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Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB Curso: Introdução ao Direito do Consumidor (parceria ILB/ANATEL) - Turma 03 Livro: Proteção contratual Impresso por: José Claudionor Gomes Filho Data: sexta, 4 julho 2014, 23:02 Proteção contratual http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=15973 1 de 18 04/07/2014 23:03

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Page 1: Consumidor VI

Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB

Curso: Introdução ao Direito do Consumidor (parceria ILB/ANATEL) - Turma 03

Livro: Proteção contratual

Impresso por: José Claudionor Gomes Filho

Data: sexta, 4 julho 2014, 23:02

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1 Módulo VI - Proteção Contratual

2 Unidade 1- O contrato de consumo e o contrato clássico2.1 Pág. 22.2 Pág. 32.3 Pág. 4 - Contrato de adesão2.4 Pág. 52.5 Pág. 6 - Contratos2.6 Síntese

3 Unidade 2 - Função social dos contratos3.1 Pág. 23.2 Pág. 33.3 Síntese

4 Unidade 3 - Cláusulas abusivas4.1 Pág. 24.2 Síntese

5 Exercícios de Fixação - Módulo VI

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- Distinguir o contrato clássico do contrato de consumo;

- identificar as características dos contratos nas relações de consumo;

- compreender a importância da função social dos contratos;

- identificar cada hipótese legal exemplificativa das cláuculas abusivas eassim traçar a noção necessária para reconhecê-las;

- visualizar as situações práticas da proteção contratual através dosexemplos e de jurisprudência atualizada.

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Até aqui estudamos vários aspectos imprescindíveis sobre o direito do consumidor, passamos pelasresponsabilidades civis nas relações de consumo, detivemo-nos na publicidade e suas implicações, e, nomódulo anterior, tivemos oportunidade de concentrar nossa atenção nas práticas abusivas que mais causamdanos ao consumidor.

Veremos agora o contrato de consumo e o contrato clássico.

Quais as formas dos chamados “contratos de consumo”, conforme entendidos pelo CDC ?

Antes da chegada do Código de Defesa do Consumidor, as relações contratuais, inclusive as de consumo,tinham por alicerce a máxima de que “o contrato faz lei entre as partes”, em tradução livre ao princípiobasilar dos contratos clássicos, chamado de pacta sunt servanda.

A mudança trazida pelo CDC na matéria é significante. Estudamos na Unidade 3 do Módulo III que, aovincular a oferta ao anunciante, o Código coloca a demonstração do compromisso firmado acima da cláusulacontratual.

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É normal, ao falar de contrato, que venha à mente um maço de papéis preenchidopor uma sequência de cláusulas estipulantes de direitos, deveres, características,definições etc.

Esquecemo-nos, no entanto, que existem outras formas de contratar, as quais estãosendo realizadas todos os dias.

Vejamos o exemplo:

João acorda, prepara-se para ir ao trabalho, passa na padaria e toma um café com pão: contrato dealimentação.

Pega um ônibus que o leva até o metrô onde este segue para o seu trabalho: dois contratos de transporteem sequência.

Compra um jornal na banca: contrato de compra e venda.

Paga cinco reais para engraxarem o seu sapato na sapataria ao lado: contrato de serviço.

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Todas essas atividades e muitas outras são formas de contratação não escritas.

Levando em conta que João, nosso personagem, ainda vai sair para almoçar, comprar itens para o lanche dafamília e pegar novamente um metrô e um ônibus para chegar em casa, conclui-se que este indivíduorealizou nove contratos em um dia somente com atividades do cotidiano.

Para refletir

Já pensou nos contratos que você firma ao longo do dia?

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E o contrato de adesão?

Existem negócios no âmbito do consumo que necessitam da proteção de um contrato escrito e formalizado.Pensando nestes e com a preocupação de que o instrumento contratual fosse adequado à produção em escalae o consumo por esta gerado, o CDC inovou na normatização brasileira, instituindo o contrato de adesão.Observe a norma legal:

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pelaautoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ouserviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

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O que representa, na prática, o contrato de adesão?

