pela indús-tria de perfumes, quanto de tintas e medicamentos.

Ele advertiu, no entanto, que sua associação busca informações e idéias, ao mesmo tempo em que se propõem a oferecer soluções tecno-lógicas em parceria com pesquisado-res e universidades. Porém, depende da atitude das pessoas e da iniciativa de quem almeja transformar essas idéias em produtos que gerem renda de forma sustentável evitando a que-bra da cadeia produtiva regular que é o que interessa ao mercado.

Jean-Luc Ansel da Cosmetic Valley

Cheiro da Floresta

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Casa de Apoio vai

ajudar aos pacientes

do interior que não

têm con-dições de

pagar hos-pedagem na capital

Mobiliário da Casa de Apoio

Vereador e Pastor Jessé Santiago deu

o nome de seu pai à casa

de apoio no Bairro Estação

Experimental

O termo empreendedor comu-mente se refere a uma pes-soa que começa um negó-

cio; um novo empreendimento para aferir lucro e renda. Mas a palavra “empreendedor” não se limita à área de negócios. Veio da língua francesa e significa “alguém que se encarrega ou se compromete com um projeto ou atividade significante”. A palavra foi associada aos indivíduos (empre-sários, profissionais liberais, artistas, políticos, servidores públicos, etc.) que estimularam o crescimento eco-nômico e a qualidade de vida das pessoas por encontrarem diferentes e melhores maneiras de fazer as coisas. Em vez do tipo do empreendimento que o individuo tem, a palavra descre-ve uma postura, um comportamento e conjunto de qualidades. Empreen-dedores vêem possibilidades, e não problemas, para provocar mudanças na sociedade e não se limitam aos re-cursos que têm num momento.

“Empreendedores sociais são como empresários nos métodos que eles uti-lizam, mas são motivados por objetivos sociais ao invés de benefícios materiais. Sua grande habilidade é que eles, com freqüência, fazem as coisas a partir de quase nada, criando formas inovadoras de promoção de bem estar, saúde, ha-bitação, que são tanto de baixo custo, quanto efetivas se comparadas aos ser-viços governamentais tradicionais”, é o

Melhorando a vida de quem mais precisa

Empreendedorismo Social

que afirma Charles Leadbeater, autor de “The rise of the Social Entrepreneur” - Demos, Inglaterra.

Um exemplo muito recente des-te tipo de empreendedorismo foi o que aconteceu na quinta-feira, 20 de agosto, quando o presidente da Câ-mara de Rio Branco, vereador-pastor Jessé Santiago (PSB) entregou à Igreja Assembléia de Deus, a Casa de Apoio Pastor Jeová Santiago, no bairro Estação Experimental. A casa foi construída em madeira, medindo 25 x 10, em um terreno de 600 metros quadrados. A casa foi cedida em ter-mo de comodato com prazo inicial de quatro anos.

A Casa homenageia o pai de Jessé, o pastor Jeová Santiago, um empreendedor social que dedicou boa parte de sua vida ao atendimento aos irmãos mais carentes. O imóvel dispõe de três quartos, sala, cozinha, banheiro, sala de estar, sala de jantar e áreas de estar na frente e nos fun-dos. O imóvel está mobiliado com 14 beliches e colchões novos, além de guarda-roupa, refrigerador, televisor, pia com balcão e cisterna com capa-cidade para 2000 litros.

A administração da Casa ficará a cargo da Associação Cristã Alfa, li-gada à Igreja Assembléia de Deus e presidida por Cacilda Santiago. Os evangélicos do interior serão enca-minhados pelos pastores e poderão ficar hospedados por um prazo de até 15 dias. “Meu pai recebia os irmãos em sua casa. Muitas vezes chegou a

dormir no chão para melhor atender os que visitavam nossa casa”, lembra Jessé.

O imóvel foi adquirido pelo vere-ador, através de financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Foi refor-mado, ampliado, recebeu pintura e adequação nos sistemas hidráulico e elétrico para oferecer mais conforto e segurança.

Segundo Jessé, ao mesmo tem-po em que presta uma homenagem ao seu pai, que sempre atendia os irmãos mais carentes em sua casa, está realizando um antigo sonho: oferecer um acolhimento digno aos irmãos que não têm parentes nem dinheiro para pagar hospedaria ou hotel.

“O maior empreendedor social da história foi Jesus Cristo que deu sua vida por quem não merecia. A Bíblia está cheia de exemplos, mas gosto de citar a carta do apóstolo Tiago que diz que a fé, sem obras é morta. Por isso, temos que agir e mostrar nossa fé pelas obras que praticamos”, afir-ma o vereador.

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Sivirino da Silva é um típico nordestino que veio para o Acre ainda criança. Sua

família instalou-se no ramal do Tocan-tins, pra lá das Vilas do “V” e do Incra, na jurisdição de Porto Acre, em me-ados da década de 1960. Seus pais eram agricultores e a muito custo conseguiram um pedacinho de terra num dos assentamentos do Incra na região. Sivirino é o herdeiro, já que dos outros oito filhos, três morreram, dois foram tentar o garimpo em Ro-raima e por lá ficaram; um se formou professor e hoje trabalha em Rio Branco e as duas irmãs se casaram e foram embora.

O agricultor nunca tinha ido à Expoacre. “Tenho tempo pra essas ‘coisa’ não meu ‘fií’ ”, dizia sempre. Até que um dia, assistindo o progra-ma de entrevistas da TV Gazeta viu o Paulo Viana e o Mauro Ribeiro anun-ciando que a festa ia ser bonita tanto pro homem da cidade quanto para o homem do campo. Até convênio para a agricultura familiar disseram que o governador iria assinar durante a fes-ta. “Marrapaiz, eu ‘vô mermo, ó’! Vai que eu consigo mais um ‘crédituzin’ daquele ‘Pronafi’. Aí dá ‘pá’ plantar mais um ‘milhozin’, um ‘fejãozin’ e até comprar mais umas ‘novilha’ ”.

A CAVALGADA

E ele foi mesmo. O homem levou o negócio tão a sério que conseguiu até lugar na cavalgada. Pegou uma carona no ramal pra ele e seu jumen-to Godofredo, chegou cedo à Game-leira e seguiu junto com as comitivas. O difícil foi agüentar aquela friagem da manhã de sábado.

Sivirino viu muita coisa: Gente fa-zendo festa em cima de caminhão, famílias inteiras brincando, funcioná-rios de empresas uniformizados em suas comitivas, “peão do asfalto” se equilibrando em lombo de cavalo, mulher bonita só observando e as

mais ouriçadas piscando pros peões. “Arre égua, meu fií, o negócio aqui é arrochado”.

No entanto, ficou mesmo de olho no trabalho da equipe da organiza-ção. Alguns de carro, outros a cavalo. Uns mais atentos outros nem tanto. Cada um em sua função ajudando a organizar a cavalgada. Um fato, porém, atraiu a atenção do agricul-tor: era o Paulinho Viana, do IDAF, fazendo o percurso todo a pé. “Meu fií, ainda bem que ele tava de tênis, porque se tivesse de bota ia passar a feira todinha contando os ‘calo’. O pé dele ia ficar ‘pôdi’”. Conseguiu ainda identificar o Jorge Viana e o Tião, o César Messias e até o Mauro Ribeiro de chapéu e com aquele bigodão do Zé Leôncio da novela Pantanal.

“Ainda bem que eu ‘trusse’ meu ‘saquin’ de farinha com carne seca”. Não precisava não, seu Sivirino! Por lá se vendia de tudo: churrasquinho, salgados, picanha na chapa, sandu-íche, picolé, sucos... bebida, então, nem se fala. Parecia até que a feira já tinha começado. Ainda bem que Sivirino não bebe, quem iria “pilotar”o Godofredo? Toca a cavalgada... e Sivirino preocupado com o Paulinho Viana, quase deu-lhe uma carona no lombo do jumento.

DO RAMAL AO MARECHAL O Parque de Exposições Marechal

Castelo Branco impressionou o visi-tante. “Rapaiz! O povo gosta ‘mermo’ de ‘abunitar’ as coisa”. Sivirino não está só quando faz esta análise. Quem passeou pela feira este ano pôde per-ceber mudanças em quase todos os espaços. Umas mais sutis. Outras bastante profundas. O setor da indús-tria, por exemplo. Nunca teve um es-paço tão privilegiado. Dois mil metros quadrados, quase o tamanho da colô-nia do seu Sivirino. “Uma, duas, ‘trêis’, 4... 25, 26, 27... 48, 49, 50”. “Marrapaiz, cinqüenta ‘indústria’ só aqui na Expoa-

cre!” “E ainda tem uns ‘cabra’ que diz que o Acre ‘num’ tem indústria”.

É seu Sivirino. Foram cinqüenta indústrias de látex, castanha, polpa de frutas, energia, reciclagem, tintas, plástico, construção civil, produtos de limpeza, bebidas, laticínios, alimentos em geral e até colchões. Já dá para o senhor ir pensando em trocar essa sua rede velha por um colchão novinho, “made in Acre”!

Nosso visitante lembrou das pa-lavras do secretário de Ciência e Tecnologia, César Dotto, numa outra entrevista com o Alan Rick: “Esse é o momento para que mais pessoas pos-sam conhecer os produtos industriali-zados no Acre. O espaço foi pensado para a realização de negócios durante o evento”.

O setor moveleiro é outro que a cada ano atrai mais público. Com no-vos produtos, design, a qualidade do acabamento e as tecnologias aplica-das, os móveis acreanos de madeira certificada nada deixam a desejar aos fabricados nas grandes indústrias do sul e sudeste do país. Esse ano o Pólo Moveleiro lançou a coleção de móveis certificados.

O Pólo de Rio Branco recebeu o selo de certificação FEC pela presta-ção de serviços, marcenaria e seca-gem de madeira. O Sindmóveis con-cedeu o selo a um pequeno grupo de quatro empresas que produzem obje-tos e móveis a partir de madeira com certificação de origem.

E não parou por aí: o setor move-leiro também mostrou outra novidade na Expoacre 2009: a ambientação de espaços. Foram montados quartos, salas, cozinhas, com a exposição dos móveis para cada ambiente. Somente neste setor, dez indústrias participa-ram da oportunidade de negócios. Outras dez do setor madeireiro mos-traram seus produtos.

“Meu fií, me deu vontade de trocar os ‘movi’ lá de casa ‘tudin’, ó”, decre-tou Sivirino.

SIVIRINO VAI À EXPOACRE“Seu” Sivirino que nunca tinha ido ao evento nos relata suas impressões da maior festa popular e de negócios do Acre.

