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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

1

RESGATANDO O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NA PRESERVAÇÃO DA

SAÚDE HUMANA: PERPASSANDO PELA LEITURA CRÍTICA DE TEXTOS

VERBAIS, NÚMEROS E GRÁFICOS ÀS DIFICULDADES NA ESCRITA -

CIÊNCIAS

WALKIRIA ROSANGELA BALISCKI STURION

1 MARIA APARECIDA SERT

2

RESUMO

O presente trabalho foi realizado no Colégio Estadual Rui Barbosa Ensino

Fundamental e Médio no distrito de Iguatemi – Maringá – PR, no ano de 2010 com

alunos de 6ª série. Este foi desenvolvido de forma interdisciplinar, tendo como

objetivo o resgate e a valorização do conhecimento sobre Plantas Medicinais

acumulado por inúmeras gerações, perpassando pela leitura de textos verbais,

números e gráficos às dificuldades na escrita, através de práticas pedagógicas que

envolveram: coleta de dados para verificar as Plantas Medicinais mais utilizadas

pela comunidade de Iguatemi-Maringá; representação gráfica; estudos sobre os

vegetais; preparo do solo; cultivo das plantas identificadas pelos professores da

Universidade Estadual de Maringá-UEM; realização de pesquisa bibliográfica

reconhecendo a importância terapêutica e os cuidados com a utilização das plantas;

exposição. Como referencial teórico utilizamos a Pedagogia Histórico Crítica. O

estudo sobre as Plantas Medicinais proporcionou aos alunos o conhecimento e a

valorização das plantas como medicamento natural que pode ser utilizado de forma

consciente, ocorrendo também o incentivo a preservação das espécies vegetais.

Palavras-chave: Plantas Medicinais. Conceitos científicos e populares. Propriedades terapêuticas. Interdisciplinaridade.

1.Professora de Ciências da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná – SEED, participante do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE/2009. [email protected]. 2. Professora, Doutora do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá – UEM.

2

1 INTRODUÇÃO

A utilização das plantas com fins terapêuticos sempre esteve presente na

história da humanidade (ALMASSY JUNIOR, 2005). Há evidências que para aliviar

os sofrimentos o homem pré-histórico já fazia uso das plantas (CASTRO, 1995).

Segundo Figueiredo (2010, p. 1): “o uso de Plantas medicinais pela população

mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos. Dados da Organização

Mundial de Saúde mostram que cerca de 80% da população faz uso de algum tipo

de erva medicinal”. Essa organização incentiva a difusão mundial dos

conhecimentos necessários ao uso racional das Plantas Medicinais e medicamentos

fitoterápicos (SOSSAE, 2010).

Unindo a tradição de se utilizar plantas para fins terapêuticos e a ciência, a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também pretende esclarecer a

população quanto ao uso correto das Plantas Medicinais, através da divulgação de

uma tabela contendo dezenas de vegetais com ação terapêutica comprovada

cientificamente, seguida de nome popular e científico, com indicações e contra-

indicações bem como as formas de uso para que o efeito seja benéfico (USO, 2010).

Essas informações da Anvisa irão esclarecer as pessoas uma vez que, de

acordo com Silva (1995, p. 9): “a população em geral usa indiscriminadamente as

drogas vegetais, devido ao seu desconhecimento da possível existência de toxidade

e mesmo de sua comprovada ação”.

Sabendo que a população recorre as Plantas Medicinais para curar ou aliviar

suas dores, é de grande importância que os alunos tenham conhecimento sobre as

propriedades terapêuticas e a possível toxidade de certas plantas.

3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As plantas sempre foram apreciadas e utilizadas por vários povos desde o

início da civilização. Descobertas arqueológicas e descrições das plantas com ação

terapêutica por vários povos comprovam que o homem tem utilizado essas plantas

para diversos fins desde a antiguidade. Os egípcios valorizavam muito as plantas;

as flores de lótus que brotavam nas partes rasas do Rio Nilo eram consideradas

símbolo da fertilidade da natureza, as árvores naquele país árido eram sagradas e

para agradar os deuses eles as plantavam em volta dos templos fazendo pequenos

bosques. Em seus ritos religiosos utilizavam buquês de papiro para enfeitar as

críptas e suas galerias subterrâneas também eram cheias de flores. Em algumas

múmias foram encontrados restos de coroas com plantas conhecidas como: rosas,

crisântemos, narcisos e manjerona. E inscrições em tumbas e pirâmides comprovam

que os mortos eram embalsamados com manipulações à base de plantas

aromáticas e medicinais. As mais antigas civilizações que temos conhecimento já

utilizavam os vegetais para aliviar dores, mal estar e curar doenças, ornamentar os

templos e embalsamar cadáveres. Desta forma, foram realizando de forma natural

experimentos diversos, que auxiliaram na constatação da importância terapêutica

dessas plantas (ALVES; PETTENGIL; BARBOSA, 1999). Ainda complementando a

citação supracitada:

O emprego dos vegetais perde–se no tempo, na história do ser humano. Na busca de alivio para suas dores e enfermidades, o homem foi impelido, através dos séculos, a analisar os fenômenos da natureza e a buscar soluções que o ajudassem a minorar seus sofrimentos. Suas experiências deram lugar a métodos empíricos que se cristalizaram com o passar do tempo, em diferentes sistemas de prática médica (BRASIL, 1998 apud BRAGANÇA, 1996, p. 29).

