metas terapêuticas individualizadas

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Metas Terapêuticas Individualizadas L. Capelozza F. Volume 1 2011 MTI

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Metas Terapêuticas Individualizadas Leopoldino Capelozza Filho

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Page 1: Metas Terapêuticas Individualizadas

Metas Terapêuticas Individualizadas 3

Metas TerapêuticasIndividualizadas

L. Capelozza F.

Volume 1

2011

MTI

Page 2: Metas Terapêuticas Individualizadas

Capa: Dura984 páginas coloridasDimensão: 23 x 30cm Peso: 4.700g Edição: 1ª Edição Publicado em: 2011 ISBN volume 1: 878-85-88020-62-7 ISBN volume 2: 878-85-88020-63-4

Obra em dois volumes

www.dentalcompras.com.brou pelo fone 44 3031-9818

Page 3: Metas Terapêuticas Individualizadas

Metas TerapêuticasIndividualizadas

L. Capelozza F.

Page 4: Metas Terapêuticas Individualizadas

© 2011 by Dental Press Editora

Metas Terapêuticas Individualizadas Leopoldino Capelozza Filho

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser publicada sem a autorização expressa da editora.

Editor: Laurindo Zanco FurquimDiretora: Teresa Rodrigues D’Aurea Furquim

Diretor Editoral: Bruno D’Aurea FurquimProdução Editorial: Júnior Bianco / Carlos VenancioProjeto Gráfico: Júnior BiancoCapa: Leopoldino Capelozza Filho / Fabrício Rodrigues / Júnior BiancoDiagramação: Gildásio Oliveira Reis Júnior / Tatiane ComochenaRevisão: Carlos Alexandre Venancio / Ronis Furquim SiqueiraTratamento de Imagens: Andrés Sebastián Pereira de JesusIlustrações 3D: Leandro Mattos VieiraIlustrações das Prescrições: Fabrício RodriguesNormalização / Referências: Janice Lopes CaccereAcervo Digital: Fabrício RodriguesImpressão e acabamento: RR Donnelley

Dental Press EditoraAvenida Euclides da Cunha, 1718 - Zona 05 - 87015-180Fone/Fax: (44) 3031-9818 - Maringá - Paraná - Brasil

www.dentalpress.com.br / [email protected]

C238 Capelozza Filho, Leopoldino Metas terapêuticas individualizadas / Leopoldino Capelozza Filho. -- 1. ed. -- Maringá : Dental Press, 2011 v. 1. ; 464 p. : il

ISBN 978-85-88020-62-7

1. Metas terapêuticas individualizadas. 2. Ortodontia − Protocolo de tratamento. 3. Prescrição Capelozza. I. Título.

CDD 21. ed. 617.643

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Page 5: Metas Terapêuticas Individualizadas

Leopoldino Capelozza Filho

Formado pela Faculdade de Odontologia de

Bauru – USP, o Prof. Capelozza completou

seu mestrado em Ortodontia em 1975. Iniciou

sua carreira como fundador e responsável

pelo setor de Ortodontia do Centrinho

(HRAC- USP – Hospital de Reabilitação de

Anomalias Craniofaciais da Universidade de

São Paulo), mantendo atuação como docente

e completando o doutorado em Reabilitação

Oral, área de Periodontia.

No início da década de 1980, acrescentou

às suas atividades a prática da Ortodontia

em clínica particular, desenvolvendo

extensa experiência no tratamento de todas

as doenças tratadas pela especialidade,

incluindo más formações e deformidades

dentoesqueléticas. Além disso, inúmeras

publicações em revistas nacionais e

internacionais, e expressiva participação em

congressos.

Atualmente, o Prof. Capelozza mantém a

prática clínica e a coordenação dos cursos

de especialização em Ortodontia da Profis e

da USC (Universidade do Sagrado Coração –

Bauru-SP).

Autor

Page 6: Metas Terapêuticas Individualizadas

Agradecimentos

Page 7: Metas Terapêuticas Individualizadas

Escrever é contar histórias, relatar um conto,

descrever um caso. Obrigado a todos que

partilharam comigo essa longa caminhada

na Ortodontia e permitiram que essa história

fosse transcrita aqui.

