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1 Mod.016_01 DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE (VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL) Considerando que a Entidade Reguladora da Saúde nos termos do n.º 1 do artigo 4.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto exerce funções de regulação, de supervisão e de promoção e defesa da concorrência respeitantes às atividades económicas na área da saúde nos setores privado, público, cooperativo e social; Considerando as atribuições da Entidade Reguladora da Saúde conferidas pelo artigo 5.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto; Considerando os objetivos da atividade reguladora da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 10.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto; Considerando os poderes de supervisão da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 19.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto; Visto o processo registado sob o n. º ERS/021/2015; I. DO PROCESSO I.1. Origem do processo 1. Em 18 de fevereiro de 2015, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) tomou conhecimento de uma exposição, subscrita por A., relativa ao comportamento dos prestadores INTERCIR Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A. (doravante INTERCIR) e ECOMÉDICA Centro Médico de Diagnóstico, Lda. (doravante ECOMÉDICA). 2. A análise preliminar da referida exposição deu origem ao processo de avaliação n.º AV/034/2015, e posteriormente o Conselho de Administração da ERS, por

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DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA

ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE

(VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL)

Considerando que a Entidade Reguladora da Saúde nos termos do n.º 1 do artigo 4.º dos

Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto exerce

funções de regulação, de supervisão e de promoção e defesa da concorrência respeitantes

às atividades económicas na área da saúde nos setores privado, público, cooperativo e

social;

Considerando as atribuições da Entidade Reguladora da Saúde conferidas pelo artigo 5.º

dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto;

Considerando os objetivos da atividade reguladora da Entidade Reguladora da Saúde

estabelecidos no artigo 10.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º

126/2014, de 22 de agosto;

Considerando os poderes de supervisão da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos

no artigo 19.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de

agosto;

Visto o processo registado sob o n.º ERS/021/2015;

I. DO PROCESSO

I.1. Origem do processo

1. Em 18 de fevereiro de 2015, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) tomou

conhecimento de uma exposição, subscrita por A., relativa ao comportamento dos

prestadores INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A. (doravante INTERCIR)

e ECOMÉDICA – Centro Médico de Diagnóstico, Lda. (doravante ECOMÉDICA).

2. A análise preliminar da referida exposição deu origem ao processo de avaliação n.º

AV/034/2015, e posteriormente o Conselho de Administração da ERS, por

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despacho de 22 de abril de 2015, ordenou a abertura de processo de inquérito

registado sob o n.º ERS/21/2015.

I.2. Diligências realizadas

3. No âmbito da investigação desenvolvida pela ERS, realizaram-se as diligências

consubstanciadas em:

(i) Pesquisa no Sistema de Registo de Estabelecimentos Regulados

(doravante SRER) da ERS, de informação relativa aos prestadores

visados;

(ii) Consulta da Lista de Entidades Convencionadas com o SNS, nas áreas de

jurisdição da Administração Regional de Saúde do Centro, I.P. (ARS

Centro), designadamente, para radiologia, das listas atualizadas em 9 de

fevereiro de 2015, e em 16 de novembro de 2015, e para cardiologia, das

listas atualizadas em 29 de julho de 2014, e em 16 de setembro de 2015;

(iii) Consulta das páginas de internet das entidades denunciadas em 27 de

março de 2015 e em 19 e 21 de janeiro de 2016;

(iv) Pedidos de elementos, de 3 de agosto de 2015, às entidades prestadoras

de cuidados de saúde, INTERCIR, ECOMEDICA e Clínica de Doenças do

Coração Ramos Lopes, Lda., e respetivas respostas.

(v) Diligência telefónica de utente mistério junto ao prestador INTERCIR.

II. DOS FACTOS

II.1. Da exposição

4. Na exposição recebida pela ERS referida supra, vem descrito, concretamente, que

terá sido prescrito ao utente, pelo médico de família “[…] a realização de uma

radiografia do tórax, emitindo a competente credencial para o referido exame (bem

como para uma prova de esforço; ecocardiograma; e provas respiratórias)”;

5. Tendo sido informado das diversas entidades convencionadas com o SNS para a

realização de tais exames complementares de diagnóstico, “[…] entre as quais o

Centro Cirúrgico de Coimbra, tendo optado por esta, atento o facto de já conhecer a

instituição por no dia 19.11.2014, aí ter sido consultado na especialidade de

oftalmologia, [e] se ter submetido a um electrocardiograma e uma consulta de

cardiologia […]”.

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6. Mais menciona o exponente que “A marcação de todos os exames foi realizada [por

si] telefonicamente, junto do Centro Cirúrgico de Coimbra que em nenhum momento

referiu tratar-se de outra entidade convencionada, concretamente […] para a

realização da radiografia do Tórax”.

7. Estando por isso “[…] convicto, que a entidade convencionada com o SNS, para

todos os exames que requisitava era o Centro Cirúrgico de Coimbra dado que,

aquando da marcação dos exames nenhuma informação em sentido contrário lhe foi

prestada”.

8. Entretanto no dia 4 de dezembro de 2014 “[…] dirigiu-se ao Centro Cirúrgico de

Coimbra onde realizou todos os exames constantes das credenciais de que era

portador, enquanto utente do SNS [sendo que] no mesmo dia, recebeu os relatórios

de todos os exames realizados com excepção da radiografia do Tórax tendo sido

informado que esta seria enviada para a sua residência por correio […]”.

9. Refere ademais ter sido informado “[…] que estava "tudo bem" mas que deveria

fazer caminhadas […]”, pelo que o exponente “[…] seguindo tal conselho médico

passou a realizar diariamente caminhadas aguardando pelo envio do relatório do

exame em falta, ou seja, o RX ao Tórax”.

10. Mais adianta que, no dia 16 de dezembro de 2014, foi “[…] colhido por uma dor

aguda que praticamente o prosta no solo, acompanhada de gravíssima dificuldade

em respirar”, dando entrada no Hospital Cuf Descobertas no dia 17 de Dezembro

de 2014 “[…] onde lhe é diagnosticada uma embolia pulmonar ficando internado até

ter alta no dia 24 de Dezembro de 2014”.

11. Alega ter sido “[…] submetido a um RX ao tórax do qual resulta "aparente

atelectasia discal das bases" sendo informado que o seu estado de saúde é grave

tendo, inclusivamente corrido risco de vida”.

12. Em 8 de janeiro de 2015, o exponente terá recebido “[…] o relatório da radiografia

ao tórax que havia realizado 34 dias antes no Centro Cirúrgico de Coimbra no

seguinte teor "Silhueta Mediastinica de dimensões ligeiramente aumentadas.

Ingurgitamento vascular hilar bilateral. Incipiente espessamento de paredes

brônquicas em ambas as bases com presença de atelectasia na base esquerda.

Seios costo frénicos livres" datado de 04-12-2014 […]”.

13. O relatório “[…] revelou-se totalmente inútil para o reclamante atenta a embolia

pulmonar do dia 16.12.2014 que determinou o seu internamento na CUF onde lhe

foi realizado de imediato um RX ao Tórax […]”, sendo que “[…] teria sido de

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extrema importância para o reclamante, caso lhe tivesse sido enviado em tempo útil

atenta a gravidade do seu estado de saúde que o mesmo denunciava”.

14. Pelo que entende que “[...] os seus direitos enquanto beneficiário do SNS foram

totalmente desrespeitados o que lhe poderia ter custado a vida e o obrigou a

recorrer a uma instituição privada de saúde atento o episódio crítico de que foi

vítima a 16.12.2014”.

15. Considerando que “[…] foi induzido em erro ao marcar o seu exame de RX ao Tórax

junto do Centro Cirúrgico de Coimbra ao não ser informado por este que a

instituição convencionada com o SNS não era o Centro Cirúrgico, mas sim outra

entidade, no caso, a reclamada ECOMÉDICA [não tendo assim podido] livremente

escolher o agente prestador do serviço e mais importante, actuou convencido que o

agente prestador era outro, que não aquele a quem efectivamente solicitou a

marcação do exame”.

16. E ainda que a “[…] a ECOMÉDICA desrespeitou um dos direitos básicos do

reclamante enquanto utente do SNS, uma vez que não providenciou pela entrega do

relatório do meio complementar de diagnóstico requisitado num período de tempo

que se possa considerar clinicamente aceitável, considerando a gravidade do

conteúdo do relatório e o tempo decorrido entre a realização do mesmo e o seu

envio ao reclamante, 34 dias […]”.

17. Referindo que também não foi informado, acerca do tempo máximo de resposta

previsto para tal exame1.

18. Em anexo à sua exposição, o reclamante junta:

1 Perante o assim exposto, o exponente requer à ERS para “ao abrigo do disposto pelo artº. 13.º, al.

c) do DL n.º 126/2014, informar o reclamante acerca do tempo de resposta que consta do contrato

de convenção com a reclamada Ecomédica bem como se […] atendendo ao tempo decorrido […] se

pode considerar que a prestadora convencionada com o SNS cumpriu os tempos máximos de

resposta garantidos e se prestou com prontidão e em tempo útil os cuidados de saúde

convencionados com o SNS.”;

“ao abrigo do disposto pelo artº. 13.º, al. c) do DL n.º 126/2014, informar o reclamante se quanto à

reclamada Centro Cirúrgico de Coimbra, SA esta respeitou o direito de informação e liberdade de

escolha do reclamante quanto à prestação do exame de RX tórax […] ao fazer a marcação do

exame, omitindo a informação ao reclamante que a entidade […] seria entidade distinta do Centro

Cirúrgico de Coimbra […]”;

“Instaurar o procedimento contra-ordenacional que ao caso couber […] a exercer no âmbito dos

poderes sancionatórios que a lei lhe reserva e/ou emitir instruções adequadas ao caso no quadro

dos seus poderes de regulamentação.”.

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(i) fotocópia do envelope postal de envio do relatório da radiografia do Tórax do

qual consta a indicação às entidades ECOMÉDICA (Rua Dr. Manuel Campos

Pinheiro, 51, Espadaneira – S. Martinho do Bispo, 3045-089 Coimbra) e ao

Centro Cirúrgico Coimbra – cfr. documento junto aos autos sob o doc. n.º 1;

ii) cópia do recibo de pagamento de taxas moderadoras do exame de radiografia

ao tórax emitido pela ECOMÉDICA – Centro Médico de Diagnóstico, Lda. mas

com morada na Rua da Sofia n.º 139, 4.º Esq., 3000-390 Coimbra – cfr.

documento junto aos autos sob o doc. n.º 2;

(iii) cópia da nota de alta do Hospital Cuf Descobertas – cfr. documento junto aos

autos sob o doc. n.º 3;

(iv) cópia do documento relativo à realização de uma ecocardiografia ao utente A.

em 4.12.2014, com referência no documento ao Dr. C., Cardiologista, e ao Centro

Cirúrgico de Coimbra e ainda à morada da residência Rua Brigadeiro Correia

Cardoso, n.º 31, 3.º Dt.º A, 3000-085 Coimbra e à morada do Centro Cirúrgico de

Coimbra, S.A., Rua Manuel Campos Espinheiro – Espadaneira, n.º 51, 3045-089

Coimbra – cfr. documento junto aos autos sob o doc. n.º 4;

(v) cópia do documento relativo à realização de uma prova de esforço ao utente

A. em 4.12.2014, com referência no documento ao Dr. C., Cardiologista, e ao

Centro Cirúrgico de Coimbra, e ainda à morada da residência Rua Brigadeiro

Correia Cardoso, n.º 31, 3.º Dt.º A, 3000-085 Coimbra e à morada do Centro

Cirúrgico de Coimbra, S.A., Rua Manuel Campos Espinheiro – Espadaneira, n.º

51, 3045-089 Coimbra – cfr. documento junto aos autos sob o doc. n.º 5.

