rotas da engenharia para o desenvolvimento de uma
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Seminário “A Engenharia e a Construção do Brasil”
ROTAS DA ENGENHARIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA
NAÇÃO SOBERANA
Conferência realizada na Escola Politécnica da UFBA no dia 21/03/2014
Eng. e Prof. Fernando Alcoforado
CONCEITO DE SOBERANIA• A soberania é uma autoridade superior que
não pode ser limitada por nenhum outro poder.
• De acordo com este conceito pode-se afirmar que um país não é soberano quando é limitado na sua ação por outros poderes globais tanto no plano interno quanto no externo resultante da ação das grandes potências capitalistas e das empresas multinacionais ou transnacionais.
• A dependência tecnológica, econômica e financeira de um país em relação ao exterior é um fator limitante do exercício de sua soberania.
CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DA SOBERANIA EM UMA NAÇÃO
• Haver disponibilidade de recursos naturais em abundância
• Possuir uma população educada e altamente qualificada• Dispor de infraestrutura econômica (energia,
transportes e comunicações) e social (educação, saúde, saneamento básico e habitação) compatível com as necessidades da nação
• Haver amplos recursos de conhecimento (universidades e institutos de ciência, tecnologia e inovação)
• Possuir uma estrutura econômica (agropecuária, indústria e serviços) altamente desenvolvida e de propriedade predominantemente de nacionais.
• Não depender econômica e tecnologicamente do exterior
O BRASIL NÃO É UM PAÍS SOBERANO • Apesar de possuir recursos naturais em abundância, o
Brasil apresenta inúmeras fragilidades.• O Brasil apresenta fragilidades com relação a educação
e qualificação de sua população• O Brasil, possui problemas e gargalos nos setores de
energia, transportes e comunicações.• O Brasil é bastante deficiente na sua infraestrutura de
educação, saúde, saneamento básico e habitação• O Brasil não é detentor de amplos recursos de
conhecimento em quantidade e qualidade.• O Brasil se defronta com um acentuado processo de
desindustrialização e desnacionalização da indústria brasileira.
• O Brasil é dependente econômica e tecnologicamente do exterior.
PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA NA FORMAÇÃO DO PIB
A DESNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA
• O capital estrangeiro está presente em 17.605 empresas brasileiras que respondem por 63% do Produto Interno Bruto (PIB), e tem o controle de 36% do setor bancário e possui 25% das ações do Bradesco e 20% das ações do Banco do Brasil.
• A desnacionalização da economia brasileira é evidenciada quando se observa que das 50 maiores empresas brasileiras, 26 são estrangeiras.
• Mais da metade das empresas brasileiras de setores de ponta (automobilístico, aeronáutica, eletroeletrônico, informática, farmacêutico, telecomunicações, agronegócio e minérios) estão nas mãos do capital estrangeiro.
PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO, NACIONAL E ESTATAL NA INDÚSTRIA
BRASILEIRA
PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO, NACIONAL E ESTATAL NA INDÚSTRIA DE
PONTA DO BRASIL
REMESSAS DE LUCROS DO PARA O EXTERIOR – 2003-2011
A FRÁGIL INFRAESTRUTURA DO BRASIL• O Brasil precisa investir 2,5 trilhões de reais adicionais nos
próximos 25 anos para dobrar o nível de investimentos no setor dos atuais 2% para 4% do Produto Interno Bruto (PIB), o mínimo necessário para chegar a um nível razoável de modernização.
• Os investimentos necessários em portos (R$ 42,9 bilhões), ferrovias (R$ 130,8 bilhões) e rodovias (R$ 811,7 bilhões), hidrovias e portos fluviais (R$ 10,9 bilhões), aeroportos (R$ 9,3 bilhões), setor elétrico (R$ 293,9 bilhões), petróleo e gás (R$ 75,3 bilhões), saneamento básico (R$ 270 bilhões) e telecomunicações (R$ 19,7 bilhões) totalizam R$ 1.664,5 bilhões.
• O setor de saúde requer investimentos de R$ 83 bilhões por ano, o setor de educação precisa de investimento de R$ 16,9 bilhões/ano para obter educação de qualidade no Brasil e o de habitação popular requer R$ 160 bilhões para eliminar o déficit habitacional.