Algumas sociedades atuais e muito antigas como do Egito e Babilônia

acreditavam que a doença era castigo dos deuses. Devido a isso os doentes eram

tratados por curandeiros em rituais, preces e fórmulas mágicas misteriosas

consideradas sobrenaturais preparadas geralmente com ervas da região local.

Esses povos acreditavam, também, que certos aromas das plantas assustavam os

espíritos do mal, causadores de doenças, sendo desta forma, muitas vezes,

escolhidas pelo seu cheiro (ALVES; PETTENGIL; BARBOSA, 1999).

4

As atividades terapêuticas das Plantas Medicinais que foram utilizadas por

diversos povos, atualmente são avaliadas experimentalmente em laboratórios de

pesquisa. Os conhecimentos empíricos dos magos, feiticeiros e alquimistas, que

foram repassados de geração a geração, contribuíram para as informações

científicas quanto aos estudos e interpretações da natureza e possibilitaram a

produção de novos medicamentos (DI STASI, 1996). Segundo o mesmo autor:

A arte dos benzedeiros, curandeiros e xamãs, herdada dos magos e feiticeiros de outrora, pode ser vista hoje, em tese, nos laboratórios científicos, os quais passaram a avaliar experimentalmente a veracidade destas informações, tendo em vista a descoberta de novos medicamentos, com base justamente nos conhecimentos que foram adquiridos durante milhares de anos e repassados de geração em geração por aqueles que são os ancestrais da ciência moderna. Essas informações sobre os usos das plantas medicinais e suas virtudes terapêuticas foram sendo acumuladas durante séculos, e muito desse conhecimento empírico se concentra disponível atualmente (DI STASI, 1996, p. 18).

Por muito tempo as Plantas Medicinais acompanharam a história da

humanidade, uma vez que estiveram associadas com fatores espirituais e crenças

religiosas, como rituais e mitos (ALMASSY JUNIOR, 2005). Essa utilização

contribuiu para o desenvolvimento científico relacionado aos vegetais. No Iraque,

descobertas arqueológicas confirmam que muitas Plantas Medicinais que eram

utilizadas, ainda o são na medicina popular. Os Sumérios já usavam tomilho,

mostarda e ópio, os Babilônios ampliaram o estoque de ervas medicinais dos

Sumérios e acrescentaram: o açafrão, canela, alho, coentro entre outras.

No Papiro de Ebers escrito por Imotep, no antigo Egito, foram registrados os

primeiros textos médicos. Neste foram descritas aproximadamente 800 receitas que

incluem mais de 700 drogas, dentre as quais temos: babosa, hortelã, mirra,

cânhamo, óleo de rícimo, mandrágora, absinto e meimendro. Em uma das receitas

do Papiro, encontra-se indicação de forma implícita, que sugere o tratamento de

diabetes (ALVES; PETTENGIL; BARBOSA, 1999).

As Plantas Medicinais aparecem também mencionadas nos textos

bíblicos do Velho Testamento. Dentre elas o zimbro e a mostarda (ALVES;

PETTENGIL; BARBOSA, 1999). Confirmando esse relato de Alves encontra-se

registrado na Bíblia: “cada um trazia o seu presente, objetos de prata e de ouro,

5

roupas, armaduras, especiarias” (BÍBLIA A. T., [198-], p. 309). Bragança (1996) cita

que arrecadação de tributos eram cobrados para o transporte das plantas

e condimentos comercializados.

Entre as plantas comercializadas estavam a alface (Lactuca sativa,

cuja ação tranquilizante e importância nutricional são bem conhecidas na atualidade), a papoula (Papaver somniferum, herbácea, da qual se obtém o ópio, empregado como analgésico) e a mandrágora (gênero de solanáceas que pode conter atropina, na época utilizada em partos e intervenções cirúrgicas como relaxante e hipnótico) (BRAGANÇA, 1996, p. 30).

Acredita-se que as plantas citadas na Bíblia, possivelmente foram

disseminadas pelos Árabes que teriam levado espécies como exemplo a canela,

para a África e Península Ibérica (CAMARGO, 1998).

O conhecimento sobre Plantas Medicinais entre os chineses é de

aproximadamente 4000 anos. Devido a grande eficácia desses vegetais na cura de

muitas doenças, ainda hoje são utilizados juntamente com os medicamentos atuais

(CORREIA JUNIOR; MING; SCHEFFER, 1991; BRAGANÇA, 1996).

