conexão rural ed. 04 - maio de 2015

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AGRICULTURA: Arrozeiros introduzem a soja como rotação de cultura ENTREVISTA: Plínio Nastari, presidente da consultoria canavieira Datagro PECUÁRIA: Sistema silvipastoril chega para aumentar a renda no leite Sinal Verde Máquinas de construção e infraestrutura ganham espaço no agronegócio Ano 1 - Edição 4 - Maio/2015 revistaconexaorural.com.br Nicola D’Arpino, vice-presidente da New Holland Construction para a América Latina: “O desafio do setor de máquinas de construção é colaborar de forma cada vez mais efetiva com o agronegócio.”

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Revista Conexão Rural – A conexão no campo (www.revistaconexaorural.com.br) A publicação da VP GROUP traz para o setor que mais cresce no País as principais tendências do agronegócio nas áreas de economia, tecnologia, análise de mercado, artigos técnicos e entrevistas. Tudo para auxiliar os profissionais e empresários do campo, na era da inovação e da conectividade.

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AGRICULTURA:Arrozeiros introduzem a soja

como rotação de cultura

ENTREVISTA: Plínio Nastari, presidente da

consultoria canavieira Datagro

PECUÁRIA:Sistema silvipastoril chega para

aumentar a renda no leite

Sinal VerdeMáquinas de construção e infraestrutura

ganham espaço no agronegócio

Ano

1 -

Ediç

ão 4

- M

aio/

20

15

revistaconexaorural.com.br

Nicola D’Arpino, vice-presidente da New Holland Constructionpara a América Latina:“O desafi o do setor demáquinas de construção écolaborar de forma cada vezmais efetiva com o agronegócio.”

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4 | Maio 2015

DiretoriaPresidência e CEO

Victor Hugo [email protected]

RedaçãoEditora

Fátima [email protected]

ColaboradoresAlf Ribeiro (Fotos),

Iara Siqueira (texto),Ricardo Maia (texto) eValéria Cunha (texto)

Articulistas João Rebequi (Valmont)

Juliane da Silva Gomes (Assocon)Leandro Pavarin (AGCO)

ArteFlávio Bissolotti

fl [email protected] Dalmas

[email protected]

Web DesignRobson Moulin

[email protected] Macedo

[email protected]

Comercial Diretor ComercialChristian Visval

[email protected] de Contas

Viviane Romãoviviane.romã[email protected]

Ismael [email protected]

MarketingAnalista

Thiago [email protected]

AssistenteMichelle Visval

[email protected]

SistemasFernanda Perdigão

[email protected] Martins

[email protected]

FinanceiroRodrigo Oliveira

[email protected]

CONEXÃO RURALwww.revistaconexaorural.com.br

Tiragem: 10.000 exemplaresImpressão: duograf

Al. Madeira, 53, cj 92 - 9º andar - Alphaville 06454-010 - Barueri – SP – Brasil

+55 11 4197-7500 www.vpgroup.com.br

Ano 1 • N° 4 • Maio de 2015

EDITORIAL

EM TEMPOSDE INCERTEZAS

No � nal do mês de março, o Conselho Monetário Nacional (CMN) deter-minou um aumento das taxas de juros nas operações do Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na linha do Pro-grama de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos

Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) – que � nancia a aquisição de tratores, colheitadeiras, plataformas de corte, plantadeiras, semeadoras e equipamentos para preparo, secagem e bene� ciamento de café. Os juros subiram de 4,5% para 7,5% ao ano. Embora ainda demonstre preocupação com o futuro do setor em 2015, representantes da indústria consideraram o ajuste aceitável. A última vez que o governo mexeu nas taxas do Moderfrota foi em julho do ano passado, no âmbito do Plano Safra 2014/2015, que destinou R$ 3,6 bilhões para o programa. A elevação das taxas do Programa Moderfrota ocorreu faltando poucos meses para o � nal do Plano Safra 2014/2015 e nas portas de uma das maiores feiras internacionais de Tecnologia Agrícola: a Agrishow. A expectativa inicial era po-sitiva, pois havia uma remota possibilidade de manutenção das taxas de juros, fato que impulsionou os negócios gerados nos dois principais eventos realizados no início deste ano: o Show Rural Coopavel e a Expodireto Cotrijal. Conclusão: o fato, somado à incerteza sobre a política econômica � zeram com que os negócios gerados na Agrishow despencassem em 30% ante os R$ 2,7 bilhões negociados em 2014. Com isso, as vendas fomentadas por lá e encerradas, no dia 01 de maio, obteve um volume de negócios, na ordem de R$ 1,9 bilhão.Mesmo com o cenário nebuloso, formado a partir das incertezas, empresas investiram e mostraram seus melhores lançamentos para a tão aguardada vitrine tecnológica. Suas apostas foram na diversificação dos produtos, no alto grau de tecnologia, que reduz o custo de produção. A equipe da Revista Conexão Rural acompanhou de perto essas novidades. Além disso, saímos de Ribeirão Preto e fomos para Pelotas (RS). De pertinho, vimos que a sucessão da cultura de arroz com a soja está promovendo uma verdadeira revolução nos campos gaúchos. Outra mudança é o que vem acontecendo no setor su-croalcooleiro. Em entrevista à nossa publicação, o presidente da consultoria, Plínio Nastari, comenta sobre algumas tomadas de decisões do governo e si-naliza uma recuperação do setor. E diz: que nos últimos dois anos a safra ficou bem mais alcooleira e que há uma luz no fim do túnel. E isso, e apesar das incertezas, os “ventos” sopram favoráveis.

Boa leitura.

Fátima CostaEditora

Foto

de

capa

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6 | Maio 2015

07

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SUMÁRIO

Entrevista

VitrinePecuária

AgriculturaArtigoNews

Capa

Plínio Nastari, presidente daconsultoria Datagro

Tecnologia a favor do homem do campo

Sistema Silvipastoril pode gerarbons resultados na pecuária leiteira

Mapa lança o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba

Arroz e soja dividem espaço nas terras baixas no Rio Grande do Sul

João Rebequi, presidente da Valmont e vice-presidente da Abimaq

28EconomiaCom o acirramento do mercado, fabricantes de máquinas ampliam suas apostas e diversifi cam

Máquinas da chamada linha amarela passam a ter uma demanda crescente na agropecuária20

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Maio 2015 | 7

ENTREVISTA / Plínio Nastari, doutor em economia agrícola, e presidente da DatagroENTREVISTA /

Texto: Fátima Costa | Fotos: Divulgação/ Assessoria CTC

Após queda, o reflexo da retomada de crescimento do setor será em uma produção maior de etanol

Recuperaçãono canavial

As usinas brasileiras de álcool, açúcar e ener-gia processarão 591 milhões de toneladas de cana nesta safra. Há uma estimativa que a produção de açúcar repita os mesmos númer-

os do ano passado, assim como a produção de etanol que terá um novo recorde. Em 2014, somaram-se 28,2 bilhões de litros e para a safra 2015/16 estão previstos algo em torno de 29,0 bilhões de litros, segundo dados da DATAGRO. Em entrevista à Revista Conexão Rural, o presidente da consultoria, Plínio Nastari, Doutor em economia agrícola pela Iowa State University, nos Es-tados Unidos, diz que nos últimos dois anos a safra � -cou bem mais alcooleira. “O retorno parcial do tributo que incide nos combustíveis, que é a Cide, assim como a redução do ICMS que também incidente sobre o eta-nol hidratado dá pistas que o setor sucroalcooleiro está em recuperação”, destacou Nastari, durante um evento

realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira, em Pi-racicaba (SP). Diariamente, ele e sua equipe com mais de 40 consultores acompanham as movimentações dos mercados de açúcar e etanol em diversos países. Revista Conexão Rural – Qual é expectativa do setor sucroalcooleiro para a safra 2014/15 na região Cen-tro-Sul do País?Plínio Nastari – Nos últimos dos dois anos, a safra � cou bem mais alcooleira. As unidades estão dire-cionando sua capacidade disponível para produzir o biocombustível. Com uma variação de 7,3% de di-recionamento do mix para o etanol da safra 2012/13 para 2014/15. Já prevemos para a safra 2015/16 um direcionamento adicional de mais 0,5% para o eta-nol. Em números, nossa estimativa de moagem na região Centro-Sul é de 591 milhões de toneladas, com uma produção de açúcar que praticamente

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ENTREVISTA / Plínio Nastari, doutor em economia agrícola, e presidente da Datagro

“NA VERDADE, A ACEITAÇÃO DO CONSUMIDOR TEM SIDO TÃO

GRANDE QUE, EM DEZEMBRO DE 2014, 67% DA FROTA DE VEÍCULOS

LEVES FOI COMPOSTA POR CARROS FLEX. A EXPECTATIVA É QUE EM 2020 ESSES NÚMEROS

ULTRAPASSEM OS 80%”.

repete os números do ano passado, assim como uma produção de etanol que terá um novo recorde. Em 2014, somaram-se 28,2 bilhões de litros e para a safra 2015/16 prevemos algo em torno de 29,0 bil-hões de litros. A produção de açúcar projetada é de 32 milhões de toneladas, só na região Centro-Sul. Na totalidade, esses números podem chegar a 35,4 bil-hões de toneladas.

Conexão Rural – A produção de açúcar vem sendo menos atrativa?Nastari – A produção de açúcar está caindo desde 2012, quando atingiu o recorde de 38,2 milhões de toneladas. A desvalorização do Real fez com que os preços do mercado mais transparente, que é de Nova York, caíssem em dólar, uma vez que eles acom-panham a competitividade do Brasil. Isso fez com que aumentasse a competividade do nosso país em relação à Índia, Austrália, Tailândia. Em um prazo de dois anos estima-se, ocorrer uma contenção de produção destes países, o que deve contribuir para uma tendência que veri� cando de um novo ciclo de dé� cit no mercado mundial, que começa de forma muito branda na safra mundial 2014/15. Prevemos um dé� cit de 490 mil toneladas, lembrando que a safra mundial vai de outubro a setembro. E 2015/16,

que começa em primeiro de outubro de 2015, existe um dé� cit de 3,7 milhões de toneladas. Isso signi� -ca que no � nal de setembro de 2016 a relação de estoque-consumo estará em 43,7%. Em outubro de 2016, a gente vê a perspectiva de essa relação cair abaixo de 41%, que representaria um nível de preços mais robusto para o açúcar também. Apesar de não existir uma política de governo para esse setor, seja na área de combustível ou na área energia elétrica, o próprio mercado está se encarregando de fazer com que haja uma recuperação gradual das condições da competitividade do álcool e do açúcar.

