decreto imperial nº 24, de 17-09-1835.pdf

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Legislação Legislação Informatizada - Decreto nº 24, de 17 de Setembro de 1835 - Publicação Original Decreto nº 24, de 17 de Setembro de 1835 Autorisa o Governo a conceder privilegio exclusivo por tempo de 10 annos á Companhia denominada do -Rio Doce- ou a outra Companhia na falta desta, para navegar por meio de barcos de vapor, ou outros superiores, não só aquelle rio e seus confluentes, como tambem directamente entre o mesmo rio e as Capitaes do Imperio e da Bahia, mediante condições. A Regencia em Nome do Imperador o Senhor D. Pedro Segundo Ha por bem Sanccionar, e Manda que se execute a seguinte Resolução na Assembléa Geral Legislativa: Art. 1.º O Governo fica autorizado a conceder carta de privilegio exclusivo da navegação por barcos de vapor ou outros superiores que se descobrirem, por espaço de 40 annos, á Companhia denominada do Rio Doce, para navegar não só o dito rio e seus confluentes, mas tambem directamente entre o mesmo rio, e as Capitaes do Imperio e da Provincia da Bahia, com tanto que na navegação de cabotagem sejão os barcos embandeirados á brasileira, e tripolados conforme lei. Art. 2.º Em todas estas aguas continuará a ser livre a navegação hoje commummente usada, salvo no Rio Doce, do ponto denominado -Escadinhas- até as suas cabeceiras, e nos rios confluentes, onde a Companhia poderá estabelecer taxas em seu beneficio. Art. 3.º Estas taxas não serão extensivas no Rio Doce e seus confluentes ás canoas de pescaria, e ás de menos lote do que 100 arrobas, senão quando tenhão de transitar pelas obras da Companhia. Art. 4.º O Governo fica autorisado a conceder á Companhia do Rio Doce, além das oito sesmarias de legua quadrada, e dos terrenos alagadiços e pantanosos, para o que está habilitado pelo Decreto de 23 de Outubro de 1832, mais 16 sesmarias de legua em quadro cada uma. Art. 5.º Serão livres do recrutamento de mar e terra, por espaço de cinco annos, os Brasileiros empregados no serviço da Companhia, menos no caso de guerra. Art. 6.º Todas as machinas, barcos de vapor, instrumentos, ou outros artefactos de ferro ou qualquer metal, importados para o serviço da Companhia, serão isentas de quaesquer direitos de importação por espaço dos primeiros cinco annos, ficando a Companhia privada deste privilegio, logo que por sentença se prove ter havido abuso da sua parte. Art. 7.º Serão isento do imposto do dizimo os generos produzidos nas terras da Companhia pelo espaço dos primeiros sete annos. Pelo que respeita á mineração, fica ella sujeita ás leis do paiz. Art. 8.º Os terrenos, de que a Companhia houver de necessitar para a construcção de estradas, pontes, caes, comportas, canaes, diques ou reprezas, se forem devolutos, ser-lhe-hão cedidos gratuitamentes, se de propriedade particular, serão prévia e definitivamente avaliados por arbitros, e o seu importe entregue por ella aos proprietarios, ou depositado em juizo no caso de que elle recusem recebe-lo; não devendo por pretexto algum ser a Companhia estorvada em seus trabalhos, salvo aos proprietarios o recurso para o Tribunal competente, sómente no que respeita á boa ou má avaliação. Art. 9.º As taxas, que a Companhia estabelecer em seu beneficio pelo transito das estradas, pontes, canaes, ou pela navegação que lhe é privativa, serão consideradas interesse do capital nos primeiros 40 annos, reservando-se á Nação, passado esse prazo, o direito de remir as obras pelo valor, e modo que fôr estabelecido a juizo de arbitros, ou de prorogar o privilegio por mais outros 40 annos, findos os quaes, sem indemnisação alguma, obrigada a Companhia e entrega-las em bom estado. Art. 10.º A Companhia do Rio Doce fica obrigada a dar principio á navegação por vapor no prazo de Veja também: Dados da Norma

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"Autorisa o Governo a conceder privilegio exclusivo por tempo de 10 annos á Companhia denominada do-Rio Doce- ou a outra Companhia na falta desta, para navegar por meio de barcos de vapor, ou outrossuperiores, não só aquelle rio e seus confluentes, como tambem directamente entre o mesmo rio e as Capitaes do Imperio e da Bahia, mediante condições."

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  • Legislao

    Legislao Informatizada - Decreto n 24, de 17 de Setembrode 1835 - Publicao Original

    Decreto n 24, de 17 de Setembro de 1835

    Autorisa o Governo a conceder privilegio exclusivo por tempo de 10 annos Companhia denominada do-Rio Doce- ou a outra Companhia na falta desta, para navegar por meio de barcos de vapor, ou outrossuperiores, no s aquelle rio e seus confluentes, como tambem directamente entre o mesmo rio e asCapitaes do Imperio e da Bahia, mediante condies.