(vi) cópia do diagnóstico resultante das provas funcionais respiratórias efetuado

em documento timbrado do Centro Cirúrgico de Coimbra – cfr. documento junto

aos autos sob o doc. n.º 6.

II.2. Das diligências instrutórias

II.2.1. Pesquisa de informação pública

19. No âmbito das averiguações preliminares realizadas com vista à verificação da

denúncia, procedeu-se à consulta do SRER da ERS;

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20. Tendo-se apurado, quanto aos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde

identificados nas exposições rececionadas, e relativamente aos quais se concluiu

pela necessidade de uma averiguação mais aprofundada, que:

(i) A entidade INTERCIR - Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A., (INTERCIR) com

o NIPC 503834971, com sede e estabelecimento na Rua Manuel Campos

Espinheiro – Espadaneira, n.º 51, 3045-089 Coimbra, encontra-se registada

na ERS sob o n.º 140202, sendo que na parte “Acordos/Convenções” vem

identificada a existência de convenção com o SNS, apenas para SIGIC

(Intervenções Cirúrgicas e Consultas).

(ii) A entidade ECOMÉDICA- Centro Médico Diagnóstico, Lda. (ECOMÉDICA),

com o NIPC 501416811, em 26 de março de 2015, encontrava-se registada

na ERS, sob o n.º11353, e sede na Rua da Sofia, n.º 139, 3000-390

Coimbra, com um estabelecimento sito na mesma morada, registado no

SRER com o n.º 102343, e outro estabelecimento, sito na Avenida Calouste

Gulbenkian, n.º 43, 3000-092 Coimbra, registado no SRER com o n.º

125248, sendo que na parte “Acordos/Convenções” quanto ao primeiro

estabelecimento vem identificada a existência de convenção com o SNS

para Radiologia (elementos complementares de diagnóstico) e quanto ao

segundo estabelecimento não vem identificada a existência de qualquer

convenção com o SNS;

(iii) Em 19 de janeiro de 2016, resultou de nova consulta ao SRER4 da ERS que

a ECOMÉDICA, agora, apenas tem registado o estabelecimento, sito na

Avenida Calouste Gulbenkian, n.º 43, 3000-092 Coimbra, sendo que na

parte “Acordos/Convenções” não vem identificada a existência de qualquer

convenção com o SNS.

21. Da consulta, em março de 2015, da Lista de Entidades Convencionadas com o

SNS, nas áreas de jurisdição da ARS Centro, para as valências de cardiologia e

radiologia, disponível em www.arscentro.min-saude.pt, constava, da lista de

radiologia, atualizada em 9 de fevereiro de 2015, a entidade ECOMÉDICA, mas com

morada na Rua Manuel Campos Espinheiro – Espadaneira, n.º 51, 3045-089

Coimbra (a mesma morada da INTERCIR), e na lista de cardiologia, atualizada em

2 Cfr. cópia do registo retirado do SRER, em 26 de março de 2015 e junto em anexo.

3 Cfr. cópia do registo retirado do SRER, em 26 de março de 2015 e junto em anexo.

4 Cfr. cópia do registo retirado do SRER, em 19 de janeiro de 2016 e junto em anexo.

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29 de julho de 2014, a entidade Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda.,

com morada na INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, SA – Rua Manuel

Campos Pinheiro - Quinta do Chafariz, 3040-089 Coimbra.

22. Posteriormente, foi novamente consultado o SRER relativamente a esta última

entidade – Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. – tendo-se verificado

que a mesma se encontra registada no SRER da ERS com o número 135365, e

sede na Rua Brigadeiro Correia Cardoso, n.º 31, 3.º Dt.º A, 3000-085 Coimbra, com

um estabelecimento sito na Rua Manuel Campos Espinheiro – Espadaneira, n.º 51,

3045-089 Coimbra, registado no SRER como o n.º 105590 (a mesma morada da

INTERCIR), sendo que na parte “Acordos/Convenções” vem identificada a

existência de convenção com o SNS para cardiologia (elementos complementares

de diagnóstico).Refira-se ademais que, em 27 de março de 2015 e em 19 de janeiro

de 2016, na página de correio eletrónico da INTERCIR, em www.ccci.pt, em acordos

e convenções, a mesma publicita a qualidade de convencionada com o SNS para a

realização de MCDT em cardiologia.

23. Sucede que, recentemente, e, distintamente da informação constante do SRER da

ERS supra, a ECOMÉDICA, consta da Lista de Entidades Convencionadas com o

SNS, nas áreas de jurisdição da ARS Centro, para a valência de radiologia,

atualizada em 16 de novembro de 2015, apenas no estabelecimento com morada

Avenida Calouste Gulbenkian, n.º 43, R7C, Coimbra, já não constando da mesma

lista a identificação da ECOMÉDICA com morada na Rua Manuel Campos

Espinheiro – Espadaneira, n.º 51, 3045-089 Coimbra.

II.2.2. Da informação prestada pelos prestadores de cuidados de saúde visados

24. Analisados todos os elementos carreados para os autos, verificando-se a

necessidade de averiguar com maior profundidade a situação em causa, em 3 de

agosto de 2015, foi remetido à INTERCIR um oficio solicitando o envio da seguinte

informação:

5 Cfr. cópia do registo retirado do SRER e junto em anexo.

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“[…]

1) Pronunciem-se, de forma fundamentada, sobre todo o teor da exposição

remetida à ERS;

2) Procedam ao envio de cópia dos acordos/convenções celebrados entre V.

Exas e a respetiva ARS para a prestação de cuidados de saúde aos utentes

do SNS, para as valências de MCDT de cardiologia e de radiologia, e

respetivas fichas técnicas;

3) Indiquem quais os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde

abrangidos pelas convenções detidas por V. Exas.;

4) Indiquem qual é o estabelecimento prestador (ou estabelecimentos

prestadores) de cuidados de saúde que realiza os MCDT de cardiologia e de

radiologia a utentes do SNS, na Rua Dr. Manuel Campos Pinheiro, n.º 51,

Espadaneira, 3045-089 Coimbra;

5) Informem sobre os procedimentos adotados por V. Exas. com vista à

informação a utentes do SNS, aquando da marcação de MCDT de cardiologia

e de radiologia, da concreta entidade prestadora de cuidados de saúde que os

realiza;

6) Indiquem os prazos estabelecidos por V. Exas. para realização de exames e

entregas dos respetivos relatórios;

7) Esclareçam sobre qual a relação existente entre V. Exas. e as entidades

ECOMÉDICA – Centro Médico de Diagnóstico, Lda. e Clínica de Doenças do

Coração Ramos Lopes, Lda.;

8) Procedam ao envio de quaisquer esclarecimentos complementares julgados

necessários e relevantes à análise do caso concreto”.

25. Em resposta ao pedido de informação da ERS, em 31 de agosto de 2015, veio a

INTERCIR informar o seguinte:

(i) “No ponto "3" da exposição apresentada à ERS, o Sr. A. […] refere que foi

"...informado das diversas entidades convencionadas com o SNS para a

realização de tais exames complementares de diagnóstico, entre os quais o

Centro Cirúrgico de Coimbra...)" Esta informação - desconhece-se quem a

forneceu, mas necessariamente não foi ninguém do Centro Cirúrgico de

Coimbra – não está, de todo em todo, correta, uma vez que a INTERCIR -

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Centro Cirúrgico de Coimbra não tem - nem nunca teve - convenção com o

SNS para a realização de qualquer tipo de exame de diagnóstico”;

(ii) O utente“[…] agendou uma consulta com o [médico cardiologista] e foi

observado no dia 19 de novembro de 2014. No decorrer dessa consulta, foram

prescritos exames de diagnóstico, como prova de esforço e ecocardiograma

[…]”;

(iii) “Só depois dessa consulta, o [utente] terá ido ao Médico de Família, a fim de

obter as credenciais para efetuar os exames e outros”;

(iv) “Efetivamente, o exame descrito como "provas respiratórias" foi marcado

pela INTERCIR - Centro Cirúrgico de Coimbra e foi realizado pela [médica], em

regime privado. Contudo, os exames da valência de cardiologia e o exame da

valência de radiologia não foram agendados pelo Centro Cirúrgico de Coimbra,

nem por funcionárias afetas à INTERCIR”;

(v) “[…] a chamada que o senhor efetuou para o Centro Cirúrgico de Coimbra foi

transferida para a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. e para a

ECOMÉDICA - Centro Médico de Diagnóstico, Lda., para marcação dos

respetivos exames”.

(vi) “As duas entidades exerciam (à data) atividade no Centro Cirúrgico de

Coimbra, em instalações especialmente destinadas para esse efeito, com

funcionários próprios e afetos a essas mesmas empresas, com agenda própria

e ainda com números de telefone próprios, diferentes dos do Centro Cirúrgico

de Coimbra, embora fosse possível transferir as chamadas do CCC para

qualquer uma dessas entidades”;

(vii) As funcionárias do prestador “[…] em momento algum omitiram o nome das

referidas empresas que realizam e/ou realizaram essa prestação de serviços,

em concreto os MCDT nas valências de cardiologia e radiologia, sempre

informando que a INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A. não fazia tais

exames, pelo que recusamos perentoriamente a afirmação de que o

reclamante possa ter sido induzido em erro, como alega”;

(viii) Ademais “[…] no momento da realização do exame e aquando do

pagamento dos mesmos, foram passadas faturas/recibos, emitidos por essas

mesmas empresas e não pela INTERCIR - Centro Cirúrgico de Coimbra […]”;

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(ix) “E, de resto, já no dia 19.11.2014, o paciente pagara a consulta privada do

[cardiologista], cuja sociedade, distinta do Centro também emitiu a respetiva

fatura/recibo”.

(x) Lamenta a demora “[…] no envio do relatório do exame Rx tórax […]

corroborando que, efetivamente, 34 dias depois, é um tempo de resposta

inaceitável. Aliás, foram situações idênticas a esta, como a falta atempada na

resposta e o agendamento dos exames fora de um tempo útil aceitável que

levaram a INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A a interromper o

contrato de prestação de serviços médicos que vinha mantendo com a

ECOMÉDICA - Centro Médico de Diagnóstico, Lda., intenção essa que

produziu efeitos a partir de 1 de janeiro de 2015, como se comprova pela

declaração que anexamos”.

(xi) “Pelo processo que [lhes] foi fornecido pela ERS, podemos comparar o

relatório apresentado pela ECOMÉDICA e o relatório de RX tórax realizado na

Cuf Descobertas e que vem discriminado no Boletim de Alta, tendo ambos

conclusões semelhantes”.

(xii) Reiterando que “[…] o Centro Cirúrgico de Coimbra não possui

acordo/convenção com a ARS para as valências de MCDT”.

(xiii) Mais informam que “[…] à data, (dezembro de 2014) existiam três entidades

a prestar MCDT com convenção com a ARS para os beneficiários do SNS. Em

concreto: A Dinis Freitas (gastroenterologia); a ECOMÉDICA (Radiologia) e a

Ramos Lopes (cardiologia)”;

(xiv) “Eram estas as três entidades que exerciam atividade de MCDT na Rua Dr.