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AGRICULTURA FAMILIAR – O TERRENO DO SIVIRINO

“Minino, eu queria ‘mermo’era aquela cesta que entregaram pro Bi-nho, ó”. Eu também, seu Sivirino! A cesta era farta: tinha palmito, iogurte, queijo, farinha, copaíba, banana, ra-padura, doce de leite, polpa de fru-tas, milho e feijão. Todos produzidos por pequenos agricultores familiares iguais ao “seu Sivirino” que resolve-ram presentear o governador durante solenidade de liberação de recursos do Banco da Amazônia na Expoacre 2009.

Ao todo foram liberados R$ 3,7 milhões para impulsionar o setor. O dinheiro vem das linhas de crédito do Pronaf e “Mais Alimento” e é destina-do para a compra de veículos, grades aradoras, plantadeiras, caminhões, cercas elétricas e horas de trabalho de tratores.

“É, mas o gunverno tem que aju-dar nóis pela Seaprof, com a assistên-ça técnica nas nossa colônhas, meu fií. Purque num basta só o dinhêro, tem que ter assistênça”. E é isso mes-mo que o governo garantiu, “seu” Sivirino. A assistência técnica vem na seqüência. E se não chegar lá na sua colocação, o senhor nos avise que nós cobramos do Nilton Cosson, o secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar.

OS INVESTIMENTOS

O que o trabalhador rural quer é a garantia da cadeia produtiva. E isso está sendo feito. O Pacto Agrário já liberou cerca de R$ 300 milhões em quatro anos. No estado foram 250

quilômetros de ramais asfaltados e outros 250 foram piçarrados.

“É, meu fií. Ano passado eu tirei um ‘dinherin’ no Basa pra pagar em sete ‘ano’, com juro de 2% ao ano e um prazo de trêis ano para começar a pagá, ó. É pur isso que plantei meu milhozin, meu fejãozin e já to queren-do é aumentar a produção, viu!”.

É por isso que o secretário da Se-aprof, Nilton Cossom, diz que a ten-dência nos próximos anos é o Acre se tornar auto-sustentável na produção de vários itens. “Hoje, 100% das aves e da mandioca, 95% da banana, 60% do feijão e 50% do milho que con-sumimos no Acre é produzido aqui mesmo pela agricultura familiar. Com a tecnologia e o crédito, vamos au-mentar ainda mais nossa produção”, avalia.

Já o Instituto de Defesa Agroflo-restal - IDAF, que recentemente fez um levantamento de rebanhos no Acre, afirma que o estado já tem 55 mil ovinos para abastecer o primeiro frigorífico do segmento no estado. Uma Carta de Intenção para a insta-lação do empreendimento na Estrada de Porto Acre, foi assinada durante

a Expoacre pelo governador Binho Marques e representantes do Banco da Amazônia e do Grupo Contri.

Com investimento de R$ 1,4 mi-lhão, o objetivo é que a pequena in-dústria comece a operar em 40 dias. O frigorífico deve gerar 15 empregos diretos e 90 indiretos. A capacidade de abate é de cem animais por dia e o dono do empreendimento diz que vai trabalhar em parceria com cerca de 160 produtores da região.

“Olhe, eu gosto mermo é de carne de boi, mas um ‘carnerin’ tem seu va-lor, ó. Se for um recheado com arroz entãosí... vixe, eu como que peco”.

BOIADA CADA VEZ MELHOR

“Seu minino, como é que faz pra participar do sorteio dessa boiada? Num tão ‘jogano’ do ‘guiza’ não, né”? Essa foi a pergunta bem-humorada do “seu” Sivirino ao Mauro Ribeiro, Secretário de Agricultura e Pecuária. Isso porque esse setor deu um gran-de salto qualitativo nesta Expoacre 2009. A pista de desfile e ranquea-mento de animais pode ser compara-da às melhores do restante do Brasil. Cerca de 130 animais desfilaram du-rante o evento. “Tivemos uma pista com padrão de qualidade que nos deixou entre as melhores pistas bra-sileiras. Além disso, o público de 20 a 30 mil pessoas por noite e o volume de negócios superior a R$ 56 milhões de reais superaram as expectativas e os números do ano passado”, afir-mou Paulo Viana, um dos organiza-dores do evento.

O melhoramento genético do re-banho bovino do estado, composto na maioria pela espécie nelore, é o responsável por isso. O gado acreano participou pela primeira vez do Circui-to Boi Verde de ranqueamento de car-caça. A final do ranqueamento, que é

Expoacre 2009 foi considerada a melhor de todos os tempos

Rankiamento de animais mostrou a melhoria genética do rebanho acreano

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o julgamento dos animais por um juiz credenciado pela Associação Brasi-leira de Gado Nelore, foi realizada na noite de quinta-feira, 30 de julho.

Com isso, é a primeira vez que o gado acreano passa por uma avalia-ção de diversos critérios já estabeleci-dos nacionalmente. A qualidade zoo-técnica e genética e a relação idade - peso são alguns dos itens avaliados. Mauro Ribeiro diz que os animais ran-quedos se tornam produtores de sê-mem e este sêmem se torna cada vez mais valioso com o melhoramento genético dos animais.

“Mas e como é que eu posso me-lhorar o meu ‘gadin’ lá da colônha, seu Mauro? Isso é coisa só pra rico”, questiona Severino. Mas, segundo o secretário, tanto grandes como pe-quenos criadores podem investir na melhoria da qualidade, por meio da

compra de touros, ou somente da cobertura, e mais ainda com a apli-cação de tecnologia avançada. Os pequenos contam com o apoio do Estado e da Embrapa e seu laborató-rio de melhoramento genético. A me-lhora genética garante, por exemplo, o ganho de peso de forma mais pre-coce para os animais. “Antes no Acre se matava bois com cinco, seis anos de idade com pouco peso. Agora, os animais são abatidos com três anos alcançando 500 quilos de peso bruto e 260 quilos só de carne”, explica o secretário.

Na premiação do ranqueamento o governador Binho Marques, ressaltou que a pecuária pode ser sim, uma ati-vidade sustentável do ponto de vista ambiental. “O próprio mercado regula a oferta do gado criado de forma sus-tentável, que não agride o meio am-

biente. O chamado boi verde hoje é marca que atrai os compradores mais exigentes dentro e fora do Brasil. En-tão o caminho é este”, ressaltou.

E foi na quinta-feira da Expoa-cre, dia 30, que os dez primeiros colocados no ranqueamento foram apresentados ao público e os donos receberam troféus. Sivirino estava lá e declarou: “ano que vem eu ‘vô tá’ aqui ‘cum’ bezerro desses”.

“É, meu ‘fií’ o povo ‘tá dizenu’ que essa Expoacre de 2009 foi a melhor de todas. E olhe que eu nem assisti os ‘artista’ ‘purque’ tinha que ‘acordá cedin’ pá trabalhar no dia seguinte. Mas, meu fií, fiquei muito ‘sastisfeito’ ‘cum’ que eu vi lá, ó”.

Quem sabe no próximo ano “seu” Sivirino não estará no Parque Mare-chal Castelo Branco como Expositor da Expoacre 2010? As condições es-tão criadas - tanto para os grandes, quanto para os pequenos como ele. Os investimentos e o apoio para a agricultura familiar são uma realida-de.

Nós da Revista Empreendedor es-taremos lá para conferir.

Convênios do Governo com o setor produtivo possibilitam investimentos em máquinas e equipamentos

Paulo Viana, presidente do IDAF, um dos organizadores

da Expoacre 2009

Governador Binho Marques observa a produção do artesanato local

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Bancos 2.838.548 1.748.333 1.213.333 2.564.619 1.333.333 8.860.233 11.716.248 6.872.252 9.388.633 46.535.535 59,9

Banco do Brasil 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 10.920.000 14,0

Banco da Amazônia 1.625.215 535.000 - 1.351.286 120.000 7.646.900 10.502.915 5.058.919 8.175.300 35.015.535 45,0

Caixa Economica - - - - - - - 600.000 - 600.000 0,8

Leilões - 361.454 - 205.104 121.846 370.419 456.205 309.210 77.465 1.901.702 2,4

Nº de animais leiloados - 165 - 469 106 821 41 51 59 1.712 -

Veículos 1.468.447 967.223 1.273.258 1.862.088 802.570 1.707.475 2.641.670 2.304.950 1.278.690 14.306.371 18,4

Carros 4 4 5 18 7 15 10 13 10 86 -

Caminhões 2 3 6 1 1 1 6 6 2 28 -

Motos 8 4 5 11 7 12 19 8 6 80 -

Utilitários ... ... ... 2 2 3 5 2 6 20 -

Trator 3 2 3 ... 1 1 3 ... ... 13 -

Implementos ... 1 2 ... ... ... 1 ... ... 4 -

Alimentação & Bares 77.714 106.422 79.197 89.974 130.853 85.342 137.009 151.835 143.938 1.002.283 1,3

Empresas¹ 106.112 322.495 1.481.719 2.443.239 510.118 4.507.763 3.138.181 390.807 884.450 13.784.884 17,7

Setor da Indústria 7.945 58.246 282.617 7.689 14.781 7.808 1.491.785 28.949 208.800 2.108.620 2,7

Produtos Agrope-cuários 16.210 135.840 291.280 357.525 401.860 161.390 1.070.173 211.700 257.650 2.903.628 3,7

Ambulantes 13.862 25.124 15.154 17.763 20.440 20.950 39.004 35.360 22.484 210.141 0,3

TOTAL 4.504.683 3.531.052 4.062.662 7.182.786 2.919.160 15.552.182 18.128.316 10.064.414 11.795.660 77.740.915 100,0

Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de bebidas, parque, artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras)

Volume de Negócios realizados na Expoacre 2009

Setores 2008 2009 Diferença 09/08

R$ %

Bancos 24.005.904 46.535.535 22.529.631 94%

Banco do Brasil 11.287.112 10.920.000 -367.112 -3%

Banco da Amazônia 12.283.752 35.015.535 22.731.783 185%

Caixa Economica Federal 435.040 600.000 164.960 38%

Leilões 3.068.122 1.901.702 -1.166.420 -38%

Nº de animais leiloados 2.549 1.712 -837 -33%

Veículos 13.685.217 14.306.371 621.154 5%

Alimentação & Bares 999.699 1.002.283 2.583 0,3%

Empresas¹ 7.125.344 13.784.884 6.659.540 93%

Setor da Indústria 237.478 2.108.620 1.871.142 788%

Produtos Agropecuários 2.209.400 2.903.628 694.228 31%

Ambulantes 145.190 210.141 64.951 45%

TOTAL 49.029.476 77.740.915 28.711.439 59%

Notas:

1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de bebidas, parque, artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras)Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão

Comparativo do Volume de Negócios realizados primeiros sete dias da Expoacre

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Para qualquer que seja o setor, o mercado tem se mostrado cada vez mais

exigente. Não é diferente com o setor cerâmico, que nos últimos anos tem agregado novas tecnologias para en-frentar a concorrência e se manter na competitividade.

