desnutriÇÃo uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

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DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós-operatório.

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Page 1: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

DESNUTRIÇÃOUma realidade no pré-operatório e no pós-

operatório.

Page 2: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Epidemiologia

A desnutrição energético-protéica afeta 33 a 50% dos pacientes de clínica geral ou cirúrgicos nos EUA

O problema principal no Brasil é a baixa estatura, indicativo de desnutrição crônica de longa duração.

As prevalências de desnutrição são maiores na população rural e as regiões mais afetadas são o Norte e o Nordeste.

Estima-se que a taxa de desnutrição na América Latina tenha sido reduzida de 21%, em 1970, para 7,2%, em 1997

Ministério do Combate Social, 2002

Page 3: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

O que é a desnutrição ?

Estado de um organismo que não assimila os nutrientes essenciais a sua manutenção, ao seu crescimento e desenvolvimento.

“Caracteriza-se como um distúrbio de composição corpórea em que a deficiência de moléculas ocorre em consequência do aporte nutricional ser abaixo do requerido, resultando em redução da massa corpórea, disfunções orgânicas, apresentadas em exames laboratoriais anormais e aparecimento de complicações, podendo chegar a óbito.”

A.C.Lopes, Tratado de Clínica Médica, 1ª ed., 2007

Page 4: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Causas da Desnutrição

Primárias: Consumo inadequado de alimentos Baixa qualidade nutricional

Países em desenvolvimento, Guerra

Secundárias: Doenças que alterem o metabolismo ou absorção adequada de nutrientes

Países industrializados

Page 5: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Nutrição em pacientes cirúrgicos

O estado nutricional influencia diretamente o prognóstico do paciente

O paciente desnutrido cursa mais facilmente com infecção, demora mais para cicatrizar, exige maiores cuidados intensivos e permanece internado por mais tempo no hospital, em unidade de terapia intensiva (UTI).

Maiores custos hospitalares, maior incidência de complicações e óbito pós-operatório

Má-nutrição e baixos níveis de albumina associados à taxa aumentada de infecções cirúrgicas.

Terapia Nutricional em Unidade de Terapia Intensiva* Cavalcante Ferreira. Revista Brasileira de Terapia Intensiva Vol. 19 Nº 1, Janeiro – Março, 2007

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Resposta Biológica ao trauma

O ser vivo tem capacidade de responder a agressões da natureza

- Cirurgias- Infecções- Acidentes Preservar o organismo: maléfica x

benéfica Lesões teciduais: - Pequenas: Homeostase é logo restaurada- Grandes: Deteriora processos regulatórios

Page 7: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Resposta endócrina, metabólica e imunológica

Resposta metabólica ao estresse → depleção nutricional

síntese e liberação de mediadores humorais e da inflamação;

Os mediadores são fundamentais nas cirurgias e sinais clínicos relacionados podem aparecer no pós operatório:

- Citocinas- Radicais livres de oxigênio- Opióides endógenos- Ácido araquidônico e seus produtos- Complemento ativado

Page 8: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Aporte calórico inadequado faz com que haja proteólise e neoglicogênese.

Durante o estresse do trauma as proteínas musculares sofrem LISE e geram aminoácidos para a gliconeogênese;

Em traumas extensos (stress catabólico importante) grande quantidades protéicas viscerais e estruturais são perdidas

Jejum

Acidentes

Cirurgia

Altera o ambiente hormonal

Mobiliza substratos a partir de proteínas e gorduras

ENERGIA

Perda protéica nos primeiros 5 dias > 2 Kg

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Cirurgia

Trauma

mobilizaçãoProdução de glicose para tecidos que a usam primordialmente

GLICONEOGÊNESE

- Ferida operatória ou traumática

- Hemácias

- Leucócitos recrutados para os sítios de lesão tecidual

- SNC

Glicose armazenada como glicogênio hepático

Consumo rápido

Mobilização da glicose

Resposta hormonal gliconeogênese e lipólise

Page 10: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Glicocorticóide cortisol

Catabolismo tecidual mobilizando aminoácidos da musculatura esquelética

Estímulo a lipólise por facilitar ação das catecolaminas

Hormônio fundamental no trauma

Aminoácidos

Participam da gliconeogênese

Substrato para cicatrização de feridas

Precursores de proteínas de fase aguda

Page 11: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Catecolaminas

Desajuste transitório da circulação + estímulos oriundos da ferida = Sistema nervoso simpático hiperativado

Estimula a medula adrenal a liberar epinefrina

Epinefrina

Vasoconstricção

Glicogenólise, gliconeogênese e lipólise

Atonia intestinal pós-operatória (opióides endógenos)

Page 12: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Estado Hipometabólico e Hipermetabólico

Características fisiológicas

Paciente hipo s/ stress c/ marasmo

Pct hiper stress (risco de kwashiorkor)

Citocinas, catecolaminas, cortisol, insulina

Consumo de O2

Gliconeogênese e proteólise

Excreção de uréia

Catabolismo de gordura/ uso de ac. graxo

Adaptação à inanição Normal Anormal

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Avaliação Nutricional

Anamnese Exame físico Antropometria Dados laboratoriais

Hipoalbuminemia por comorbidade

Desnutrição

X

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Anamnese

Mecanismos subjacente que colocam os pacientes em risco

- Maior necessidade de nutrientes Perda ponderal Comorbidades Câncer Doenças hepáticas e renais

Page 15: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Avaliação nutricional em pacientes cirúrgicos

História: Antecedentes patológicos;

Antecedentes familiares = DM, doença CV, doença intestinal crônica, obesidade, etc.

