correio da usalma n.º 25

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Fevereiro 2011 Fevereiro 2011- Número 25 Inverno No rastro das névoas Os sonhos não nascidos escondem-se. A vida lateja no cortejo de ideias submersas

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Correio da USALMA n.º 25 fevereiro 2011

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Fevereiro 2011Fevereiro 2011

Correio da Usalma

Fevereiro 2011- Número 25

Inverno

No rastro das névoasOs sonhos não nascidos

escondem-se.A vida lateja no

cortejo de ideias submersas

Solange Firmino

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Fevereiro2011Fevereiro2011

Correio da Usalma

Aconteceu….Os alunos da Usalma, em conjunto com os seus professores, têm cum-

prido um dos objectivos da Universidade Sénior que visa o enriquecimen-to cultural dos participantes.

Assim, foram realizadas desde o início do ano as seguintes activida-des:

Visitas de estudo• 26/10/2010 – Exposição de Paulo Ossião – Casino do Estoril – Professora

Felicidade Vieira – turmas 147 e 148.• 30/10/2010 – Participação do Grupo de Teatro – Cabeção – Professora

Helena Peixinho – turma 107.• 01/11/2010 – Exposição “ Centenário da República” – Cordoaria Nacio-

nal – Lisboa – Professor António Pessoa – turmas 60 e 61.• 16/11/2010 – Castelo de Palmela – Professora Isabel Graça – Turma 70.• 30/11/2010 – Fábrica Delta, museu e adega – Campo Maior – Professor

José Luís Guimarães - Turmas 134 e 135.• 18/12/2010 – Palácio de Queluz - Lisboa – Professor António Pessoa

– turmas 60 e 61. Participaram ainda alunos das turmas 47 e 48.• 04/01/2011 – Museu Nacional da Arte Antiga – Professora Isabel Graça

– turma 70.• 21/01/2011 – Palácio da Bemposta - Professor António Pessoa – turmas

60 e 61. Participaram ainda alunos das turmas 47 e 48.• 25/01/2011 – Museu do Chiado – Lisboa - Professora Felicidade Vieira

– turmas 147 e 148.• 25/01/2011 – Campo de Golfe dos Capuchos – Professor José Gonçalves

– turma 124.• 25/01/2011 – F.C.T. do Monte de Caparica - Professor José Luís Guima-

rães - Turmas 134 e 135.• 26/01/2011 – Quinta do Poial –Azeitão - Professora Graça Ribeiro – turma 126.• 29/01/2011 – Museu do Chiado – Lisboa - Professor Jerónimo de Matos

– turma 62.• 11/02/2011 - Palácio da Bemposta - Professora Isabel Graça – turma 70.• 18/02/2011 – Fluviário de Mora – Professora Graça Pessoa, Ivone Ferro Rodrigues e Maria do Carmo Nascimento

– Turmas 47 e 48.• 19/02/2011- Museu do Neo-Realismo – Vila Franca de Xira – Professor Jerónimo de Matos – turma 62.Colóquios• 19/11/2010 – “Cultura Índia, Biodiversidade e Direitos das Mulheres e das Minorias”.• 09/12/2010 – “No Centenário da República… Encontro com Guerra Junqueiro”.Reuniões• 03/12/2010 – 1.ª Assembleia de Delegados, na qual foi eleito o Conselho de Delegados cuja composição é a seguinte:

- Jorge Teixeira Pinto (aluno n.º 71)- Maria Eugénia Pinto Gonçalves (aluna n.º 169)- Maria Idalina Marques Simões Pinto Santos (aluna n.º 346)- Rui Manuel da Silva Tavares (aluno n.º 454)- Maria Auzenda Neto Correia (aluna n.º 720)- Bartolomeu Modesto Caetano Tasquinha (aluno n.º 945)- José Baptista Evaristo (aluno n.º 974)- Maria Manuela Paulinho Soares (aluna 1001)- Rui Azeredo Osório Magalhães e Menezes de Gouveia (aluno n.º 1215)

• 07/01/2011 – 1.ª Reunião do Conselho de Delegados em que foram eleitos:Coordenador do Conselho de Delegados - José Baptista Evaristo Representantes dos alunos ao Conselho Pedagógico - Jorge Teixeira Pinto e Maria Eugénia Pinto Gonçalves.

Notícias da Usalma

p.4

Ficha Técnica:

Direcção : Jerónimo de Matos

Redacção : Joaquim da SilvaFeliciano OleiroGracelinda NascimentoEmília Evaristo

Fotografi a: Joaquim Ribeiro

Designer Gráfi co: Joaquim Ribeiro Colaboração: António Pessoa

Edite PradaFeliciano OleiroFernando AntunesGraça SubtilGraciete L. PascoalGuilherme TelmoJoão C. PinheiroJosé JorgeJosé MonteiroJosé ParreiraMargarida SimãoRaquel SilvaVicente Cóias

Paginação: Joaquim Ribeiro Sónia Tomás

Copy Desk: Sónia Tomás

Depósito Legal - 284512/08

ISSN 1647-1067

Redacção / Administração : Rua Conde Ferreira 2800-077 AlmadaTelefone e fax : 21 274 39 28E-Mail : [email protected]

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Fevereiro 2011Fevereiro 2011

Correio da Usalma

EditorialProfessorJerónimo de Matos

Conselho Científi coA Universidade Sénior de Almada tem procurado, desde a sua criação vai para sete anos, consolidar A Universidade Sénior de Almada tem procurado, desde a sua criação vai para sete anos, consolidar

o título de Universidade (Universitates foi o nome dado na Idade Média às instituições de ensino abertas à universalidade dos saberes e à frequência de todos os interessados).

Universidade, em primeiro lugar, pela sua estrutura disciplinar aberta à variedade e complementaridade do saber actual.

Em segundo lugar pela exigência científi ca e pedagógica do seu ensino.Em terceiro lugar pelo carácter abrangente e integrador de todos os que querem aprender e/ou

ensinar.Há um quarto objectivo que vem sendo realizado com o labor de alguns e que se vai alargando e

constitui já um património em crescimento: a investigação.Investigação que professores e estudantes vão realizando sobre o próprio universo da Usalma: a sua

frequência, os interesses dos utentes, o contributo para a sua qualidade de vida; por outro lado a evolução da estrutura disciplinar, os métodos de ensino, a especifi cidade de certas aprendizagens como a informática, as línguas, as ciências ou as artes nas idades seniores.