Por esse motivo, empresas acrea-nas do ramo fizeram adesão ao Pro-grama Setorial de Qualidade (PSQ) Cerâmica Vermelha, durante o encer-ramento do Projeto Cerâmico, ocorri-do no dia 18 de setembro, na Federa-ção das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC).

O evento contou com a partici-

pação do consultor da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (ANI-CER), Antônio Carlos Araújo, que falou sobre a importância do PSQ como ferramenta para a qualidade, que auxilia as empresas a enqua-drarem blocos e telhas cerâmicos e processos de acordo com mudanças competitivas.

Na oportunidade, foram apresen-tados ainda os resultados finais ob-tidos pelo Projeto Cerâmico, relacio-nados ao aumento da qualidade dos produtos, a satisfação dos clientes construtores e, principalmente, a ade-são das empresas cerâmicas de Rio Branco ao PSQ Cerâmica Vermelha,

Cerâmicas acreanas buscam certificação por meio do PSQAdesão ao programa garantirá mais acesso ao mercado que tem se tornado cada vez mais competitivo

que atualmente é coordenado pela ANICER.

Com isso o projeto teve encer-ramento cumprindo todas as ações e alcançando as metas e resultados previstos no Acordo de Resultados firmado entre FIEAC, Sebrae-AC, Sin-doac e Funtac.

O presidente do Sindicato das Olarias, Aristides Júnior, disse que a adesão das empresas do Acre ao PSQ é de grande importância, uma vez que estas passarão a vender pro-dutos certificados. “A certificação, no entanto, não será uma conquista fá-cil. O processo, que inclui a avaliação dos produtos em laboratórios, pode

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demorar até três anos e as exigências são muitas. Como o próprio nome do programa diz, a qualidade é um que-sito indispensável”, garante o presi-dente.

Nesse primeiro momento, apenas seis de um total de 30 empresas acre-anas do ramo da cerâmica aderiram ao programa. As demais precisam passar por uma reestruturação para serem atendidas pelo PSQ.

A coordenadora do Procompi, Ro-sineide Sena, salienta que a adesão só se tornou possível em razão dos investimentos feitos pelo Governo do Estado do Acre a sua rede de labo-ratórios da FUNTAC que garantirá a avaliação periódica dos produtos, seja localmente ou na Rede de Labo-ratórios credenciados ao Inmetro.

O Procompi teve grande partici-pação nesse processo. Proporcionou uma evolução na cadeia da Constru-ção Civil, por meio dos projetos de-senvolvidos para o próprio segmento da construção civil, assim como, para

os elos existentes no Estado, como é o caso do setor cerâmico, madeireiro-moveleiro, mineral não-metálico e pa-vimentação.

Um dos grandes resultados a essa cadeia produtiva, na parceria

proposta pela CNI e SEBRAE (ges-tores nacionais do Procompi), foi a adesão do Estado do Acre ao PBQP-H - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat, que tem estimulado o setor a elevar os pa-tamares de qualidade, reduzindo o desperdício das obras e ampliando a valorização por meio da qualificação de sua mão-de-obra.

“Esses positivos resultados refle-tiram também na aprovação da pro-posta do Projeto encaminhada ao Edital da Chamada de Projetos do IEL-NC e Sebrae-NC para o Progra-ma de Desenvolvimento de Fornece-dores-PDF que garantirá a continui-dade das ações executadas através do Procompi para o setor cerâmico, por mais dois anos, focado em três pontos estratégicos: fornecimento de matéria-prima em quantidade, quali-dade e legalidade para as cerâmicas, eficiência energética com uso de bio-massa e certificação de produtos”, completou.

Presidente do Sindicato das Olarias, Aristides Júnior

PROCOMPI busca padronizar e melhorar toda a cadeia da construção civil

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAPRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Senhor Presidente,

Nos anos 80 fui vice-presidente do Sindicato dos Seringalis-tas do Amazonas, junto com

o falecido deputado estadual Vinícius Conrado. A época tínhamos bons pa-drinhos: governadores Henock Reis, José Lindoso, deputado estadual José Belo Ferreira e Dr. José Cesá-rio Meneses de Barros, então Supe-rintendente da Sudevhea e tantos outros ajudadores que já não estão conosco.

Seringalista era nome bom. Tí-nhamos crédito em todos os bancos, éramos respeitados por todos os se-ringueiros e colaboradores, vivíamos nos seringais produzindo a melhor borracha do mundo - a borracha bra-sileira. Após o término do fabrico da borracha, vinha a quebra da casta-nha do Brasil, a colheita da sova, do caucho, da balata, do pau-rosa e da piaçava.

Era um verdadeiro exército de du-zentos mil homens em toda a Ama-zônia, sem contar com a região do departamento de Beni, na Bolívia, fronteira com Guajará-Mirim em Ron-dônia, e a região do Pando, fronteira com o Acre. A Bolívia produzia muita borracha que era vendida no Brasil.

Hoje, Senhor Presidente, não

existe mais produtores de borracha, foram todos tragados pelos políticos. Em 1986, José Sarney e em 1990, Fernando Collor, deram o tiro de mi-sericórdia na categoria.

No século XVIII e XIX os seringa-listas foram os desbravadores, os soldados da borracha, e hoje a bor-racha é importada da Malásia, pois os ingleses que lá plantaram a seringuei-ra são os mesmos que fabricam os pneus. As multinacionais compram a borracha de toda aquela região.

Senhor Presidente, os seringais foram abandonados e seringalistas e seringueiros foram viver nas cidades em cubículos, debaixo de pontes e viadutos, crianças e adolescentes se prostituíram, jovens se venderam ao crime, os pais se submeteram a tra-balhar em seringais que foram trans-formados em fazendas. Antes eram suas terras, suas casas, sua vida.

Com o declínio da borracha a maioria dos seringalistas perdeu seus seringais para o Banco da Amazônia e Banco do Brasil. Vendo seus bens indo a leilão, muitos foram tomados pelo desespero e, pegando seus fa-miliares e colocando-os em barcos pequenos entravam nos rios com crianças de colo, de 5 a 10 anos de idade e eram tragados pela corrente-za. Foram dezenas de pais de família que tomaram essa decisão desespe-rada. Os corpos, nunca encontrados, foram comidos por piranhas e jaca-rés.

No entanto, ainda existem serin-galistas como eu que não venderam seus seringais, não derrubaram uma só árvore e mantiveram, com isso, o seringal intacto, pronto para traba-lhar. Os políticos prometeram para os seringalistas que os mesmos seriam reembolsados pelos pagamentos

feitos a época aos Bancos da Ama-zônia e Banco do Brasil e suas terras totalmente devolvidas sem quaisquer ônus. Porém, isso nunca aconteceu, os seringalistas continuam sonhan-do com o dia em que a borracha terá novamente o seu preço de mercado e voltar ao que era antes quando um quilo de borracha comprava uma lata de leite em pó de 400g.

Senhor Presidente, se isso acon-tecer, cerca de duzentas mil pessoas terão o seu emprego de volta nos seringais, somente Vossa Excelência pode ter compaixão de todo esse povo, anistiando suas dívidas.

Fui o maior produtor de borracha do Rio Purus, sou dono de um “rio inteiro” (como se costuma chamar os seringais ribeirinhos), o Inauiní, afluente do Rio Purus/Amazonas, pró-ximo ao município de Boca do Acre, onde também fundei e presidi o Lions Clube.

Hoje muitos seringueiros com idade avançada perambulam pelas ruas de Manaus e pelos municípios afora em busca de trabalho ou de seus ex-patrões para pedir uma de-claração de onde trabalharam, para fins de aposentadoria. Homens que deixaram de sonhar, perderam suas famílias, seus entes queridos, ficando somente com as doenças e o deses-pero. Hoje só nos resta a lembrança da fartura dos nossos seringais que agora estão descansados, prontos para produzir novamente a melhor borracha do mundo - a borracha bra-sileira. Tudo isso, conservando nos-sas florestas e selvas, rios e manan-ciais que Deus deixou para o homem cuidar, não desmatar, e tirar delas o seu sustento. Os seringueiros e seringalistas foram cuidadosos com a floresta. Os seringais que não foram

CARTA ABERTA DE UM SERINGALISTA DA AMAZÔNIA AO PRESIDENTE LULA

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CARTA ABERTA DE UM SERINGALISTA DA AMAZÔNIA AO PRESIDENTE LULA

vendidos para fazendei-ros, com o aval do Banco da Amazônia e Banco do Brasil, certamente poderão voltar a produzir. Derrubar castanheiras e seringuei-ras nunca aconteceu na época em que os serin-gais estavam produzindo borracha. Com certeza, Senhor Presidente, duzen-tos mil homens e mulheres vão trabalhar e produzir riquezas para seus municí-pios e o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, se orgulhará do trabalho dos homens da floresta.

Com seu projeto “Luz Para Todos”, seringueiros e seringalistas, no meio da floresta, terão aparelho de televisão, geladeiras, ferro de passar roupa e muitos outros eletrodomésti-cos.

Hoje, me encontro em Boa Vista/RR e aqui fundei a Câmara dos Dire-tores Lojistas e fui o criador do Pro-jeto Pupunha e da Cooperativa do Sul do Estado. A pupunheira produz a pupunha e o palmito. Dela é feita a farinha, o bolo, o pudim, o creme, o suco e o palmito, para nossa rica sa-lada que, sem o palmito, fica menos saborosa. Do palmito se faz também o pastel que é delicioso. Além dessas guloseimas, há muitos outros alimen-tos a base de palmito, importantes na merenda escolar.

O objetivo maior do projeto é o plantio de dois hectares para cada produtor rural. Hoje Roraima tem aproximadamente trinta mil produ-tores rurais. Com 30 mil hectares de pupunheira plantados, o estado seria auto-suficiente no fornecimento da

merenda escolar e ainda po-deria exportar o palmito, como faz o Amazonas, para o mundo inteiro.

Cada produtor teria uma renda anual de R$ 40 mil, isto sem contar com o biodiesel que também pode ser produ-zido do óleo da pupunha. O diesel vegetal daria emprego e renda para 60 mil pessoas e renda para o estado e municí-pios.

Senhor Presidente, mande alocar recursos para os pro-dutores produzirem pupunhei-ras; o retorno é rápido. Vossa Excelência ficará na história de Roraima como o presidente da produção da pupunha e do palmito, e no Amazonas, como

o presidente dos seringueiros e dos seringalistas. Vossa Excelência será lembrado por tirar pais de família do caos, da fome e da miséria e a primei-ra dama, Marisa Letícia, será a madri-nha dos povos da floresta.

Na certeza de sermos atendidos, os produtores do Amazonas e de Ro-raima, oram pelo Presidente da Repú-blica e toda sua família. Que o senhor atenda esse clamor com compaixão.

