correio da usalma n.º 21

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Dezembro 2009 Dezembro 2009 - Número 21 Sessão de Lançamento da Revista Memórias e Futuro da APCA /Usalma Correio da Usalma Página 12 Página 12 Página 12 Boas Festas e Feliz Ano Novo A sessão de lançamento da Revista “Memórias e Futuro” da Associação de Professores do Concelho de Almada/Universidade Sénior de Almada decorreu no passado dia 6 de Novembro, na sala Pablo Neruda do Fórum Romeu Correia, como foi noticiado no número anterior deste Correio da Usalma. Esta sessão foi presidida pelo professor Jerónimo de Matos, Director das duas instituições, tendo tomado assento na mesa da sessão o engº. António Matos, em representação da CMA, o professor da Usalma Antão Vinagre, orador da sessão e os elementos da equipa co- ordenadora da Revista – Ernesto Fernandes, Edite Prada e Joaquim Ribeiro. Abriu a sessão o professor Jerónimo de Matos que apresentou as razões que conduziram à elaboração da Revista, neste seu primeiro número . Acrescentou que a mesma engloba artigos dos boletins Profalmada e Cor- reio da Usalma, editados até à data desde o ano de 2005. Informou, ainda e quanto à sua periodicidade, que a mesma passará a ser anual. Dada a palavra à equipa coordenadora, cujos elemen- tos integram a Ficha Técnica do boletim Profalmada, os mesmos descreveram os passos dados para a elabo da Revista. Seguiu-se a intervenção do engº. António Mato teceu os maiores elogios relativamente à obra em çamento e às actividades da APCA e Usalma, como entidades da maior relevância no panorama de Almada Cidade Educadora. De seguida, o professor Antão Vinagre apresentou a sua comunicação, subordinada ao tema “Descentraliza- ção Educativa, Poder Local e Parcerias: linhas estratégi- cas da intervenção educativa das autarquias do distrito de Setúbal”, a qual foi seguida de prolongado debate, com a intervenção da numerosa assistência presente na sessão. De acordo com o programa e para fecho da sessão, estava prevista a actuação de um duo instrumental, a qual ficou prejudicada pela hora tardia a que a mesma terminou. Para concluir, foi efectuada uma distribuição/venda da Revista e autógrafos. A Redacção

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Correio da USALMA n.º 21 dezembro 2009

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Page 1: Correio da USALMA n.º 21

Dezembro 2009 Dezembro 2009

Dezembro 2009 - Número 21

Sessão de Lançamento da Revista Memórias e Futuro da APCA /Usalma

Correio da UsalmaPágina 12Página 12Página 12

Boas Festas e Feliz Ano Novo

A sessão de lançamento da Revista “Memórias e Futuro” da Associação de Professores do Concelho de Almada/Universidade Sénior de Almada decorreu no passado dia 6 de Novembro, na sala Pablo Neruda do Fórum Romeu Correia, como foi noticiado no número anterior deste Correio da Usalma.

Esta sessão foi presidida pelo professor Jerónimo de Matos, Director das duas instituições, tendo tomado assento na mesa da sessão o engº. António Matos, em

representação da CMA, o professor da Usalma Antão Vinagre, orador da sessão e os elementos da equipa co-ordenadora da Revista – Ernesto Fernandes, Edite Prada e Joaquim Ribeiro.

Abriu a sessão o professor Jerónimo de Matos que apresentou as razões que conduziram à elaboração da Revista, neste seu primeiro número . Acrescentou que a mesma engloba artigos dos boletins Profalmada e Cor-reio da Usalma, editados até à data desde o ano de 2005. Informou, ainda e quanto à sua periodicidade, que a mesma passará a ser anual.

Dada a palavra à equipa coordenadora, cujos elemen-tos integram a Ficha Técnica do boletim Profalmada, os

mesmos descreveram os passos dados para a elaboração mesmos descreveram os passos dados para a elaboração da Revista.

Seguiu-se a intervenção do engº. António Matos que Seguiu-se a intervenção do engº. António Matos que teceu os maiores elogios relativamente à obra em lan-teceu os maiores elogios relativamente à obra em lan-çamento e às actividades da APCA e Usalma, como çamento e às actividades da APCA e Usalma, como entidades da maior relevância no panorama de Almada Cidade Educadora.

De seguida, o professor Antão Vinagre apresentou a sua comunicação, subordinada ao tema “Descentraliza-ção Educativa, Poder Local e Parcerias: linhas estratégi-cas da intervenção educativa das autarquias do distrito de Setúbal”, a qual foi seguida de prolongado debate, com a intervenção da numerosa assistência presente na sessão.

De acordo com o programa e para fecho da sessão, estava prevista a actuação de um duo instrumental, a qual fi cou prejudicada pela hora tardia a que a mesma terminou.

Para concluir, foi efectuada uma distribuição/venda da Revista e autógrafos.