Manuel Campos Pinheiro, Espadaneira, Coimbra, em espaços da INTERCIR -

Centro Cirúrgico de Coimbra, cedidos especificamente para esse efeito”;

(xv) “Em Dezembro de 2014; os MCDT da valência de cardiologia eram (e ainda

são) realizados pelo prestador Ramos Lopes. Não existe um contrato de

prestação de serviços com esta empresa, contudo, o Centro Cirúrgico de

Coimbra cede-lhe vários espaços físicos no edifício 2, nomeadamente uma

sala de espera, dois gabinetes e uma secretária. OS MCDT da valência de

radiologia foram assegurados pela prestadora ECOMÉDICA, existindo um

contrato de prestação de serviços, que foi interrompido a 31 de Dezembro de

2014. Desde o dia 1 de janeiro de 2015, a INTERCIR - Centro Cirúrgico de

Coimbra assumiu a valência da radiologia, não possuindo convenção com

qualquer ARS”;

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(xvi) “Quando um doente solicitava a marcação de um exame, presencialmente

ou por telefone, era sempre informado que o Centro Cirúrgico o não fazia, mas

que o doente o poderia fazer num dos prestadores com convenção, Clínica de

Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. ou ECOMÉDICA - Centro de

Diagnóstico Médico, Lda. Obrigatoriamente, as funcionárias da INTERCIR -

Centro Cirúrgico de Coimbra, informavam que era necessário transferir a

chamada ao respectivo prestador, uma vez que os números de telefone são

autónomos, uma vez que não é possível aceder à agenda de marcações

destes prestadores.

(xvii) O prestador “[…] manteve um contrato de prestação de serviços com a

ECOMÉDICA - Centro Médico de Diagnóstico, Lda., celebrado no dia 26 de

abril de 2010 e que cessou em 1 janeiro de 2015, [sendo que] com a Clínica de

Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. a INTERCIR - Centro Cirúrgico de

Coimbra, S.A. não possui nenhum contrato de prestação de serviços, contudo,

cede a esta os espaços necessários para a sua actividade”.

(xviii) “[…] a INTERCIR - Centro Cirúrgico de Coimbra, com sede na Espadaneira,

Coimbra, é um local preferido por outros prestadores de cuidados de saúde,

que aqui exercem atividade, seja em nome empresarial, seja em nome

individual. Obviamente, que quando esses prestadores aqui exercem atividade,

transferem para este espaço físico os antigos acordos e/ou convenções que já

possuem. Situações que existem ao abrigo da legislação em vigor e que

recebem o aval das autoridades em saúde”.

(xix) Alegam que “[…] a legislação permite que dentro de uma mesma unidade de

saúde possam coabitar diferentes sistemas, como seja o de contrato total com

escolha de médicos e o sistema de contrato dividido, em que o pagamento de

honorários, relativo a tratamentos, consultas e cirurgias seja feito diretamente

ao médico escolhido. Note-se que sobre a coabitação de vários sistemas já

fizemos chegar à ERS um pedido de parecer, em setembro de 2014, tendo

recebido a v/ resposta em novembro de 2014, com a referência

OS.41946/2014” – cfr. ofício de resposta da INTERCIR ao pedido de elementos

da ERS junto aos autos.

26. Em 3 de agosto de 2015, foi ainda remetido um pedido de elementos à Clínica de

Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda., nos seguintes termos:

“[…]

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1) Envio de cópia dos acordos/convenções celebrados entre V. Exas e a respetiva

ARS, para a prestação de cuidados de saúde aos utentes do SNS para as

valências de MCDT de cardiologia e de radiologia, e respectivas fichas

técnicas;

2) Esclarecimento sobre quais as instalações abrangidas pelas convenções

detidas;

3) Esclarecimento sobre se V. Exas. realizam MCDT de cardiologia e de

radiologia, a utentes do SNS, na Rua Dr. Manuel Campos Pinheiro, n.º 51,

Espadaneira, Coimbra;

4) Indicação de qual a relação que existe entre V. Exas., a INTERCIR – Centro

Cirúrgico de Coimbra, S.A. e a ECOMÉDICA – Centro Médico de Diagnóstico,

Lda.;

5) Procedam ao envio de quaisquer esclarecimentos complementares julgados

necessários e relevantes à análise do caso concreto”.

27. Em ofício datado de 31 de agosto de 2015, veio a Clínica de Doenças do Coração

Ramos Lopes, Lda., informar o seguinte:

(i) “[…] a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. presta cuidados de

saúde a utentes do SNS para a valência de MCDT de cardiologia. Excluindo-se

por isso todos os outros exames, como é o caso da radiologia, valência que é

por vós referida na comunicação enviada”;

(ii) “A Clínica de Doenças do Coração tem instalações para prestação de cuidados

no edifício 2 do Centro Cirúrgico de Coimbra, na Rua Dr. Manuel Campos

Pinheiro, S.Martinho do Bispo […]” e é constituída por, dois gabinetes, uma sala

de espera e uma secretaria;

(iii) realizam “[…] MCDT de cardiologia a utentes do SNS na Rua Dr. Manuel

Campos Pinheiro, n.º 51, Espadaneira, Coimbra, tal como está aprovado e

autorizado no contratado de convenção, validado pela ACSS e ARSC”;

(iv) “Não existe nenhuma relação entre as três entidades por vós referidas, em

concreto com a INTERCIR - Centro Cirúrgico de Coimbra e com ECOMÉDICA -

Centro Médico de Diagnóstico”;

(v) “[…] o Senhor A. foi observado no dia 19 de novembro de 2014, pelo Dr. C.,

que prescreveu a realização de MCDT (prova de esforço e ecocardiogramà),

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exames esses que realizou no dia 4 de Dezembro, quando já estava na posse

da respetiva credencial do médico de família”.

(vi) Os resultados dos referidos “[…] exames foram entregues ao próprio no

imediato”.

28. Em anexo à resposta ao pedido de informações da ERS, o prestador enviou “[…]

cópia de documento emitido pela ACSS, onde consta a autorização de

contratualização com a empresa Clínicas de Doenças do Coração Ramos Lopes,

Lda., depois de aprovadas as alterações contratuais. Documento esse que clarifica

qual a sede social, mas também a mudança de local de prestação de serviços,

designação da gerência e respetiva ficha técnica”, bem como cópia da “[…]

informação emitida pela ARSC, que valida as alterações registadas na empresa

Clínica Doenças do Coração Ramos Lopes Lda., onde se autoriza o contrato de

prestação de serviços na área de cardiologia e em regime de convenção”- ofício de

resposta da Clínica Doenças do Coração Ramos Lopes Lda. ao pedido de

elementos da ERS junto aos autos.

29. Face à necessidade de obtenção de informações adicionais, solicitou-se ainda, por

ofício de 3 de agosto de 2015, à ECOMÉDICA, o envio das seguintes informações:

“[…]

1) Pronunciem-se, de forma fundamentada, sobre todo o teor da exposição

remetida à ERS;

2) Procedam ao envio de cópia dos acordos/convenções celebrados entre V.

Exas e a respetiva ARS para a prestação de cuidados de saúde aos utentes

do SNS, para as valências de MCDT de cardiologia e de radiologia, e

respetivas fichas técnicas;

3) Indiquem quais os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde

abrangidos pelas convenções detidas por V. Exas.;

4) Indiquem qual é o estabelecimento prestador (ou estabelecimentos

prestadores) de cuidados de saúde que realiza os MCDT de cardiologia e de

radiologia a utentes do SNS, na Rua Dr. Manuel Campos Pinheiro, n.º 51,

Espadaneira, 3045-089 Coimbra;

5) Informem sobre os procedimentos adotados por V. Exas. com vista à

informação a utentes do SNS, aquando da marcação de MCDT de cardiologia

e de radiologia, da concreta entidade prestadora de cuidados de saúde que os

realiza;

14 Mod.016_01

6) Indiquem os prazos estabelecidos por V. Exas. para realização de exames e

entregas dos respetivos relatórios;

7) Esclareçam sobre qual a relação existente entre V. Exas. e as entidades

INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A.. e Clínica de Doenças do

Coração Ramos Lopes, Lda.;

8) Procedam ao envio de quaisquer esclarecimentos complementares julgados

necessários e relevantes à análise do caso concreto”.

30. Em resposta ao pedido de informação da ERS, em 30 de setembro de 2015, veio a

ECOMÉDICA proceder aos seguintes esclarecimentos:

(i) A ECOMÉDICA “[…] detém, actualmente, um estabelecimento prestador de

cuidados de saúde sito à Avenida Calouste de Gulbenkian, 43, em Coimbra”.

(ii) “À data que consta da exposição apresentada pelo utente […] a ECOMÉDICA,

mediante uma parceria estabelecida com a INTERCIR - Centro Cirúrgico de

Coimbra, S.A., explorava um estabelecimento prestador de cuidados de saúde

sito na Rua Manuel Campos Pinheiro, 51, Espadaneira, São Martinho do Bispo,

em Coimbra”;

(iii) “Enquanto vigorou tal parceria, estiveram sempre em evidência, no

estabelecimento, todos os sinais distintivos alusivos à ECOMÉDICA,

nomeadamente a designação comercial "Healthways", por esta igualmente

utilizada [que] constava, aliás, do frontispício da porta de acesso dos utentes ao

estabelecimento em causa”, bem como dos envelopes, do papel timbrado dos

relatórios e das facturas/recibos, conforme resulta “[…] da documentação junta

pelo utente, com a participação”;

(iv) “A ECOMÉDICA não usa, nem nunca usou, quaisquer sinais distintivos

diversos de "ECOMÉDICA" ou "Healthways".

(v) “[…] o espaço físico onde operava o estabelecimento gerido pela

ECOMÉDICA, ainda que integrado num complexo amplo intitulado de "Centro

Cirúrgico" - sito à Rua Dr. Manuel Campos Pinheiro, 51, Espadaneira, Coimbra,

tinha acessos físicos autónomos, perfeitamente distinguíveis […] onde

pontificavam, como acima referido, os sinais distintivos próprios da

ECOMÉDICA”;

(vi) A ECOMÉDICA não tem qualquer relação com a Clínica de Doenças do

Coração Ramos Lopes, Lda, assim como não tem qualquer relação com o

médico cardiologista.

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(vii) “A ECOMÉDICA aderiu, desde os anos 90 do século passado, ao contrato-tipo

de convenção com o SNS para a prestação de cuidados de saúde de radiologia

[e] a ECOMÉDICA continua a ser entidade convencionada com o SNS para

esse efeito”, conforme documento da ARS do Centro que juntam em anexo.

(viii) “A ECOMÉDICA não prestava cuidados de saúde em matéria de cardiologia

nas instalações do Centro Cirúrgico de Coimbra, não sendo entidade

convencionada com o SNS para o efeito”.

(ix) Analisados os documentos juntos na exposição do utente, “[…] verifica-se que

nenhum meio complementar de diagnóstico (MCDT) cardiológico por ele

realizado tem qualquer ligação com a ECOMÉDICA”;

(x) “Aquando da marcação de MCDT, todos os utentes são informados – seja

pessoal ou telefonicamente - de que estão a contactar a ECOMÉDICA”;

(xi) “Aquando de marcação por contacto telefónico, a chamada é atendida com a

advertência "ECOMÉDICA", sendo que no contacto pessoal com os utentes tal

é não só verbalizado, como resulta patente dos sinais distintivos vários acima

referidos”, ademais “No dia da realização do(s) MCDT, tal informação é

reiterada, e objectivamente documentada, desde logo nos recibos emitidos”.

(xii) Sendo tal procedimento “[…] seguido com todos os utentes que contactem a

ECOMÉDICA”.

(xiii) “No caso em apreço […] a marcação dos MCDT terá sido efectuada pelo utente

junto do Centro Cirúrgico (propriamente dito), dado que incluíam não apenas

MCDT de radiologia, mas também de cardiologia (que não são realizados pela

ECOMÉDICA)”;

(xiv) Pelo que “[…] a ter havido qualquer omissão quanto à concreta entidade

prestadora de cuidados de saúde responsável pela realização dos MCDT de

radiologia, tal não procede da actuação ou omissão da ECOMÉDICA, e nem lhe

pode ser assacado”.