Investigação também realizada sobre a Usalma como objecto de estudo da parte de centros universitários de investigação científi ca; citemos, entre outros, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Clássica de Lisboa, a Universidade de Aveiro, o Instituto Piaget e o Instituto Superior de Beja.

Destes estudos chegaram-nos já alguns resultados, quer em forma de relatórios de licenciatura quer de teses de mestrado e doutoramento. De outros aguardamos o envio de conclusões, resultantes dos inquéritos já aqui realizados e aos quais damos sempre toda a aceitação e apoio.

Há uma segunda vertente deste trabalho, um esforço paulatino e persistente para constituir um quadro docente cada vez mais qualifi cado e estruturado de forma a incentivar, garantir e credibilizar esta instituição.

Vai neste sentido a criação em estudo de um Conselho Científi co, integrado pelos coordenadores das áreas disciplinares e cinco professores doutorados. Presidido pelo Coordenador/Director da Usalma este Conselho cumpre o requisito legal que habilita a Universidade Sénior a concorrer a programas científi cos da União Europeia e do Estado Português.

Este novo desafi o está em estudo nas instâncias competentes, através do debate e da elaboração de um regulamento próprio e específi co para uma instituição de ensino sénior.

Num primeiro debate no Conselho Pedagógico, em torno da questão: tem sentido criar na Usalma um Conselho Científi co?

A resposta foi afi rmativa e unânime, sendo apontados alguns objectivos:- Contribuir para a defi nição de uma estrutura disciplinar lógica e equilibrada.- Dirimir questões disciplinares e inter-disciplinares.- Concorrer a programas de investigação científi ca a aplicar no universo sénior.- Credibilizar externamente o ensino sénior.Concluímos afi rmando que a criação do Conselho Científi co será um passo decisivo na vida da Usalma

e uma digna celebração do seu sétimo ano de vida.

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Correio da Usalma

Notícias da Usalma

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Vai acontecer…ColóquiosData Hora Local Tema Orador

04/03/11 14h30 Auditório-Cacilhas TejoColóquio “O Concelho de Almada através da sua história geológica, fósseis, rochas e carta geológi-ca”

Dr. Mário Estevens

11/03/11 11h00 Frei Luís de Sousa Colóquio “Avós e Netos” Dr.ª Anabela Farias

30/04/11 A confi rmar Colóquio “Cancro do Cólon – Como prevenir” A confi rmar

Outras visitas de estudo a nível de turmas• Festival de Teatro – Carnide – 31/03/2011• Passeio a Santiago de Compostela – 15, 16 e 17/04/2011

Outras actividades• Mostra do Ensino – 04 a 07/05/2011• 2.ª Assembleia de Delegados – 06/05/2011• Renovação de matrículas – 16 a 27/05/2011• Actividades de Encerramento do Ano Lectivo – a determinar• X Encontro Nacional das Utis – Batalha, Aveiro e Oliveira de Azeméis – 11 e 12/06/2011• Almoço de homenagem aos professores – 18/06/2011• Viagem a: Normandia, Bretanha e Vale do Loire – 15 a 22/07/2011

INFORMAÇÕES:• Apesar dos oito anos de existência da APCA e dos sete do seu projecto maior, a Usalma, surgem com frequência perguntas acerca da sua relação, sobretudo da parte dos estudantes seniores. É natural, pois a frequência da Usalma renova-se todos os anos, tornando legítimas as interrogações de quem chega de novo.Esclareçamos então:A Universidade Sénior (Usalma) é uma iniciativa e projecto da Associação de Professores do Concelho de Almada, Instituição Privada de Solidariedade Social (IPSS).Os corpos sociais da APCA (Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal) bem como os seus estatutos são o suporte legal e a autoridade juridicamente responsável pela Usalma. As instâncias de participação dos estudantes na vida da Universidade Sénior são uma criação da Direcção, no sentido duma gestão democrática, através da consulta aos utentes.Para facilitar a leitura da relação APCA/Usalma aqui deixamos um organogramaPara facilitar a leitura da relação APCA/Usalma aqui deixamos um organograma:

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Cursos da Usalma História Contemporânea

Visita à exposição Visita à exposição VIVA a REPÚBLICAVIVA a REPÚBLICA

No passado dia 1 de Novembro de 2010, entre as 10.00 e as 13.00 horas, no âmbito da disciplina de História Contemporânea de Portugal da Universidade Sénior de Almada, teve lugar uma visita guiada à exposição “VIVA a REPÚBLICA!” – 1910/2010, patente no edifício da Cordoaria Nacional, promovida pela Comissão Nacional para Contemporânea de Portugal da Universidade Sénior de Almada, teve lugar uma visita guiada à exposição “VIVA a REPÚBLICA!” – 1910/2010, patente no edifício da Cordoaria Nacional, promovida pela Comissão Nacional para Contemporânea de Portugal da Universidade Sénior de Almada, teve lugar uma visita guiada à exposição “VIVA a

as Comemorações do Centenário da República.Durante o percurso, os cerca de 50 participantes foram convidados a acompanhar o triunfo das ideias republi-

canas, a instauração do regime, a participação de Portugal na I Grande Guerra, a vida política, social, cultural e artística deste período até à ditadura militar imposta a partir do golpe de Estado de 28 de Maio de 1926 e, por fi m, o movimento de resistência à implantação do Estado Novo.

Nesta verdadeira viagem a uma época do nosso passado colectivo, de que nos devemos orgulhar, foi possível contactar com as principais fi guras da República desde os seus Presidentes até outras igualmente gradas, nomeada-mente, Afonso Costa, Machado dos Santos ou José Relvas.

Apercebemo-nos das principais medidas tomadas pelo poder republicano, desde a lei do divórcio, ao casamento civil, à abolição do ensino religioso, à obrigatoriedade do registo civil, e à elaboração e entrada em vigor não só do escudo como da Constituição de 1911, entre muitas outras.

Emocionámo-nos com a explicação acerca do Hino e da Bandeira Nacional, mas também com a hecatombe de mortos e feridos que a primeira Grande Guerra de 1914/1918 provocou, sofrendo ao mesmo tempo com as condi-ções que os militares tiveram que suportar, patentes nas fotografi as expostas.