A Redacção

Page 2: Correio da USALMA n.º 21

Assembleia de Delegados Ano Lectivo 2009/2010No dia 4 de Dezembro de 2009, no auditório da Escola Secundária Cacilhas Tejo, realizou-se a 1.ª Assembleia de Delegados.Ordem de Trabalhos:

Ponto 1. Eleição do Conselho de DelegadosForam eleitos os seguintes Conselheiros:

Escolas ConselheirosAgrupamento Anselmo de Andrade Pedro C. Gameiro Alves

Escola Secundária Cacilhas / Tejo Jorge Teixeira Pinto, José Evaristo e Maria do Carmo Nascimento

Escola Secundária Emídio Navarro Maria Manuela Soares

Agrupamento D. António da CostaEscola Secundária do Monte de Caparica Maria Eugénia Pinto Gonçalves

Escola Secundária Fernão Mendes PintoArquivo Histórico Imargem

Maria Manuela Vital

SeminárioEscola Secundária António Gedeão Agrupamento Ruy Luís GomesEscola Secundária Romeu Correia

Francisco Fernandes,José Luís Carvalho e Maria Cristina Al-ves

Ponto 2. Informações

Frequentar a Usalma implica compromisso e responsabilidade de todos os alunos.

Assim: • Ninguém pode frequentar as aulas sem previa-mente efectivar a sua inscrição na sede da Usalma;• Para frequentar as aulas é obrigatório o paga-mento das propinas;• Qualquer desistência deve ser, obrigatoriamen-te, comunicada na sede;• A assiduidade e pontualidade são deveres dos alunos;• A justifi cação das faltas deve ser apresentada oralmente ao professor da disciplina;• A desistência deve ser comunicada na secreta-ria;• Algumas das actividades da Usalma, que visam o enriquecimento cultural de cada um, são entre

outras, os colóquios, o boletim “Correio da Usalma” e visitas de estudo. Assim, é dever dos alunos a participação activa nas mesmas.Como dispõe o Regulamento Interno da Usalma, o delegado é uma fi gura imprescindível para o bom fun-

cionamento da Instituição, tendo em conta que o mesmo é o elemento de ligação da turma com o professor e com a Direcção.

Direitos e Deveres dos DelegadosÉ Direito do DelegadoDireitos e Deveres dos Delegados

É Direito do DelegadoDireitos e Deveres dos Delegados

: Ser informado de todas as actividades da Usalma;

Página 11Página 11Página 11

Dezembro 2009 Dezembro 2009 Dezembro 2009Dezembro 2009

Ficha Técnica:

Direcção : Jerónimo de Matos

Redacção : Joaquim da Silva Feliciano Oleiro Gracelinda Nascimento Emília Evaristo

Fotografi a: Joaquim Ribeiro

Designer Gráfi co: Joaquim Ribeiro

Colaboração: Cláudia Freire Elisabete Abreu Fernanda Antunes Joaquim Dias Margarida Simão Maria Augusta Pires Maria Fátima Santos

Paginação: Joaquim Ribeiro Sónia Tomás

Copy Desk: Sónia Tomás

Depósito Legal - 284512/08

ISSN 1647-1067

Redacção / Administração : Rua Conde Ferreira 2800-077 AlmadaTelefone e fax : 21 274 39 28E-Mail : [email protected]

Correio da Usalma Correio da Usalma

Notícias da Usalma MagustoMarvão – XXVI Festa do Castanheiro – Feira da Castanha

O Magusto, festa tradicional que se realiza em datas festivas, está associado à lenda

de S. Martinho – soldado romano, mais tarde co-nhecido por Martinho de Tours, que por não ter mais nada, repartiu a sua capa com um mendigo seminu, que encontrou pelo caminho, num certo dia de muita chuva e neve. Prosseguindo a sua viagem, subitamente, a tempestade amainou e o sol resplandeceu, inundando a terra de sol e ca-lor. Deus, para que não se apagasse da memória dos homens este acto de bondade, dispôs que, por alguns dias, já em pleno Outono, cessasse o frio e o calor saudasse a Natureza. Daí a origem da expressão “Verão de S. Martinho”.

Esta festa popular é celebrada não só em Portu-gal, mas também em algumas regiões espanholas – Galiza e Astúrias. Os festejos realizam-se de acordo com as tradições de cada região, sendo comum as fogueiras onde se assam as castanhas, a prova do vi-nho novo, da água-pé e da jeropiga.

No âmbito da comemoração desta tradição, a APCA/Usalma orga-nizou, para os seus sócios, alunos e acom-panhantes, um passeio à XXVI Festa do Casta-nheiro – Feira da Castanha, em Marvão. É uma das festas mais populares da vila, onde se pôde ver e apreciar: artis-tas de anima-ção de rua, ma-gustos coloca-dos em pontos estratégicos, área de artesa-nato, onde é de referir a beleza, engenho e arte dos bordados executados com cascas de castanha, área de produtos locais, área de compotas, licores, doces caseiros, etc.

Este passeio realizou-se no dia 14 de Novembro de 2009, com saída de Almada, por volta das 6.30h e com destino a Castelo de Vide – bonita e aprazível vila alen-tejana situada numa das encostas da Serra de S. Mame-de - onde estava marcado o almoço. Antes, porém, ainda foi feito um breve, mas proveitoso passeio panorâmico pelas suas ruelas labirínticas, onde se pôde admirar al-guns dos seus Chafarizes, o Castelo e visitar a Judiaria.