A Deus, agradeço por ter me dado tempo para

vivê-la e disposição para descrevê-la.

Escrever é um ato solitário. A palavra

escrita não tem sentido enquanto não for

lida. Obrigado pela sua leitura, que pode

transformar esse solitário ato na mais coletiva

das ações.

A Ortodontia é uma parte muito significativa

da minha vida. À minha família, que é a

parte mais importante, o agradecimento pela

compreensão nas ausências provocadas por

essa divisão.

Page 8: Metas Terapêuticas Individualizadas

Epígrafe

Page 9: Metas Terapêuticas Individualizadas

Nós não devemos passar a vida dizendo a

natureza o que ela tem que fazer. Devemos gastar

nosso tempo tentando entender o que e como

ela faz. Quando ela pode, ela faz melhor. Quando

ela não puder, talvez estejamos preparados para

entender porque e, assim, ajudá-la.

Page 10: Metas Terapêuticas Individualizadas

Capítulo 1A flexibilização do conceito de normal .................................... 21

A flexibilização do conceito de normal ....................................................................... 22As seis chaves para uma oclusão “perfeitamente normal”.O normal, mais que o perfeito ................................................................................... 22

As seis chaves para a oclusão “perfeitamente” normal ........................................... 29Chave 1: Relação interarcos ..................................................................................... 29Chave 2: Angulação ................................................................................................... 31

Dentes superiores ................................................................................................ 31Dentes inferiores .................................................................................................. 32

Chave 3: Inclinação ................................................................................................... 32Chave 4 ..................................................................................................................... 33Chave 5 ..................................................................................................................... 33Chave 6 ..................................................................................................................... 34

Justificativas para agregar novos conceitos às seis chaves para a oclusão “perfeitamente” normal .................................................................................. 35

Chave 1: Relação interarcos ...................................................................................... 35Chave 2: Angulação ................................................................................................... 54

Dentes superiores ................................................................................................. 54Dentes inferiores ................................................................................................... 54

Chave 3: inclinação .................................................................................................... 66Chave 4 ...................................................................................................................... 80

Ausência de rotações ........................................................................................... 80Chave 5 ...................................................................................................................... 85

Pontos de contato justos ....................................................................................... 85Pontos ou superfícies de contato justos ............................................................... 85

Chave 6 ...................................................................................................................... 86Curva de Spee ...................................................................................................... 86

S u m á r i o

Page 11: Metas Terapêuticas Individualizadas

Capítulo 2Tratamento das más oclusões do Padrão I ..............................89

Metas terapêuticas para o tratamento corretivo das más oclusões do Padrão I ........................................................................................... 91

Posição dos incisivos ................................................................................................. 91Os incisivos superiores em posição ideal ............................................................. 91Aumento na inclinação vestibular dos incisivos superiores .................................. 91Redução na inclinação vestibular dos incisivos superiores .................................. 92

Os incisivos inferiores em posição ideal .................................................................... 92Aumento da inclinação lingual dos incisivos inferiores ......................................... 92Aumento da inclinação vestibular dos incisivos inferiores .................................... 93

Relação molar e relação dos arcos dentários ............................................................ 94Os molares devem apresentar relação Classe I ................................................... 94Os pré-molares superiores apresentam relação de cúspide-ameia com os pré-molares inferiores ............................................................................... 94Os caninos superiores tem uma relação de cúspide ameia entre o canino e o primeiro pré-molar inferior ....................................................... 94Trespasses horizontal e vertical normais .............................................................. 94Protocolos de tratamento ...................................................................................... 95Braquetes .............................................................................................................. 95

Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe I ..................................................... 100

Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe I, em adulto ...................................114

Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe II .................................................... 128

Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe II adulto ........................................ 145

Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe III ................................................... 158

Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe III adulto ....................................... 178

Page 12: Metas Terapêuticas Individualizadas

Tratamento da má oclusão do Padrão I, mordida aberta......................................... 193

Tratamento da má oclusão do Padrão I, mordida aberta em adulto....................... 205

Tratamento da má oclusão do Padrão I, sobremordida .......................................... 224

Tratamento da má oclusão do Padrão I, sobremordida, birretrusão em adultos................................................................................................ 240

