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0 CÁTIA ARAUJO LOPES MUNIZ ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE FATORES PONDERADOS NA SELEÇÃO DE ÁREAS PARA ATERROS SANITÁRIOS NATAL-RN 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO

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CÁTIA ARAUJO LOPES MUNIZ

ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE FATORES PONDERAD OS NA SELEÇÃO DE ÁREAS PARA ATERROS SANITÁRIOS

NATAL-RN 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE FATORES PONDERAD OS NA SELEÇÃO DE ÁREAS PARA ATERRROS SANITÁRIOS

por

CÁTIA ARAUJO LOPES MUNIZ

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

JUNHO, 2013

© 2013 CÁTIA ARAUJO LOPES MUNIZ

TODOS DIREITOS RESERVADOS.

A autora aqui designada concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte,

nos termos da Lei.

Assinatura do Autor:_______________________________________________ APROVADO POR:

_______________________________________________________________ Profª. KAREN MARIA DA COSTA MATTOS

Orientadora Presidente

_______________________________________________________________ Prof. ARTHUR MATTOS

Membro Examinador Externo a Instituição

_______________________________________________________________ Prof. CARLOS HENRIQUE CATUNDA PINTO

Membro Examinador Externo a Instituição

2

Catalogação na Fonte: Biblioteca do SEBRAE/RN

M966a Muniz, Cátia Araujo Lopes

Análise comparativa dos métodos de fatores

ponderados na seleção de áreas para aterros sanitários. / Cátia Araujo Lopes Muniz. – Natal (RN), 2013.

118f. : il.

Orientador: Karen Maria da Costa Mattos

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. 1. Resíduos sólidos urbanos – Tese 2. Diagnóstico 3. Rio Grande do Norte. I. Mattos, Karen Maria da Costa III. Título

RN/SEBRAE/CDI CDU: 628.312.1(813.2)(043.2)

3

Curriculum Vitae (síntese) – Cátia Araujo Lopes Mun iz Abril/2013

Dados Pessoais

Nome: Cátia Araujo Lopes Muniz Nascimento: 08/04/1966 – Rio de Janeiro/RJ - Brasil CPF: 452736774-91 RG: 733.044-SSP/RN Endereço: Rua Monsenhor José Paulino, 1075 Apt. 501- Tirol –Natal/RN Telefones: (84) 3616-7914 / 9983-0140 E-mail: [email protected]

Formação Escolar / Acadêmica

2009-2013 Mestrando do Programa de Engenharia da Produção - PEP Área de Concentração: Gestão Ambiental Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal/RN, Brasil

2007 MBA em Marketing- 434 horas/aula- Fundação Getúlio Vargas-FGV,

Natal/RN, Brasil 2001

Especialização em Indústrias Criativas – 400 horas/aula -S3 Studium- Brasília/DF, Brasil / Roma , Itália

2000 Especialização em Gestão da Qualidade Total - 400 horas/aula Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal/RN, Brasil

1993 Graduação em Economia Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal/RN, Brasil

1983 Curso Técnico em Geologia. Escola Técnica Federal do Rio G. do Norte -ETFRN, Natal/RN, Brasil

Atuação Profissional

1. SEBRAE/RN – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ri o

Grande do Norte

Vínculo institucional

1993 - • Consultora e Analista Técnico do Balcão de

Informações

• Gerente da Área de Informações do SEBRAE/RN

01/2000 – 03/2001 • Gerente da Unidade de Educação e Tecnologia do

SEBRAE/RN

4

• Gestora estadual do programa de Incubadora do RN;

• Gestora estadual do programa EMPRETEC;

04/2003 -12/2004 • Coordenadora Nacional do Projeto de Couro e Calçados

do SEBRAE/Nacional.

02/2005 -12/2006 • Gerente da área de Mercado do SEBRAE/RN

02/2007 -03/2008 • Gestora Estadual do Projeto EMPREENDER

04/2008 – 04/2010 • Gestora da Agência Cultural do SEBRAE/RN

04/2008 – 04/2010 • Gestora estadual do Território Sertão do Apodi.

2. SEEC/RN – Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte

05/2010 a 12/2010 Subsecretária de Educação do Estado do Rio Grande do Norte.

3. SEBRAE/RN – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

do Rio Grande do Norte

02/2011 03/2013

• Gestora estadual do projeto Cultura e Negócios Integrados do RN- SEBRAE

Gestora estadual do projeto Tecnologia da Informação e Comunicação do SEBRAE- RN- PROTIC.

• Gestora estadual do projeto de Construção Civil do SEBRAE RN

5

Dedico este trabalho a todos aqueles que não tiveram a oportunidade de ter acesso ao conhecimento que o estudo e a educação proporcionam. A todos que nunca puderam freqüentar uma educação formal nesse país.

6

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Francisco Alfredo Lopes (+) e Maria de Araujo Lopes pelo

esforço que eles fizeram para que os seus filhos seguissem o caminho da educação

que era o único meio que os levaria ao sucesso em detrimento ao insucesso.

Aos meus irmãos e filhos.

Ao meu companheiro Acácio Sânzio de Brito.

Aos meus professores e educadores que conheci ao longo da minha vida

estudantil.

À professora Karen Maria da Costa Mattos pela orientação e apoio.

Ao professor e co-orientador Luiz Pereira de Brito, sem ele este trabalho não

seria possível.

Ao SEBRAE/RN pela oportunidade, em especial aos Diretores dessa

instituição pela compreensão e apoio.

A equipe do PEP-UFRN.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

trabalho.

7

MUNIZ, Cátia Araújo Lopes. Análise comparativa dos métodos de fatores ponderados na seleção de áreas para aterros sanitár ios. 2013. 118f. Dissertação. (Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-graduação em Engenharia da Produção, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Apresenta-se neste trabalho a análise comparativa dos métodos dos fatores ponderados na seleção de áreas para implantação de aterros sanitário, aplicando as metodologias de critérios classificatórios, com faixas de pontuação, no aterro sanitário de Massaranduba, localizado no município de Ceará Mirim/RN. O Estudo foi realizado a partir da necessidade de termos uma metodologia ou seguir alguma metodologia de baixa complexidade tecnológica e baixo custo operacional para a seleção de áreas propícias para a implantação de aterros sanitários nos diversos municípios do Estado do Rio Grande do Norte. A partir da exigência legal, com a aprovação da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e que prevê a extinção dos lixões, considerando-se também as características locais, ambientais e sócio-econômicas encontradas que possibilitem essa instalação. O Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (IDEMA), autoridades federais, estaduais e municipais, na definição de políticas públicas voltadas para a gestão integral dos resíduos sólidos urbanos que contemplem a preservação ambiental e as melhorias das condições sanitárias da população potiguar, deverão estruturar e planejar ações com medidas mitigadoras para que os 97% dos municípios do Estado atendam as exigências legais e consigam extinguir a situação atual da destinação inadequada dos seus resíduos sólidos urbanos em lixões a céu aberto conforme dados de 2009. O estudo conclui que, a área do aterro sanitário de Massaranduba foi classificada como ótima pelo método do IQR, aceitável pelo Sistema de Pontuação e por Gomes; Coelho; Erba & Verovez e por Waquil et al. O estudo também conclui que, dentre os métodos analisados, para este estudo de caso, o da União dos Municípios da Bahia(Sistema de Pontuação) apresenta-se como o mais rigoroso para a seleção de áreas e o IQR como o mais flexível. Palavras-chave : Análise comparativa de Métodos de Fatores Ponderados, Seleção de Áreas, Implantação de Aterros Sanitários.

8

MUNIZ, Cátia Araújo Lopes. Comparative analysis of methodologies of the factors considered in selecting areas for landfills . 2013. 118f. Dissertation. (Master of Science in Production Engineering) - Graduate Program in Production Engineering, Technology Center, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. This study presents a comparative analysis of methodologies about weighted factors considered in the selection of areas for deployment of Sanitary Landfills, applying the methodologies of classification criteria with scoring bands Gomes, Coelho, Erba & Veronez (2000); Waquil et al, 2000. That means, we have the Scoring System used by Union of Municipalities of Bahia and the Quality Index Landfill Waste (IQR) which are applyed for this study in Massaranduba Sanitary Landfill located in the municipality of Ceará Mirim /RN, northeastern of Brazil. The study was conducted in order to classify the methodologies and to give support for future studies on environmental management segment, with main goal to propose suited methodologies which allow safety and rigor during the selection, deployment and management of sanitary landfill, in the Brazilian municipalities, in order to help them in the process to extinction of their dumps, in according of Brazilian Nacional Plan of Solid Waste. During this investigation we have studied the characteristics of the site as morphological, hydrogeological, environmental and socio-economic to permit the installation. We consider important to mention the need of deployment – from Rio Grande do Norte State Secretary of Environment and Water (SEMARH), Institute of Sustainable Development and Environment of RN (IDEMA), as well, from Federal and Municipal Governments – a public policies for the integrated management of urban solid waste that address environmental preservation and improvement of health conditions of the population of the Rio Grande do Norte. Keywords: Comparative Methodology. Implementation of Sanitary Landfills.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Faixas de IQR nos Municípios do Rio Grande do Norte

Figura 2 – Localização da Sede

Figura 3 – Coordenadas Geográficas

Figura 4 – Bacia Hidrográfica do Rio Doce

Figura 5 – Rio do Mudo

Figura 6 – Rio Guagirú

Figura 7 – Sangradouro da Lagoa de Extremoz

Figura 8 – Lagoa de Extremoz- Vista Panorâmica

Figura 9 – Isoietas Médias Anuais - Folha da Paraíba-NO

Figura 10 – Localização dos municípios e da área em estudo

Figura 11 – Bacia do Rio Doce – aspectos climatológicos e geológicos

Figura 12 – Área do Aterro- Cobertura Arenosa

Figura 13 – Grupo Barreiras- Unidade Superior

Figura 14 – Grupo Barreiras Unidade Inferior

Figura 15 – Microsparito Dolomítico da Fazenda Massaranduba

Figura 16 – Modelo Digital de Elevação mostrando a área do aterro (ao fundo),

lagoa de Extremoz e os Rios Guajiru e do Mudo (Exagero vertical de 15x)

Figura 17 – Descrição Litológica detalhada

Figura 18 – Perfis Hidrogeológicos

Figura 19 – Diagrama de Piper para as águas do Rio Guajiru e subterrâneas do

Aqüífero Barreiras nos arredores da área do aterro sanitário

Figura 20 – Diagrama de Piper para as águas do Rio Guajiru e

subterrâneas do Aqüífero Barreiras nos arredores da área do aterro sanitário

Figura 21 – Mapa de Vegetação

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Formas de disposição de resíduos por regiões do país

Tabela 2 – Grupos prioritários identificados

Tabela 3 – Grupos prioritários com os principais impactos correspondentes

Tabela 4 – Critérios eliminatórios gerais para seleção de áreas

Tabela 5 – Valoração dos indicadores físicos

Tabela 6 – Classificação das áreas pré-selecionadas

Tabela 7 – Critérios eliminatórios

Tabela 8 – Critérios classificatórios com faixas de pontuação

Tabela 9 – Sistema de pontuação

Tabela 10 – Peso dos critérios e do tipo de atendimento

Tabela 11 – Características das áreas

Tabela 12 – Pontuação calculada

Tabela 13 – Enquadramento das instalações de destinação final de resíduos sólidos

urbanos em função dos valores de IQR

Tabela 14 – Valoração dos indicadores físicos

Tabela 15 – Critérios classificatórios com faixas de pontuação

Tabela 16 – Questionário utilizado pela união dos municípios da Bahia - sistema de

pontuação

Tabela 17 – Fonte dos dados utilizados no estudo

Tabela 18 – Análise de alguns critérios comuns parametrizados avaliados pelas

metodologias

Tabela 19 – Desenvolvida para analisar comparativamente os resultados obtidos

pelas quatro metodologias

Tabela 20 – Classificação das áreas para implantação de aterros sanitários segundo

a escala padrão desenvolvida

Tabela 21 – Valoração dos indicadores físicos

Tabela 22 – Critérios classificatórios com faixas de pontuação

Tabela 23 – Sistema de pontuação

Tabela 24 – Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos - IQR

Tabela 25 – Análise de alguns critérios comuns parametrizados avaliados pelas

metodologias

11

Tabela 26 – Resultados obtidos pelos métodos analisados na área do aterro de

Massaranduba

Tabela 27 – Síntese dos resultados das metodologias estudadas

12

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Comparativo entre a disposição de resíduos em aterro e lixão

Quadro 2 – Matriz para cálculo IQR

Quadro 3 – Composição gravimétrica dos resíduos de cada município

Quadro 4 – Estimativa de geração de resíduos no ano base de 2002

Quadro 5 – Volume necessário para 20 anos

Quadro 6 – Temperaturas Normais Anuais e Extremas (ºC)

Quadro 7 – Normais de Velocidade Média e Direção dos Ventos

Quadro 8 – Normais de Umidade Relativa

Quadro 9 – Caracterização Climatérica dos Municípios da Grande Natal

Quadro 10 – Dados pluviométricos de Ceará Mirim

Quadro 11– Valores de Condutividade Hidráulica

Quadro 12 – Matriz do IQR - Índice de Qualidade do Aterro de Resíduos - Sub-item

A - Características Locais

Quadro 13 – Matriz para cálculo do IQR

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 OBJETIVOS 15

1.1.1 Objetivo Geral 15

1.1.2 Objetivos Específicos 15

1.2 RELEVÂNCIA DA PESQUISA E DOS RESULTADOS 16

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 17

1.4 A IMPORTÂNCIA DE ESCOLHER-SE ÁREAS ADEQUADAMENTE 17

1.4.1 Restrições Legais 19

1.4.2 Condicionantes Ambientais 20

1.5 CONDICIONANTES TECNOLÓGICOS 21

2 REFERENCIAL TEÓRICO 23

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: A REALIDADE BRASILEIRA 23

2.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 24

2.3 RESÍDUOS SÓLIDOS: ASPECTOS LEGAIS 30

2.4 AS NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS 32

2.5 SELEÇÃO DE ÁREAS PARA DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS (RSU) 33

2.6 O MÉTODO SIG (SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS) 46

2.7 O ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS (IQR) 49

2.8 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 54

2.8.1 Condicionantes da Área 56

2.8.2 Produção de Resíduos Sólidos 58

2.8.3 Área Necessária para o Aterro 60

2.8.4 Síntese do Diagnóstico Ambiental 60

2.8.5 Geologia 71

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 91

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 100

5 CONCLUSÕES 111

5.1 RECOMENDAÇÕES 112

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114

ANEXOS

14

1 INTRODUÇÃO

O crescimento da população mundial, os hábitos de consumo da sociedade

contemporânea, o curto ciclo de vida dos produtos, a prática da reciclagem feita por

poucos, são alguns dos fatores que contribuem para o aumento da geração de

resíduos sólidos urbanos e, conseqüente, o agravamento dos problemas

relacionados com sua gestão, tratamento e disposição final.

Este trabalho vem dar continuidade a uma pesquisa de campo realizada por

Brito (2009) nos cento e sessenta e sete municípios do Estado do Rio Grande do

Norte que teve como objetivo diagnosticar, avaliar e apresentar a hierarquização da

situação ambiental encontrada no que diz respeito às áreas de disposição final dos

resíduos sólidos urbanos.

O levantamento foi feito com base na experiência do Estado de São Paulo,

que fez o seu primeiro inventário no ano de 1997, através de sua Companhia de

Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). Desde então, anualmente estas

vistorias se repetem e têm possibilitado ao governo paulista desenvolver e aprimorar

mecanismos de controle da poluição ambiental (CETESB, 2008). O método aplicado

para a estruturação do diagnóstico foi o Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos

(IQR), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT).

Os últimos anos têm mostrado uma grande proliferação de projetos e obras

destinadas à locais para disposição de resíduos sólidos urbanos nos municípios

brasileiros, fruto de novas leis (estaduais e federais) mais rigorosas e de ações

fiscalizadoras mais intensas da parte de organismos de controle da qualidade

ambiental sobre os municípios. Dentre os projetos e obras que têm sido adotados

para esta finalidade os aterros sanitários são, sem sombra de dúvida, a maioria,

razão pela qual os mesmos têm se tornado objeto, cada vez mais, de estudos e

análises de processos de monitoramento (LOLLO, 1998).

15

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Realizar uma análise comparativa dos métodos dos Fatores Ponderados na

seleção de áreas para aterros sanitários, empregando-se o Aterro da Região

Metropolitana de Natal como estudo de caso.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Analisar os métodos de Fatores Ponderados na seleção de áreas para

implantação de aterros sanitários, avaliando a área do Aterro de Massaranduba

no município de Ceará Mirim-RN, suas equivalências, correlações e dissonâncias

entre si e quais as mais indicadas de aplicação que poderão ser utilizadas na

escolha de outras áreas destinadas para aterros sanitários no Estado do Rio

Grande do Norte.

• Empregar o uso de métodos de baixa complexidade tecnológica na seleção

adequada de áreas para aterros sanitários, expandindo esse estudo para

identificação de outras áreas no Estado do Rio Grande do Norte;

• Fundamentar estudos futuros sobre o segmento de gestão ambiental quanto as

possibilidades de escolhas de métodos que permitam maior segurança e

principalmente maior rigor para a escolha e implantação de aterro sanitário.

• Estimular o surgimento de consórcios entre os municípios como alternativa viável

para implantação de aterros sanitários, principalmente nas cidades que obtiveram

0,0 ≤IQR≤1,99, segundo o estudo realizado por BRITO (2009), ;

• Estimular o desenvolvimento de políticas públicas que possibilitem o auxílio e o

assessoramento aos municípios potiguares que necessitem adequar-se às

normas ambientais vigentes, com a elaboração de informativos e cartilhas

orientativas sobre a atual situação do municípios no que diz respeito a

destinação final dos seus resíduos sólidos urbanos e a existência de estudos

sobre métodos para seleção de áreas para implantação de aterros sanitários de

baixa complexidade tecnológica e baixo custo operacional;

16

• Possibilitar, como conseqüência da destinação adequada de resíduos, a geração

de negócios e empregos dignos para grupos de catadores e pequenos

empreendedores buscando exemplos já praticados em outros Estados do Brasil;

• Possibilitar ao Estado do Rio Grande do Norte, através do IDEMA, desenvolver e

aprimorar mecanismos de controle da poluição ambiental causada pelos resíduos

sólidos urbanos com mais rigor na fiscalização da destinação desses resíduos;

1.2 RELEVÂNCIA DA PESQUISA E DOS RESULTADOS

Com a primeira etapa composta pelo DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DAS

ÁREAS DE DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO ESTADO

DO RIO GRANDE DO NORTE, desejou-se contribuir para que o Governo do Estado,

através de seus órgãos competentes, possa capacitar os seus técnicos e direcionar

recursos para instituir esta política exitosa e, com isto, consiga reverter os índices

evidenciados pelos estudos realizados onde utilizou-se a metodologia do IQR.

Neste segundo trabalho, que compreende a aplicação dos métodos,

Comprovação e verificação da eficácia utilzando-se os métodos de fatores

ponderados para avaliar a área utilizada pelo aterro sanitário da Região

Metropolitana de Natal.

O acúmulo inadequado de resíduos sólidos de origem urbana pode causar

tanto problemas ambientais, contaminação do solo, água e ar, quanto sociais,

transmissão de doenças. Contudo, esses problemas podem ser minimizados com

adoção de algumas técnicas de disposição final de resíduos sólido como o aterro

sanitário. De acordo com a NBR 8.419/1992, aterro sanitário de resíduos sólidos

urbanos é uma “técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem

causar danos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais”

(ABNT, 1992, p. 1). Porém, qual o melhor local de se instalar esses aterros?

O processo de seleção de áreas para aterro sanitário não é tão simples,

porque a área tem que atender a três critérios básicos: socioeconômico, ambiental e

de legislação. O primeiro pode ser explicado pela famosa frase “not-in-my-backyard”

(não no meu quintal), por causa dos problemas estéticos e de ordem sanitária

causada, muitas vezes, pela má gestão desses locais. Em nível ambiental, por

exemplo, o chorume formado graças a degradação da matéria orgânica presente

17

nos resíduos pode gerar contaminação grave nos corpos aquáticos superficiais ou

subterrâneos. Já a legislação protege determinadas áreas de cunho sociocultural e

ambiental como, cavernas, Áreas de Proteção Permanente (APP) etc.

Sendo assim, o presente trabalho tem grande relevância para o estado do

Rio Grande do Norte que, baseado na comprovação e verificação da eficácia

utilzando-se os métodos de Fatores Ponderados para seleção de áreas na

implantação de aterros sanitários, avaliando a aterro instalado na região

Metropolitana de Natal, e que poderá ser aplicada na escolha de outras áreas

destinadas para aterros sanitários nos diversos municípios do Estado do Rio Grande

do Norte.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

No capitulo 01, enumera-se os objetivos geral e específicos e ao final

contextualiza-se a relevância desta pesquisa para o estado do Rio Grande do Norte.

No capítulo 02 da revisão bibliográfica, são discutidos os seguintes aspectos

com relação aos resíduos sólidos urbanos: uma breve abordagem temática sobre a

realidade brasileira, as formas de disposição, os aspectos legais, as normas técnicas

para o setor e as metodologias para escolha correta de áreas para construção de

aterros.

No capitulo 03 dos matériais e métodos, descreve-se este trabalho aplicando

a metodologia de Fatores Ponderados em seguida a descrição da pesquisa, depois

a abrangência e a caracterização da área pesquisada e por último o detalhamento

do trabalho de campo.

No capitulo 04 apresentam-se os resultados e discussões obtidos pela

pesquisa, a partir da aplicação, comprovação e da eficácia da metodologia dos

Fatores Ponderados para escolha de áreas para instalação de aterros sanitários

avaliando a área do aterro sanitário da Região Metropolitana de Natal.

No capitulo 05 é apresentada uma síntese geral da Dissertação,

apresentando-se as conclusões e recomendações gerais do trabalho.

1.4 A IMPORTÂNCIA DE ESCOLHER-SE ÁREAS ADEQUADAMENTE

18

Os espaços necessários para implantação de aterros sanitários são cada vez

mais escassos uma vez que dentro dos limites territoriais dos municípios existem

dificuldades na escolha de locais disponíveis para depósitos de lixo. Uma aparente

solução seria o transporte de lixo para municípios mais distantes. Entretanto este

transporte é caro e gera um volume de tráfego que agrava mais ainda o

congestionamento do trânsito e a poluição nas regiões metropolitanas e, mesmo

moradores dos bairros menos privilegiados escolhidos para disposição final dos

resíduos sofrem com as aves, vetores e odores causados pelo mesmo. Em

municípios menores e menos urbanos, não aceitam mais essa atividade e se

mobilizam para expressar esta insatisfação.

O lixo é um problema tanto na sua origem - gastando sem retorno, recursos

naturais - e no seu destino - degradando o ambiente natural com prejuízos à saúde

humana. Mas também é emblemático na sua solução; quando a sociedade passar a

produzir menos lixo, a separar o lixo antes de colocá-lo na rua, vê-lo reutilizado,

reciclado ou compostado, os efeitos e as economias serão incalculáveis. Dessa

forma, passará a se perceber a segunda lei da ecologia de Barry Commoner (1971):

“Tudo tem que ir para algum lugar”. Aquilo que retiramos do mundo natural voltará a

ele. Por mais bem estudado o ciclo de vida dos produtos e eficientes os tratamentos

intermediários, sempre haverá resíduos para serem dispostos no meio ambiente.

A disposição adequada de resíduos sólidos urbanos requer um projeto

convenientemente desenvolvido, o qual deve englobar conceitos relativos às obras

de engenharia, conhecimento de geotécnica, investigação de campo, estudos

laboratoriais, abrangendo ainda aspectos ambientais, econômicos, políticos e

sociais. Conseqüentemente, necessitando de uma equipe multidisciplinar de

profissionais especializados para resolver essa questão.

A escolha do melhor local para a disposição final do lixo ainda é mais um

problema complexo, pois envolve diversos fatores: ambientais, viabilidade

econômica, segurança estrutural, políticos, entre outros. Além disso, dentro do

objetivo mais amplo, a área escolhida deve ter desempenho que satisfaça o

interesse do usuário, do empreendedor e do empreiteiro, buscando maximizar um

conjunto de satisfações mútuas, baseado em que o ótimo global não é a soma dos

ótimos individuais. O local escolhido terá que cumprir o maior número de funções

(relativas a critérios e parâmetros), obtendo o melhor desempenho funcional.