Após o agradável almoço, salvo poucas opiniões, o destino foi o Castelo de Marvão, local onde decorria a “Feira”. Aí, cada um procurou os seus locais de interes-se, onde se apreciou artesanato, se provaram doces e licores regionais e como diz o provérbio “No dia de S. licores regionais e como diz o provérbio “No dia de S. licores regionais e como diz o provérbio “

Martinho lume, cas-tanhas e vinho”, comeu-se castanha assada e bebeu-se vinho. Não se pôde, contudo, desfrutar da bonita paisagem que se avista em redor do Castelo, porque o “Verão de S. Martinho” não se S. Martinho” não se S. Martinho”fez sentir, o que para algumas pessoas a estada aí se tivesse tornado longa.

Como avaliação fi nal e segundo a maioria das opini-ões recolhidas, o passeio foi “Bom” realçando-se a qua-lidade e simpatia da

organização, o são convívio e o enriquecimento cultu-ral.

Ao longo do presente ano lectivo irão realizar-se, cer-tamente, mais passeios culturais ricos em qualidade e conteúdo, pelo que a opinião e sugestão de todos é mui-to importante.

Em breve encontrar-nos-emos. Até lá…

A Redacçãocont. pág. 9

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Notícias da UsalmaAssembleia de Delgados 2009/2010

Dezembro 2009 Dezembro 2009 Dezembro 2009 Dezembro 2009

Correio da UsalmaCorreio da Usalma

Um tipoiJaneiro 1974

Conheço-o, lembro-me de o ver em diferentes pontos da cidade, desde os tempos em que vendia livros de porta em porta.Era um vendedor ambulante; vendia revistas de humor e de passatempos, banda desenhada e pequenos livros policiais, de aventura e romances de amor.Dispunha a mercadoria no chão sobre um pequeno toldo e anunciava:- É para rir! É para rir!Exibia revistas de humor.- Palavras cruzadas…! É para entreter na viagem!- É a seis escudos… a seis… é a dez… é a dez escudos…No corrupio apressado das gentes, para o comboio ou para o barco, havia quem parasse e olhasse para as revistas e os livros espalhados no chão.- Olhe, menina, romances, fotonovelas… Corín Tellado. - Olhe, policiais, aventuras… O Falcão… O Tarzan…!Havia quem abrisse a carteira ou o porta-moedas:- Uma revistinha dessas…- O Cara Alegre.Eu, de porta em porta, num contacto directo com clientes, oferecendo boa literatura, romances de Alexandre Dumas, Balzac, Victor Hugo e enciclopédias, obras luxuosamente encadernadas, via com curiosidade e alguma simpatia a actividade deste meu “concorrente”.Comprei-lhe algumas vezes revistas de palavras cruzadas. Tinha-me viciado nesse exercício de descobrir letras para formar palavras; passou-me desde que comecei a escrever “crónicas” nos meus cadernos.Há muito que o deixara de ver, desde que passei a trabalhar no Queiroz & Cª.Vi-o hoje estatelado no chão, na 24 de Julho, a queixar-se da anca e algumas pessoas a tentar soerguê-lo.Mais adiante, um indivíduo era quase linchado por alguns populares.- Seu cobarde!- Ataca-se um homem dessa maneira…?Desenvencilhando-se de quem o agarrava desatou a correr para a paragem do autocarro.Por curiosidade, direi sem modéstia, com algum faro jornalístico… estaria aqui uma boa história… fi quei a observar o pobre vendedor a acabar de levantar-se, queixoso, juntando depois as revistas e livros que se haviam espalhado.

Todos quantos inicialmente o socorreram ou, simplesmente, presenciaram a cena, se tinham posto em andamento; eram agora outros os transeuntes, ignorantes ao que se passara, testemunhas de outras realidades envolventes.E ali estava, no meio da multidão, um Zé-ninguém, um homem solitário, vítima de uma agressão.- Que lhe aconteceu…? Diga lá se precisa de alguma coisa…?- Obrigado…! Ai, ai… uma revista?- É para rir não é…?Ri-me mesmo.-Deixe-me cá… O bufo há-de pagar-mas!Fiquei de orelha afi tada.- O bufo… o que lhe bateu?-Sim senhor… o gajo anda aí com cara de poucos amigos, trombudo. Quando o vejo gozo com ele. “É o Cara Alegre”! Digo a toda a gente que é bufo; por causa dele, tenho a certeza, fui parar à António Maria Cardoso.- Tenha cuidado… com que então o gajo é bufo?Vou registar esta!

Fernando Antunes, estudante da Usalma

Cursos da Língua Portuguesa

ReconhecimentoA Usalma não dispõe do elixir da juventude, não

descobre nem “fabrica crânios”, mas ajuda a preser-var cérebros levando-lhes conhecimento e aguçando-lhes a curiosidade, o que é da maior importância para a qualidade de vida de muitos homens e mulheres que se recusam a ser restos de gente. Por isto, e porque é evidente que as ideias de conhecimento, cultura e lazer evidente que as ideias de conhecimento, cultura e lazer têm aqui o sabor da solidariedade, aqui deixo o meu muito obrigado à Direcção, ao Corpo docente e a todos Aqueles que, de uma ou outra forma, dão o seu contri-buto para manter a operacionalidade da Usalma. Bem buto para manter a operacionalidade da Usalma. Bem hajam!

