classificação vocal

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Classificação vocal Você, provavelmente, já está familiarizado ou, pelo menos, já ouviu falar em termos como: Soprano, Contralto, Tenor e Baixo. São as vozes de uma forma de composição bem conhecida: o coral, cujo nome também, popularmente, representa o grupo de pessoas que executa a tal composição (pode-se chamar, mais corretamente, o grupo de coro). Mas estas não são as únicas possibilidades de classificação das vozes. Vamos, em primeiro lugar separar as vozes em agudas, médias e graves. A voz aguda feminina é o Soprano e a masculina é o Tenor. São as vozes encontradas com maior abundância no Brasil. A voz média feminina é o Meio-soprano (ou Mezzo-soprano) e a masculina é o Barítono. Também são encontradas no Brasil, mas bem menos em relação às vozes agudas. A voz grave feminina é o Contralto e a masculina o Baixo. São vozes raras no Brasil. O Baixo ainda encontramos, mas o Contralto verdadeiro é raríssimo e tem partituras interpretadas por Mezzo-sopranos Dramáticos (ver mais abaixo). A maioria dos coros tem de valer-se de Barítonos para cantar a linha dos Baixos dos corais. Por outro lado, a Rússia é um exemplo de abundância em vozes médias e graves, notório em seus coros, por outro lado são escassas as vozes ligeiras (sobre as quais falaremos mais abaixo). Faço aqui um parêntese para um esclarecimento vital. Todos nós já nascemos com um tipo de voz. Nossa voz é o resultado de várias características físicas que herdamos de nossos pais. Por isso, é impossível um Tenor "desenvolver" uma voz de Barítono. Vai, sim, desenvolver sérios problemas vocais se tentar. Deus fez você com esta voz. É um presente dEle a você. Não "fabrique" uma voz que não é a sua. Vai estragar sua voz. E esta, nesta vida, é uma só. Agora atente para a subdivisão das vozes (veja também a tabela): Vozes femininas: O Soprano Ligeiro: é o chamado 1º Soprano, que tem por característica uma voz de volume menor, mas que alcança notas muito agudas, além de ter facilidade para cantar notas com ritmo rápido (volaturas). Referências: canto lírico: Joan Sutherland(*), Kathleen Battle(*), Sumi Jo(*); popular: Gal Costa. O Soprano Lírico-Ligeiro: Também chamado de Lírico Spinto, é um pouco mais encorpado que o ligeiro puro, também tem facilidade pra agudos e

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Page 1: Classificação vocal

Classificação vocalVocê, provavelmente, já está familiarizado ou, pelo menos, já ouviu falar em termos como: Soprano, Contralto, Tenor e Baixo. São as vozes de uma forma de composição bem conhecida: o coral, cujo nome também, popularmente, representa o grupo de pessoas que executa a tal composição (pode-se chamar, mais corretamente, o grupo de coro).

Mas estas não são as únicas possibilidades de classificação das vozes.

Vamos, em primeiro lugar separar as vozes em agudas, médias e graves.

A voz aguda feminina é o Soprano e a masculina é o Tenor. São as vozes encontradas com maior abundância no Brasil.

A voz média feminina é o Meio-soprano (ou Mezzo-soprano) e a masculina é o Barítono. Também são encontradas no Brasil, mas bem menos em relação às vozes agudas.

A voz grave feminina é o Contralto e a masculina o Baixo. São vozes raras no Brasil. O Baixo ainda encontramos, mas o Contralto verdadeiro é raríssimo e tem partituras interpretadas por Mezzo-sopranos Dramáticos (ver mais abaixo). A maioria dos coros tem de valer-se de Barítonos para cantar a linha dos Baixos dos corais. Por outro lado, a Rússia é um exemplo de abundância em vozes médias e graves, notório em seus coros, por outro lado são escassas as vozes ligeiras (sobre as quais falaremos mais abaixo).

Faço aqui um parêntese para um esclarecimento vital. Todos nós já nascemos com um tipo de voz. Nossa voz é o resultado de várias características físicas que herdamos de nossos pais. Por isso, é impossível um Tenor "desenvolver" uma voz de Barítono. Vai, sim, desenvolver sérios problemas vocais se tentar. Deus fez você com esta voz. É um presente dEle a você. Não "fabrique" uma voz que não é a sua. Vai estragar sua voz. E esta, nesta vida, é uma só.