Connosco estiveram também presentes Santa Rita Pintor, Almada Negreiros, Amadeu de Sousa Cardoso, Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa, para só citar alguns, muito embora não nos possamos esquecer da importância que a “Seara Nova” revestiu no panorama cultural da época.

O 28 de Maio de 1926, a Ditadura Militar de 1926 a 1933, e o advento do Estado Novo, muito embora, constituam acontecimentos nada felizes, serviram para nos lembrar quão importantes são os conceitos de Liberdade, Fraternidade e Democracia.

Para o êxito da visita muito contribuiu a ac-ção da Guia Lara Rodrigues que pela sua sim-patia, disponibilidade e elevado sentido pro-patia, disponibilidade e elevado sentido pro-fi ssional, aliadas a uma cultura histórica digna de realce, permitiu que todos os intervenientes apreendessem, num tão curto espaço de tempo o conteúdo tão vasto duma exposição com tal rigor e signifi cado histórico.

António Pessoa, prof. da Usalma

Foto de A. Marques da Silva

• Informa-se que as propinas relativas ao 2.º semestre do ano lectivo de 2010/11 se encontram a paga-Informa-se que as propinas relativas ao 2.º semestre do ano lectivo de 2010/11 se encontram a paga-mento, até fi nal do mês de Fevereiro.

• Mais se informa, que os alunos que não tiverem os pagamentos regularizados não poderão fazer a renova-ção da matrícula para o ano lectivo de 2011/12.

• Seguro Escolar – Âmbito da Cobertura - Acidentes pessoais que ocorram durante a actividade escolar ção da matrícula para o ano lectivo de 2011/12.

– Âmbito da Cobertura - Acidentes pessoais que ocorram durante a actividade escolar ção da matrícula para o ano lectivo de 2011/12.

(incluídas visitas de estudo), desenvolvidas pelas pessoas seguras.• Conforme o referido no Colóquio S.O. S. Criança, que teve lugar no passado dia 21/02/2011, qualquer

e-mail recebido, relativamente a desaparecimento de crianças, pedidos de sangue, medula óssea ... deverá de imediato ser encaminhado para o seguinte endereço: [email protected]. O Instituto de Apoio à Criança (IAC) utilizando os meios de que dispõe, procurará saber da veracidade de tal notícia e dar-lhe o devido en-caminhamento.

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Correio da Usalma

Realizou-se no Realizou-se no Rpassado dia 18 de Rpassado dia 18 de RDezembro mais RDezembro mais Ruma visita de estudo, desta vez, no âmbito da disciplina de História Contemporânea de Portugal.

É com agrado e sem-de Portugal.

É com agrado e sem-de Portugal.

pre bem participadas que este género de iniciativas por parte da Usalma tem vindo a realizar-se com alguma regularidade; a todos os professores pa-trocinadores estão os alu-nos naturalmente reco-nhecidos.

Desta vez o destino foi o Palácio Nacional de Queluz.

Concentração marcada para as 9 horas, no Cen-

tro Sul, manhã fria e com alguma ameaça de chuva, não demoveu ninguém, chegando todos bem dispostos, estabelecendo-se um clima de cordealidade que só a amizade e o companheirismo porporcionam.

À turma da História Contemporânea de Portugal juntaram-se também alguns alunos da disciplina de Ori-estabelecendo-se um clima de cordealidade que só a amizade e o companheirismo porporcionam.

À turma da História Contemporânea de Portugal juntaram-se também alguns alunos da disciplina de Ori-estabelecendo-se um clima de cordealidade que só a amizade e o companheirismo porporcionam.

gem da Vida e Biodiversidade, acompahados da professora Graça Pessoa.Durante o percurso, na camioneta, o professor António Pessoa lembrou o objectivo da viagem realçando um

facto histórico singular: iniciada a construção no ano de 1747 e concluído em 1861, albergou o Palácio as mais destacadas fi guras, quer do regimem absolutista, quer do regimen liberal, servindo de palco a acontecimentos históricos deste período de transição política e que marcaram profundamente o destino do país.

Uma vez que o percurso da viagem se fazia atravessando os concelhos de Lisboa e Sintra, a professora Gra-ça Pessoa lembrou a constituição geológica desta área, matéria naturalmente do foro da disciplina de Origem da Vida e Biodiversidade, lembrando ainda o nascimento de Darwin, para contextualização de uma época plena de transformações mentais, sociais e políticas.

Durante a visita ao Palácio duas competentes e simpáticas guias foram elucidando os visitantes a propósito do estilo, da decoração e do espólio espalhado pelas diversas salas.

Destacamos a Sala do Trono, a Sala da Música e a Sala de D. Quixote onde nasceu e morreu D. Pedro IV, que foi também o primeiro imperador do Brasil. Recheadas de preciosidades, apreciaram-se as peças de mo-biliáro de diversos estilos, os quadros, as louças, etc.

Perante o retrato de D. Maria I teceram as guias considerações sobre a moda da época realçando aspectos como o decote, o espartilho e a maquilhagem.

Na parede de uma das salas uma litografi a representando o embarque e a partida da família real para o Brasil.

No exterior do Palácio fi caram todos encantados com o belo jardim ornamentado com lagos, fontes e estátuas.

A propósito das estátuas de chumbo, representando fi guras mitológicas e as estações do ano, lembramos o seu autor o in-glês John Cheere.

Outra curiosidade, pelos jardins do Palácio passa a Ribeira do Jamor, ao que consta navegável noutros tempos.

No regresso para Almada prespectivaram-se outras visitas aguardadas por todos com natural expectativa.

Fernando Antunes, Aluno da Usalma

Cursos da UsalmaHistória Con temporâneaAo encontro da História Visita ao Palácio de Queluz

Foto de A. Marques da Silva

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Correio da Usalma Página 7Página 7Página 7Página 7

Dando cumprimento ao programa de visitas delineado pelo pro-fessor da Disciplina de História

Contemporânea – professor António Pessoa – efectuou-se no dia 21 de Janeiro a visita ao Palácio da Bemposta.

A visita prende-se, como a anterior, à matéria e à época, objecto de estudo da dis-ciplina.

Situando-se o Palácio nas imediações do Campo Mártires da Pátria, traçou o profes-sor Pessoa o perfi l deste grande herói que foi Gomes Freire de Andrade e lembrou a conspiração de 1817 que antecedeu a cria-ção do Sinédrio, factos decisivos para a im-plantação do Liberalismo.