Conexão Rural – O que puxa o setor neste momento? O sucroalcooleiro volta a respirar aliviado?Nastari – Acreditamos que a força do setor reside neste momento na recuperação do consumo etanol anidro e etanol hidratado, na recuperação dos níveis record-es observados em 2009. O mercado de etanol está se voltando para o mercado interno. O Brasil está prati-camente com o mercado externo de etanol limitado, abrindo espaço para os Estados Unidos que aumenta sua participação neste setor, inclusive com novos mer-cados como a Índia, Filipinas e também com aqueles tradicionais, como Japão e Coreia. O consumo interno de etanol hidratado cresceu 21,1% e o anidro 14,5%. O consumo de combustível do ciclo Otto, que é a mistura de gasolina e etanol, está crescendo a uma taxa anual. No ano passado, cresceu 9,2% e o consumo de gasolina A, que é a mais pura, cresceu 5%. Isso signi� ca muito para um País cujo PIB teve um incremento de 0,1% a 0,2%. No primeiro trimestre de 2015, acompanhamos o crescimento forte do etanol hidratado. Em janeiro, mais de 13%, no mês de fevereiro mais de 16% e em março mais de 20%, em comparação aos números do ano passado. O mercado para o hidratado continua em alta, graças à expansão da frota � ex que não para de au-mentar. A nova tecnologia dos carros � ex-fuel, capazes de utilizar qualquer proporção de etanol hidratado ou gasolina com etanol, e a preferência dos consumidores altamente positiva em relação a esses veículos que, des-de então, foram responsáveis por mais de 80% de todas as vendas de automóveis, trouxe a perspectiva de uma rápida expansão de mercado. Na verdade, a aceitação do consumidor tem sido tão grande que, em dezembro de 2014, 67% da frota de veículos leves foi composta por carros � ex. A expectativa é que em 2020 esses números ultrapassem os 80%.

Conexão Rural – Outros fatores positivos também con-tribuíram para o setor?Nastari – A recuperação parcial do tributo que incide nos combustíveis, que é a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico [Cide], criada na década de 1990, e a recuperação da competitividade do etanol em regiões importantes. Além disso, a redução do ICMS [Im-posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] que também incidente sobre o etanol hidratado que ocorre em algumas regiões. No Estado de Minas Gerais, de 19% para 14%, por exemplo, pôde trazer um alívio ao caixa das usinas, em di� culdades desde a crise de 2008. Au-mentou o imposto da gasolina e diminui o do etanol.

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Maio 2015 | 9

“ACREDITAMOS QUE A FORÇA DO SETOR RESIDE NESTE MOMENTO NA RECUPERAÇÃO DO CONSUMO ETANOL ANIDRO E ETANOL HIDRATADO, NA

RECUPERAÇÃO DOS NÍVEIS RECORDES OBSERVADOS EM 2009.”

Estimamos também um aumento no preço do hidratado e anidro pago ao produtor superior aos observados de 2014, algo entre R$ 0,10 a R$ 0,15 por litro. O que tange o etanol, observamos uma demanda muito robusta.

Conexão Rural – A respeito do aumento da mistura do etanol anidro à gasolina, de 25% para 27,5%. Isso ajudou o setor? Nastari – Essa medida, consideramos mais pontual e não estrutural. Tomadas de decisões estruturais para o setor seriam: uma de� nição de política de preço da gasolina transparente e previsível e uma política para a energia elétrica que seria justa para a cogeração. No mês de abril, � camos com dó de ver que o governo de� niu um leilão especí� co de energia térmica fóssil, que tem critérios de ilegibilidade, que provavelmente fará que só tenha um agente participante, que no caso é a Petro-brás, com uma tarifa de R$ 330 megawatts horas, en-quanto que o próximo leilão de energia biomassa tem um preço teto de R$ 215. O que justi� ca esses valores, já que tratamos de uma energia limpa? Isso re� ete na falta de política coerente e justa tanto para os combustíveis tanto para a energia elétrica. Apesar de não haver essa política, as condições do mercado estão sendo de uma recuperação gradual. Já é possível ver uma luz no � m do túnel, uma recuperação para o setor.

Conexão Rural – Mudando o foco, a questão da ren-ovação dos canaviais é um problema perante a quali-dade da cana brasileira?Nastari – Em 2014/15, a idade dos canaviais em São Paulo cresceu um pouquinho. Esperamos que na sa-fra 2015/16 essa idade média vá para 3,25, uma vez

que a taxa de renovação no ano passado foi abaixo do ideal. O que foi recuperado de produtividade agrícola em 2013/14 foi entregue novamente em 2014/15, por questões climáticas. Calculamos qual é a capacidade po-tencial das usinas que estão em operação hoje, segundo os números das 354 usinas em funcionamento, chega-mos a um nível de moagem na safra 14/2015, na região do Centro-Sul com 639 toneladas e no Norte e Nordeste somando 65 toneladas. Isso mostra a evolução desta ca-pacidade, nas duas grandes regiões.

Conexão Rural – Nos últimos anos, novas variedades foram apresentadas ao setor, qual é a contribuição da tecnologia na renovação dos canaviais?Nastari – Fundamental. Historicamente o CTC [Centro de Tecnologia Canavieira] e a Ridesa [Rede Interuni-versitário para o Desenvolvimento do Setor Sucroen-ergético] a o IAC [Instituto Agronômico de Campinas] tem sido um dos grandes fomentadores dos desen-volvimentos de tecnologia Temos um estoque de produtividade muito grande a ser incorporado e os investimentos realizados pelo CTC nestas novas var-iedades, tanto na tecnologias usuais de forma híbrida quanto na OGM, trazem uma perspectiva de redução de custos, uma vez que aumentamos a produção e mantemos a mesma área. Acredito que essa iniciativa do lançamento do Clube Plantar, promovido pelo CTC seja importante, pois há uma aproximação grande com o órgão que desenvolve pesquisa com o fornece-dor de cana. Tradicionalmente até o momento o CTC estava ligado às usinas e ao promover essa aproxi-mação com os fornecedores essa tecnologia poderá ser mais difundida no campo.

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10 | Maio 2015

Pela primeira vez em 22 edições, a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) sofreu uma queda no volume de negócios em relação ao ano anterior, que foi de R$ 2,7 bilhões. De acordo com as entidades realizadoras (Abag, Abimaq, Anda, Faesp e SRB), a alta dos juros e a incerteza política econômica foram as principais responsáveis pela grande queda na realização de negócios. Com isso, as vendas fomentadas pela maior feira de agronegócios da América Latina, realizada em Ribeirão Preto (SP), obteve um volume de negócios, na ordem de R$

AGRISHOW 2015

Queda no volume de negócios

CANA

CTC apresentao Clube Plantar

1,9 bilhão. O grande público foi dentro da média dos anos anteriores, provenientes de vários Estados brasileiros e do exterior. Também estiverem presentes na feira o vice-presidente Michel Temer, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a ministra da Agricultura Kátia Abreu.

Os fornecedores de cana-de-açúcar contam com uma ajuda a mais para aumentar a produtividade de seus canaviais, sem que para isso seja preciso expandir a área plantada, que hoje ocupa 9,7 milhões de hectares, em todo o País, segundo dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar. O anúncio foi feito pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) a um grupo de 60 produtores, no Teatro do Engenho, em Piracicaba (SP). Na ocasião, a empresa convidou os fornecedores de cana a fazer parte do Clube Plantar, uma iniciativa do próprio CTC que visa oferecer serviços de consultoria técnica especializada, por meio de um programa de relacionamento. Após a fase de apresentação, o CTC expandirá o programa Clube Plantar de forma regionalizada, com eventos nas principais associações da Região Centro-Sul, uma das mais produtivas do País.

NEWS

Foto: Alf Ribeiro

SAFRA

A produção brasileira de grãos na safra 2014/2015 está estimada em 202,23 milhões de toneladas, ou seja, 4,4% ou 8,6 milhões de toneladas superiores à obtida na temporada 2013/14, que foi de 193,62 milhões de toneladas. Este acréscimo deve-se ao ganho nas produtividades do milho primeira safra, da soja e das primeiras informações das culturas de inverno, com destaque para o trigo. Os números também representam mais uma safra recorde de grãos, segundo os dados do 8º levantamento da safra agrícola 2014/2015, divulgados pela Conab. A previsão de área plantada é de 57,21 milhões de hectares.

Mais um recorde:202 milhões de toneladas

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Maio 2015 | 11

A 81ª edição da ExpoZebu terminou no 10/05 com um faturamento de R$ 46.432.940,00, valor referente às vendas de animais ocorridas em 34 leilões. A maior feira de zebuínos, promovida entre os dias 3 a 10 de maio, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), encerrou com uma média por animal 3% maior que a registrada no ano passado, atingindo um valor por animal de R$ 31.352,42. Ao todo foram comercializados 1.481 animais. O exemplar mais caro foi a fêmea da raça Nelore, Predileta da Santarém, vendido 50% de sua posse por R$ 1.104.000,00. Com um público que chegou a quase 200 mil visitantes, as mais de 120 empresas expostas na ExpoZebu e na ExpoZebu Dinâmica apresentaram e comercializaram seus produtos, entre eles, máquinas e implementos agrícolas, veículos, troncos e balanças, sêmen, animais e embriões.

EXPOZEBU

Faturamento Alto

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu lançou, no dia 15 de maio, o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, em Luís Eduardo Magalhães (BA). Formada por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a região é considerada a última fronteira agrícola do mundo e representa hoje 12,8% da produção de grãos no Brasil, segundo a Conab. De acordo com a ministra, uma das medidas que impulsionará os agricultores do Matopiba será a criação de uma agência de desenvolvimento voltada para tecnologia com forte investimento em capacitação, inovação, pesquisa, agricultura de precisão e assistência técnica. No dia 06 de maio, a presidente Dilma Rousse� assinou o decreto que formaliza a abrangência territorial da região, que abrange 337 municípios e 31 microrregiões, num total de 73 milhões de ha. Só na safra 2015/16, a soma da produção dos quatro Estados apresentará um aumento de 7,9% na produção de grãos. O Maranhão ocupa 32,77% de todo o território do Matopiba, com 23,9 milhões de hectares em 135 municípios. O Tocantins tem 37,95% da área, com 27,7 milhões de hectares e 139 municípios. Já o Piauí representa 11,21%, tem 8,2 milhões de hectares e 33 municípios, e a Bahia ocupa 18,06% da área, com 13,2 milhões de hectares e 30 municípios.

PRODUTOS

Dow AgroSciences traz a tecnologia Exalt™

A Dow AgroSciences lança o� cialmente o inseticida Exalt™. Com sua moderna tecnologia para o controle do complexo de lagartas de soja e prometendo um altíssimo efeito de choque, o produto é a grande aposta da empresa americana para a cultura. Durante a 16ª edição da Expodireto Cotrijal, a companhia realizou o pré-lançamento do inseticida. “Com Exalt, vamos crescer 50% nas vendas de inseticidas para o controle de lagartas”, disse Welles Pascoal, presidente da Dow AgroSciences, durante cerimônia de lançamento, no Espaço Contemporâneo, em São Paulo (SP). Com a presença de clientes e representantes do setor, o evento de lançamento teve como inspiração temática uma grande partida de sinuca onde o produto elimina o complexo de lagartas na soja com uma única tacada. A empresa é uma subsidiária em caráter integral da The Dow Chemical Company e obteve um volume de vendas global de US$ 7,3 bilhões em 2014.