(xv) “[…] no dia da realização dos exames, todos os utentes são necessariamente

confrontados com todos os sinais alusivos à ECOMÉDICA, e disso são

expressamente avisados e informados”.

(xvi) Quanto aos TMRG “[…] os exames são marcados com um intervalo médio de

10 dias, e os relatórios são entregues aos utentes no prazo médio de 10/25 dias

(presencialmente ou por correio, conforme ajustado com o utente)”;

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(xvii) “[…] os TMRG observados pela ECOMÉDICA se aplicam às situações não

urgentes, porquanto, sempre que confrontados com situações urgentes, os

técnicos da ECOMÉDICA encaminham de imediato os utentes para os meios

hospitalares competentes”;

(xviii) No caso em apreço devido a um anormal volume de trabalho que se

verificou no final do ano “[…] tais TMRG foram excedidos pela ECOMÉDICA no

que concerne ao relatório da radiografia ao tórax - e apenas quanto a este - ,

circunstância que se lamenta” - ofício de resposta da Clínica Doenças do

Coração Ramos Lopes Lda. ao pedido de elementos da ERS junto aos autos.

31. Posteriormente, em 23 de novembro de 2015, no âmbito da investigação

desenvolvida pela ERS, e considerando a informação recolhida em sede dos autos,

foi efetuada uma diligência de contacto telefónico para o prestador INTERCIR

através do contacto telefónico 239802700, que consistiu na tentativa de marcação

de um RX ao Tórax e de um ecocardiograma, para utente do SNS.

32. Assim, na diligência telefónica realizada pela ERS, no dia 23 de novembro de 2015,

junto do prestador INTERCIR, foi comunicado pela funcionária do prestador que

“[…]

(i) Na Intercir já não fazem raio x pelo SNS, sendo o valor deste exame, para o

utente particular, de 17 euros se o exame for com uma incidência, ou de 20

euros, se o exame for com duas incidências;

33. Efetuam ecocardiogramas a utentes portadores de credenciais P1 do centro de

saúde, podendo o mesmo ser realizado na próxima quarta-feira, às 17:15, pagando

o utente o valor da taxa moderadora correspondente”;

34. Mais resulta da referida diligência que, “[…] em nenhuma altura durante o

telefonema, os interlocutores mencionaram ou se identificaram como qualquer outro

prestador de cuidados de saúde que não a INTERCIR” – cfr. memorando de

contacto telefónico, juntos aos autos.

III. DO DIREITO

III.1. Das atribuições e competências da ERS

35. De acordo com o n.º 1 do artigo 4.º e o n.º 1 do artigo 5.º, ambos dos Estatutos da

ERS aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, 22 de agosto, a ERS tem por missão

a regulação, supervisão, e a promoção e defesa da concorrência, respeitantes às

atividades económicas na área da saúde dos setores privados, público, cooperativo

17 Mod.016_01

e social, e, em concreto, da atividade dos estabelecimentos prestadores de

cuidados de saúde.

36. Sendo que estão sujeitos à regulação da ERS, nos termos do n.º 2 do artigo 4.º dos

mesmos Estatutos, todos os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde,

do sector público, privado, cooperativo e social, independentemente da sua natureza

jurídica;

37. As atribuições da ERS, de acordo como disposto nas alíneas b) e c) do n.º 2 do

artigo 5.º dos Estatutos da ERS, compreendem a supervisão da atividade e

funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, no que

respeita à garantia dos direitos relativos ao acesso aos cuidados de saúde, à

prestação de cuidados de saúde de qualidade, bem como dos demais direitos dos

utentes, e ainda, à legalidade e transparência das relações económicas entre os

diversos operadores, entidades financiadoras e utentes.

38. Ademais, constituem objetivos da ERS, nos termos do disposto nas alíneas b), c) e

e) do artigo 10.º do mencionado diploma, assegurar o cumprimento dos critérios de

acesso aos cuidados de saúde, garantir os direitos e interesses legítimos dos

utentes e zelar pela legalidade e transparência das relações económicas entre todos

os agentes do sistema.

39. Competindo-lhe, na execução dos preditos objetivos, e conforme resulta dos artigos

12.º e 15.º dos Estatutos, zelar pelo respeito da liberdade de escolha nos

estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, incluindo o direito à

informação, e também analisar as relações económicas nos vários segmentos da

economia da saúde, tendo em vista o fomento da transparência, da eficiência e da

equidade do sector, bem como a defesa do interesse público e dos interesses dos

utentes.

40. Bem como, é ainda objetivo da ERS, promover e defender a concorrência nos

segmentos abertos ao mercado, em colaboração com a Autoridade da Concorrência

na prossecução das suas atribuições relativas a este setor, nos termos da alínea f)

do artigo 10.º dos Estatutos.

41. Para tanto, a ERS pode assegurar estas incumbências mediante o exercício dos

seus poderes de supervisão, quer zelando pela aplicação das leis e regulamentos e

demais normas aplicáveis às atividades sujeitas à sua regulação, quer emitindo

ordens e instruções, bem como recomendações ou advertências individuais, sempre

que tal seja necessário, sobre quaisquer matérias relacionadas com os objetivos da

sua atividade reguladora, incluindo a imposição de medidas de conduta e a adoção

18 Mod.016_01

das providências necessárias à reparação dos direitos e interesses legítimos dos

utentes, nos termos das alíneas a) e b) do artigo 19.º dos Estatutos da ERS.

III.2. Do enquadramento legal da prestação de cuidados de saúde

III.2.1. Da prestação de cuidados de saúde aos utentes do SNS

42. O n.º 4 da Base I da Lei de Bases da Saúde (LBS), aprovada pela Lei n.º 48/90, de

24 de agosto, estabelece que “os cuidados de saúde são prestados por serviços e

estabelecimentos do Estado ou, sob fiscalização deste, por outros entes públicos ou

por entidades privadas, sem ou com fins lucrativos”, e nos termos do n.º 2 da Base

IV da mesma LBS, “para efetivação do direito à proteção da saúde, o Estado atua

através de serviços próprios, celebra acordos com entidades privadas para a

prestação de cuidados e apoia e fiscaliza a restante atividade privada na área da

saúde”.

43. E nessa medida, os prestadores de cuidados de saúde, tendo celebrado acordo com

o SNS para a prestação de cuidados de saúde em regime de complementaridade,

integram a rede nacional de prestação de cuidados de saúde – cfr. n.º 3 e 4 da Base

XII da LBS.

44. Assim, o acesso dos utentes beneficiários do SNS à Rede Nacional de Prestação de

Cuidados de Saúde é também assegurado através de estabelecimentos privados,

com ou sem fins lucrativos, com os quais tenham sido celebradas convenções ou

acordos destinados a esse fim.

45. Em tais casos de contratação com entidades privadas ou do setor social, os

cuidados de saúde são prestados ao abrigo de acordos específicos, por intermédio

dos quais o Estado incumbe essas entidades da missão de interesse público

inerente à prestação de cuidados de saúde no âmbito do SNS, passando essas

instituições a fazer parte do conjunto de operadores, públicos e privados, que

garantem a imposição constitucional de prestação de cuidados públicos de saúde6.

46. Por outro lado, “o Estatuto [do SNS] aplica-se às instituições e serviços que

constituem o Serviço Nacional de Saúde e às entidades particulares e profissionais

em regime liberal integradas na rede nacional de prestação de cuidados de saúde,

6 A este respeito, importa recordar o estudo já publicado pela ERS, no ano de 2006, sob o tema do

modelo de celebração das convenções do SNS e no qual é retratado o estado da contratação de prestadores do setor privado e social.

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quando articuladas com o Serviço Nacional de Saúde.” – cfr. artigo 2.º do Estatuto

do SNS, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de janeiro.

47. Princípio este que foi reiterado pelo Decreto-Lei n.º 139/2013, de 9 de outubro, que

aprovou o Regime de Celebração de Convenções, que estabelece, na alínea a) do

n.º 1 do artigo 2.º a “Equidade no acesso dos utentes aos cuidados de saúde”,

sendo que, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma é

referido que a contratação de convenções deve obedecer ao princípio da

“complementaridade, destinando-se a sua celebração a colmatar as necessidades

do SNS quando este, de forma permanente ou esporádica, não tem capacidade

para as suprir”.

48. E porquanto, tudo concorre assim para a imposição clara e inequívoca das regras

do SNS às entidades do sector privado, com ou sem fins lucrativos, quando o

Estado, como referido, opte ou necessite de estender a referida rede nacional de

prestação de cuidados de saúde, por via do recurso à contratação, a tais entidades.

49. Recorde-se que cumpre à ERS assegurar a garantia dos direitos relativos ao acesso

aos cuidados de saúde, de acordo como disposto nas alíneas b) do n.º 2 do artigo

5.º dos Estatutos da ERS.

50. Sendo que para esse efeito é objetivo da atividade reguladora da ERS, nos termos

da alínea b), do artigo 10.º do mencionado diploma, assegurar o cumprimento dos

critérios de acesso aos cuidados de saúde, nos termos da Constituição e da Lei.

51. Refira-se a este respeito que, o cumprimento de tais critérios de acesso implica, nos

termos da Constituição e mais concretamente do seu artigo 64.º, a garantia de um

(i) acesso universal (deve-se garantir que o acesso aos cuidados de saúde é

assegurado a todos os cidadãos),

(ii) geral (determinação do tipo de cuidados de saúde que devem ser

abrangidos pelo SNS);

(iii) igual e equitativo (os cidadãos em situação idêntica devem receber

tratamento semelhante e os cidadãos em situação distinta devem receber

tratamento distinto);

(iv) tendencialmente gratuito e com respeito dos preços administrativos (taxas

moderadoras); e em tempo útil em função da necessidade de cuidados de

saúde.

20 Mod.016_01

52. Ainda, tais critérios de acesso encontram-se consagrados na Lei n.º 15/2014, de 21

de março, que define os termos a que deve obedecer a Carta dos Direitos de

Acesso aos Cuidados de Saúde pelos Utentes do SNS;

53. De acordo com o disposto em tal diploma legal, a referida Carta “[…] visa garantir a

prestação de cuidados de saúde pelo Serviço Nacional de Saúde e pelas entidades

convencionadas em tempo considerado clinicamente aceitável para a condição de

saúde de cada utente […]” – cfr. n.º 1 do artigo 25.º da Lei n.º 15/2014, de 21 de

março.

54. Mais é referido que a Carta deve ser publicada anualmente em anexo à Portaria que

fixe os tempos máximos de resposta garantidos.

55. Assim, a Portaria n.º 87/2015, de 23 de Março, para além de ter publicado em anexo

a “Carta dos Direitos de Acesso aos Cuidados de Saúde pelos utentes do Serviço

Nacional de Saúde”, veio fixar os tempos máximos de resposta garantidos para todo

o tipo de prestações de saúde sem carácter de urgência e publica a Carta de

Direitos de Acesso. – cfr. artigo 1.º da Portaria n.º 87/2015, de 23 de Março .

56. Refira-se aliás a esse respeito que, no que se refere ao acesso aos MCDT

realizados pelas entidades convencionadas, como o caso nos presentes autos da

ECOMÉDICA, a Tabela dos TMRG (publicada no anexo n.º 1 à Portaria n.º 87/2015,

de 23 de março) estabelece como tempo máximo de resposta “o tempo de resposta

que conste do contrato de convenção”.