Com elevada consideração,

Joaquim G.Dias, estudante da Usalma

cont. pág. 2

Ser ouvido e respeitado pelos colegas e professores; Ser eleito para o Conselho de Delegados.

É Dever do Delegado: Fazer circular a informação; Incentivar as relações humanas, tendo em vista um bom ambiente de trabalho e de convívio; Comunicar à Direcção as visitas de estudo e outras actividades acordadas com o professor. Sempre que as mesmas

impliquem saídas, entregar na sede a lista nominal dos participantes a fi m de ser accionado o respectivo seguro; Ser responsável pela folha de presenças durante as aulas e entregá-la, na sede, no fi nal de cada mês; Levantar e distribuir o jornal “Correio da Usalma”; Eleger o Conselho de Delegados

Concurso “O Saber não tem Idade” O concurso realiza-se todos os anos entre as Universidades Seniores de todo o país. Este ano, a fi nal nacional terá lugar

no sábado, dia 30 de Janeiro de 2010, em Miranda do Corvo. Aproveitando a oportunidade do Concurso Nacional (30/1/2010), a Direcção resolveu enriquecer a viagem, propondo mais um dia de visita cultural à região de Coimbra, no dia 29 de Janeiro.

A Redacção

Entre um Sonho e a Realidade...Caminhar pelas ruas em dia de Inverno, é um exercí-

cio um pouco cansativo...O vento com rajadas fortes e ocasionais, difi cultava-

me os movimentos. Os sapatos faziam tchoc nos exten-sos tapetes de folhas matizadas espalhadas ao longo dos passeios.

Plátanos, Tílias e Jacarandás despiram-se, apenas algu-mas folhas mais rebeldes se mantinham agarradas às gran-des e fortes pernadas. Pelos grossos troncos castanhos, surgia então o verde musgo, como escorrido da paleta do pintor, juntando-se, ora o amarelo ocre, ora o branco cinza tornando-as em maravilhosas obras da natureza.

Através das falhas das folhas, via-se um céu nublado, onde a subtileza da chuva tocada pelo vento, se cruzava e rodopiava na atmosfera, quais bailarinas leves e delicadas esvoaçando, caindo e regando os campos, hortas e jardins, despertando, do longo sono, pequenas sementes.

Minha roupa cola-se ao corpo, o cabelo escorre. Fe-cho os olhos deixando que ela me lave o rosto. Entrego-me como se eu fosse nada e por momentos esqueço o tempo, entregando-me ao tempo e recuando no tempo.

Foi um longo e rigoroso Inverno; a chuva uma cons-tante –dias e semanas–, não dava tréguas. Os campos eram lençóis de água barrenta que se estendia, forman-do pequenas represas.

As árvores, despidas de folhagem, pareciam escul-turas modeladas pela natureza, vendo-se, pela ausência das folhas, franjadas nuvens cinzentas, deslizando ve-lozmente por cima de nós.

As casas aglomeravam-se no pequeno vale com te-lhados vermelhos e húmidos, onde cresciam musgo e heras, que se agarravam pelas paredes velhas e desbo-tadas.

O silêncio era quase absoluto, apenas quebrado pelo som do vento, tangendo sobre as copas das oliveiras, agitando as frágeis urtigas, que se vergavam beijando pequenos arbustos.

As azinhagas íngremes e lamacentas, obrigavam a grande esforço. Os sapatos escorregavam e o equilíbrio era demasia-do para as nossas frágeis pernas mas, passadas as estações, sorria a primavera em toda a plenitude.

Os campos ganhavam cor. Pelo relevo da terra lavrada, crescia o milho, as aboboreiras, as fl ores... As árvores ga-nhavam as primeiras folhas, vestiam -se de rosa, branco e salmão.

É a obra da natureza que se abre para o sonho, a subtileza das estações num elo de ligação.

Por isso amo cada árvore, cada folha, cada fl or, cada erva...Abro os olhos. Não fazia vento, não chovia, não ha-

via azinhagas nem terras lavradas, nem oliveiras.., mas o sol brilhava sempre igual, num céu azul sem fi m.

Vestiram-se de cor os jardins, fl oriram tílias, jacaran-dás, cerejeiras do Japão...

Tinha sonhado um sonho colorido em que a natureza se harmoniza entre o belo e o divino e que se aprende a amar cada erva, cada fl or, cada folha, cada árvore...

Maria Augusta Pires, estudante da Usalma

InformaçãoInformam-se os alunos que não frequentaram as aulas durante o 1.º período, sem qualquer justifi cação, e não

efectuaram o pagamento das propinas, serão eliminados das turmas em que se encontravam inscritos.Se frequentaram e ainda não efectuaram o respectivo pagamento, a direcção solicita que o façam o mais breve

possível.possível.

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Dezembro 2009 Dezembro 2009 Dezembro 2009 Dezembro 2009

Editorial

Correio da UsalmaPágina 10Página 10Página 10 Correio da Usalma

ProfessorJerónimo de Matos

Visitas de EstudoMuseu da Farmácia

1. Este segundo número do Correio da Usalma do corrente ano lectivo, sai em plena época de BOAS

FESTAS. Pelo que, em nome da Redacção, cumpre-me FESTAS. Pelo que, em nome da Redacção, cumpre-me saudar docentes e alunos e a todos desejar um exce-saudar docentes e alunos e a todos desejar um exce-lente Ano de 2010, cheio de boas iniciativas e intenso lente Ano de 2010, cheio de boas iniciativas e intenso convívio.convívio.

