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A Cidade Constitucional: Capital da RepúblicaTRANSCRIPT
A Cidade Constitucional: Capital da República VIII
Letícia Schiavano Matias de Oliveira 8518912
Docentes:
Prof. Dr. Douglas Roque Andrade
Prof. Dr. Marcelo Arno Nerling
São Paulo, 2014
O presente trabalho tem como objetivo relatar informações sobre a vivência
proporcionada pela disciplina A Cidade Constitucional: Capital República VIII, oferecida pela
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo durante a semana da
pátria, que ocorreu entre os dias 6 e 12 de Setembro de 2014, com apoio e organização dos
docentes Prof. Dr. Marcelo Arno Nerling e Prof. Dr. Douglas Roque Andrade.
06 de Setembro
Palácio do Itamaraty – Ministério das Relações Exteriores
Assim que chegamos a Brasília fomos ao Palácio do Itamaraty, que abriga o Ministério
das Relações Exteriores, pertencente ao poder executivo do país. Inaugurado em 1970, o lugar
foi desenhado por Oscar Niemeyer para receber os visitantes de outros países. Uma curiosidade é
que o palácio antes era chamado de Palácio dos Arcos, mas teve o nome alterado em 1967.
A visita foi guiada pela Manuela, que explicou as atividades que acontecem em cada sala
e mostrou as obras de arte, seus artistas e seus significados. A
escada para subir ao segundo andar não tem apoio e foi projetada
para que os visitantes dessem um giro pelo local, cercado de obras
de arte, antes de subir.
O segundo andar é organizado por departamentos,
separados de acordo com áreas ou temas. Uma das obras do andar
é uma parede com as cores vermelho, preto e branco, que
representam as três cores que deram origem ao povo brasileiro. É
neste andar que existe a sala dos tratados, onde são assinados
acordos, também é neste andar onde ocorre entrega de medalhas. No terceiro andar a decoração
mistura peças modernas e antigas, e há a sala nobre, que é inteiramente aberta e se junta a
varanda para realizar coquetéis.
Uma das principais obras existentes no Palácio do Itamaraty é a Meteoro, localizada em
frente ao prédio. A escultura é branca, representando a paz, possui cinco partes, representando os
cinco continentes, e é uma esfera, representando fluidez.
Supremo Tribunal Federal
Após a visita ao Palácio do Itamaraty, nos encaminhamos para o Supremo Tribunal
Federal, órgão do poder judiciário que guarda a Constituição. O STF é de extrema importância
para o país, pois representa a instância máxima de justiça. É no local que se julga os poderes
executivo e legislativo.
Logo no hall de entrada nos deparamos com uma estátua em bronze vendada, mostrando
que para a justiça não há distinção e sim imparcialidade, e com vários bustos de personalidades
históricas e importantes para a justiça do país. No segundo andar há uma exposição de objetos e
móveis, a sala onde autoridades estrangeiras são recepcionadas, e alguns presentes já ganhos
pelo Brasil, como um mini Alcorão e objetos de prata.
Prosseguindo a visita, guiada por Laura, fomos para o Plenário. O Plenário é “aberto ao
público”, mas como para entrar no local são impostas diversas obrigações de vestimenta, tais
como uso de terno, para homens, e uso de vestido ou saia, ou calça e blazer, para mulheres, a
entrada restringiria grande parte da população. Do lado esquerdo do símbolo do Brasil,
localizado na parede principal do Plenário, há a bandeira do país, e do lado direito no símbolo
encontra-se uma pequena estátua de Jesus na cruz, o que é contraditório à ideia de um país laico.
Para terminar a visita fomos levados para uma ampla sala onde estão expostas as fotos de
todos os presidentes que o Supremo Tribunal Federal já teve, e algo a ser ressaltado é que, de
tantos presidentes, apenas um foi uma mulher. O presidente, com mandato de dois anos, é
escolhido por seus pares por ser o mais antigo e não ainda não ter ocupado o cargo.