57. Recorde-se que, de acordo com o Proposta de Contrato para Prestação de

Cuidados de Saúde no âmbito da realização de exames radiológicos (homologada

por despacho do Secretário de Estado da Saúde em 06/05/83), “o prazo de validade

das requisições de exames é de 10 dias úteis contados a partir da data de

prescrição” (cláusula 20.ª);

58. Pelo que deverá ser dentro desse prazo que devem ser executados os exames.

59. Refere ainda uma tal Proposta de contrato que “o prazo máximo de entrega dos

resultados ou relatórios é de 5 dias úteis após a execução do exame radiológico,

excepto para os exames que por condições técnicas específicas imponham maior

prazo” (cláusula 19.ª).

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60. Ora, a ECOMÉDICA estava indicada, pela ARS Centro, como convencionado para a

prática de atos em radiologia, segundo as condições atualmente fixadas para a

celebração das convenções.

61. Assim sendo, o mesmo, na qualidade de estabelecimento prestador de cuidados de

saúde convencionado com o SNS na valência de radiologia, integra a rede nacional

de prestação de cuidados de saúde, tal como definida no n.º 4 da Base XII da LBS;

62. Assim preveem as alíneas a) dos números 1 e 2 respetivamente, do artigo 2.º do

Decreto-Lei n.º139/2013, de 9 de outubro, designadamente, que estas últimas se

destinam a contribuir para “a equidade do acesso dos utentes aos cuidados de

saúde” e devem prosseguir os objetivos de “prontidão, continuidade e qualidade na

prestação de cuidados de saúde”;

III.2.2. Do quadro legal relativo ao direito dos utentes à informação

63. Diga-se, de modo genérico, que os clausulados-tipo que aprovaram os contratos de

convenção com o SNS impedem a utilização de convenções fora dos locais

convencionados, e por entidades diferentes daquela que outorgou a convenção em

causa, devendo a norma de adesão de cada entidade fazer referência explícita às

instalações que serão abrangidas pela referida convenção.

64. Ora, um prestador, ao arrogar-se de qualidade – aqui, da qualidade de entidade

convencionada – da qual não dispõe, tal comportamento será suscetível de

constituir violação dos interesses legítimos dos utentes, designadamente o interesse

fundamental da transparência nas relações com os utentes, instrumental do direito à

informação e do direito à liberdade de escolha – cfr. Base XIV da Lei de Bases da

Saúde, e atualmente o disposto na Lei n.º 15/2014, de 21 de março7.

65. Com efeito, o direito fundamental dos utentes de cuidados de saúde à informação,

bem como os princípios da verdade e transparência relevarão, fundamentalmente,

em três momentos distintos:

(i) antes da escolha do prestador (garantindo-se, nomeadamente, pela via da

informação e transparência, o exercício da liberdade de escolha nas unidades de

saúde privadas/sociais, que à ERS cumpre garantir);

7 Veja-se concretamente, no âmbito de convenções celebradas com setor privado, as deliberações

emitidas no âmbito dos processos de inquérito n.ºs ERS/005/09, ERS/123/11 e ERS/040/12 e ERS/036/13 cujas decisões se encontram publicadas no site da ERS, em www.ers.pt.

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(ii) durante a prestação do concreto cuidado de saúde (veja-se o que prevê a alínea

e) do n.º 1 da Base XIV da Lei n.º 48/90, de 24 de agosto, para efeitos de

consentimento informado e esclarecimento quanto a alternativas de tratamento e

evolução do estado clínico); e

(iii) depois de cessada a relação contratual com o prestador (quando tal seja

necessário para o exercício de direitos ou interesses legítimos de ambas as

partes).

66. Assim, a informação quanto à concreta entidade prestadora, responsável pela

prestação dos cuidados, bem como quanto existência ou inexistência, conteúdo e/ou

extensão de eventuais convenções e/ou acordos não pode, por isso, deixar de ser

completa, verdadeira e inteligível.

67. A informação disponibilizada ao público deverá, pois, ser suficiente para o dotar dos

instrumentos necessários ao exercício da liberdade de escolha nas unidades de

saúde privadas, situando-se necessariamente em momento anterior àquele em que

o concreto utente orientou já a sua escolha para um determinado prestador.

68. Isto é, a informação errónea do utente quanto à existência de convenções é apta a

distorcer o exercício da própria liberdade de escolha dos utentes;

69. Tal como pode facilitar situações de lesões de direitos e interesses financeiros dos

utentes.

70. Sob pena de ao fazê-lo se encontrar esta entidade a violar os direitos e interesses

legítimos dos utentes ao consentimento informado e esclarecido (alíneas b) e e) do

n.º 1 da Base XIV da Lei de Bases da Saúde) normativo atualmente reforçado pelo

disposto no artigo 7.º da Lei n.º 15/2014, de 21 de março e, consequentemente, de

escolher livremente o agente prestador de cuidados de saúde (alínea a) do n.º 1 da

Base XIV da Lei de Bases da Saúde e n.º 1 do artigo 2.º da referida Lei n.º 15/2014

de 21 de março); e

71. Bem como a não respeitar a legalidade e transparência que deve pautar as relações

económicas entre prestadores de cuidados de saúde e utentes.

72. Assim, resulta do exposto que, à data dos factos relatados na exposição que deu

origem ao presente processo de inquérito, ainda que formalmente constituídos como

três estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde distintos – a INTERCIR, a

Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. e a ECOMÉDICA –, não

resultava claro que se apresentassem como estabelecimentos distintos perante os

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utentes, mas antes aparentavam ser um único estabelecimento prestador de

cuidados de saúde, desde logo, aquando do agendamento de MCDT por telefone;

73. Pelo que importa à ERS verificar da garantia, na situação exposta, dos direitos e

interesses legítimos dos utentes que se dirigem ou contactam telefonicamente com

os referidos prestadores.

74. Pois, analisados os elementos exteriores à prestação de cuidados de saúde, resulta

que a relação estabelecida entre esses prestadores e o utente poderá ser equívoca,

em especial, quanto à entidade que pratica o concreto acto.

75. Ou seja, resulta dos elementos coligidos no processo que ao utente que se

dirige/dirigisse às instalações sitas na Rua Manuel Campos Espinheiro –

Espadaneira, n.º 51, 3045-089 Coimbra, ou contacta/contactasse telefonicamente

para agendamento de MCDT – à data dos factos relativamente à INTERCIR,

ECOMÉDICA e Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda., e atualmente

relativamente à INTERCIR e Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. –

não é dado a conhecer, com rigor e transparência, qual a concreta entidade

prestadora responsável pela prestação dos cuidados de saúde.

76. Na verdade, a situação em causa caracteriza-se pela ausência de transparência,

não só na relação com o utente (designadamente quanto à informação veiculada

nos contactos telefónicos);

77. Como também do ponto de vista da utilização das convenções, que se revelou, pelo

menos no caso concreto, pouco transparente, já que, quer em 27 de março de 2015,

quer em 19 de janeiro de 2016, na página de correio eletrónico da INTERCIR, em

www.ccci.pt, em acordos e convenções, a mesma publicita a qualidade de

convencionada com o SNS para a realização de MCDT em cardiologia8.

78. Ora, se o utente de cuidados de saúde é sempre, da perspetiva dos prestadores

privados, um potencial consumidor de serviços, ele passará então a ser, como tal,

alvo das mais diversificadas técnicas de captação de clientela, designadamente de

índole publicitária.

8 Cfr. prints das páginas eletrónicsa da INTERCIR consultadas em 27 de março de 2015 e em 19 de

janeiro de 2016, juntas aos autos.

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79. Assim, sempre que um prestador de cuidados de saúde se apresenta perante o

utente mediante uma designação comercial, se acha instalado em determinado local

e anuncia um dado corpo clínico e a prestação de cuidados de saúde ao abrigo de

determinadas convenções celebradas com subsistemas e seguros de saúde, ele

estabelece desde logo com o utente uma relação que antecede a prestação de

cuidados de saúde.

80. Relação esta que deve ser pautada por princípios de verdade e transparência e, em

todo o momento, conformada pelo direito do utente à informação, enquanto

concretização do dever de respeito, pelos prestadores de cuidados de saúde, dos

direitos e interesses legítimos dos utentes.

81. Na verdade, o direito do utente à informação não se limita ao que prevê a alínea e)

do n.º 1 da Base XIV da Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto, para efeitos de

consentimento informado e esclarecimento quanto a alternativas de tratamento e

evolução do estado clínico;

82. Trata-se, antes, de um princípio que deve modelar todo o quadro de relações atuais

e potenciais entre utentes e prestadores de cuidados de saúde.

83. A informação quanto à concreta entidade prestadora, responsável pela prestação

dos cuidados, bem como quanto ao conteúdo e extensão de eventuais convenções

não pode, por isso, deixar de ser completa, verdadeira e inteligível.

84. Atendendo a que o utente medianamente esclarecido não tem conhecimento direto

da separação formalmente existente entre as entidades INTERCIR e Clínica de

Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. (como não tinha no passado entre a

INTERCIR e ECOMÉDICA), importa garantir que lhe é fornecida a informação

suficiente para uma tomada de consciência dessa realidade.

85. A informação disponibilizada ao público deverá, pois, ser suficiente para o dotar dos

instrumentos necessários ao exercício da liberdade de escolha nas unidades de

saúde privadas, situando-se necessariamente em momento anterior àquele em que

o concreto utente orientou já a sua escolha para um determinado prestador.

86. Isto é, a informação errónea do utente quanto à variedade de prestadores, e a

existência de convenções é apta a distorcer o exercício da própria liberdade de

escolha dos utentes;

87. Tal como pode facilitar situações de lesões de direitos e interesses financeiros dos

utentes.

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88. Importará, por isso, garantir, que qualquer utente conheça, em todo o momento,

qual a concreta entidade prestadora que é responsável pela prestação dos cuidados

de saúde e que a mesma corresponda, igualmente em todo o momento, à entidade

que por si livremente foi escolhida;

89. Sendo um tal permanente conhecimento igualmente fundamental para que, de facto,

o utente possa identificar com clareza a entidade prestadora perante si responsável

e responsabilizável.

III.3. Do respeito pela sã concorrência entre prestadores convencionados com o SNS

90. Por outro lado, este comportamento pode ainda impactar com o respeito da

concorrência nas atividades abertas ao mercado sujeitas à sua jurisdição, que à

ERS incumbe velar, nos termos da alínea b) do artigo 16.º dos Estatutos da ERS

91. Efetivamente, até à aprovação do Decreto-Lei n.º 139/2013, de 9 de outubro, o

regime de contratação com o SNS assentou na adesão dos prestadores

interessados aos requisitos constantes do clausulado tipo de cada convenção.

92. Mas como se pôde constatar no estudo da ERS intitulado Avaliação do Modelo de

Celebração de Convenções pelo SNS de 20069, após a publicação e entrada em

vigor do Decreto-Lei n.º 97/98, de 18 de abril10, apenas tinham sido publicados três

clausulados tipo, nas áreas de Cirurgia, Diálise e SIGIC – Sistema Integrado de

Gestão de Inscritos para Cirurgia.

93. Assim, com exceção destas áreas, as demais convenções em vigor não foram

celebradas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 97/98, de 18 de abril, mas tiveram por base

clausulados tipo e legislação publicados em meados da década de oitenta, o que

significa, na prática, que o acesso às convenções se acha encerrado, salvo

situações excecionais – como seja o período em que por força do previsto no

Decreto-Lei n.º 112/97, de 10 de maio foi possível às ARS celebrar novas

convenções.

94. Assim, e sem prejuízo das alterações agora perspetivadas por força da entrada em

vigor no novo regime jurídico das convenções, certo é que o universo de entidades

9 Disponível em www.ers.pt

10 Entretanto revogado pelo Decreto-Lei n.º 139/2013, de 9 de outubro, que estabeleceu o novo

Regime Jurídico das Convenções.