Séculos antes de Cristo, gregos e posteriormente os romanos, herdaram o

conhecimento sobre as plantas dos egípcios e o ampliaram. Na mesma época

Hipócrates juntamente com seus discípulos escreveram o tratado de Corpus

Hipocratium onde está registrado o remédio vegetal e o tratamento correspondente

para cada doença (CARDAMONE, 1999). O imperador chinês Shen Nung, que

morreu em 2690 a.C, foi considerado o pai da medicina chinesa, ele experimentou

centenas de ervas. Tendo descoberto venenos e efeitos curativos em muitas

espécies vegetais. Em seu “Cânone de Ervas” foram encontrados registros de

plantas com atividade terapêutica que também são utilizadas atualmente

(CARDAMONE, 1999; BRASIL, 1998; BRAGANÇA, 1996).

Há pelo menos 2000 anos foi registrada a primeira farmacopéia chinesa, o

Pen Tsao (livro de ervas). Essa publicação descreve o uso de óleo de chalmogra (do

gênero Hydnocarpus) para o tratamento da lepra, também cita o cânhamo, a

papoula, o ruibarbo, acômito e o mahuang (arbusto do deserto) que era usado para

infecção urinária, como antitérmico e para ajudar na circulação, atualmente

conhecido como efedrina, ingrediente importante na fabricação de medicamentos

para problemas respiratórios (ALVES; PETTENGIL; BARBOSA, 1999).

6

A arte da cura passa por várias etapas, ficando difícil estabelecer um limite

exato entre medicina e as práticas terapêuticas relacionadas com magias e rituais

(SOSSAE, 2010).

O cacto peiote já era utilizado pelos índios mexicanos de aproximadamente

1000 anos atrás, possivelmente deve ter sido valorizado pelas substâncias

medicinais ativas utilizadas em ferimentos e pelas suas propriedades alucinógenas.

Pesquisas recentes comprovaram seu valor terapêutico, pois o cacto possui

propriedades antibióticas (ALVES; PETTENGIL; BARBOSA, 1999).

Na Idade Média os druídas europeus e curandeiros ainda mantinham sigilo

quanto às poções mágicas preparadas com Plantas Medicinais. Nessa época muitas

batalhas aconteceram entre a Europa e Ásia pelo domínio do comércio de

especiarias (CORREIA JUNIOR; MING; SCHEFFER, 1994).

Mais tarde, em 1544 na Itália surgem os primeiros Jardins Botânicos, e na

França no reinado de Henrique IV ocorreram mudanças na agricultura e surgem

também os primeiros jardins de Plantas Medicinais. Nessa época torna conhecida a

eficácia anestésica e estimulante da folha de coca, nativa da América

(CARDAMONE, 1999).

Devido aos relatos sobre a utilização das plantas com atividade terapêutica

foi sendo organizado naturalmente por inúmeras comunidades e grupos étnicos

diferenciados de todas as regiões do planeta, o discernimento sobre os vegetais,

sua eficácia terapêutica ou sua toxidade.

O conhecimento cultural construído pela humanidade passou a ser

desconsiderado desde o final do século XIX até meados da década de 70 pela

medicina ortodoxa da época, que era conduzida pela igreja católica. Durante todo

esse tempo se perdeu grande parte do patrimônio cultural (CARDAMONE, 1999; DI

STASI, 1996).

Clínicos de séculos anteriores duvidavam da eficácia dos fitoterápicos e o

desprezavam. Aquele que acreditava no valor das Plantas Medicinais não era

considerado bom médico (CLARK, 1939 apud BRAGANÇA, 1996).

Atualmente a valorização de antigas terapias medicinais como a dos

fitoterápicos, tem aproximado o homem da natureza, que por muito tempo havia se

distanciado, pois passou a utilizar-se de produtos alopáticos e industrializados para

aliviar a dor e curar doenças (ALMASSY JUNIOR, 2005).

7

Muitas pesquisas estão sendo realizadas com o objetivo de comprovar os

princípios ativos de plantas utilizadas pelos índios e outros povos da antiguidade.

Desta forma, a humanidade reconhece a importância dos conhecimentos passados

por muitas gerações (DI STASI, 1996). De acordo com o mesmo autor:

Durante muitos anos a pesquisa com plantas medicinais foi subestimada no meio científico, e os preconceitos velados a químicos e farmacologistas, que desenvolviam pesquisas com produtos de origem natural, se verificam pelos pequenos espaços dentro dos congressos, publicações e instituições científicas. Felizmente, esta situação foi se modificando a medida que os resultados das pesquisas com plantas medicinais mostravam-se promissores em relação à obtenção de novas substâncias com atividade farmacológica definida e com grande potencialidade de transformação em medicamentos (DI STASI, 1996, p. 10).

A Organização Mundial da Saúde reconhece que 80% da população dos

países emergentes utilizam práticas tradicionais em busca do alívio das dores e cura

de algumas doenças (ALMASSY JUNIOR, 2005; MATOS, 1994). Essa revalorização

das Plantas Medicinais pode estar ocorrendo pelas experiências positivas com a

utilização das mesmas, pelo resgate das tradições culturais, pelos efeitos colaterais

de alguns medicamentos alopáticos ou pela dificuldade na aquisição dos

medicamentos convencionais. Os produtos provenientes de Plantas Medicinais

estão sendo utilizados de forma crescente, pois os mesmos apresentam a mesma

eficácia que as drogas sintéticas (MATOS, 1994; ALVES, 1999).