Auditório ESAF – Apresentação da metodologia (ensinagem e escutatória), conteúdo
programático e plano de atividades
No auditório aconteceu o encontro dos professores com todos os estudantes para
apresentação da disciplina. Todos, incluindo os professores, se apresentaram, dizendo nome e
curso, ato que acredito ser de extrema importância para qualquer projeto, pois, de alguma forma,
aproxima as pessoas.
Durante o encontro foi apresentado os objetivos do ensino formal, que são desenvolver a
personalidade, preparar a cidadania e preparar para o mundo do trabalho. Foi falado também
sobre a noção de cidadania, que envolve direitos e deveres, e foi feita uma primeira abordagem
ao tema de Educação Fiscal, explicado em outras palestras. Essa foi a primeira vez que eu tive
contato com o tema, o que é uma pena, levando em conta a importância do assunto.
Os professores explicaram sobre os métodos cognitivo e atitudinal do projeto, e também
sobre andragogia, que é a forma de ensino para adultos, e passaram instruções sobre a elaboração
do relatório a ser entregue.
07 de Setembro
Palácio da Alvorada
Um dos melhores momentos da viagem foi poder ver o nascer do Sol no Palácio da
Alvorada. Apesar do horário, ver a alvorada de Brasília, tão presente nos discursos de Juscelino
Kubitschek, valeu a pena. O Palácio da Alvorada foi feito para o/a presidente da República
habitar, e fiquei surpresa ao ver que não havia tantos seguranças e guardas.
Desfile Cívico Militar
Para comemorar a data 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil, houve um Desfile
Cívico Militar que foi iniciado com a chegada da presidente Dilma. Após a execução do Hino
Nacional Brasileiro e do Hino da Independência, alguns veteranos da 2ª Guerra Mundial e ex-
combatentes da Força Expedicionária Brasileira desfilaram dentro de carros. Aconteceu um
imprevisto em um desses carros e o problema, que não impediu a continuação da programação e
não tirou a alegria das pessoas, foi resolvido através do famoso “jeitinho brasileiro”.
O Desfile Cívico Escolar decidiu mostrar a influência de diversos povos, como da
Holanda, Inglaterra, Itália e da Ásia, em nossa cultura. Apresentaram comidas que eles
trouxeram etc para mostrar como nossa cultura é misturada a tantas outras. Em minha opinião
faltaram algumas representações de lugares que também foram importantes para a miscigenação
da cultura brasileira.
O Desfile Cívico Militar iniciou-se com a Marinha do Brasil e prosseguiu com o Exército
Brasileiro, a Força Aérea Brasileira, a Polícia Militar do Distrito Federal, o Corpo de Bombeiros
Militar do Distrito Federal, a Força Nacional de Segurança Pública, além de desfiles aéreos da
FAB, da PMDF, do Corpo de Bombeiros do DF e da apresentação de uma pirâmide humana do
Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.
A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro, o Grupamento Motorizado da Polícia Federal,
o Grupamento Motorizado da Polícia Rodoviária Federal, o Grupamento Motorizado da Polícia
Militar do DF, o Grupamento Motorizado do Corpo de Bombeiros Militar do DF, o Grupamento
Motorizado da Força Nacional de Segurança Pública e as Tropas Hipomóveis foram
apresentados por tropas motorizadas, mecanizadas e blindadas.
Creio que a melhor parte do desfile, para mim e grande parte das pessoas, foi a
apresentação da Esquadrilha da Fumaça, que fez aparições durante o desfile e ao final me
impressionou escrevendo “Pátria amada... Brasil” no céu como se fosse obra das nuvens, como
representado na imagem abaixo.