26 Mod.016_01

convencionadas é dominado por entidades que já se encontram no mercado há

muito tempo, sendo reduzido o número de entidades com convenções recentes.

95. E sublinhe-se que tanto é tão mais importante quanto o acesso à prestação de

cuidados de saúde é conformado por enquadramentos prévios do mesmo em

função (das qualidades) dos concretos utentes que buscam a satisfação das suas

necessidades de cuidados de saúde.

96. Ou seja, a qualidade (por exemplo, utente do SNS ou beneficiário de um

subsistema) em que um determinado utente busca a satisfação das suas

necessidades condiciona, de forma relevante, o acesso aos cuidados de saúde.

97. Concretizando, a liberdade de escolha dos utentes será primeiramente orientada

para o conjunto de entidades prestadoras que, em face de determinados requisitos

(por exemplo, detenção de convenções ou acordos), garantem àqueles o acesso

segundo tais enquadramentos.

98. Assim, o utente portador de uma credencial buscará a satisfação das suas

necessidades de cuidados de saúde no conjunto das entidades convencionadas

com o SNS na valência e local/região relevante.

99. Dito de outra forma, tais entidades convencionadas com o SNS na valência e

local/região relevante concorrem entre si para a prestação de cuidados de saúde ao

utente em questão.

100. É assim que se compreende, então, que as fortes restrições no acesso às

convenções não somente protegem aqueles que já possuem convenções;

101. Como prejudicam, claramente, aqueles que não logram aceder às mesmas.

102. E tanto tem, aliás, tornado francamente apetecíveis algumas formas de “acesso”

às convenções, designadamente de terceiros, ou “extensões subjetivas fáticas” das

convenções existentes;

103. Porquanto tanto significa o acesso a um sector e mercado altamente protegido; ou

104. Aumento de dimensão num sector e mercado altamente protegido de tensões

concorrenciais.

105. Ora, quando um prestador publicita, relativamente às suas instalações, que possui

“Acordo” com o SNS;

106. É adulterado e falseado o jogo concorrencial pré-existente;

107. Seja relativamente àqueles que não possuem convenção e que,

consequentemente, não acedem a tal sector e mercado;

27 Mod.016_01

108. Seja, ainda, relativamente aos outros prestadores convencionados;

109. Em face de todo o exposto, considera-se oportuno garantir que o prestador

tampouco promova a publicitação de atos ou exames, como sejam in casu nas

valências de cardiologia e análises clínicas cuja realização nas suas instalações não

se encontra autorizada,

III.4. Análise da situação concreta

110. Conforme acima se expôs, na denúncia descrita suscitavam-se diversas questões,

tendo sido determinada a análise no presente processo de inquérito das seguintes:

(i) Saber se as entidades visadas seriam detentoras de convenção com o SNS

para a prestação de cuidados de saúde, no âmbito dos exames cardiológicos e de

radiologia; e,

(ii) Tal não se confirmando, saber se essas mesmas entidades se arrogariam

dessa mesma qualidade de prestador convencionado, para atender utentes

beneficiários do SNS, no âmbito dos referidos MCDT´S;

(iii) Ainda, saber se essas mesmas entidades vêm utilizando indevidamente

convenções com o SNS detidas por outrem;

(iv) Saber se é dado a conhecer aos utentes, com rigor e transparência, qual a

concreta entidade prestadora responsável pela prestação dos cuidados de saúde;

(v) O cumprimento do dever de assegurar o acesso dos utentes aos cuidados de

saúde pelas entidades convencionadas em tempo considerado clinicamente

aceitável para a condição de saúde de cada utente;

(vi) Por fim, saber se a informação das entidades constante do registo público do

SRER da ERS está correta e atualizada.

111. Assim enquadrada a questão, importará averiguar se ocorre in casu, uma eventual

violação da liberdade de escolha dos utentes, pela qual sejam os mesmos induzidos

a recorrerem aos prestadores visados com base numa qualidade, in casu de

convencionado do SNS, que na realidade poderão não possuir;

112. Bem como a violação da sã concorrência entre prestadores, ao estarem os

prestadores em questão a concorrer pela prestação de serviços convencionados

aos utentes do SNS quando, na realidade, não possuem o requisito (convenção)

exigido para tanto;

28 Mod.016_01

113. E verificar ainda se ocorre uma violação da transparência na relação entre os

prestadores e utentes, no que se refere à concreta identificação da entidade

responsável pela prestação de cuidados de saúde;

114. Bem como se ocorre limitação do direito de acesso aos cuidados de saúde em

tempo considerado clinicamente aceitável para a condição de saúde de cada utente.

115. Neste contexto, a análise da situação concreta será efetuada, tendo em

consideração cada uma destas questões.

III.4.1. Do enquadramento

116. A INTERCIR, com sede e estabelecimento na Rua Manuel Campos Espinheiro –

Espadaneira, n.º 51, Coimbra, não é convencionada com o SNS para as valências

de cardiologia e radiologia.

117. No entanto, recorde-se que resulta do supra exposto que, o utente, munido de

uma prescrição do médico de família, contactou a INTERCIR para a realização de

uma “[…] radiografia do tórax […]” e alguns MCDT de cardiologia.

118. Sendo que, na página de correio eletrónico da INTERCIR, em www.ccci.pt, em

acordos e convenções, a mesma publicitava, em 27 de março de 2015 e continua a

publicitar, em 19 de janeiro de 2016, a qualidade de convencionada com o SNS para

a realização de MCDT em cardiologia.

119. Sucede que resulta uma contradição entre os factos alegados pelo utente, que

refere que todos os exames foram marcados telefonicamente, junto da INTERCIR

“[…] que em nenhum momento referiu tratar-se de outra entidade convencionada,

concretamente […] para a realização da radiografia do Tórax”, pelo que, ficou

convencido que a entidade convencionada com o SNS, para todos os exames, era

este prestador;

120. E a informação da INTERCIR, que recusa a alegação de que os exames da

valência de cardiologia e o exame da valência de radiologia tenham sido agendados

pela INTERCIR, por funcionárias afetas à mesma;

121. Acrescentando que, a alegada chamada telefónica do utente, terá sido transferida

para a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. e para a ECOMÉDICA,

para marcação dos respetivos exames, entidades que, à data exerciam atividade na

INTERCIR em instalações especialmente destinadas para esse efeito “[…] com

funcionários próprios e afetos a essas mesmas empresas, com agenda própria e

ainda com números de telefone próprios […]”.

29 Mod.016_01

122. As funcionárias sempre terão informado “[…] que a INTERCIR – Centro Cirúrgico

de Coimbra, S.A. não fazia [MCDT] nas valências de cardiologia e radiologia”;

123. Tendo aliás, sido passadas “[…] faturas/recibos, emitidos por essas mesmas

empresas e não pela INTERCIR […]”.

124. Porém, segundo o utente, no dia 4 de dezembro de 2014, todos os exames

constantes das credenciais do SNS de que era portador, e que havia agendado

foram realizados pelo prestador de cuidados de saúde INTERCIR, sendo que, “[…]

no mesmo dia, recebeu os relatórios de todos os exames realizados com excepção

da radiografia do Tórax tendo sido informado que esta seria enviada para a sua

residência por correio […]”;

125. Entendendo este que, ao não ser informado que a instituição convencionada com

o SNS não era da INTERCIR “[…] mas sim outra entidade, no caso, a reclamada

ECOMÉDICA […]”, não pode livremente escolher o prestador de cuidados de saúde.

126. No dia 17 de Dezembro de 2014, o utente deu entrada no Hospital Cuf

Descobertas onde lhe foi “[…] diagnosticada uma embolia pulmonar ficando

internado até ter alta no dia 24 de Dezembro de 2014”, tendo sido naquele prestador

submetido a um RX ao tórax, sendo informado que o seu estado de saúde era

grave.

127. Em 8 de janeiro de 2015 o exponente terá recebido “[…] o relatório da radiografia

ao tórax que havia realizado 34 dias antes […]” pela ECOMÉDICA, que julga que

teria sido essencial “[…] caso lhe tivesse sido enviado em tempo útil atenta a

gravidade do seu estado de saúde”.

128. Pelo que, o referido prestador não terá providenciado pela entrega do relatório do

meio complementar de diagnóstico requisitado num período de tempo que se possa

considerar clinicamente aceitável, considerando a gravidade do conteúdo do

relatório e o tempo decorrido entre a realização do mesmo e o seu envio ao

reclamante, 34 dias.

129. Não tendo também informado o utente, acerca do tempo máximo de resposta

previsto para tal exame11.

11

Perante o assim exposto, o exponente requer à ERS para “ao abrigo do disposto pelo artº. 13.º, al.

c) do DL n.º 126/2014, informar o reclamante acerca do tempo de resposta que consta do contrato

de convenção com a reclamada Ecomédica bem como se […] atendendo ao tempo decorrido […] se

pode considerar que a prestadora convencionada com o SNS cumpriu os tempos máximos de

30 Mod.016_01

130. Quando questionada pela ERS, veio a INTERCIR esclarecer que, em dezembro

de 2014, na Rua Dr. Manuel Campos Pinheiro, Espadaneira, Coimbra, em espaços

da INTERCIR, cedidos especificamente para esse efeito, encontravam-se três

entidades a prestar MCDT com convenção com a ARS para os beneficiários do

SNS, concretamente a Dinis Freitas em gastroenterologia, a Doenças do Coração

Ramos Lopes, Lda. para cardiologia e a ECOMÉDICA em radiologia.

131. Por seu lado, a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. confirmou a

realização de “[…] MCDT de cardiologia a utentes do SNS na Rua Dr. Manuel

Campos Pinheiro, n.º 51, Espadaneira, Coimbra, tal como está aprovado e

autorizado no contratado de convenção, validado pela ACSS e ARSC”;

132. Tendo, nesse sentido, no dia 4 de Dezembro de 2014, realizado ao utente, que

era portador credencial do médico de família, uma prova de esforço e um

ecocardiograma.

133. Em anexo à resposta ao pedido de informações da ERS, este prestador enviou

cópia de documento emitido pela ACSS “[…] onde consta a autorização de

contratualização com a empresa Clínicas de Doenças do Coração Ramos Lopes,

Lda., depois de aprovadas as alterações contratuais. Documento esse que clarifica

qual a sede social, mas também a mudança de local de prestação de serviços,

designação da gerência e respetiva ficha técnica”, bem como cópia da informação

emitida pela ARSC, que valida as alterações registadas na empresa Clínica

Doenças do Coração Ramos Lopes Lda., onde se autoriza o contrato de prestação

de serviços na área de cardiologia e em regime de convenção.

134. Quanto à ECOMÉDICA, é detentora de convenção com o SNS para Radiologia

(elementos complementares de diagnóstico);

135. Sendo que, na Lista de Entidades Convencionadas com o SNS, nas áreas de

jurisdição da ARS Centro, disponível em www.arscentro.min-saude.pt, consta, na

resposta garantidos e se prestou com prontidão e em tempo útil os cuidados de saúde

convencionados com o SNS.”;

“ao abrigo do disposto pelo artº. 13.º, al. c) do DL n.º 126/2014, informar o reclamante se quanto à

reclamada Centro Cirúrgico de Coimbra, SA esta respeitou o direito de informação e liberdade de

escolha do reclamante quanto à prestação do exame de RX tóraz […] ao fazer a marcação do

exame, omitindo a informação ao reclamante que a entidade […] seria entidade distinta do Centro

Cirúrgico de Coimbra […]”;

“Instaurar o procedimento contra-ordenacional que ao caso couber […] a exercer no âmbito dos

poderes sancionatórios que a lei lhe reserva e/ou emitir instruções adequadas ao caso no quadro

dos seus poderes de regulamentação.”.