É também justo e oportuno deixar uma palavra de apreço ao redactor que se despede por motivos pesso-apreço ao redactor que se despede por motivos pesso-ais, de que sobressaem as variadas tarefas em que se ais, de que sobressaem as variadas tarefas em que se empenha com entusiasmo e dedicação. Refi ro-me ao empenha com entusiasmo e dedicação. Refi ro-me ao José Luís Carvalho que desde o número 1, assumiu, José Luís Carvalho que desde o número 1, assumiu, na equipa redactorial, tarefas de organização, revisão e na equipa redactorial, tarefas de organização, revisão e redacção de estudos e crónicas sempre de muita quali-redacção de estudos e crónicas sempre de muita quali-dade e rigor.dade e rigor.

Ao mesmo tempo reparar uma desatenção cometida, por lapso, no lançamento da nossa revista por lapso, no lançamento da nossa revista Memórias e FuturoFuturo, referindo que uma parte substancial do conte-údo da revista da produção relativa à Usalma, resultou údo da revista da produção relativa à Usalma, resultou do trabalho, no Correio da Usalma, da sua equipa re-do trabalho, no Correio da Usalma, da sua equipa re-dactorial ao longo dos cinco anos de publicação que a dactorial ao longo dos cinco anos de publicação que a revista selecciona e recolhe, destacando-se nesse traba-revista selecciona e recolhe, destacando-se nesse traba-lho de perseverança e dedicação o José Luís Carvalho, lho de perseverança e dedicação o José Luís Carvalho, o Joaquim Santos Silva e a Maria Irene Almeida.o Joaquim Santos Silva e a Maria Irene Almeida.

2. A tarefa mais ambiciosa de quem trabalha com os seniores e dos próprios seniores, como força

emergente na vida activa e criativa, é generalizar e tor-emergente na vida activa e criativa, é generalizar e tor-nar socialmente aceite um novo paradigma para o en-nar socialmente aceite um novo paradigma para o en-velhecimento.velhecimento.

Em primeiro lugar, desfazer o preconceito de que na vida de cada um, há um tempo de ser jovem, outro de vida de cada um, há um tempo de ser jovem, outro de ser cidadão activo e um terceiro em que, abandonando ser cidadão activo e um terceiro em que, abandonando pela aposentação o mundo do trabalho, se entra numa pela aposentação o mundo do trabalho, se entra numa espécie de sala de espera, em que se suspende o direito espécie de sala de espera, em que se suspende o direito à intervenção social e cívica, aos afectos, ao convívio à intervenção social e cívica, aos afectos, ao convívio feliz e sobretudo à capacidade criativa nas ciências e feliz e sobretudo à capacidade criativa nas ciências e nas artes.nas artes.

Ora, o que os estudos científi cos hoje comprovam é bem o reverso desta imagem.bem o reverso desta imagem.

Em primeiro lugar porque, apesar das crises que in-termitentemente atingem as sociedades humanas, as termitentemente atingem as sociedades humanas, as pessoas têm hoje uma qualidade de vida, no que res-pessoas têm hoje uma qualidade de vida, no que res-peita aos cuidados de saúde, às oportunidades de con-peita aos cuidados de saúde, às oportunidades de con-tinuarem activas e aos conhecimentos relativos a uma tinuarem activas e aos conhecimentos relativos a uma alimentação e hábitos de vida saudáveis, que mantêm alimentação e hábitos de vida saudáveis, que mantêm e podem melhorar as suas capacidades em todos os do-e podem melhorar as suas capacidades em todos os do-mínios físicos, intelectuais, criativos, relacionais e so-mínios físicos, intelectuais, criativos, relacionais e so-mínios físicos, intelectuais, criativos, relacionais e so-

lidários.Depois, porque as sociedades em geral e as empre-

sas que acompanham esta evolução têm propostas cada sas que acompanham esta evolução têm propostas cada vez mais adequadas e incentivadoras para a integração vez mais adequadas e incentivadoras para a integração e aproveitamento social, económico, científi co e artís-tico deste sector da sociedade que, numa humanidade tico deste sector da sociedade que, numa humanidade que vive com a síndrome da falta de tempo, da pressa, que vive com a síndrome da falta de tempo, da pressa, tem tempo e disponibilidade para todos os desafi os.

Faleceu há poucos dias um homem, o cientista e psi-quiatra Gene Cohen, especialista em psiquiatria geriá-trica, ou seja no estudo da saúde mental dos seniores. trica, ou seja no estudo da saúde mental dos seniores. Nas várias obras que publicou, estabeleceu o novo pa-radigma de que falámos acima: os anos mais tardios da radigma de que falámos acima: os anos mais tardios da vida podem ser um tempo de grande criatividade.

Se os seniores forem encorajados e encontrarem con-dições propícias para tentarem novas iniciativas, o cé-rebro cria células novas, em vez de apenas destruir as rebro cria células novas, em vez de apenas destruir as velhas.

“Aqueles que na idade sénior se aplicam a praticar “Aqueles que na idade sénior se aplicam a praticar artes têm menos doenças e mais independência do artes têm menos doenças e mais independência do apoio dos outros” foi a sua mensagem.