    A Regencia em Nome do Imperador o Senhor D. Pedro Segundo Ha por bem Sanccionar, e Mandaque se execute a seguinte Resoluo na Assembla Geral Legislativa: Art. 1. O Governo fica autorizado a conceder carta de privilegio exclusivo da navegao porbarcos de vapor ou outros superiores que se descobrirem, por espao de 40 annos, Companhiadenominada do Rio Doce, para navegar no s o dito rio e seus confluentes, mas tambem directamenteentre o mesmo rio, e as Capitaes do Imperio e da Provincia da Bahia, com tanto que na navegao decabotagem sejo os barcos embandeirados brasileira, e tripolados conforme lei. Art. 2. Em todas estas aguas continuar a ser livre a navegao hoje commummente usada, salvono Rio Doce, do ponto denominado -Escadinhas- at as suas cabeceiras, e nos rios confluentes, onde aCompanhia poder estabelecer taxas em seu beneficio. Art. 3. Estas taxas no sero extensivas no Rio Doce e seus confluentes s canoas de pescaria, e s demenos lote do que 100 arrobas, seno quando tenho de transitar pelas obras da Companhia. Art. 4. O Governo fica autorisado a conceder Companhia do Rio Doce, alm das oito sesmarias delegua quadrada, e dos terrenos alagadios e pantanosos, para o que est habilitado pelo Decreto de 23 deOutubro de 1832, mais 16 sesmarias de legua em quadro cada uma. Art. 5. Sero livres do recrutamento de mar e terra, por espao de cinco annos, os Brasileirosempregados no servio da Companhia, menos no caso de guerra. Art. 6. Todas as machinas, barcos de vapor, instrumentos, ou outros artefactos de ferro ou qualquermetal, importados para o servio da Companhia, sero isentas de quaesquer direitos de importao porespao dos primeiros cinco annos, ficando a Companhia privada deste privilegio, logo que por sentena seprove ter havido abuso da sua parte. Art. 7. Sero isento do imposto do dizimo os generos produzidos nas terras da Companhia peloespao dos primeiros sete annos. Pelo que respeita minerao, fica ella sujeita s leis do paiz. Art. 8. Os terrenos, de que a Companhia houver de necessitar para a construco de estradas, pontes,caes, comportas, canaes, diques ou reprezas, se forem devolutos, ser-lhe-ho cedidos gratuitamentes, sede propriedade particular, sero prvia e definitivamente avaliados por arbitros, e o seu importe entreguepor ella aos proprietarios, ou depositado em juizo no caso de que elle recusem recebe-lo; no devendo porpretexto algum ser a Companhia estorvada em seus trabalhos, salvo aos proprietarios o recurso para oTribunal competente, smente no que respeita boa ou m avaliao. Art. 9. As taxas, que a Companhia estabelecer em seu beneficio pelo transito das estradas, pontes,canaes, ou pela navegao que lhe privativa, sero consideradas interesse do capital nos primeiros 40annos, reservando-se Nao, passado esse prazo, o direito de remir as obras pelo valor, e modo que frestabelecido a juizo de arbitros, ou de prorogar o privilegio por mais outros 40 annos, findos os quaes,sem indemnisao alguma, obrigada a Companhia e entrega-las em bom estado. Art. 10. A Companhia do Rio Doce fica obrigada a dar principio navegao por vapor no prazo de

    Veja tambm:

    Dados da Norma

  • 18 mezes, a contar da celebrao do contracto com o Governo, sob pena do perdimento dos privilegiosconcedidos, alm da multa que lhe fr imposta pelo mesmo contracto; bem como fazer conduzir nosseus braos de vapor os correios do Governo, seus papeis, e cargas com a limitao total de 10 arrobas, edous individuos gratuitamente por viagem. Art. 11. Os terrenos concedidos Companhia sero para ella perdidos, se dentro do prazo de seteannos os no fizer habitar por colonos europeos, em numero superior de 60 casaes por legua quadradaem sua totalidade. Art. 12. Findo um anno de residencia no Brasil, estes colonos sero considerados Brasileirosnaturalisados, querendo. Art. 13. livre Companhia fixar o frete, pedagio, ou direito de passagem que ella julgarconveniente, podendo fazer um regulamento para a navegao geral do Rio Doce, e seus confluentes, oqual, depois de approvado pelo Governo, no ser alterado. Art. 14. A todos os trabalhos da Companhia podero regularmente assistir os engenheiros Brasileiros,que para alli forem mandados pelo Governo, para fim de se aperfeioarem na pratica de semelhantesobras. Art. 15. O Governo impor Companhia as condies necessarias para o comeo, continuao,concluso, e conservao das obras, e todas as outras que julgar convenientes para plena execuo da lei. Art. 16. Quando esta Companhia no aceite as condies e privilegios concedidos nesta lei, oGoverno fica autorisado a concede-los a outra Companhia que os pretenda. Art. 17. Fico revogadas quaesquer leis e disposies em contrario. Joaquim Vieira da Silva e Souza, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Imperio, assim otenha entendido, e faa executar com os despachos necessarios. Palacio do Rio de Janeiro em dezasete deSetembro de mil oitocentos trinta e cinco, decimo quarto da Independencia e do Imperio.

    Francisco de Lima e Silva.Joo Braulio Moniz.Joaquim Vieira da Silva e Souza.

    Este texto no substitui o original publicado no Coleo de Leis do Imprio do Brasil de 1835

    Publicao:

    Coleo de Leis do Imprio do Brasil - 1835, Pgina 31 Vol. 1 pt I (Publicao Original)