Segundo Ballon (apud CASTRO, 1994, p. 10) “em cada planta há um centro

de energias vitais compostas de substâncias com propriedades diversas, com uma

ação específica.” Portanto, é importante que se conheça o vegetal, e em qual de

suas partes encontra-se o princípio ativo, seu ciclo vegetativo, e condições que está

sendo cultivado.

A medicina tradicional e a indígena continuam sendo o recurso terapêutico

para muitos habitantes, que utilizam principalmente as Plantas Medicinais para obter

seus medicamentos (BRAGANÇA, 1996).

Desta forma, o conhecimento sobre a atividade terapêutica das plantas,

representa em algumas comunidades e grupos étnicos, o único tratamento de

diversas enfermidades.

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O uso das espécies vegetais, com fins de tratamento e cura de doenças e sintomas, remonta ao início da civilização, desde o momento em que o homem despertou para a consciência e começou um longo percurso de manuseio, adaptação e modificação dos recursos naturais para seu próprio benefício. Essa prática milenar atividade humana por excelência ultrapassou todas as barreiras e obstáculos durante o processo evolutivo e chegou até os dias atuais, sendo amplamente utilizada por grande parte da população mundial como fonte de recurso terapêutico eficaz (DI STASI, 1995, p. 10).

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta e com um rico

conhecimento cultural que resultou da união entre inúmeras etnias (BRASIL, 2009).

As plantas já eram utilizadas pelos índios nativos da região para curar doenças, na

produção de corantes e para facilitar a caça e a pesca. E os diversos povos que

colonizaram o país trouxeram muitas espécies exóticas contribuindo com a riqueza

vegetal e cultural (CARDAMONE, 1999). Segundo o mesmo autor:

[...] no Brasil, uma grande parte da população faz uso de plantas medicinais no seu dia-a-dia. Nossa rica e própria medicina popular é fruto dos hábitos e costumes herdados de nossos colonizadores e escravos, tendo sido muito influenciada pelo conhecimento indígena (CARDAMONE, 1999, p. 7).

A maior parte das plantas utilizadas pela população brasileira são espécies

nativas, que aparecem espontaneamente nos mais diferentes biomas do país. Se

não houver um controle, à coleta indiscriminada dessas plantas poderá levá-las a

extinção, pois geralmente esta atividade é realizada por leigos, aumentando a

possibilidade de depredação do patrimônio genético do vegetal, podendo ainda, por

falta de acondicionamento correto perder parte de seus princípios ativos (CORREIA

JUNIOR; MING; SCHEFFER, 1991).

No Brasil alguns programas de saúde básica já foram oferecidos as

comunidades com difícil acesso aos medicamentos convencionais. Como forma de

alternativa terapêutica eficaz e de baixo custo operacional. Em alguns programas

foram disponibilizadas mudas de Plantas Medicinais diversas incentivando e

resgatando a herança cultural da população (MATOS, 1994).

Em junho de 2006, foi aprovado pelo governo federal a Política Nacional de

Plantas Medicinais e Fitoterápicos por meio do Decreto nº 5.813 com o objetivo de

promover melhorias na qualidade de vida da população (BRASIL, 2009). Essa

9

política visa: “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de

plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade”

(BRASIL, 2009, p.12).

Desde a década de 90 o uso de Plantas Medicinais tem sido divulgado e

estimulado por meios de comunicação com propagandas de plantas com “poderes

milagrosos”, o que levou a uma grande procura por essas plantas. Cardamone

(1999) cita que o uso, muitas vezes, indiscriminado poderia causar desequilíbrio nos

ecossistemas e até a extinção de algumas espécies. O mesmo autor também diz

que devido a falta de critérios para a utilização das plantas poderia ocorrer sérios

danos à saúde desde os mais simples até graves intoxicações.

Com a crescente comercialização de Plantas Medicinais, a OMS pede

normas para os fitoterápicos, com o objetivo de evitar fraudes, substituição de

plantas além das normas de higiene. Assim as empresas que vendem plantas

propõem medidas que garantam a boa prática de cultivo e na venda dos produtos

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2004).

Outro cuidado que deve ser tomado é quanto a identificação, dos vegetais

utilizados como fitoterápicos, que deve ser feita de forma segura. Portanto, faz-se

necessário que a mesma seja feita por botânicos, biólogos, agrônomos ou

profissionais com experiências em vegetais (CORREIA JUNIOR; MING;

SCHEFFER, 1994).

Os indígenas que povoaram o estado do Paraná e aqueles que aqui

chegaram para a colonização deixaram uma rica herança cultural referente à

utilização da flora, entretanto o conhecimento das plantas era através dos nomes

populares.

No estado do Paraná destaca-se a região metropolitana de Curitiba como

maior produtora de camomila (Matricaria chamomilla) do país. Mesmo o Paraná

sendo um grande produtor, frequentemente ocorre de forma intensa, a coleta das

Plantas Medicinais nativas ou que crescem expontaneamente, para fins comerciais.