Antônio Milton Miranda - SeringalistaRua Tenente Cícero, 763 Bairro Aparecida / CEP: 69.305-025Boa Vista/RRTelefones: (95) 3623-8639 (95) 8801-6612

Hoje muitos serin-gueiros com idade avançada peram-bulam pelas ruas

de Manaus e pelos municípios afora em busca de tra-balho ou de seus

ex-patrões para pe-dir uma declaração de onde trabalha-ram, para fins de aposentadoria.

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Vôos lotados por cinco dias, hotéis sem vagas, filas nos restaurantes e carros de

aluguel esgotados formam um quadro revelador: Cruzeiro do Sul, capital do Grande Vale do Juruá, viveu um mo-mento atípico nos últimos cinco dias de agosto de 2009, quando sediou o II Encontro Político Empresarial Acre - Ucayali, Huanuco e Ancash.

O evento ajudou a concretizar o so-nho de tornar Cruzeiro do Sul a porta de entrada e saída de uma nova rota comercial para o Acre, como vem sen-do articulado há mais de um ano num movimento iniciado durante a Assem-bléia Aberta 2008 em Santa Rosa do Purus.

Em maio daquele ano um grupo de empresários e políticos peruanos de Puerto Esperanza, capital da Província do Alto Purus, procurou o presiden-te da Aleac, Edvaldo Magalhães, que participava da Assembléia Aberta em Santa Rosa. Os peruanos pediram que a Aleac intercedesse junto ao governo brasileiro para que Esperanza e outras

Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre

Deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), coordenador

do projeto de integração Brasil-Peru, discursa durante Encontro em Cruzeiro do Sul

cidades isoladas do Peru pudessem negociar com as cidades brasileiras da fronteira de forma legal, banindo o contrabando e outros ilícitos comuns nas localidades onde o Estado está ausente.

A Assembléia Legislativa assumiu a demanda e deu início a uma série de articulações que resultaram, em junho de 2009, na primeira exportação pelo rio Purus. E isso com alfandegamento de acordo com todas as regras, em Santa Rosa.

O impulso de Santa Rosa do Purus levou a Aleac e o governo do Estado a participarem de dois encontros com parlamentares e governadores de três Estados do Peru, um deles em Pucalpa e outro em Cruzeiro do Sul, no final do mês de agosto.

Um carregamento de 20 toneladas de produtos hortifruti concretizou o ne-gócio que deverá se ampliar a partir de outubro com a realização de vôos de cargas e passageiros semanais am-pliando as oportunidades de negócios e de lazer de toda a população do Acre.

Além da fronteira

Figuras centrais no II Encontro pela Integração Político Empresarial entre Brasil e Peru, dois empresários, um brasileiro e um peruano, garan-tem que a idéia é não parar em um único evento. Márcio Rebouças e Sid-ney Vega foram os responsáveis pela documentação e entrega dos primei-ros produtos em Cruzeiro do Sul vin-dos do Peru.

Segundo os empresários, a idéia nessa fase do projeto é dar prioridade a entrega de produtos da cesta bási-ca garantindo o acesso da população do Vale do Juruá a produtos com me-lhor qualidade e preços mais aces-síveis. Essa iniciativa viria para esta-belecer a região como um mercado consumidor viável para os produtores peruanos. Além disso, os pecuaristas acreanos podem começar a se articu-lar para fazer a exportação de carne bovina, um produto com grande inte-resse do país vizinho.

A fixação de órgãos federais

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como Receita Federal, Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa no Ae-roporto Internacional de Cruzeiro do Sul para fazer a fiscalização dos pro-dutos que desembarcarem também é essencial. Durante reuniões com essas instituições em Brasília, ficou acertado que para a permanência dos órgãos federais é necessário que os empresários tenham interesse em viabilizar as operações de importação e exportação.

Permanência

Por isso essa primeira remessa veio em caráter experimental para que a população conheça e aprove os produtos. “Já houve outros encontros nesse sentido, mas nunca antes havia sido realizada uma ação concreta de importação, como agora”, ressaltou Santos para mostrar a importância do evento de Cruzeiro do Sul.

Com o sucesso da primeira re-messa de 20 toneladas a ordem ago-ra é tentar resolver outras questões como a regulamentação para que o Vale do Juruá se torne de fato área de livre comércio. Além disso, está pre-vista a construção de um terminal de cargas no aeroporto de Cruzeiro, pro-jeto já confirmado pela Infraero.

Rebouças, que trabalha há mais de 10 anos com operações de impor-tação e exportação, foi o responsá-vel pelo preenchimento de todas as licenças de importação para os pro-dutos que chegaram a Cruzeiro do Sul. Segundo ele, foram necessárias de oito a nove licenças para cada um dos produtos.

Do lado peruano, esse papel e a responsabilidade de trazer os pro-dutos foi de Vega. Sua empresa, a Comercio Representaciones Abaste-cimento Servicios Hoyle – C.R.A.S.H, atua no mercado desde 94, fazendo, inclusive, entregas no Amazonas. Os dois estão confiantes de que mesmo o Acre ainda não tendo experiência na área de comércio exterior o mercado local tem tudo para se desenvolver.

Expansão

Apesar de ter começado com o comércio de gêneros alimentícios, a idéia é que não seja apenas isso. Já estão encaminhados importação de minerais como calcário e potás-sio para ser utilizado na recuperação de solos e existem planos para que outros produtos como eletrônicos e cimento possam chegar ao Acre com

preços mais baixos que os praticados atualmente.

Transporte de passageiros tam-bém está nos planos. Segundo o brasileiro, seriam disponibilizados inicialmente aviões Caravan com ca-pacidade para levar nove pessoas, fa-zendo vôos semanais entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa, partindo daí para outros pontos do Peru estimulando o turismo.

Esses planos, porém, estarão in-cluídos em uma agenda que come-çará a ser discutida mais a fundo em outubro. “Faremos uma reunião para avaliar a primeira operação e a partir daí iremos ver o que devemos fazer”, falou Vega. Especula-se que a partir de outubro pelo menos o transporte de passageiros e de cargas de ali-mentos já esteja regularizado e pos-sa fazer parte da rotina semanal dos cruzeirenses.

“Estamos próximos de fazer uma inversão no comércio do Acre”, diz Edvaldo

O presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), afir-mou que não é fácil reunir autorida-des de dois países em torno de um único propósito. “Nós conseguimos levar o presidente da Anvisa, que saiu direto de Genebra para Cruzeiro do Sul, além de empresários e políticos do Brasil e do Peru. Isso mostra que estamos no caminho certo e que essa integração é importante e trará bons frutos”, comemorou.

Entusiasmado com o resultado do encontro, Edvaldo Magalhães dis-se que a Aleac está convidando os

Avião da Star Peru trouxe delegação peruana para o II Encontro Binacional

Produtos hortifruti peruanos foram comercializados durante a Expoacre Juruá

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agentes econômicos para vislumbrar in loco as riquezas que existem na região de fronteira e que podem be-neficiar milhares de famílias. Alguns acordos importantes foram firmados durante o encontro. “Em breve, es-tará chegando a Cruzeiro do Sul, 5 mil metros cúbicos de brita. Para se ter uma idéia do que isso representa, hoje um metro desse produto custa R$ 400,00 e em Feijó chega a custar R$ 900,00. Com a importação custará R$ 200, vindo de Ucayalli”, revelou.

O presidente da Aleac também disse que foram negociadas quatro mil toneladas de Calcário e 72 tone-ladas de carne serão enviados para o Peru. Ele lembrou que os próximos desafios a serem superados serão o alfandegamento definitivo do aeropor-

to de Cruzeiro do Sul seja para rece-ber as importações; a participação de uma comitiva formada por políticos e empresários acreanos e peruanos no encontro entre os presidentes Lula e Alan García, no dia 11 de dezembro, em Lima, além do intercâmbio com alunos brasileiros e peruanos.

“Nosso trabalho vai continuar. Além dos negócios que foram fe-

Vôos fretados trouxeram legumes,

frutas e produtos regionais do país

vizinho

Encontro marcou a

integração política,

cultural e comercial da

Amazônia brasileira e

peruana

chados, também firmamos acordos que serão cumpridos nos próximos meses, garantindo assim a concreti-zação desse processo de integração, que garante melhorias na qualidade de vida da população”, finalizou.

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MOTIVAÇÃO - O PRIMEIRO PASSO DAS GRANDES CONQUISTAS

Um grande amigo, líder de equi-pes, mestre em motivação e exemplo de excelência, o Pr.

Laudjair Guerra, de Brasília, disse, certa vez, em uma de suas palestras que MOTIVAÇÃO poderia ser melhor explicada etimologicamente: MOTI-VO + AÇÃO = MOTIVAÇÃO. Simples e ao mesmo tempo tão completo e complexo.

Quando temos o motivo – que pode ser a meta, o objetivo, o traba-lho a ser realizado, o alvo a ser atingi-do, e agimos com definição, alegria, visão... As coisas acontecem. A moti-vação é a atitude movida por um mo-tivo. É a força interior que coloca em prática o desejo e a vontade. Pessoas motivadas alcançam todos os seus objetivos. Ser um motivador é um dom. Num mundo de tantos pessi-mistas, as pessoas que querem fazer, aqueles que querem se destacar pro-curam estar perto dos motivadores.

A história é cheia de exemplos. Jesus foi e continua sendo o maior motivador da humanidade. Stephen Covey, James C. Hunter, Augusto Cury, entre outros, são excelentes guias motivacionais.

No entanto, é na Bíblia que lemos histórias espetaculares que nos mo-tivam a caminhar, lutar, viver e amar. Abraão, Moisés, Josué, Davi, Pedro, Paulo... homens que deixaram um legado para gerações e que são usa-dos como exemplos até hoje.

O livro de Atos nos conta a histó-ria de um homem que até o nome foi mudado em virtude de sua atitude po-sitiva e de sua capacidade de motivar as pessoas. Trata-se de Barnabé, um levita natural da ilha de Chipre que viveu no período que compreende os primeiros anos da igreja primitiva. Foi companheiro do apóstolo Paulo. Seu nome era José, mas os discípu-los impactados com a alegria de vi-ver, a atitude positiva, o otimismo e a

fé daquele homem, o rebatizaram de Barnabé que significa “filho da conso-lação”, “encorajador”.