O Palácio da Bemposta, também chamado Paço da Rainha, foi mandado construir por D. Catarina de Bra-gança, fi lha de D. João IV e viúva de Carlos II de Inglaterra.

Após a sua morte em 1705, fi cou o Palácio a pertencer ao seu irmão D. Pedro II...Reportando-nos à época do nosso estudo… em 1806 é habitação do Príncipe Regente, futuro Rei D. João

VI, que volta a habitá-lo depois do regresso do Brasil, tendo-lhe introduzido alguns melhoramentos.Deste palácio saiu o rei para travar a Vilafrancada, insurreição liderada por D. Miguel, para restabelecer

o Absolutismo.Durante a Abrilada, revolta liderada também por D. Miguel, o palácio esteve cercado pelos absolutistas.Por decreto de D. Maria II o palácio e a quinta envolvente passam a pertencer à Escola do Exército, fun-

dada pelo Marquês Sá da Bandeira.É hoje a Academia Militar, daí as visitas serem condicionadas.

dada pelo Marquês Sá da Bandeira.É hoje a Academia Militar, daí as visitas serem condicionadas.

dada pelo Marquês Sá da Bandeira.

Recebidos pelo senhor coronel Victor Lourenço que, após nos dar as boas vindas, teve a amabilidade de nos acompanhar na visita.

Do espólio do palácio, que pode ser observado, destacamos os painéis de azulejo, no átrio, da autoria de Jorge Colaço; no salão nobre, os retratos dos comandantes da Academia de autoria de grandes retratistas como Henrique Medina, Eduardo Malta e outros.

Na secção museológica apreciaram-se várias armas ligeiras e um considerável conjunto de medalhas e condecorações.

A biblioteca, destinada aos alunos da Academia e a investigadores, dispõe de algumas raridades bi-bliográfi cas tendo tomado nota de uma Aritmética de Joannes datada de 1514 e de uma História General de las Índias de 1535.

De passagem pela capela foram feitas referências às magnífi cas pinturas; na sacristia pôde apreciar-se um quadro de Vieira Lusitano, bem como alguns pa-ramentos.

A visita terminou no bar dos Ofi ciais onde foi ofe-recido um chá e foi pretexto para alguns momentos de convívio.

Pela gentileza da recepção está a Usalma extre-mamente grata à Academia Militar.

Fernando Antunes, Aluno da Usalma

Cursos da UsalmaHistória Con temporâneaAo encontro da História Visita ao Palácio de Bemposta

Nota 1: No dia 11 de Fevereiro realizou-se a segunda visita ao Palácio da Bemposta com alunos da professora Isabel Graça-His-tória de Portugal.Nota 2: Fotos cedidas por gentileza da Academia Militar

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Correio da Usalma

Cursos da Usalma Língua Portuguesa

Edite Prada, prof. da Usalma

Alunos de Língua Portuguesa Pro-duzem Receitas Metafóricas

Com o objectivo de dar ao trabalho sobre o encontro de sabores um cariz mais cria-tivo, os alunos de Língua Portuguesa fo-

ram desafi ados a produzir receitas metafóricas.Partindo da leitura de alguns exemplos, como a

Receita para fazer um herói, de Reinaldo Ferreira, ou da receita para fazer um romance de Almeida Garrett, os seniores foram criando as suas próprias receitas, que a seguir se registam:

Sonhos de Escritor

Tenha os olhos e os ouvidos bem abertos para tudo o que o rodeia. Observe com minúcia o mundo à sua volta. Seleccione com muito cuidado e inteli-gência os utensílios que lhe vão servir de suporte. Traga tudo para junto de si, porque esta receita leva muito tempo a concluir. Mas, quando bem organiza-da perdura, por milénios, imutável.

Execução:Com as 26 letras do alfabeto comece por formar

sílabas. Para isto precisa de juntar ao ataque, que pode ser simples ou composto, a rima, que pode le-var núcleo e coda ou simplesmente núcleo. Agora, com muito cuidado, para não se enganar, forme pa-lavras. Com as palavras e muita imaginação molde proposições. Pegue nestas proposições e com subti-leza componha frases com um sentido completo. Vá juntando várias frases, para dar elasticidade à massa que quer expressar, formando parágrafos. Não se esqueça de usar, correctamente, os sinais de pontu-ação, muito úteis para atribuir um sentido à massa.

Faça várias porções de massa, pelo mesmo pro-cesso do anterior, servindo-se dos seus conhecimen-tos e imaginação, e aponha-lhes todo o seu enlevo. Vá-lhe adindo um pouco de mel, ou sal, ou espe-ciarias, adequando a massa ao grupo de receptores que a irá digerir. Também lhe pode acrescentar um pouco de molho simples, para ser deglutinada mais facilmente.

Tente dilatar. Quanto mais fl exível estiver a massa melhor será o seu resultado. Deixe levedar um pou-

co. Dê uma revisão à massa para fi car homogénea e limpa. Repita várias vezes esta operação. Nunca a coloque em banho-maria, para evitar uma estagna-ção. Depois da massa bem cuidada, molde os seus sonhos. Quanto mais sonhos fi zer, melhor! Leve os seus sonhos a um forno especial, que lhe dará o requinte fi nal. Ficando, assim, prontos para serem consumidos em segurança.

Bom proveito!

O sonho de um EscritorPara realizar esse sonho o escritor necessita de ex-

periência e vários ingredientes adequados. Pega na farinha que são as palavras adiciona as

lágrimas e transforma-a em massa, que pode ser ten-ra ou outra, massa essa massa que é de sonhos junta-se-lhe mel e já tem sal que baste e trabalhe-a com cuidado e dedicação para que fi que macia, aveluda-da e escorregadia.

Quanto mais fl exível melhor será de manobrar, pois as palavras como a massa devem ser fl exíveis e expressar aquilo que sentimos.

Acariciado com cuidado a bola da massa como se acaricia uma criança, a nossa massa vai se transfor-mando num conto, numa poesia, quiçá num roman-ce….

Deixe levedar no seu espaço natural, quando a massa estiver em ponto de rebuçado pode moldar os sonhos ao seu jeito e leve ao forno quente para que fi quem estaladiços.