Capítulo 3Tratamento das más oclusões do Padrão II ......................... 257

Tratamento das más oclusões do Padrão II.............................................................. 259Padrão II, deficiência mandibular ............................................................................. 259

Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão II, deficiência mandibular ......................................... 263

Posição dos incisivos ............................................................................................... 263Os incisivos superiores em posição ideal ou com inclinação vestibular reduzida ............................................................................................. 263Os incisivos inferiores com inclinação vestibular aumentada ............................ 263

Relação molar e relação dos arcos dentários ......................................................... 264Os molares devem apresentar relação Classe I de Angle ................................. 264

Trespasses horizontal e vertical aumentados .......................................................... 265Protocolo de tratamento ...................................................................................... 265

Sequência de construção do aparelho de Herbst .................................................... 268Braquetes ............................................................................................................ 274

Padrão II, deficiência mandibular .............................................................................. 284Tratamento interceptivo na dentadura mista ........................................................... 284 Tratamento compensatório na dentadura permanente jovem .................................. 304

Page 13: Metas Terapêuticas Individualizadas

Tratamento compensatório da má oclusão do Padrão II, deficiência mandibular .............................................................................................. 306Tratamento com intenção corretiva na dentadura permanente jovem .................................................................................................... 330

Padrão II, deficiência mandibular em adultos ......................................................... 356

Tratamento compensatório ........................................................................................ 356

Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico ............................................................. 374

Tratamento das más oclusões do Padrão II.............................................................. 394Padrão II, protrusão de maxila ................................................................................. 394Tratamento interceptivo na dentadura mista ............................................................ 394Dentadura permanente jovem Padrão II, protrusão de maxila ................................. 418Tratamento na dentadura permanente jovem ......................................................... 426Tratamento em pacientes fora da fase de crescimento ........................................... 444

Protrusão maxilar ........................................................................................................ 445Tratamento ortodôntico compensatório em adultos ................................................. 445Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico em adultos ............................................ 463

Page 14: Metas Terapêuticas Individualizadas

S u m á r i o

Capítulo 4Tratamento das más oclusões do Padrão III .......................... 485

Tratamento das más oclusões do Padrão III ............................................................ 486Padrão III: prognatismo mandibular e/ou deficiência maxilar real ou relativa ..... 487

Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão III ..................................................... 491

Posição dos incisivos ............................................................................................... 491Os incisivos superiores em posição ideal ou com inclinação vestibular aumentada ......................................................................................... 491

Os incisivos inferiores com inclinação lingual aumentada ....................................... 492

Relação molar e relações dos arcos dentários ........................................................ 493Os molares devem apresentar relação Classe I relativa .................................... 493Protocolo de tratamento ...................................................................................... 494Braquetes ............................................................................................................ 495

Padrão III: prognatismo mandibular, deficiência maxilar e/ou deficiência maxilar relativa ........................................................................................ 503

Tratamento interceptivo na dentadura mista ........................................................... 503

Tratamento ortodôntico interceptivo na dentadura mista ...................................... 517

Tratamento ortodôntico compensatório .................................................................. 533

Tratamento ortodôntico compensatório em más oclusões do Padrão III ............. 542

Tratamento ortodôntico das más oclusões do Padrão III em adultos ................. 562Tratamento ortodôntico compensatório em adultos ................................................. 562

Padrão III ...................................................................................................................... 579Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico na dentadurapermanente adulta ................................................................................................... 579

Page 15: Metas Terapêuticas Individualizadas

Padrão III, deficiência maxilar .................................................................................... 579

Padrão III ...................................................................................................................... 603Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico na dentadura permanente adulta ................................................................................................... 603

Capítulo 5Tratamento das más oclusões do Padrão Face Longa ...... 639

Tratamento das más oclusões do Padrão Face Longa ........................................... 640

Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Longa ....................................................................... 648

Posição dos incisivos ............................................................................................... 648Os incisivos superiores na posição original ou com inclinação vestibular reduzida .............................................................................................. 648Os incisivos inferiores na posição original .......................................................... 648

Relação molar e relações sagitais dos demais elementos dentários ................... 649Os molares devem apresentar relação Classe I de Andrews ou Classe I de Angle ................................................................................................ 649Trespasses horizontal e vertical diminuídos ............................................................ 650