Agora atente para a subdivisão das vozes (veja também a tabela):

Vozes femininas:

O Soprano Ligeiro: é o chamado 1º Soprano, que tem por característica uma voz de volume menor, mas que alcança notas muito agudas, além de ter facilidade para cantar notas com ritmo rápido (volaturas). Referências: canto lírico: Joan Sutherland(*), Kathleen Battle(*), Sumi Jo(*); popular: Gal Costa.

O Soprano Lírico-Ligeiro: Também chamado de Lírico Spinto, é um pouco mais encorpado que o ligeiro puro, também tem facilidade pra agudos e volaturas. Referências: canto lírico: Renata Tebaldi(*), Victoria de Los Angeles(*).

O Soprano Lírico: de voz mais cheia, também possui maior volume. É também chamada de 2ºSoprano. Referências: canto lírico: Kiri Te Kanawa(*), Mirella Freni(*), Renata Scotto(*) ; popular: Elis Regina.

O Soprano Dramático: raro e de sonoridade peculiar, é o soprano mais grave. Normalmente tem grande extensão e desenvolve grande volume. Referências: canto lírico: Jessie Norman(*) (polêmica classificação, pois alguns a consideram Mezzo-soprano Lírico).

Page 2: Classificação vocal

O Mezzo-soprano Lírico: é também chamado em alguns lugares de Mezzo-soprano Ligeiro, pois apesar do timbre grave, assim como o Soprano Ligeiro, tem boa agilidade para volaturas (venho ressaltar que alguns classificam distintamente o Mezzo lírico do ligeiro). Referências: canto lírico: Tereza Berganza(*); popular: Simone.

O Mezzo-soprano Dramático: de grande extensão, timbre escuro e bem grave, muitas vezes canta também partituras de Contralto solo, o que pode ocorrer com mais freqüência com o abaixamento natural da voz ao passar os anos. Referências: canto lírico: Olga Borodina(*);

O Contralto: como já dissemos, é raro no Brasil. Tem timbre muito escuro e, até pela pouca oportunidade de se ouvir, impressionante. Tem poucos papéis em ópera, a maior parte do repertório está na música barroca e nas obras do séc. XX. Referências: canto lírico: Kathleen Ferrier(*).Algumas mulheres, devido a problemas hormonais ou disfunções do aparelho fonador, adquirem uma voz atenorada. A extensão destas vozes é bem curta (às vezes, de no máximo uma oitava) dificultando o desenvolvimento no trabalho de técnica vocal.

É também importante mencionar a corrente moda que supervaloriza a voz grave feminina. A situação, embalada ao som da música comercial, está crítica, causando confusão no referencial das pessoas. Além de classificações erradas (Sopranos classificados como Mezzo-sopranos e, pasmem, como Contraltos), temos uma atitude prejudicial tanto à saúde quanto à estética da voz, com o incentivo de se cantar só na sua região grave e, na maioria das vezes, forçando muito. Seja ela Contralto, Mezzo-soprano ou Soprano, a voz tem uma tessitura grande, e uma composição agradável e de bom senso estético a utiliza como um todo. É ridículo legar à voz feminina, seja ela de que tipo for, uma região ínfima que não passa de poucas notas no grave. Vozes graves também tem agudos bonitos se bem colocados tecnicamente.

Vozes masculinas:

O Contratenor: é atualmente a voz masculina que treina tecnicamente o falsete para cantar como Contralto. Comum em coros mistos e masculinos europeus que interpretam, principalmente, música dos períodos Renascentista (séc. XVI) e Barroco (do séc. XVII à primeira metade do séc. XVIII). Na liturgia católica não havia canto congregacional (até meados do séc. XX). A música era executada por coros masculinos. Por este motivo usavam-se meninos (os famosos sopraninos e contraltinos), os falsetistas e os castratti(***). O uso de coros apenas masculinos perdurou na liturgia após a reforma protestante. A mulher só participava do canto congregacional (todos os fiéis cantando juntos), reintroduzido por Lutero. Referências de Contratenores (falsetistas - cantando como contraltos) no canto lírico: Andreas Scholl(*), David Daniels (**).

O Tenor Ligeiro: também conhecido como 1o Tenor é a voz masculina natural mais aguda, também com facilidade para volaturas. Referência: canto lírico: Juan Diego Florez(**), Niccolai Gedda(*), Salvatore Licitra(*); popular: Steve Wonder, João Alexandre (música cristã).

O Tenor Lírico-Ligeiro: Também chamado de Lírico Spinto, é um pouco mais encorpado que o ligeiro puro, também tem facilidade pra agudos e volaturas. Referências: canto

Page 3: Classificação vocal

lírico: Enrico Caruso(*), Franco Corelli(*).