A Usalma nasceu com estes objectivos e no 6.º ano A Usalma nasceu com estes objectivos e no 6.º ano da sua existência já o pode comprovar.

Foram já elaborados alguns estudos de investigação Foram já elaborados alguns estudos de investigação universitária, a partir de inquéritos aplicados com me-tedologia científi ca aos nossos alunos e apresentados tedologia científi ca aos nossos alunos e apresentados como teses de doutoramento e mestrado, que compro-vam a infl uência benéfi ca da frequência das Universi-dades Seniores na qualidade de vida e na criatividade dades Seniores na qualidade de vida e na criatividade dos seniores.

É de sublinhar a sua apetência pelas novas tecnolo-gias de informação (informática), pelas línguas e pelas gias de informação (informática), pelas línguas e pelas artes em geral, com destaque para a pintura, a música artes em geral, com destaque para a pintura, a música e a literatura.

Solicitaram a nossa colaboração e realizaram inqué-ritos a Universidade de Valência (Espanha), a Universi-dade de Aveiro, a Faculdade de Psicologia e Ciências da dade de Aveiro, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, o Polo de Alma-da do Instituto Piaget e o Instituto Superior de Beja.

De alguns destes estudos foi-nos enviada cópia, em De alguns destes estudos foi-nos enviada cópia, em cuja consulta se baseiam as nossas afi rmações.

No dia 24 No dia 24 Nde Abril Nde Abril Nde 2009, por volta das 10h da manhã, rumá-mos em direcção a Lisboa para uma visita ao Museu da Far-mácia, inaugu-rado em Junho de 1996, locali-zado no edifício da Associação Nacional das Farmácias, em Santa Catarina (Lisboa).

Éramos um (Lisboa)

Éramos um (Lisboa)

grupo de alu-nos da Usalma

acompanhados pelo nosso colega, Miguel Chagas, que tem estabelecido a ligação entre a Usalma e este museu.

Fomos recebidos pelo director do Museu, Dr. João Neto, que nos explicou que as primeiras peças, que constituem o espólio do Museu, faziam parte da colecção particular do Dr. Salgueiro Basso que as doou à Associação Nacional das Farmácias, às quais se seguiram outras de farmacêuti-cos associados e de diversas instituições.

Falou-nos ainda sobre a exposição “Luta contra a Tuber-culose” que se encontrava patente no átrio e como aquela doença, que atingia tanto ricos como pobres, foi a primeira a gerar um consenso na sociedade quanto à necessidade de ser combatida e, assim, terem sido criados os sanatórios.

Após esta breve introdução foi-nos apresentada a nossa “cicerone”, Dr.ª Cândida Cardona, tendo sido iniciada a visita.

No 1.º andar encontrámos reunidas, por ordem crono-lógica, peças em diversos materiais como granito, alabas-tro, cerâmica, bronze, madeira, terracota, vidro, faiança, marfi m etc., das mais variadas origens geográfi cas (Egip-to, Grécia, Roma, Mesopotâmia, Islão, China, Japão …), alusivas à história da Farmácia no Mundo.

Tivemos oportunidade de admirar uma mó de pedra do Neolítico que terá sido o primeiro almofariz; um sarcófa-go egípcio exposto na vertical; instrumentos de medição, (colheres e conta gotas); estatuetas; lindíssimos albarelos(potes, geralmente de faiança, para armazenamento de produtos farmacêuticos); uma enorme variedade de reci-pientes grandes, pequenos e mesmo mínimos que na Cul-tura Grega, por vezes, tomavam a forma do Corpo Huma-no a que se destinava o medicamento, ex: uma cabeça para dores de cabeça, um pé para dores de pés, etc., frascos de vidro que ao serem desenterrados, pela acção do ar, toma-

ram aspecto de madrepérola; garrafas de remédios secre-tos; um dente de narval, uma espécie de baleia que habita o Àrtico e que se dizia ser um chifre de unicórnio (animal tos; um dente de narval, uma espécie de baleia que habita o Àrtico e que se dizia ser um chifre de unicórnio (animal tos; um dente de narval, uma espécie de baleia que habita

mitológico em forma de cavalo); farmácias portáteis; uma cultura original de penicilina assinada por Alexander Fle-ming; o Preservativo do Marquês de Sade – contraceptivo feito em tripa de animal; etc., etc., etc.

Também tivemos oportunidade de saber que Galeno foi médico grego que viveu em Roma, onde atingiu uma posi-ção privilegiada e que escreveu bastante sobre farmácia e medicamentos, cuja teoria se estuda, ainda hoje, no Curso de Farmácia.

Quanto à profi ssão farmacêutica em Portugal, de referir que foi no reinado de D. Afonso V que a mesma se sepa-rou da profi ssão de médico e que foi concedida aos boti-cários a licença de porte de arma, na medida em que, já naquele tempo, as farmácias eram muito procuradas pelos “amigos do alheio”.