Protocolo de tratamento ...................................................................................... 650Braquetes ............................................................................................................ 651

Tratamento das más oclusões do Padrão Face Longa ........................................... 654Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Longa ........................ 655

Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Longa ...................... 656Face Longa Moderada ............................................................................................. 656

Face Longa médiaFace média curta e mandíbula com crescimento distal .......................................... 672

Pacientes com evoluções diferentes ........................................................................ 672

Page 16: Metas Terapêuticas Individualizadas

Face Longa médiaFace média curta e mandíbula com crescimento distal .......................................... 690

Tratamento ortodôntico compensatório e tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico das más oclusões do Padrão Face Longa na dentadura permanente adulta .................................................................................... 733

Tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Longa em adultos ................................................................................. 734

Face Longa moderada ............................................................................................ 734

Tratamento corretivo cirúrgico das más oclusões do Padrão Face Longa ..................................................................................................... 753

Tratamento corretivo cirúrgico de má oclusão do Padrão Face Longa Classe III .................................................................................... 755

Tratamento corretivo cirúrgico de má oclusão do Padrão Face Longa Classe II ..................................................................................... 783

Face Longa grave ................................................................................................... 783

Capítulo 6Tratamento das más oclusões do Padrão Face Curta ...... 813

Tratamento das más oclusões do Padrão Face Curta ............................................ 814

Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Curta ........................................................................ 822

Posição dos incisivos ............................................................................................... 822Os incisivos superiores com inclinação ideal ou com inclinação vestibular aumentada ......................................................................................... 822Os incisivos inferiores na posição ideal ou com inclinação vestibular ............... 823

Page 17: Metas Terapêuticas Individualizadas

Relação molar e relações dos arcos dentários ....................................................... 824Os molares devem apresentar relação Classe I de Andrews ou Classe I de Angle ........................................................................................... 824

Trespasses horizontal e vertical diminuídos ............................................................ 824Protocolo de tratamento ...................................................................................... 825Braquetes ............................................................................................................ 825

Tratamento das más oclusões do Padrão Face Curta ............................................ 832Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta ........................ 832

Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta moderada..................................................................................... 834

Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta (protocolo para primeira fase) ................................................... 852

Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta, severidade média ...................................................................... 859

Tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Curta ................. 875Face Curta moderada .............................................................................................. 875Face Curta média .................................................................................................... 893

Tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Curta em adulto ..................................................................................... 916

Face Curta moderada ou média .............................................................................. 916

Tratamento corretivo cirúrgico das más oclusões do Padrão Face Curta ............ 939

Referências ......................................................................................................... 969

Page 18: Metas Terapêuticas Individualizadas

Prefácio

Page 19: Metas Terapêuticas Individualizadas

Esta obra é, de fato, a obra de uma vida dedicada à Odontologia, em especial à

Ortodontia. Foi em terras brasileiras e num correto e fluido português que Leo-

poldino Capelozza Filho, nosso querido Dino, construiu uma brilhante carreira de

mais de três décadas – e ganhou, sim, o mundo.

O que posso adiantar ao leitor é que a perspicácia deste cientista, repleto de pai-

xão humana, extrapola números, ângulos e planos. Ele defende o mínimo com o

máximo de entrega ao seu trabalho. Nos corredores do Hospital Centrinho-USP

de Bauru, ele admite ter aprendido a olhar o ser humano em suas necessidades

mais peculiares. E é com esse olhar atento e sensível que ele faz e ensina a fazer

seu ofício – comparado aqui à arte da arquitetura. Moderno, inovador, audacio-

so... Capelozza Filho está escrevendo uma história inédita na Ortodontia mun-

dial. E você, de fato, não pode perder esse capítulo da Odontologia.

Para além das qualidades profissionais e de caráter científico, abro um parênte-

se para testemunhar o orgulho sentido por toda a equipe do Centrinho-USP ao

colher os frutos maduros e saudáveis semeados por este que foi o fundador da

área de Ortodontia no nosso Hospital. Daquele rapaz principiante ainda vejo,

com alegria, o desejo pelo novo e a capacidade imensurável de sonhar. Sonhar

e realizar. Exemplo mais palpável está aqui, nesta obra de mais de 900 páginas e

muitos casos – analisados e estudados em profundidade. Resultado também de

uma característica própria do autor: a humildade e a capacidade de compartilhar

conhecimentos. Não é à toa que, ao longo de sua carreira, vem formando cen-

tenas de profissionais, semeando seus conceitos e multiplicando capacidades de

transformar teorias em práticas clínicas absolutamente criativas e eficazes. Com

um orgulho de pai, passo a palavra a Leopoldino Capelozza Filho. Seguramente,

você, leitor, está em boas mãos.