Raquel Pinto Silva

Receita para uma Sede da UsalmaUma vez que já há edifício, desejamos:

Um arquitectoUm engenheiroVários profi ssionais de ramos diferentes

IngredientesFerroCimentoCobre (fi os)

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Correio da Usalma Página 9Página 9Página 9Página 9

Cursos da Usalma Língua Portuguesa

Acessórios eléctricosQuadrosTubosAcessórios de canalizaçãoPortas janelas

Reunidos estes elementos, mãos ao trabalho e te-mos sede.

Agora falta equipá-la, mas só com uma nova re-ceita.

Guilherme Telmo

Receita para o B, a, BáTome as letras do alfabeto todoTrabalhe-as uma a uma com cuidado.Escolha uma, agora outra e outra mais.Soletre. Ora veja o resultado!Escolha outras. Proceda do mesmo modo.Está a ver? São essas as sílabas, com as quaisSe formam as palavras, ora longas, ora breves.

Agora é fácil: tome bastante imaginaçãoApure de cada uma o sabor, a tonalidade.Chamar-se-á ao conjunto proposição.Se retocar poderá, com toda a facilidade,Reter o voo da andorinha de asas leves,Pintar o pôr-do-sol ao cair da tarde,Ouvir o ribombar de algum trovão,Ver da papoila o fogo que no trigo arde,Sentir o calor de quem nos dá mão.

Sirva sem cerimónia, mas com muita emoção!

José Monteiro

Receita para Afastar os Amigos1 - Quando apreciares uma obra de outra pessoa,

mesmo que esta te pareça excelente, não elogies o seu autor. Preocupa-te, sim, em apontar qualquer de-fi ciência, por mais pequena que ela seja;

2 - Mantém sempre fi rme a tua opinião e as tuas ideias, mesmo que o rigor e a excelência da argumen-tação contrária te prove que estás enganado;

3 - Quando um amigo te apresentar uma ideia, reprova-a imediatamente, antes de verifi cares se ela é válida. Propõe uma nova ideia, ainda que não tenhas a certeza de que ela será melhor;

4 - Não peças desculpa a ninguém, mesmo que isso claramente se justifi que.

Por fi m, olha à tua volta e se ainda te restar algum amigo, estima-o porque esse

é verdadeiro. Vicente Cóias

Receita para Fazer um PiqueniqueIngredientes1. Escolher um dia de Primavera;2. Um campo fl orido, ou junto de uma ribeira;3. Escolher a companhia, que pode ser: a namo-

rada, a família, os amigos ou a turma de português da Usalma.

4. Preparar de véspera os petiscos da sua prefe-rência, a música, a máquina fotográfi ca, um saco de anedotas e se se lembrar, leve um livro;

5. Leve a mente aberta e um espírito brinca-lhão;

6. Ah! Não se esqueça de levar um chapéu.Como cozinhar?1. Estenda a toalha no chão;2. Abra o saco, ponha o farnel sobre a toalha;3. Encha o copo;4. Respire o ar puro do campo;5. Conviva alegremente;6. Se ouvir um rouxinol cantar nos salgueiros

junto ao rio, não tente imitá-lo. É difícil.6. Se ouvir um rouxinol cantar nos salgueiros

junto ao rio, não tente imitá-lo. É difícil.6. Se ouvir um rouxinol cantar nos salgueiros

7. À tardinha tire uma fotografi a ao pôr-do-sol;junto ao rio, não tente imitá-lo. É difícil.

7. À tardinha tire uma fotografi a ao pôr-do-sol;junto ao rio, não tente imitá-lo. É difícil.

8. Volte para casa e durma bem.

José Pedro Parreira

A professora resta deixar aqui um registo reconhe-cido, pelo empenho e entusiasmo dos seus alunos. Obrigada!

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Cursos da Usalma

Realizou-se no passa-do dia 14 de Dezembro, o almoço, na Herdade da Aroeira, do grupo de “Golf” da Usalma.

E digo almoço porque, ao invés do que ditam as regras do “Golf”,fazer primeiro, o percurso obrigatório dos 18 bura-cos do “course”, começá-mos justamente pelo fi m, ou seja pelo 19.º buraco, vulgo “restaurante”.

Aí já se vê que não se mostraram, de todo em todo, necessários os pres-timosos ensinamentos do

Prof. José Gonçalves, coadjuvado pelo nosso colega Joaquim Silva.Substituído o “taco” pelo garfo, e as bolas pelos deliciosos alimentos do repasto, fi zemos o “putter” perfei-

to, ou seja, as ”bolas” entraram religiosamente no “buraco” das nossas bocas.Mais complicadas se mostraram as coisas, da parte da tarde, quan-

do tivemos que fazer o percurso inverso, do 18.º para o 1.º buraco: o delicioso vinho tinto servido ao almoço, difi cultou-nos a concentração no “putter” e a colocação do “tee”, isto para já não falar na falta de energia para o “swing”, em pleno período da digestão.

Enfi m , salvou-se o convívio, que é também um dos mais nobres desígnios da Usalma. Foram, com efeito, duas horas de alegre confra-ternização, em plena época natalícia, tudo aliás, em perfeita sintonia com o espírito do “golf”.

João Carlos de Figueiredo Pinheiro, Aluno da Usalma

Iniciação ao Golfe

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Fevereiro 2011Fevereiro 2011

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Um Mundo

Este mundo como uma bola má-gica ainda me encanta, em cada elevação e planície se encontra algo maravilhoso ou não...

Mas eu que ando de certo modo sem vontade de trabalhar, uma boa dose de letargia me

mantém inactiva e, quando me olho, vejo-me como uma estrela-do-mar, sem cérebro... Mas com muitas cores a envolverem-me. Flutuo livremente pelo fun-do do mar, mas quando venho deitar-me numa rocha e apanhar sol sinto-me mudar...

Cheguei ao cais de embarque cerca das 6 horas da manhã, para uma viagem de lazer e descoberta até à Berlenga. Mas como tento fugir ao tradicional, dei co-migo a falar com uns pescadores. Conversa para lá conversa para cá, fi cou decidido que iria com eles no barco de pesca, iriam fazer uma caldeirada a bordo e na volta, ao fi m do dia, petisco ao pescador, mais tarde iria des-cobrir o que seria...