O Tenor Lírico: voz mais rica em harmônicos que a anterior, tem o timbre mais cheio. É também chamado de 2o Tenor. Por erro ou, às vezes, por causa do repertório operístico, alguns Tenores Líricos são chamados de Dramáticos. Referências: Canto lírico: Mario Lanza(*), Plácido Domingo(*); popular: Ed Mota.

O Tenor Dramático: assim como o Soprano Dramático desenvolve grande volume, e é mais raro no Brasil. É o Tenor mais grave. Quando intérprete de óperas do Romantismo Germânico (R. Wagner, R. Sttraus) é chamado de Heldentenor (diz-se: réldentênor) ou Tenor Heróico. Referências: canto lírico: Lauritz Melchior(*), Wolfgang Windgassen(*).

O Barítono Lírico ou Barítono Central: é comum como terceira voz em quartetos masculinos de música cristã. É importante salientar que alguns Tenores Dramáticos e Líricos podem ser classificados como Barítonos, devido a alguma dificuldade na identificação do timbre. O bom professor, com o desenvolver da técnica do aluno, corrige a classificação e redireciona o trabalho. Isto ocorreu com o conhecido Tenor Plácido Domingo (dos "Três Tenores"), classificado como Barítono, a princípio. Referência: Canto lírico: Thomas Hampson (**) ; Popular: Roberto Frejat.

O Barítono Dramático: de voz bem grave e volumosa, é também chamado de Baixo Cantante ou Baixo Barítono (de acordo com o repertório operístico). Muitos dos Baixos de quartetos masculinos de música cristã são, na verdade, Barítonos Dramáticos. Referências: Canto lírico: Bryn Terfel(*) e (**); popular: Emílio Santiago, Tim Maia.

O Baixo: tem o timbre bem escuro e potente. É raro mas encontra-se no Brasil. Referências: Canto lírico: Gottlob Frick(*); popular: Alvin Chea (Baixo do Take 6).

O Baixo Profundo: timbre escuríssimo, voz potente, impressionante, e muito rara no Brasil, é encontrado com maior facilidade em países eslavos (Rússia, Ucrânia, Letônia, etc.) Referência: Canto lírico: Martti Talvela(*).Para referências auditivas com vozes treinadas acesse os sites:

(*) www.epdlp.com/musica.php (site em espanhol, fácil de entender), clique em "cantantes" e selecione os cantores sugeridos neste artigo com:(*) para conhecer seu timbre em uma gravação e um pouco de sua história (o site dá algumas classificações equivocadas no histórico. Siga as informações deste artigo que foram conferidas com bastante cuidado e esmero com professores de confiança).

(**) www.handelmania.com/21st.htm (site em inglês) clique na foto do cantor sugerido neste artigo com: (**) e ouça uma gravação para conhecer o timbre.

(***) Os Castratti: eram os homens que eram castrados quando meninos, antes da puberdade, para a preservação da voz aguda de soprano, mezzo-soprano ou contralto (quando mezzo-soprano ou contralto também chamado de contratenor) num corpo maior, conseqüentemente mais potente. Isso se devia ao fato de que não era permitida a participação da mulher nos serviços religiosos (ver parágrafo sobre contratenores), a não ser nos conventos femininos obviamente. Isso aconteceu a princípio por incentivo à uma vida celibatária em monastérios por parte da Igreja Católica (principalmente nos séc. XVI e XVII, e na sua maioria na Itália). Só depois veio a ser feito com intuitos musicais. No séc. XVII se tornaram muito populares também nas Óperas, pois

Page 4: Classificação vocal

demonstravam grande virtuosismo e técnica. Alguns se tornaram verdadeiras celebridades da época. O último Castratto de que se tem notícia foi Alessandro Moreschi (1858-1922)(*), cantor italiano do qual se tem o único registro fonográfico desse tipo de voz. Apesar da gravação muito antiga (1902) e do cantor estar longe tecnicamente da qualidade dos Castratti famosos, vale a pena conferir a gravação para se ter uma idéia do timbre.

Extensão vocal

As pregas vocais, responsáveis pela extensão vocalExtensão vocal refere-se ao conjunto de todas as notas que um cantor consegue articular, independente da qualidade dessa articulação. A extensão tem, portanto, uma abrangência maior que a tessitura. Enquanto que a extensão representa todas as notas fisicamente realizáveis, a tessitura refere-se às notas mais apropriadamente realizadas no que tange a qualidade da emissão. 1 Sendo assim, um cantor poderá articular notas fora de sua tessitura mas jamais realizará notas fora de sua extensão vocal.