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Mapa lançaPlano Matopiba

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12 | Maio 2015

NEWS

PECUÁRIA

VEÍCULOS

LANÇAMENTO

ACNB � rma parceria com a DSM | Tortuga

25 ANOS de liderança

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A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) e a DSM | Tortuga, empresa pioneira em nutrição animal, � rmam parceria para o próximo triênio com objetivo de levar aos pecuaristas conhecimento e tecnologias para a evolução do Nelore e para ganhos de produtividade e rentabilidade da pecuária nacional. A partir deste ano de 2015 a ACNB e a DSM Tortuga trabalharão no desenvolvimento de ações institucionais, comerciais, publicitárias e ações de campo junto aos pecuaristas. Fundadas no mesmo ano, a ACNB e a Tortuga renovam a parceria mantida durante anos.

A Ford inicia no segundo semestre a venda do Ford Explorer 2016, com novidades no design, motorização e tecnologias para marcar os seus 25 anos de liderança no segmento de utilitários esportivos na América do Norte. Uma das pioneiras da linha formada hoje também pelo EcoSport, Escape/Kuga, Edge e Expedition, o Explorer foi o modelo que deu início à tradição da marca como uma das líderes em SUVs no mundo. O novo motor 2.3 EcoBoost de quatro cilindros com potência de 280 cv se junta ao V6 3.5, de 290 cv, e ao V6 3.5 EcoBoost de duplo turbo, com 365 cv - os dois últimos com transmissão automática SelectShi� de seis marchas.

Novas cultivaresde pastagens

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O Grupo Matsuda, com sede em Álvares Machado (SP), que atua no segmento de sementes para pastagens no País, apresentou, os novos cultivares de gramíneas forrageiras. As novidades, que resultaram de suas pesquisas em melhoramento genético, são as forrageiras MG12 Panicum Paredão (Panicummaximum) e MG13 Braúna (Brachiariabrizantha), cultivares de alto melhoramento genético. Entre as qualidades da MG12 destacam-se a alta produção de forragem, além de folhas largas e compridas. A gramínea é destinada para a pecuária de corte e leite, já que sua alta palabilidade resulta em grande produtividade. De acordo como departamento de pesquisa e desenvolvimento da Matsuda, já a MG13 Braúna possui peculiaridades específicas como rápida rebrota; forragem bem distribuída; adaptação a seca e ao veranico; folhas e talos que são da mesma finura e pouca lignina (macromolécula). Seu hábito de crescimento rente ao solo é recomendado para a fase de cria, recria e engorda. Com crescimento

decumbente, a MG Braúna é recomendada também para solos de média e alta fertilidade, o que permite que o produto seja utilizado para feno. “O objetivo da empresa é a busca constante de novos materiais e respeito ao meio ambiente. Essas duas variedades têm grandes possibilidades de marcar décadas no agronegócio”, diz Jorge Matsuda, presidente do Grupo Matsuda.

Por: Iara Siqueira, de Álvares Machado (SP)

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Maio 2015 | 13

Água para ComerTexto: João Rebequi*

ARTIGO | AGRICULTURAARTIGO

Segundo a FAO-ONU, o mundo tem um grande de-sa� o pela frente. Produzir alimentos para nove bilhões de pessoas até 2050 e, ao mesmo tem-po, ser sustentável. Unidos, podemos conquistar

esse objetivo: alimentar e preservar o planeta. Mas isso só é possível quando consideramos a utilização da irri-gação na agricultura e entendemos o seu papel.

Neste ano, diante da gravidade da crise hídrica que vive o País, a população urbana, por falta de conheci-mento, acabou condenando a irrigação agrícola como uma grande vilã. Entretanto, é fundamental que a so-ciedade saiba que, sem áreas irrigadas, não há como fazer crescer a produção, principalmente sem aumen-tar as áreas de cultivo. Só podemos fazer mais com o mesmo (ou menos) usando irrigação.

Além disso, o desenvolvimento técnico dos equi-pamentos nos últimos anos comprova ser possível utilizar água na agricultura com racionalidade e sem desperdício. Em diversos debates no Brasil e no mun-do sobre o gerenciamento dos recursos hídricos, foi demonstrado que a irrigação é um instrumento efeti-vo no auxílio na produção de alimentos que a futura e crescente população mundial irá demandar. O que podemos discutir, a partir daí, é a e� ciência de aplica-ção hídrica para cada cultura. Imaginar o mundo sem irrigação seria aceitarmos falta de alimento, pessoas passando fome e aumento nos preços.

O que a população urbana precisa entender é que água na irrigação não é consumida, é utilizada dentro do melhor ciclo hidrológico possível e que os equipa-mentos de irrigação, são como a torneira dentro de casa, bem utilizados, não desperdiçam sequer uma gota de água e, o mais importante, é que a grande maioria dos irrigantes brasileiros tem essa consciên-cia e usam seus equipamentos de maneira adequada e sustentável, ou seja, aplicam somente a quantidade de água que a planta precisa e, em alguns casos, até menos trabalhando no limite do stress hídrico de cada cultura. Voltando a comparação com a água consumi-da em casa, a agricultura usa bem suas torneiras, e a

água utilizada, além de produzir alimentos, volta ao ciclo hidrológico devidamente � ltrada, sem a necessi-dade de tratamento.

Um diferencial é a utilização das boas práticas de ma-nejo agrícola. Com elas, é possível racionalizar a água utilizada nas fazendas. Essa racionalização depende das culturas nas quais serão utilizadas com irrigação, e passa, também, pelos métodos utilizados para tal. É importante usufruir da infraestrutura e tecnologias já disponíveis no mercado, para utilizar somente a quan-tidade de água que a cultura necessita ou até menos.

A irrigação por pivôs, por exemplo, é uma alternati-va econômica e rentável, que aplica a água de maneira uniforme, evitando o desperdício. A água é aplicada na hora certa e na exata quantidade que a planta necessi-ta. Tanto o pivô central quanto outros métodos de irri-gação têm excelentes níveis de e� ciência de aplicação, alcançando índices que variam entre 95% a 98%.

O foco pro� ssional do setor, desta forma, deve recair sobre um triângulo agronômico de e� ciência na produ-ção (fazer mais com menos), atender à planta em sua necessidade hídrica e escolher o método adequado de irrigação. Entendendo esse processo, é incorreta atri-buir ao agronegócio e à irrigação a vilania da crise hí-drica nacional.

*João Rebequi,presidente da

Valmont e vice-presidente da

Abimaq (Associação Brasileira da Indústria

de Máquinas e Equipamentos)

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Page 14: Conexão Rural Ed. 04 - Maio de 2015

Tem novidadeno cafezal

TECNOLOGIATECNOLOGIA

Texto: Fátima Costa, de Ribeirão Preto (SP) | Fotos: Alf Ribeiro

Máquina que opera da colheita às podas dos cafeeiros tradicionais e adensadas oferece ao cafeicultor maior competitividade

O pai, Adauto Guimarães (no alto), (da dir. p/ esq.) Francisco, Ricardo e Rogério Guimarães (irmãos) e o primo Eduardo Victor de Souza comandam os negócios na propriedade. “Em doses homeopáticas, estamos mecanizando 100% à propriedade”, diz o produtor Rogério Guimarães.

Ao percorrer propriedades rurais pelo País, não é difícil encontrar máquinas e implementos de última geração nas fazendas cafeeiras. No Gru-po Guimarães Agropecuária, situada entre os

municípios de Serra do Salitre e Guimarânia, distante a 400 quilômetros da capital de Belo Horizonte (MG), dos 2.500 hectares – sendo 1.540 destinados para a cultura de soja, milho e feijão, 160 estão cobertos com pés de ca-fés. “A cultura está em expansão. A nossa intenção é que nos próximos cinco anos essa área atinja 500 hectares, com novos projetos de irrigação e tecnologia”, diz o pro-dutor Rogério Guimarães.

Ele, ao lado dos irmãos Francisco e Ricardo, e do pri-mo Eduardo Victor de Souza, direcionam os negócios da família. Há tempos atrás, o patriarca da família, o senhor Adauto Guimarães, começou a investir mais nas terras. Os � lhos retornaram da cidade para o campo, trouxeram novas tecnologias e culturas. “O café chegou a pouco mais de cinco anos na propriedade. Lá, no passado, o meu avô plantou os primeiros grãos. Meu pai não deu sequência, uma vez que a mão de obra, que já era rara, se encontra cada vez mais difícil na região”, conta Gui-marães. Até hoje o senhor Adalto está no comando dos negócios, mas agora ganhou o apoio dos � lhos, que ob-servaram que podiam investir mais.

Atualmente, na propriedade, o café é uma das cul-turas que mais dá retorno, devido ao seu valor agrega-do. “E se o produtor investir em tecnologias conseguirá ótimas produtividades”, a� rma. Uma delas é que na fazenda da família, uma das variedades cultivadas é a IBC-12, com o grão graúdo, ele o que garante maior pro-dução. Outra são as máquinas, que chegam ao campo: “Em doses homeopáticas, estamos mecanizando 100% à propriedade”, diz. Recentemente, o grupo adquiriu a colhedora de café, a K3500, da Jacto. O investimento � cou na casa dos R$ 850 mil. O desembolso, segundo ele, é compensado, pois, a cada 8 horas, a máquina é

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“O módulo de colheita conta com um novo sistema de derriça que foi desenvolvido para que o equipamento tenha o máximo de desempenho e baixos índices de danos às plantas”, explica Walmi Gomes Martin, gerente de produto da Jacto.

O conceito da empresa com a nova máquina é de multiuso. Além da colheita, o equipamento poderá ser usado em outras etapas do manejo da lavoura, como a pulverização e a poda

capaz de realizar o trabalho de 80 a 120 trabalhadores.A companhia realizou, no dia 14 de abril, o pré-lan-

çamento de sua nova máquina colhedora de café. A ce-rimônia que marcou a divulgação da nova tecnologia foi na sede da empresa, no município de Pompeia (SP). En-tretanto, o lançamento o� cial foi realizado na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). O conceito da empresa com a nova máquina é de multiuso. Além da colheita, o equipa-mento poderá ser usado em outras etapas do manejo da lavoura, como a pulverização e a poda. Inicialmente, es-tará disponível apenas o sistema de colheita. A máquina foi desenvolvida para trabalhar durante o ano todo. “O equipamento é automotriz no qual é possível acoplar individualmente os sistemas de colheita, pulverização, poda e outros que poderão ser desenvolvidos. Ao en-cerrar o ciclo de colheita, o produtor poderá trocar o sistema de colheita pelo sistema de pulverização, por exemplo. A máquina foi desenvolvida para trabalhar em plantios tradicionais e também nos plantios aden-sados com até 2,50 metros entre linhas, garantindo o trabalho do equipamento durante todo o ano”, explica

Valdir Martins, diretor comercial da Jacto. Ainda de acordo com a companhia, o equipamento

tem o sistema de derriças com 10% mais de capacidade, além de possibilitar a descarga do café colhido sem inter-rupção do trabalho. “O módulo de colheita conta com um novo sistema de derriça que foi desenvolvido para que o equipamento tenha o máximo de desempenho e baixos índices de danos às plantas”, explica Walmi Gomes Mar-tin, gerente de produto da Jacto.