Um exemplo disto é a coleta da carqueja (Baccharis trimera), e a espinheira-santa

(Maytenus ilicifolia). Em 1994 já havia uma grande preocupação ao que se refere a

coleta indiscriminada dessas espécies pois, pode ocorrer a depredação do

patrimônio genético vegetal e a extinção (CORREIA JUNIOR; MING; SCHEFFER,

1994).

10

Para que ocorra a preservação deste patrimônio faz-se necessário incentivar

as comunidades tradicionais que sua riqueza biológica e cultural é de grande

importância como subsídio para novas descobertas.

3 DESENVOLVIMENTO

O presente trabalho foi realizado no Colégio Estadual Rui Barbosa Ensino

Fundamental e Médio no distrito de Iguatemi – Maringá – PR no ano de 2010 com

alunos de 6ª série.

O projeto foi desenvolvido de forma interdisciplinar envolvendo questões

sociais, políticas, ambientais, históricas e econômicas relacionadas às Plantas

Medicinais. Como referencial teórico utilizamos a Pedagogia Histórico Crítica.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica “Os

conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo contextualizado,

estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares” (PARANÁ, 2008, p. 16).

A aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola ocorreu em

várias etapas:

3.1 Oralidade

Na primeira etapa iniciamos com uma conversa informal procurando

conhecer e analisar os conceitos prévios dos alunos, suas curiosidades e o que eles

precisavam aprender sobre as Plantas Medicinais, valorizando seu conhecimento e

a diversidade sócio-cultural.

Para direcionar o trabalho envolvendo as Plantas Medicinais, foram

levantadas algumas questões:

Conceitual/científica – O que são Plantas Medicinais?

Histórica – Em sua família, quem utiliza as plantas? Com quem você

aprendeu utilizar?

Social – Quem mais utiliza as Plantas Medicinais (pessoas que vivem em

zona urbana ou rural)?

Econômica – As Plantas Medicinais podem ajudar na economia da família?

11

Você tem algum custo para implantar um pequeno horto medicinal onde

você mora?

Religiosa - Você conhece alguém que faz benzimentos utilizando vegetais?

Em sua igreja é utilizada alguma planta para rituais religiosos ou para

enfeitar? É queimado incenso (Resina aromática, extraída de várias espécies de

árvores para queimar nas igrejas em ocasiões de festas)?

Cultural – Todos os povos cultivam ou utilizam as mesmas espécies de

plantas?

Psicológica – O hábito de cultivar plantas pode ajudar na harmonia pessoal,

como uma terapia ocupacional?

Política – É interessante para alguns governantes que menor número de

pessoas utilize os serviços públicos de saúde?

Estética – Algumas Plantas Medicinais podem contribuir para melhorar a

aparência pessoal?

Ambiental – O que poderíamos fazer para contribuir com a preservação das

espécies de Plantas Medicinais que temos aqui em nossa região?

Perguntamos aos alunos se havia interesse em participar de um

levantamento de dados sobre as Plantas Medicinais com o objetivo de constatar as

plantas mais utilizadas no distrito de Iguatemi. Houve aceitação, então começamos a

nos organizar para a entrevista. Proporcionamos aos alunos a prática da oralidade

para posteriormente realizarem uma entrevista para levantar dados na comunidade

local. Perguntamos a eles se alguma vez já haviam participado de uma entrevista e

o que seria necessário para a realização de outra. Após essa conversa informal

relataram suas experiências e deram algumas sugestões para complementar o

questionário que seria realizado na entrevista.

A coleta de dados foi realizada com a utilização de um questionário

contendo três questões sócio-econômica e três sobre as Plantas Medicinais. Com a

experiência piloto os alunos entrevistaram na escola os funcionários da equipe

pedagógica, secretaria, serviços gerais e professores. Quando retornaram para a

sala e comentaram sobre a experiência desta prática, percebemos que deveríamos

alterar a ordem de algumas questões.

12

3.2 Conhecendo os vegetais

Para trabalharmos especificamente com as Plantas Medicinais, como pré-

requisito foi realizado um estudo sobre os vegetais com o objetivo de reconhecer a

diversidade existente e identificar cada parte das plantas com suas respectivas

funções.

Para ocorrer à compreensão sobre a diversidade dos vegetais os alunos

foram incentivados a observarem as diferentes espécies que possuem onde moram,

nas ruas e praças.

Para saber sobre o conhecimento dos alunos quanto aos vegetais, foram

realizados alguns questionamentos como: que plantas conhecem, quais são as

partes de uma planta, quais possuem frutos, que plantas existem em sua casa e no

caminho para a escola. Os alunos foram dizendo nomes de vegetais que eles

conheciam, esses foram sendo anotados no quadro de giz, simultaneamente foram

feitos comentários sobre suas utilidades e suas características. Utilizando os nomes

das plantas mencionadas os alunos preencheram uma tabela separando-as em:

ornamental e comestível. Com essa atividade perceberam que algumas plantas

podem ser tanto ornamentais quanto comestíveis. Foram questionados quanto à

escolha de uma única planta para ser cultivada em um espaço disponível. Como

resposta, muitos dos alunos optaram pelas plantas que além de ornamentais

também são comestíveis, justificando pela sua beleza, utilidade pela sombra, abrigo

de pássaros, insetos além de produzir frutos.