Voz falada

A frequência natural da voz humana é determinada pelo comprimento das pregas vocais. Assim mulheres que têm as pregas vocais mais curtas possuem voz mais aguda que os homens com pregas vocais mais longas. É por esse mesmo motivo que as vozes das crianças são mais agudas do que as dos adultos. A mudança de voz costuma ocorrer na puberdade que é provocada pela modificação das pregas vocais que de mais finas mudam para uma espessura mais grossa. Este fato é especialmente relevante nos indivíduos do sexo masculino. O comprimento e a espessura das cordas vocais determinam, tanto para o sexo masculino, como para o feminino, a extensão vocal---i.e. o registro de alcance das notas produzidas vocalmente.

A laringe e as pregas vocais não são os únicos órgãos responsáveis pela fonação. Os lábios, a língua, os dentes, o véu palatino e a boca concorrem também para a formação dos sons.

Extensão das principais vozes

Tenor ligeiro

Voz pouco forte; alcança notas agudas. Ex: Almaviva, no Barbeiro de Sevilha

Tenor lírico

Voz mais forte; timbre suave. Ex: Rodolfo em La Bohème

Tenor dramático

Voz forte; timbre metálico. Ex: Turiddu, na Cavalleria Rusticana

Page 5: Classificação vocal

Barítono lírico

Voz intermediária entre agudo e grave,. Ex: Escamilo na Carmen

Barítono dramático

Voz mais forte e timbre metálico. Ex: Rigoletto na ópera do mesmo nome.

Baixo cantante

Voz grave, timbre suave. Ex: Salvator Rosa na ópera do mesmo nome.

Baixo profundo

Voz bem grave e mais forte que a anterior. Ex: Zarastro na Flauta Mágica.

Soprano ligeiro

Voz agudíssima; timbre fraco, de grande agilidade. Ex: Zerbinetta em Ariadne auf Naxos.

Soprano dramático

Voz forte; timbre doce. Ex: Butterfly na Madame Butterfly.

Mezzo-soprano

Voz intermediária entre agudo e grave. Ex: Carmen na ópera de mesmo nome.

Contralto

Voz feminina mais grave, timbre escuro. Ex: Azucena em Il Trovatore.3

Vozes absolutas são vozes de cantores excepcionais que ultrapassam três oitavas.Entre algumas vozes classificadas como tal, estão:

Yma Sumac, que abarcava registro do barítono ao soprano ultra leggero, emitindo do Db1 ao C#6, possuía um timbre excepcional.1

O baixo Ivan Rebroff que possui quatro oitavas emitindo desde o F-1 ao F4, usando falsete na região mais aguda

Maior extensão vocalA maior extensão vocal humana pertence a Tim Storms (USA) que atinge dez oitavas, de G/G#-5 a G/G#5 (0.7973 Hz - 807.3 Hz), recorde atingido em 01/08/2008.

Nota vocal mais aguda

Page 6: Classificação vocal

A nota vocal mais aguda atingida por um ser humano é G10 por Georgia Brown (Brasil); é inaudível ao ouvido humano e somente captada por ressonadores.4

No repertório clássico a nota mais aguda para um soprano é um G5 na obra I Popoli di Tessaglia, de Mozart.

Nota vocal mais grave

A nota vocal mais grave atingida por um ser humano é o F#-6 (0.393 Hz) por Roger Menees (USA), recorde atingido em 11/02/2010.5

No repertório clássico a nota mais grave é um D1 na ária de Osmim, em O Rapto do Serralho, de Mozart.

Feminino - maior extensão vocal

A maior extensão vocal feminina pertence a Demi Lovato (USA) que atinge 4 oitavas, de B2 a B4, recorde atingido em 27/08/2011.

Feminino - nota vocal mais aguda

A nota vocal mais aguda atingida por uma mulher é G10 (inaudível ao ouvido humano) por Georgia Brown (Brasil).

Masculino - maior extensão vocal

A maior extensão vocal masculina pertence a Tim Storms (USA) atingindo dez oitavas, de G/G#-5 a G/G#5 (0.7973 Hz - 807.3 Hz), recorde atingido em 01/08/2008.

Masculino - nota vocal mais aguda

A nota vocal mais aguda atingida por um homem é o Eb8 por Adam Lopez (Australia), recorde atingido em 04/06/2005.

Masculino - nota vocal mais grave

A nota vocal mais grave atingida por um homem é o F#-6 (0.393 Hz) por Roger Menees (USA), recorde atingido em 11/02/2010.