• O total de investimento em infraestrutura econômica (energia, transportes e comunicações) e social (educação, saúde, saneamento básico e habitação) corresponde a R$ 1.924,4 bilhões, isto é, quase R$ 2 trilhões.
A FRÁGIL INFRAESTRUTURA DO BRASIL
• Entre as maiores economias mundiais, o Brasil é o país que apresenta a menor taxa de investimento no setor de infraestrutura em relação ao PIB. Enquanto a China investiu 40% do PIB no ano de 2007 e a Índia, 33,8% no mesmo período, o Brasil destinou somente 15,7%
• O Brasil perdeu oito posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial caindo do 48º para o 56º lugar no índice global. Esta piora no ranking de competitividade tem como causa a má qualidade da infraestrutura.
• Neste quesito, o país ficou em 114º lugar e a deficiência foi apontada como o principal problema para se fazer negócios no Brasil. E quando o assunto é transportes, a colocação piora ainda mais. Em qualidade de rodovias o Brasil alcançou a 120ª posição, de portos a 131ª, de aeroportos a 123ª e de ferrovias a 103ª colocação..
A FRÁGIL INFRAESTRUTURA DO BRASIL
• É indiscutível que não há desenvolvimento em um país se este não possui sistema de infraestrutura bem planejado, implantado e em constante conservação.
• O processo de desenvolvimento no Brasil está sendo altamente comprometido pela infraestrutura precária existente.
• Este é um setor em que a presença da Engenharia é fundamental.
• A Engenharia brasileira pode oferecer contribuição importante na solução dos problemas e dos gargalos nos setores de energia, transportes e comunicações, na superação das deficiências na infraestrutura de saneamento básico e habitação do Brasil e no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação.
CAUSAS DA FALTA DE RECURSOS PARA INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA NO BRASIL
• Há insuficiência de recursos para investimento público no Brasil para infraestrutura porque o governo federal destina cerca de 50% do orçamento da União para O pagamento dos encargos com as dívidas interna e externa que corresponde a 67% do PIB (R$ 2,25 trilhões).
• Se não houver uma reversão da tendência de aumento da crescente dívida pública interna e da política de pagamento de juros e amortizações, o desequilíbrio entre a demanda e a disponibilidade de recursos para atender as necessidades do Brasil em infraestrutura econômica e social se acentuará com o decurso do tempo em detrimento da população e do setor produtivo nacional.
• Esta é a razão pela qual os governos do Brasil optaram desde 1990 até hoje pela a política de privatização de algumas infraestruturas como, por exemplo, a de energia, transportes, comunicações, educação, entre outras.
EVOLUÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA INTERNA NO BRASIL
EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO COM A DESTINAÇÃO DOS GASTOS
DESTINAÇÃO DOS RECURSOS DO ORÇAMENTO DA UNIÃO EM 2013
COMO DISPOR DE RECURSOS PÚBLICOS PARA INVESTIR NA INFRAESTRUTURA
• O governo federal deveria renegociar com os bancos nacionais e estrangeiros (credores de 55% da dívida pública), fundos de investimento (credores de 21% da dívida pública), fundos de pensão (credores de 16% da dívida pública) e empresas não financeiras (credores de 8% da dívida pública) a redução dos gastos com o pagamento do serviço da dívida alongando o prazo de pagamento dos juros e amortizações da dívida pública.
• O governo federal deveria elaborar um plano de desenvolvimento sistêmico e integrado que contemple a solução para os problemas de todos os sistemas de produção e infraestrutura do Brasil.
• Sem esta estratégia, o Brasil continuará sem a infraestrutura necessária comprometendo, em consequência, seu futuro desenvolvimento e sua soberania.
A SOBERANIA, O PODER MILITAR E A ENGENHARIA
• Na conjuntura atual em que a lei do mais forte prepondera nas relações internacionais, a soberania só será exercida com efetividade por uma nação se ela possuir um poder militar que seja capaz de defender seu território e dissuadir outros países, sobretudo as grandes potências, de se apossarem das riquezas nacionais e defender os interesses da nação no exterior.