Os motivadores são inesquecíveis. Lembrarei para sempre das pessoas que me motivaram. O professor Itamar Zanin, por exemplo, diretor do Colégio Meta, onde estudei quase toda minha vida escolar, foi um desses motivado-res. Ele instituiu a meritocracia na es-cola através de uma premiação todo final de ano. Os três melhores alunos de cada sala ganhavam medalhas de ouro, prata e bronze. Guardo minhas 6 medalhas até hoje. O professor Mo-acyr Chaves me motivou a continuar quando comecei a escrever poesias. Ganhei 12 prêmios literários em todo o Brasil, inclusive a medalha de ouro no concurso nacional de poesias, re-alizado em Brasília, em 1997. Em Boa Vista, a professora Cleusa, da Escola Colméia foi outra grande motivadora. Lá, aos 17 anos, ganhei o concurso da Academia Roraimense de Letras, em 1993.

Não quero cometer injustiças. Tive muitas pessoas que me apoiaram quando eu mesmo não acreditava que tinha potencial. Wilson Barros e minha irmã Mirla Miranda me motivaram a fazer testes para a vaga de apresen-tador da TV Acre, em 1995. Se não ti-vessem dito: “vai lá, você consegue!”, hoje o Acre teria mais um advogado... e eu talvez não estaria tão realizado como jornalista e escritor. O pastor Agostinho Ribeiro, da Igreja Batista do Bosque é um motivador nato. Muito de meu caráter e motivação pessoal é fruto de sua maneira de unir a equipe em torno de um objetivo.

O empresário Roberto Moura tal-vez não saiba, mas sua confiança em mim, mesmo quando eu não tinha experiência alguma, me motivou a estudar jornalismo. Fiz cursos, estu-dei por vídeos, até porque, na época, não existia faculdade de jornalismo

no Acre. E depois, quando me deu a chance de gerenciar o setor comer-cial e administrativo da TV Gazeta (1999-2002), motivou-me a fazer o curso de administração de empresas com habilitação em comércio exterior. Hoje, tenho formação em Administra-ção de Empresas e pós graduação em Jornalismo Político. E continuo estudando, agora, teologia.

A motivação dentro das empre-sas é fator de sobrevivência de qual-quer negócio. Uma equipe desmo-tivada mata o empreendimento. No entanto, a verdadeira motivação só é efetivamente atingida quando os colaboradores conseguem realizar suas necessidades e seus objetivos de vida, dentro e através da própria empresa. A motivação só e possível em ambientes em que confiança e a lealdade estejam no centro das re-lações da empresa. Onde prevaleça a ética e o respeito mútuo entre as pessoas. Onde haja esforço contínuo para compatibilizar objetivos pesso-ais com os objetivos empresariais.

A motivação plena só é atingível na medida em que não existam me-dos de qualquer natureza na organi-zação.

Este é um aspecto extremamente importante em tempos de mudanças aceleradas, tempos em que inúmeras ameaças afloram. Isto exige da alta administração esforço consciente e intenso para que decisões de “sobre-vivência” não destruam o ambiente e as relações entre a empresa e os colaboradores. Caso contrário, com-promete-se irremediavelmente o po-tencial de contribuição das pessoas, principal patrimônio das empresas em tempos de desafios, novas tecno-logias e competição.

Não se constrói nada duradouro sem a integração da inteligência e das motivações, sem a contribuição criativa e solidária das pessoas.

consultoria empresarial

Alan Rick Miranda – Administrador de Empresas com habilitação em Comércio Exterior; Pós Graduado em Jornalismo Político e Escritor

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Localizada na Vila Acre, em Rio Branco, a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista

do Estado do Acre Ltda. – Coopera-cre é uma cooperativa de produtores agroextrativistas que trabalha princi-palmente com comerciali-zação de castanha, bor-racha, copaíba, polpa de frutas e outros produtos florestais não-madeireiros.

A Cooperacre é uma central que tem 25 entidades filiadas, ou seja, associações ou cooperativas que compreendem 1.500

ECONOMIA COOPERATIVISTA

produtores. Organizados desta ma-neira os agricultores tem garantia de um valor justo por seus produtos.

Criada há quase 8 anos, a coo-perativa emprega atualmente mais de 100 pessoas diretamente em suas três unidades de produção, atuando

em 10 municípios acreanos.Sua missão é trabalhar pelo

desenvolvimento econômico de atividades agroflorestais sustentáveis dos pontos de vista ambiental, econômico e socialmente justo.

Todas as conquistas al-mejadas por esta cooperativa

só foram possíveis devido à boa gestão administrati-

va desempenhada e parcerias com o governo do estado e governo federal, que tem priorizado a inclusão social e desta forma vem fortalecendo as famílias extrativistas através de suas organizações, cooperativas e asso-ciações. “A Cooperacre já conseguiu muitas conquistas nesses sete anos e meio de existência. É claro que ain-da precisamos caminhar muito para chegar onde realmente desejamos. Nosso maior desafio no momento é uma inserção maior no mercado, mas acredito que com esse trabalho de parceria que estamos realizando atu-almente, esse gargalo também será superado”, declarou o presidente da cooperativa, Manoel José.

Equipe da Cooperacre trabalha em prol dos produtores locais

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A integração Brasil-Peru, pela Estrada do Pacífico já é uma realidade no trecho

que corta o Vale do Acre até Iñapari. O desafio agora é criar as condições para a integração também pelo Ju-ruá, com a estrada interligando Cru-zeiro do Sul a Pucalpa, no Peru.

A integração do Brasil com o Peru pela estrada do Pacífico foi idealiza-da há nove anos, num encontro que reuniu presidentes latino-americanos. Os chefes de Estado criaram um pla-no de integração para o continente - a IIRSA (www.iirsa.org), composto de dez eixos. Um desses eixos contem-pla a ligação Brasil–Peru, através do Acre.

Para que o projeto fosse iniciado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um acordo para investir US$ 450 milhões na obra com a partici-

pação de dois consórcios formados por empresas brasileiras do setor. O percurso de 305 quilômetros entre Macusani, na Cordilheira dos An-des, até a ponte Inambari, na selva peruana, ficou a cargo do consórcio Intersur, formado pelas construtoras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão. A parte mais longa ficou a cargo da concessionária IIR-SA Sur, composta por três empresas peruanas e mais a Conirsa, subsidiá-ria criada pela construtora Odebrecht para tocar a obra. O trecho começa em Urcos, perto de Cuzco, e vai até Iñapari, na fronteira com o Acre, em Assis Brasil.

INTEGRAÇÃO PELO JURUÁ

A ESTRADA DA REDENÇÃO Com a conclusão da BR-364, Cruzeiro do Sul pode interligar, no futuro, o Acre ao Peru com a rodovia até Pucalpa

BR-364 é o ponto de partida para a futura

estrada Cruzeiro do Sul - Pucalpa

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O trecho de 703 quilômetros entre Iñapari e Urcos, passando por Porto Maldonado, está bem adiantado. Os quase 7 mil funcionários e mais de mil e duzentas máquinas e equipa-mentos trabalham a toque de caixa para finalizar o trabalho até o primeiro semestre de 2010. Além de garantir a trafegabilidade durante todo ano e o acesso dos produtos brasileiros aos portos peruanos no Pacífico, a obra garante a integração de uma região esquecida pelo Governo peruano.

No entanto, outro caminho para o Pacífico também é defendido: o tre-cho que atravessa o vale do Juruá, na fronteira com Pucalpa, capital do departamento de Ucayali, no Peru.

O deputado Ilderlei Cordeiro (PPS-AC), presidente da Frente Par-lamentar Mista (deputados e senado-res) Brasil–Peru propõe a expansão da estrada do Pacífico através do Vale do Juruá. Para o deputado, a região acreana que historicamente sofre com o isolamento e o altíssimo custo de vida pode se transformar, em pou-co tempo, num rio de prosperidade. “Cruzeiro do Sul fica a apenas 240 km da importante cidade peruana de Pucalpa. Até a fronteira são somente

110 km e o trecho Pucalpa – Lima, de 800 quilômetros, está quase todo as-faltado”.

CUSTO MENOR

O deputado cita como exemplo o intercâmbio aéreo que acaba de ser criado na região. Quatro vôos, com 24

toneladas de hortifrutigranjeiros para comercialização durante a Expoacre Juruá, pousaram na quinta-feira, 27 de agosto, no Aeroporto Internacional de Cruzeiro do Sul. Os peruanos trou-xeram também móveis, artesanatos e outros produtos da economia andina.

A delegação peruana foi com-posta por empresários, prefeitos,

Estrada do Pacífico através do Vale do Acre já é uma realidade

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dirigentes de órgãos públicos e os governadores dos departamentos de Ucayali, Huánuco e Ancash que vie-ram participar, em Cruzeiro do Sul, do II Encontro Institucional e Empresarial Etapa Aérea da Integração Regional da Fronteira promovida pela Assem-bléia Legislativa do Acre. A vinda foi uma retribuição à visita oficial de empresários e políticos acreanos ao Peru, em maio.

Do lado brasileiro participaram do evento 23 deputados estaduais, incluindo o presidente da Assembléia Legislativa e incentivador da integra-ção, Edvaldo Magalhães (PC do B), o vice-governador César Messias (PP), o senador Tião Viana (PT), deputados federais, prefeitos do Juruá e Feijó, empresários, dirigentes bancários, Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e Sebrae, além de representantes dos órgãos federais responsáveis pelas operações de in-

tegração e controle de importação e exportação, como Anvisa, Ministério de Relações Exteriores, Polícia Fede-ral, Infraero, Receita Federal e Minis-tério da Agricultura, Pesca e Abasteci-mento – MAPA.

“Imagine essa estrada asfaltada até Pucalpa? O comércio local seria extremamente incentivado. Os pro-dutos típicos como a farinha, o açaí, a castanha, a madeira manejada e muitos outros poderiam chegar até o mercado asiático e europeu, incre-mentando a economia local e geran-do milhares de empregos. Além dis-so, os peruanos têm muito interesse na carne produzida no Acre”, explica o deputado Ilderlei Cordeiro. “Será a redenção econômica para os empre-sários cruzeirenses. Com a estrada podemos exportar nosso produto e isso vai nos fazer aumentar os inves-timentos para atender a demanda.”, afirma o empresário Tárcito Batista, dono do frigorífico Frigonorte-Cruzei-ro do Sul que, associado ao Friboi, em Rio Branco, realizou a primeira grande operação de exportação de carne para o Peru, por avião.

Se a exportação é a menina dos olhos do empresariado local, a impor-tação também é muito aguardada. Tanto empresários de Cruzeiro do Sul

e região como a própria população poderão comprar uma série de pro-dutos a preços mais baixos que no mercado brasileiro. Além das frutas e verduras já citados, os peruanos ofe-recem fertilizantes, cimento, mariscos e muitos outros produtos industriali-zados.

“Além disso, pelo Vale do Juruá, a estrada até Pucalpa é uma obra bem mais barata e menos complexa que o trecho por Assis Brasil”, afirma Ilderlei Cordeiro.

INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO

A indústria madeireira também estima a possibilidade de um grande volume de negócios com a venda da madeira manejada e certificada. Os mercados da Europa, Ásia e EUA prio-rizam, cada vez mais, produtos com certificado de origem e “selo verde”. Com isso, muitas indústrias devem se instalar na região, com a abertura da estrada. O pólo moveleiro que está sendo construído pelo Governo do Estado em Cruzeiro do Sul pode ser o grande parceiro para a produção de móveis e outros artefatos de madeira manejada e com valor agregado.

Tão importante quanto fazer a es-

O regime de chuvas e o solo argiloso tornam a construção de estradas no Acre um verdadeiro desafio

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trada é criar a zona aduaneira para que o comércio exterior seja viabili-zado, já que Cruzeiro do Sul goza do privilégio de ser uma área de livre co-mércio, como Brasiléia e Epitaciolân-dia. “Hoje a operação aduaneira é re-alizada em caráter precário. Agentes e funcionários da Receita, Polícia Fe-deral, Anvisa e MAPA realizam a vis-toria física e documental das merca-dorias, para o desembaraço”, afirma o empresário Tárcito Batista. “Com o aumento do fluxo de negócios, a instalação definitiva da aduana acon-tecerá naturalmente”, complementa.

O turismo é outro setor que deve ser incrementado. “Acreanos que nunca viram o mar poderão ir até Lima. De avião, a viagem de Cruzeiro do Sul até a capital peruana dura cer-ca de uma hora e 20 minutos. Além disso, existem vôos diários de Pucal-pa para Lima”, afirma Cordeiro. Po-rém, para que a estrada cumpra seu papel de integração, é preciso fazer o dever de casa. No território acre-ano, a pavimentação da BR 364, de Rio Branco a Cruzeiro do Sul precisa ficar pronta dentro do cronograma. Vários trechos já estão asfaltados e a conclusão da obra será um inestimá-vel avanço diante do projeto maior da integração binacional.

O PLANEJAMENTO DA RODOVIA

Construir estradas na Amazônia

não é tarefa fácil. O regime de chuvas no rigoroso inverno, o solo argiloso e a geografia inóspita dificultam qual-quer trabalho. Além disso, existem as questões ambientais. O processo de licenciamento de uma obra como uma estrada entre dois países é bas-tante complexo e demorado. É bom lembrar que a sonhada estrada entre Cruzeiro do Sul e Pucalpa passará dentro do parque nacional da Serra do Divisor e, portanto, precisará obe-decer a rígida legislação ambiental. “O decreto que criou o parque já pre-via a construção da estrada”, afirma o deputado Ilderlei Cordeiro.

Questionado sobre o interesse do governo do Estado em realizar a pavi-mentação do trecho até a divisa com o Peru, o secretário de Planejamento, Gilberto Siqueira, foi cauteloso. “Te-mos que primeiro concluir a BR 364 até Cruzeiro do Sul. Isso se dará so-mente no final de 2010, se as condi-ções climáticas ajudarem. A estrada

de Cruzeiro do Sul a Pucalpa é um projeto para o próximo governo da Frente Popular, mas isso é uma opi-nião minha”, afirma o secretário.

A Frente Parlamentar Brasil-Peru é uma maneira de sensibilizar depu-tados, senadores, Governo Estadual e Federal para a causa. O deputado Ilderlei esteve com o diretor de proje-tos do DNIT, Miguel de Souza, reque-rendo o estudo de viabilidade técnica e ambiental para a obra da estrada. “Os técnicos do DNIT já começaram a fazer os primeiros estudos para a elaboração dos projetos estrutural e de Impacto Ambiental da obra”, expli-ca o parlamentar.

“A BR-364 não pode ser apenas uma estrada para tirar o povo do iso-lamento, mas também para o cresci-mento e desenvolvimento econômico da região. E para isso precisamos dessa interligação com o Pacífico, através do Vale do Juruá”.

Deputado Federal Ilderlei Cordeiro (PPS/AC) - à direita na foto, busca

sensibilizar a Bancada Federal e o Governo do

Estado para a importância da estrada até Pucalpa

Máquinas trabalham para a conclusão da BR-364 até o

final de 2010

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Não é novidade para ninguém que no Brasil o transporte ro-doviário prevalece sobre os

demais modais de transporte. Estima-se que atualmente transitem pelas es-tradas brasileiras 65% do total de car-gas transportadas no país. No Acre a situação não é diferente. Mesmo com as dificuldades de logística enfrenta-das no inverno amazônico, quando a principal rodovia dentro do estado – a BR 364, fica fechada, o modal rodovi-ário é infinitamente mais utilizado que o fluvial, por exemplo.

O problema é que essa atividade sempre foi exercida informalmente, bastando apenas uma carteira de ha-bilitação profissional e um caminhão para qualquer motorista realizá-la. Cerca de 30% dos acidentes nas rodovias envolvem caminhões. Boa parte disso é conse-

qüência de fretes inadequados com preços inexeqüíveis.

Agora as empresas transporta-doras, cooperativas e caminhoneiros autônomos que trabalham devida-mente registrados têm algo a come-morar. Com a regulamentação da Lei 11.442/2007 através da Resolução 3.056/2009, “apenas aqueles que possuírem o novo registro estarão habilitados para exercer profissio-nalmente a atividade de transporte de cargas nas estradas brasileiras”, disse a presidente do SETACRE - Sindicato das Empresas de Lo-

gística e Transportadoras de Cargas do Estado do Acre, Nazaré Cunha. A nova regulamentação do transporte rodoviário de cargas no Brasil entrou em vigor no dia 19 de maio e todas as empresas transportadoras, coope-rativas e autônomos - filiados ou não ao Sindicato, devem procurar o órgão para fazer o recadastramento.

“Com o novo registro o setor po-derá se organizar e se profissionali-zar, promovendo maior capacitação de funcionários e de empresas, além de convergir para a formação de um

TRANSPORTE DE CARGASNOVAS REGRAS PARA VALIDAR O REGISTRO NACIONAL - RNTRCEmpresas, cooperativas e transportadores autônomos têm até 18 de dezembro para renovar seu cadastro junto à ANTT - Agência Nacional de Transporte Terrestre

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INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

Quem deve se recadastrar: Empresas de transporte de car-gas – cuja atividade principal seja o transporte rodoviário de cargas; transportadores autônomos (caminhoneiros); cooperativas de transporte rodoviário de cargas.

Local de recadastramento: SETACRE – Sindicato das Empresas de Logística e Transportadoras de Cargas do Estado do Acre. Telefone: 3212-3015

Curso de Atualização: No SE-NAT – Serviço Nacional de Aprendi-

zagem no Transporte. Informa-ções sobre datas, documentação e valores pelos telefones: 3214-8000 ou 3214-8015

Mais informações: no site da ANTT (www.antt.gov.br).

mercado mais justo”, afirma Marcelo Ribeiro, secretário geral do SETA-CRE. “São medidas pleiteadas há tempos pelo setor como um todo, por causa das concorrências desleais e predatórias”, acrescentou.

Os transportadores registrados terão até o dia 18 de dezembro para se recadastrar na ANTT e se adequar a regras como: comprovação de ex-periência mínima de três anos no exercício da atividade ou a realização de um curso específico de capaci-tação para transportadores autôno-mos; comprovação de idoneidade e capacidade financeira das empresas transportadoras; criação da figura do responsável técnico no âmbito das empresas transportadoras para zelar pela qualidade dos serviços presta-dos; e imposição de sanções para usuários que ultrapassarem o tempo de cinco horas no desembarque de mercadorias. No Acre a realização dos cursos de capacitação é respon-sabilidade do SEST/SENAT.

“As empresas transportadoras, cooperativas e autônomos que não se recadastrarem e continuarem a

exercer suas funções sofrerão as penalidades previstas na Resolução como multas que podem variar de R$ 500,00 a R$ 5.000,00. Além dis-so, o infrator será impedido de obter o novo registro pelo prazo de dois anos”, concluiu Nazaré Cunha.

O número de registro nacional é agora

padronizado e todas as empresas, cooperativas e autônomos devem se

recadastrar

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Os membros da CPI da Ener-gia Elétrica da Câmara Fede-ral que investiga os valores

das tarifas de energia elétrica em todo o Brasil vieram o Acre entre os dias 10 e 11 de setembro. Eles concederam entrevistas a jornais e redes de Tele-visão e, na sexta-feira, 11, foram rece-bidos na Assembléia Legislativa para a primeira audiência em Rio Branco.

Vieram ao estado o presidente da CPI, deputado Eduardo da Fonte (PP/PE), Márcio Junqueira (DEM/RR), Edio Lopes (PMDB/RR), e os deputa-dos acreanos Gladson Cameli (PP), Sérgio Petecão (PMN) e Ilderlei Cor-deiro (PPS) integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito, além da de-putada Perpétua Almeida (PC do B).

Instalada em junho deste ano, a CPI vem realizando audiências nas capitais dos estados da região Nor-te. A primeira foi Boa Vista, onde os deputados já identificaram uma distorção na conta de luz dos rorai-menses. “O povo de Roraima estava sendo obrigado a pagar pela obra do “linhão”que leva energia de San-ta Helena, na Venezuela, até o esta-do. Isso não era correto, nem estava sendo explicado para o consumidor. A CPI obrigou o estado a rever essa situação”, revela o deputado Márcio Junqueira.

OBJETIVO DA CPI DA ENERGIA ELÉTRICA

A CPI da Energia Elétrica foi cria-da para investigar, em cada estado, a formação dos valores das tarifas de energia elétrica e a atuação da Agên-

cia Nacional de Energia Elétrica (Ane-el) na autorização dos reajustes a títu-lo de equilíbrio econômico-financeiro.

O resultado dos trabalhos da CPI também é didático: fazer com que o cidadão entenda e fiscalize os crité-rios para aumento da energia elétrica, transformando o consumidor num agente ativo no acompanhamento das ações de majoração de tarifas utilizadas pela Aneel.

A SITUAÇÃO NO ACRE

O sistema de energia elétrica do Acre é um dos campeões em recla-mação junto aos órgãos de defesa do consumidor. De acordo com relatório do Procon - Acre, no período de 01 de janeiro a 31 de agosto de 2009, 572 reclamações foram relacionadas a abusos na cobrança das contas de energia; má qualidade no serviço prestado ao consumidor; danos ma-teriais, entre outros.

“Quando anunciaram o desmonte do parque termelétrico da Eletronorte no Acre, foi com a justificativa de uma energia mais barata e isenta de falhas de geração. Até agora, com esse Li-nhão, a energia elétrica no Acre con-tinua cara e de péssima qualidade também na distribuição”, relata o de-putado Gladson Cameli, autor do re-querimento que trouxe a CPI ao Acre.