31 Mod.016_01

presente data, da lista de radiologia, atualizada em 16 de novembro de 2015, a

entidade ECOMÉDICA, mas agora já não com morada na Rua Manuel Campos

Espinheiro – Espadaneira, n.º 51, Coimbra (a mesma morada da INTERCIR), como

acontecia à data dos factos, mas apenas com o estabelecimento sito na Avenida

Calouste Gulbenkian, n.º 43, 3000-092 Coimbra;

136. No entanto, no campo relativo a “Acordos/Convenções” do SRER da ERS, não

vem identificada a existência de qualquer convenção com o SNS para Radiologia

(elementos complementares de diagnóstico)12.

137. Entretanto o contrato de prestação de serviços entre a INTERCIR e a

ECOMÉDICA, cessou a 31 de Dezembro de 2014, sendo que, desde o dia 1 de

janeiro de 2015, a INTERCIR assumiu a valência da radiologia, não possuindo

convenção com qualquer ARS.

138. Em regra, os prestadores que exercem atividade em espaços da INTERCIR,

transferem para este espaço físico os antigos acordos e/ou convenções que já

possuem, com base na Lei “[…] e com o aval das autoridades em saúde”.

139. Por outro lado, a ECOMÉDICA defende que, enquanto vigorava a já referida

parceria com a INTERCIR, para exploração de um estabelecimento prestador de

cuidados de saúde sito à Rua Manuel Campos Pinheiro, 51, Espadaneira, em

Coimbra, estiveram sempre em evidência, no estabelecimento, todos os sinais

distintivos alusivos à ECOMÉDICA, nomeadamente “[…] a designação comercial

"Healthways", por esta igualmente utilizada [que] constava, aliás, do frontispício da

porta de acesso dos utentes ao estabelecimento em causa”, bem como dos

envelopes, do papel timbrado dos relatórios e das faturas;

140. E que o referido espaço cedido possuía acessos físicos autónomos, onde

figuravam os sinais distintivos próprios da ECOMÉDICA.

141. Aquando da marcação de MCDT, todos os utentes são informados – seja pessoal

ou telefonicamente - de que estão a contactar a ECOMÉDICA.

142. Na situação exposta pelo utente, a marcação dos MCDT terá sido efetuada pelo

utente junto da INTERCIR dado que incluíam não apenas MCDT de radiologia, mas

também de cardiologia (que não são realizados pela ECOMÉDICA);

143. Na ECOMEDICA os exames são marcados com um intervalo médio de 10 dias, e

os relatórios são entregues aos utentes no prazo médio de 10/25 dias;

12

Cfr. cópia do registo retirado do SRER, em 19 de janeiro de 2016 e junto em anexo.

32 Mod.016_01

144. Os TMRG observados pela ECOMÉDICA aplicam-se às situações não urgentes,

porquanto, sempre que confrontados com situações urgentes, a ECOMÉDICA

encaminha de imediato os utentes para uma unidade hospitalar.

145. Na situação exposta pelo utente, devido a um alegado anormal volume de

trabalho que se verificou no final do ano, os TMRG foram excedidos pela

ECOMÉDICA no que concerne ao relatório da radiografia ao tórax.

146. Considera a ECOMÉDICA que os dados fornecidos pela radiografia ao tórax feita

ao utente, não permitiam antecipar qualquer risco de ocorrência de embolia

pulmonar;

147. Pelo que, a entrega ao utente do relatório do RX ao tórax dentro dos TMRG em

prática pela Ecomédica “[…] nunca seria idóneo a evitar ou impedir o episódio que o

acometeu em 16.12.2014”;

148. Não concordando que o referido relatório tivesse sido essencial ao utente caso lhe

tivesse sido enviado em tempo útil;

149. Até porque “[…] a radiografia e o Ecodoppler realizados pelo utente na

Ecomédica […]” não poderiam fornecer os resultados obtidos junto da CUF

Descobertas, através de uma tomografia computorizada, dado que são meios com

capacidade de diagnóstico diferente.

150. Finalmente, resultou de uma diligência de contacto telefónico realizada em 23 de

novembro de 2015, junto do prestador INTERCIR, da tentativa de proceder à

marcação de um raio x ao tórax e de um ecocardiograma, para utente portadora de

credencial do SNS, que

“[…] Na Intercir já não fazem raio x pelo SNS, sendo o valor deste exame,

para o utente particular, de 17 euros se o exame for com uma incidência, ou

de 20 euros, se o exame for com duas incidências;

Efetuam ecocardiogramas a utentes portadores de credenciais P1 do centro

de saúde, podendo o mesmo ser realizado na próxima quarta-feira, às

17:15, pagando o utente o valor da taxa moderadora correspondente”.

151. Saliente-se que mais é referido que, “[…] em nenhuma altura durante o

telefonema, os interlocutores mencionaram ou se identificaram como qualquer outro

prestador de cuidados de saúde que não a INTERCIR”.

33 Mod.016_01

III.4.2. Conclusões

152. Ora, considerando que os factos apurados nos autos, indiciam que o

comportamento adotado pelos prestadores não corresponde à necessidade de

prestação de informação totalmente clara e transparente aos utentes;

153. Porquanto, uma qualquer referência, genérica e isolada, pela INTERCIR à

realização de exames cardiológicos, ou ainda, de exames radiológicos (o que neste

caso já não acontecerá atualmente), a utentes do SNS, no âmbito de uma alegada

convenção com o SNS, não se coaduna, com o dever de prestação de informação

tal como acima enunciado.

154. Porquanto face aos procedimentos de atendimento e prestação de informação

pouco esclarecedores adotados, qualquer utente do SNS pode dirigir-se ao

prestador “convencido” que aquele detém uma qualidade que, afinal, não detém;

155. Tal pode, assim, atentar contra os próprios direitos e interesses de cada um dos

utentes.

156. Assim sendo, e relembrando a inerente assimetria de informação na relação

prestador-utente, qualquer informação relativa a serviços de saúde deve, pautar-se

por um estrito e rigoroso respeito pela transparência, veracidade, integridade e

completude da mensagem que transmita;

157. Tudo de modo a garantir que a liberdade de escolha dos utentes não venha a

resultar prejudicada;

158. Sob pena de ao fazê-lo se encontrarem a violar os direitos e interesses legítimos

dos utentes ao consentimento informado e esclarecido, nos termos das alíneas b) e

e) do n.º 1 da Base XIV da LBS e, consequentemente, de escolher livremente o

agente prestador de cuidados de saúde, alínea a) do n.º 1 da Base XIV da Lei de

Bases da Saúde, preceitos estes reforçados pelo disposto na Lei n.º 15/2014, de 21

de março;

159. Bem como a não respeitar a legalidade e transparência que deve pautar as

relações económicas entre prestadores de cuidados de saúde e utentes.

160. Sendo que, tais comportamentos dos prestadores impactam ainda, conforme

visto, com o respeito da concorrência nas atividades abertas ao mercado sujeitas à

sua jurisdição, que à ERS incumbe velar, nos termos dos seus Estatutos;

161. Pois quando um prestador não detentor de convenção atende utentes

beneficiários do SNS, é adulterado e falseado o jogo concorrencial pré-existente;

34 Mod.016_01

162. Seja relativamente àqueles que não possuem convenção e que,

consequentemente, não acedem a tal sector e mercado;

163. Seja, ainda, relativamente aos outros prestadores convencionados.

164. Reiterando-se, e dando-se por integralmente reproduzido, o entendimento da ERS

sobre esta matéria, expresso em geral nas deliberações emitidas no âmbito dos

processos de inquérito n.º ERS/005/09, ERS/123/11 e ERS/040/12 e ERS/036/13,

cujas decisões se encontram publicadas no site da ERS, em www.ers.pt;

165. Destacando-se, em particular, que a atuação da ERS se tem pautado no sentido

de os prestadores:

(i) quando convencionados, apenas poderem utilizar a convenção por si detida

para a prestação de cuidados de saúde, nas instalações convencionadas,

as quais constam aliás da respetiva ficha técnica;

(ii) não permitirem a utilização por qualquer entidade terceira, seja direta ou

indiretamente e independentemente da forma para tanto utilizada, da

convenção detida com o SNS;

(iii) não poderem fazer uso, em qualquer situação, de convenção com o SNS,

ou com qualquer outro subsistema ou seguro de saúde, detida por uma

entidade terceira;

(iv) não poderem divulgar, por qualquer meio, possuir acordos ou convenções

com o SNS para a prestação de cuidados de saúde, nem tampouco com

quaisquer outros subsistemas públicos ou privados com os quais não

possuam efetivamente acordo ou convenção;

(v) deverem cessar, de imediato, a veiculação de toda e qualquer mensagem,

independentemente do seu concreto suporte de difusão ou transmissão, em

que aluda à existência de acordo(s) com o SNS, à aceitação de credenciais

do SNS ou, genericamente, que possa induzir em erro os utentes quanto à

sua inexistente qualidade de convencionado com o SNS13.

166. Tudo ponderado e considerando que:

(i) A INTERCIR não é detentora de Convenção com o SNS, para as valências

de cardiologia e radiologia, não se pode arrogar de uma qualidade de

13

Este concreto entendimento foi, também, recentemente destacado na recomendação da ERS, relativa a práticas publicitárias de prestadores de cuidados de saúde, publicada em www.ers.pt.

35 Mod.016_01

convencionada com o SNS que na realidade não possui, transmitindo uma

informação errada aos utentes;

(ii) A Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda., presta cuidados de

saúde a utentes do SNS para a valência de cardiologia (MCDT), no

estabelecimento sito nas instalações da INTERCIR, na Rua Dr. Manuel

Campos Pinheiro, n.º 51, Espadaneira, Coimbra;

(iii) A ECOMÉDICA, à data da exposição inicial, prestava cuidados de saúde a

utentes do SNS para a valência de radiologia (MCDT), na mesma morada

referida no número anterior, morada essa que constava da lista de entidades

convencionadas em radiologia da ARS Centro, no entanto, presentemente,

tal já não sucede;

(iv) A ECOMÉDICA já não presta serviços no estabelecimento sito na sede da

INTERCIR;

(v) A informação relativa a serviços de saúde, não deve influenciar a procura de

determinado prestador quando baseada em informações erradas e para que

a liberdade de escolha dos utentes não seja prejudicada, deve pautar-se por

um estrito e rigoroso respeito por princípios de transparência, veracidade,

integridade e completude;

(vi) Ao utente que se dirige às instalações sitas na Rua Manuel Campos

Espinheiro – Espadaneira, n.º 51, 3045-089 Coimbra, ou contacta

telefonicamente para agendamento de MCDT não é dado a conhecer, com

rigor e transparência, qual a concreta entidade prestadora responsável pela

prestação dos cuidados de saúde.

(vii) E nesta medida, a relação estabelecida entre esses prestadores e o utente

poderá ser equívoca, em especial quanto à entidade que pratica o concreto

acto.

(viii) Na verdade, a situação em causa caracteriza-se pela ausência de

transparência, não só na relação com o utente (designadamente quanto à

informação veiculada em nos contactos telefónicos);

(ix) Como também do ponto de vista da utilização das convenções, que se

revelou, pelo menos no caso concreto, pouco transparente, já que, na página

de correio eletrónico da INTERCIR, em www.ccci.pt, em acordos e

convenções, a mesma tem sempre publicitado a qualidade de

convencionada com o SNS para a realização de MCDT em cardiologia.