Os equipamentos são montados sobre um novo siste-ma de ajuste de abertura que além de facilitar a limpe-za possibilita a rápida adequação do equipamento aos diversos portes de plantas. Durante a colheita, o café é armazenado em dois reservatórios de 1.500 litros e po-dem ser descarregados sem a interrupção da atividade, ou seja, a máquina não para de colher para descarregar, o que representa maior produtividade com redução de custos com a frota de tratores e carretas.

Para o sistema de pulverização o equipamento permi-te que as aplicações sejam realizadas em duas linhas si-multaneamente e com redução de até 50% no volume de calda por hectare, impactando diretamente em aumento do rendimento operacional do equipamento e preser-vação do meio ambiente. No sistema de poda, a K3500 permite em uma única passada o corte das duas laterais e do topo de planta.

Ele explica que o equipamento tem avanços, como motor eletrônico, que permite menor emissão de gás carbônico e redução de consumo de óleo diesel. Além disso, a cabine tem ar condicionado, garantindo conforto ao operador. A K 3500 tem baixo centro de gravidade, podendo trabalhar em topogra� a de montanha, com até 20% de declividade. Isso possibilita mecanizar parte das lavouras de café em região serrana, muito comum no sul de Minas, principal área produtora do País. Até o mo-mento, 10 unidades da máquina já foram vendidas, para as mais diferentes regiões produtoras do Brasil, como sul de Minas e da Bahia e São Paulo. “A vantagem desta má-quina é que ela é 20% mais produtiva que o nosso mo-delo anterior”, diz Martins, fazendo uma referência à K3, que teve sua primeira versão lançada há 36 anos.

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Água no pée sol na cabeça

AGRICULTURAAGRICULTURA

Texto: Valéria Cunha, de Pelotas (RS) | Foto: Divulgação

A sucessão da cultura de arroz com a soja está promovendo umaverdadeira revolução nos campos gaúchos

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A soma de 14,12 milhões de toneladas de arroz que deverão ser colhidos na safra 2019/2020, e o que equivale ao aumento anual da produção de 1,15% nos próximos dez anos, segundo dados da Assessoria de Gestão Estratégica do Mapa

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E xposição solar, água em abundância, tem-peraturas altas, umidade e uma topografia plana são condições essenciais para o culti-vo do arroz. Ou quem sabe apenas “água no

pé e sol na cabeça”, como os produtores costumam traduzir as necessidades mais importantes para o desenvolvimento do cereal, que hoje carrega o tí-tulo de primeiro lugar em consumo no mundo. No País, o grão é campeão em cultivo, com uma média de 12,6 milhões de toneladas por safra, 54% dela concentrada no Estado do Rio Grande do Sul.

A Assessoria de Gestão Estratégica do Mapa apre-senta como projeção de produção e consumo, no Brasil, a soma de 14,12 milhões de toneladas de ar-roz que deverão ser colhidos na safra 2019/2020, o que equivale ao aumento anual da produção de 1,15% nos próximos dez anos.

No entanto, a plantio de grão irrigado, nos últi-mos anos, vem sofrendo com o aumento do custo na produção, a variação climática e o alto valor de energia elétrica, que em 2014 já ultrapassava um acréscimo de 15%. Foram necessários novos cami-nhos e a descoberta de um casamento ideal.

Soja, o par perfeitoNo início, poderia até parecer que não daria certo.

Mas os anos correram, as experiências deram certas e, depois de meia década, plantar soja em áreas de várzea de arroz é uma realidade já bastante estrutu-rada, além de uma opção economicamente viável, principalmente, no Rio Grande do Sul. As vantagens são muitas, desde a melhoria das condições do solo – já que aumenta a fixação de nitrogênio e ajuda a controlar plantas invasoras, a boa rentabilidade da oleaginosa no mercado e até o aumento da produ-tividade de arroz. Apesar de muitos produtores já cultivarem o processo, foi nestes últimos anos, que ajustando os tempos de maturação, plantar arroz e soja, tornou-se um casamento perfeito.

O vice-presidente da Federeção da Agricultura

do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e produtor rural, Gedeão Pereira, afirma que o mercado onde planta – na região de Bagé, do Sudoeste Rio-gran-dense – está em franca expansão: “nos últimos três anos a cultura da rotação ganhou um espaço cada vez maior, e a expectativa é que e 2016, passemos de 500 para 800 hectares o plantio de arroz, e de dois mil e duzentos para três mil hectares, com a soja”.

O plantio de soja em terras antes exclusivas do arroz já ocupa 250 mil hectares no Rio Grande do Sul. Segundo a previsão do diretor técnico Maurício Fischer do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), esse número deverá chegar alcançar 500 mil hec-tares ainda este ano. A nova era abre espaço para pesquisas, desenvolvimento econômico, e instala-ção de empresas que chegam para atender à neces-sidade do produtor gaúcho.

Maior produtor nacional de arroz, o Rio Grande do Sul atinge uma produção aproximada de 8,2 milhões de toneladas, e aliado ao cultivo, chega também uma geração de novos negócios. O diretor comercial do Irga, Tiago Barata, contabilizou que apenas em 2014, o volume de exportações atingiu 1,2 milhão de tonelada. E para se manter e ampliar as negociações, as feiras e encontros são indispensáveis.

A Expoarroz – Do Campo à Mesa, realizada do dia 5 a 8 de maio, no Centro de Eventos de Pelotas, no Rio Grande do Sul, é uma delas e atraiu mais de 16 mil visitantes, compradores de mais de dez países nas Rodadas de Negócio e mais de cem expositores nos 22 mil metros quadrados de evento. A quarta edição da Expoarroz superou as expectativas de prospecção de negócios. “Cumprimos nossa missão de aproximar compradores e produtores e criar ambiente propício para a prospecção e realização de negócios, apesar das turbulências do cenário econômico brasileiro”, a� rmou Fernando Estima, coordenador da feira.

Segundo dados apresentados pelo vice-presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul (Badesul), Pery Sperotto, foram protocolados R$ 77,6 milhões em solicitações de negócios junto à agência de fomento.

Do Campo à mesa

O plantio de soja em terras antes exclusivas do arroz já ocupa 250 mil hectares no Rio Grande do Sul

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No País, o grão é campeão em cultivo,

com uma média de 12,6 milhões de toneladas

por safra, 54% dela concentrada no Estado

do Rio Grande do Sul

Brasilian Rice - O objetivo do projeto Brasilian Rice é promover os grãos brasileiros e seus derivados no mercado internacional por meio de ações como um espaço para as rodadas de negócios. O instituto criado em 2015, é uma aliança entre a Associação Brasileira da Indústria do Arros – Abiarroz e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex – Brasil. Na 5ª Rodada de Negócios, promovida pelo Projeto Comprador Brazilian Rice, dentro da Expoarroz, gerou U$ 7,8 milhões entre negócios fechados e futuros, realizados por 31 empresas apoiadas pelo Projeto Brazilian Rice, que realizaram 115 reuniões de negócios com importadores diversos países como África do Sul, Estados Unidos, Jordânia, Peru, suíça, Costa Rica, Granada, Emirados Árabes, Peru e Itália.

Cycloar- O Cycloar é um sistema, especialmente construído para a instalação dos silos e secadores, com dois cilindros justapostos entre si, com diâmetros e alturas diferentes com venezianas invertidas, que garante ventilação interna constante no ambiente, evitando o choque térmico na cobertura pela diferença de temperaturas interna e externa e o efeito da condensação e gotejamento sobre a camada superior de grãos armazenados, que acabam gerando mofo e apodrecimento dos grãos. Para Julio Espel, diretor da Qualygran, empresa distribuidora do sistema de exaustão no estado gaúcho, os ganhos acontecem via redução de custos na conta de luz e na melhoria da qualidade dos grãos.

O grão gigante - A diferença do grão de arroz, desenvolvido pela Embrapa, é amplamente visível aos olhos. A variedade AB11047 tem altura média de 110 cm e a espessura do colmo de 5,5 mm, o que lhe confere resistência ao acamamento. Esta linhagem apresenta resistência ao degrane. Portanto, não tem risco de tornar-se uma planta infestante da lavoura orizícola. Segundo a Embrapa, a produtividade do arroz gigante apresenta potencial acima das cultivares tradicionais, podendo, se bem manejada, ultrapassar 12 toneladas por hectare, com os mesmos custos de produção que o arroz irrigado convencional, sendo que a expectativa é de que uma tonelada de arroz produza 420 litros de álcool, ou 4,2 mil litros por hectare, tendo por base uma produtividade de 10 toneladas.

De olho no fomento do mercado

Diretor da Hadler & Hasse, de Pelotas (RS), Germano Hadler explica que o casamento entre o plantio de soja e arroz é perfeito. “O produto traz rentabilidade ao pro-dutor, mas o grande ganho começa com a melhora das condições do solo, o que re� ete no aumento da produti-vidade do arroz”, garante Hadler.

Outro fator importante, e que só agrega ao culti-vo, é o valor da saca de 50 quilos de soja que alcan-ça R$ 65, enquanto o arroz tem preço médio de R$ 35. “O plantio de soja ainda oferece aos arrozeiros uma alternativa de excelentes preços”, diz Hadler.

Assim como o diretor da Hadler & Hasse, o ar-rozeiro Fernando Rechsteiner que planta mais de mil hectares de arroz na área rural de Pelotas (RS), aderiu à cultura de rotação: “a soja nos favorece no controle do arroz vermelho e quanto mais a cultiva-mos, fixamos o nitrogênio no solo, tornando aquela terra mais fértil”, explica.

Um levantamento do Irga aponta que, da safra 2011/2012 para a atual, houve um incremento de 70% na área cultivada com a oleaginosa em regiões de várzea. Na opinião de Hadler, a soja veio para ficar na região.

“Nos últimos três anos a cultura da rotação ganhou um espaço cada vez maior, e a expectativa é que e 2016, passemos de 500 para 800 hectares o plantio de arroz, e de dois mil e duzentos para três mil hectares, com a soja”, diz Gedeão Pereira, vice-presidente da Farsul e produtor rural

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AGRICULTURA

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radialização no Brasil. Estudos mostram que esse índice gira em torno de 5% da frota em atividade, cerca de 1,2 milhões de máquinas em operação. Apenas para efeito de comparação, nos Estados Unidos o índice de radialização já é de cerca de 50% entre os equipamentos novos e na Europa chega a 90% em alguns países.