19

O estabelecimento de critérios e parâmetros para implantação de novos sítios

para disposição de resíduos sólidos urbanos envolve um estudo sistemático de

diversas disciplinas, destacando-se:

• Geotécnica;

• Hidrogeologia;

• Hidrologia;

• Climatologia.

A seleção de locais deve ser criteriosa, pois alem de preservar os recursos

naturais, deve estabelecer o uso racional do solo em virtude da constante diminuição

de espaço físico disponível. Neste sentindo, deve-se desenvolver estudos técnicos

ambientais que permitam a escolha de áreas propícias para o tratamento e

disposição final dos resíduos sólidos de forma a minimizar os impactos ambientais e

que também atenda a questão econômica (VIEIRA et al., 1999).

Os últimos anos têm mostrado uma grande proliferação de projetos e obras

destinados à locais para disposição de resíduos sólidos urbanos nos municípios

brasileiros, fruto de novas leis (estaduais e federais) mais rigorosas e de ações

fiscalizadoras mais intensas da parte de organismos de controle da qualidade

ambiental sobre os municípios. Dentre os projetos e obras que têm sido adotados

para esta finalidade os aterros sanitários são, sem sombra de dúvida, a maioria,

razão pela qual os mesmos têm se tornado objeto, cada vez mais, de estudos,

análises de processos e de monitoramento (LOLLO, 1998).

A avaliação de alternativas para seleção de áreas envolve o levantamento de

vários condicionantes naturais e antrópicos, em conjunto com as questões

relacionadas à viabilidade econômica e da própria concepção do aterro sanitário. Os

principais aspectos que devem ser considerados são as restrições legais, os

condicionantes ambientais e os condicionantes tecnológicos.

1.4.1 Restrições Legais

Para a implantação do aterro sanitário é necessário que seja observada a

legislação pertinente aos resíduos sólidos nos planos federal, estadual e municipal,

bem como as normas relativas às áreas de proteção ambiental.

20

Dentre os aspectos legais vinculados à preservação da flora pode-se destacar

no âmbito da legislação federal o Decreto nº. 563, de 05/06/92 que institui o

Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, o Decreto 750,

de 10/02/93 que dispõe sobre o corte, a exploração e a suspensão de vegetação

primária ou nos estágios avançados e médio de regeneração da Mata Atlântica e as

resoluções de nº. 10 de 01/10/93, nº 05 de 04/05/93 e nº. 12 de 04/05/94 que

dispõem de assuntos de interesse da Mata Atlântica.

Com relação às áreas de manguezais e restingas, destacam-se as Leis

Federais nº 4.771, de 05/09/95, nº 7.661, de 16/05/88, nº. 6.766, de 19/12/79 e 6938

de 31/08/81, onde são consideradas reservas ecológicas as florestas e demais

formas de vegetação situadas nos manguezais e nas restingas em toda a sua

extensão.

Com relação à legislação pertinente a resíduos sólidos, a legislação refere-se

mais especificamente à questão do lixo industrial (Resoluções nº 13 e 14 do

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente), sendo que para resíduos

domésticos prevalece a legislação federal. Dentre estas últimas pode-se destacar a

Portaria MINTER nº 53 de 01/03/79 que estabelece normas aos projetos de

tratamento e disposição final de resíduos sólidos, bem como a fiscalização de sua

implantação, operação e manutenção (esta portaria foi parcialmente revogada pela

resolução CONAMA nº 5, de 05/8/93), assim como a NBR 8.419/ABNT- Associação

Brasileira de Normas Técnicas, para procedimento e apresentação de projetos de

aterros sanitários.

1.4.2 Condicionantes ambientais

Os principais condicionantes ambientais envolvem aspectos relacionados com

o meio físico, geológico-geotécnico, geomorfológico e hidrogeológico, dinâmica e

fragilidade de ecossistemas, proteção de cursos d'água superficiais, condições

meteorológicas, além do uso e ocupação do solo na área. Assim sendo são

consideradas nos estudos o regime de precipitação, direção predominante e

velocidade dos ventos, umidade relativa do ar, tipo de cobertura vegetal, condições

geotécnicas dos terrenos da fundação e dos materiais de empréstimo, profundidade

do lençol freático, proximidade de corpos d'água superficiais, características

altimétricas e geomorfológicas, além da proximidade de aglomerado humano.

21

De acordo com a Norma NBR 13.896/1997, da ABNT, "Aterros de Resíduos

Não Perigosos – Critérios para Projeto, Implantação e Operação", recomendam-se

algumas condições que são consideradas como ideais no sentido de redução de

riscos de contaminação ao meio ambiente e, por conseqüência, danos à qualidade

de vida da população.

As principais recomendações são:

• Declividade superior a 1% e inferior a 30%. A morfologia local do terreno

deverá favorecer a coleta de líquidos percolados, para o tratamento antes do

descarte destes efluentes em cursos d'água;

• Lençol freático com distância mínima de 3,0 metros da superfície inferior do

aterro, sendo que a espessura mínima do solo não saturado deverá ser de 1,5

m. Deve-se atentar para que não haja locais de interceptação do nível freático

com a topografia;

• A permeabilidade do material sobre o qual será implantado o aterro deverá

possibilitar a proteção do aqüífero e, para tanto, recomenda-se o uso de argila

de baixa permeabilidade que seja inferior a 5x10-5 cm/s;

• Distância mínima do aterro a qualquer tipo de curso d'água ou coleção hídrica

deverá ser de 200m. O posicionamento do aterro deverá ser próximo ou em

divisores d'água, em locais distantes de nascentes ou cursos d'água;

• Deve-se observar a direção predominante dos ventos em conjunto com a

localização de aglomerados humanos no sentido de evitar que, em caso de

emissão de odores, a população não seja atingida.

1.5 CONDICIONANTES TECNOLÓGICOS

Os principais critérios analisados do ponto de vista da operacionalização e

viabilidade do empreendimento são distância ao centro gerador de massa,

existência e condições das vias de acesso, que influenciará nos custos de

implantação e de operação do aterro; disponibilidade de infra-estrutura; facilidade de

descarte de efluentes líquidos; titularidade e preço da terra, pois os impactos

antrópicos referentes à implantação de aterros sanitários em propriedades

particulares sempre existirão em virtude da concepção social de que áreas de

22

depósito de lixo, mesmo não se tratando de “lixões”, promovem a desvalorização da

terra.

23

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta a revisão bibliográfica utilizada para subsidiar essa

pesquisa. São discutidos os seguintes aspectos com relação aos resíduos sólidos

urbanos: uma breve abordagem temática sobre a realidade brasileira, as formas de

disposição, os aspectos legais, as normas técnicas para o setor, as metodologias

para escolha correta de áreas para construção de aterros e a importância dos 3R´s e

da coleta seletiva como instrumentos mitigadores dos impactos ambientais.

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: A REALIDADE BRASILEIRA

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (BRASIL, 2009)

realizada no ano 2000, o Brasil gerava, neste ano, diariamente, cerca de 228mil

toneladas de resíduos. Esta foi à última pesquisa realizada e publicada sobre

geração de resíduos sólidos em caráter nacional. Considerando a população de

191.480 milhões de habitantes (projeção do IBGE para julho de 2009) e geração per

capita de 1,35 (kg/hab/dia), pode-se estimar que a geração de resíduos em 2009

seja de 258,5 mil toneladas diárias.

É importante salientar que a quantidade de resíduos gerada em uma região

é diretamente relacionada ao número de habitantes e que a composição varia em

função da economia, dos hábitos alimentares, da cultura daquela região e se há ou

não programas de coleta seletiva. Em média 60% dos resíduos sólidos, de origem

urbana, gerados no Brasil são compostos de matéria orgânica.

A responsabilidade pela prestação de serviços de limpeza urbana (que

incluem resíduos de origem domiciliar, comercial e de serviços públicos) no Brasil é

do município. Na maioria das cidades brasileiras, a coleta de resíduos é realizada

pela iniciativa privada, sob forma de concessão, ou permissão (cerca de 60%), e, no

entanto, mais de 20% de todo o resíduo gerado no país diariamente é disposto em

lixões a céu aberto ou lugares não fixos. A Tabela 1 apresenta as formas de

disposição de resíduos sólidos urbanos praticadas no país.

24

Tabela 1 – Formas de disposição de resíduos por regiões do país

Brasil (%)

Norte (%)

Nordeste (%)

Sudeste (%)

Sul (%)

Centro-Oeste (%)

Vazadouro a céu aberto ou Lixões

21,3 57,2 48,3 9,8 25,9 22,0

Aterro controlado 37,0 28,3 14,6 46,5 24,3 32,8

Aterro Sanitário 36,2 13,3 36,2 37,1 40,5 38,8

Estação de compostagem

2,9 0,0 0,2 3,8 1,7 4,8

Estação de triagem 1,0 0,0 0,2 0,9 4,2 0,5

Incineração 0,5 0,1 0,1 0,7 0,2 0,2

Locais não-fixos 0,5 0,9 0,3 0,6 0,6 0,7

Outra 0,7 0,2 0,1 0,7 2,6 0,2

Fonte: Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2000).

Os aterros existentes no país são operados pela iniciativa privada,

contratada pelas prefeituras ou empresas municipais, sob a forma de terceirização.

As empresas pagam pela quantidade, em peso de resíduo depositado no aterro

(R$/tonelada).

Observa-se que a forma de disposição de resíduos em lixões a céu aberto

está fortemente presente nas regiões norte e nordeste do país. Esta prática estimula

catadores e crianças a buscarem nos lixões, de forma precária, seu sustento do dia

a dia. Estimativas do UNICEF baseadas em pesquisas da Água e Vida de 2005 e do

Fórum Nacional Lixo e Cidadania de 2003, revelam que existem no Brasil cerca de

43 mil crianças e adolescente vivendo e trabalhando nos lixões espalhados pelo

país, sendo que 49% destas crianças trabalham em lixões localizados na região

nordeste (UNICEF, 2008).

2.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos podem ser classificados de várias formas: pela natureza física,

se é seco ou molhado ; segundo sua composição química, se é composto de

25

matéria orgânica ou inorgânica ; de acordo com sua biodegradabilidade, se é

facilmente, moderadamente, dificilmente ou não-degr adável ou ainda segundo

sua origem, que pode ser urbana, industrial, de serviços de saúde, de portos, de

aeroportos, de terminais ferroviários e rodoviários, agrícola, de construção civil e de

fontes radioativas. A classificação em função da origem é a mais útil e mais utilizada

quando se trata de gerenciamento de resíduos, pois facilita estabelecer operações

para as atividades que devem ser desenvolvidas.

A composição física, também conhecida como composição qualitativa

representa a porcentagem em peso dos vários materiais constituintes dos resíduos.

Os resíduos de origem urbana geralmente são constituídos de matéria orgânica,

papel, papelão, trapos, couro, plástico, vidro, borracha, metais, madeiras e outros.

Para o IBAM (2001) com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza

urbana não consiste apenas em remover o lixo de logradouros e edificações, mas,

principalmente, em dar um destino final adequado aos resíduos coletados.

Essa questão merece atenção porque, ao realizar a coleta de lixo de forma

ineficiente, a prefeitura é pressionada pela população para melhorar a qualidade do

serviço, pois se trata de uma operação totalmente visível aos olhos da população.

Contudo, ao se dar uma destinação final inadequada aos resíduos, poucas pessoas

serão diretamente incomodadas, fato este que não gerará pressão por parte da

população.

Assim, afirma o IBAM (2001), diante de um orçamento restrito, como ocorre

em grande número das municipalidades brasileiras, o sistema de limpeza urbana

não hesitará em relegar a disposição final para o segundo plano, dando prioridade à

coleta e à limpeza pública.

Existem várias formas de disposição e tratamento de resíduos urbanos que

são comumente escolhidas em função de custo, da área disponível e da

necessidade do município. As mais comuns e utilizadas no Brasil, segundo Santos

(1993), são: lixões ou vazadouros a céu aberto, aterros controla dos ou aterros

sanitários.

Lixões ou vazadouros a céu aberto: caracterizam-se pela simples

descarga dos resíduos, acarretam vários problemas de saúde à população vizinha

do local devido à proliferação de vetores de transmissão de doenças. Estes locais

exalam maus odores e contaminam solos, águas superficiais e subterrâneas,

através dos líquidos percolados ou chorume gerados no local. Associam-se também

26

aos lixões, o total descontrole quanto ao tipo de resíduos recebidos nestes locais,

onde é possível encontrar resíduos de origem industrial e de serviços de saúde.

Geralmente existem catadores que moram no local e sobrevivem da venda de

materiais recicláveis coletados no próprio local.

A disposição final de resíduos feita neste tipo de ambiente, com lançamento

simples e espalhamento aleatório sem recobrimento, provocam a degradação das

áreas adjacentes na medida em que estas vão sendo tomadas de forma rápida e

contínua. Os resíduos são dispostos onde existem espaços físicos, não

acontecendo qualquer procedimento que vise à proteção ambiental, não havendo

condições mínimas ideais para que a massa orgânica se decomponha de maneira

correta.

Como os resíduos depositados no lixão não recebem nenhum tratamento

contínuo, esses geram um ambiente favorável à proliferação de artrópodes,

roedores e insetos, dentre uma série de organismos todos transmissores de

doenças ao ser humano.

O lixo, disposto de forma inadequada, sem qualquer tratamento, polui o solo,

alterando suas características físicas, químicas e bacteriológicas, constituindo-se em

um problema de ordem estética e, mais ainda, em uma séria ameaça à saúde

pública. Proporciona grandes possibilidades de surgimento de focos de fogo e

formação de gases nocivos. Os catadores e as guarnições que chegam ao local para

o vazamento dos resíduos, são expostos aos riscos inerentes à esta situação.

Os recursos hídricos locais, de superfície ou aqüíferos subterrâneos poderão

sofrer possíveis contaminações com os resíduos líquidos (chorume) que percolam

do lixão.

A presença de catadores de lixo comprova algum potencial de reciclagem

dos resíduos sólidos produzidos na cidade, além de demonstrar o grau de

empobrecimento da população, que, vivendo da catação de materiais, adotou o lixão

como opção de emprego. Os catadores que atuam nestes locais residem ali mesmo

ou próximo dali, e as condições em que trabalham são as mais precárias possíveis.

Assim, o projeto definitivo deverá contemplar ações que possibilitem melhorar as

condições de salubridade do trabalho, podendo, inclusive, aproveitá-los para

implantação de cooperativas de catadores de recicláveis.

Nestes vazadouros os resíduos são dispostos juntos, independentes da

origem: domiciliar, comercial, industrial ou hospitalar.

27

Aterros controlados : são formas de disposição que buscam minimizar os

impactos ambientais. Confinam-se os resíduos, cobrindo-os no final de cada dia de

trabalho com uma camada de material inerte e normalmente utilizam-se princípios de

engenharia para tratamento e coleta dos líquidos percolados gerados.

Trata-se de uma solução para resolver o grave problema enfrentado pelas

administrações municipais, relacionado com a destinação final dos resíduos sólidos

coletados nas áreas urbanas, na maioria dos casos em lixões a céu aberto, com

danos severos ao meio ambiente.

A tecnologia é simples (construção e operação), de baixo custo (cerca de ¼

do aterro convencional) e ambientalmente correta. Em área tecnicamente escolhida

e devidamente licenciada pelos órgãos ambientais, constroem-se valas para a

disposição dos resíduos domésticos, comerciais e de varrição, além de valas

especiais para os resíduos dos serviços de saúde. Toda a área é cercada e com

portaria para o controle do acesso.

A implantação de aterro sanitário, são aqueles que utilizam técnicas de

disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à

saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais em uma

determinada área requer que variáveis tecnológicas, ambientais e sócio-econômicas

sejam investigadas para evitar ou minimizar os impactos negativos que possam vir a

comprometer o empreendimento ou causar danos ao meio ambiente, conforme os

critérios estabelecidos pelas metodologias de escolha correta de áreas para

disposição de resíduos.

Conforme IBAM (2001) a diferença básica entre um aterro sanitário e um

aterro controlado é que este último prescinde da coleta e tratamento do chorume,

assim como da drenagem e queima do biogás. No mais, o aterro controlado deve

ser construído e operado exatamente como um aterro sanitário.

Por não possuir sistema de coleta de chorume, esse líquido fica retido no

interior do aterro. Assim, é conveniente que o volume de água de chuva que entre

no aterro seja o menor possível, para minimizar a quantidade de chorume gerado.

Isso pode ser conseguido empregando-se material argiloso para efetuar a camada

de cobertura provisória e executando-se uma camada de impermeabilização

superior quando o aterro atinge sua cota máxima operacional.

Também é conveniente que a área de implantação do aterro controlado

tenha um lençol freático profundo, a mais de três metros do nível do terreno.

28

Normalmente, um aterro controlado é utilizado para cidades que coletem até 50t/dia

de resíduos urbanos, sendo desaconselhável para cidades maiores.

Aterros sanitários: utilizam técnicas de disposição de resíduos sólidos

urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança,

minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia

para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor

volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada

jornada de trabalho ou a intervalos menores se for necessário. Antes de se projetar

um aterro sanitário são realizados estudos geológicos e topográficos para a seleção

da área e verificação do tipo de solo. Também é realizada a impermeabilização do

solo, os líquidos percolados são captados por drenos horizontais para tratamento e

são instalados drenos verticais para liberação dos gases formados durante a

decomposição anaeróbia da matéria orgânica.

Um aterro sanitário conta necessariamente com as se guintes unidades:

• unidades operacionais:

• células de lixo domiciliar;

• células de lixo hospitalar (caso o Município não disponha de processo mais

efetivo para dar destino final a esse tipo de lixo);

• impermeabilização de fundo (obrigatória) e superior (opcional);

• sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados (chorume);

• sistema de coleta e queima (ou beneficiamento) do biogás;

• sistema de drenagem e afastamento das águas pluviais;

• sistemas de monitoramento ambiental, topográfico e geotécnico;

• pátio de estocagem de materiais.

Unidades de apoio:

• cerca e barreira vegetal;

• estradas de acesso e de serviço;

• balança rodoviária e sistema de controle de resíduos;

• guarita de entrada e prédio administrativo;

• oficina e borracharia.

29

A operação de um aterro deve ser precedida do processo de seleção de

áreas, licenciamento, projeto executivo e implantação. A seguir Quadro 1 mostra o

comparativo entre a disposição de resíduos em aterro e lixão.

Quadro 1 – Comparativo entre a disposição de resíduos em aterro e lixão

ATERRO LIXÃO RECEPÇÃO DOS RESÍDUOS

Entrada restrita a veículos devidamente cadastrados, desde que contenham apenas resíduos permitidos para aquele aterro.

Sem qualquer controle de entrada de veículos e resíduos.

CONTROLE DE ENTRADA Pesagem, procedência, composição do lixo, horário de entrada e de saída dos veículos são observados.

Não dispõe de controle de pesagem, horário, procedência, etc.

IMPERMEABILIZAÇÃO Antes da utilização da célula, o local é devidamente impermeabilizado seguindo critérios que vão depender das características do solo e do clima.

O lixo é depositado diretamente sobre a camada de solo, podendo provocar danos ao meio ambiente e à saúde.

DEPOSIÇÃO A deposição deve ser feita seguindo critérios técnicos definidos, tais como: resíduos dispostos em camadas compactadas, com espessura controlada, frente de serviço reduzida, taludes com inclinação definida.

Na maioria das vezes não há sequer um trator de esteira para conformar o lixo.

DRENAGEM Possuem dispositivos para captação e drenagem do líquido resultante da decomposição dos resíduos (chorume), evitando a sua infiltração no local e o livre escoamento para os corpos receptores (riacho, rios, etc)

Não possui dispositivos para drenagem interna, possibilitando maior infiltração do chorume na sua base ou o escoamento superficial sem qualquer controle.

COBERTURA É feita diariamente com camada de solo, impedindo que o vento carregue o lixo e afastando vetores de doenças. reduzindo a produção de chorume (menor infiltração das águas de chuva)

A exposição do lixo permite a emissão de fortes odores, o espalhamento de lixo leve, além de atrair vetores de doenças (ratos, urubus, moscas, etc.).

ACESSIBILIDADE Acesso restrito às pessoas devidamente identificadas. O aterro deve ser bem cercado para impedir invasões.

Além dos badameiros, adentram nos lixões os animais por falta de cercamento e fiscalização.

IMPACTO VISUAL É amenizado com a construção de um "cinturão verde" com espécies nativas da região que ainda serve de abrigo para predadores de alguns dos vetores.

Visual impactado, área degradada e desagradável aos nossos olhos.

Fonte: IBAM (2001)

30

2.3 RESÍDUOS SÓLIDOS: ASPECTOS LEGAIS

A Lei 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que

propõe como diretrizes: proteção da saúde pública e da qualidade do meio

ambiente; não-geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos, bem

como destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos; desenvolvimento de

processos que busquem a alteração dos padrões de produção e consumo

sustentável de produtos e serviços; educação ambiental; adoção, desenvolvimento e

aprimoramento de tecnologias ambientalmente saudáveis como forma de minimizar

impactos ambientais; incentivo ao uso de matérias-primas e insumos derivados de

materiais recicláveis e reciclados; gestão integrada de resíduos sólidos; articulação

entre as diferentes esferas do Poder Público, visando a cooperação técnica e

financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos; capacitação técnica

continuada na área de resíduos sólidos; regularidade, continuidade, funcionalidade e

universalização da prestação de serviços públicos de limpeza urbana e manejo de

resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que

assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de

garantir sua sustentabilidade operacional e financeira; preferência, nas aquisições

governamentais, de produtos recicláveis e reciclados; transparência e participação

social; adoção de práticas e mecanismos que respeitem as diversidades locais e

regionais; e integração dos catadores de materiais recicláveis nas ações que

envolvam o fluxo de resíduos sólidos.

VII - destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que

inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o

aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos

competentes do Sisnama, do SNVS e da Suass, entre elas a disposição final,

observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou

riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais

adversos;

X - gerenciamento integrado de resíduos sólidos: conjunto de ações

exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas da coleta, transporte,

transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos

31

resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de

acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com

plano de gerenciamento de resíduos sólidos exigidos na forma desta Lei.

• Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA,

(BRASIL, 2008)

Resolução CONAMA Nº 404/2008 - "Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos". - Data da legislação: 11/11/2008 - Publicação DOU nº 220, de 12/11/2008, pág. 93. Resolução CONAMA Nº 308/2002 - "Licenciamento Ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte". - Data da legislação: 21/03/2002 - Publicação DOU nº 144, de 29/07/2002, págs. 77-78 - Status: Revogada.

• No Estado do Rio Grande do Norte, a legislação que aborda as questões

relativas ao meio ambiente é o decreto Nº 13.799/1998.

DECRETO NO 13.799, DE 17 DE FEVEREIRO DE 1998 Aprova o regulamento à Lei Complementar n° 140, de 26 de janeiro de 1996, que dispõe sobre a Política e o Sistema Estadual de Controle e Preservação do Meio Ambiente e dá outras providências. CAPÍTULO I Do objeto, Dos princípios e Das definições Art. 1°. A Política Estadual de Controle e Preserv ação do meio ambiente tem por objetivo a proteção, o controle e a recuperação da qualidade ambiental, com a finalidade de assegurar condições ao desenvolvimento sócio- econômico e à preservação da vida humana. Art. 2° A Política estadual de Controle e Preserva ção do Meio Ambiente atende aos seguintes princípios: I - manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público a ser preservado e protegido, em favor do uso coletivo; II - planejamento e fiscalização da utilização dos recursos ambientais; III - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle das atividades poluidoras;

32

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação das áreas degradadas; IX - proteção às áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental em todos os níveis escolares, inclusive nos programas de educação da comunidade, destinados à capacitação para a participação ativa na defesa do meio ambiente; XI - preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais; XII - manejo ecológico das espécies e ecossistemas; XIII - preservação da diversidade do patrimônio genético do Estado; XIV - proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, arqueológico, arquitetônico, paisagístico e turístico.

2.4 AS NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS

Normatização da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, para

resíduos sólidos:

• NBR 1.183/1988 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos;

• NBR 8.419/1992 - Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de

Resíduos Sólidos Urbanos;

• NBR 10.004/2004 - Resíduos Sólidos – Classificação;

• NBR 13.896/1997 - Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para

Projeto, Implantação e Operação;

A Lei 12.305/2010 Instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos: dispondo sobre

seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à

gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às

responsabilidades dos geradores, do poder público e aos instrumentos econômicos

aplicáveis.

