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Desnutrição na Infância Profº. Francisco Amazonas

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Page 1: Desnutrição na Infância

Desnutrição na Infância

Profº. Francisco Amazonas

Page 2: Desnutrição na Infância

Distúrbios Nutricionais na Infância

Segundo a Organização Mundial de Saúde, Nutrição é o processo pelo qual os seres vivos recebem e utilizam as substância necessárias à manutenção da vida, ao crescimento, ao funcionamento normal dos órgãos e à produção de energia.

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Distúrbios Nutricionais na Infância

Considera-se eutrófica a criança que apresenta estado nutricional normal.

Distrofia significa qualquer alteração do estado nutricional normal e compreendem distúrbios da nutrição por carência:

Anemia, Deficiência calórico-protéicaou por excesso (obesidade) (CARRAZA, 1994).

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Distúrbios Nutricionais na Infância

Na avaliação clínica do estado nutricional existem alguns fatores importantes que precisam ser levados em consideração:

História de doenças (atual e pregressa); História alimentar (atual e passada); Exame clínico, medidas antropométricas e

descrição de manifestações físicas que expressem deficiências ou excessos nutricionais específicos.  

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Distúrbios Nutricionais na Infância

Avaliação do Estado Nutricional:

História clínicaHistória nutricionalExame físicoDados antropométricos

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Distúrbios Nutricionais na Infância

Recomendação da OMSAltura por idadePeso por alturaPeso por idade

A Desnutrição leva precocemente à horizontalização e/ou ao declínio da curva de crescimento da criança;Em uma população sadia, se encontra menos de 1%

de déficits graves e cerca 2,3% de déficits moderados.

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Desnutrição: um grave problemas na infância

Page 8: Desnutrição na Infância

Desnutrição

É a consequência, para o organismo, da deficiência de nutrientes*.

*Nutriente é toda substância indispensável ao organismo, ou seja, toda substância cuja falta na alimentação leva primeiramente à doença e depois à morte.

Page 9: Desnutrição na Infância

Desnutrição

Carência de micronutrientes:Além da deficiência energético-proteíco na

alimentação, as crianças desnutridas tem também deficiência de várias vitaminas e minerais:

Deficiência de ferro;Deficiência de vitamina A;Deficiência de iodo;Deficiência de vitamina D;Deficiência de folato.

Page 10: Desnutrição na Infância

Desnutrição

Primária – oferta inadequada de alimentos. (deficiência de ingestão em virtude de condições socioeconômicas desfavoráveis).

Secundária – aproveitamento inadequado dos alimentos oferecidos de forma correta. (vômitos na estenose hipertrófica do piloro; síndrome de má absorção etc.)

* Frequentemente ocorre associação de ambas.

Page 11: Desnutrição na Infância

Desnutrição

Desnutrição Específica: Quando falta um nutriente determinado.

Exs: falta de ferro: anemia ferropriva; falta de vit. C: escorbuto; falta de vit. D: raquitismo.

Desnutrição Global: quando é caracterizada por um déficit protéico e um déficit calórico (energético). Falta concomitante de calorias (nutrientes energéticos) e de proteínas.

Ex: Desnutrição protéico-calórica (marasmo, kwashiorkor).

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Desnutrição (DEP, DPC) é manifestação de pobreza e decorre de 3 fatores:

Alimentar – deficiência de nutrientes e de energia.

Infeccioso – diarréia protraída e infecções respiratórias repetidas.

Psíquico – falta de estimulação e de apoio afetivo = fraco vínculo mãe-bebê, falta de apego.

Desnutrição

Page 13: Desnutrição na Infância

Desnutrição

Representa 29% das causas de óbito em crianças abaixo de 4 anos nos países em desenvolvimento;

Acomete 30 % das crianças menores que 5 anos em todo mundo (principalmente lactentes e pré-escolares).