Saímos do cais, o sol estava a assomar no ho-rizonte. Eu, para que não perdesse nada da viagem, fi quei o mais perto possível da proa, para assim poder tirar fotos e ver o mar bem de perto.

Apesar do mar estar calmo, as ondas naquela zona, talvez com uma ondulação de uns cinco metros, faziam-nos andar para baixo e para cima. Assim que me foi possível fotografei o forte de Pe-niche, onde fi guras bem destacadas da nossa políti-ca estiveram presas antes do 25 de Abril. Hoje está transformado em Museu e ofi cina de artesanato.

E, para vos falar verdade a última vez que lá en-trei foi há uma meia dúzia de anos, acho que até o si-lêncio das celas me impressionou e me fez transpirar de medo, tal foi a intensidade de tudo o que sei que o ser humano passou lá...

Continuando a navegar consegui também umas excelentes imagens das rochas enormes que se en-contram mesmo no fi m do Cabo Carvoeiro. A terra ia fi cando para trás mas a sensação e a imagem eram lindas de tirar a respiração. Nós no meio do mar de um azul intenso e aquele cabo de terra enorme cheio de casinhas brancas, permanecerá sempre na minha memória.

Aqueles 16 km que nos separam de Peniche fo-ram percorridos em 45 minutos, salpicada pelas on-das mas não deixando que isso me intimidasse porque a espuma do mar, a sua cor e os peixes a saltar eram um espectáculo que me deixava extasiada, e ainda não tinha visto nada.

Atracámos num pequeno cais existente junto à fortaleza, a vegetação é rara, mas as aves existentes são muitas, desde gaivotas de várias espécies, e outras aves de que desconheço o nome, lagartos, lagartixas encontramos sempre até nos sítios mais inóspitos.

Mas eu queria era ir ver o fundo do mar, de modo que mudei de roupa calcei umas barbatanas bem compridas e lá fui ver o que há muito desejava, o contacto físico com o mar.

Nadei até à gruta azul. É assim cha-mada porque o nosso corpo debai-

xo de água fi ca azul devido à luz do sol e a sensação de

liberdade é de tal modo, que esquecemos a exis-tência do mundo. As suas águas cristalinas não nos deixam pa-rar, e assim fui mer-gulhando e mistu-rando-me com umas algas de vários recor-

tes e feitios de um ver-de forte e outras aver-

melhadas. Senti como se estivesse num jardim com

muita fl or, muita cor, e uma imensa variedade de espécies. Con-

tinuei o meu caminho e até passeei com os peixes. Eles foram meus anfi triões e deliciei-me com a sua companhia. Fui dar à gruta comprida, mas a corrente era bastante forte, o meu cuidado redobrou, a luz a brilhar na água e a sua refl exão nas paredes escuras davam um tom que nem os melhores pintores conseguem reproduzir com exactidão.

Na verdade, eram horas da caldeirada que me propus comer na companhia dos amigos pescadores.

Abandonei as límpidas águas, e lá fui até ao barco. Todos me esperavam ansiosos porque me perderam de vista. Encontravam-se preocupados, mas fi caram bem satisfeitos quando me viram regressar.

A caldeirada estava de tal modo bem feita com peixe fresquíssimo pescado nessa manhã, as mãos de sabedoria que a confeccionaram, só existe um nome divinal...

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MagustoEm cumprimento do Plano de Actividades da APCA/Usalma, teve lugar no pretérito dia 13-11-2010 o ha-

bitual magusto Entre Castanha e Água-Pé, na Quinta Pedagógica da Broeira, situada no termo do Cartaxo.Entre Castanha e Água-Pé, na Quinta Pedagógica da Broeira, situada no termo do Cartaxo.Entre Castanha e Água-PéFoi um agradável passeio, com recepção seguida de

café, chá e bolinhos secos.Durante a manhã visitámos a Quinta e assistimos, ao

vivo, à confecção de pão de trigo e de milho, na parte do ciclo farinha- mesa, onde alguns participantes não hesita-ram em «meter as mãos na massa».

Durante o almoço tivemos o privilégio de poder sabore-ar o pão quentinho, amassado com o suor do nosso rosto.

A tarde foi bem aproveitada em são convívio, onde não faltou o animado bailarico.

No fi nal da tarde, degustámos um agradável caldo-ver-de, chá e café, seguido das tradicionais quentes e boasacompanhadas da inseparável água-pé.

Pelas 18h00 foram distribuídos diplomas e regressá-mos a Almada, onde chegámos pelas 19h00.

Cumprimos, deste modo, mais um momento de convi-vência fraterna em complemento das diversas vertentes da nossa APCA/Usalma.

Feliciano Oleiro, aluno da Usalma

Mas comi com moderação, visto que era meu propósito voltar àquele mar, sua praia pe-

quena de areia muito fi na, tinha uma meia dúzia de turistas a trabalhar para o bronze. Terminada a be-líssima refeição fui fazer uma exploração pela ilha. Tinha duas fi nalidades, fazer a digestão e conhecer o terreno...

A Ilha grande chama-se Berlenga e os dois ilhéus juntos dela chamam-se Farilhões e Estelas, não sei a origem dos seus nomes.

O terreno é árido com pouca vegetação, mas o lo-cal é agradável, sentimo-nos no tecto do mundo, pelo isolamento e pela altura da ilha. A vista é soberba pois à nossa volta é só azul, com carneirinhos bran-cos das ondas, ao longe vê-se um barco aqui outro mais além, e bem ao fundo o Cabo Carvoeiro bem difuso...

Impera a paz e harmonia, não quero que o tempo passe, mas já posso voltar a dar mais um mergulho, a digestão já está feita, vou aproveitar para ver o outro lado da ilha mas dentro de água. E a verdade é que o lado Norte é tão lindo como o outro. A suavidade com que bato as barbatanas e o corpo se move, até

me sinto sereia, mas a beleza é do local, está a ser me sinto sereia, mas a beleza é do local, está a ser difícil deixar estes seres marinhos, este jardim aquá-tico para voltar à civilização, mas a promessa a mim própria fi ca... voltarei.

Assim, dirigi-me para o barco. O certo é que já estava a sentir fome novamente, e não era para admi-rar com a caminhada pela ilha e depois pelos jardins submersos, a fome tinha voltado, os meus amigos já me esperavam, de lanche preparado.