A radialização ainda é uma tendência que engatinha no agronegócio brasilei-ro, mas que aos poucos ganha força e novos produtores interessados em des-cobrir suas vantagens na aferição de ga-nhos e menor impacto na compactação dentro da lavoura. A indústria segue avançando e outras tecnologias como o pneu de perfil baixo e o pneu de alta flutuação, aos poucos viram realidade e comprovam sua eficácia no campo. O fu-turo ainda reservar muitas boas novidades ao produtor rural. Para isso estamos e vamos continuar trabalhando.

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Pneu agrícola:O curinga do campoTexto: Leandro Pavarin*

ARTIGO | MÁQUINASARTIGO

As máquinas super tecnológicas e de alta potên-cia que chegam e tomam conta das lavouras brasileiras, apesar de mostrarem todo seu apa-rato de recursos disponíveis e desempenho

impressionantes, cada vez mais têm no pneu um item indispensável para alcançarem seu melhor rendimento operacional e custo benefício.

De nada valeriam todos os recursos no maquinário que garante potência e automação a tratores, pulveriza-dores, colhedoras, senão fossem os avanços da indús-tria de rodados para aperfeiçoar este acessório indis-pensável e que desempenha função estratégica sobre o desempenho econômico da máquina.

Ao ganho de potência das máquinas corresponde-ram uma série de adaptações e aperfeiçoamentos dos rodados pneumáticos ao longo do tempo. Eles passa-ram de simples dispositivos de conforto, a elementos de propulsão cada vez mais e� cientes e adaptados a diver-sas situações de campo.

O surgimento dos pneus radiais, com mais � exibi-lidade nos costados e menor pressão de ar interna, é talvez a mudança mais representativa na evolução dos pneumáticos. A queda das tarifas de importação para componentes de construção radial e o avanço no pro-cesso de nacionalização dessa tecnologia causou a pri-meira grande revolução da indústria nacional de pneus com foco na produção agrícola.

Isso, no entanto, não signi� ca que o agricultor aban-donará por completo o bom e velho pneu diagonal. Digo bom e velho por se tratar de uma tecnologia precursora da utilização de máquinas nos campos brasileiro e que ainda hoje continua a cumprir seu papel. Por exemplo, para um serviço onde o terreno está sendo cultivado há bastante tempo, o radial é melhor. Porém, para terrenos de primeiro cultivo o diagonal é o mais indicado.

Não existem estatísticas o� ciais sobre o índice de

* Leandro Pavarin, gerente de vendas

Brasil da Titan Pneus, fabricante da linha

Goodyear Farm Tires

radialização no Brasil. Estudos mostram que esse índice gira em torno de 5% da frota em atividade, cerca de 1,2 milhões de máquinas em operação. Apenas para efeito de comparação, nos Estados

comprovam sua eficácia no campo. O fu-turo ainda reservar muitas boas novidades ao produtor rural. Para isso estamos e vamos

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CAPACAPA

Texto: Fátima Costa, de Belo Horizonte (MG) e Ribeirão Preto (SP) | Foto: Alf Ribeiro e MPerez (Capa)

A agricultura e a pecuária são alvos para fabricantes e distribuidoresde equipamentos de construção aumentarem suas vendas eexpandirem a utilização de seus produtos

Nova fronteira da mecanização

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New Holland Construction apresentou no Campo de Provas seus mais novos lançamentos, que são as escavadeiras E125C e E245C ME e o trator de esteira D180C

“Atualmente, estamos presentes em todos os setores, construção, aterros e agronegócio. Apesar do cenário desfavorável, vimos que, no caso da área da construção civil e do agronegócio, o que ocorre é a mecanização em todos os processos da atividade. Quando isso acontece aumenta-se a produtividade para diminuir os custos da operação. E temos máquinas para ajudá-lo nesse processo”, diz Nicola D’Arpino, vice-presidente da New Holland Construction para a América Latina

No Campo de Provas da New Holland Construc-tion, marca que pertence à CNH Industrial, localizada em Sarzedo, na região metropolita-na de Belo Horizonte (MG), Nicola D’Arpino,

vice-presidente da marca para América Latina, sente-se à vontade. Durante a coletiva de imprensa, que reuniu jornalistas, sendo grande parte da área da construção civil, para conhecer os novos equipamentos da marca, ele fez questão de explicar conceitos e sistemas e obser-vou atentamente o que sua equipe de gerentes falava sobre dados técnicos e terminologias e também funções das máquinas que posteriormente ainda seriam apre-sentadas. No meio de sua explanação, ele parou, respi-rou e comunicou, com um leve sotaque italiano: “A New Holland Construction começou pisando fundo nos in-vestimentos, trazendo inovação e tecnologia. Continua-remos investindo no País. Todos esses lançamentos que serão apresentados para vocês são para todos os nichos de mercado”.

Uma das mais tradicionais marcas da construção civil vem fortalecendo sua atuação no agronegócio ao oferecer soluções para um dos segmentos que mais demandam tecnologia e produtividade. Equi-pamentos que até há pouco tempo eram usados na construção civil passaram a ter uma demanda crescente na agropecuária. Retroescavadeiras, pás carregadeiras, escavadeiras, manipuladores teles-cópicos e máquinas da chamada linha amarela, de grandes dimensões, imprescindíveis em qualquer obra da construção civil, podem facilmente ser en-contrados em propriedades rurais ou na agroindús-

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O trator de esteira D180C, da New Holland Construction,

oferece agilidade de produtividade

CAPA

tria. “Eles cumprem um papel-chave em uma série de atividades que vão desde a abertura de açude, vala, curva de nível, deslocamento de materiais, exploração florestal, manipulação de adubos, lim-peza de terrenos e estradas até o carregamento da produção”, explica Paula Araújo, gerente de brand marketing da New Holland Construction.

Para D’Arpino, o desafio do setor de máquinas de construção é colaborar de forma cada vez mais efetiva com o agronegócio. Por isso, a marca vem direcionando algumas de suas estratégias para esse setor, inclusive com o lançamento de novos produ-tos, dotados de alta tecnologia e com fabricação no Brasil. A companhia produz suas cinco principais linhas de produtos – retroescavadeiras, motonive-ladoras, tratores de esteiras, escavadeiras e pás car-regadeiras, na fábrica em Contagem (MG), possibi-litando sua linha de crédito por meio do Programa de Financiamento à Comercialização de Máquinas e Equipamentos Agropecuários (Finame). Mas ainda importa alguns tipos de máquinas menores.

Na ocasião, além de realizar demonstração das soluções de tecnologias New Holland FleetGrade,

“Eles cumprem um papel-chave em uma

série de atividades que vão desde a abertura

de açude, vala, curva de nível, deslocamento de

materiais, exploração fl orestal, manipulação

de adubos, limpeza de terrenos e estradas

até o carregamento da produção”, explica Paula Araújo, gerente

de brand marketing da New Holland

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que melhoram a produtividade e o desempenho da máquina, a equipe da New Holland Construction apre-sentou no Campo de Provas seus mais novos lançamentos, que são as escavadeiras E125C e E245C ME e o trator de esteira D180C. Com os no-vos produtos, a marca contempla 52 modelos lançados na última década.

As novas escavadeiras hidráuli-cas, na faixa de 21 a 24 toneladas, E215C e E245C ME chegam com as maiores caçambas da categoria, com capacidade de até 1,7m2 e com o sis-tema de dentes SmartFit, que traz a tecnologia de travamento, facilidade de instalação e substituição. Já o tra-tor de esteira D180C garante força e

agilidade de produtividade. A máquina é a primei-ra do segmento com transmissão hidrostática com mais de 200 hp produzida no Brasil e garante baixo consumo de combustível. “O trator, além de possuir uma cabine espaçosa, ergonômica e confortável, também tem cabine basculável, com portas e tam-pas laterais, o que permite fácil e ampla acessibili-dade a todos os pontos vitais da máquina. E, dentre as diversas aplicações possíveis, destaco a abertura de estrada, terraplenagem, estocagem de material e curva de nível”, explica Fernando Neto, especialista de produto da New Holland Construction. De acordo com D’Arpino, há cinco anos a empresa comemorou 60 anos de Brasil, tendo como principal carro-chefe o trator de esteira.

“Atualmente, estamos presentes em todos os se-tores, construção, aterros e agronegócio. Apesar do cenário desfavorável, vimos que, no caso da área da construção civil e do agronegócio, o que ocorre é a mecanização em todos os processos da atividade. Quando isso acontece, aumenta-se a produtividade para diminuir os custos da operação. E temos má-quinas para ajudá-lo nesse processo”, diz. “A mini-

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“O nosso objetivo é estabelecer parcerias com empresas que se dediquem ao agronegócio, no qual pretendemos atuar de forma mais ativa dentro de todas as regiões com potencial agrícola”, diz Fabricio Abe, gerente de produto agrícola da marca JCB

Carregadeira compacta SSL 155, uma das novidades da JCB

carregadeira, por exemplo, possui aplicações agrí-colas pela quantidade infinita de implementos que podem ser montados acoplados a ela. Descobrimos isso no Sul do País e, aos poucos, esse processo vem subindo. As vendas de minicarregadeiras estão sen-do alavancadas em 30% graças ao setor do agrone-gócio”, afirma.

Os números são claros: a economia brasileira está impulsionada pelo agronegócio. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informam que a produção de grãos deve bater um novo recorde em 2015, 202,23 milhões de toneladas, ou seja, 4,4% ou 8,6 milhões de toneladas superiores às obtidas na safra 2013/14, que foi de 193,62 milhões de toneladas.

Para manter os bons resultados, a agricultura neces-sita de infraestrutura e� ciente, que dê sustentação de desenvolvimento e escoamento à produção. Tanto as usinas de cana-de-açúcar como as fazendas de grãos, algodão e segmentos da pecuária precisam utilizar tecnologias mais adaptadas às rotinas de trabalho. “Enquanto as vendas da linha amarela para o setor da construção estão baixas, a demanda por commodities está crescendo, e isso não foi afetado pelo cenário, o que torna o agronegócio cada vez mais atraente”, a� r-ma D’Arpino.

Segundo Paula, não é por acaso que nos últimos cinco anos os negócios do mercado agrícola represen-tavam para a marca apenas 3% de todo o market share. “Atualmente, a margem é de 7% e há uma projeção de que alcance 10% em 2016. Sem dúvida, é um mercado que está em expansão”, conta.

Com a demanda crescente, as empresas estão ino-vando. Na fábrica da New Holland Construction as adaptações vêm sendo feitas para que as máquinas durem mais. “Por exemplo, em regiões predominantes do cultivo de cana-de-açúcar, vimos a necessidade de as pás carregadeiras receberem uma pintura que não corrói, uma proteção para os componentes eletrônicos, e a modi� cação no reverso do ventilador, para que não entrem partículas no motor”, explica Paula. A vanta-gem é que a linha amarela, além de executar tarefas que somente ela pode desempenhar, é capaz de encarar serviços comuns realizados pelas máquinas agrícolas.