Prevalência alta principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento;

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Desnutrição

Fatores associados: Baixo nível sócio-econômico; Desajustamento familiar; Saneamento básico inadequado; Baixo peso ao nascer; Fraco vínculo mãe-filho; Abandono ao aleitamento materno; Baixa escolaridade.

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Modelo Hierarquizado da relações entre os fatores de risco e a desnutrição

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Família desnutrida do Povoado de Malvinas, no interior do Rio Grande do Norte.

Mulher segura filhos desnutridos em comunidade rural de São José da Tapera, interior de Alagoas.

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Desnutrição

O desnutrido apresenta:

Deficiência de enzimas digestivas, particularmente lactase.

Comprometimento do sistema imunológico.

Profunda desregulação do metabolismo de água e eletrólitos.

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Desnutrição

Conduta diagnóstica: Anamnese Inquérito alimentar Exame clínico Dados antropométricos

Essencial: peso (curva ponderal) Importante: estatura Acessório: circunferência do braço

Alterações laboratoriais

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Desnutrição

Classificação de Gomez (1956)

Avaliação do déficit de peso em relação ao percentil 50 para a sua idade;

Mais adequada para calcular a gravidade da desnutrição antes dois anos de vida;

Não leva em consideração deficiências de peso devido a problemas de crescimento, só nutricionais;

Não diferencia desnutrição aguda de crônica, pois não considera a altura da criança.

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Classificação de Gomez

Relação peso/idade (P/I)

Peso atual da criança/peso esperado para idade e sexo. (p50)x100

%P/I = Peso observado Peso médio (normal ou padrão para x 100 a idade e sexo)

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Classificação de Gomez

• Relação peso/idade (P/I)

P 50Peso

Idade

P 50 (Percentil 50) = 100% do peso para a idade

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Classificação de Gomez

Desnutrição de 1º grau (leve): Deficiência de peso de mais de 10% até 25%Desnutrição do 2º grau (moderada)

Deficiência de peso maior de 25% até 40%

Desnutrição do 3º grau (grave):

Deficiência de peso de mais de 40%

Desnutrido edemaciado é sempre de 3º grau.

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Desnutrição leve

Desnutrição moderada

Desnutrição grave

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Classificação de Waterlow (Modificada por Batista)

Para crianças maiores de 2 anos.

E/I = Estatura encontrada x 100

Estatura ideal

P/E = Peso encontrado x 100

Peso ideal para estatura observada

E/I = relação estatura e idade

P/E = relação peso estatura

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Classificação de WaterlowEstado de Nutrição A/I P/A

Eutrófico > 95% > 90%

Desnutrido Agudo > 95% < 90%

Desnutrido Crônico < 95 < 90%

Desnutrido Pregresso < 95% > 90%

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Classificação da OMS

A porcentagem é substituída pelo escore Z, baseada no número de desvio padrão (DP) a partir da mediana.

Escore Z = medida da criança – medida de referência

DP para idade e sexo

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Classificação da OMS

O ponto de corte é -2 DP para ambos os parâmetros E/I e P/E: todas as crianças que estão abaixo de -2DP são desnutridas, sendo consideradas graves as que estão abaixo de -3 DP.

• P/E Z = -1 a -2 e E/I Z = -1 a -2 = risco nutricional.

• P/EZ = -2 a -3 e E/I Z = -1 a -2 = desnutrido

• P/EZ = -2 a -3 e E/IZ = -2 a -3 =emagrecido + prejudicado

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Classificação de McLaren (1967)

Fundamenta-se em uma tabela de pontuação para achados clínicos e dosagem da concentração sérica de albumina:

Achados físicos/laboratoriais Pontos

Edema 3Alterações da pele 2Edema + alterações da pele 6Alterações do cabelo 1Hepatomegalia 1

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Valores séricos de Albumina Pontos