Art. 3 º Para os efeitos desta Lei, entende-se por :

VIII - disposição final ambientalmente adequada : A distribuição ordenada de

rejeitos em aterros , observando normas operacionais específicas de modo a evitar

danos ou riscos à saúde pública, à segurança e a minimizar os impactos ambientais

adversos.

33

2.5 SELEÇÃO DE ÁREAS PARA DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS (RSU)

Com o crescimento das cidades, o volume de resíduos cresce sobremaneira,

tornando-se o tratamento e a destinação final um problema sócio-econômico e

ambiental (Viera e Lapolli, 1999). Por conseguinte, fez-se necessário o

desenvolvimento de métodos capazes de mitigar estes impactos.

Segundo Brito (2008) há várias metodologias visando à integração e

avaliação de fatores de seleção num processo de análise em fases, desde a escala

regional até a seleção final da área em escala local. Entre as principais metodologias

de análise mais correntes este autor enumera:

� Método global ou intuitivo;

� Método de exclusão progressiva;

� Método da análise ponderada;

� Método da combinação de critérios.

• Método global ou intuitivo:

Neste método, o decisor procede a um julgamento da aptidão de cada área

com base numa visão holística do conjunto dos fatores de seleção, tomado como um

todo estruturado e indissociável.

Os defensores deste método argumentam que as características que

determinam a aptidão de uma área são tão funcionalmente interdependentes umas

das outras que não suportam uma avaliação baseada numa análise de fatores de

seleção tomados um a um.

• Método da exclusão progressiva:

No método de exclusão, os fatores de seleção são analisados

seqüencialmente, associando a cada fator um limite definido de aceitabilidade da

aptidão da área. Se, para um dado fator, ou conjunto de fatores, o limite de

aceitabilidade for excedido, a área ou as áreas em consideração são excluídas. No

caso contrário, o processo continua pela seleção de outro fator e aplicação do

34

critério correspondente, até que seja considerada toda a seqüência dos fatores de

seleção que identificam as áreas desfavoráveis ou não aceitáveis.

• Método dos fatores ponderados:

No método da análise ponderada atribuem-se pesos aos fatores de seleção,

ou seja, os fatores de seleção são substituídos por valores numéricos de acordo com

uma escala comum de classificação. Após a ponderação de todos os fatores, os

resultados são combinados numa operação de multiplicação e soma, de forma a

atribuir uma classificação numérica a cada área. A área mais favorável será a que

exibir classificação mais elevada.

• Método da combinação de fatores:

O método dos fatores combinados pode usar, quer o método de exclusão,

quer a análise ponderada. Mas, neste caso, em vez de trabalhar seqüencialmente

com uma série de fatores, desenvolvem-se alternativas. Isto envolve a seleção de

um conjunto particular de fatores combinados e a identificação das áreas que os

satisfazem.

Segundo Fiúza e Oliveira (1997) menos de 5% dos municípios brasileiros

dispõe de um serviço adequado referente a resíduos sólidos. Em quase todas as

cidades no Brasil o lixo urbano é depositado em vazadouros a céu aberto. O

principal problema dessa prática, além do desperdício de matéria economicamente

valorizável, da poluição causada aos recursos naturais (ar, água e solo) e da

desvalorização imobiliária, existe ainda a preocupante questão da escassez e

redução de espaço físico disponível para o descarte (OLIVEIRA, 1995).

A seleção de locais deve ser criteriosa, pois além de preservar os recursos

naturais, deve estabelecer um uso racional do solo em virtude da constante

diminuição de espaço físico disponível. Neste sentindo, deve-se desenvolver

estudos técnicos ambientais que permitam a escolha de áreas propícias para o

tratamento e disposição final dos resíduos sólidos de forma a minimizar os impactos

ambientais e que também atenda a questão econômica (VIEIRA et al, 1999).

Segundo Gomes; Coelho; Erba & Veronez (2000) no Rio Grande do Sul, a

seleção de áreas para utilização como locais de descarte de resíduos é efetuada a

35

partir de critérios que avaliam questões como: legislação de usos do solo; distâncias

de cursos d’água, manchas urbanas e rodovias, nível de águas subterrâneas,

declividade da área, tempo de utilização do aterro (vida útil) e usos futuros do

mesmo.

Para a escolha de áreas foi proposta por Fiúza e Oliveira (1997) uma matriz

que permite através de valorações conferidas a impactos potenciais positivos e

negativos, relativos a implantação de aterros sanitários, avaliar qual a melhor

alternativa em termos de local para sua implantação, tornando possível, através de

um modelo matemático, auxiliar o corpo técnico envolvido no trabalho nas decisões

a serem tomadas.

As áreas favoráveis de acordo com Waquil et al .,(2000). são aquelas que

reúnem as características do meio físico mais adequadas à localização de aterros

sanitários, exigindo menor tecnologia de controle ambiental e de implantação,

causando menores prejuízos à comunidade. São representadas por áreas com solos

profundos, argilosos, em terrenos de declividade suave a moderada, distante

preferencialmente mais de 200m de cursos d’água, com nível freático de médio a

profundo, com substrato rochoso de baixa permeabilidade e baixo potencial

hidrogeológico. Preferencialmente, devem comportar uma vida útil superior a 10

anos e estarem distantes a mais de 2 km de núcleos populacionais.

• Metodologia adotada por Fiúza e Oliveira (1997):

Foi proposta pelo autor uma matriz que permite através de valorações

conferidas a impactos potenciais avaliar qual o melhor local para implantação de

aterros sanitários. Sugere-se compor um mapa da região para identificar áreas

passíveis de implantação para que se possa, em uma primeira instância, descartar

áreas inviáveis como, por exemplo, áreas de surgência de água, de proteção legal,

etc. Uma vez restringida às áreas iniciais do estudo, pode-se, então, empregar a

metodologia das matrizes. O procedimento examina impactos individuais associados

às alternativas que estão sendo consideradas e indica uma medida de valor a cada

um desses impactos para os locais alternativos. Esses indicadores, em princípio, são

ponderados em termos de critérios de importância e probabilidade de ocorrência. A

ponderação é feita em duas etapas: individualizando-se cinco grandes grupos

(Tabela 02) e subdividindo segundo vários impactos atribuídos a cada grupo (Tabela

36

03). É adotada uma maior ponderação para as questões ambientais e sociais e

menor ponderação para a questão custo. Os valores de cada atributo relativo a

implantação de aterros é então apreciado, por sua vez, para cada situação em

particular através de notas que são conferidas por especialistas das áreas

envolvidas (sociologia, biologia, geotécnica, etc.), sendo permitido após a

ponderação e o devido cotejamento das várias notas avaliar qual o melhor local para

implantação do aterro. Assim a alternativa de maior pontuação representa a melhor

opção para implantação do empreendimento.

Tabela 02 – Grupos prioritários identificados

N° GRUPO PRIORITÁRIO PESO 1 Saúde Pública e Segurança 33,4 2 Ambiente Natural 20,4 3 Ambiente Social 15,5 4 Ambiente Cultural 15,4 5 Custo 15,3

TOTAL 100 Fonte: Fiúza e Oliveira (1997)

Tabela 03 – Grupos prioritários com os principais impactos correspondentes

GRUPO1

SAÚDE PÚBLICA E SEGURANÇA

Controle de Zoonoses 50 Tráfego 10 Risco de explosão 7 Poluição dos mananciais de superfície 14 Poluição da água subterrânea 17 Risco com aeronaves 12

GRUPO 2

AMBIENTE NATURAL

Poluição da água superficial sob biota 35 Desmatamento 35 Assoreamento dos corpos d’água 10 Processos erosivos 10 Alteração nos padrões de drenagem 07 Afugentamento da fauna 03

GRUPO 3

AMBIENTE SOCIAL

Instabilidade psicossocial 15 Odor 20 Poeira 05 Ruído 10 Impacto Visual 20 Incompatibilidade de uso 05 Melhoria de Renda 25

GRUPO 4

AMBIENTES CULTURAIS

Modificação nos padrões culturais 50

Arqueologia 50

37

GRUPO 5

CUSTOS

Custo 100

Fonte: Fiúza e Oliveira (1997)

• Metodologia proposta por Waquil et al., (2000)

O método proposto pelos autores dividiu o projeto de seleção de áreas em 3

etapas distintas. A 1ª etapa consistiu a aplicação de CRITÉRIOS ELIMINATÓRIOS

GERAIS, baseados nas recomendações da Fundação Estadual de Proteção

Ambiental (FEPAM/RS). Esta etapa caracterizou-se pelo caráter norteador para

definição de áreas potencialmente favoráveis à disposição de resíduos.

A 2ª etapa dos trabalhos consistiu no desenvolvimento da metodologia, a

partir do estabelecimento de critérios seletivos e aplicação em áreas piloto. Para

permitir a seleção de áreas foram adotados critérios seletivos para qualificar e

classificar as áreas de acordo com suas potencialidades, para uso no tratamento e

disposição de resíduos sólidos. Desta forma as áreas se distinguiriam entre si pela

aptidão em receber resíduos com maior ou menor necessidade de tecnologia de

controle ambiental.

Os critérios estão sumariados na (Tabela 4) que contém os parâmetros de

avaliação, as variáveis a serem consideradas em cada parâmetro e os pesos dos

parâmetros. O peso atribuído aos parâmetros foi fixado de acordo com a importância

destes para a qualificação das áreas como aptas para a implantação da atividade de

destinação de lixo, minimizando os prejuízos ambientais e sociais. Os pesos

variaram de 1 a 4, sendo que o peso maior refere-se a maior possibilidade de

contaminação do meio físico ou a maior causa de incômodo à população. As notas,

entre 0 e 5, foram conferidas as variáveis de acordo com o grau de segurança que

estas oferecem quanto aos prejuízos já citados, sendo que as maiores notas

correspondem a melhor condição de segurança (Tabela 5).

Para pontuação foi estabelecida uma tabela de resultados para a avaliação

das pontuações a serem obtidas nas áreas (Tabela 6). O limite superior da primeira

faixa foi obtido através do somatório das pontuações máximas (peso x nota) de cada

parâmetro, e o limite inferior da última faixa através do somatório das pontuações

38

mínimas obtidas para cada parâmetro, não considerando os critérios específicos

eliminatórios (notas zero). As faixas intermediárias foram obtidas levando em

consideração a equidade dos intervalos. Estabelecidos os parâmetros e variáveis a

serem avaliados e quantificados pelas notas e pesos, inicia-se a etapa de

qualificação de áreas através do estudo de fotointerpretação e vistorias de campo.

A 3ª etapa deste projeto consistiu na aplicação da metodologia proposta e

testada na etapa 2, gerando 29 mapas contendo as áreas hierarquizadas segundo a

potencialidade para recebimento de resíduos sólidos.

Tabela 4 – Critérios eliminatórios gerais para seleção de áreas

PARÂMETRO DE AVALIAÇÃO LIMITE DE ACEITAÇÃO

Distância de recursos hídricos, áreas inundáveis ou alagadiços e banhados

≥200 metros

Afastamento da mancha urbana ≥500 metros ≥1.000metros ≥2.000 metros

Distância de rodovias estaduais e federais ≥100 metros do eixo

Tamanho da área ≥1 ha

Áreas especiais de proteção Unidades de conservação e áreas protegidas por legislação estadual ou municipal

Fonte: Waquil et al (2000)

Tabela 5 – Valoração dos indicadores físicos

INDICADOR CARACTERÍSTICA NOTA PESO

Solo

Classe Textural Argiloso Argilo-arenoso Areno-argiloso Arenoso

5 4 3 1

2

Permeabilidade Baixo Médio-Baixo Médio Médio-Alto Alto

5 4 3 2 1

4

Espessura >4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m <1,00m

5 4 2 1

3

39

Declividade Plano (0 – 2%) Suave (2 – 10%) Moderado (10 – 20%) Acentuado (20 – 30%) Íngreme (>30%)

2 5 4 1 0

3

Superficiais

Distância de cursos d’água >200m 200 a 100m 100 a 50m < 50m

5 4 2 0

4

Subsuperficiais

Profundidade do lençol freático >4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m Aflorante (<1,00m)

5 3 2 0

4

Subterrâneo

Permeabilidade da rocha subjacente

Baixa Média-Baixa Média Média-Alta Alta

4 3 2 1 0

3

Potencial hídrico Baixo Médio Alto

4 2 1

2

Usos e ocupação do solo Não disponível no trabalho

Sócio -econômicos

Vida útil para uma Unidade Municipal

>10 anos 5-10 anos <5 anos

4 3 1

2

Distância para Núcleos Populacionais

>10 km 1-10 km <1 km

4 3 0

4

Fonte: Waquil et al (2000)

Tabela 6 – Classificação das áreas pré-selecionadas

QUALIFICAÇÃO INTERVALO DE VALORAÇÃO

Favorável 124 a 152 pontos Medianamente Favorável 96 a 123 pontos

Pouco Favorável 67 a 95 pontos

Desfavorável 0 a 66 pontos

Fonte: Waquil et al (2000)

40

• Metodologia proposta por Gomes; Coelho; Erba & Vero nez (2000)

O enfoque do método proposto pelos autores foi dirigido para a integração

de métodos tradicionais e novas tecnologias de caracterização e análise ambiental,

sendo utilizados sistemas especialistas voltados para “land evaluation” e

geoprocessamento.

A metodologia foi dividida em etapas cuja 1ª consistiu em “COLETA,

COMPILAÇÃO E ANÁLISES DE DADOS EXISTENTES EM RELAÇÃO AO MEIO

AMBIENTES E RESÍDUOS”, sendo estes dados lançados em software. A 2ª etapa

consistiu de “ANÁLISE DE IMAGENS DE SATÉLITES” com vistas a extração de

dados referentes a localização da malha urbana, áreas com vegetação intensa,

recursos hídricos, rodovias e estradas vicinais, estimativa de características e

distribuição dos tipos de solos, uso do solo, entre outros. A 3ª etapa consistiu na

determinação de áreas potencialmente aptas para a disposição de resíduos, ou seja,

definição e localização das áreas potencialmente aptas para disposição de resíduos.

Os critérios eliminatórios empregados estão descritos na Tabela 7. A partir

das áreas potencialmente aptas, foi feita uma classificação de forma a obter-se as

áreas realmente aptas ao uso estudado. Na Tabela 8 estão descritos os critérios e

as faixas de pontuações adotados.

Tabela 7 – Critérios eliminatórios CRITÉRIO FAIXA DE AVALIAÇÃO P/

CONSIDERAÇÃO 1-Distância de recursos hídricos ≥ 200 metros

2-Distância de vias ≥ 100 metros

3-Áreas inundáveis ≥ Cota de cheia

4-Mancha urbana Classificação da imagem de satélite

5-Legislação municipal Proteção a topos de morros

Fonte: Gomes; Coelho; Erba & Veronez (2000)

Tabela 8 – Critérios classificatórios com faixas de pontuação

CRITÉRIO FAIXA DE AVALIAÇÃO NOTA PESO

Declividade (em função de facilidade de implantação)

Alta: >30% Média: 20-30% Baixa: 10-20% Muito baixa: 3-10% Plana: <3%

1 2 3 4 5

1

41

Distância da mancha urbana 100 - 250 m 250 - 500 m 500 - 1000 m 1000 - 2000 m > 2000 m

1 2 3 4 5

3

Geologia - potencial hídrico Alto Médio Baixo

0 2 4

3

Permeabilidade do solo Infiltração alta: ≥ 10 -3 cm/s Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s

1

2

4

5

2

Espessura do solo < 0,5 m 0,5 - 1 m 1 - 2 m > 2 m

0 1 3 5

2

Profundidade do lençol freático

< 1 m 1 - 2 m 2 - 4 m > 4 m

0 1 4 5

3

Vulnerabilidade do aqüífero

Infiltração alta: ≥ 10 -3 cm/s

Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s

1

2

4

5

2

Considerando os critérios 4, 5,6 e declividade (em função de infiltração no solo)

< 0,5 m 0,5 - 1 m 1 - 2 m > 2 m < 1 m 1 - 2 m 2 - 4 m > 4 m

0 1 3 5

0 1 4 5

2 3

Pontuação Máxima 102

Fonte: Gomes; Coelho; Erba & Veronez (2000)

• Sistema de Pontuação

Este modelo foi apresentado pela União dos Municípios da Bahia e segundo

eles: a implantação de aterro sanitário em uma determinada área requer que

42

variáveis tecnológicas, ambientais e sócio-econômicas sejam investigadas para

evitar ou minimizar os impactos negativos que possam vir a comprometer o

empreendimento ou causar danos ao meio ambiente. Neste sentido, o primeiro

passo deste trabalho foi à avaliação prévia de áreas, que compreende a pesquisa de

alternativas locacionais para a implantação do empreendimento, e posterior

hierarquização e escolha da área mais indicada, visando descartar áreas

inadequadas e sugerir locais de menor impacto possível.

A partir dos critérios mencionados, pode-se elaborar sistema de pontuação

que permita a avaliação e seleção de áreas aptas à implantação de aterros

sanitários. Seleciona-se indicadores técnicos, econômicos e ambientais e é

estabelecido critério de pontuação e ponderação da importância relativa de cada

indicador. Apresenta-se na Tabela 9 o sistema de pontuação adotado neste

trabalho, para hierarquização e seleção de áreas.

Tabela 9 – Sistema de pontuação

Proximidade de perímetro urbano, P Pontuação máxima de 50 pontos P > 3,0 km 1< P < 3 Km P < 1 Km

50 pontos 30 pontos 10 pontos

Distância do aterro ao centro de massa, D

Pontuação máxima de 200 pontos

D > 10,0 km 10 < D < 20 km D < 10 km

0 pontos 100 pontos 200 pontos

Vias de acesso Pontuação máxima de 200 pontos Pavimentadas em boas condições: - asfaltada - encascalhada - com exigências de melhorias - Inexistente

120 pontos 80 pontos 30 pontos 0 pontos

Planas ou sem rampas fortes, Com rampas médias Muito íngremes

80 pontos 40 pontos 0 pontos

Disponibilidade de infra -estrutura Pontuação máxima de 100 pontos Água no local

50 pontos

Facilidade/custo de captação baixo

30 pontos

Facilidade/custo de captação alto 10 pontos De esgoto De energia

30 pontos 20 pontos

Impacto visual da paisagem Pontuação máxima de 100 pontos Pequena interferência 100 pontos Média interferência 50 pontos

43

Grande interferência 0 pontos Topografia Pontuação máxima de 50 pontos Ondulado com alta declividade Ondulado com baixa declividade Plana

30 pontos 50 pontos 10 pontos

Condições climáticas (di reção do vento)

Pontuação máxima de 100 pontos

A direção dos ventos afeta os núcleos urbanos

0 pontos

A direção dos ventos não afeta os núcleos urbanos

100 pontos

Condições geotécnicas dos solos Pontuação máxima de 100 pontos Profundos com boa capacidade de suporte e baixa permeabilidade

100 pontos

Rasos com boa capacidade de suporte e média à baixa permeabilidade

50 pontos

Arenosos, rasos a profundos, com média à baixa capacidade de suporte e média à alta permeabilidade

30 pontos

Disponibilidade de solo para cobertura

Pontuação máxima de 200 pontos

No local da obra Num raio de 10 km A mais de 10 km

200 pontos 100 pontos 50 pontos

Profundidade do lençol freático, H Pontuação máxima de 100 pontos H > 10m 5 < H < 10 m H < 5 m

100 pontos 50 pontos 0 pontos

Susceptibilidade à contaminação de manancial

Pontuação máxima de 100 pontos

Alta Média Baixa

0 pontos 50 pontos 100 pontos

Uso atual Pontuação máxima de 100 pontos Terra sem uso Utilizada com pastagem Utilizada com agricultura Utilizada com indústria ou urbanizada

100 pontos 50 pontos 30 pontos 0 pontos

Titularidade Pontuação máxima de 100 pontos Pertencente à prefeitura Particular, disponível p/ venda Não disponível p/ venda

100 pontos 50 pontos 10 pontos

TOTAL MÁXIMO DE PONTOS 1500 pontos Fonte: Gomes; Coelho; Erba & Veronez (2000)

• Metodologia proposta pelo Manual de Gerenciamento I ntegrado de

Resíduos Sólidos:

44

Segundo este Manual (IBAM, 2001) a escolha de um local para a

implantação de um aterro sanitário não é tarefa simples. O alto grau de urbanização

das cidades, associado a uma ocupação intensiva do solo, restringe a

disponibilidade de áreas próximas aos locais de geração de lixo e com as dimensões

requeridas para se implantar um aterro sanitário que atenda às necessidades dos

municípios.

Além desse aspecto, há que se levar em consideração outros fatores, como

os parâmetros técnicos das normas e diretrizes federais, estaduais e municipais, os

aspectos legais das três instâncias governamentais, planos diretores dos municípios

envolvidos, pólo de desenvolvimento local e regional, distâncias de transporte, via de

acesso e os aspectos político-sociais relacionados com a aceitação do

empreendimento pelos políticos, pela mídia e pela comunidade. Conforme se

evidencia nas Tabelas 10 e 11.

Tabela 10 – Peso dos critérios e do tipo de atendimento

Prioridade dos Critérios Peso 1 10 2 6 3 4 4 3 5 2 6 1

Tipo de Atendimento Peso Total 100%

Parcial ou com Obras 50% Não Atendido 0%

Fonte: IBAM (2001).

Será considerada melhor área aquela que obtiver o maior número de pontos

após a aplicação dos pesos às prioridades e ao atendimento dos critérios.

Tabela 11 – Características das áreas

Critérios Prioridade Atendimento

Área 1 Área 2 Área 3 Proximidade a cursos d´água 1 T T T Proximidade a núcleos residenciais 1 T T P

Proximidade a aeroportos 1 T T T

45

Distância do lençol freático 1 P P T Distância de núcleos de baixa renda 2 T T P

Vias de acesso com baixa ocupação 2 P P P

Problemas com a comunidade local 2 N P T

Aquisição do terreno 3 P P T Investimento em infra-estrutura 3 T T P Vida útil mínima 4 P T T Uso do solo 4 T T T Permeabilidade do solo natural 4 P P P Extensão da bacia de drenagem 4 P P T

Acesso a veículos pesados 4 T P P Material de cobertura 4 N P T Manutenção do sistema de drenagem 5 P P T

Distância ao centro de coleta 6 T P P Fonte: IBAM (2001)

Nota: T – atende integralmente; P – atende parcialmente; N – não atende.

Aplicando-se os pesos definidos na Tabela 10 as áreas selecionadas

chegarão à pontuação calculada na Tabela 12, a seguir.

Tabela 12 – Pontuação calculada

CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS

Critérios Pontos da Prioridade

Pontos do Atendimento Pontuação das Áreas Área 1

% Área 2

% Área 3

% Área 1 Área 2 Área 3

Proximidade a cursos d´água 10 100 100 100 10,0 10,0 10,0

Proximidade a núcleos residenciais

10 100 100 50 10,0 10,0 5,0

Proximidade a aeroportos 10 100 100 100 10,0 10,0 10,0

Distância do lençol freático 10 50 50 100 5,0 5,0 10,0

Distância de núcleos de baixa renda

6 100 100 50 6,0 6,0 3,0

Vias de acesso com baixa ocupação

6 50 50 50 3,0 3,0 3,0

Problemas com a comunidade 6 0 50 100 0,0 3,0 6,0

46

local Aquisição do terreno 4 50 50 100 2,0 2,0 4,0

Investimento em infra-estrutura

4 100 100 50 4,0 4,0 2,0

Vida útil mínima 3 50 100 100 1,5 3,0 3,0

Uso do solo 3 100 100 100 3,0 3,0 3,0 Permeabilidade do solo natural 3 50 50 50 1,5 1,5 1,5

Extensão da bacia de drenagem

3 50 50 100 1,5 1,5 3,0

Acesso a veículos pesados

3 100 50 50 3,0 1,5 1,5

Material de cobertura 3 0 50 100 0,0 1,5 3,0

Manutenção do sistema de drenagem

2 50 50 100 1,0 1,0 2,0

Distância ao centro de coleta

1 100 50 50 1,0 0,5 0,5

Pontuação Final - - - - 62,5 66,5 70,5

Fonte: IBAM (2001)

Vê-se, portanto, que a área 3, apesar de se situar relativamente próxima a

um núcleo residencial, é a que apresenta maiores vantagens no cômputo geral.

2.6 O MÉTODO SIG (SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS)

O SIG é um sistema que permite obter, armazenar, atualizar, manipular,

analisar e visualizar os dados espacialmente. Ele se diferencia de outros sistemas

de informações por causa da incorporação de atributos geográficos na base de

dados. Os dados dentro do SIG são agrupados por temas e armazenados como

camadas georefernciadas.