José Alberto de Souza Freitas – Tio Gastão

Superintendente e fundador do HRAC-USP/ Centrinho

Page 20: Metas Terapêuticas Individualizadas

Apresentação

Page 21: Metas Terapêuticas Individualizadas

Metas Terapêuticas Individualizadas 17

Metas terapêuticas individualizadasA lógica na prática da Ortodontia

Eu pretendo que minha Ortodontia seja mínima. Passei meses pensando em uma

frase para começar esse livro e, depois de achá-la, outro tanto de tempo para me

decidir a usá-la. A decisão foi tomada quando me dei conta de que essa frase exi-

giria explicações que remeteriam ao conteúdo do livro, o que, afinal, é a essência

de uma introdução.

A primeira explicação parece necessária para justificar “minha” Ortodontia. Se-

ria adequado usar esse pronome possessivo, em caráter pessoal, para a Ortodon-

tia, que, sabemos, é de todos? Eu acho que sim. Há muito tempo considero que o

ortodontista deve pensar a Ortodontia como um arquiteto, valorizando a forma

dos arcos dentários e da oclusão, esperando que, com ela preservada, instituída

ou restaurada, a melhor função possível seja estabelecida. No contexto dessa

analogia, o decano dos arquitetos brasileiros, Oscar Niemeyer, afirma, do alto de

sua longa experiência e profícua carreira, que “com o tempo, cada arquiteto deve

ter a sua própria arquitetura”132. Ele a tem, e ela encanta o mundo. Pessoal, sua

arquitetura, que privilegia a linha curva em detrimento da linha reta criada pelo

homem, contrariou axiomas criando formas novas. Sem negligenciar o novo,

mas principalmente com base no velho e conhecido concreto, manejado sob uma

perspectiva própria, fez obras fantásticas compromissadas com a beleza e deter-

minadas a permitir função. Na Arquitetura, função significa permitir morar com

conforto, trabalhar ou circular com eficiência ou, simplesmente, ficar ou estar

com prazer. Na Ortodontia, mastigar adequadamente, comunicar-se através da

fala ou, simplesmente, encantar com o sorriso e beijar com prazer. Longe de ad-

mitir que a Ortodontia permita tanta liberdade para criar, acho razoável admitir

que a experiência de cada profissional interage com sua formação, com a qua-

lidade da informação a que ele tem acesso, e com traços de sua personalidade,

criando perspectivas diferentes que dão caráter pessoal à sua prática. Mudar de

olhar é mudar de fazer. A Ortodontia que eu faço e ensino tem traços pessoais...

Desse modo, permita-me chamá-la de minha.

Page 22: Metas Terapêuticas Individualizadas

Metas Terapêuticas Individualizadas18

A outra explicação é absolutamente conceitual. Ortodontia mínima? Minimalista

é a ação baseada no minimalismo. Minimalismo, no dicionário, é a procura de

soluções que requeiram um mínimo de meios ou de esforços84. Esse é o concei-

to primordial da minha Ortodontia. Gosto dele porque é flexível. Não determina

quantidade de esforço ou, pensando em nossa prática clínica, de tratamento. Indi-

ca a opção de fazer o mínimo necessário para a solução do problema. Não impede,

portanto, que um paciente com má oclusão e face desagradável receba indicação

para um tratamento ortodôntico e uma cirurgia facial. Nessa situação, isso é o mí-

nimo que o paciente precisa, e merece, para ter seu problema solucionado. Ou, em

outras palavras: nessa situação, o mínimo é o máximo. Literalmente.