Outro questionamento levanta-do pelos deputados é com relação aos impostos e tributos cobrados na conta. No boleto de luz de um con-sumidor residencial, além do consu-mo, constam os seguintes impostos: ICMS, PIS, COFINS, e a Contribuição

Para o Custeio dos Serviços de Ilu-minação Pública – COSIP, conhecida como Taxa de iluminação Pública.

“Por que o consumidor de clas-se média, que representa a grande maioria, tem que pagar 25% de ICMS quando o correto seria 17%? Quan-do nós, deputados, aprovamos a proposta do então governador Jorge Viana, em 2001, era para dar um re-forço de caixa aos cofres do estado. Agora, com tantos recursos de em-préstimos e financiamentos junto ao BID, BNDES e outros bancos, além do aumento na arrecadação própria, essa alíquota poderia voltar ao que era antes”, reclama o deputado Sér-gio Petecão. Em 2001, como presi-dente da Assembléia Legislativa, ele ajudou a aprovar a matéria de autoria do Executivo, que aumentou a alíquo-ta para 25%.

CPI DA ENERGIA ELÉTRICADeputados investigam as distorções que elevam o preço da energia elétrica em todo Brasil. Reunião no Acre é a segunda da Comissão Parlamentar de Inquérito

Deputado Federal Gladson Cameli (PP/AC) foi o autor do requerimento que trouxe a CPI ao Acre

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A AUDIÊNCIA NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Estiveram presentes na ALEAC para a primeira audiência no estado, o presidente da Eletroacre, Celso Mateus e o Secretário Estadual da Fazenda, Mâncio Lima Cordeiro; o diretor regional da Guascor do Brasil, Olivar Mesquita e o presidente da Ele-tronorte, José Nassar Palmeira.

Os representantes da Eletronorte, Eletroacre, Guascor e Governo do Es-tado, interrogados por mais de quatro horas pelos membros da Comissão, respondiam de maneira evasiva e uti-lizando terminologia técnica, de difícil entendimento para o público presen-te. As respostas aos principais ques-tionamentos dos deputados federais e membros da CPI esclareceram pou-co e suscitaram ainda mais dúvidas.

Questionado pela deputada fede-ral Perpétua Almeida (PC do B - AC) sobre a Eletroacre ter pedido à Aneel, uma autorização para aumentar em 14,5% a tarifa de energia elétrica no Acre, Celso Matheus tentou explicar alegando que apesar da empresa estatal ter lucro econômico de cerca de R$ 1 milhão, ainda opera de ma-neira deficitária. Essa contradição foi flagrada pelos parlamentares que prometeram impedir a majoração da tarifa.

A clandestinidade, os famosos “gatos”, também são citados como

fatores que encarecem o sistema. “O governo perde o ICMS, nós per-demos e o consumidor legal é quem acaba pagando a conta de luz dos gatunos”, concluiu Celso Mateus.

Sobre o os constantes blecautes ocorridos no Acre, Mateus disse que são normais porque o Acre está num processo de integração. “Também estamos numa fase de melhorias”, finalizou.

Outra questão levantada foi o fato dos consumidores da Eletroacre se-rem obrigados a pagar o preço do “Li-nhão” embutido no valor da tarifa. O deputado Sérgio Petecão questionou duramente o presidente da Eletronor-te, José Nassar Palmeira. No final, o executivo admitiu que o investimento será mesmo pago pelos consumido-res, o que deixou o público presente indignado. O deputado Edio Lopes (PMDB-RR) aproveitou para fazer uma pergunta capciosa, mas extre-mamente oportuna: “A quem per-tencerá o “Linhão”? Ao cidadão que pagou a conta ou as empresas opera-doras?”. Não obteve resposta.

Questionados sobre o por quê do “Linhão” de Rondônia não ter seguido até o Juruá, o presidente da Eletroa-cre, Celso Mateus, e o da Eletronorte, José Nassar entraram em contradi-ção. Enquanto o Mateus afirmou que a região é considerada isolada pelo sistema vigente, José Nassar corrigiu o companheiro, dizendo que o status

havia mudado para interligado e tudo dependia de uma nova licitação.

Ao ser indagado pelos deputados Sérgio Petecão e Gladson Cameli a respeito dos altos valores do ICMS nas contas de luz no Acre, o secre-tário da Fazenda, Mâncio Cordeiro explicou que a maioria da população de baixa renda não é onerada pelo imposto que é escalonado. “25% da população não paga ICMS; 27% paga 12%; 15% paga 17%; e 33% paga 25%. Na verdade, mais da metade da população acreana não sofre o reflexo do ICMS sobre as contas de energia”, explicou o secretário. O pro-blema é que a maioria da população economicamente ativa, ou seja, quem mais contribui com o estado, é quem é mais onerada por ele com o ICMS.

PRÓXIMOS PASSOS

Responsável pela realização da au-diência pública em Rio Branco da CPI da Energia Elétrica da Câmara dos De-putados, o deputado Gladson Cameli garantiu que agora vai direcionar seus esforços no combate as tentativas de aumento da energia elétrica em todo o Estado. ”Já é um absurdo a tarifa que vem sendo praticada no Acre. A notí-cia do aumento só vai jogar ainda mais a população contra a Agência Nacio-nal de Energia Elétrica (Aneel) e contra a Eletroacre”, garantiu. Uma nova reu-nião com a Aneel ficou acertada para outubro, no auditório na FIEAC, em Rio Branco, para discutir os índices de aumento propostos.

Deputados e membros

da CPI da Conta

de Luz sabatinam

autoridades do Estado e gestores

do setor energético,

durante audiência na ALEAC

Deputado Sérgio Petecão (PMN/AC) é um dos integrantes da Comissão parlamentar de inquérito que investiga o alto custo da tarifa de energia elétrica em todo o Brasil

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Da primeira lanchonete que fundou na Epaminondas Já-come, em 1984 à posição de

empresário conhecido e respeitado no setor alimentício do Acre, a histó-ria de Roberto da Princesinha e seu empreendimento pode ser definida como um dos mais interessantes ca-pítulos do empreendedorismo acrea-no.

Nascido em Dourados/MS, filho de agricultores, desembarcou em Rio Branco na véspera do natal de 1982.

Chegou, se instalou e procurou uma terra para comprar. Encontrou uma boa área no km 52 da estrada de Brasiléia, a BR 317. Trouxe a família, comprou algumas cabeças de gado e por um tempo tentou levar adian-te o sonho de pecuarista. Porém, as péssimas condições das estradas acreanas enterraram o projeto inicial do empresário. Mudou-se então para o Quinarí, onde tentou instalar uma granja. Mais uma vez teve que desis-tir. O altíssimo preço do frete dos in-sumos, por conta das já conhecidas dificuldades de infra-estrutura e logís-tica do estado, dificultava a vida dos pequenos empreendedores no Acre dos anos 80.

UM NOVO DESAFIO

Com apenas 24 anos, muitas ex-

periências e algumas frustrações, Roberto vem para a capital em 84. Procurou um ponto comercial para instalar uma pequena lanchonete. Ele estava de olho num terreno ligado à Galeria Meta. Ele percebeu que aque-le ponto seria fundamental para o su-cesso do seu pequeno negócio. En-trou no matagal, ajoelhou-se e pediu a Deus uma direção para conseguir aquele local.

Assim, foi procurar saber quem era o proprietário do terreno. Soube por amigos que a área pertencia à Dona Iolanda, mãe do então Diretor do

Deracre à época, Lauro Julião.A simpática senhora lhe alugou o

ponto com a estrutura já montada. Ali começava a história da Princesinha.

A REALIZAÇÃO DE UM SONHO

Em 1984 nascia a lanchonete “A

Princesinha”. O nome surgiu de um insight: Rio Branco era para o jovem empresário a grande oportunidade de realizar seu projeto de vida, era a terra das oportunidades, enfim, a

princesinha do Brasil.Roberto também montou a

Imobiliária Boa Sorte e as dro-garias Monte Cristo 1 e 2 que foram depois vendidas com

boa margem de lucro. Porém, sua paixão

estava na Princesinha. O negócio prosperou e dois anos depois Rober-to comprou o ponto de

um concorrente que ficava no segundo

piso da gale-ria Meta. Em

1986 surgia o restaurante “A Prince-sinha” que trouxe uma grande ino-

vação do sul e sudeste do país: o siste-ma self-service.

O sucesso trouxe o

AS MUITAS HISTÓRIAS DE UMA “PRINCESINHA”

Restaurante “A Princesinha”, ponto de encontro gastronômico de Rio Branco

Roberto da Princesinha, um empresário que

acreditou no Acre mesmo diante de grandes desafios

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desejo de dar o passo decisivo para qualquer empresário: ter sua sede própria. Foi aí que em 1992, o em-presário comprou o atual imóvel da praça da catedral, e dois anos mais tarde, iniciou o trabalhoso processo de mudança de um ponto conhecido para outro a ser desbravado. O públi-co ainda não tinha “adotado” a nova Princesinha como seu restaurante e Roberto tinha perdido muitos clientes com a mudança de local.

A GRANDE SACADA O que fazer numa situação como

essa? Uma ação agressiva: Roberto teve a idéia que multiplicou sua clien-tela e fidelizou o público: “a promoção do paladar da economia premiada”.

A idéia: o cliente ganhava um cupom a cada R$ 5,00 consumidos para concorrer a um automóvel 1.0, zero km. O carro ficou exposto por 12 meses e com uma ampla campanha publicitária, a “Princesinha” da Praça da Catedral se tornou o sucesso de público que é até hoje.

NOVOS INVESTIMENTOS

Mas um empresário visionário está sempre em busca de expandir seus negócios. Em 1998, Roberto fe-chou uma parceria de sucesso com uma indústria do sul do país. Nascia a Fábrica de Chope Haus Bier, no bair-ro da Corrente, no Segundo Distrito, às margens da recém inaugurada Via Chico Mendes.

TRADIÇÃO – A CONSOLIDAÇÃO DE UMA MARCA

Hoje o restaurante “A Princesinha” não é apenas um local para se co-mer bem. É um ponto turístico de Rio Branco. As pessoas não vão apenas para apreciar a deliciosa moqueca, o churrasco de carnes nobres todos os dias e as pizzas de mais de 30 sabo-res todas as noites... As pessoas vão à Princesinha para se sentirem bem, para conversar e fazer novos amigos.

É por conta disso que depois de tantos desafios, Roberto está sempre bem humorado, otimista e com novas idéias na cabeça. Sua frase preferida é:

“Eu acredito no futuro do Acre e conto com você amigo”.

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Tempo sempre foi associado a trabalho e conseqüentemente a dinheiro. Essa relação, que

sempre nos pareceu sadia, nos últi-mos anos tem se mostrado danosa e mortal. Podemos chamar de tempo ruim.

Há uma outra relação, de superior significância, que esquecemos de fa-zer com o tempo.