Jagar; Sundaran & Natarajan (1993) salientam que o SIG é um sistema que

permite a integração de dados espaciais e não espaciais adquiridos em diferentes

47

escalas, tempos, e formatos. Seu uso facilita a simulação de diferentes estratégias, o

que aumenta, evidentemente, a possibilidade de se encontrar soluções efetivas.

Para Souza (1999) com o desenvolvimento dos SIGs, analistas ambientais

aumentaram suas possibilidades de dispor de sistemas de informações nos quais os

dados são mais acessíveis, mais facilmente combinados e permitem diferentes

fontes, escalas e resoluções (no caso de SIGs tem-se ainda a questão temporal),

não se tem absoluta clareza do que ocorre com o produto final, ou seja, qual o nível

de confiabilidade de uma informação gerada a partir de vários conjuntos de dados.

De acordo com Antenucci et al (1991), a formação de uma base de dados é

a etapa mais onerosa, a que consome mais tempo, e a mais problemática no

processo de implantação de um SIG.

Há dois tipos fundamentais de SIGs definidos de acordo com os diferentes

métodos de armazenamento de informações e representação espacial: o vector e o

raster.

Segundo Queiroz (1996), o modelo vetorial se caracteriza pela localização

precisa dos objetivos geográficos através de coordenadas, sendo estes

representados por pontos, linha, ou polígonos. Suas principais vantagens são a

excelente precisão matemática, fazendo com que os contornos dos objetos sejam

bem definidos, e a economia de espaço para armazenamento de informações. Já no

formato raster, o espaço geográfico é dividido segundo um sistema de células

regulares, normalmente quadradas (pixes), sendo o conteúdo de cada célula

descrito pelo banco de dados. Isto significa que a informação geográfica contínua no

espaço é discretizada, perdendo em exatidão e detalhes, mas ganhando em

facilidade de manipulação no ambiente computacional.

A principal vantagem deste modelo é a sua capacidade de estimar e simular

cenários através de sobreposições de mapas e combinações matemáticas dos

dados em células múltiplas. Suas grandes desvantagens são o tamanho dos

arquivos gerados, tornando inviável sua utilização para áreas extensas, e a baixa

capacidade de trabalho com Banco de dados do tipo relacional para representação

espacial de atributos adicionais.

Quanto ao tratamento dos dados, muitos SIGs utilizam a lógica Booleana

(verdadeiro/falso) para a separação de dados geo-referenciados em classes

distintas. De acordo com Charnpratheep; Zhou & Garner (1997), este sistemas

resulta em perda de informação pois fatos imprecisos, tais como fenômenos naturais

48

que não apresentam limites nítidos mas sim progressivos e a percepção humana de

sistemas espaciais, por exemplo, são entendidos como fatos binários precisamente

definidos.

Conforme os autores, o conceito e a metodologia utilizada pela teoria fuzzy

mostram-se muito mais adequados à manipulação dessas imprecisões espaciais.

Em estudo realizado para seleção preliminar de áreas destinadas a disposição de

resíduos perigosos, os autores observaram que a utilização de lógica binária

resultou em um descarte de 99,8% de área de estudo, enquanto que o modelo fuzzy

descartou apenas 64,25 (diferença de 35,6% entre os dois).

De acordo com Hussey; Dodd & Dennison (1996), o SIG é uma ferramenta

muito valiosa na administração e análise de dados espaciais e é bastante utilizado

em processos de seleção de locais quando as seguintes condições são satisfeitas:

as características do local adequado para um empreendimento específico são

definidas de modo objetivo; os fatores utilizados descrevem estas características e

os dados já existem ou podem ser coletados para cada fator, em toda a área de

estudo.

Lindquist apud (1995) (KAO & LIN, 1996) ressaltam que o uso do SIG na

seleção de áreas não apenas aumenta a objetividade e flexibilidade do processo,

mas também garante que um grande número de dados espaciais sejam

processados em tempo menor.

Uma das grandes vantagens de um SIG é a facilidade com que essa técnica

permite na manipulação de dados, pois, através do que os teóricos chamam de

álgebra de mapas (TOMLIN, 1990 apud BARBOSA, 1997) é possível identificar

áreas com graus de significância distintos através de cálculos entre dados

geográficos (TAGLIANI, 2003; GRIGIO, 2003) e, a partir dos resultados, traçar

planos de manejo sustentável para as áreas que foram identificadas mais frágeis.

Existem diversas técnicas para esses resultados serem obtidos como, por

exemplo, através de análise booleana. Essa técnica consiste de atribuir o valor 1 as

áreas propícias e 0 as áreas não propícias. Quando esses dados são multiplicados

uns contra os outros, o resultado indica o local que atendeu a todos os critérios.

Contudo e como essa técnica só se limita a identificar os locais que podem e os que

não podem, técnicas que pondera fatores são mais utilizadas porque, além de

identificas as áreas propícias, encontram também os locais que possuíram maior

pontuação dentre as áreas propícias, direcionando, em alguns casos, a

49

implementação de serviços nesses locais. Todavia, qual peso deve ser atribuído a

cada fator, uma vez que a realidade pode ser mascarar quando se pondera com

valores baixos fatores importantes e, de forma contrária, pontuam-se fatores

irrelevantes com pesos altos.

Infelizmente, toda e qualquer forma de ponderação pode ser utilizada de

forma a mascarar os resultados. Contudo e desde sua criação, uma técnica vem

sendo bastante utilizada nas áreas que envolvem análise multicriterial por causa de

sua facilidade de uso e confiabilidade dos resultados. Essa técnica é chamada de

Analytical Hierarchy Process (AHP), foi criada pelo estatístico Thomas Saaty na

década de 1970 e, segundo Câmara et al (2000) e Eastman et al.(1998) apud

Marinone (2004), é uma das técnicas mais promissoras.

Uma pesquisa bibliográfica feita por Vaidya & Kumar (2006) em 150 artigos

de diversos jornais internacionais de alta reputação identificou aplicações do AHP

atrelada ou não a outras técnicas em diversas áreas como, por exemplo,

planejamento e desenvolvimento, educação, engenharias, social, econômico,

política, etc.

Da mesma forma, essa técnica vem sendo largamente utilizada para a

seleção de áreas para aterro sanitário, em especial em conjunto com o SIG. De

acordo com Guiqin et al (2009), Siddiqui et al (1996) foram os primeiros a utilizar o

AHP em conjunto com o SIG para a seleção de áreas para aterro sanitário. E, após

esses autores, muitos outros também utilizaram essas técnicas em conjunto ou não

ou até mesmo com outras técnicas para identificar áreas propícias para o aterro

sanitário como, por exemplo, além dos já citados, Ramjeawon & Beerechee (2008)

nas Ilhas Maurícios, Ersoy & Bulut (2009) na Turquia e Samizava et al.(2008) no

Brasil.

2.7 O ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS (IQR)

Este índice leva em consideração as características de deposição dos

resíduos do município, possibilitando uma padronização na avaliação das condições

ambientais das instalações, diminuindo o nível de subjetivismo e também a uma

análise de comparação de maior significância. Os principais parâmetros de análise

50

são as características locais, a infra-estrutura implantada e as condições

operacionais.

Com relação às características locais, são observados os seguintes itens:

capacidade do solo, proximidade de núcleos habitacionais, proximidade de corpos

d'água, lençol freático, permeabilidade do solo, disponibilidade do solo, qualidade do

material de recobrimento, condições do sistema viário, isolamento visual e

legalização da área.

No tocante à infra-estrutura implantada, analisaram-se os itens: Isolamento

da área, existência de portaria/guarita, impermeabilidade da base do aterro,

drenagem do chorume, drenagem provisória e definitiva de águas pluviais, utilização

de trator de esteira e outros equipamentos de uso,condições de trânsito e acesso

das máquinas, tratamento do chorume, acesso a frente de trabalho, presença de

vigilantes, drenagem de gases, controle do recebimento de cargas, monitoramento

de águas subterrâneas e atendimento ao projeto de aterro.

Quanto às condições de operação, são avaliados: o aspecto geral da área, a

existência de lixo descoberto, o recobrimento do lixo, presença de urubus, presença

de moscas em grandes quantidades, presença de catadores, criação de animais,

resíduos de serviço de saúde, resíduos industriais, drenagem provisória e definitiva

de águas pluviais, drenagem do chorume, tratamento do chorume, monitoramento

de águas subterrâneas, equipe de vigilância e acessos internos.

Portanto, o IQR é um índice abrangente, devidamente fundamentado, que

leva em consideração as condições encontradas nos aterros dos municípios e

possibilita efetuar uma avaliação padronizada das condições ambientais das

instalações, diminuindo a subjetividade na análise e possibilitando a comparação

entre vários dados e informações sobre o tema (CETESB, 2002).

Cada item das condições citadas tem um peso de acordo com a avaliação. A

equação que define o IQR é dada por:

IQR = (A + B + C) /13

Onde:

A = somatório das características locais avaliadas pelos respectivos pesos;

B = somatório das características da infra-estrutura avaliadas pelos respectivos

pesos;

51

C= somatório das características operacionais avaliadas pelos respectivos pesos;

13 = denominador adotado para expressar o índice variando de 0 a 10, tendo em

vista que A+B+C pode variar de 0 a 130 (BRITO, 2008).

O Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos Sólidos – IQR, tem como

principais parâmetros de análise: as características locais, a infraestrutura

implantada e as condições operacionais conforme o Quadro 2 que representa a

matriz para cálculo do IQR com os seus devidos critérios e pesos.

Quadro 2 - Matriz para cálculo do IQR

52

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE - IDEMA

Quadro 2 - MATRIZ PARA CÁLCULO DO IQR

Municipio: Localização:. Área (ha):

Tipo da Unidade: Coordenadas: Latitude: Longitude: Altitude (m):

CARACTERÍSTICAS LOCAL (A) INFRA-ESTRUTURA IMPLANTADA (B) CONDIÇÕES OPERACIONAIS (C)

Subitem 01 Avaliação Peso Valor Subitem 02 Avaliação Peso Valor Subitem 03 Avaliação Peso Valor

Capacidade de suporte do solo Adequada 5

Cercamento da área

Sim 2

Aspecto geral

Bom 4

Inadequada 0 Não 0 Ruim 0

Proximidade de núcleos habitacionais Longe > 500m 5

Portaria/Guarita

Sim 2

Lixo a descoberto

Não 4

Próximo 0 Não 0 Sim 0

Proximidade de corpos d`água

Longe > 200m 3

Impermeabilização da base do aterro

Suficiente 5

Recobrimento do Lixo

Adequado 4

Próximo 0 Insuficiente 1 Inadequado 1

Inexistente 0 Inexistente 0

Lençol freático

> 3m 4

Drenagem de chorume

Suficiente 5

Presença de urubus

Não 1

1 a 3m 2 Insuficiente 1 Sim 0

< 1m 0 Inexistente 0 Presença de moscas em grande quantitade

Não 2

Permeabilidade do solo

Baixa 5

Drenagem de águas pluviais (definitiva)

Suficiente 4

Sim 0

Média 2 Insuficiente 2 Presença de catadores

Não 3 Alta 0 Inexistente 0 Sim 0

Disponibilidade de material para recobrimento

Suficiente 4

Drenagem de águas pluviais (provisória)

Suficiente 2

Criação de animais

Não 3

Insuficiente 2 Insuficiente 1 Sim 0

Inexistente 0 Inexistente 0 Resíduos de serviços de saúde

Não 3

Qualidade de material para recobrimento

Bom 2

Pá mecânica, trator de esteira e outros

Permanente 5

Sim 0

Ruim 0 Periódico 2 Resíduos industriais

Não (Adequado) 4

Condições do sistema viário, trânsito e acesso

Bom 3

Inexistente 0 Sim (Inadequado) 0

Regular 2 Outros equipamentos, transito e acesso

Sim 1 Drenagem pluvial definitiva

Bom 2

Ruim 0 Não 0 Regular 1

Isolamento visual Bom 4

Tratamento de chorume

Suficiente 5

Inexistente 0

Ruim 0 Inexistente 0

Drenagem pluvial provisória

Bom 2

Legalização da localização Permitido 5

Acesso a frente de trabalho

Bom 3

Regular 1

Proibido 0 Ruim 0 Inexistente 0

UBTOTAL - A = Vigilantes

Sim 1

Drenagem de chorume

Bom 3

IQR ENQUADRAMENTO Não 0 Regular 2

Drenagem de gases

Suficiente 3

Inexistente 0

0 ≤ IQR < 6 Condições inadequadas Insuficiente 1

Tratamento de chorume

Bom 5

6 ≤ IQR < 8 Condições controladas Inexistente 0 Regular 2

8 ≤ IQR ≤ 10 Condições adequadas

Controle de recebimento de cargas

Sim 2

Inexistente 0

Total

Não 0 Monitoramento das águas subterrâneas

Bom 2

Monitoramento de águas subterrâneas

Suficiente 3

Regular 1

IQR =

Insuficiente 2 Inexistente 0

Inexistente 0 Equipe de vigilância

Bom 1

Data da Visita: Atendimento ao projeto

Sim 2

Ruim 0

Parcialmente 1

Acessos Internos

Bom 2

Não 0 Regular 1

Consultor: SUBTOTAL - B =

Péssimo 0

SUBTOTAL - C =

53

Após o cálculo do IQR as disposições de locais de disposição e demais

características necessárias ao diagnóstico é realizada uma avaliação e estabelecido

o enquadramento apresentado na Tabela 13.

Tabela 13 – Enquadramento das instalações de destinação final de resíduos sólidos

urbanos em função dos valores de IQR

IQR ENQUADRAMENTO COR

0,0 ≤ IQR ≤ 6,0 Condições Inadequadas Vermelha 6,1 ≤ IQR ≤ 8,0 Condições Controladas Amarela

8,1 ≤ IQR ≤ 10,0 Condições Adequadas Verde Fonte: CETESB, 2008.

São Miguelo

Venha Vero

ooLuis Gomes

oRiachode Santana

Cel.João

Pessoa

Sales

Maj.

Dr.oSeveriano oEncanto

Água

oJoséda

Penha

oParaná o

Ten.Ananias

oMarcelinoVieira

oRafaelFernandes

oPau dos

Ferros

oFrancisco

São

doOeste

oDantas

Francisco

o

Alexandria

oPilões

oJoãoDias

oAntônio Martins

oFrutuosoGomes

oLucrécia

Alminoo

Afonso

oRafaelGodeiro

o

o

Serrinhados

Pintos

Martins

oViçosa

oUmarizal

oda CruzRiacho

oTabuleiroGrande

o

RodolfoFernandes

oSeverianoMelo

o Itaú

oOlho D'Água

dosBorges

oPatu

oMessiasTargino

o

oCampo Grande

oCaraúbas

oApodi

oGuerraFelipe

o

Janduís

Triunfo Potiguar

Paraúo

Upanemao

o

GovernadorDix-Sept Rosado

Mossoróo

Baraúnao

oTibau

oGrossos Areia Branca

o

Serra do Melo

Porto do Mangueo

Alto doRodrigues

oCarnaubais

o

Pendênciaso

Macauo Guamaré o

Pedro Avelinoo

Afonso Bezerrao

Ipanguaçuo

Itajáo

Assuo

São Rafaelo

Jucurutuo

Santana do Matoso Bodó

o

Angicoso

Fernando Pedrosao

Cerro Coráo

Lagoa Nova o

São Vicenteo

oTen.Laurentino

Cruz

Florâniao

Currais Novoso

odos Dantas

Carnaúba

o

Acarío

Cruzeta

oSão Josédo Seridó

o

o

o

o

ode Piranhas

JardimFernando

São

CaicóTimbaúbados

Batistas

Jardim do Seridó

o

o

o

o

o

o

odo NorteSerra Negra

São Joãodo Sabugi

Ipueira

BrancoOuro

Parelhas

do SeridóSantana

Equador

o

Galinhos

o o

o

o

o

o

o

o

o

o

o

o

o

o

o

o

oo

o

Caiçarado

Norte

São Bentodo Norte

GrandePedra São Miguel

do Gostoso

Touros

Parazinho

Jandaíra

Pedra Preta

João Câmara

Pureza Maxaranguape

Ceará - MirimTaipuPoço

Branco

Bento Fernandes

Jardim de

Angicoso Lajes

Extremoz

São Gonçalodo Amarante

oRiodo

Fogo

Ielmo Marinho

Caiçara doRio do Vento

o

São Tomé o

oRiachuelo

Ruy Barbosa

oSantaMaria NATAL

Macaiba o

o

oo

oo

o

o

o

o

o

oo

o o

o

o

o

o

BarcelonaSão Paulodo Potengi

São PedroParnamirim

Lagoade Velhos

Sen. Elói deSouza

BomJesus Vera Cruz

São Joséde Mipibu

NísiaFloresta

Monte AlegreSítio Novo

SerraCaiada

Boa Saúde

Lagoa Salgada

Lagoa de Pedras Arês

Sen. GeorginoAvelino

oGoianinha

o

o

o o

o

oo

o

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o

o

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o

o

o o

o

o

oo

oo

o

LajesPintada

CampoRedondo

Santa Cruz

Tangará

SãoBento

doTrairí

Cel. Ezequiel

JaçanãJapi

Monte das Gameleiras

Serra deS. Bento

Passae

Fica

São Josédo

Campestre

LagoaD'Anta

Serrinha

SantoAntônio

Nova Cruz

Brejinho

Passagem

Várzea

EspíritoSanto Canguaretama

Montanhas

PedroVelho

BaíaFormosa

VilaFlor

Tibaudo Sul

O CE

A NO A T

L

A

N

TI

C

o

o

o

o

o

o

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Caiçarado

Norte

São Bentodo Norte

GrandePedra São Miguel

do Gostoso

Touros

Parazinho

Jandaíra

Pedra Preta

João Câmara

Pureza Maxaranguape

Ceará - MirimTaipuPoço

Branco

Bento Fernandes

Jardim de

Angicoso Lajes

Extremoz

São Gonçalodo Amarante

oRiodo

Fogo

Ielmo Marinho

Caiçara doRio do Vento

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São Tomé o

oRiachuelo

Ruy Barbosa

oSantaMaria NATAL

Macaiba o

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BarcelonaSão Paulodo Potengi

São PedroParnamirim

Lagoade Velhos

Sen. Elói deSouza

BomJesus Vera Cruz

São Joséde Mipibu

NísiaFloresta

Monte AlegreSítio Novo

SerraCaiada

Boa Saúde

Lagoa Salgada

Lagoa de Pedras Arês

Sen. GeorginoAvelino

oGoianinha

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LajesPintada

CampoRedondo

Santa Cruz

Tangará

SãoBento

doTrairí

Cel. Ezequiel

JaçanãJapi

Monte das Gameleiras

Serra deS. Bento

Passae

Fica

São Josédo

Campestre

LagoaD'Anta

Serrinha

SantoAntônio

Nova Cruz

Brejinho

Passagem

Várzea

EspíritoSanto Canguaretama

Montanhas

PedroVelho

BaíaFormosa

VilaFlor

Tibaudo Sul

O CE

A NO A T

L

A

N

TI

CO

o

Portalegre

Faixas de IQR dos municípios do Rio Grande do Norte

0,0 ≤ IQR ≤ 1,992,0 ≤ IQR ≤ 3,994,0 ≤ IQR ≤ 5,996,0 ≤ IQR ≤ 7,998,0 ≤ IQR ≤ 10,0

Figura 1 – Faixas de IQR nos Municípios do Rio Grande do Norte

Fonte: Brito (2009)

54

2.8 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Considerando-se que a legislação ambiental brasileira estabelece como

sendo de competência dos municípios a gestão dos resíduos sólidos urbanos, as

ações desenvolvidas para a operacionalização do trabalho e aplicação das

metodologias foi a área onde está implantado o aterro sanitário de Massaranduba

localizado no município de Ceará Mirim do estado do Rio Grande do Norte.

O Município do Natal utilizava para a disposição final de todos os resíduos

sólidos produzidos na cidade, uma área situada no bairro de Cidade Nova

denominada forno do lixo. Os resíduos sólidos eram ali depositados sem obedecer

aos critérios técnicos necessários para uma disposição final adequada, constituindo-

se num foco de problemas ambientais e de saúde pública.

A partir do segundo semestre do ano de 1999 a Prefeitura Municipal de

Natal, através da Companhia de Serviços Urbanos de Natal (URBANA) desenvolveu

uma série de ações para remediar a área. Mesmo com o avanço considerável

alcançado com a implementação das obras, tais como: regularização e recobrimento

de cerca de 85% da área de resíduos sólidos expostos; proibição da entrada de

animais na área; execução de cerca; abertura de vias de acesso; construção de

valas para disposição de resíduos oriundos de serviços de saúde; implantação de

uma unidade de reciclagem; drenagem das águas superficiais e drenagem dos

gases, o local já não oferecia condições de absorver o produto da coleta de resíduos

sólidos da cidade e resolver os principais problemas que impediam a continuidade

de utilização da área para descarga de resíduos: a proximidade das residências;

camada de lixo velho de 20 a 30 metros, que leva a custos extremamente elevados

para impermeabilização de fundo; presença de grande quantidade de catadores no

local; inexistência de material de recobrimento; o lixão estava assentado em uma

área de dunas de alta permeabilidade e, principalmente, a exaustão de espaços

destinados ao descarrego de resíduos sólidos.

Vários problemas de saúde pública são verificados pela presença de animais

que do lixo se alimentam e de catadores de matéria orgânica para alimentação de

suínos. O posterior abate e vendas desses animais colocavam à população

natalense a uma série de doenças causadas pela ingestão de carnes contaminadas.

Outro problema era a proliferação de vetores transmissores de doenças, que

55

naquele local encontravam ambiente propício ao seu desenvolvimento, colocando

em risco a saúde da população circunvizinha.

A falta da estrutura técnica recomendada pelos critérios da Engenharia

Sanitária e Ambiental causa a poluição do solo, a contaminação dos aqüíferos e a

contaminação do ar através da fumaça gerada da queima permanente de lixo. Outro

fator importante a ser citado era a presença dos catadores, que dos resíduos sólidos

tiravam o seu sustento através da seleção de material reciclável, tarefa realizada

sem os mínimos cuidados necessários, como a utilização de Equipamentos de

Proteção Individual (EPI’s), tornando aquelas pessoas susceptíveis a uma infinidade

de doenças causadas pelo contato direto com os resíduos sólidos.

Ressalta-se, ainda, a proximidade do forno do lixo com o a proximidade com

o Aeroporto Augusto Severo, onde aeronaves civis e militares diariamente realizam

decolagens e aterrissagens, constituindo-se em enorme perigo de colisão entre as

mesmas e as aves, principalmente urubus que eram freqüentes naquela área devido

a disposição inadequada dos resíduos.

Pode-se, ainda, citar a proximidade do forno do lixo com a malha urbana do

Município do Natal, estando a menos de 500 metros dos bairros da Cidade Satélite e

Cidade Nova, expondo a população ali residente à convivência com vetores

transmissores de doenças como ratos e moscas oriundos dos resíduos sólidos de

onde retiram abrigo e alimentação.

O projeto de um Aterro Sanitário de acordo com todas as especificações da

Engenharia Sanitária e Ambiental, constituia-se numa alternativa técnica adequada a

receber os resíduos sólidos da área metropolitana de Natal, devendo ser escolhida

uma área que se enquadrasse nos requerimentos necessários a receber uma obra

deste porte. Este Aterro Sanitário resolveria todos os problemas apresentados,

sendo uma solução definitiva para as graves questões ambientais, sociais e de

saúde pública causados pela atual disposição final dos resíduos sólidos domiciliares

do Município do Natal.

A proposta seria utilizar tecnologia apropriada e de baixo custo, quando

comparada com outras alternativas de disposição final como a incineração.

56

2.8.1 Condicionantes da Área

A partir dos Estudos de Impacto Ambiental – SERECO EIA/RIMA. Serviços

ecológicos Ltda. Aterro sanitário de Massaranduba/Ceará Mirim – RN. Ceará Mnirim,

1999, foram definidas as premissas que compatibilizam o conhecimento do meio

físico, natural e antrópico, a legislação pertinente e os condicionantes tecnológicos

envolvidos.

A área destinada a construção do aterro sanitário tem uma superfície total de

2 hectares e está situado na BR 406 a 7 Km da Cidade de Ceará Mirim conforme

(Figura 2). Esta área seria ocupada pelo aterro sanitário, unidades administrativas,

infraestrutura de serviços e sistema de tratamento através de lagoas de contenção e

recirculação do percolado, pois como premissa definiu-se que não irá ser descartado

nenhum percolado tratado nos corpos hídricos do entorno do empreendimento.