Foi realizado um passeio pelo pátio da escola para perceberem a variedade

de vegetais existentes. Cada grupo escolheu uma planta para observarem e

representaram a mesma através de desenhos e anotações indicando os órgãos

vegetativos e reprodutivos com suas respectivas funções. Coletaram flores, frutos,

sementes, folhas e partes de raízes e caules para serem analisados. Com as flores

de pata de vaca (Bauhinia candicans) foi possível verificar as pétalas, estilete,

estigma, ovários, filetes e grãos de pólen destacando a parte feminina e a masculina

de uma flor.

Utilizando as folhas de quaresmeira (Tibouchina granulosa) realizaram

trabalhos artísticos destacando as nervuras da folha e indicando o limbo e pecíolo.

No laboratório de biologia nomearam as folhas de acordo com as suas

13

características e classificaram as mesmas em: simples e compostas. Todo material

coletado foi prensado para excicata e posteriormente foi montado um painel

contendo folhas, flores, frutos, sementes, parte das raízes e caules. Como tarefa foi

proposto aos alunos que realizassem uma coleta de informações em revistas, livros,

jornais e página da internet sobre as utilidades dos vegetais. Os alunos trouxeram

para a sala de aula várias informações; leram para os colegas e confeccionaram um

mural com as figuras e pequenos textos informativos sobre a importância dos

vegetais. Após essa atividade montaram um caça palavras contendo: as utilizações

das plantas, seus respectivos nomes e palavras relacionadas aos vegetais.

No decorrer dessa atividade surgiram também as Plantas Medicinais entre

as ornamentais e comestíveis. Em seguida foi proposto que escrevessem sobre a

importância de cada uma delas e representassem suas utilidades através de

desenhos e anotações.

Foram trabalhados também alguns textos sobre nomenclatura científica para

que os alunos compreendessem que todos os seres vivos são catalogados

recebendo um nome científico e classificados de acordo com suas semelhanças.

Após a leitura dos textos os alunos foram questionados sobre a importância da

nomenclatura científica, da característica binomial e da origem dos nomes científicos

que são referentes ao nome do pesquisador, lugar ou características do ser vivo e

que nem sempre conhecemos. Como tarefa foi proposto uma pesquisa para

completar uma tabela contendo: figura da planta, nome popular, nome científico e

parte utilizada.

Com o estudo dos vegetais os alunos compreenderam sua importância,

desenvolveram o hábito de observar e valorizar as diversas espécies. Vários alunos

relataram que estão cultivando algumas espécies de plantas.

3.3 Prática da leitura

Nessa etapa do projeto foram colocadas sobre uma mesa: folhas, caules,

flores, frutos e sementes de Plantas Medicinais para que fossem observadas e

nomeadas as características quanto à coloração, ao aroma, textura e o sabor dos

vegetais. Após a observação das plantas expostas, desenharam, coloriram, fizeram

anotações quanto ao nome popular, científico e sua utilidade terapêutica. Em grupos

14

os alunos trabalharam com o jogo da memória utilizando figuras de Plantas

Medicinais com nomes populares. Eles participaram ativamente, jogando, anotando

os nomes das plantas e fazendo comentários sobre algumas já conhecidas. Foi

solicitado que eles trouxessem para a escola uma espécie de Planta Medicinal com

seu respectivo nome.

Como tarefa foram propostas algumas questões para serem realizadas junto

aos seus familiares. Quando os alunos trouxeram para a escola a tarefa realizada e

parte das Plantas Medicinais que possuíam em casa, estas foram colocadas em

uma mesa e fizemos a nomeação com etiquetas contendo o nome popular, científico

e destacamos algumas de suas atividades terapêuticas. O conhecimento cultural

dos estudantes foi valorizado e este foi ampliado com explicações sobre o

significado do nome, sua utilidade terapêutica e possível toxidade. Na tarefa havia

uma questão que o aluno deveria escolher uma das plantas utilizada pela família e

escrever: qual era a parte utilizada, o modo de preparo e qual é a atividade

terapêutica da referida planta. Durante a exposição dessa atividade muitos alunos

fizeram a leitura e explicação da prática realizada com sua família, ocorrendo então

algumas intervenções, explicações, correções e em algumas delas a necessidade

de pesquisa.

3.4 Levantamento de dados

Nessa etapa do trabalho o objetivo era realizar um levantamento de dados

para verificar a utilização das Plantas Medicinais mais utilizadas na comunidade

local. A entrevista foi realizada com a participação de alunos, professor de Língua

Portuguesa, Matemática, Ciências, Pedagoga da escola e acadêmicos da

Universidade Estadual de Maringá-UEM do curso de Estatística. Com aplicação do

questionário contendo três questões sócio-econômicas e três sobre Plantas

Medicinais coletamos material suficiente para etapas posteriores do projeto.