Superior a 3,5 0

3 – 3,4 1

2,5 – 2,9 2

2 – 2,4 3

1,5 – 1,9 4

1 – 1,4 5

0,5 – 0,9 6

Classificação:Marasmo: 0 - 3 pontosMarasmo-kwashiorkor: 4-8 pontosKwashiorkor: 9-15 pontos

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Manifestações Clínicas

Alterações Gastrintestinais:Mastigação e deglutição prejudicada;Atrofia da mucosa gástrica;Diminuição das secreções gástricas e pancreáticas;Diminuição da síntese de sais biliares e de sua

conjugação;Deficiência de enzimas digestivas - lactase;Má absorção de carboidratos e lipídeos, principalmente;

Diarreia.

Page 31: Desnutrição na Infância

Manifestações Clínicas

Alterações Metabólicas:

Metabolismo 70% do normal;Absorção comprometida, menos

acentuada para as proteínas;Esteatorréia;Hipoglicemia.

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Manifestações Clínicas

Alterações Hidroeletrolíticas:

Hipotonicidade extracelular;Hiponatremia (com aumento do Na intracelular);K sérico normal ou baixo;Eletrólitos intracelulares: K, Mg e P diminuídos;Tendência à acidose metabólica, às vezes

alcalose metabólica, nas deficiências graves de K.

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Manifestações Clínicas

Alterações Imunológicas:Redução da imunidade celular;Alterações dos linfócitos T;Alterações funcionais das imunoglobulinas;Redução da capacidade de opsonização;Deficiência de aminoácidos específicos

(arginina e glutamina);Carência de vitaminas associadas ( A,E,C e B6);Maior predisposição a infecções.

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Manifestações Clínicas

Alterações do Sist. Nervoso Central:

Alterações da função cerebral e de aprendizagem;

Privação de estímulos;Deficiências associadas: Ferro, ácidos

graxos essenciais, vit. E.

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Manifestações Clínicas

Alterações Musculares:

Perda de massa muscular;Alteração permanente da massa

muscular;Dificuldades futuras de recomposição

normal da massa muscular.

Page 36: Desnutrição na Infância

Manifestações Clínicas

Alterações Endócrinas:Redução da secreção de insulina;Aumento da secreção de glucagon e de

epinefrina;Liberação de cortisol;Resistência periférica à insulina;Estímulo de secreção do hormônio de

crescimento.

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Manifestações Clínicas

Alterações Cardiovasculares:Redução do débito cardíaco;Redução do volume sistólico;Alterações da bomba cardíaca pela

própria deficiência de vitaminas e de oligoelementos;

Bradicardia, hipotensão;Insuficiência cardíaca na recuperação

nutricional.

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Desnutrição na Infância

Formas Clínicas:

Desnutrição Grau III – Desnutrição Protéico-calórica

Kwashiorkor;Marasmo;Kwashiorkor-marasmo

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Desnutrição Protéico Calórica

MarasmoCrianças menores de um ano (lactentes); Deficiência de calorias e de proteínas;Emagrecimento seco;Cabelos escassos e finos;Ausência de lesões de pele;Membros delgados, devido à atrofia muscular e

subcutânea, com desaparecimento da bola de Bichat que favorece o aspecto envelhecido (fácies senil ou simiesca).

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Desnutrição Protéico Calórica

Marasmo

As costelas são visíveis e as nádegas atróficas.O abdome globoso e raramente observa-se

hepatomegalia.Ausência de esteatose hepática;

Albumina geralmente normal. Comportamento apático.