Nesta área foram identificadas as infra-esruturas, materiais e serviços necessários à

execução do empreendimento, tais como os pontos de coleta de água subterrânea

para operação do aterro, localização de jazidas de materiais para construção (base,

cobertura e vias de acesso), áreas destinadas a operação de toda a infra-estrutura

de serviços prevista no Projeto. Além destes foram considerados os volumes de

resíduos previstos a serem aterrados e o tempo de vida útil do empreendimento, que

é de 20 anos.

57

Figura 2 – Localização da Sede

Fonte: Site do IBGE

58

Coordenadas Geográficas: latitude: 5º 38’ 04” Sullongitude: 36º 25’ 32”

Oeste Figura 3 – Coordenadas Geográficas

Fonte: Google Eath

2.8.2 Produção de Resíduos Sólidos

A partir de informações coletadas junto às Prefeituras que compõem o

CONSÓRCIO, observações de campo e ensaios realizados na destinação final foi

determinada a composição gravimétrica dos resíduos de cada município, a qual está

apresentada no Quadro 3.

Quadro 3 – Composição gravimétrica dos resíduos de cada município

Municípios Matéria orgânica

Metal Plástico Vidros Papel/ Papelão

Outros Inertes

Natal 53,05 0,71 6,09 9,59 11,50 5,23 16,63 Ceará Mirim

70,75 3,87 8,48 1,37 5,43 1,62 8,50

Fonte: Pesquisa de campo- EIA/RIMA (1999)

59

Considerando se esta composição e os valores de geração de resíduos para

os Municípios de Natal e Ceará Mirim (Quadro 3) foi possível se fazer as previsões

de volumes e áreas necessárias para o aterro. Para o calculo da previsão da

quantidade de resíduos gerados foi necessário se fazer as seguintes considerações:

• A população urbana utilizada como base para os cálculos referiu-se

a fornecida pelo IBGE, 2000;

• A taxa de crescimento da população urbana foi fornecida pelo IBGE, 2000 no

valor de 1,98%a.a. para Natal e 1,79% a.a. para Ceará Mirim.

O Quadro 4 apresenta os valores do resumo da geração de resíduos sólidos

para os municípios de Natal e Ceará Mirim.

Quadro 4 – Estimativa de geração de resíduos no ano base de 2002

Município Quantidade de Resíduos

(tonelada/dia) Geração per capita média

(kg/hab/dia) Domiciliar Urbano Saúde Domiciliar Urbano Saúde

Natal 627,6 601,7 6,2 0,83 0,80 0,01 Ceará - Mirim 40,0 1,2 - -

TOTAL 667,6 601,7 6,2 - - - Fonte: SERECO EIA/RIMA. Serviços ecológicos Ltda. Aterro sanitário de

Massaranduba/Ceará Mirim – RN (1999).

A partir dos dados acima apresentados foi calculada a estimativa de geração

de resíduos para o período de 20 anos (vida útil do aterro sanitário). Neste sentido

foram realizadas as seguintes considerações:

• Cálculo de geração de resíduos foi considerado a geração “per capita” de

cada um dos Municípios de Natal e Ceará-Mirim;

• A determinação do volume de resíduos foi considerada uma densidade de

0,85t/m3, referente ao lixo compactado dentro da célula;

• Os valores de quantidade de resíduos consideraram-se apenas os resíduos

domiciliares dos Municípios de Natal e Ceará Mirim.

60

2.8.3 Área Necessária para o Aterro

A partir da produção de resíduos estimados no ítem anterior procedeu-se a

previsão da área necessária para operar o aterro durante 20 anos, ou seja, temos

um volume de aterramento previsto de 9.093.035m3 ou 7.729.080 toneladas de

resíduos. O valor obtido está apresentado no Quadro 5.

Quadro 5 – Volume necessário para 20 anos

Resíduos Domiciliares Quantidades Produção Acumulada 7.729.080 ton Recalques (20%) 1.545.816 ton Produção a ser aterrada 6.183.264 ton Densidade 0,85 ton/m3 Volume Acumulado 7.274.428 m3 Volume Final (com 10% coberturas) 8.001.871 m3

Considerando os valores de volume final foi definida uma altura de operação

de 16 metros, que permite a determinação de uma área de aterramento de cerca de

50 hectares. A área restante será utilizada para infra-estrutura de serviços e

circulação por vias internas. A partir destes valores foi definida a geometria e o lay-

out geral do aterro sanitário.

2.8.4 Síntese do Diagnóstico Ambiental

- Hidrologia Superficial

Manoel Filho (1971), estudando a hidrografia da Folha Paraíba NO, aonde

se insere o aterro sanitário de Massaranduba, informa que rede hidrográfica

deságua, toda ela, na costa oriental, sendo os principais rios, o Ceará Mirim, o

Maxaranguape e o Potengí. Os dados hidrológicos disponíveis sobre o regime

desses rios são escassos e antigos e, quase nada permitem concluir. Os demais são

pequenos riachos independentes, que nascem na zona litorânea de dunas e que são

alimentados durante grande parte do ano por ressurgências difusas, oriundas das

restituições de água subterrânea.

61

A exceção a essa regra é a bacia hidrográfica do rio Doce, localizada entre

as bacias do Ceará Mirim, composta pelo rio do Mudo e pelo rio Guajirú, que

deságuam na lagoa de Extremoz, que ao sangrar forma o rio Doce, fluindo direção à

costa oriental. Esta bacia está na área de influencia direta do aterro (Figura 4).

Figura 4 – Bacia Hidrográfica Doce

Fonte: Manoel Filho (1971)

A bacia hidrográfica do Rio Doce, que desaguava anteriormente no Oceano

Atlântico pela costa da praia da Redinha, e após dragagem, deságua atualmente no

braço de maré do Rio Potengí, é composta por dois cursos d’água, o Rio Guajirú e o

Rio do Mudo, os quais se confluem formando a Lagoa de Extremoz, cujo

desaguadouro recebe a denominação de Rio Doce.

- Comportamento Hidrográfico na Região do Aterro Sa nitário

O local do aterro sanitário de Massaranduba está situado no divisor de

águas dos rios do Guajirú e do Mudo, na bacia hidrográfica do Rio Doce, que

atualmente limita a pressão da conurbação dos municípios da Grande Natal, carece

o local de estudos e informações básicas, necessárias ao processo de planejamento

econômico e urbano ordenado (Figuras 5 e 6).

62

Figura 5 – Rio do Mudo

Fonte: Melo (1996)

Figura 6 – Rio Guagirú

Fonte: Melo (1995)

Em razão da importância que essa região tem para o Rio Grande do Norte,

notadamente para região conurbada da Grande Natal, a Universidade Federal do

Rio Grande do Norte solicitou o apoio financeiro do Fundo de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico para o projeto de Pesquisa "Potencialidades Hídricas e

Impactos Ambientais nas Bacias Hidrográficas do Rio Doce e Ceará Mirim ".

Melo (1996), fazendo a revisão bibliográfica, considera:

Os recursos hídricos e agrícolas das bacias dos rios Doce e Ceará Mirim são pouco conhecidos. Os trabalhos existentes são a nível de reconhecimento, escala regional ou muito localizados, o que tem dificultado uma avaliação confiável de suas reservas e disponibilidades. Não se dispõe de estudos sobre os impactos

63

ambientais nas águas subterrâneas e superficiais das bacias dos rios Dôce e Ceará Mirim.

Convém assinalar o trabalho de Melo (1995), que trata dos impactos do

desenvolvimento urbano nas águas subterrâneas da Zona Sul da cidade de Natal.

De acordo com o mesmo, “o sistema de saneamento com disposição local de

efluentes, mediante o uso de fossas e sumidouros e a ocupação irregular e

desordenada do terreno, constituem-se nas atividades de maiores efeitos

degradacionais das águas e solos".

Castro (2001), fazendo a análise do quadro atual no contexto do

gerenciamento dos recursos hídricos, informa que, e recomenda:

• O Sistema Aqüífero-Lacustre Extremoz dispõe de um elevado potencial hídrico

de excelente qualidade, representado pelas águas subterrâneas do aqüífero

Barreiras e da Lagoa de Extremoz;

• As atividades urbanas e industriais constituem as fontes potenciais de

contaminação;

• É de fundamental importância a implantação de um sistema de saneamento

com rede de esgotos sanitários;

• A efetivação, dentro desse contexto, do gerenciamento dos recursos hídricos,

tendo como base a outorga de direito de uso d’água, as licenças de obras

hídricas, a criação da associação dos usuários e de um comitê de Bacia

(Figuras 7 e 8).

Figura 7 – Sangradouro da Lagoa de Extremoz

Fonte: Castro (2001)

64

Figura 8 – Lagoa de Extremoz – Vista panorâmica

Fonte: Castro (2001)

Em razão do acima exposto a operação do aterro sanitário de

Massaranduba, longe de ser um problema teria que ser uma solução.

- Clima

O clima foi caracterizado pelos seguintes elementos: precipitações,

temperaturas, ventos, umidade relativa, insolação, evaporação, evapotranspiração e

semi-aridez.

- Precipitações

As alturas de chuva variam, de leste para oeste, desde 1599 mm, em Natal,

até 393 mm em Queimadas, e as isoietas se alinham quase paralelamente umas às

outras, de sul para o norte (Figura 9).

65

Figura 9 – Isoietas Médias Anuais - Folha da Paraíba-NO

Fonte: TAHAL/SONDOTÉCNICA (1969)

Os valores médios mensais foram tomados a partir de 7 (sete) Estações

(Ceará Mirim, Jardim de Angicos, João Câmara, Macaíba, Queimadas, São Paulo do

Potengí, Taipú e Touros), no período de 1911 a 1958.

Os histogramas dessas estações revelam que o período chuvoso da área se

estende de janeiro a agosto, com as seguintes tipicidades:

• Nas estações mais interiores os valores máximos são em abril;

• Na costa leste, os valores máximos se verificam em junho e as chuvas

alcançam o mês de setembro como, por exemplo, em Natal;

66

• Na costa norte, os valores máximos têm lugar, como no interior, no mês de abril.

- Temperaturas

Os valores de temperaturas estão disponíveis apenas para as estações de

Macaíba e Natal (Quadro 6).

• Em Macaíba a temperatura média anual é de 24,1ºC, a máxima média é de

30,8ºC, e a amplitude térmica média de apenas 10,5ºC (1914-1942);

• Em Natal a média é de 26,1ºC, a máxima média é de 29,3ºC, e a amplitude

térmica média é de 6,3ºC (1912-1917,1921-1922,1924-1942).

Quadro 6 – Temperaturas Normais Anuais e Extremas (ºC)

POSTO MACAÍBA NATAL Período 1914-1942 1914-1963 1912-1942 1912-1967 Média das Máximas

30,8 30,8 29,3 29,1

Média das Mínimas

20,3 20,6 22,9 22,7

Média Compensada

24,1 25,2 26,1 26,0

Máxima Absoluta

35,5 35,5 33,7 36,7

Mínima Absoluta

13,4 13,4 16,6 14,8

Fonte: TAHAL/SONDOTÉCNICA (1969)

- Ventos, Umidade Relativa e Insolação

Para Manoel Filho (1970) a direção predominante dos ventos é sudeste, e a

velocidade média varia de 4,6 m/s em Natal a 2,4 m/s em Macaíba; enquanto que a

umidade relativa do ar varia pouco e se mantém, em média, em torno de 80% e a

insolação média anual é de 2954 horas (Quadros 7 e 8)

Quadro 7 – Normais de Velocidade Média e Direção dos Ventos

POSTO/PERÍODO NATAL 1913-1933 MACAÍBA 1914-1963 MÊS V (m/s) Direção V (m/s) Direção Janeiro 4,2 SE 3,4 E Fevereiro 4,2 SE 3,2 E

67

Março 3,9 SE 3,1 E Abril 4,2 SE 3,0 SE Maio 4,0 SE 3,1 SE Junho 4,2 SE 3,3 SE Julho 4,8 SE 3,4 SE Agosto 4,9 SE 3,9 SE Setembro 4,4 SE 3,5 SE Outubro 4,3 SE 3,5 SE Novembro 4,2 SE 3,6 E Dezembro 4,9 SE 3,4 E

Fonte: TAHAL/SONDOTÉCNICA (1969)

Quadro 8 – Normais de Umidade Relativa

POSTO E PERÍODO NATAL (1913 -1967) MACAÍBA (1914 -1963) NORMAL MENSAL: Janeiro 79,5 75,2 Fevereiro 76,0 76,5 Março 76,0 79,0 Abril 80,2 82,9 Maio 80,9 83,7 Junho 81,3 84,0 Julho 80,9 83,2 Agosto 78,4 80,2 Setembro 76,2 77,9 Outubro 74,6 74,9 Novembro 74,8 74,1 Dezembro 79,5 74,4 NORMAL ANUAL: 77,3 78,8

Fonte: TAHAL/SONDOTÉCNICA (1969).

Evaporação e Evapotranspiração – Em Natal, segundo Manoel Filho

(1970), a evaporação média anual, medida em tanque “Classe A”, é da ordem de

1800 mm, e a evapotranspiração potencial é da ordem de 1500 mm.

As “Normais Climatológicas da Área da SUDENE”, publicadas em 1963

(períodos apurados de 1912-1917, 1921-1922, 1924-1942), constatou-se que para o

período de 1913-1967, o mês de maior evaporação diária é novembro com 214 mm

mensais, ou seja, 7 mm/dia; e mês de menor evaporação diária é junho com 114

mm mensais, ou seja 3,8 mm/dia.

No (Quadro 9), apresenta-se a climatização dos municípios da grande Natal,

área do entorno do aterro sanitário de Massaranduba e que destinam seus resíduos

sólidos urbanos para o referido aterro.

68

Quadro 9 – Caracterização Climatérica dos Municípios da Grande Natal

Município Ceara-Mirim Extremoz Macaíba Natal Parnamirim

São G. do Amarante

Tipo de Clima

Sub-Úmido

Úmido a Sub-Úmido

Úmido Sub-Úmido Úmido

Úmido a NW. Sub-Úmido a SE

Úmido a Sub-Úmido a W

Precipitação Pluviométrica 1. Média Anual

1079,0mm 1500,0mm

1027,1mm

1562,1mm 1650,0mm 1450,0mm

2. Máxima Anual

2098,2mm xxxxxxxxx

1858,4mm

3510,9mm xxxxxxxxx xxxxxxxxx

3 Mínima Anual 398,2mm xxxxxxxxx 479,2mm 530,1mm xxxxxxxxx xxxxxxxxx Período Chuvoso Março a Fevereiro a

Março a Julho

Fevereiro a Fevereiro a Fevereiro a

Agosto Setembro Setembro Setembro Setembro

Temperatura Média Anual 25,3ºC 26,1ºC 27,1ºC 27,1ºC 27,1ºC 27,0ºC Umidade relativa ar média anual 79% 77% 76% 76% 79% 76%

Fonte: Informativo Municipal IDEMA (1999)

Na (Figura 6) apresenta-se a localização dos municípios do entorno da área

do aterro sanitário, que recebe os resíduos sólidos urbanos dos mesmos.

Figura 6 – Localização dos municípios e da área em estudo

Fonte: IBGE (1999)

69

- Clima no Município de Ceará Mirim

O IDEMA (1999) informa a seguinte caracterização climatérica para o

Município de Ceará Mirim:

Tipo: Sub-Úmido;

Precipitação pluvial anual:

Média: 1.079,0 mm,

Máxima: 2.098,2 mm e,

Mínima: 398,5 mm;

Período chuvoso: março a agosto;

Temperatura média anual: 25,3º C;

Umidade relativa do ar média anual: 79%.

A SUDENE (1984), levantou os dados de pluviometria mensal de dois postos

meteorológicos no município de Ceará Mirim:

- Posto de Jacumã (Nº3819156, Cód. Nac.00535016), instalado em 1956 pelo DNOS

em 1956 (latitude: 5º35´, longitude: 35º14´, altitude: 5 m), com dados de 1963 a

1983;

- Posto de Ceará Mirim (Nº3819216, Cód. Nac. 00535027), instalado pela IFOCS em

1910 (latitude: 5º38´, longitude: 35º26´, altitude: 40 m), com dados de 1910 a 1979.

Os dados pluviais mensal do posto Ceará Mirim estão recuperados em

anexo ao fim do capítulo e, devidamente tratados na (Figura 11) e (Quadro 10) a

seguir:

- Pluviometria média mensal: máximas, médias e mínimas;

- Pluviometria mensal: anos de maior (1974) e menor (1956) precipitação;

- Pluviometria mensal: quadro sinótico

- Clima na Área do Aterro Sanitário

Castro (2001), analisou o condicionamento físico da Bacia do Rio Doce,

subdividindo-o em três partes, em função dos aspectos climatológicos e geológicos,

70

localizando-se a área do aterro sanitário de Massaranduba na parte central (Figura

11).

Os aspectos climatológicos identificados foram os seguintes:

- Precipitação média anual: 1.032 mm,

- Temperatura média anual: 25,4ºC e,

- Insolação média anual: 2600 horas.

Os valores detectados em tudo se assemelham aos encontrados para o

Posto de Ceará Mirim, com pluviometria média anual: 1.079 mm e temperatura

média anual de 25,3ºC.

Figura 11 – Bacia do Rio Doce – aspectos climatológicos e geológicos

Fonte: Castro (2001)

O trimestre mais seco do ano é outubro/ novembro/dezembro, enquanto que

o mais úmido é abril/maio/junho, ficando a precipitação média anual em torno de

1.082 mm (média histórica de 67 anos). O Quadro 10 apresenta a média da

pluviometria do Município de Ceará Mirim.

Quadro 10 – Dados pluviométricos de Ceará Mirim

Meses Precipitação Média Evapotranspiração Precipitação Média - Evapotranspiração

Janeiro 49,8 204 -154,2 Fevereiro 87,1 178 -90,9 Março 152,2 168 -15,8 Abril 189,5 134 55,5 Maio 157,3 127 30,3 Junho 166,1 114 52,1

71

Julho 128,2 121 7,2 Agosto 65,4 150 -84,6 Setembro 31,2 180 -148,8 Outubro 15 216 -201 Novembro 11,4 214 -202,6 Dezembro 27,9 215 -187,1 TOTAL 1081,1 2021 -939,9

Fonte: Informativo Municipal IDEMA (1999).

2.8.5 Geologia

- Geologia do Município de Ceará Mirim

O IDEMA (1999), descrevendo os Aspectos Geológicos do Município de

Ceará Mirim, insere-o principalmente na área de abrangência do Grupo Barreiras,

com idade do Terciário Superior, nele predominando argilas, arenitos, arenitos

conglomeráticos, siltitos, arenitos caulínicos, inconsolidados e mal selecionados.

As rochas do Grupo Barreiras estão recobertas localmente por extensas

coberturas arenosas coluviais e eluviais indiferenciadas, que formam solos

altamente permeáveis e lixiviados.

Próximo ao litoral e recobrindo toda a seqüência estão as Paleodunas ou

Dunas Fixas com idade do Quaternário, compostas por areias inconsolidadas e bem

selecionadas de origem marinha, que foram transportadas pela ação do vento

(eólica) formando cordões, altamente fixados por vegetação.

Acompanhando a faixa litorânea estão depositados os sedimentos areno-

quartzosos, transportados pelos ventos que compõem as Dunas Móveis (ou Dunas

Recentes), também de origem marinha.

Enquanto nos vales dos leitos dos principais rios que cruzam a área do

município, estão depositados os sedimentos clásticos de origem continental,

formadores das aluviões recentes (Idade Quaternária).

No limite oeste do município, nas partes baixas dos vales principais rios,

podem aflorar xistos com granitos, gnaisses, migmatitos e localmente rochas tanto

do Embasamento Cristalino (Idade Pré-cambriana) quanto rochas pertencentes a

seqüência sedimentar da Bacia Potiguar, com calcários, argilitos e folhelhos de

Idade Cretácea.

72

Damasceno et al (1986), estudando as microfácies carbonáticas da região

ocidental de Natal, enfoca os calcários aflorantes em Macaíba (BR 226, Pajussara),

São Gonçalo do Amarante (Fazenda Califórnia, Fazenda Arvoredo, Fazenda

Massaranduba) e Ceará Mirim (Itapassaroca, Jacoca e Veadas), conclui que

compreendem microfácies compostas em comum, com dominância de microsparitos

dolomíticos com quartzo, com intensa dolomitização.

- Geologia da Área do Aterro Sanitário

Na área de localização do aterro foram realizadas inicialmente quatro

sondagens geológicas e, posteriormente, construídos um poço tubular e quatro

piezômetros, destinados ao abastecimento d’água e monitoramento do

empreendimento. Para o estudo geológico em detalhe da área do aterro e do seu

entorno, verificou-se em superfície a predominância dos sedimentos terciários, com

suas coberturas arenosas, como principal formação aflorante, estando recoberta por

depósitos aluviais nos vales dos rios Guajiru e do Mudo, e recobrindo quase

totalmente os sedimentos cretáceos, com o topo dos quais fazem contato na sua

base (Figuras 12, 13 e 14).

Figura 12 – Área do aterro - Coberturas arenosas

Fonte: IDEMA (1999)

73

Figura 13 – Grupo Barreiras – Unidade superior

Fonte: IDEMA (1999)

Figura 13 – Grupo Barreiras – Unidade inferior

Fonte: IDEMA (1999)

Apenas na Fazenda Massaranduba afloram os sedimentos cretáceos,

localmente representados pela seqüência carbonática superior, sendo a rocha um

microsparito dolomítico, com uma composição de 91,86% de dolomita (Figura15).

74

Figura 15 – Microsparito dolomítico da Fazenda Massaranduba

Fonte: IDEMA (1999)

Nesse local existe o poço tubular que intercepta a seqüência carbonática

superior e a seqüência clástica inferior até o embasamento cristalino.

A análise correlativa dos perfis geológicos provou a existência de um

sistema de falhas afetando o pacote dos sedimentos terciários e cretáceos, como

bem demonstram os perfis geológicos.

Os dados levantados dos poços da região foram cadastrados em um banco

de dados onde estão contidas as coordenadas X, Y, Z e respectivo datum,

profundidade, nível estático, nível dinâmico, vazão, informação da existência ou não

do perfil do poço e eventuais observações, além dos intervalos, resumo dos

materiais descritos e litologias encontradas nos perfis dos poços.

Os demais mapas temáticos como altimetria, hidrografia, vias de acessos,

áreas urbanas, seções verticais, entre outros, estão armazenadas em um ambiente

SIG (Sistema de Informações Georeferenciadas) onde podem ser feitas a

manipulação e atualização dos dados, além do tratamento tridimensional. Este

possibilitou a visualização e análise da morfologia da superfície estudada e uma

melhor visualização espacial das seções e poços gerados na área do aterro (Figura

16).

75

Figura 16 – Modelo Digital de Elevação mostrando a área do aterro (ao fundo), lagoa de

Extremoz e os Rios Guajiru e do Mudo (Exagero vertical de 15x) Fonte: EIA/RIMA

- Litologia e Estratigrafia

Os mapas temáticos como altimetria, hidrografia, vias de acessos, áreas

urbanas, seções verticais, entre outros, estão armazenadas em um ambiente SIG

(Sistema de Informações Georeferenciadas) onde podem ser feitas a manipulação e

atualização dos dados, além do tratamento tridimensional. Este possibilitou a

visualização e análise da morfologia da superfície estudada e uma melhor

visualização espacial das seções e poços gerados na área do aterro

Os perfis litológicos obtidos com a execução das sondagens no local do

aterro (ver EIA/RIMA), mostram um pacote sedimentar, constituído basicamente por

areias e arenitos argilosos , com coloração variada e granulometria de fina a média.

A presença de siltitos, intercalação de caulim e níveis de seixos também são

observados. Estes litotipos são característicos do Grupo Barreiras, já descritos na

geologia regional, com idade atribuída ao Tercio-quaternário.

A análise dos perfis permite ainda individualizar 03 (três) unidades

litoestratigráficas presentes no pacote insaturado, as quais denominaremos

informalmente aqui de unidades A, B, C, e que serão descritas a seguir do topo

para a base (Figura 17).

Unidade A – Formada por um solo areno-argiloso, homogêneo, coloração

variando de creme a amarelado, bem caracterizado em todas as sondagens, e com

76

espessura variando de 6 a 9 metros. Pode-se inferir duas hipóteses de gênese para

este estrato; a primeira seria o retrabalhamento do Grupo Barreiras, devido a ação

do intemperismo, dando origem a uma cobertura areno-argilosa; a segunda seriam

vestígios de DUNAS antigas preservadas, entretanto estudo sedimentológicos mais

acurados, como por exemplo morfoscopia do grãos, poderiam dirimir esta dúvida.