Não relacionamos – nestes dias de angústia cronológica – nosso tem-po com uma vida de paz. Tempo tem sempre um viés de correria, coisas a realizar, prioridades, necessidades e principalmente, dinheiro. Dinheiro à ganhar que nem sempre é usado à favor do tempo bom.

Não perdemos tempo preocupa-do, por exemplo, com a existência dos dois colesteróis, o bom (HDL) oriundo dos lipídios e que não se dissolvem no sangue; e o ruim (LDL), o maior transportador de colesterol para nossa corrente sanguínea. Sem perceber, placas grossas de gorduras são gradativamente depositadas nas artérias o que facilmente pode nos parar.

O tempo não pára, mas nós, sim! Colesterol bom, ruim, tempo bom,

tempo ruim...Por incrível que pareça não é essa relação a fazer.

Decidimos viver para correr atrás das horas. Mas que horas são essas? Como você emprega seu tempo? Tem ao menos chegado no horário em seus compromissos? Está preso a antiga armadilha onde iniciar novos projetos é sempre mais excitante do que terminar os antigos? O grande problema é que muitos projetos em andamento dispersam o seu pensa-mento, prejudicam o seu progresso e reduzem sua energia. Isso acontece com todos, em todo o mundo. Vale a dica: termine o que começou!

Você não controla o tempo, ele controla você. E o que controla você não controla Deus.

O tempo de Deus é diferente do nosso tempo...nosso tempo é egoís-

ta, o tempo dEle para as nossas vidas é desvinculado de interesses tempo-rários e passageiros.

Estamos pensando: preserve o corpo; Ele está pensando: preserve a alma. Sonhamos com um aumen-to de salário; Ele sonha que acredi-temos nos seus milagres. Evitamos a

dor e procuramos paz; Deus usa a dor para trazer paz. “Vou viver antes de morrer”, decidimos; “Morra para que você possa viver”, Ele instrui. Gostamos do que enferruja; Ele gos-ta do que dura. Nos alegramos com nossos sucessos; Ele se alegra com nossas confissões e humildade. Pais mostram aos filhos o astro da Nike exibindo um sorriso de um milhão de dólares e dizemos: “Seja como Ro-naldo”; Deus aponta para o carpintei-ro crucificado que tem os lábios man-chados de sangue e um dos lados dilacerado e diz: “Seja como Cristo”.

Nossos pensamentos não são como os pensamentos de Deus. Por-tanto, nosso tempo pode estar sendo usado da maneira mais distante de Dele .

O maior sonho de homens e mu-lheres de negócios, de mães e de pais, de jovens e de velhos em todo o mundo: estar em vários lugares ao mesmo tempo. Com a família no sho-pping, numa viagem a dois, naquele curso imperdível, em casa descan-sando e ainda no trabalho. Tempo bom!!!

Só Deus pode estar em todos os lugares e com prazer, ir resolvendo algumas de nossas tantas ‘coisas’ mediante os pedidos à Ele. Ele pode organizar a agenda. Acredite nisso e comece a pedir que seu tempo seja BOM...Substancie essa nova reali-dade através da certeza que Ele é o Senhor de todas as horas, materialize um novo tempo através de palavras e páre de perder tempo correndo atrás do vento.

E que as horas sejam boas, os minutos sejam calmos e seu tempo seja motivo de bom dia, bom tra-

coluna ACRE$/ATempo é...Você decide!

balho, boas horas em família, bons amigos e boas ações, bom relacio-namento com Deus, coleterol bom e uma boa noite!

Mirla Miranda é administradora e jorna-

lista, pós-graduada em Marketing, Asses-

soria de Imprensa e Psicanálise Clínica.

Dirige e apresenta o Acre S/A - Amazônia

S/A, para todo o Brasil através do Canal

Amazonsat e REDE BRASIL.

Contato: [email protected]

(68) 3224-0882

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Pacto pela educação fortalece a matriz curricular na Capital

A matriz curricular deve fo-car o ensino dos conte-údos das diversas disci-

plinas ao mesmo tempo em que preserva a infância, como mostra a proposta de Rio Branco

Apesar de todo o esforço para garantir a infraestrutura ne-cessária à ampliação do Funda-mental, é na área pedagógica que a entrada das crianças de 6 anos gera os maiores dilemas. O eixo da polêmica está na organização do currículo e na alfabetização inicial. Um letramento sistemáti-co nessa fase é prematuro? Ou a faixa etária já oferece condições para entrar a fundo em atividades de leitura e escrita? E os con-teúdos das demais disciplinas, como ficam?

Em Rio Branco, o pro-blema foi enfrentado de forma mais indicada pelos especialis-tas. Antes da implementação do Ensino Fundamental de 9 anos, em 2006, a prefeitura, em con-junto com o governo estadual, iniciou um programa de forma-ção. “Chamamos todos os que trabalhavam com crianças de 6 e 7 anos para uma jornada de es-tudos. Tínhamos consciência de que a mudança demandaria alte-rações profundas e de que preci-saríamos misturar o modo de tra-balhar na Educação Infantil com os do início do Fundamental”, diz Lígia Ferreira Ribeiro, diretora do departamento de Ensino da Se-cretaria Municipal de Educação

da capital acreana. Na mesma época, a pre-

feitura submeteu todos os alunos de dois níveis a uma avaliação para detectar os pontos proble-máticos. “Os exames tinham como objetivo identificar as ca-pacidades leitoras e escritoras básicas. O resultado não foi posi-tivo. Estávamos em um nível bai-xo”, lembra Lígia. O diagnóstico guiou os trabalhos dos grupos de formação, que posteriormen-te passaram a incluir também os coordenadores pedagógicos. “Ao discutir conjuntamente os resultados dos testes, percebe-mos que as dúvidas não estavam apenas em como construir o cur-rículo, mas igualmente no que é um bom currículo”, argumenta a gestora.

É essencial estabelecer ex-pectativas de aprendizagem

Como lembra Lígia, mesmo professores com curso superior confundiam objetivo, conteúdo e atividade. “Por isso, muitos treinamentos não davam resultados e professores saíam sem saber planejar.” Duas atitu-des foram tomadas para rever-ter o quadro. Primeiro, os temas desconhecidos viraram alvo de capacitações. Segundo, com a ajuda financeira do governo es-tadual, uma consultoria foi con-tratada para montar a nova matriz

Aquinei Timóteo, com informações da Revista Nova Escola

Alunos da Rede Pública Mu-nicipal têm sua capacidade de aprendizagem po-tencializada com o novo modelo curricular adotado pela Prefeitura de Rio Branco

O Pacto pela Educação firmado em 2006 pela prefeitura de Rio Branco e governo do Estado permitiu uma verdadeira revolução na educação infantil. Escolas foram construídas, reformadas e ampliadas. Em 2009 a quantidade de vagas nas escolas públicas infantis teve um acréscimo de mais de 30%. Contudo, o trabalho não foca unicamente a estrutura, mas está centrado também nas pessoas e na definição de uma matriz curricular adequada aos alunos. Estes e outros temas foram discutidos na edição de setembro da Revista Nova Escola. O modelo de Rio Branco foi apontado como referência por focar em seu currículo escolar o ensino das disciplinas sem ferir uma fase fundamental de toda criança: a infância. Confira matéria completa abaixo:

AJUSTAR A BÚSSOLA

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Prefeitura de Rio Branco é destaque na Revista Nova Escola

curricular para todo o Estado. Nessa parceria, ficou decidido que a rede precisava de um do-cumento que detalhasse as ex-pectativas de aprendizagem e as tarefas necessárias para alcançá-las.

Ao acompanhar trechos da proposta de Rio Branco, você pode notar que ela segue alguns preceitos básicos. Para começar, os objetivos traduzem capaci-dades a serem adquiridas pelas crianças.

Depois, os conteúdos a serem ensinados são necessá-rios ao cumprimento dos obje-tivos. As atividades ou as situa-ções de aprendizagem trabalham os conteúdos propostos privile-giando as metodologias que en-volvem a resolução de problemas e em que a exploração, a expe-rimentação e o uso do conheci-mento servem de base para uma posterior sistematização. Não há atividades que peçam a simples memorização ou acúmulo de co-nhecimentos não provados em situações de uso. Por fim, têm destaque as situações em que é possível avaliar a aprendizagem dos temas vistos.

Definida uma estrutura básica nesses moldes e supera-dos os obstáculos iniciais com relação à equipe, a rede começou a trabalhar em uma nova pers-

pectiva. “Percebemos que era possível unir leitura e escrita à iniciação matemática, respeitan-do a infância”, explica Rosaura Soligo, coordenadora de projetos do Instituto Abaporu, responsá-vel pela elaboração da proposta da capital acreana.

A especialista faz uma conta que ajuda a entender o peso de ser dado pelo professor a cada atividade no novo 1º ano. “Se você tem 3,5 horas de traba-lho diário com crianças, fora o re-creio, não vai ficar o tempo todo trabalhando a alfabetização”, re-comenda. Se apenas meia hora por dia for destinada a atividades de reflexão sobre a escrita, em 200 dias letivos haverá tempo mais do que suficiente para tratar o tema de forma adequada.

As adequações não envol-vem apenas as turmas de 6 anos

Nas redes que já aderi-ram ao novo modelo, foi preciso repensar também as séries se-guintes, como fizeram as secre-tárias municipais de Rio Branco e São Luís e a estadual de São Paulo, as mais bem avaliadas a pedido de NOVA ESCOLA. “Era como se os pequenos estives-sem calçando um sapato que estava apertado para os mais ve-

lhos, já que muitas das necessi-dades deles não eram atendidas pelo modelo vigor”, diz Patrícia Corsino, da UFRJ. Quando essa turma que estaria na pré-escola foi chegando e trazendo uma série de demandas, houve um princípio de revolução. Para aten-dê-las, buscou-se o que havia de melhor na Educação Infantil. “Só que isso não combina com uma escola quadrada, que não oferece espaço para a garotada se movimentar nem tempo para brincar”, diz.

Essa reflexão suscitou a sensação de que os outros anos mereciam algo melhor. Mesmo as redes que concluíram as ex-pectativas de aprendizagem para os cinco anos, porém, precisam ficar atentas a outra situação. Du-rante a transição de modelo, algu-mas turmas vão “pular de ano”. Os alunos da antiga 1ª série, por exemplo, vão para o 3º ano. Para dar conta dessa questão inevitá-vel, o corpo técnico deve discu-tir como proceder. “É essencial fazer avaliações para saber em que nível eles estão. Na prática, devem ser oferecidas condições para que haja uma continuidade das aprendizagens”, defende Tel-ma Leal, da Faculdade de Educa-ção Universidade Federal de Per-nambuco (UFPE).

Investimentos na estrutura física das escolas proporcionou uma elevação na qualidade do ensino

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