3.5 O uso de Plantas Medicinais

Nessa etapa do projeto os alunos foram incentivados e orientados a

realizarem uma pesquisa na página do Ministério da Saúde para ter conhecimento

15

da tabela de fitoterápicos disponibilizados pela Anvisa, onde puderam verificar o

nome popular da planta, a nomenclatura botânica, as partes utilizadas, a forma de

utilização, posologia, via, para que é utilizada, contra indicações e efeitos adversos.

Comparamos os gastos com os medicamentos convencionais em relação ao uso de

Plantas Medicinais. Após terem observado, lido, recebido explicações, exposto

algumas experiências quanto ao uso de plantas da tabela; os alunos pesquisaram

no dicionário de língua portuguesa os termos: infusão, decocção e maceração.

Para Silva (1995, p. 23),

As formas farmacêuticas empregadas com maior frequência são os chás obtidos por infusão, por decocção ou por maceração, geralmente incorporados às outras formas denominadas compressa, cataplasma, xarope [...].

Posteriormente foram realizadas atividades práticas no laboratório de

biologia para diferenciar o modo de preparo dos chás. A receita foi passada no

quadro de giz e explicada quanto ao modo de preparo e sua importância terapêutica.

De acordo com Silva (2008, p. 19): “Consegue-se o melhor aproveitamento

dos recursos terapêuticos das plantas medicinais a partir do conhecimento da

manipulação mais adequada a cada caso”.

3.6 Produção textual / gráfica e escrita

Nessa etapa do projeto foram trabalhados textos retirados do livro de

Brockelmann (2008, p. 133), contendo dados percentuais quanto à utilização das

Plantas Medicinais no planeta Terra: por recomendação médica (30%), por tradição

de família e por ser acessível sem custo financeiro (50%), e a quantidade que não

utilizam representam (20%). Com esses dados os alunos construíram gráficos de

colunas e após a confecção do cartaz fizeram a exposição oral. Com os dados

apresentados, representação gráfica, leitura, interpretação e exposição oral eles

compreenderam que as Plantas Medicinais realmente são utilizadas pela maioria da

população mundial. Por isso é importante que se conheça realmente as plantas, sua

utilidade terapêutica e utilize a tabela da Anvisa como orientação. Os alunos

participaram de um debate quanto às informações da internet, TV, propagandas

milagrosas, valorização cultural e a intervenção do Ministério da Saúde para que a

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população utilize as plantas de forma consciente. Em seguida os mesmos fizeram

apresentação dos gráficos confeccionados nas aulas de Matemática após o

levantamento de dados realizado no distrito de Iguatemi. Após análise dos gráficos

observando as plantas mais utilizadas pela população de Iguatemi eles foram

incentivados a realizar uma pesquisa bibliográfica sobre essas plantas.

3.7 Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica foi realizada em grupos utilizando livros, revistas,

panfletos, jornais e consulta na página da internet.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências “no

trabalho em grupo, o estudante tem a oportunidade de trocar experiências,

apresentar suposições aos outros estudantes, confrontar idéias, desenvolver espírito

de equipe e atitude colaborativa” (PARANÁ, 2008, p. 75).

Essa etapa foi muito importante, a pesquisa bibliográfica possibilitou a

confirmação das propriedades terapêuticas de algumas plantas que os alunos

conheciam e muitas outras foram compreendidas. Através dessa atividade eles

também perceberam que muitas plantas além de ser medicinal podem ser tóxicas.

Após a realização da pesquisa bibliográfica desenvolveram atividades nas

quais eles compreenderam que todos os seres vivos possuem nomes científicos,

que as Plantas Medicinais já eram utilizadas desde a antiguidade, que sua

distribuição depende das condições climáticas das diferentes regiões do planeta,

que sua utilização depende da cultura ou tradição de cada povo e que muitas

plantas são exóticas isto é, foram trazidas de outros países. Compreenderam

também a importância de conservar a flora para a manutenção das diferentes

espécies.

Posteriormente foi proposto aos alunos jogos de quebra cabeça contendo:

figura das Plantas Medicinais, nome popular, nome científico e indicações

terapêuticas.

Quando comentamos sobre a possibilidade de conhecer o Horto de Plantas

Medicinais da Universidade Estadual de Maringá-UEM, os alunos ficaram bem

interessados em realizar essa visita.

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3.8 Estudo do solo

Para cultivar diferentes espécies é necessário conhecer os tipos de solo,

pois a variedade de vegetais exige solos diferenciados, luminosidade e umidade,

entre outros fatores que podem interferir na quantidade e qualidade dos princípios

ativos das plantas (SILVA, 1995).