Encontrámos ali, também, um exemplar intacto da Pe-dra Filosofal, em dourado, e o respectivo cálice de prata. Este foi um medicamento feito por jesuítas portugueses na Índia no século XVII, formado por uma mistura de Este foi um medicamento feito por jesuítas portugueses na Índia no século XVII, formado por uma mistura de Este foi um medicamento feito por jesuítas portugueses

barro, lodo, conchas, âmbar, almíscar, resina, pó de dente de narval, pedras preciosas e ópio que foi um “genérico”, utilizado pelas classes sociais elevadas, em substituição da pedra de besoar, ou seja espécie de cálculo formado pelas segregações gástricas que se criam no estômago dos ruminantes e que era considerado um antídoto para vários males e venenos. “Nas dores ligeiras era só passar a pe-dra pelo corpo. Para grandes males rapava-se a pedra, ingeria-se e colocava-se uma folha de ouro a cobrir a parte usada”.

No andar inferior, alusiva à Farmácia em Portugal, pu-demos ver, em tamanho real, algumas farmácias portugue-sas dos séculos XVIII, XIX e início do século XX com diversas máquinas e aparelhos, tais como, máquinas de comprimir e moldar, para fabrico de supositórios, balan-ças, almofarizes e frascos de vidro, entre outros, usados no fabrico e armazenamento de medicamentos. Nesse mesmo local, também existe uma farmácia que foi integralmente transportada de Macau e cujo mobiliário em madeira exó-tica é de uma extraordinária beleza.

Noutra pequena zona observámos diverso material (produtos farmacêuticos, de higiene pessoal e alimentos) utilizado, no espaço, pelos astronautas e oferecido pela América e pela Rússia.

No fi nal da nossa “romagem” fi cámos com um desejo fortíssimo de regressar e de admirar minuciosamente cada uma daquelas preciosidades pertencentes a um grande es-pólio, impossível de enumerar num só artigo.

Maria de Fátima Santos e Elisabete Abreu, alunas da Usalma

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Aprendendo Inglês...Nas aulas do 2.º ano de Ingês da Professora Gilda Monteiro falamos, escrevemos e cantamos em inglês.Há dias em que também dançamos, dramatizamos e assim aprendemos...São aulas plenas de

animação em que o aprender é uma forte motivação, pois mes-mo nos dias frios e cinzentos de Inverno, ninguém quer faltar.

Depois... temos sem-pre, em datas festivas, a visita da colega Filo-mena Branco da turma do 3º ano que nos mima e presenteia com pe-quenas/grandes obras de arte.

No último dia de aulas do 1.º período foram estes maravilho-sos Pais-Natal.

A todos os colegas e professores da Usalma desejamos BOAS FESTAS!

Emília Evaristo e Gracelinda Nascimento, estudantes da Usalma

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ColóquiosAno Europeu da Criatividade e Inovação

Realizou-se no dia 20 de Novembro, no auditório do Externato Frei Luís de Sousa o colóquio Ano Europeu da Criatividade e Inovação, que teve como oradora a Dou-tora Vera Delgado, com uma razoável assistência.

Abriu a sessão o professor Jerónimo Matos, director da Usalma, que começou por referir a grande actualidade do colóquio em face dos últimos acontecimentos rela-cionados com a União Europeia, dizendo ser a oradora convidada uma pessoa com formação e prática adequadas. A sua apresentação foi feita pelo professor da Usalma Américo Morgado.

Iniciou a oradora a sua apresentação, resumindo o tema nos seguintes tópicos:− A União Europeia− O Caminho da U. E.− O Triângulo Institucional− O Tratado de Lisboa− Os Símbolos da U. E.− O Ano Europeu− Criatividade e Inovação. Porquê? Importância. Como Fomentar?Seguiu-se o desenvolvimento de cada um, nomeadamente, a história da U.

E. desde o Tratado de Roma ao Tratado de Lisboa, o Triângulo Institucional (Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho Europeu), o Tratado de Lisboa e as alterações que introduziu, os Símbolos da U. E., etc.

Seguiu-se um animado debate que envolveu a assistência presente.

A Redacção

Azulejaria: História da ArteTeoria do Restauro Preservar ou Conservar

No dia 4 de Dezembro realizou-se este colóquio no auditório do Externato Frei Luís de Sousa, ten-do tido como oradores, respectivamente, a Dra. Filomena Simas e o Dr. José Meco.

A sessão foi aberta pelo professor Jerónimo Ma-tos, director da Usalma, que começou por proce-der à apresentação dos oradores, evidenciando os aspectos mais relevan-tes dos respectivos currí-culos. Informou, também, estar a ser programado um curso semestral na Usalma, sobre a matéria em questão, a ser dirigido pela Drª. Filomena Simas.

A oradora, depois de tecer algumas considerações so-bre a actividade do Dr. José Meco apresentou alguns tópicos sobre a teoria do restauro, tendo referido que o tópicos sobre a teoria do restauro, tendo referido que o

mesmo começou, nos séculos XVIII e XIX, em França, tendo-se estendido aos outros países. A conservação pode ser preventiva ou curativa, devendo dar-se prioridade à primei-ra.

O Dr. José Meco disse não ser um res-taurador, mas sim um historiador da arte, havendo técnicos cre-denciados no domínio do restauro, devendo haver a maior atenção para que o restauro de

uma obra não conduza à sua destruição.Apresentou uma série de painéis de azulejos, os quais

contam histórias que as suas imagens guardam.