• O poderio militar é maximizado quando a nação é detentora de uma robusta estrutura econômica e de capacidade tecnológica altamente desenvolvida que produza armamentos e elimine a dependência de suprimentos externos.
• A Engenharia brasileira poderia contribuir decisivamente na promoção do desenvolvimento da capacidade tecnológica nacional.
AS FRAGILIDADES DA ENGENHARIA NO BRASIL
• Há insuficiência de engenheiros no Brasil. Segundo dados do Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia (CONFEA), existem 712,4 mil engenheiros no país.
• De acordo com estudo do Conselho Nacional da Indústria (CNI), para dar conta da demanda por engenheiros, seria necessário formar 60 mil engenheiros por ano no Brasil. Mas o que acontece no Brasil é que apenas 48 mil obtêm este diploma a cada ano.
• O IPEA estima que em 2015, caso o crescimento do PIB fique em 5% ao ano, serão necessários 1,155 milhões de engenheiros. Com o crescimento de 7% ao ano, serão necessários 1,462 milhão de engenheiros. A projeção para 2022 aponta a necessidade de 1,565 milhões de engenheiros em ocupações típicas.
AS FRAGILIDADES DA ENGENHARIA NO BRASIL
• Enquanto 150 mil estudantes ingressam no curso de engenharia em nosso país, apenas 48 mil se formam, ou seja, somente 32%. Esta situação resulta da péssima qualidade do ensino médio, sobretudo em matemática e ciências porquanto os alunos não têm capacidade de acompanhar os cursos de Engenharia.
• O Brasil forma mais de 77% de engenheiros em apenas quatro especialidades: técnico industrial (339.822, ou 33,87% do total), engenheiro civil (201.290, 20,06%), engenheiro eletricista (122.066, 12,16%) e engenheiro mecânico e metalurgia (109.788, 10,94%).
• Com a concentração em poucas especialidades, o mercado fica ainda mais carente em outros nichos. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) diagnosticou que o Brasil precisa, especialmente, de engenheiros de minas, de petróleo e gás, navais e de computação.
COMO FORTALECER A ENGENHARIA BRASILEIRA
• Para a Engenharia brasileira elevar seu nível de contribuição ao progresso do Brasil, é preciso que o governo federal envide esforços para melhorar a qualidade da educação no País que é muito baixa em todos os seus níveis.
• Segundo avaliação da OCDE de 2010 – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, PISA – o Brasil está em 55º lugar, entre 65 países analisados. Os alunos brasileiros do nível médio ficaram abaixo da média em leitura, matemática e ciência que são justamente as disciplinas que representam os fundamentos para a formação do engenheiro.
COMO FORTALECER A ENGENHARIA BRASILEIRA
• A absorção de conhecimentos nos atuais cursos de engenharia no Brasil não é eficiente e eficaz porque, além de ter um número excessivo de especializações na graduação, as escolas de engenharia absorvem boa parte dos alunos de nível médio com insuficiência em português, matemática e ciência.
• No Brasil, os cursos de engenharia deveriam ser reestruturados visando formar o engenheiro básico na graduação e especialistas nos cursos de pós-graduação cujas atribuições seriam redefinidas pelo CONFEA e pelo CREA.
ROTAS DA ENGENHARIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA
NAÇÃO SOBERANA• Exigir do governo brasileiro a adoção do planejamento
governamental sistêmico e estratégico que contribua para a superação dos problemas nacionais que se agravam a cada dia.
• Exigir do governo brasileiro a reestruturação da educação do Brasil em todos os seus níveis.
• Exigir do governo brasileiro o fortalecimento das Universidades e Institutos de C&T para desenvolver as competências essenciais necessárias ao desenvolvimento do Brasil.
• Exigir do governo brasileiro que assuma suas responsabilidades para dotar o Brasil da infraestrutura necessária a seu desenvolvimento.
• Reestruturar os cursos de Engenharia do Brasil visando formar o engenheiro básico na graduação e especialistas nos cursos de pós-graduação cujas atribuições seriam redefinidas pelo CONFEA e pelo CREA.