Unidade B – Caracterizada por arenitos argilosos, por vezes siltosos, de

coloração predominantemente avermelhada e granulometria de fina a grossa, sendo

observados ainda níveis de caulim. Intercalações de arenitos amarelados foram

identificados nas sondagens, 01 e 02. A variação da espessura é bastante

significativa, variando de 8,0 metros (S-04) a 27 metros (S-01).

Unidade C – É constituída por arenitos e siltitos variando de amarelado a

esbranquiçado com presença significativa de caulim, e granulometria fina a média,

com lentes de níveis grosseiros. A espessura até o nível saturado (lençol freático),

varia de 9,0 metros (S-02) a 4,0 metros (S-03).

A individualização destas duas unidades se trata apenas de tentativas de

detalhamento da zona insaturada, e possui caráter informal. De ponto de vista

regional estas unidades (B e C), devem ser analisadas em conjunto, como parte

integrante do Grupo Barreiras, provavelmente pertencentes a Formação Guararapes

(Mabessone et al. 1968).

77

Figura 17 – Descrição litológica detalhada

Fonte: IDEMA (1999)

- Hidrogeologia

Visando caracterizar a condutividade hidráulica (K), do meio insaturado,

foram executados, pelo IDEMA, 06 (seis) ensaios de infiltração aproveitando para

tanto, os furos de sondagens de reconhecimento. O método utilizado foi

desenvolvido por Gilg e Gavard (1957), para ensaios com revestimento, e Ródio

(1960), para ensaios sem revestimento, descritos por ABGE (1996).

Os intervalos a serem testados foram previamente definidos de maneira que

todas as 03 (três) unidades estratigraficas descritas no item anterior fossem

testadas. Em função da profundidade do intervalo e das características do estrato, o

furo era ou não revestido com tubos de PVC de 4” de diâmetro.

Os resultados da condutividade hidráulica (K) obtidos variaram de 2,700 x

10-4 a 1,260 x 10-4 cm/s, conforme mostra o Quadro 11, o que evidencia uma

homogenidade das características hidrodinâmicas do meio insaturado, e estão

compatíveis com os litotipos identificados nas sondagens, como pode ser observado

no Quadro 11, desenvolvida por Mello & Teixeira (1967).

78

Quadro 11 – Valores de Condutividade Hidráulica

Fonte: Mello & Teixeira (1967).

A ordem de grandeza obtida, para a condutividade hidráulica (K) da zona

não saturada (10-4cm/s), demonstra que a área do aterro tem uma certa

vulnerabilidade, e qualquer ação importante produzida na superfície, na área do

aterro sanitário, deve ser precedida de uma total impermeabilização da superfície do

solo, sob pena de se correr um risco elevado da contaminação do lençol freático no

local, e por conseqüência o aqüífero regionalmente.

Após a análise dos dados e produtos obtidos pode-se efetuar alguns

comentários sobre o funcionamento hidráulico do Aqüífero Barreiras, no âmbito da

área do aterro sanitário e adjacências.

Com base nos dados das seções hidrogeológicas, bem como nas amostras

de calha coletadas quando da execução das sondagens para os ensaios de

infiltração, observou-se que o aqüífero em estudo é composto basicamente por três

unidades hidroestratigráficas individuais. As seções foram elaboradas no sentido

perpendicular as equipotenciais e mostra nitidamente o sentido do fluxo subterrâneo

em direção ao dreno superficial, formado pelo rio Guajiru, fato este, que se ajusta

perfeitamente aos resultados obtidos com o mapa potenciométrico. Pode-se

observar ainda a continuidade lateral, das unidades estratigraficas descritas, bem

como a variação da profundidade do lençol freático, em função da superfície

topográfica do terreno.

A configuração do mapa potenciométrico, bem como da superfície

potenciométrica, verifica-se que a mesma acompanha normalmente a superfície do

terreno, demonstrando cabalmente, que o aquífero Barreiras na área do aterro é o

do tipo livre. Nesta área observa-se que a topografia do terreno apresenta cotas

topográficas variando aproximadamente entre 60 e 80m. Em direção ao Rio Guajiru

Sondagens Intervalo

(m) ∆h (m) t(seg) r(m) h0(m) d1(m) d(m) L(m) K cm/s

S1 10 – 17 4,298 1800 0,088 7 - - 2,7X10-4 S2 20 - 33 10,83 1800 0,063 13 - - 1,9X10-4 S3 12 – 14 5,554 1200 - 9,4 0,101 0,127 2 1,3X10-4 S4 12 – 13 8,85 1800 - 12,5 0,101 0,127 1 1,4X10-4 S5 4,0 – 6,0 4,736 1800 - 5 0,101 0,127 2 1,3X10-4 S6 8,0 – 9,0 5,939 1800 - 8,5 0,101 0,127 1 1,4X10-4

79

tais cotas vão decrescendo com uma suave inclinação, até que num dado setor (no

alinhamento entre os poços P-43 e S-06) a topografia bruscamente torna-se íngreme

e com altos gradientes de relevo, atingindo uma cota topográfica de 16,15m no Poço

P-11. Essa variação brusca de inclinação do terreno pode estar contribuindo de

sobremaneira para uma também variação brusca da superfície potenciométrica,

passando de gradientes suaves no interior da área do aterro sanitário para fortes

gradientes em direção ao Rio Guajiru. Essa é uma característica marcante em

sistemas aqüíferos livres: a superfície potenciométrica normalmente acompanha a

superfície do terreno, como observado nesse setor.

A presença de um dreno superficial (Rio Guajiru), juntamente com uma

superfície potenciométrica íngreme nas imediações do mesmo e diminuindo de

inclinação em direção a NW, pode sugerir a presença de um possível divisor d’água

subterrânea um pouco mais a NW da área estudada. Essa suspeita é corroborada

pela existência de outro dreno superficial mais a NW (Rio do Mudo), no qual foram

observadas ressurgências de águas subterrâneas perenizando o mesmo. Essa

hipótese carece de maiores investigações no setor a NW da área estudada para

eventual confirmação. A Figura 18 mostra os perfis hidrogeológicos da área do

aterro sanitário. LEGENDA

LEGENDA

Figura 18 – Perfis hidrogeológicos

80

Fonte: DNPM (1998)

Essas unidades ocorrem ao longo de toda a área estudada e os ensaios de

infiltração mostraram que as mesmas possuem valores similares de permeabilidade.

As três fáceis litológicas identificados podem ser correlacionados, basicamente, aos

sedimentos do Grupo Barreiras (de idade terciária): arenitos finos a grossos,

argilosos e de coloração variegada.

Esse contexto permitiu a caracterização de tais sedimentos como uma

unidade aqüífera única, denominada nesse trabalho como Sistema Aqüífero

Barreiras, com características de um aqüífero do tipo livre. As águas de chuvas

(recarga) ao se precipitarem na superfície do terreno seriam prontamente infiltradas

através desses sedimentos, sendo conduzidas através do meio insaturado em

direção à parte basal do pacote de sedimentos correlacionados ao Grupo Barreiras,

onde as mesmas são armazenadas.

Apesar das sondagens não terem atingido a base desses sedimentos, dados

de mapas geológicos (DNPM, 1998) e de perfis de poços existentes na região

mostram que os sedimentos do Grupo Barreiras repousam sobre calcários

(calcarenitos e calcilutitos) que podem ser correlacionados à Formação Jandaíra, de

idade cretácica, os quais constitue-se no substrato impermeável do Aqüífero

Barreiras na região.

81

Quando as águas de recarga atingem o meio saturado do Aqüífero

Barreiras, as mesmas são conduzidas por diferença de potencial hidráulico em

direção a SE e possivelmente também para NW e/ou NE, se de fato existir um

divisor d’água. Esses fluxos d’águas subterrâneas são descarregados nos rios

Guajiru e do Mudo, respectivamente, contribuindo para a perenização dos mesmos.

O contexto fisiográfico da região entre os Rios Guajiru e do Mudo, a

configuração das equipotenciais e a disposição das seções hidrogeológicas na área

estudada sugerem que as águas de chuvas ao se precipitarem um pouco mais à

oeste da área do aterro sanitário seriam infiltradas no subsolo até atingirem as

águas subterrâneas, com posterior fluxo em direção a SE, alimentando o Rio

Guajiru.

- Hidroquímica

Essa etapa foi realizada, pelo IDEMA,a partir da coleta de amostras d’água

superficiais do Rio Guajiru e de águas subterrâneas nas sondagens geológicas

realizadas na área do aterro sanitário. As amostras oriundas das sondagens foram

coletadas imediatamente após a perfuração das mesmas, ao passo que as amostras

superficiais foram coletadas diretamente no leito do Rio Guajiru. Visando classificar

hidroquimicamente as águas superficiais do Rio Guajiru e do Aqüífero Barreiras na

área do aterro sanitário estudado, foram plotados em um diagrama de Piper os

valores dos íons dominantes (Ca2+, Mg2+, Na+ + K+, HCO3-, SO4- e Cl-) expressos em

unidade de meq/L em percentagem do total de ânions e do total de cátions

(Figura19). Os valores de tais íons foram plotados inicialmente em dois triângulos,

de cátions e ânions, sendo em seguida transportados para um losango, o qual

determina a classificação do tipo químico das águas em análise.

A adoção dessa metodologia para os resultados analíticos obtidos permitiu

classificar as águas do aqüífero Barreiras como do tipo cloretada-sódica. Grande

parte das amostras mostrou uma homogeneidade quanto à proporção dos cátions e

ânions principais. A amostra d’água subterrânea da sondagem S-03 apresentou um

ligeiro enriquecimento nos íons Na+ e Cl-, ao passo que a amostra da sondagem S-04

mostrou um leve enriquecimento em Mg2+, quando comparadas com as demais

amostras.

82

A amostra d’água subterrânea da sondagem S-01 também mostra um

suave enriquecimeto em Cl- do que as demais amostras, que apresentaram

proporções relativas mais homogêneas desse mesmo íon e dos demais.

As amostras de águas superficiais oriundas do Rio Guajiru foram coletadas

nas seguintes coordenadas UTM: RG-01=236.646 kmE/9.363.866 kmN; RG-

02=236.692 kmE/9.365.866 kmN. As mesmas tiveram como objetivo principal a

caracterização dos níveis de background dos íons principais presentes em tais

águas, nas proximidades do aterro sanitário. Estas águas também são classificadas

como do tipo cloretada-sódica, mostrando proporções relativas das concentrações

dos íons principais muito parecidas com as águas subterrâneas. Porém, os teores

de tais constituintes (Ca2+, Mg2+, Na+ + K+, HCO3-, SO4- e Cl-) nas águas do Rio

Guajiru são bem superiores aos das águas subterrâneas do aqüífero Barreiras.

Figura 19 – Diagrama de Piper para as águas do Rio Guajiru e subterrâneas do Aqüífero

Barreiras nos arredores da área do aterro sanitário Fonte: DNPM (1998)

83

O Diagrama de Schoeller apresenta a disposição dos teores dos principais

parâmetros analisados nesse trabalho. A configuração das curvas de teores ratifica

o caráter do tipo cloretada-sódica para as águas do Aqüífero Barreiras na região do

aterro sanitário, mostrando ainda que as mesmas apresentam baixos teores de SO4

e teores consideráveis de Mg2+ (Figura 20). As curvas construídas para as amostras

d’água do Rio Guajiru apresentam a mesma configuração do que as curvas das

águas subterrâneas, porém apresentando teores bem superiores. Esse fato,

juntamente com a proporção relativa similar entre os íons observados no diagrama

de Piper, corroboram com a hipótese de fluxo das águas subterrâneas do Aqüífero

Barreiras em direção ao Rio. Apesar de mostrarem concentrações dos íons

principais bem superiores aos encontrados nas águas subterrâneas, as águas

superficiais do Rio Guajiru mantém a mesma proporção iônica de tais constituintes,

mostrando a influência das águas subterrâneas (que perenizam o rio) na

constituição química das águas de tal rio.

Figura 20 – Diagrama de Schoeller para as águas do Rio Guajiru e subterrâneas do

Aqüífero Barreiras nos arredores da área do aterro sanitário. Fonte: DNPM (1998)

84

- Vegetação

Na Figura 21, apresenta-se o mapa da vegetação, encontrada na área do

entorno do aterro sanitário de Massaranduba com suas tipologias:

Predomina a Mata Atlântica e Caatinga.

Figura 21 – Mapa da Vegetação Fonte: Mapa de vegetação do IBGE (1998)

- Flora e Fauna

As paisagens encontradas na área de próxima ao empreendimento têm sido,

na maior parte do território, fortemente alterada pelas ações antropogênicas,

restando apenas uns poucos elementos que lembram as condições originais. Assim,

as formações vegetais encontradas na atualidade podem ser divididas nas seguintes

categorias:

- Mata Atlântica Secundária

Dominam as árvores de 5 a 8 metros de altura, com uma cobertura superior

a 75. Composição heterogênea que inclui representantes da mata ombrófila, do

tabuleiro litorâneo e da caatinga. Ocupa uma pequena extensão na área de

85

influência do empreendimento, onde encontram-se fundamentalmente formando

parte da Reserva Legal das propriedades rurais.

- Tabuleiro litorâneo

Codominância do estrato arbóreo-arbustivo com o estrato herbáceo. Atinge-

se uma cobertura entre 65 e 80%, com altura média em torno de 4 ou 5 metros.

Podem constituir uma série fitosociológica própria ou formar parte dum estágio

sucessorial intermédio da série da mata atlântica, em resposta a agressões sofridas

no passado.

- Ecossistema fluvial

Caracterizado pelas comunidades biológicas ripárias (aquáticas,

semiaquáticas e da várzea). Atualmente tem uma vegetação de porte

predominantemente herbáceo e arbustivo, com escassa representação arbórea,

fruto de agressões passadas. Localizada nas margens do rio Guajiru, está adaptada

a períodos de alagação. Situa-se sobre solos mais profundos e férteis que os das

unidades anteriores.

- Campos

Áreas transformadas em pastagens para a criação do gado, num processo

no qual perderam grande parte da sua biodiversidade vegetal. Porém, ainda

resultam atraentes para uma série de animais que preferem as áreas abertas. Uma

parte desta unidade será ocupada pelas instalações do empreendimento.

- Coqueirais

São terrenos transformados em coqueirais, hortos e pomares pelo homem

para o cultivo de frutas, verduras e legumes ou para a criação de gado.

Em relação à fauna:

86

- Mata Atlântica Secundária

Entre os vertebrados terrestres que habitam essas pequenas manchas de

mata atlântica, encontra-se uma limitada amostra da fauna local. Entre os diversos

grupos, o das aves seria o melhor representado, aparecendo também certa

diversidade de répteis e mamíferos. Os anfíbios não parecem tão abundantes dentro

da mata. A ausência de massas de água, necessária para o desenvolvimento

desses animais, explica esse fato. Ainda assim aparecem espécies de hábitos

noturnos e crepusculares, menos dependentes de poças permanentes, como os

sapos, e pererecas de pequeno tamanho. As aves são, entre os vertebrados, o

grupo animal mais numeroso, além do mais visível e patente, dada sua mobilidade e

o grande número de espécies de hábitos diurnos e de vocalização chamativa. O

grupo tem colonizado praticamente todos os ambientes em virtude da sua facilidade

para adaptar-se as mais diversas condições. Neste sentido a presença ou ausência

de certas espécies, e ainda famílias, podem ser utilizadas como medida da

qualidade ecológica desses locais. De entre a grande quantidade de pássaros

florestais que habitam a mata atlântica nestas latitudes, apenas umas poucas

espécies foram confirmadas como habitantes desses ambientes na área de

influência. Duas espécies são consideradas endêmicas do Brasil, ou seja, não se

encontram em nenhum outro país do mundo. Entre os mamíferos, dominam

quantitativamente os menores em tamanho, morcegos, e roedores, ordem ainda cuja

diversidade é pouco conhecida na região, porem grandemente diversificada nos

ambientes neotropicais.

- Tabuleiro litorâneo

Tanto os anfíbios e répteis quanto os mamíferos encontrados no tabuleiro

não apresentaram diferenças consideráveis com aquelas descritas para a mata

atlântica, aparecendo basicamente as mesmas espécies nas duas unidades.

- Ecossistema fluvial

A fauna que habita essas águas é abundante e diversificada, especialmente

no referente aos invertebrados bentônicos: encontrando-se moluscos, crustáceos,

87

anelídeos e pelo menos seis ordens de insetos aquáticos. Entre os vertebrados

aquáticos estão os peixes, anfíbios e alguns répteis.

- Campos

Apesar da sua baixa diversidade, os campos são formações de alta

produtividade, pelo que geralmente, além do gado, mantêm uma abundante

população de insetos, roedores herbívoros e pequenos pássaros granívoros. Na

procura dessas potenciais presas, aparece um interessante número de caçadores,

principalmente répteis e aves. O mais destacável no referente à fauna desta unidade

vegetal, é a significativa diversidade de aves de rapina Essa preferência por estes

campos é prova da abundância de roedores e répteis que esses ecossistemas

conseguem manter. Também aparecem pássaros típicos de áreas abertas e

algumas aves associadas ao gado, como a garça vaqueira (Bubulcus ibis) e o

carrapateiro (Milvago chimachima).

- Coqueirais

Esses locais são importantes para a fauna, exercendo grande atração para

insetos, aves e mamíferos frutívoros. Assim, mais que falar de uma comunidade

faunística própria, estes ambientes seminaturais são visitados pelas diferentes

espécies que procuram refúgio nas margens do rio e nas formações vegetais

vizinhas.

- Ecossistemas

A área de influência do aterro sanitário enquadra-se dentro do Domínio da

Mata Atlântica, segundo definido pelo Decreto Nº 750/93 e o Mapa de Vegetação do

Brasil do IBGE, 1988. Entre as formações vegetais que compõem esse domínio

estão os encraves florestais no Nordeste, que pertencem a Reserva da Biosfera da

Mata Atlântica. Isso significa que as formações florestais (resquícios de mata

ombrófila, tabuleiros litorâneos e restingas) da área de influência estão protegidas

por uma série de normas jurídicas em vigor, tanto de nível internacional quanto

88

federal e estadual. Alem disso, e tratando-se de propriedades rurais, as maiores

partes das manchas de mata atlântica restantes neste território estão catalogadas

como Reserva Legal, o que supõe restrições na sua exploração e aproveitamento.

Embora não existam Unidades de Conservação na zona, além das

formações florestais referidas, estão legalmente protegidas as margens do rio

Guajiru, numa faixa de 50 metros (definida pela Lei N. 7.871/00 do Zoneamento

Ecológico-Econômico do Litoral Oriental do RN), sob a forma de Área de

Preservação Permanente.

A mesma classificação e descrição feita anteriormente para Flora e Fauna

podem ser descrita como ecossistemas, apresentados a seguir. Assim na área de

estudo foram identificados até seis tipos de ecossistemas.

- Mata Atlântica Secundária

Dominam as árvores de 5 a 8 metros de altura, com uma cobertura superior

a 75%. Composição heterogênea que inclui representantes da mata ombrófila, do

tabuleiro litorâneo e da caatinga. Ocupa uma extensão representativa, mas dispersa,

na área de influência do empreendimento.

- Tabuleiro litorâneo

Co-dominância do estrato arbóreo-arbustivo com o estrato herbáceo. Atinge-

se uma cobertura entre 65 e 80%, com altura média em torno de 4 ou 5 metros.

Podem constituir uma série fitosociológica própria ou formar parte dum estágio

sucessorial intermédio da série da mata atlântica, em resposta a agressões sofridas

no passado.

- Ecossistema fluvial

Caracterizado pelas comunidades biológicas ripárias (aquáticas, semi-

aquáticas e da várzea). Atualmente tem uma vegetação de porte

predominantemente herbáceo e arbustivo, com escassa representação arbórea,

fruto de agressões passadas. Localizada nas margens do rio Guajiru, esta

89

vegetação está adaptada a períodos de alagação. Situa-se sobre solos mais

profundos e férteis que os das unidades anteriores.

- Campos

Áreas transformadas em pastagens para a criação do gado, num processo

no qual perderam grande parte da sua biodiversidade vegetal. Porém, ainda

resultam atraentes para uma série de animais que preferem as áreas abertas. Uma

parte desta unidade será ocupada pelas instalações do empreendimento.

- Granjas

São áreas transformadas pelo homem para o cultivo de árvores frutíferas (na

área de influência fundamentalmente coqueiros) e hortaliças. Incluem-se também as

chácaras e os conjuntos habitacionais de características rurais e pequenos ervaçais,

para criação de gado em pequena escala.

Quanto à vegetação natural, o estado dela apresenta-se bastante

degradado. Não foram encontradas espécies ameaçadas, segundo Portaria Nº 37-

N/92, do IBAMA, que torna pública a Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira

Ameaçada de Extinção. Porém, salienta a presença de dendê nas áreas de várzea

do rio Guajiru.

No item relativo à fauna, poucas são as espécies que apresentam um

interesse especial. Entre elas, duas catalogadas como ameaçadas pelas Portarias

Nº 1.522/89 e Nº 45-N/92, do IBAMA, que tornam pública a lista oficial de espécies

da fauna brasileira ameaçada de extinção: o gato-maracajá-mirim, que habita

preferencialmente as áreas mais densamente vegetadas, e o jacaré-de-papo-

amarelo, presente no rio Guajiru. Tem noção histórica da existência da lontra nesse

curso fluvial, o que seria uma terceira espécie ameaçada, mas faltam dados

recentes para sua confirmação.

Análises das comunidades bentônicas e planctônicas do rio Guajiru mostram

poucos elementos representativos de águas limpas, o que indica certa carga de

poluição (possivelmente orgânica) nesse curso fluvial.

90

Por último, pelo interesse que apresenta para o empreendimento, citar que

na área há presença permanente de pequenos grupos de urubús-de-cabeça-preta.

Embora durante o trabalho de campo prévio a este relatório não tinham se visto

grandes grupos, moradores locais afirmam que às vezes os urubus formam

agrupamentos consideráveis. Em qualquer caso, trata-se de uma espécie freqüente

e abundante na região, que continuamente está sobrevoando a área na procura de

carniça e lixões.

91

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Foi utilizada como estudo de caso para análise comparativa entre os métodos

de fatores ponderados, a área do aterro sanitário da região metropolitana de Natal.

Entre os métodos disponíveis na literatura técnica foram escolhidos para a análise o

dos Fatores Ponderados, desenvolvidos por Waquill et al., (2000); Gomes, Coelho,

Erba & Veronez (2000) a do Sistema de Pontuação, modelo apresentado pela União

dos Municípios da Bahia, e a do Índice de Qualidade de Resíduos (IQR) – Instituto

de Pesquisas de São Paulo (IPT), sendo esse o método de referência para análise

comparativa pretendida, onde são observados os seguintes itens: capacidade do

solo, proximidade de núcleos habitacionais, proximidade de corpos d'água, lençol

freático, permeabilidade do solo, disponibilidade do solo, qualidade do material de

recobrimento, condições do sistema viário e isolamento visual da área.

BRITO (2009) empregou a Matriz do IQR apresentada no Quadro 2 da qual

foi recortado para este estudo o sub-item A , referente as características locais -

Quadro 12 - A pontuação obtida neste sub-item foi convertida para uma escala

padrão variando de 0(zero) a 10 (dez). Assim, a pontuação máxima de 40(quarenta)

pontos desse sub-item da matriz corresponde a 10(dez) pontos na escala padrão e

0(zero) pontos a 0(zero) nesta escala. As pontuações intermediárias serão ajustadas

proporcionalmente para a escala. Na pontuação pelo IQR serão utilizados os dados

obtidos por Brito (2009) para o aterro sanitário da Região Metropolitana de Natal.