Eu pretendo que minha Ortodontia seja mínima. Para mim, isso é conclusão, depois

de mais de 35 anos de prática clínica, e a possibilidade de observar o pós-tratamento

de longo prazo de muitos pacientes. Para você, talvez possa ser também, mas é mais

provável que seja, como foi um dia para mim, apenas uma hipótese, aventada por

essa tentativa de explicação para esse conceito. Escrevi acima que a explicação exi-

gida pela “minha Ortodontia” e seu caráter “minimalista” remeteria ao conteúdo do

livro. É isso. Esse livro tem a intenção de conter informação capaz de transformar

em conclusão a hipótese que, nesse momento, esse conceito é para você.

Para mudar o fazer é preciso mudar o olhar. Mudar o olhar mudando conceitos.

Mudança conceitual determinando necessidades atendidas pela evolução tecno-

lógica. Metas terapêuticas individualizadas que considerem o que realmente é

preciso fazer. Fazer acontecer o que não aconteceu, o que não foi feito. Fazer o

que o paciente pode manter. Fazer de maneira melhor, mais fácil, mais rápida e

mais confortável.

Pretensão? Talvez sim. Mas o que seria de nós se não buscássemos mais. Preten-

são? Talvez não. Essa palavra não combina com Ortodontia mínima. Pretensão

pode ter sido a marca do passado recente da Ortodontia, ao tentar dar, a todos os

pacientes, tratamentos parecidos, elegendo metas terapêuticas com base em indi-

víduos normais e suas oclusões ótimas, e desenhando, para todos, protocolos de

contenção similares.

Mudar o que era normal individual, ou seja, querer mais que o ideal. Pretensão!

Page 23: Metas Terapêuticas Individualizadas

Metas Terapêuticas Individualizadas 19

Fazer aquilo que não era esperado que acontecesse, ou seja, contrariar a morfo-

logia determinada pela genética. Pretensão! Acompanhar os pós-tratamentos com

as mesmas atitudes clínicas e previsão de estabilidade. Pretensão!

Pretensão, mas perdoável, num passado mais distante, pela ingenuidade justifi-

cada pelo conhecimento insuficiente para permitir uma visão mais abrangente.

Depois, com o conhecimento permitido pelas pesquisas, por muita prática clínica e

pela ação catalisadora do tempo, a compreensão das limitações impostas pelo pa-

drão de crescimento, da instabilidade pós-tratamento determinada pela recidiva,

pela transgressão da forma na maturação e pela degeneração no envelhecimento.

A justificativa não era mais a ingenuidade, mas a dificuldade em mudar conceitos

estabelecidos, dogmáticos. É mais fácil acomodar-se na ortodoxia, no conceito es-

tabelecido. É compreensivo, mas já não sei se é perdoável.

Necessidade sem vontade e desejo de mudar. Mudar, nesse tempo, vira o verbo

transgredir. O desejo e a vontade nascem da necessidade de entender para poder

reagir, fazendo e ensinando com lógica. Para quem aceita a lógica como parâme-

tro, a mudança deixa de ser transgressão. Não contraria, como regra, a evidência

científica, mas apoia-se nela por conclusões diferentes daquelas que estão escritas

no capítulo final dos artigos. Por uma análise livre e compromissada dos resulta-

dos, aberta à transgressão do ortodoxo.

Disposto a mudar sua perspectiva? Disposto a mudar de fazer? Essa é a intenção

objetiva desse livro. Não apenas uma apresentação de tratamentos feitos, mas um

conjunto de protocolos. Mais que o que fazer, por que fazer. Compromisso com

uma Ortodontia realista, apoiada em uma prática clínica e de ensino de longo pra-

zo e nas evidências científicas disponíveis — muitas vezes ignoradas em suas in-

dicações mais ricas em contribuição para o conhecimento. Sem esquecer a lógica,

provavelmente o que nos torna melhores quando agimos planejando ações onde

não conhecemos exatamente quando, como e em que magnitude atuam os fatores

determinantes do processo que queremos gerenciar.

L. Capelozza F.

Maio de 2011

Page 24: Metas Terapêuticas Individualizadas

Capa: Dura984 páginas coloridasDimensão: 23 x 30cm Peso: 4.700g Edição: 1ª Edição Publicado em: 2011 ISBN volume 1: 878-85-88020-62-7 ISBN volume 2: 878-85-88020-63-4

Obra em dois volumes

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