O contrato de adesão, assim como outros itens destinados à regulação da atividadede consumo, tem sua base histórica determinada pela Revolução Industrial e seusdesdobramentos, como a massificação dos produtos, a proliferação dos serviços e acriação cada vez mais crescente de novas “necessidades” de consumo. Representa,então, uma quebra contundente do regramento aplicado ao contrato clássico.

Como ocorre, então, no contrato clássico?

No contrato clássico ou paritário, ambas as partes têm o poder de transacionar livremente. As cláusulas sãoelaboradas e fechadas de comum acordo. Com isso, o princípio da autonomia da vontade é categórico. Podeuma das partes recusar a execução de algo que não estava estipulado, da mesma forma que é forte oargumento de que a outra parte concordou com os termos fixados e, sendo estes estritamente legais, éforçada a cumpri-los tão somente por constar no contrato.

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O contrato clássico ou paritário é utilizado nas relações de consumo?

Naturalmente, o contrato paritário não teria como acompanhar o crescimento agressivo do capitalismo. Hoje,este tipo de contrato ainda é muito usado; porém, não se adequa às relações de consumo.

Veja este exemplo: uma empresa que produz, distribui e vende refrigerantes não teria condições até mesmode manter seu negócio caso tivesse que acertar um contrato com cada pessoa que quisesse discutir suascláusulas. Não só não haveria tempo suficiente como tornaria seu negócio inseguro e até mesmo inviável.

Que tipo de contrato é mais utilizado na sociedade de consumo?

Desse modo, em meio à força da nova sociedade de consumo, surgiu o contrato de adesão, assim chamadoporque tem suas cláusulas determinadas por uma das partes, qual seja, o fornecedor do produto ou doserviço. Ao consumidor (a outra parte do contrato) cabe apenas aderir ou não ao mesmo - não lhe é dada apossibilidade de negociação das cláusulas contratuais. Em contrapartida, o Código de Defesa do Consumidorincorpora em seu texto uma forte proteção ao consumidor, equilibrando a relação.

Até mesmo o tamanho mínimo da fonte utilizada na redação doscontratos de adesão (tamanho 12) é prevista no CDC (art. 54, §3º).

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Quais são as “autoridades competentes” mencionadas no art. 54 do CDC?

Cumpre destacar que quando o art. 54 do Código fala em “é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadaspela autoridade competente”, refere-se, principalmente, ao serviço com regulação própria, que é repassadopela Administração Pública aos entes privados por concessão, autorização ou permissão.

Exemplo: Os contratos de adesão de energia elétrica no Brasil têm suas cláusulas determinadas pela Aneel,por meio de anexo ao Regulamento do serviço.

Síntese

Esta unidade nos mostrou que os contratos podem ser celebradostanto na forma escrita como verbal. Conhecemos os contratosclássicos ou paritários em que ambas as partes têm o poder detransacionar livremente, quando as cláusulas são elaboradas efechadas de comum acordo, e o princípio no qual se baseiam: opacta sunt servanda. Vimos ainda que o CDC inovou nanormatização brasileira instituindo o contrato de adesão, que temsuas cláusulas determinadas por uma das partes, qual seja, ofornecedor do produto ou do serviço, e que ao consumidor cabeapenas aderir ou não a ele.

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Na unidade anterior vimos os tipos de contratos, mas você sabia que os contratos têm função social?

É o que descobriremos a seguir.

A função social dos contratos encontra-se formalizada em nossa legislação pelo Código Civil de 2002. É lá quese encontra sua previsão legal, nos artigos seguintes:

Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social docontrato.

Art. 2.035. (...) Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos deordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social dapropriedade e dos contratos.

Importa dizer que o contrato cada vez menos é uma figuraimutável, da qual as partes estão irremediavelmente atreladas enada pode atingir o convencionado.

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Você se recorda da história da peça teatral “O Mercador de Veneza”, de WilliamShakespeare?

Trata-se de mercador que contrata, com um agiota, fiança para uma viagem marítima. Pactuam, para tal,contrato com cláusula em que o mercador teria que entregar ao agiota uma libra (aproximadamente meioquilo) de sua própria carne em caso de inadimplemento. Os navios se perdem em alto mar, impossibilitando omercador de pagar sua dívida no prazo estipulado. A peça ganhou versão em filme, sendo o agiotaprotagonizado por Al Pacino.