Durante a 22ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, a Agrishow, realizada em Ribeirão Preto (SP), o prestador de serviço Carlos Moutinho, do município de Matão (SP), adquiriu uma miniescavadeira da New Holland, a E27 cabinada. Atu-almente, ele conta com quatro máquinas, duas retro-escavadeiras e duas miniescavadeiras, e diz que com-prará, futuramente, outras unidades para dar conta do serviço. “Além do trabalho realizado na construção civil e pequenos reparos na cidade, há uma nova demanda”, diz. A falta d’água tem obrigado os produtores a busca-rem novos caminhos para enfrentar o problema, e um deles é a recuperação de antigas lagoas, que voltam a funcionar como importantes reservatórios após a au-torização de órgãos ambientais. “O governo liberou a limpeza de açudes e a remoção de tábuas que tomaram conta de áreas assoreadas”, conta.

Em uma das fazendas do Grupo Sempre Sementes, quem vem testando a funcionalidade das máquinas

construtoras é o produtor de soja, milho e feijão Fer-nando João Prezzotto. “As pás carregadeiras movimen-tam insumos a granel, como calcário e fertilizante, que agora passaram a ser vendidos assim. Além disso, há escassez de mão de obra para os serviços mais pesados nas propriedades”, a� rma.

Do outro lado da porteiraAs multinacionais John Deere e JCB engrossam

o coro das companhias que possuem uma linha es-pecífica para a área tanto da construção quanto da mineração e do agronegócio. Durante a Agrishow, elas apresentaram suas novidades para o campo. A JCB, por exemplo, incrementou ainda mais a sé-rie de máquinas destinadas ao segmento agrícola. Além dos manipuladores telescópicos Loadall 531-70 e 541-70, a empresa levou para seu estande as retroescavadeiras 1CX, 3C e 4CX, a pá carregadeira 422ZX e a carregadeira compacta SSL 155.

Prova da importância e do peso que o agronegó-cio têm nas atividades da JCB – afinal, mundialmen-te, ela produz máquinas agrícolas desde 1945 – é que neste ano iniciou uma parceria com a Coopera-tiva de Produtores Rurais (Coopercitrus) do municí-pio de Bebedouro (SP). “O nosso objetivo é estabe-

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A John Deere apresentou novamente seus produtos voltados

para esse segmento, pás carregadeiras

(524K e 624K), retroescavadeira

4x4 cabinada (310K), escavadeira (160G),

trator de esteira (700J) e motoniveladora

(670G).

CAPA

lecer parcerias com empresas que se dediquem ao agronegócio, no qual pretendemos atuar de forma mais ativa dentro de todas as regiões com potencial agrícola. A Coopercitrus tem atuação plena dentro do Estado de São Paulo”, diz Fabricio Abe, gerente de produto agrícola da marca JCB.

Para a companhia, a nova parceria é estratégica. A JCB, que possui uma unidade fabril em Sorocaba (SP), passa a ter dois distribuidores oficiais no Es-tado de São Paulo – a Auxter, que desde 2006 tem atuado com sucesso no mercado da construção ro-doviária e civil, e a Coopercitrus, que desde feverei-ro passou a representar a JCB no mercado agrícola paulista. Outra inovação da companhia é ofertar facilidades de crédito, demanda cada vez mais cres-cente no mercado agrícola. “A JCB já possui Finame

PSI para duas máquinas nacionais, a retroescava-deira 3C e a escavadeira JS 200LC. Queremos faci-litar a vida do produtor e empresário que precisa adquirir uma máquina de construção para operar na propriedade”, afirma Abe.

Agricultura, floresta e construçãoCom mais de 60 anos de experiência em maquiná-

rios agrícolas, a John Deere anunciou a sua entrada no setor de construção no País em 2011. Nesta edição da Agrishow, a companhia americana apresentou no-vamente seus produtos voltados para esse segmento, pás carregadeiras (524K e 624K), retroescavadeira 4x4 cabinada (310K), escavadeira (160G), trator de esteira (700J) e motoniveladora (670G). “Aqui no Brasil iniciamos o segmento de construção da John Deere em outubro de 2011, quando anunciamos a construção de duas plantas em Indaiatuba (SP). Um ano depois a companhia anunciou seu primeiro dis-tribuidor para construção e começou oficialmente suas operações dedicadas à venda de equipamentos de construção no país. Em 2012 inauguramos duas fábricas, uma delas em parceria com a Hitachi Cons-truction Machinery. Para tanto, investimos cerca de US$ 180 milhões, dos quais US$ 124 milhões foram apenas pela Deere, e o restante pela Hitachi”, diz Ro-berto Marques, líder da divisão de C&F da John Deere Brasil.

Atualmente, a John Deere comercializa no Brasil sete modelos de escavadeiras, três motonivelado-ras, oito pás-carregadeiras, um modelo de retroes-cavadeira e três de tratores de esteira, enquanto a Hitachi vende oito modelos de escavadeiras no País. “Hoje já temos uma participação importante no se-tor agrícola com as máquinas de construção da John Deere”, afirma.

Dentro do conceito de máquinas eficazes e que

Manipuladores telescópicos Loadall

531-70 e 541-70, lançamentos na

Agrishow

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aos reparos de equipamentos. “Por � m, esse ano a John Deere Construção apresentará aos clientes uma série de lançamentos, que serão apresentados na M&T Expo, em junho, em São Paulo”, a� rma.

Maio 2015 | 25

Com máquinas efi cazes e inteligentes, a John

Deere apresenta pacotes de soluções

tecnológicas

Da construção para o campoAplicação de alguns equipamentos da construção civil na lavoura• Retroescavadeira: atua na manutenção de estradas e no dia a dia das fazendas• Pá carregadeira: usada principalmente no transporte do bagaço da cana destinado à geração de energia• Escavadeira hidráulica: utilizada nas usinas canavieiras para a formação de curvas de nível, preparo de

solo e limpeza de rios e mananciais• Manipulador telescópico: é usado para carregamento de big bags de adubo, calcário e fardos de palhas

geradoras de energia (biomassa), sementes a granel ou em palete, dentro de usinas de cana e álcool, serve para carregamento e armazenagem de big bags de açúcar e fertilizantes. Na pecuária de corte ou leiteira, atua no carregamento de silagem (alimento do gado), ração e fardos de feno

• Minicarregadeira: ideal para trabalho em fazendas e granjas, tanto para limpeza quanto para manipulação de materiais (ração, fardos, sementes etc.) em pequenos locais onde máquinas maiores não conseguem entrar

“Hoje já temos uma participação importante no setor agrícola com as máquinas de construção da John Deere”, afi rma Roberto Marques, líder da divisão de C&F da John Deere Brasil

trabalham inteligentemente, a John Deere apresen-ta aos clientes pacotes com soluções tecnológicas para otimizar os trabalhos. Entre as novidades, ofe-rece a John Deere WorkSight – pacote integrado de soluções tecnológicas, que abrangem desde infor-mações de utilização e códigos de falha, volumes carregados, pré-diagnósticos e interação remota com o equipamento. “Temos o JDLink Machine Mo-nitoring System, que é um sistema que fornece a localização da máquina, medidas de utilização e um rastreamento de manutenção por meio de um site de simples navegação”, conta.

Além disso, há o Service ADVISOR Remote Dealer Diagnostics que permite ao distribuidor se conectar automaticamente à máquina para visualizar diagnós-ticos de problemas e dados de performance. Se uma atualização de um so� ware é necessária, o distribui-dor pode fazer atualização à distância. A tecnologia reduz signi� cativamente o tempo e o custo associados

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26 | Maio 2015

VITRINE

O primeiro distribuidor de ração desenvolvido para a suplementação alimentar de gado a pasto ou em sistema de semicon� namento. O equipamento possui um sistema de pesagem com GPS incluso e um so� ware desenvolvido para controlar a quantidade de carga e descarga para cada cocho ou piquete, evitando o desperdício de alimentos e, consequentemente, gerando economia para o pecuarista. O Feeder SC transporta e distribui até três toneladas por carga. Para realizar o transporte no pasto, utiliza-se um chassi robusto com eixo tipo Tandem de quatro rodas, ideal para enfrentar qualquer tipo de terreno, por se adequar perfeitamente ao solo, sem solavancos ou trancos para proteção do conjunto e do sistema de pesagem.

As mastites são altamente contagiosas, podendo ser transmitidas de uma vaca para outra, e com um índice baixo de cura espontânea. Por isso é importantíssima uma interferência no desenvolvimento da doença, pelo uso de antimicrobianos de amplo espectro contra os principais microrganismos causadores da infecção mamária. Por essa razão, a MSD Saúde Animal apresenta ao mercado um novo medicamento para o combate da mastite, que oferece a combinação de antibiótico e antiin� amatório na medida certa, de forma rápida e e� ciente. A Mastiplan LC é indicado para o tratamento da mastite clínica em vacas leiteiras, causada pelos principais agentes da mastite: Staphylococcus aureus, esta� lococos coagulase negativa, Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus agalactiae, Streptococcus uberis e Escherichia coli sensíveis a cefapirina.

CASALE

MSD SAÚDE ANIMAL

Feeder SC 75

Mastiplan

Na ponta dos dedosTexto Redação | Fotos Divulgação

As tecnologias estão cada vez mais presentes na vida do homem do campo

Um dos produtos mais versáteis do portfólio Kärcher, a lavadora de alta pressão de água fria HD 8/11 é leve e compacta, indicada para a limpeza de chiqueiros, piquetes, currais, paióis, salas de ordenha, galpões avícolas de pequenas e médias propriedades. O chassi é feito em ferro tubular altamente resistente a impactos. O sistema elétrico tem vedação reforçada que permite operação em dias de chuva. Mangueira em trama de aço e bico turbo são os acessórios que acompanham o equipamento. A HD 8/11 tem sistema de sucção de detergente como todas as lavadoras de alta pressão da empresa.

KÄRCHER

HD 8/11 Cage Plus

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Maio 2015 | 27

A sueca Husqvarna amplia a sua linha de cortadores de grama com três novos modelos e inova ao trazer para o Brasil o primeiro cortador com tração nas quatro rodas (4x4). O modelo HU725AWDH oferece ao operador o máximo de controle e facilidade de manuseio em áreas inclinadas, em gramas densas ou em terrenos difíceis. Outra vantagem é que o equipamento conta com rodas traseiras mais altas, aumentando a capacidade de manobra nos mais diferentes espaços. Ele também pode atingir a velocidade de até 4,9km/h, conta com plataforma de corte em aço de 55,9 cm (22”), alça ajustável na altura do operador e possui o exclusivo sistema TrioClip, capaz de coletar, descartar ou reciclar a grama. A companhia ainda lança os cortadores de grama HU550FH e 5521P. Os modelos contam com alças dobráveis para facilitar o transporte e armazenamento dos equipamentos.