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167. Considerando por outro lado que:

(i) À ERS incumbe proceder ao registo público dos estabelecimentos

prestadores de cuidados de saúde, bem como “[…] às suas atualizações, e

ainda assegurar todos os atos tendentes à sua manutenção e

desenvolvimento, nos termos de regulamento por si a emitir” – cfr. n.º 1 do

artigo 26º dos Estatutos da ERS;

(ii) E que “As entidades responsáveis por estabelecimentos sujeitos à regulação

da ERS estão obrigadas a inscrevê-los no registo previamente ao início da

sua atividade, bem como a proceder à sua atualização, no prazo de 30 dias

a contar de qualquer alteração dos dados do registo.” – cfr. n.º 3 do mesmo

dispositivo legal;

(iii) Da pesquisa no SRER da ERS, em 26 de março de 2015, se apurou que, à

data da exposição do utente, a ECOMÉDICA realizava exames radiológicos

a utentes do SNS, nas instalações da INTERCIR, na Rua Dr. Manuel

Campos Pinheiro, n.º 51, Espadaneira, Coimbra, não tendo aquele prestador

registado tal estabelecimento registado no SRER da ERS14;

(iv) Presentemente, para a ECOMÉDICA, no campo relativo a

“Acordos/Convenções” do SRER da ERS, não consta a existência de

qualquer convenção com o SNS para Radiologia (elementos

complementares de diagnóstico)15

168. Considerando ainda que:

(i) De acordo com o Proposta de Contrato para Prestação de Cuidados de

Saúde no âmbito da realização de exames radiológicos (homologada por

despacho do Secretário de Estado da Saúde em 06/05/83), “o prazo de

validade das requisições de exames é de 10 dias úteis contados a partir da

data de prescrição” (cláusula 20.ª); e

(ii) Refere ainda uma tal Proposta de contrato que “o prazo máximo de entrega

dos resultados ou relatórios é de 5 dias úteis após a execução do exame

radiológico, excepto para os exames que por condições técnicas específicas

imponham maior prazo” (cláusula 19.ª).

14

Cfr. cópia do registo retirado do SRER, em 26 de março de 2015 e junto em anexo. 15

Cfr. cópia do registo retirado do SRER, em 19 de janeiro de 2016 e junto em anexo.

37 Mod.016_01

(iii) Na ECOMEDICA os exames são marcados com um intervalo médio de 10

dias, e os relatórios são entregues aos utentes no prazo médio de 10/25

dias.

169. Justifica a adoção da intervenção regulatória da ERS infra delineada no sentido

de:

(i) Assegurar a adequação das situações detetadas, designadamente, no que

toca à necessidade de garantia do respeito pelos direitos e legítimos

interesses dos utentes, em face de uma atuação, por parte da INTERCIR,

como se de entidade convencionada se tratasse;

(ii) Assegurar que qualquer informação prestada relativa a serviços de saúde

deve, assim, pautar-se por um estrito e rigoroso respeito pela transparência,

veracidade, integridade e completude da mensagem que transmita;

(iii) Garantir a revisão e atualização imediatas de toda a informação inscrita no

registo público da ERS pela ECOMÉDICA;

(iv) Garantir que a ECOMÉDICA procede à realização dos MCDT, a utentes

beneficiários do SNS, bem como à disponibilização dos resultados

respetivos, nas melhores condições de acesso, cumprindo os prazos

definidos no contrato de convenção.

IV. AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS

170. A presente deliberação foi precedida de audiência escrita dos interessados, nos

termos e para os efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 122.º do Código do

Procedimento Administrativo, aplicável ex vi do artigo 24.º dos Estatutos da ERS,

tendo para o efeito sido chamados a pronunciar-se, relativamente ao projeto de

deliberação da ERS, a INTERCIR, a ECOMEDICA e a Clínica de Doenças do

Coração Ramos Lopes, Lda., estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde

visados nos autos, e o utente.

171. Decorrido o prazo concedido para a referida pronúncia, a ERS rececionou a

pronúncia da INTERCIR, por ofício datado de 4 de fevereiro de 2016 e a pronúncia

da Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda., por ofício datado de 10 de

fevereiro de 2016.

172. Relativamente ao utente e à ECOMEDICA, seja no decurso do prazo legal para o

efeito, seja até o presente momento, a ERS não rececionou qualquer pronúncia.

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173. Posto isto, relativamente ao projeto de deliberação submetido a audiência de

interessados, a INTERCIR veio informar que:

(i) “[…] nunca foi [sua] intenção a violação de princípios básicos, em concreto os

da transparência, bem como os princípios da licitude, veracidade e respeito

pelos direitos do utente. Se, em algum momento ou circunstância, não fomos

suficientemente claros e objetivos na informação prestada, essa nunca foi nem

será a nossa intenção”;

(ii) Terão procedido a “[…] várias alterações no nosso site, de forma a tornar claro

e inequívoco que o Centro Cirúrgico não possui qualquer tipo de acordo com o

Serviço Nacional de Saúde para a prestação de cuidados de saúde, em

consultas e/ou exames de diagnóstico”;

(iii) “A direção reafirmou ainda a necessidade de os/as funcionários/as seguirem

esses mesmos princípios, sempre que prestam qualquer tipo de informação no

contacto que estabelecem com os potenciais utentes, mostrando-se por isso

mesmo intransigente caso esta linha de atuação não seja posta em prática”;

(iv) Mais informam que “[…] neste momento, são duas as entidades que estão

instaladas no Centro Cirúrgico de Coimbra e que prestam MCDT com

convenções com a ARS, em concreto, a Diniz Freitas (Gastroenterologia) e a

Ramos Lopes (Cardiologia), situações devidamente sinalizadas no nosso site”;

(v) “A lntercir, Centro Cirúrgico de Coimbra considera assim ter dado cumprimento

imediato às instruções emitidas pela Entidade Reguladora de Saúde e admite

que a nossa informação ficou agora mais clara e objetiva.”.

174. Na sua pronúncia, a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. veio

referir que,

(i) Concordam com a deliberação apresentada;

(ii) Estão “[…] conscientes que a convenção com o Serviço Nacional de Saúde,

nos atribui também uma responsabilidade acrescida, pelo que nunca foi ou será

nossa intenção permitir, de forma consciente, a divulgação de uma informação

errónea e, muito menos, facilitar situações que possam lesar os direitos e

interesses dos utentes”;

(iii) “A decisão por vós comunicada foi objeto de análise por parte da Clínica de

Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. e, juntamente com a Intercir, Centro

Cirúrgico de Coimbra, definimos as linhas de divulgação de informação, pelo

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que foram já feitas alterações no site www.ccci.pt, clarificando toda a

informação que é difundida online”;

(iv) “Considerámos ainda oportuno reforçar, junto dos funcionários afetos a cada

uma das duas empresas, que os procedimentos adotados no atendimento dos

utentes não podem, de todo em todo, criar uma situação que possa causar

dúvidas ou interpretações erróneas, não sendo por isso considerado como

válido qualquer argumento de um eventual facilitismo ou de um virtual

desconforto para o utente”;

(v) Ficando “[…] agora mais clara a identificação das entidades responsáveis”.

175. Refira-se, ab initio, que os argumentos apresentados na pronúncia da INTERCIR

e da Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. foram considerados e

ponderados pela ERS.

176. Ainda que das mesmas não resulte uma alteração do sentido da decisão que a

ERS ora entende emitir, já que os referidos prestadores de cuidados de saúde

concordam com o conteúdo do projeto de instrução notificado;

177. Não tendo, assim, trazido ao conhecimento da ERS qualquer facto capaz de

infirmar ou alterar o sentido do projeto de deliberação da ERS tal como

regularmente notificado e que, por isso, se mantém na íntegra.

178. Contudo, já foram adotados pelos prestadores INTERCIR e da Clínica de

Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. medidas tendentes a dar cumprimento à

instrução da ERS, nomeadamente no que se refere à alínea (iv) do parágrafo 170.

do projeto de deliberação notificado.

179. Não obstante, considera-se necessária a intervenção regulatória, tendo em vista,

desde logo, a garantia de uma interiorização e assunção das obrigações legais em

causa, bem como, a adequação permanente do comportamento dos prestadores,

para que no futuro se possa aferir se as diligências levadas a cabo se coadunam

com o conteúdo da referida intervenção.

180. Todavia, e apesar de se impor essa necessidade de intervenção regulatória da

ERS, atento o cumprimento antecipado de parte daquele que era o objetivo de

supervisão inicialmente projetado, procedeu à eliminação alínea (iv) do parágrafo

170. do projeto de deliberação notificado;

181. Pelo que quanto aos prestadores INTERCIR e da Clínica de Doenças do Coração

Ramos Lopes, Lda., conclui-se pela manutenção das restantes alíneas da instrução

que lhes é dirigida, nos termos que infra se apresentam.

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182. Quanto ao prestador ECOMEDICA não se tendo pronunciado sobre o projeto de

deliberação, não foi trazido ao conhecimento da ERS qualquer facto capaz de

infirmar ou alterar o sentido do projeto de deliberação da ERS tal como

regularmente notificado e que, por isso, se mantém na íntegra no que se refere a tal

prestador.

V. DECISÃO

183. Tudo visto e ponderado, o Conselho de Administração da ERS delibera, nos

termos e para os efeitos do disposto nas alíneas a) e b) do artigo 19.º e alínea a) do

artigo 24.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22

de agosto, emitir uma instrução às entidades INTERCIR – Centro Cirúrgico de

Coimbra, S.A., ECOMÉDICA – Centro Médico de Diagnóstico, Lda. e Clínica de

Doenças do Coração Ramos Lopes, Lda. nos seguintes termos:

(i) A INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A. deve abster-se

imediatamente de se apresentar aos utentes como se de entidade

convencionada com o SNS na valência de cardiologia e de radiologia se

tratasse, designadamente, através de qualquer contacto que encetem junto dos

seus utentes, seja ele informático e/ou telefónico;

(ii) A INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A., a ECOMÉDICA – Centro

Médico de Diagnóstico, Lda. e a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes,

Lda., devem providenciar para que qualquer informação por si difundida

obedeça aos princípios da licitude, veracidade, respeito pelos direitos dos

consumidores, bem como aos princípios de transparência e completude que

lhe são impostos, atenta a sua qualidade de prestador de cuidados de saúde

no contacto com um qualquer (potencial) utente;

(iii) A INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A., a ECOMÉDICA – Centro

Médico de Diagnóstico, Lda. e a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes,

Lda., devem garantir que na divulgação de toda e qualquer informação alusiva

a serviços de saúde por si prestados aos utentes não induza em erro os

utentes, em especial no que respeita ao prestador responsável pela prestação

dos cuidados de saúde;

(iv) A ECOMÉDICA deve proceder à realização dos MCDT, a utentes

beneficiários do SNS, bem como à disponibilização dos resultados respectivos,

nas melhores condições de acesso, cumprindo os prazos definidos no contrato

de convenção;

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(v) A ECOMÉDICA – Centro Médico de Diagnóstico, Lda.., deve garantir a

permanente revisão e atualização de toda a informação por si inscrita no

registo público da ERS;

(vi) A INTERCIR – Centro Cirúrgico de Coimbra, S.A., a ECOMÉDICA – Centro

Médico de Diagnóstico, Lda. e a Clínica de Doenças do Coração Ramos Lopes,

Lda. devem dar cumprimento imediato à instrução emitida e devem dar

conhecimento à ERS, no prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis após a

notificação da presente deliberação, dos procedimentos adotados para

cumprimento das instruções aqui emitidas.

184. O Conselho de Administração da ERS delibera igualmente dar conhecimento da

presente deliberação à Administração Regional de Saúde do Centro, I.P.

185. A versão não confidencial da presente deliberação será publicitada no sítio oficial

da Entidade Reguladora da Saúde na Internet.

O Conselho de Administração.

Porto, 29 de fevereiro de 2016.