Ora, qual seria a função social de tal contrato?

Abstraídas as implicações relativas às diferenças de tempo e lugar, além de que se trata de obra de ficção,analisando o caso somente pela via da obrigação civil, este contrato claramente não está cumprindo qualquerfunção social, concorda?

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O Prof. Miguel Reale, em artigo publicado, define bem a função social do contrato:

" O que o imperativo da 'função social do contrato' estatui é que este não pode sertransformado em um instrumento para atividades abusivas, causando dano à parte contráriaou a terceiros, uma vez que, nos termos do art. 187, também comete ato ilícito o titular deum direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fimeconômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes."

Não há razão alguma para se sustentar que o contrato deva atender tão somente aos interesses das partesque o estipulam, porque ele, por sua própria finalidade, exerce uma função social inerente ao poder negocial,que é uma das fontes do direito, ao lado da legal, da jurisprudencial e da consuetudinária.

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O ato de contratar corresponde ao valor da livre iniciativa, erigida pela Constituição de 1988 a um dosfundamentos do Estado Democrático do Direito, logo no inciso IV do art. 1º, de caráter manifestamentepreambular.

Assim sendo, é natural que se atribua ao contrato uma função social, a fim de que ele sejaconcluído em benefício dos contratantes sem conflito com o interesse público.

Síntese

A preocupação com a função social dos contratos não carrega de forma alguma apretensão de enfraquecer a segurança e efetividade do contrato alicerçada pelo pactasunt servanda. Busca-se, isto sim, seguir o princípio de que os contratos nãointeressam somente às partes que se obrigaram, mas a toda a sociedade. A cada livreiniciativa resta incólume. Fica claro, no entanto, que ela não pode ser irrestrita, poisnão deve ser abusiva dentro do contexto social em que se vive.

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Estamos quase chegando ao final do curso. Já podemos constatar que o CDC é um instrumento precioso parapreservar os direitos do consumidor.

Veremos agora como são entendidas as cláusulas abusivas nos contratos, expressas em seu artigo 51 eincisos:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas aofornecimento de produtos e serviços que:

Consulte o quadro para ver os Incisos e seus comentários!

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Esses são os únicos casos possíveis?

Cabe advertir que esta não é uma lista taxativa. Ao dizer "entre outras, no caput do art. 51,quis o legislador deixar claro que as hipóteses de nulidade não se restringuem às veiculadaspor seus incisos.

Porém, ainda que exemplificativa, a quantidade de incisos denota a intenção de tornar claro o caminho,dando uma ideia geral daquilo que se entende por abusivo, no intuito de guiar o intérprete.

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Síntese

Cuida, então, o art. 51 do CDC das cláusulas abusivas nos contratos deconsumo. E é importante ressaltar que o que é abusivo numa relação deconsumo não necessariamente o será em outras do mundo civil. Ao proibircláusulas do tipo que descreve e exemplifica, o CDC está cumprindo o seu papelde equilibrar a relação entre fornecedor e consumidor, cercando o segundo degarantias.

Afinal, o consumidor é o hipossuficiente na relação. Ele não controla nenhumaetapa do tratamento que é dado ao produto até que chegue às suas mãos, alémdo que, sendo o contrato de adesão, sequer pode interferir nas cláusulas que lhesão impostas.

Ressalte-se, igualmente, que o art. 51 é válido para todos os contratos regendorelações de consumo, independentemente de se tratar de contrato de adesão ounão.

Ver jurisprudência: Cláusulas abusivas

Para refletir

Após ler atentamente os incisos do art. 51, você percebe que o legislador usou aprópria prática auferida nas relações de consumo à época para redigi-los?

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Parabéns! Você chegou ao final do Módulo VI do curso Introdução ao Direito do Consumidor (parceriaILB e ANATEL).

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma releitura do mesmo eresolva os Exercícios de Fixação. O resultado não influenciará na sua nota final, mas servirá comooportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensinofaz a correção imediata das suas respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui.

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