Composto de caixa e pratos distribuidores em inox, bomba independente com reservatório de 120 litros, resfriador de óleo, bitola do rodeiro regulável de 1,40 a 2,70m, faixa de distribuição no granulado de até 36 metros e esteira transportadora 540mm, o distribuidor Master 12000f foi desenvolvido para obter alta durabilidade e ótima precisão com baixa vazão. Com uma inovação exclusiva da PICCIN, ele possui estrutura reforçada que propicia segurança e qualidade no processo.

HUSQVARNA

JOHN DEERE

PICCIN

HU725AWDH

FarmSigh

Distribuidor Master 12000

A companhia criou o conceito John Deere FarmSight, que na Agrishow contou com um espaço exclusivo para demonstrar ao público essa aposta da empresa. A estratégia FarmSight reúne a visão de futuro da empresa com a eficiência da gestão no campo, demonstrando como a disponibilidade de informação confiável e em tempo real permite melhorar a eficiência do trabalho, por meio da combinação: Produtos + Tecnologia AMS + Serviços via Concessionários. Com as Soluções para Gerenciamento Agrícola (AMS), ou seja, piloto automático, mapa de produtividade, Taxa variável de fertilizantes, corretivos e sementes, entre outros, é possível planejar, executar e documentar tudo o que o agricultor faz com a máquina e, deste modo, utilizar estas informações para otimizar e melhorar a produtividade.

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Empresasfertilizam seusinvestimentos

ECONOMIAECONOMIA

Texto: Fátima Costa, de Ribeirão Preto (SP) | Fotos: Alf Ribeiro

Com o cenário desfavorável, fabricantes mundiais de máquinas e implementos agrícolas ofertam novos recursos e produtos para não perder espaço no mercado brasileiro

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“Hoje, os lançamentos são

realizados aqui no Brasil, na Europa

e nos Estados Unidos ao mesmo

tempo. Não há mais ‘janela’ de três ou

quatros anos para a tecnologia chegar

aqui”, diz Robert Crain, vice-presidente sênior e gerente geral

da AGCO América do Norte e América

do Sul

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O mais recente levantamento da Associação Na-cional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado no mês de maio, aponta que a produção de máquinas agrícolas sofreu

queda de 4,2% – foram 5,7 mil em abril e 5,9 mil em março. Comparado com abril de 2014, quando foram fabricados 7,1 mil máquinas. Até o quarto mês deste ano, a redução é de 21,9%, ou seja, 21 mil unidades em 2015 e 27 mil, no ano passado. No acumulado até abril, a venda de colheitadeiras foi de 1.375 unidades, volume 41,5% menor se comparado ao mesmo período de 2014. Os tratores de rodas repassados à rede soma-ram 13,5 mil unidades, contra 16,5 mil no ano passado. “Ainda estamos em um patamar bastante signi� cativo. No geral, o setor de máquinas agrícolas não espera uma recuperação nos mesmos níveis do ano passado”, a� r-ma Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Anfa-vea.

Além do mercado interno mais devagar, as expor-tações do setor também devem cair neste ano. Com isso, fabricantes mundiais de máquinas e implementos agrícolas começam a mudar as estratégias para forta-lecer seus negócios. Robert Crain, que recentemente assumiu o cargo de vice-presidente sênior e gerente geral da AGCO América do Norte e do Sul, e que esteve presente durante a 22ª edição da Agrishow, conta que os crescimentos anuais como aconteciam desde 2008, tendem a � car no passado, mas isso não signi� ca que o setor não seguirá em plena expansão nos próximos anos. “Vemos o Brasil e a América do Sul como região de desenvolvimento e de oportunidades dos negócios da companhia”, diz.

Não foi à toa que a multinacional detentora das mar-cas Massey Fergusson, Valtra, Challenger, Fendt e GSI,

anunciou no mês de março um investimento de R$ 35 milhões na implantação do primeiro laboratório de controle de emissões em uma de suas plantas, locali-zadas em Mogi das Cruzes (SP). O objetivo é desenvol-ver e homologar os motores que atenderão os níveis de emissões do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores para Máquinas Agrícolas e Rodoviárias (Proconve/Mar-I), a partir de 1º de janeiro de 2017. Outra grande tacada da companhia é a fabrica-ção da primeira colhedora de cana, com a marca Valtra, produzida na fábrica instalada em Ribeirão Preto (SP). A disposição é grande. Isso porque a AGCO está dispos-ta a brigar com outros pesos-pesados como Case e John Deere, que já atuam nesse segmento. “A Valtra possui uma longa história no setor sucroalcooleiro. E agora, passa a ser a única com soluções completas para os usi-neiros a um custo competitivo”, a� rma Bernhard Kiep, vice-presidente de marketing, pós-venda, gestão de produtos e desenvolvimento de concessionárias AGCO para a América do Sul.

Com a produção atual ajustada à demanda, Kiep diz que mudanças daqui para frente dependerão exclusiva-mente do anúncio do Plano Safra 2015/2016, que pode trazer surpresas em relação a limites de bens � nanci-áveis e taxas de juros. Mesmo assim, Crain mantém o seu otimismo baseado no fato de que o Brasil tradi-cionalmente não apresenta dois anos consecutivos de di� culdades no agronegócio e que as quedas nas ven-das de tratores não é menor ao que ocorre no mercado americano. “Hoje, os lançamentos são realizados aqui no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos ao mesmo tempo. Não há mais ‘janela’ de três ou quatros anos para a tecnologia chegar aqui”, diz Crain mostrando o tamanho o reconhecimento das mudanças ocorridas no

Além do mercado interno mais devagar, as exportações do setor também devem cair neste ano. Com isso, fabricantes mundiais de máquinas e implementos agrícolas começam a mudar as estratégias para fortalecer seus negócios

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País. Neste ano, a AGCO celebra um quatro século. Para festejar essa data especial, a multinacional lançou um selo comemorativo e foi criado também um slogan com a mensagem: “AGCO: 25 anos de identidade, séculos de história”.

Semeando um portfólioMesmo com a tendência de fechar o ano com recuo

de 15% no segmento de tratores e de 50% no ramo de colheitadeiras isso não foi impedimento para a Case IH, uma das marcas da CNH, que também é dona da New Holland Agriculture, Case Construction e New Holland Construction, a seguir com o lançamento da plantadei-ra Easy Riser, na Agrishow. Sem deixar de lado o seu pioneirismo, quando trouxe ao Brasil o sistema de rotor

de � uxo axial, hoje se volta para o mercado de planta-deira, com tecnologia de ponta. “Atualmente, no que-sito das máquinas axiais representamos grande parte deste mercado. Temos máquinas com maior capacida-de produtiva disponível para o setor. Porém, necessi-tamos desenvolver um portfólio maior de produtos”, orgulha-se Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH na América Latina.

Segundo ele, mesmo com as di� culdades que vêm desde o ano passado, não se pode deixar de apostar nos lançamentos. “Só no desenvolvimento da Easy Riser foram R$ 30 milhões e serão R$ 150 milhões ao longo de cinco anos na adequação do portfólio, para buscar a liderança no mercado de plantadeira”, a� rma Christian Gonzalez, diretor de marketing da Case IH para Améri-ca Latina. Com o aumento de capacidade para adubo e sementes, a máquina chega a plantar até 36 hectares de soja por carga. Trata-se também de uma plantadeira com mais alta capacidade produtiva da categoria.

Lançamentos e Soluções IntegradasPara o segundo semestre deste ano, a companhia

Deere & Company, detentora da marca John Deere, é outra que promete lançamentos exclusivos para o se-tor. “Só na Agrishow mostramos onze novos modelos de equipamentos que reduzem custos e trazem o aumento da e� ciência operacional. São máquinas que estão dis-poníveis no mercado, com controle automático, duas novas colhedoras de cana, que geram até 20% de eco-nomia de combustível, entre outros destaques”, a� rma diz Paulo Herman, presidente da John Deere Brasil e vice-presidente de marketing e vendas da John Deere para América Latina.

O principal lançamento da marca, na Agrishow, o pulverizador 4730, que foi exposto ao público brasi-leiro antes mesmo que nos Estados Unidos – país ber-ço da marca – utiliza uma barra de sustentação feita de carbono que pesa 350 kg a menos. A tecnologia, que foi trazida dos veículos da Fórmula 1, promete re-duzir em 8% os custos com combustíveis, e também menor compactação do solo. “Soluções integradas que tragam menor custo e maior e� ciência, esse é o antídoto que a John Deere traz para combater o mo-mento mais apertado de rentabilidade”, diz. Ele lem-bra também que o momento pode ser difícil, mas isso é cíclico, e por essa certeza a companhia continuará investindo e trazendo melhores produtos ao mercado.

Apesar de tempos de crise no setor, dos 11 lança-mentos a John Deere destinou sete para o setor ca-navieiro. São tratores, colheitadeiras, pulverizadoras e plantadoras. “Você não pode só aparecer na hora boa. O boi não é só � lé mignon. Estamos fazendo isso: acreditamos no setor da cana, e por isso trouxemos os lançamentos”, diz. Em 2015, a marca festeja 50 anos de um fato histórico: o lançamento da primeira co-lheitadeira autopropelida do Brasil. O feito aconteceu exatamente no dia 5 de novembro de 1965, quando foi montado o modelo SLC 65-A, em Horizontina (RS). O equipamento, produzido pela empresa gaúcha Sch-neider Logemann & Cia, era inspirado no modelo 55 da John Deere. Na época, uma das mais avançadas máquinas agrícolas.

“Atualmente, no quesito das máquinas axiais representamos

grande parte deste mercado. Temos

máquinas com maior capacidade produtiva

disponível para o setor. Porém, necessitamos

desenvolver um portfólio maior de

produtos”, orgulha-se Mirco Romagnoli, vice-

presidente da Case IH na América Latina

“Soluções integradas que tragam menor custo e maior efi ciência, esse é o antídoto que a John Deere traz para combater o momento mais apertado de rentabilidade”, diz Paulo Herman, presidente da John Deere Brasil e vice-presidente de marketing e vendas da John Deere para América Latina.

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Março 2015 | 31

Escola de Con� namento Assocon: formação de mão de obra em fazendas pecuáriasTexto: Juliane da Silva Gomes* |

ARTIGO | PECUÁRIAARTIGO

A escassez de mão de obra quali� cada tem se tor-nado um assunto relevante no campo, em um ambiente onde o uso de tecnologias é crescen-te, possuir uma equipe capacitada, apta a lidar

com todo esse investimento é fundamental. Possuir pessoas quali� cadas e alinhadas aos planos

de produtividade da fazenda são os principais objeti-vos de uma propriedade pecuária hoje. O setor de re-cursos humanos já foi muito negligenciado e muitas vezes ignorado no campo, hoje essa visão mudou e as atitudes são totalmente contrárias ao passado. Atual-mente, o pro� ssional do campo começou a ser visto com respeito, mostrando a importância de seu traba-lho na cadeia de carne.