O barco levantou âncora e iniciamos a viagem de volta. Qual não foi meu espanto... tive direito a me-renda de rei, umas lagostas ao natural comidas à mão, uns búzios com mais de um palmo de comprimento, salada de polvo, umas sapateiras, tudo isto acompa-nhado por um vinho branco e uns pães caseiros.

De tal modo foi o lanche, que quando o barco atracou ainda nos encontrávamos a comer, mas es-pecialmente a trocar experiências vividas pelos ho-mens do mar, que tão carinhosamente me receberam no seio deles e com histórias de vida fascinantes.

Margarida Simão, aluna da Usalma

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A Educação pela Arte

Nos dias de hoje, que tanto se abordam temas sobre Arte nas suas diversas vertentes, em que nos entram pela casa dentro programas

televisivos centrando-se neste tema, artistas amado-res e profi ssionais dão largas à sua sensibilidade. A arte conquista assim grande expressão na sociedade. Como tal, vem-me à memória o tempo de adolescen-te, quando a caminho do Colégio, no Porto passava junto às Belas Artes. Os meus olhos voltavam-se para o átrio do edifício, como que procurando algo que ia maturando em mim: o desejo de vir a frequentar um curso de arte, desenho ou pintura, ou talvez música, áreas que sempre me atraíram. Só que nesse tempo esses cursos não tinham muitos frequentadores, no que respeitava a seguir uma via profi ssionalizante. Eram áreas que principalmente as senhoras não frequentavam. Certas pessoas, menos esclareci-das ou menos sensíveis viam-nos com certa reserva. Dada a subserviência que nesses tempos existia dos fi lhos para com os pais, ou talvez a minha pouca de-terminação, lá me matriculei na Escola do Magistério Primário, que era um curso recomendável para se-nhoras e tinha boa aceitação. De forma alguma me arrependi, pois o ensino deu-me de igual modo opor-tunidade de dar largas à minha tendência natural para o campo artístico. Procurei sempre desenvolver nos meus alunos estas áreas. Mas, a razão que me levou a debruçar-me sobre este tema, não foi tanto falar de mim mas antes constatar que a Arte, nas suas várias vertentes, tem desempenhado ao longo do tempo um papel preponderante no desenvolvimento de capaci-dades para uma melhor aprendizagem de outras áre-as, desempenhando um papel motivador. As áreas artísticas têm proporcionado também vastos progressos no campo da defi ciência, como seja o tratamento de determinadas doenças do foro psíqui-co em crianças e adultos.

A criança que desenha, pinta, modela, canta, toca ou dança, está a tentar resolver o problema de transformar materialmente uma ideia, sentimento ou imagem que possui (John Dewey, pedagogo). A arte é a utilização dos meios para organizar em formas visuais, as nossas experiências subjecti-vas.

Como sabemos o fi m da Educação é favore- Como sabemos o fi m da Educação é favore-cer o crescimento do que é individual em cada ser cer o crescimento do que é individual em cada ser humano procurando-se uma harmonia entre a indivi-humano procurando-se uma harmonia entre a indivi-dualidade e o todo orgânico do grupo social a que se dualidade e o todo orgânico do grupo social a que se pertence. É também o desenvolvimento como um ajus- É também o desenvolvimento como um ajus-tamento dos sentimentos e emoções do indivíduo ao tamento dos sentimentos e emoções do indivíduo ao mundo objectivo. A função mais importante da edu-mundo objectivo. A função mais importante da edu-cação respeita a esta orientação psicológica e, como cação respeita a esta orientação psicológica e, como tal a educação da sensibilidade estética. A educação estética engloba todas as moda- A educação estética engloba todas as moda-lidades de expressão própria, verbal, visual, plástica lidades de expressão própria, verbal, visual, plástica construtiva, musical e cinética. O objectivo do pro-construtiva, musical e cinética. O objectivo do pro-fessor é conseguir a correlação, o mais elevada possí-fessor é conseguir a correlação, o mais elevada possí-vel, entre o temperamento da criança e os seus modos vel, entre o temperamento da criança e os seus modos de expressão. A arte contem em si trocas comuns a toda a A arte contem em si trocas comuns a toda a humanidade. A educação através da Arte é a educa-A educação através da Arte é a educa-ção para PAZ (Herbert Read), crítico de arte.

Reportando-me de novo a uma perspectiva Reportando-me de novo a uma perspectiva pessoal considero que a arte é um desejo.

Antes de ser expressa já existe dentro de nós. Antes de ser expressa já existe dentro de nós. E a ânsia de sentirmos liberdade, é criar. Criar um E a ânsia de sentirmos liberdade, é criar. Criar um mundo à imagem que este despertar em nós. Uma mundo à imagem que este despertar em nós. Uma emoção, o sentir que podemos agarrá-lo em nossas emoção, o sentir que podemos agarrá-lo em nossas mãos, transformá-lo, dando-lhe até outra forma de mãos, transformá-lo, dando-lhe até outra forma de ser.

O artista, desenhador ou pintor transporta O artista, desenhador ou pintor transporta uma emoção para fora do seu “eu”, expressa-a de um uma emoção para fora do seu “eu”, expressa-a de um modo informal, sem voz, sem palavras.

Essa emoção calada está ali viva, em tudo Essa emoção calada está ali viva, em tudo quanto possa suportá-la.

Depois aperfeiçoa o traço, mistura as cores, Depois aperfeiçoa o traço, mistura as cores, esboça o mar, pincela o céu, e eis que esse desejo esboça o mar, pincela o céu, e eis que esse desejo cria voz, cria corpo que o pintor procura expressar na cria voz, cria corpo que o pintor procura expressar na superfície branca de uma folha de papel.

Graciete da Luz Lourenço PascoalGraciete da Luz Lourenço PascoalAluna da Usalma

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Onde estavas no 25 de Abril

A expressão A expressão A Onde estavas tu no 25 de Abril, à qual associo o escritor e cronista Baptis-A à qual associo o escritor e cronista Baptis-A ta Bastos, motivou-me para abordar uma A ta Bastos, motivou-me para abordar uma A

situação que muito buliu comigo e permitiu que, em simultâneo, teça alguns comentários sobre a Revolu-ção de Abril.

Nas últimas décadas, tornou-se um lugar comum o uso desta expressão, a qual pode ser interpretada, tanto sob o ponto de vista substantivo como ideoló-gico.