História psicossocial = status socioeconômico, componentes da família, etc.

Page 16: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Avaliação nutricional em pacientes cirúrgicos

História: Hábitos de vida = tabagismo, etilismo,

uso de outras drogas, inquérito alimentar, etc.

Medicações em uso, suplementos, alergias e intolerâncias alimentares;

História de ganho e perda de peso

Page 17: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Exame físico

Antropometria:- Massa muscular corporal - Reserva de gordura

Peso corporal e altura (IMC), prega cutânea do tríceps e circunferência do músculo no meio do braço

Doença: Perda de massa corporal magra (músculo e tecido orgânico)

Page 18: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Massa Corporal

Page 19: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Exames especiais

Proteína:- Balanço de nitrogênio = Ingestão de

nitrogênio – débito de nitrogênio- Excreção urinária de 3-metil-histidina

Composição corporal:- Água corporal total- Água extracelular- Massa corporal magra- Massa celular corporal

Page 20: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Exames especiais

Testes imunológicos:- Testes cutâneos- Níveis de imunoglobulinas- Níveis do complemento- Produção de linfocinas

Outros:- Transferrina- Pré-albumina de ligação da tiroxina- Proteína de ligação do retinol

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Exames Laboratoriais

Hemograma Eletrólitos Provas de funções hepática e renal Triglicerídeos, colesterol, ácidos

graxos livres

Page 22: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Suporte Nutricional Especializado

Usado quando a probabilidade de prevenir a DEP: - Aumenta a fase de recuperação - índices de infecção - Melhora a cicatrização - Encurta tempo de hospitalização - Melhora qualidade de vida

Indicações gerais

Estado Nutritivo Estado pré-mórbido Idade Valor de Albumina Transferrina Probabilidade de reassumir logo a ingestão normal Grau de agressão prevista

Page 23: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Enteral Alimentação por tubo para o TGI para liberar fórmulas

líquidas com nutrientes complexos

Manutenção de funções digestivas

Atualmente: bombas de infusão e tubos de borracha mais calibrosos

Curto prazo x uso prolongado

Menor custo

Mais seguro

Page 24: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Parenteral

Infusão de soluções completas de nutrientes na corrente sanguínea por veia periféica ou AVC

Maior risco de infecção

Maior propensão à indução de hiperglicemia

Nutrientes complexos não podem ser absorvidos por IV

Mais cara

Mais complicações técnicas

Page 25: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Avaliação nutricional

Terapia nutricional indicada

Intestinos podem ser seguramente usados

Nutrição parenteral

Alimentação por sonda

Sonda nasoentérica

Risco de aspiração aumentado

>2 semanas

Sonda por ostomia

Risco de aspiração aumentado

NÃOSIM

NÃOSIM

Cecil.22 edição

Consumo oral de 2/3 do necessário

<2 semanas

SIM SIM

NÃO

NasogástricaNasoduodenal GastrostomiaJejunostomia

SIM SIM

NÃO NÃO

Page 26: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Preparo pré operatório

“O estado nutricional é um fator que afeta de forma significativa o prognóstico de

pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos.”

O preparo nutricional no pré-operatório diminui o risco cirúrgico de pacientes desnutridos.

DESNUTRIÇÃO PROTÉICO-CALÓRICA VERSUS FREQÜÊNCIA DE COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS EM PACIENTES COM CÂNCER GÁSTRICO. ESTUDO RETROSPECTIVO. Reginaldo Marques Filho

Page 27: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Preparo pré operatório

Restrição dietética (deve-se ao tipo anestésico e ao procedimento cirúrgico):

- anestesia geral – jejum de 8 horas;- restrição alimentar maior (12 horas) para

pacientes obesos, gestantes, portadores de hérnia hiatal, tumores intra-abdominais.

administração de drogas pró-cinéticas (esvaziamento gástrico)

Page 28: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Preparo pré operatório

Preparo nutricional pré-operatório parece diminuir o risco cirúrgico de pacientes desnutridos, emagrecidos, portadores de doenças que reduzem a capacidade absortiva do trato intestinal (vômitos, diarréia, infecções)

Pacientes desnutridos costumam ter 7 dias de suporte nutricional

Suporte enteral é o mais indicado (mantém a integridade do tubo digestivo, além de apresentar menores complicações)

Page 29: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

Pós - operatório

Conseqüências deletérias da subnutrição:

Susceptibilidade a infecções; Disfunção do sistema imune:

Danificando produção e ativação do complemento, opsonização e função das células de defesa;

Defeito na resposta humoral e celular; Lentidão na cicatrização de feridas; Aumento da freqüência de úlcera de decúbito; Supercrescimento de bactérias no TGI; Perda anormal de nutrientes nas fezes;

Paciente cirúrgico = Risco de sepse e má cicatrização pós operatória;

Page 30: DESNUTRIÇÃO Uma realidade no pré-operatório e no pós- operatório

A desnutrição protéico-energética constitui a doença intra-hospitalar mais prevalente, acometendo 50-90% dos pacientes de hospitais do 1º ao 3º mundo, dificultando a resposta aos tratamentos nutricional e clínico e aumentando a morbidade e mortalidade dos pacientes, especialmente no pós cirúrgico.

Terapia nutricional em estados hipermetabólicos – Patrícia Baston, 2003