Quadro 12 – Matriz do IQR - Índice de Qualidade do Aterro de Resíduos - Sub-item A-

Características Locais

92

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE - IDEMA

MATRIZ PARA CÁLCULO DO IQR

Municipio: Ceará - Mirim Localização: Margem esquerda da BR 406 - Km 139, logo após ao Posto Rodoviário, sentido Natal - Ceará-mirim Área (ha): 90

Tipo da Unidade: Aterro Sanitário (BRASECO) Coordenadas: Latitude: S 05° 38' 04'' Longitude: W 035° 25'32'' Altitude (m): 80

CARACTERÍSTICAS LOCAL (A) INFRA-ESTRUTURA IMPLANTADA (B) CONDIÇÕES OPERACIONAIS (C)

Subitem 01 Avaliação Peso Valor Subitem 02 Avaliação Peso Valor Subitem 03 Avaliação Peso Valor

Capacidade de suporte do solo Adequada 5

Cercamento da área

Sim 2

Aspecto geral

Bom 4

Inadequada 0 Não 0 Ruim 0

Proximidade de núcleos habitacionais Longe > 500m 5

Portaria/Guarita

Sim 2

Lixo a descoberto

Não 4

Próximo 0 Não 0 Sim 0

Proximidade de corpos d`água

Longe > 200m 3

Impermeabilização da base do aterro

Suficiente 5

Recobrimento do Lixo

Adequado 4

Próximo 0 Insuficiente 1 Inadequado 1

Inexistente 0 Inexistente 0

Lençol freático

> 3m 4

Drenagem de chorume

Suficiente 5

Presença de urubus Não 1

1 a 3m 2 Insuficiente 1 Sim 0

< 1m 0 Inexistente 0 Presença de moscas em grande quantitade

Não 2

Permeabilidade do solo

Baixa 5

Drenagem de águas pluviais (definitiva)

Suficiente 4

Sim 0

Média 2 Insuficiente 2 Presença de catadores

Não 3 Alta 0 Inexistente 0 Sim 0

Disponibilidade de material para recobrimento

Suficiente 4

Drenagem de águas pluviais (provisória)

Suficiente 2

Criação de animais Não 3

Insuficiente 2 Insuficiente 1 Sim 0

Inexistente 0 Inexistente 0 Resíduos de serviços de saúde

Não 3

Qualidade de material para recobrimento

Bom 2

Pá mecânica, trator de esteira e outros

Permanente 5

Sim 0

Ruim 0 Periódico 2 Resíduos industriais

Não (Adequado) 4

Condições do sistema viário, trânsito e acesso

Bom 3

Inexistente 0 Sim (Inadequado) 0

Regular 2 Outros equipamentos, transito e acesso

Sim 1 Drenagem pluvial definitiva

Bom 2

Ruim 0 Não 0 Regular 1

Isolamento visual Bom 4

Tratamento de chorume

Suficiente 5

Inexistente 0

Ruim 0 Inexistente 0

Drenagem pluvial provisória

Bom 2

Legalização da localização Permitido 5

Acesso a frente de trabalho

Bom 3

Regular 1

Proibido 0 Ruim 0 Inexistente 0

UBTOTAL - A = Vigilantes

Sim 1

Drenagem de chorume

Bom 3

IQR ENQUADRAMENTO Não 0 Regular 2

Drenagem de gases

Suficiente 3

Inexistente 0

0 ≤ IQR < 6 Condições inadequadas Insuficiente 1

Tratamento de chorume

Bom 5

6 ≤ IQR < 8 Condições controladas Inexistente 0 Regular 2

8 ≤ IQR ≤ 10 Condições adequadas Controle de recebimento de cargas

Sim 2

Inexistente 0

Total

Não 0 Monitoramento das águas subterrâneas

Bom 2

Monitoramento de águas subterrâneas

Suficiente 3

Regular 1

IQR =

Insuficiente 2 Inexistente 0

Inexistente 0 Equipe de vigilância

Bom 1

Data da Visita: 17/08/2009 Atendimento ao projeto

Sim 2

Ruim 0

Parcialmente 1

Acessos Internos

Bom 2

Não 0 Regular 1

Consultor: Edgar SUBTOTAL - B =

Péssimo 0

SUBTOTAL - C =

93

Utilizou-se também o questionário aplicado com informações obtidas de

dados secundários e primários, aplicados na BRASECO – Empresa responsável

pela administração do aterro sanitário de Massaranduba, os referidos dados foram

transferidos para as planilhas baseadas nas metodologias desenvolvida por Waquil

et al (2000), conforme tabela 14, a metodologia proposta por Gomes, Coelho, Erba &

Veronez (2000) conforme tabela 15 e também o questionário utilizado pela União

dos Municípios da Bahia denominado “Sistema de Pontuação” conforme tabela 16,

os resultados obtidos foram convertidos para uma escala padrão variando de 0(zero)

a 10 (dez). Assim, a pontuação máxima obtida em cada uma das metodologias

corresponde a 10(dez) pontos na escala padrão, e a mínima a 0 (zero) pontos a 0

(zero) nesta escala. As pontuações intermediárias foram ajustadas

proporcionalmente para a escala.

Tabela 14 – Valoração dos indicadores físicos

INDICADOR CARACTERÍSTICA NOTA PESO Valor Total Possível

Solo

Classe Textural Argiloso Argilo-arenoso Areno-argiloso Arenoso

5 4 3 1

2

10

Permeabilidade Baixo Médio-Baixo Médio Médio-Alto Alto

5 4 3 2 1

4

20

Espessura >4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m <1,00m

5 4 2 1

3

15

Declividade Plano (0 – 2%) Suave (2 – 10%) Moderado (10 – 20%) Acentuado (20 – 30%) Íngreme (>30%)

2 5 4 1 0

3

15

Superficiais

Distância de cursos d’água

>200m 200 a 100m 100 a 50m < 50m

5 4 2 0

4

20

Subsuperficiais

94

Profundidade do lençol freático

>4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m Aflorante (<1,00m)

5 3 2 0

4

20

Subterrâneo

Permeabilidade da rocha subjacente

Baixa Média-Baixa Média Média-Alta Alta

4 3 2 1 0

3

12

Potencial hídrico Baixo Médio Alto

4 2 1

2

8

Pontuação Total 120

Fonte: Waquil at al., (2000)

Tabela 15 – Critérios classificatórios com faixas de pontuação

CRITÉRIO FAIXA DE AVALIAÇÃO NOTA PESO Valor T otal

Possível Declividade (em função de facilidade de implantação)

Alta: >30% Média: 20-30% Baixa: 10-20% Muito baixa: 3-10% Plana: <3%

1 2 3 4 5

1

5

Distância da mancha urbana

100 - 250 m 250 - 500 m 500 - 1000 m 1000 - 2000 m > 2000 m

1 2 3 4 5

3

15

Geologia - potencial hídrico

Alto Médio Baixo

0 2 4

3

12

Permeabilidade do solo Infiltração alta: ≥ 10 -3 cm/s Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s

1 2 4 5

2

10

Espessura do solo < 0,5 m 0,5 - 1 m 1 - 2 m > 2 m

0 1 3 5

2

10

Profundidade do lençol freático

< 1 m 1 - 2 m 2 - 4 m > 4 m

0 1 4 5

3

15

95

Vulnerabilidade do aqüífero

Infiltração alta: ≥ 10 -3 cm/s Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s

1 2 4 5

2

10

Considerando os critérios 4, 5,6 e declividade (em função de infiltração no solo)

< 0,5 m 0,5 - 1 m 1 - 2 m > 2 m < 1 m 1 - 2 m 2 - 4 m > 4 m

0 1 3 5 0 1 4 5

2 3

10

15

Pontuação Total

102

Fonte: Gomes, Coelho, Erba & Veronez (2000)

Tabela 16 – Questionário utilizado pela união dos municípios da Bahia - sistema de pontuação

Proximidade de perímetro urbano, P

Pontuação máxima de 50 pontos

Valor Total Possível

P > 3,0 km 1< P < 3 Km P < 1 Km

50 pontos 30 pontos 10 pontos

50

Distância do aterro ao centro de massa, D

Pontuação máxima de 200 pontos

200

D > 10,0 km 10 < D < 20 km D < 10 km

0 pontos 100 pontos 200 pontos

Vias de acesso Pontuação m áxima de 200 pontos

200

Pavimentadas em boas condições: - asfaltada - encascalhada - com exigências de melhorias - Inexistente

120 pontos 80 pontos 30 pontos 0 pontos

Planas ou sem rampas fortes, Com rampas médias Muito íngremes

80 pontos 40 pontos 0 pontos

Disponibilidade de infra -estrutura Pontuação máxima de 100 pontos

100

96

Água no local Facilidade/custo de captação baixo Facilidade/custo de captação alto

50 pontos 30 pontos 10 pontos

De esgoto

10 pontos

De energia 30 pontos 20 pontos

Impacto visual da paisagem Pontuação máxima de 100 pontos

100

Pequena interferência Média interferência Grande interferência

100 pontos 50 pontos 0 pontos

Topografia Pontuação máxima de 50 pontos

50

Ondulado com alta declividade Ondulado com baixa declividade Plana

30 pontos 50 pontos 10 pontos

Condições climáticas (direção do vento)

Pontuação máxima de 100 pontos

100

A direção dos ventos afeta os núcleos urbanos A direção dos ventos não afeta os núcleos urbanos

0 pontos 100 pontos

Condições geotécnicas dos solos Pontuação máxima de 100 pontos

100

Profundos com boa capacidade de suporte e baixa permeabilidade Rasos com boa capacidade de suporte e média à baixa permeabilidade Arenosos, rasos a profundos, com média à baixa capacidade de suporte e média à alta permeabilidade

100 pontos 50 pontos 30 pontos

Disponibilidade de solo para cobertura

Pontuação máxima de 200 pontos

200

No local da obra Num raio de 10 km A mais de 10 km

200 pontos 100 pontos 50 pontos

Profundidade do len çol freático, H Pontuação máxima de 100 pontos

100

H > 10m 5 < H < 10 m H < 5 m

100 pontos 50 pontos 0 pontos

Susceptibilidade à contaminação de manancial

Pontuação máxima de 100 pontos

100

Alta Média

0 pontos 50 pontos

97

Baixa 100 pontos Uso atual Pontuação máxima de 100

pontos 100

Terra sem uso Utilizada com pastagem Utilizada com agricultura Utilizada com indústria ou urbanizada

100 pontos 50 pontos 30 pontos 0 pontos

Titularidade Pontuação máxima de 100 pontos

100

Pertencente à prefeitura Particular, disponível p/ venda Não disponível p/ venda

100 pontos 50 pontos 10 pontos

Pontuação Total

1500 pontos

Foram analisadas também as imagens de satélite com vistas a extração de

dados referentes a localização da malha urbana, área com vegetação, recursos

hídricos, estradas vicinais, características e distribuição de solo, uso de solo entre

outras. Além disso, quatro outras bases de dados foram utilizadas como fonte

primária nessa pesquisa: Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do

Norte (PERH/RN) (1998), Projeto TopoData (2008), Sigga Web do IDEMA (2005) e

Jacomine et al (1971) (Tabela 17). A partir desses dados, secundário, foram

extraídos outros dados através de técnicas de geoprocessamento como, por

exemplo, a declividade que fora adquirido através do Modelo Digital do Terreno

(MDT).

Tabela 17 – Fontes dos dados utilizados no estudo Fonte Dados Primários

PERH/RN Uso e Ocupação do Solo; Solos; Hidrografia; Hidrologia; Falhas Geológicas; Poços; Lagoas; Açude; Rios; Rodovias;

Sigaa Web do IDEMA Cavernas; Poços de Petróleo; Assentamento do INCRA.

Projeto Topodada Modelo Digital do Terreno

Jacomine et al. Profundidade de Solo

As metodologias contêm alguns critérios comuns, Conforme tabela 18 -

Análise de alguns critérios comuns parametrizados, avaliados pelas metodologias

onde apresenta-se a forma de parametrização desses critérios (solo,

98

permeabilidade, declividade, distância dos cursos d’água, profundidade do lençol

freático, distância das manchas urbanas e potencial hídrico).Outros critérios como

vias de acesso,disponibilidade de infraestrutura (água, esgoto, energia),Impacto

visual da paisagem, disponibilidade de material para recobrimento, legalização da

localização são avaliados em apenas duas das quatro metodologias o que

impossibilita, inclusive estabelecer -se uma correlações através de sistemas

estatísticos.

Tabela 18 – Análise de alguns critérios comuns parametrizados avaliados pelas metodologias

Metodologias

Critérios

IQR (IPT/SP)

Waquill et al (2000)

Gomes et al (2000)

Sistema de Pontuação (União dos

Municípios da Bahia)

Solo

Permeabilidade

Declividade Distância dos cursos d’água

Profundidade do lençol freático

Distância das Manchas urbanas

Potencial hídrico

Para maior entendimento, na comparação entre as metodologias fez-se

necessário analisar os parâmetros que compõem cada método aplicado, com intuito

de constatar objetividade/subjetividade nos seus itens e suas possíveis aplicações,

para uma maior clareza na comparação entre as metodologias.

A Tabela 19 foi desenvolvida para analisar comparativamente as

metodologias dos fatores ponderados e aplicadas na área do aterro sanitário da

região metropolitana de Natal. As pontuações foram convertida para uma escala

padrão variando de 0(zero) a 10 (dez). Assim, a pontuação máxima obtidas em cada

uma das metodologias corresponde a 10(dez) pontos na escala padrão e 0(zero) a

99

pontuação mínima a 0(zero) pontos nessa escala. As pontuações intermediárias

foram ajustadas proporcionalmente para a escala.

Tabela 19 – Desenvolvida para analisar comparativamente os resultados obtidos pelas quatro metodologias

Metodologias

analisadas IQR

(IPT/SP) Sistema de Pontuação

Gomes, Coelho, Erba & Veronez

(2000)

Waquil (2000)

Pontuação máxima 40 1.500 102 120 Pontuação obtida no aterro Massaranduba

Escala de Equivalência 0 a 10

Na Tabela 20 apresenta-se a classificação das áreas para a implantação de

aterros sanitários, a partir da escala padrão desenvolvida.

Tabela 20 – Classificação das áreas para implantação de aterros sanitários segundo a escala padrão desenvolvida

Faixas de Pontuação obtida Classificação da área Cores 9,1 -10,0 Ótima Azul 7,1- 9,0 Boa verde 5,1 -7,0 Aceitável amarelo 2,6- 5,0 Ruim laranja 0 – 2,5 Muito ruim vermelho

Fonte : Adaptada de OTT, W.R., (1978)

100

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Ao aplicar-se as metodologias estudadas para o aterro sanitário de

Massaranduba, no município de Ceará Mirim observaram-se os resultados

apresentados nas Tabelas 21, 22, 23 e 24 (Waquill; Gomes, Coelho, Erba &

Veronez; Sistema de pontuação e IQR).

Tabela 21 – Valoração dos indicadores físicos

INDICADOR CARACTERÍSTICA NOTA PESO Valor Total Possível

Valor Obtido no Aterro

Massaranduba Solo Classe Textural Argiloso

Argilo-arenoso Areno-argiloso Arenoso

5 4 3 1

2

10 10

Permeabilidade Baixo Médio-Baixo Médio Médio-Alto Alto

5 4 3 2 1

4

20 16

Espessura >4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m <1,00m

5 4 2 1

3

15 6

Declividade Plano (0 – 2%) Suave (2 – 10%) Moderado (10 – 20%) Acentuado (20 – 30%) Íngreme (>30%)

2 5 4

1 0

3

15

6

Superficiais Distância de cursos d’água

>200m 200 a 100m 100 a 50m < 50m

5 4 2 0

4

20

20

Subsuperficiais

Profundidade do lençol freático

>4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m Aflorante (<1,00m)

5 3 2 0

4

20

12

Subterrâneo

101

Permeabilidade da rocha subjacente

Baixa Média-Baixa Média Média-Alta Alta

4 3 2 1 0

3

12

12

Potencial hídrico Baixo Médio Alto

4 2 1

2

8

8

Pontuação Total 120 90

Fonte: Waquil et al (2000)

Tabela 22 – Critérios classificatórios com faixas de pontuação

CRITÉRIO FAIXA DE AVALIAÇÃO NOTA PESO Valor Total

Possível

Valor Obtido no Aterro

Massaranduba Declividade (em função de facilidade de implantação)

Alta: >30% Média: 20-30% Baixa: 10-20% Muito baixa: 3-10% Plana: <3%

1 2 3 4 5

1

5 5

Distância da mancha urbana

100 - 250 m 250 - 500 m 500 - 1000 m 1000 - 2000 m > 2000 m

1 2 3 4 5

3

15

15

Geologia - potencial hídrico

Alto Médio Baixo

0 2 4

3

12 12

Permeabilidade do solo

Infiltração alta: ≥ 10 -3 cm/s Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s

Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s

1

2

4

5

2

10

8

Espessura do solo < 0,5 m 0,5 - 1 m 1 - 2 m > 2 m

0 1 3 5

2

10 6

Profundidade do lençol freático

< 1 m 1 - 2 m 2 - 4 m > 4 m

0 1 4 5

3

15 12

102

Vulnerabilidade do aqüífero

Infiltração alta: ≥ 10 -3

cm/s

Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s

1

2

4

5

2

10

4

Considerando os critérios 4, 5,6 e declividade (em

função de infiltração no solo)

< 0,5 m 0,5 - 1 m 1 - 2 m > 2 m

0 1 3 5

2

10

6

< 1 m 1 - 2 m 2 - 4 m > 4 m

0 1 4 5

3 15 3

Pontuação Total

102

71

Fonte: Gomes, Coelho, Erba & Veronez (2000)

Tabela 23 – Sistema de pontuação

Proximidade de perímetro urbano, P

Pontuação máxima de 50 pontos

Valor Total Possível

Valor Obtido no Aterro

Massaranduba P > 3,0 km 1< P < 3 Km P < 1 Km

50 pontos 30 pontos 10 pontos

50 50

Distância do aterro ao centro de massa, D

Pontuação máxima de 200 pontos

200 0

D > 10,0 km 10 < D < 20 km D < 10 km

0 pontos 100 pontos 200 pontos

Vias de acesso Pontuação máxima de 200 pontos

200 200

Pavimentadas em boas condições: - asfaltada - encascalhada - com exigências de melhorias - Inexistente

120 pontos 80 pontos 30 pontos 0 pontos

Planas ou sem rampas fortes, Com rampas médias Muito íngremes

80 pontos 40 pontos 0 pontos

103

Disponibilidade de infra -estrutura

Pontuação máxima de 100 pontos

100 100

Água no local Facilidade/custo de captação baixo Facilidade/custo de captação alto

50 pontos 30 pontos 10 pontos

De esgoto

10 pontos

De energia 30 pontos 20 pontos

Impacto visual da paisagem

Pontuação máxima de 100 pontos

100 100

Pequena interferência Média interferência Grande interferência

100 pontos 50 pontos 0 pontos

Topografia Pontuação máxima de 50 pontos

50 10

Ondulado com alta declividade Ondulado com baixa declividade Plana

30 pontos 50 pontos 10 pontos

Condições climáticas (direção do vento)

Pontuação máxima de 100 pontos

100 0

A direção dos ventos afeta os núcleos urbanos A direção dos ventos não afeta os núcleos urbanos

0 pontos 100 pontos

Condições geotécnicas dos solos

Pontuação máxima de 1 00 pontos

100 50

Profundos com boa capacidade de suporte e baixa permeabilidade Rasos com boa capacidade de suporte e média à baixa permeabilidade Arenosos, rasos a profundos, com média à baixa capacidade de suporte e média à alta permeabilidade

100 pontos 50 pontos 30 pontos

Disponibilidade de solo para cobertura

Pontuação máxima de 200 pontos

200 200

No local da obra Num raio de 10 km

200 pontos 100 pontos

104

A mais de 10 km 50 pontos Profundidade do lençol freático, H

Pontuação máxima d e 100 pontos

100 100

H > 10m 5 < H < 10 m H < 5 m

100 pontos 50 pontos 0 pontos

Susceptibilidade à contaminação de manancial

Pontuação máxima de 100 pontos

100 100

Alta Média Baixa

0 pontos 50 pontos 100 pontos

Uso atual Pontuação máxima de 100 pontos

100 100

Terra sem uso Utilizada com pastagem Utilizada com agricultura Utilizada com indústria ou urbanizada

100 pontos 50 pontos 30 pontos 0 pontos

Titularidade Pontuação máxima de 100 pontos

100 Item não informado

Pertencente à prefeitura Particular, disponível p/ venda Não disponível p/ venda

100 pontos 50 pontos 10 pontos

Pontuação Total

1500

pontos

1.010

105

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE - IDEMA

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS DO RIO GRANDE DO NORTE - SEMARH

Quadro 13 - MATRIZ PARA CÁLCULO DO IQR

Municipio: Ceará - Mirim Localização: Margem esquerda da BR 406 - Km 139, logo após ao Posto Rodoviário, sentido Natal - Ceará-Mirim. Área (ha): 90

Tipo da Unidade: Aterro Sanitário (BRASECO) Coordenadas: Latitude: S 05° 38' 04'' Longitude: W 035° 25'32'' Altitude (m): 80

CARACTERÍSTICAS LOCAL (A)

Subitem 01 Avaliação Peso Valor Total Possível Valor Total Obtido no Aterro Massaranduba

Capacidade de suporte do solo Adequada 5

5 5 Inadequada 0

Proximidade de núcleos habitacionais Longe > 500m 5

5 5 Próximo 0

Proximidade de corpos d`água Longe > 200m 3 3 3 Próximo 0

Lençol freático

> 3m 4

4 4 1 a 3m 2

< 1m 0

Permeabilidade do solo

Baixa 5

5 2 Média 2

Alta 0

Disponibilidade de material para recobrimento

Suficiente 4

4 4 Insuficiente 2

Inexistente 0

Qualidade de material para recobrimento Bom 2

2 2

Ruim 0

Condições do sistema viário, trânsito e acesso

Bom 3

3 3 Regular 2

Ruim 0

Isolamento visual Bom 4

4 4 Ruim 0

Legalização da localização Permitido 5

5 5 Proibido 0

SUBTOTAL - A = 40 37

IQR ENQUADRAMENTO

0 ≤ IQR < 6 Condições inadequadas

6 ≤ IQR < 8 Condições controladas

8 ≤ IQR ≤ 10 Condições adequadas

Total

IQR =

Data da Visita: 17/08/2009

Consultor: Edgar

106

No Quadro 13 – Matriz para cálculo do IQR, ao analisar as características

locais que incluem dez itens; capacidade de suporte do solo, proximidade de

núcleos habitacionais, proximidade de corpos d`água, lençol freático, permeabilidade

do solo, disponibilidade de material para recobrimento, qualidade de material para

recobrimento, condições do sistema viário, trânsito e acesso, isolamento visual e

legalização da localização.Observa-se que dos itens estudados sete deles são muito

subjetivos, o que permite avaliações individuais com grandes variações, devido às

diferentes percepções dos pesquisadores. No estudo executado o IQR do aterro

obteve a pontuação de 9,25 na escala de equivalência o que representa para os

valores comparados o maior valor obtido entre as metodologias, sendo portanto

considerada entre elas a metodologia mais flexível entre as estudadas.

Para melhor entendimento, avaliou-se um item comum a cada método. No

caso da variável permeabilidade, para a metodologia de Waquil et al (2000) temos

como qualificação (Baixo; Médio-Baixo; Médio; Médio-Alto; Alto); no Questionário

utilizado pela União dos Municípios da Bahia Sistema de Pontuação os níveis de

classificação são (profundos com boa capacidade de suporte e baixa

permeabilidade; Rasos com boa capacidade de suporte e média à baixa

permeabilidade; Arenosos, rasos a profundos, com média à baixa capacidade de

suporte e média à alta permeabilidade); no IQR a classificação fica entre (Baixo;

Médio; Alto).

Percebe-se que no item acima as três metodologias citadas usam critérios

subjetivos e assim a variação final das pontuações serão influenciada e

conseqüentemente implicará nos resultados dos estudos. No método proposto por

Gomes, Coelho, Erba & Veronez (2000) o mesmo item da permeabilidade tem como

variável numérica (Infiltração alta ≥ 10 -3 cm/s; Infiltração média: 10 -3 até 10 -4 cm/s;

Infiltração baixa: 10 -4 até 10 -5 cm/s; Infiltração muito baixa < 10 -5 cm/s), com este tipo

de item bem definido, permite que para a resposta ao quesito estudado haja a

medição permitindo assim que a informação seja sempre a mais fidedigna possível.

Nesta metodologia é possível detectar clareza nas condições de analise de

muitos itens parametrizados o que reduz significativamente a subjetividade nos

resultados. O valor alcançado pelo sistema de pontuação na escala de equivalência

foi de 6,7 o que se pode considerar um método de análise muito mais rigoroso que o

IQR.

107

Diante do exposto é notório que as metodologias do Sistema de Pontuação

e Gomes, Coelho, Erba & Veronez (2000) apresentam maior rigor, dentre as

estudadas, em suas análises para a escolha de áreas para implantação de aterros

sanitários por apresentar dados expressivos, relevantes e mais parametrizados,

recebendo pouca interferência ou subjetividade do analisador.