O campo está tecni� cado, esse cenário com grandes investimentos em tecnologia levou o produtor a ver o quadro de funcionários de outra maneira, a busca por pro� ssionais aptos a lidar com essa tecnologia passou a ser uma corrida contra o tempo. A existência de tec-nologia e pouca mão de obra apta a manuseá-la tor-nou-se um dos principais gargalos do agronegócio bra-sileiro. Atualmente, as atividades na fazenda exigem conhecimento e não força braçal.

Buscando melhorias para o setor, a Associação Na-cional dos Con� nadores (Assocon) desde 2010 com o programa Escola de Capacitação em Con� namento, tem auxiliado os pecuaristas na capacitação de suas equipes. Com público alvo formado por colaboradores que lidam diretamente com os animais, sejam eles: peões, capatazes, salgadores, tratadores, tratoristas, oferecemos treinamento abordando temas e assuntos

técnicos que norteiam as atividades relacionadas ao sistema de produção de gado de corte.

Desde sua primeira edição, o programa já capacitou mais de 950 pessoas e no primeiro semestre de cada ano visita cidades importantes nos polos pecuários do País.

As edições de 2015, contam com três dias de curso, trazendo para sala de aula um conteúdo programático baseado nos temas que fazem parte da rotina de ativi-dade em fazendas pecuárias: nutrição animal, sanida-de, bem-estar, manejo de silagem, identi� cação animal, instalações e estrutura. Neste ano, as cidades visitadas foram: Britânia – GO (fevereiro), Rondonópolis – MT (março), Paraíso – TO (abril), Barreiras – BA (maio), Vi-lhena – RO (maio). As próximas são: Paragominas – PA (entre os dias 24 a 26 de junho) e Barretos – SP (julho).

A Assocon acredita que uma equipe capacitada e ciente de seu real papel e importância só tem benefícios a trazer a cadeia produtiva de carne.

*Juliane Gomes zootecnista, formada

pela Unesp de Botucatu em 2011,

especialização em Produção de Ruminantes pela

Esalq/USP, término em novembro de 2015. Desde 2013

trabalha na Assocon e é responsável

pela coordenação do programa de

capacitação escola de confi namento

Assocon

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Com o gadona sombraTexto e Foto: Ricardo Maia, de Arapongas (PR)

Sistema “Silvipastoril”, que une árvores, pastagem e gado em uma só área, se transforma em uma alternativa para garantir mais lucros na produção leiteira

PECUÁRIAPECUÁRIA

Quem vive estressado sabe muito bem o quanto isso afeta o dia a dia e dificulta exer-cer funções simples, tais como trabalhar e estudar. No mundo animal, o estresse tam-

bém pode ser bastante prejudicial e inúmeros fatores podem o desencadear, entre eles, o excesso de tem-peratura – tanto alta quanto baixa. E se tratando da pecuária leiteira, o assunto é ainda mais delicado, uma vez que pode provocar queda na produção, por exemplo. Estudos mostram que o estresse calórico faz com que as vacas produzam aquém do seu potencial.

Uma das soluções que pode amenizar o problema e levar o pecuarista a conquistar resultados mais sa-tisfatórios é a implantação do sistema silvipastoril, que nada mais é do que a união da pecuária com a produção de floresta em uma mesma área. Além de proporcionar sombra aos animais no pasto, evitando o estresse causado pelo excesso de calor, esse tipo de consórcio ainda possibilita uma renda extra ao produtor, ao final do ciclo da floresta. Enquanto se produz leite, a árvore se desenvolve para, em breve, a madeira seja a nova fonte de remuneração.

Marcelo Muller, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, localizada na cidade de Juiz de Fora (MG), ex-plica que o gado em uma zona de conforto favorável passa a ruminar mais. O conforto térmico, segundo ele, reduz a frequência respiratória dos animais que, consequentemente, gastam menos energia, o que contribui para a elevação da produção. Há quase dez anos, estudos da Embrapa já apontavam que se a temperatura permanecer acima de 30°C, por mais de seis horas, isso pode gerar um estresse calórico e a produção de leite pode ser reduzida em 4 litros/dia, para uma vaca que produza 27 litros/dia.

Muller reconhece que a adoção de qualquer tipo de consórcio é um pouco complexo, demandando análises de diversos fatores. O pesquisador destaca que o primeiro passo a se fazer em um modelo produ-tivo, como esse, é verificar a viabilidade da fazenda para receber o sistema. “Itens como relevo, hidro-grafia, perfil do produtor e nível tecnológico que a propriedade adota, são fatores que devem ser avalia-dos”, afirma Muller.

Antes de iniciar o sistema, ele recomenda que a

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Maio 2015 | 33

Com 68 animais da raça jersey em lactação, o produtor Vanderlei Braun, tira, em média, 1.200 litros de leite/dia. Ao todo, o produtor possui 200 pés de eucalipto na fazenda. “Sem o consórcio, o resultado não seria tão positivo quanto o que alcanço hoje”, diz

propriedade seja dividida em glebas. No início do processo, a recomendação é de que sejam plantadas de 250 a 300 árvores por hectare. Neste período, Muller salienta que é importante que o gado não es-teja no piquete, já que ele poderá destruir as mudas. “Se o produtor não tiver a opção de mudar os animais de local, pode instalar uma cerca elétrica para isolar as mudas”, explica.

Assim que as árvores tiverem formadas, o próxi-mo passo é poder retirar as cercas e introduzir os animais. Durante o desenvolvimento das mudas, o pesquisador enfatiza que o pecuarista deve ficar de olho no tamanho da sombra, já que a ausência de luz solar também pode ser prejudicial para o bom desen-volvimento da pastagem. Para que o pasto não fique muito sombreado, Muller recomenda a redução da densidade da floresta a partir do 4° ano pós-plantio. “Após esse período, a densidade recomendada pode variar entre 150 e 200 árvores por hectare”, diz. O pesquisador também lembra que é difícil mencionar o ganho padronizado de produção com o sistema de integração já que a realidade de cada fazenda é mui-

to diferente. Mas, destaca que além de uma melhoria na produção leiteira, o produtor pode ter uma receita extra com a venda da madeira.

Integração: Eucalipto, Gado e AveiaVanderlei Braun, produtor na região de Arapon-

gas, no norte do Paraná, está na atividade leiteira há oito anos e desde o começo adota o sistema silvipas-toril, indicado por sua assistência técnica. Braun não sabe dizer o quanto seu plantel produziria caso não tivesse optado pela integração da pecuária leiteira com o plantio de eucaliptos. Mas ele garante que, sem o consórcio o resultado não seria tão positivo quanto o que alcança hoje. Com 68 animais da raça jersey em lactação, Braun tira, em média, 1.200 li-tros de leite/dia. Ao todo, o produtor possui 200 pés de eucalipto na fazenda. “Antes de qualquer pecua-rista iniciar uma atividade de consórcio, é necessário fazer um estudo prévio, avaliando principalmente a raça que será criada”, diz. Em relação à madeira, ne-nhum retorno financeiro foi ainda contabilizado na propriedade de Braun. O produtor alega que o valor

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PECUÁRIA

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Marcelo Muller reconhece que a

adoção de qualquer tipo de consórcio é

um pouco complexo. “Itens como relevo,

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Em períodos de secaPara as áreas em que o volume de chuvas é

muito baixo, a recomendação técnica é fazer a irrigação da pastagem, quando isso for possível. No inverno, as precipitações nas regiões mais

frias reduzem, por isso a irrigação pode ser uma aliada. Muitas empresas já atuam nessa área com equipamentos sofisticados. Recentemente, a Valley Irrigação, que pertence ao Grupo Valmont, apresentou suas tendências para agronegócio. Dentre eles, as tecnologias que favorecem o sistema de integração lavoura-pecuária, que conta com a irrigação correta para explorar de maneira mais inteligente e rentável as áreas de pastagens e plantio. A empresa, que possui fábrica instalada na cidade de Uberaba (MG), oferece equipamentos que podem ser monitorados à distância. Entre os produtos, estão os itens Agsence, como o Field Commander, sistema avançado de monitoramento dos pivôs via GPS, que pode ser acessado por meio do smartphone ou computador, sem necessidade de substituição de controle pré-existente no pivô. Outro destaque é o Aqua Trac, dispositivo que monitora a umidade do solo e também pode ser acessado pelo celular ou computador, de maneira simples e objetiva. Todas essas tecnologias foram lançadas durante a Agrishow, que terminou no início de maio.

da madeira é baixo e os custos com a manutenção são constantes. Contudo, o agropecuarista reforça que a sua rentabilidade com o consórcio vem da alta produtividade da cadeia leiteira. “O meu retorno vem do conforto térmico dos animais”.

Para aumentar a receita da fazenda, neste inver-no Braun utilizará a área de pasto para plantar aveia junto com os eucaliptos. A produção de uma cultura de inverno ajudará a recuperar o solo e garantir a ali-mentação para os animais ou até mesmo uma renda extra, caso ele opte pela venda da produção.

Shiguedy Cato, veterinário do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), no Paraná, a� rma que até mesmo no inverno o gado se bene� cia com o sistema silvipastoril, já que as árvores ajudam a proteger os animais do frio, retêm o calor e também a umidade. O veterinário explica que um ani-mal que não sofre com estresse calórico tem um inter-valo entre partos menor, isso faz com que a fêmea tenha um tempo maior de produção. Cato também frisa que

aliado ao conforto térmico, o pecuarista não pode dei-xar de lado a busca por uma boa genética.

Nutrição na dose certa Por outro lado, não basta oferecer conforto térmi-

co aos animais e contar com uma boa genética, se a nutrição for realizada de qualquer maneira. Van-derlei Bett, pesquisador e coordenador da área de nutrição do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), observa que animais em lactação necessitam sempre de um bom manejo nutricional.

Segundo Bett, a quantidade e o tipo de alimento dado a cada fase em que o animal se encontra faz parte de uma dieta especí� ca. “Muitos produtores fornecem o mesmo alimento e na mesma quantidade para todo o rebanho, sendo este o erro mais comum que encontra-mos nas propriedades que visitamos”, diz.

Uma quantidade inadequada de alimentos forne-cida aos animais pode resultar em uma queda na pro-dutividade, principalmente quando é dado menos do que o necessário, explica Bett. Já o excesso, além de gerar um passivo ambiental devido ao alto volume de excrementos, pode levar as fêmeas a ficarem obe-sas. As consequências de um animal abaixo ou aci-ma do peso são muitas. Bett destaca a cetose bovina que causa uma desordem metabólica, associada ao balanço energético negativo, que acontece quando o consumo de alimentos está abaixo do ideal. Para as vacas com sobrepeso, as complicações no parto é uma das maiores consequências. “Por causa desses problemas causados por uma alimentação inadequa-da, o produtor deve sempre consultar um técnico para orientá-lo sobre o manejo nutrição”, afirma.

O pesquisador do Iapar frisa que a alimentação pa-drão dos animais voltados para a produção de leite é à base de farelo de soja e milho. Ele lembra também que a ração é só um complemento do pasto, por isso, a pastagem deve ser muito bem cuidada.

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