Nessa etapa da aplicação do projeto os alunos compreenderam que o solo

próprio para o cultivo dos vegetais deve conter água, ar, partículas sólidas (matéria

orgânica e inorgânica). Para isso foram realizadas atividades práticas de drenagem

do solo com o objetivo de verificar a importância de um solo adequado para o cultivo

de vegetais, nessa mesma etapa incentivamos a reciclagem da matéria orgânica

(cascas, folhas...) coletada na cozinha da escola para produção de húmus que

posteriormente foi utilizada na adubação do horto que fizemos na escola. De acordo

com Matos (1994), não é permitida a utilização de agrotóxicos, sendo necessária a

realização de adubação orgânica, como húmus de minhoca ou composto vegetal

preparado no próprio horto que deve ser realizada periodicamente.

3.9 Visita ao Horto de Plantas Medicinais Prof. Irenice Silva

A visita ao Horto de Plantas Medicinais foi uma das etapas mais esperadas

pelos alunos, pois aguardavam organizando algumas atividades a serem

desenvolvidas no local como: entrevista, observações, anotações, desenhos e

coletas para excicata.

Chegando a UEM começamos a visita pela estufa, onde são produzidas as

mudas para a manutenção do horto e venda. Os alunos observaram, fotografaram e

fizeram anotações. No horto tiveram a companhia de uma Monitora que foi

explicando sobre as plantas e nesse trajeto observaram as placas de identificação

científica de cada uma das espécies, a coloração, o aroma, a textura, formato das

folhas e presença de flores.

Após os alunos receberem explicações e conhecerem o horto, foi proposta

uma atividade onde cada aluno recebeu um nome popular de uma determinada

planta e algumas atividades a serem realizadas como: copiar o nome científico e os

populares, anotar as características do caule, das folhas e flores, desenhar a planta,

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fotografar, coletar parte do vegetal para fazer excicata e posteriormente confecção

de um catálogo com as amostras estudadas e coletadas. No término da visita

adquirimos as mudas das Plantas Medicinais que utilizamos para realizar as

atividades no horto e as mais utilizadas em Iguatemi.

Na escola os alunos identificaram as mudas adquiridas na UEM

relacionando-as com o nome científico, os populares e algumas indicações

terapêuticas. Posteriormente cada um realizou uma pesquisa bibliográfica referente

à planta que coletou no horto. Com os dados obtidos na pesquisa realizada em

Iguatemi, sobre as plantas mais utilizadas, foi montado um manual. Nesse material

continha: pesquisa bibliográfica com as noções básicas sobre as Plantas Medicinais,

fotos, excicata (amostra da planta desidratada) e referências. Esse material foi

arquivado para que seja utilizado pela comunidade interna do Colégio Estadual Rui

Barbosa.

3.10 Cultivo das plantas medicinais

Nessa etapa do trabalho ocorreu a implantação do Horto de Plantas

Medicinais no Colégio Estadual Rui Barbosa. Com os seguintes objetivos:

Incentivar os estudantes a cultivar vegetais para que ocorra

preservação das espécies;

Incentivar a utilização de vegetal para fins terapêuticos;

Incentivar a utilização do horto para observações, estudos e aulas

práticas;

Fornecer parte das plantas e mudas devidamente identificadas para a

comunidade.

No solo preparado, as pequenas mudas adquiridas na UEM foram plantadas

pelos alunos, pedagoga e professores envolvidos no projeto interdisciplinar.

Através de atividades teóricas e práticas foi possível observar que ocorreu a

compreensão quanto à importância em cultivar Plantas Medicinais.

19

3.11 Exposição

Na última etapa do projeto realizamos uma exposição do trabalho, com

o objetivo de dar um retorno à comunidade sobre as Plantas Medicinais mais

utilizadas no distrito de Iguatemi. Nessa mostra foram expostos:

Cartazes contendo o resultado da pesquisa de campo/ representação

gráfica;

Plantas Medicinais cultivadas na escola;

Fotos e desenhos de plantas contendo o nome popular e científico

com as principais indicações terapêuticas;

Manual das principais plantas utilizadas na região local;

Um mural com textos produzidos pelos alunos, referentes às plantas

estudadas.

Chás com Plantas Medicinais para degustação.

Com a exposição das atividades realizadas durante a aplicação do projeto

os alunos tiveram oportunidade de expor o que aprenderam sobre Plantas

Medicinais.

4 CONCLUSÃO

Após o desenvolvimento do projeto podemos destacar alguns pontos

positivos quanto ao trabalho realizado de forma interdisciplinar:

Envolvimento dos alunos;

Diálogo entre as disciplinas;

Melhor relacionamento entre os alunos, aluno professor, entre os

professores, professor e equipe pedagógica;

Diferentes leituras e enfoques sobre um mesmo tema;

Integração aluno e comunidade;

Acompanhamento efetivo pela equipe pedagógica no

desenvolvimento das atividades;

Momentos de estudo entre os componentes do grupo;

Planejamento conjunto das disciplinas;

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Integração: teoria e prática;

Integração professores PDE/ UEM/ aluno.

Ao final da aplicação do projeto verificamos que o ensino aprendizagem

ocorreu de forma satisfatória quanto as Plantas Medicinais. Pois, os alunos que

participaram ativamente de todas as etapas do projeto compreenderam a

importância das Plantas Medicinais, bem como o uso consciente e a preservação

das espécies vegetais.

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REFERÊNCIAS

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