Daqui somos levados a concluir que ela tem fun-cionado como que um jargão inquiridor com cer-ta abrangência. Nesta linha de pensamento, o meu discretear levou-me à madruga de 25 de Abril, para melhor poder responder, tão realisticamente quanto possível, a esta questão.possível, a esta questão.

Em linguagem metafórica posso afi rmar-vos que naquela madrugada eu navegava tranquilo nos bra-ços de Morfeu quando o telefone, impiedosamente me despertou.

Eram três horas da madrugada daquele dia acaba-do de nascer para a História.

Na outra extremidade da linha estava uma voz amiga que, em jeito telegráfi co, me informou ipsis verbis: Companheiro liga o rádio. Há tropas na rua. Algo de grave está a acontecerAlgo de grave está a acontecer. Um abraço e desli-gou.

A partir deste momento jamais abandonei o rádio e pelas nove horas dirigi-me para a Escola Conde de Ferreira, onde os meus colegas e grande parte dos alunos já se encontravam.

O dia foi passado a encaminhar as crianças para casa, em segurança, e, em simultâneo, íamos fazendo a leitura da situação, tanto através da Rádio e T.V., como das reedições dos jornais vindos de Lisboa, mas que rapidamente se esgotavam após saírem dos Cacilheiros.

Era aqui que eu estava, fi sicamente, no meu 25 de AbrilAbril.

Na perspectiva de consubstanciar estas me-mórias, cabe aqui inserir uma breve alusão ao modo como atravessei o meu vinte e cinco de AbrilAbril.

Devo confessar que aceitei a mudança numa situa-ção de conforto. Não obstante esta minha atitude, pe-sava o facto de me encontrar no exercício de funções administrativas, por indicação do regime deposto,o que para mim, era sem dúvida preocupante.

Entretanto é publicada nova legislação que sub-

mete a eleições o provimento de futuros delegados escolares, com a exclusão dos actuais.

Como em Almada não se apresentaram concor-rentes, a equipa em exercício resolveu convidar co-legas para a formação de duas listas, a divulgar pelas escolas, com a fi nalidade de garantir o continuado funcionamento dos serviços.

Deste modo, devo sublinhar, que estas foram as únicas eleições tidas ao longo da história das dele-gações escolares, nas cerca de oito décadas da sua existência.

Continuando a dar conta do meu 25 de Abril, ago-ra sob o ponto de vista subjectivo, e como resposta a esta pertinente questão que hoje faz parte do nosso linguajar, vou referir um facto que justifi ca a minha postura perante a aceitação desta mudança política.

Então vejamos: Em mil novecentos e cinquenta e oito, no período antecedente às eleições do General Humberto Delgado, para presidente da República, fo-ram feitas muitas prisões no Alentejo e o meu sogro foi abrangido nas prisões políticas na sua térrea na-tal-Benavila, concelho de Avis.

Quando em princípios de Agosto, daquele ano Quando em princípios de Agosto, daquele ano me fi xei em Almada, encontrava-se este nosso fa-miliar (com setenta anos de idade), detido na pri-são política do Aljubre, onde o ia visitar semanal-mente. Daqui se deduz que a minha consciência mente. Daqui se deduz que a minha consciência cívica e política se baseava em princípios humanos cívica e política se baseava em princípios humanos e solidários, virados para um regime mais aberto para um regime mais aberto e tolerante que muito bem podemos traduzir por e tolerante que muito bem podemos traduzir por democracia.

Claro está, que esta situação era vivida no seio familiar e bem acautelada.

Seria uma atitude de pura estultícia e oportunis-mo, eu, no dia vinte e seis de Abril, vir à praça pú-blica afi rmar esta situação e exultar com a mudança do regime.

Partindo do facto de toda a minha vida ter decor-rido sempre em campo aberto, ao longo dos últimos cinquenta anos todos vividos em Almada, sou levado a concluir que ao 25 de Abril me encontrava no lugar a concluir que ao 25 de Abril me encontrava no lugar onde sempre estive, e continuarei a estar, enquanto as minhas pernas tardas o permitirem.

Confesso, muito baixinho, que já é tarde para quaisquer tergiversações.

Feliciano Oleiro, aluno da Usalma

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2º Encontro anual de professores

Realizou-se no passado dia 26/02/2011, nas instalações do Inatel - Costa da Caparica, o 2º Encontro Anual de Professores da Usalma do ano em curso, onde foram debatidos os assuntos referentes aos aspectos pedagógicos e curriclares da Universidade Sénior. Após os trabalhos, teve lugar um almoço convívio ao qual se seguiu um momento musical, a cargo dos professores José Carita e Joaquim Silva.

IEm tudo quanto olho, vejo arteNo fi o d’água que brota da nascenteNas pedras desgastadas da calçadaNa acha que na lareira nos aqueceE no chiar da mó enfarinhada

IINum campo atapetado com papoilasNo nascer do sol e no seu pôrNo elegante voar de uma andorinhaQue parte à procura de calor

IIINa pureza do olhar de uma criançaNo coaxar da rã lá no fundo da poçaNa abelha que suga o néctar da fl orO transporta e transforma em mel q’adoça

IVNo colo duma mãe que o fi lho embalaNo choro de criança q’enterneceNas rugas em rosto de mulher cansadaNa teia que uma aranha com engenho tece.

VHá arte ou não, na lua recortadaQue a sua luz oferece em noite escura?E no vasto e negro céu, qual gigantesca tela.Onde se pintou estrelas com ternura?

VINuma maçã vermelha e apetitosaNo aroma doce e suave duma rosaDo rosmaninho, da tília e do jasmim.No bater d’asas do grilo no seu esconderijoQuebrando o silêncio na noite sem fi m…

VIINo vento que sopra e vai empurrando a velaNa chuva leve batendo na vidraçaNo sol que aquece e faz abrir a fl orE na borboleta que pelo ar esvoaça?

VIIIHá arte ou não, no arco a sete coresQue empresta ao céu um ar de romariaQuem o pintou ali?Qual foi o artista, que tudo elaborou com tal beleza?Quem quer que fosse, a gratidão sentidaPor me oferecer este quadro imenso e beloA que se deu o nome “Natureza”

Graciete da Luz Lourenço PascoalAluna da Usalma

A Arte em poema