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Marasmo

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Desnutrição Protéico Calórica

KwashiorkorAcomete crianças acima de 2 anos (principalmente 2 e 3 anos)

Carência mais protéica do que calórica;Tecido celular subcutâneo preservado;Apatia mental e/ou irritabilidade;Lesões de pele (seca, fria, áspera, sem brilho,

eritema, descamação, fissuras lineares e flexurais);

Grande emagrecimento do tórax e de segmentos proximais e edema dos seguimentos distais;

Page 44: Desnutrição na Infância

Desnutrição Protéico Calórica

KwashiorkorEdema (principal achado);Alterações dos cabelos: Finos, secos,

quebradiços, “sinal da bandeira” (faixas de coloração clara e escura);

Unhas finas, quebradiças, sem brilho;Mucosas: “Língua careca”, retração das

gengivas, lábios rachados;Hepatomegalia (esteatose hepática);Hipoalbuminemia

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Kwashiorkor

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Desnutrição Protéico Calórica

Kwashiorkor-Marasmático

Forma mista;Crianças entre 1 e 2 anos;Perda de tecido celular subcutâneo;Edema de extremidades

Page 49: Desnutrição na Infância

Desnutrição Protéico Calórica

Kwashiorkor-Marasmático

Desnutrição do 3º grau com presença das características clínicas dos dois tipos.

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Desnutrição Protéico Calórica

Critério simplificado (Marcondes)

Marasmo Kwashiorkor Mista

Edema Não Sim Variável

Dermatose Não Sim Variável

Alt.cabelo Não Sim Variável

Hepatomegalia Não Sim Variável

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Alterações LaboratoriaisProteínas totais e albumina sérica: reduzidas nas

formas edematosas e normais ou moderadamente baixas no marasmo.

Hemoglobina e hematócrito: investigação de anemia.Leucograma: linfócitos periféricos circulantes podem

estar reduzidos (< 1.200/mm³)Eletrólitos: aumento do Na intracelular e diminuição de

K e Mg intracelular com baixa habitual do Na plasmático.Fosfatase alcalina, fósforo e cálcio: investigação de

raquitismo.Parasitológico de fezes: investigação de parasitoses

intestinais.Urina tipo I e urocultura: investigação de infc. TU.Raio X de tórax (PA e perfil)

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Desnutrição Protéico Calórica

Tratamento (tratamento inicial-estabilização) 1 – Tratar hipoglicemia;2 – Prevenir/tratar hipotermia; 3 – Tratar desidratação, distúrbios hidreletrolíticos e

choque séptico; 4 – Tratamento dietético; 5 – Tratar possíveis infecções:6 – Correção de deficiências de micronutrientes;7 – Anemia muito grave (hematócrito <12%);8 – Estimular vinculo mãe-filho.

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Desnutrição Protéico Calórica

Tratamento Dietético: Fase de estabilização:

Evitar superalimentação e sobrecarga hídrica;Oferta hídrica: 100 a 130ml/kg/dia;Oferta protéica:1,5g/kg/dia;Lactose a 1,3%;F75(OMS)/Formas isentas de lactose/hidrolisado

protéico.

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Desnutrição Protéico Calórica

Critérios para transferir pra um centro de reabilitação:

Criança comendo bem;Melhora do estado mental;Senta, engatinha,a anda (depende da idade);Temperatura normal (36,5-37,0C°);Sem vômitos ou diarreia;Sem edema;Ganho de peso: >5g/kg de peso por dia por 3

dias sucessivos.

Page 56: Desnutrição na Infância

Desnutrição Protéico Calórica

Tratamento Dietético:Fase de reabilitação:

Oferta calórica: 150-200 Kcal/kg/dia;Oferta protéica: 4-6g/kg/dia;F100 (OMS);Monitorização clínica e laboratorial.

Page 57: Desnutrição na Infância

Desnutrição Protéico Calórica

Suplementação de vitaminas; Minerais: ferro, zinco, cobre e ac. Fólico; e oligoelementos;Orientação quanto à higiene pessoal e ao

preparo dos alimento.

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Criança com desnutrição grave (portador de alergia alimentar)

Paciente em fase de total recuperação clínica e nutricional.

Page 59: Desnutrição na Infância

Obrigado!

A desnutrição só pode ser combatida por meio de ações sociais e clínicas integradas ente si.