Na metodologia proposta por Waquill et al., os parâmetros estudados são:

Classe textural, permeabilidade, espessura, declividade, distância de cursos d’água,

profundidade do lençol freático, permeabilidade da rocha subjacente, potencial

hídrico. Ao analisar-se as características destas variáveis observa-se que três dos

oito parâmetros são subjetivos o que pode afetar o resultado final dos valores

encontrados pelo método. A pontuação obtida foi de 7,5 na escala de equivalência e

pode ser considerado um método moderado de análise em relação a do IQR.

O Sistema de Pontuação é o método com maior número de variáveis

aplicadas, os itens analisados são : proximidade de perímetro urbano, distância do

aterro ao centro de massa, vias de acesso, disponibilidade de infraestrutura, impacto

visual da paisagem, topografia, condições climáticas - direção do vento, condições

geotécnicas dos solos, disponibilidade de solo para cobertura, profundidade do

lençol freático, susceptibilidade à contaminação de manancial, uso atual, titularidade.

Somente três destas variáveis são considerados como subjetivas, logo trata-se de

uma metodologia que sofre pouca interferência entre as diferentes percepção dos

pesquisadores e a realidade encontrada.

Nesta metodologia é possível detectar clareza nas condições de analise de

muitos itens parametrizados o que reduz significativamente a subjetividade nos

resultados. O valor alcançado pelo sistema de pontuação na escala de equivalência

foi de 6,7 o que se pode considerar um método de análise mais rigoroso que o IQR.

O método proposto por Gomes, Coelho, Erba & Veronez tem como

parâmetros analisados a declividade em função de facilidade de implantação,

distância da mancha urbana, geologia com potencial hídrico, permeabilidade do

solo, espessura do solo, profundidade do lençol freático, vulnerabilidade do aquífero.

Esta metodologia tem nove parâmetros de análise e somente um item pode

levar a uma resposta mais subjetiva do pesquisador (vulnerabilidade do aqüífero) o

valor obtido na escala de equivalência foi de 6,9 do que se pode concluir que

também é um método de análise mais rigoroso que o IQR.

108

Foram encontrados alguns critérios comuns que são considerados nas

quatro metodologias, Tabela 25 – Análise de alguns critérios comuns parametrizados

avaliados pelas metodologias, que exemplifica a forma de parametrização desses

critérios avaliados pelas referidas metodologias (solo, permeabilidade, declividade,

distância dos cursos d’água, profundidade do lençol freático, distância das manchas

urbanas e potencial hídrico), embora os critérios avaliados em comum, mas com

denominações e parametrizações diferentes tais como os que se referem ao solo,

alguns consideram a classificação textural e condições geotécnicas, a espessura do

solo, a topografia e a vulnerabilidade do lençol freático outros não determinam

nenhuma necessidade de especificação para o mesmo.Outros critérios como vias de

acesso,disponibilidade de infraestrutura (água, esgoto, energia,impacto visual da

paisagem, disponibilidade de material para recobrimento, legalização da localização)

são avaliados em apenas duas das metodologia o que nos impossibilitou, inclusive

se estabelecer uma correlação através de sistemas estatísticos.

Tabela 25 – Análise de alguns critérios comuns parametrizados avaliados pelas metodologias

Metodologias Critérios

IQR Waquill et al (2000)

Gomes et al (2000)

Sistema de Pontuação

Solo

Capacidade de suporte do solo : Adequada Inadequada

Classe Textura l Argiloso Argilo-arenoso Areno-argiloso Arenoso Espessura >4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m <1,00m

Espessura do solo < 0,5 m 0,5 - 1 m 1 - 2 m > 2 m

Condições geotécnicas dos solos Profundos com boa capacidade de suporte e baixa permeabilidade Rasos com boa capacidade de suporte e média à baixa permeabilidade Arenosos, rasos a profundos, com média à baixa capacidade de suporte e média à alta permeabilidade

109

Permeabilidade

Baixa Média Alta

Baixo; Médio-baixo Médio Médio-Alto Alto

alta: ≥ 10 -3 cm/s

Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s

Suscetibilidade à contaminação do solo : Alta Média Baixa

Declividade Plano (0 – 2%) Suave (2 – 10%) Moderado (10 – 20%) Acentuado (20 – 30%) Íngreme (>30%)

Alta: >30% Média: 20-30% Baixa: 10-20% Muito baixa: 3-10% Plana: <3%

Ondulado com alta declividade Ondulado com baixa declividade Plana

Distância dos cursos D’água

Lençol freático > 3m 1 a 3m < 1m

>200m 200 a 100m 100 a 50m < 50m

Profundidade do lençol freático

>4,00m 2,00 a 4,00m 1,00 a 2,00m Aflorante (<1,00m)

< 1 m 1 - 2 m 2 - 4 m > 4 m

H > 10m 5 < H < 10 m H < 5 m

Distância das Manchas urbanas

Longe > 500m Próximo

100 - 250 m 250 - 500 m 500 - 1000 m 1000 - 2000 m > 2000 m

D > 10,0 km 10 < D < 20 km D < 10 km

Potencial hídrico

Baixo Médio Alto

Alto Médio Baixo

Geologia - potencial hídrico Alto Médio Baixo

Na Tabela 26 apresentam-se os resultados obtidos pelos métodos

estudados e utilizados na área do aterro de Massaranduba, quanto aos critérios

analisados e suas pontuações de acordo com a escala de equivalência estabelecida.

110

Tabela 26 – Resultados obtidos pelos métodos analisados na área do aterro de Massaranduba

Metodologias analisadas

IQR

Waquil l (2000) Gomes (2000) Sistema de Pontuação

Pontuação máxima

40 120 102 1.500

Pontuação obtida no aterro Massaranduba

37 90

71 1.010

Escala de Equivalência 0 a 10

9,25 7.5

6,9 6,7

Classificação Flexível Moderada Rigorosa Muito

Rigorosa

Os resultados obtidos foram sintetizados na Tabela 27, na qual apresenta-se

a classificação da área para a implantação de aterros sanitários, segundo a Tabela

20, e uma análise dos métodos quanto ao rigor dos critérios por eles adotados para

a seleção de áreas ( flexível, moderada, rigorosa e muito rigorosa).

Tabela 27 – Síntese dos resultados obtidos no estudo da área do aterro de Massaranduba

Métodos

IQR Waquill Gomes Sistema de Pontuação

Escala de Equivalência 9,25 7,50 6,90 6,70

Classific ação da Área Para Implantação de Aterro Sanitário

Ótima Boa Aceitável Aceitável

Análise do Rigor da Metodologia Para Seleção de Áreas

Flexível Moderada Rigorosa Muito Rigorosa

111

5 CONCLUSÕES

Os métodos que adotam critérios mais parametrizados, atribuindo valores

numéricos, permitem uma hierarquização das áreas favorecendo uma análise

comparativa dos resultados, apresentam uma forma mais segura, clara de selecionar

áreas e, ainda, favorecem abstração de questões políticas e emocionais envolvidas

na tomada de decisão.

Métodos simplistas que não abordam todos os critérios estabelecidos em

Leis e não incluem as sugestões das normas e resoluções, podem incorrer no erro

de classificar áreas legalmente impróprias, como também a falta de detalhes na

classificação pode eliminar áreas potencialmente aptas. Este aspecto não se aplica

as metodologias estudadas.

De acordo com os valores obtidos na escala de equivalência, a área do aterro

sanitário de Massaranduba foi classificada como ótima pelo método do IQR,

aceitável pelo Sistema de Pontuação (utilizado pela União dos municípios da Bahia)

e por Gomes, Coelho, Erba & Veronez (2000); e boa por Waquill et, al,

A partir desta mesma escala de equivalência e de uma análise dos métodos

empregados nessa pesquisa quanto ao rigor dos critérios adotados pelos mesmos,

conclui-se que em ordem crescente de exigência para seleção de áreas para

aterros, tem-se: IQR; Waquill et al.; Gomes, Coelho, Erba & Veronez; e Sistema de

Pontuação.

A partir da análise realizada nesse trabalho estudado pode-se perceber que

alguns parâmetros são mais importantes para algumas metodologias e não tão

relevante para outras. Explica-se pela própria complexidade de análise do meio

ambiente e seus aspectos. Por exemplo, algumas áreas são mais propícias ou não a

contaminação dos corpos aquáticos que outras em função das suas características

morfológicas.

Outra conclusão que se extrai é que não há consenso nos parâmetros que

devem ser utilizados. Ou seja, alguns autores utilizam determinados parâmetros que

outro nem se quer mencionam. Com isso, é possível concluir que não há um número

ideal de parâmetros que devam ser considerados, mas aconselham que se devam

112

considerar no mínimo os critérios de localização recomendados pela ABNT - NBR

13896/1997.

A metodologia proposta por Waquil et al. (2000) aborda de forma mais

detalhada os critérios “eliminatórios” para seleção de áreas, o que direciona a

realização de estudos mais detalhados em áreas potencialmente favoráveis,

diminuindo os custos da elaboração do projeto. A fase de análise de indicadores

físicos em campo e detalhadas as características relacionadas ao solo (classe

textural, permeabilidade, espessura e declividade), aos recursos hídricos

(superficiais, subsuperficiais, e subterrâneo), ao uso e ocupação do solo e a

questões socioeconômicas, proporcionam um levantamento de dados suficiente

para análise das áreas viáveis ou não a disposição final de resíduos sólidos.

Dos resultados obtidos, pode-se concluir que a utilização de qualquer uma

das metodologias estudadas garante uma escolha de área para implantação de

aterro sanitário segura do ponto de vista legal e ambiental e que a utilizada pela

União dos Município da Bahia- Sistema de Pontuação apresenta maior rigor para

análise de seleção dentre as outras três(IQR; Waquill; Gomes, Coelho, Erba &

Veronez);

Aplicando-se sistemas estatísticos não foi possível estabelecer correlações

significativas entre as metodologias analisadas.

Uma das dificuldades encontradas na pesquisa foi em relação à

profundidade do solo. Os dados desse parâmetro foram encontrados num estudo

feito em 1968 e publicado em 1971, ou seja, é necessário que sejam feitos novos

estudos que atualizem esses dados

5.1 RECOMENDAÇÕES

Como contribuição para os órgãos que possuem responsabilidades com as

questões ambientais e de saneamento básico no Rio Grande do Norte, sugere-se o

empreendimento de esforços no sentido de:

• Aconselha-se que estudos de Seleção de áreas sejam estendidos para as

os municípios que desejam implantar seus aterros sanitários;

113

• O consórcio para a gestão sustentável dos resíduos sólidos pode ser uma

excelente alternativa tanto para os municípios que não possuem áreas

adequadas, quanto para aqueles que possuem;

• Reduzir os impactos ambientais gerados pelos resíduos sólidos urbanos,

tendo como meta a eliminação completa dos atuais lixões num prazo de

cinco anos;

• Estimular a minimização da geração dos resíduos sólidos urbanos, bem

como, o seu reaproveitamento e reciclagem;

• Aprimorar a gestão de resíduos sólidos urbanos por parte dos municípios

potiguares contemplando a melhoria da coleta; triagem de materiais

recicláveis; tratamento e destinação final adequada e segura dos rejeitos;

• Adotar sistema de boas práticas incluindo campanha informativa de mídia,

promoção de cursos de educação ambiental e a distribuição de cartilhas

para a população sobre a minimização, o re-uso e a reciclagem de

materiais descartados, visando o aumento da vida útil dos aterros

sanitários;

• Analisar o tempo de utilização do aterro (vida útil) e usos futuros do

mesmo.

114

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SERECO EIA/RIMA. Serviços ecológicos Ltda. Aterro sanitário de Massaranduba / Ceará Mirim – RN. Ceará Mnirim, 1999.

SUDENE. Levantamento de dados de pluviometria mensal de dois postos meteorológicos no município de Ceará Mirim.1984.

117

UNICEF. WORKSHOP REGIONAL INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM CIDADES DA AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2005. Disponível em: <http://www.aidis.org.br/span/ftp/polis_aidis.pdf>. Acesso em: 18 set. 2008.

VIEIRA, S. J.; LAPOLLI, E. M. Escolha de áreas para o tratamento e disposição final de resíduos sólidos: Florianópolis/SC. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 20., 1999, Rio de Janeiro/RJ. Anais... Rio de Janeiro/RJ, 1999, p. 1681-1685. WAQUIL, D. D.; ORLANDI FILHO, V.; RODRIGUES, A. L. M.; ANGHINONI, M. da C. M.; JUNGBLUT, M. Seleção de Áreas para Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental. Porto Alegre-RS, dezembro de 2000.

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ANEXOS

ANEXO A - Questionários Aplicados na BRASECO- Empre sa responsável

pela administração do Aterro

INDICADOR CARACTERÍSTICA

Solo

Classe Textural Argiloso ( ) Argilo-arenoso ( ) Areno-argiloso ( ) Arenoso ( )

Permeabilidade Baixo ( ) Médio-Baixo ( ) Médio ( ) Médio-Alto ( ) Alto ( )

Espessura >4,00m ( ) 2,00 a 4,00m( ) 1,00 a 2,00m ( ) <1,00m ( )

Declividade Plano (0 – 2%) ( ) Suave (2 – 10%)( ) Moderado (10 – 20%) ( ) Acentuado (20 – 30%) ( ) Íngreme (>30%) ( )

Super ficiais

Distância de cursos d’água

>200m ( ) 200 a 100m( ) 100 a 50m( ) < 50m ( )

Subsuperficiais

Profundidade do lençol freático

>4,00m ( ) 2,00 a 4,00m( ) 1,00 a 2,00m ( ) Aflorante (<1,00m) ( )

Subterrâneo

Permeabilidade da rocha subjacente

Baixa ( ) Média-Baixa ( ) Média ( ) Média-Alta ( ) Alta ( )

Potencial hídrico Baixo ( ) Médio( ) Alto ( )

Usos e ocupação do solo

CRITÉRIO FAIXA DE AVALIAÇÃO

Declividade (em função de facilidade de implantação)

Alta: >30% ( ) Média: 20-30% ( ) Baixa: 10-20% ( ) Muito baixa: 3-10% ( ) Plana: <3% ( )

Distância da mancha urbana

100 - 250 m ( ) 250 - 500 m ( ) 500 - 1000 m ( ) 1000 - 2000 m ( ) > 2000 m ( )

Geologia - potencial hídrico

Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( )

Permeabilidade do solo

Infiltração alta: ≥ 10 -3 cm/s ( ) Infiltração média: 10 -3 - 10 -4 cm/s ( ) Infiltração baixa: 10 -4 - 10 -5 cm/s ( ) Infiltração muito baixa: < 10 -5 cm/s ( )

Espessura do solo < 0,5 m ( ) 0,5 - 1 m ( ) 1 - 2 m ( ) > 2 m ( )

Profundidade do lençol freático

< 1 m ( ) 1 - 2 m ( ) 2 - 4 m ( ) > 4 m ( )

Vulnerabilidade do aqüífero Considerando os critérios 4, 5,6 e declividade (em função de infiltração no solo)

Declividade: Plana: <3% ( ) Muito baixa: 3-10%( ) Baixa: 10-20% ( ) Média: 20-30% ( ) Alta: >30% ( )

Proximidade de perímetro urbano, P P > 3,0 km ( ) 1< P < 3 Km ( ) P < 1 Km ( ) Distância do aterro ao centro de massa, D D > 10,0 km ( ) 10 < D < 20 km ( ) D < 10 km ( ) Vias de acesso Pavimentadas em boas condições: - asfaltada ( ) - encascalhada ( ) - com exigências de melhorias( ) - Inexistente ( ) Planas ou sem rampas fortes, ( ) Com rampas médias ( ) Muito íngremes( ) Disponibilidade de infra -estrutura Água no local ( ) Facilidade/custo de captação baixo ( ) Facilidade/custo de captação alto ( ) De esgoto ( ) De energia( ) Impacto visual da paisagem Pequena interferência ( ) Média interferência ( ) Grande interferência ( ) Topografia Ondulado com alta declividade ( ) Ondulado com baixa declividade ( ) Plana ( ) Condições climáticas (direção do vento) A direção dos ventos afeta os núcleos urbanos ( )

A direção dos ventos não afeta os núcleos urbanos ( ) Condições geotécnicas dos solos Profundos com boa capacidade de suporte e baixa permeabilidade ( ) Rasos com boa capacidade de suporte e média à baixa permeabilidade ( ) Arenosos, rasos a profundos, com média à baixa capacidade de suporte e média à alta permeabilidade ( ) Disponibilidade de solo para cobertura No local da obra ( ) Num raio de 10 km ( ) A mais de 10 km ( )

Profundidade do lençol freático, H H > 10m ( ) 5 < H < 10 m ( ) H < 5 m ( ) Susc eptibilidade à contaminação de manancial Alta ( ) Média ( ) Baixa ( ) Uso atual Terra sem uso ( ) Utilizada com pastagem ( ) Utilizada com agricultura ( ) Utilizada com indústria ou urbanizada ( ) Titularidade Pertencente à prefeitura ( ) Particular, disponível p/ venda ( ) Não disponível p/ venda ( )

ANEXO B - MUNICÍPIOS DO RN COM VALOR DE IQR APURADO E SUAS RESPECTIVAS POPULAÇÕES

MUNICIPIO IQR POPULAÇAO MUNICIPIO IQR POPULAÇAO

Grossos 1,00 9.441 hab São Tomé 2,08 11.115 hab Tibau 1,00 3.750 hab Boa Saúde 2,15 8.294 hab Carnaubais 1,15 9.284 hab Canguaretama 2,15 29.334 hab Touros 1,23 29.436 hab Paraná 2,15 3.886 hab Bento Fernandes 1,46 5.006 hab Venha-Ver 2,15 3.494 hab Jandaíra 1,46 6.447 hab Alto do Rodrigues 2,23 11.443 hab Lagoa de Pedras 1,46 6.989 hab Brejinho 2,23 11.135 hab Coronel Ezequiel 1,54 5.255 hab Goianinha 2,23 20.347 hab João Câmara 1,54 30.423 hab João Dias 2,23 2.723 hab Baía Formosa 1,62 8.466 hab Lagoa Salgada 2,23 7.179 hab Galinhos - Area 1 1,62 2.149 hab Major Sales 2,23 3.459 hab Japi 1,62 5.610 hab Passagem 2,23 2.629 hab São Miguel do Gostoso 1,62 8.810 hab Rafael Fernandes 2,23 4.608 hab Barcelona 1,69 3.928 hab Santa Cruz 2,23 33.736 hab Caiçara do Norte 1,69 6.384 hab Itaú 2,31 5.758 hab Ipanguaçu 1,69 13.444 hab Jardim de Piranhas 2,31 13.704 hab Jaçanã 1,69 7.788 hab José da Penha 2,31 5.982 hab Parazinho 1,69 4.772 hab Pau dos Ferros 2,31 26.728 hab São Bento do Norte 1,69 3.529 hab Rodolfo Fernandes 2,31 4.569 hab Riachuelo 1,77 6.824 hab Espírito Santo do Oeste 2,38 10.132 hab São José do Campestre 1,77 11.744 hab São Bento do Trairí 2,38 3.702 hab Lagoa d'Anta 1,85 5.940 hab Carnaúba dos Dantas 2,46 6.836 hab Tangará 1,85 13.081 hab Nova Cruz 2,46 35.280 hab Bom Jesus 1,92 8.478 hab Senador Elói de Souza 2,46 5.906 hab Equador 1,92 5.875 hab Angicos 2,54 11.227 hab Ruy Barbosa 1,92 3.625 hab Caiçara do Rio do Vento 2,54 3.064 hab Santa Maria 1,92 4.659 hab Felipe Guerra 2,54 5.680 hab Lagoa de Velhos 2,00 2.699 hab Francisco Dantas 2,54 2.928 hab Monte Alegre 2,00 20.590 hab São José de Mipibu 2,54 36.990 hab Paraú 2,00 3.880 hab Serrinha 2,54 6.740 hab Pendências 2,00 12.505 hab Severiano Melo 2,54 5.671 hab Santo Antônio 2,00 21.263 hab Vila Flor 2,54 2.647 hab São Paulo do Potengi 2,00 14.483 hab Antônio Martins 2,62 6.997 hab Taboleiro Grande 2,00 2.278 hab Doutor Severiano 2,62 6.431 hab Triunfo Potiguar 2,00 3.272 hab Encanto 2,62 5.158 hab Várzea 2,00 5.276 hab Jardim de Angicos 2,62 2.536 hab Coronel João Pessoa 2,08 4.827 hab Jundiá 2,62 3.517 hab Guamaré - Area 01 2,08 11.737 hab Marcelino Vieira 2,62 8.112 hab Lajes Pintadas 2,08 4.217 hab Montanhas 2,62 12.393 hab Pedra Grande 2,08 3.918 hab Pedra Preta 2,62 2.659 hab Pilões 2,08 3.381 hab São Francisco do Oeste 2,62 3.669 hab São Pedro 2,08 6.433 hab Tenente Ananias 2,62 9.311 hab Água Nova 2,69 2.843 hab Almino Afonso 3,31 4.948 hab Fernando Pedroza 2,69 2.876 hab Caicó 3,31 60.656 hab Maxaranguape 2,69 8.969 hab Lagoa Nova 3,31 13.167 hab São Vicente 2,69 5.819 hab Olho-d'Água do Borges 3,31 4.442 hab Serra de São Bento 2,69 5.801 hab Ouro Branco 3,31 4.973 hab Tenente Laurentino Cruz 2,69 5.120 hab Areia Branca 3,38 24.398 hab Vera Cruz 2,69 10.313 hab Nísia Floresta 3,38 22.906 hab

Apodi 2,77 34.632 hab Parelhas 3,38 19.972 hab Lajes 2,77 10.412 hab Portalegre 3,38 6.855 hab Pedro Avelino 2,77 7.405 hab Acari 3,46 10.911 hab Porto do Mangue 2,77 4.792 hab São Fernando 3,46 3.381 hab Açu 2,85 51.262 hab Taipu 3,46 11.768 hab Bodó 2,85 2.542 hab Baraúna 3,54 23.098 hab Caraúbas 2,85 19.739 hab Cerro Corá 3,54 10.890 hab Cruzeta 2,85 7.825 hab Campo Grande 3,62 8.936 hab Passa e Fica 2,85 10.372 hab Jucurutu 3,62 17.501 hab Pureza 2,85 8.030 hab Serra Negra do Norte 3,62 7.241 hab Senador Georgino Avelino 2,85 3.690 hab Umarizal 3,62 10.640 hab Sítio Novo 2,85 5.212 hab Ipueira 3,69 2.035 hab Alexandria 2,92 13.729 hab Rafael Godeiro 3,69 3.131 hab Frutuoso Gomes 2,92 4.360 hab Lucrécia 3,77 3.418 hab Janduís 2,92 5.416 hab Messias Targino 3,77 3.795 hab Patu 2,92 11.303 hab Riacho da Cruz 4,00 3.025 hab Pedro Velho 2,92 13.673 hab Viçosa 4,00 1.769 hab Poço Branco 2,92 12.288 hab Upanema 4,15 12.719 hab Campo Redondo 3,00 10.462 hab Tibau do Sul 4,23 10.959 hab Florânia - Area 1 3,00 8.313 hab Currais Novos 4,46 42.066 hab Itajá 3,00 6.410 hab Santana do Seridó 4,46 2.729 hab Luís Gomes 3,00 9.763 hab Timbaúba dos Batistas 4,54 2.295 hab Riacho de Santana 3,00 4.292 hab Macau 4,69 27.132 hab São Rafael 3,00 8.116 hab Jardim do Seridó 4,85 12.013 hab Serrinha dos Pintos 3,00 4.360 hab Serra do Mel 4,85 9.216 hab Afonso Bezerra 3,08 10.339 hab Mossoró 9,08 234.390 hab Arês 3,08 12.236 hab Ceará-Mirim 9,62 65.450 hab Santana do Matos 3,08 14.312 hab Extremoz 9,62 21.792 hab São Miguel 3,08 22.579 hab Ielmo Marinho 9,62 11.649 hab Martins 3,15 8.089 hab Macaíba 9,62 63.337 hab Monte das Gameleiras 3,15 2.394 hab Natal 9,62 774.230 hab São João do Sabugi 3,15 5.765 hab Parnamirim 9,62 172.751 hab São José do Seridó 3,15 3.925 hab Rio do Fogo 9,62 9.753 hab

Serra Caiada 3,15 8.283 hab São Gonçalo do Amarante 9,62 77.363 hab

Governador Dix-Sept Rosado 3,23 12.374 hab Fonte: Brito(2009)