A Redacção

Decorreu no passado dia 11 de Dezem-bro, no Restaurante “A Tapadinha” na Cal-çada da Tapada, o almoço de natal da turma de Língua e Cultura Russas. Disfrutámos de um agradável ambiente e decoração russas e fi zemos um menu de degustação “russa”, da extensa carta do restaurante. Iniciámos a refeição com um BORSCHE (sopa de be-terraba com natas), seguiu-se KOTLETA KLIRINAIA (peito de frango Kiev recheado c/vegetais), PELMENI (raviolis russos), TE-LIATINA na KRUTONE (lombo de vitela c/natas), TRESCA VE SMETANE (bacalhau c/natas) e SVININA PO NICOLAVSKY (lombo de porco panado). Terminámos a nossa refeição com as famosas panquecas russas - OLADI - e um shot de Vodka, corte-sia do restaurante.

Comemos bem, divirtimo-nos ainda mais e fechámos com “chave de ouro”, o 1º período deste ano lectivo! Boas Festas a Todos Vós.

Claudia Freire, estudante da Usalma

Língua Russa - Almoço de Natal

Usalma Língua Inglesa

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Natal 2009Natal da minha infância

O frio incomodava. Os pés descalços a pouca roupa e uma saca em bico pela cabeça para proteger um pouco os cabelos que já se encontravam molhados, e brincávamos às escondidas, para não arrefecermos os corpos franzinos. Assim se comportavam as crianças da minha aldeia nos poucos dias que antecediam o Natal.

Quando nos sentávamos no átrio para apanhar uma réstia de sol, só se falava do Natal, não dos presentes pois esses não havia, mas das fl ores de azevinho e do musgo que tínhamos de apanhar no mato, e que era o motivo do nosso contentamento e alegria, a missa do galo, noite em que nos deitá-vamos tarde. A azáfama de fazer o presépio era um vai-e-vem, o presépio era lindo tinha água a correr,musgo a sério com as fi guras pitorescas, que era uma alegria ver.

A criançada com o ranho no nariz, mal agasalhados, e mal calçados, mas, estavam felizes.O presépio era sempre feito por minhas tias mais novas, e a petizada trazia as verduras, pedras,

e troncos. As fi guras eram retiradas religiosamente do sótão, para fi carem expostas durante três semanas.

Na véspera do Natal a azáfama era grande. Íamos para casa de meus avós maternos, onde era feito o jantar com as couves e peixe seco, pois o bacalhau era caro.

Minha mãe junto com minha avó e tias faziam as fi lhoses lêvedas com abóbora e fatias douradas, arroz doce e aletria. Meu avô como estava muito frio e para que nos aquecêsse-mos, assava grão de bico e punha-nos nas mãos para fi carmos quentinhos a comer e contar histórias, junto à lareira.

Quando voltávamos para nossa casa já vinha tudo encavalitado no meu pai, um em cada braço outro às cavalitas e ainda outro ao colo, mortos de sono e exaustos da brin-cadeira, pois não havia o hábito de deitar tarde lá em casa.

Até que chegávamos ao grande dia!. De véspera já tínhamos deixado os sapatos velhos e rotos, mas bem limpinhos, junto à chaminé.

Dia de Natal bem cedo nos levantávamos, íamos acordar meu pai, que nos levava às cavalitas até à chaminé, para que pudéssemos ver o que o menino nos deixou, e o nosso espanto era tamanho, e a felicidade sem limites, pois os nossos sapatos tinham uma bela boneca de trapos para cada uma de nós, eu e minha mana, os rapazes, meus dois irmãos, tinham uma bola de trapos , possivelmente feita pela bisavó Teresinha que era perita nesses feitos, três castanhinhas ( pois minha ter-ra não é zona de castanheiros) e meia dúzia de rebuçados deliciosos,e que nos deixavam no coração uma alegria imensa, pela grandeza dos bens recebidos.

De seguida, e como ninguém sofria de falta de apetite… tínhamos umas papas de milho bem quentinhas à espera para o pequeno almoço, e regadas com um doce delicioso chamado “arrôbe” feito de mosto (sumo de uva antes de esta fermentar), seguido dos doces da véspera, claro. Eram de facto os nossos acepipes, que ainda hoje fazem crescer água na boca de tão puros e bons que eram.

As roupas eram poucas, mas nem frio sentíamos, bem está o ditado popular “ … Deus dá o frio conforme a roupa…”, pois com tão pouco os nossos olhos transmitiam e sentiam alegria, saúde e muito, muito amor, em todos os Natais. Onde o dinheiro não existia, existia sim o calor humano.

Margarida Simão, estudante da Usalma

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.Feio bicho, de resto:Uma cara de burro sem cabrestoE duas grandes tranças.A gente olhava, reparava e viaQue naquela fi gura não haviaOlhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.Porque um dia,O malvado,Só por ter o poder de quem é reiPor não ter coração,Sem mais nem menos,Mandou matar quantos eram pequenosNas cidades e aldeias da nação.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceuQue, num burrinho pela areia fora,FugiuDaquelas mãos de sangue um pequenitoQue o vivo sol da vida acarinhou;E bastouEsse palmo de sonhoPara encher este mundo de alegria;Para crescer, ser Deus;E meter no inferno o tal das tranças, Só porque ele não gostava de crianças

(Miguel Torga)