08 de Setembro
Mesa de Abertura – ESAF; USP; Representante de La Oficina EUROsociAL II – FIIAP;
El Salvador; Honduras
Na mesa diretora estavam presentes os professores Marcelo Nerling e Douglas Andrade,
representantes da disciplina Cidade Constitucional da USP, David Jerezano, representante de
Honduras, Wendy Magarien, representante de El Salvador, Asier Luzuriaga, representante da
comunidade europeia e a Dra. Raimunda Ferreira de Almeida, representante da ESAF.
A abertura contou com o agradecimento de Douglas e Marcelo a todos os presentes, e
seguiu com Wendy ressaltando a importância da educação superior. Raimunda também exaltou a
importância da educação e destacou que um cidadão ativo, que age e pensa criticamente é de
extrema importância para mudanças sociais, visto que ele não deixa injustiças acontecerem e
visa uma sociedade justa, igualitária e fraterna. A sociedade precisa pensar global e agir local,
possibilitando a cooperação internacional.
O professor Marcelo Nerling reforçou seu discurso de que o Estado está a serviço do
povo, e que é necessária uma reaproximação da sociedade civil com a sociedade política. Asier,
após contextualizar a história da comunidade europeia, falou sobre o tratado que afirma a
necessidade de prover direitos humanos para poder participar da união europeia.
IV Seminário USP-ESAF – Sustentabilidade Ambiental
O seminário foi conduzido por Paulo Mauger, da ESAF, que iniciou seu discurso falando
sobre a história da Escola de Administração Fazendária. A ESAF foi criada, legalmente, em
1973, com cooperação com a Alemanha, e era limitada a parte técnica. Seu logo são quatro livros
abertos que representam: saber aprender, aprender a conhecer; saber fazer, aprender a fazer;
saber ser, aprender a ser; saber conviver, aprender a viver com outros. A ideia surgiu pela crença
da transformação das pessoas pelo conhecimento.
Após Mauger diferenciar empresa privada, que pode fazer de tudo desde que a lei não
proíba, do servidor público, que apenas é autorizado a fazer algo se estiver constando na lei, ele
prosseguiu falando sobre o projeto de sustentabilidade da ESAF.
Tempos depois da parceria com a Alemanha, eles
quiseram retoma-lá, porém a mesma disse que estava
interessada em desenvolvimento sustentável, e não em
finanças. Desta forma, eles chamaram o Ministério do
Meio Ambiente para fazer uma parceria, que buscaria
economizar água e energia. Depois de firmada a parceria,
eles voltaram a conversar com a agência de cooperação da
Alemanha, mostrando interesse na união entre finanças e
meio ambiente. A Alemanha gostou tanto da ideia que
chegou a acelerar o processo.
Assim, a ESAF tem como foco a eficiência energética em prédios públicos e tornar-se
uma vitrine nacional de todos os modelos de eficiência energética. Visto que existem 38000
prédios públicos, das três esferas de poder, e que a conta de energia ultrapassa um bilhão de
reais, é de vital importância investir em eficiência energética. Dentre futuras ideias da escola
pode-se citar a poda das árvores para a produção de biocombustível e o tratamento de resíduos.
As maiores dificuldades mencionadas por Mauger é a comunicação e a medição dos resultados.
Apesar da extraordinária ideia e da boa intenção, acredito que ainda falta muito para a meta da
ESAF de tornar-se vitrine de todos os modelos de eficiência energética ser atingida. Como toda
mudança, o processo é lento, mas só de querer mudar, a ESAF já se torna um grande exemplo a
ser seguido.
Terminando seu discurso, Paulo passa a vez para Lucíola Arruda, diretora de educação da
ESAF, e Hallison Palmeiras. A primeira falou sobre concursos e suas etapas, capacitação para
promoção na carreira, e estudos e pesquisa, já o segundo explicou o sistema de educação à
distância da ESAF.
Participação da sociedade civil no processo de preparação da contribuição
nacionalmente determinada ao novo acordo sob a Convenção - Quadro das Nações Unidas
sobre mudanças do clima – Reunião Conjunta
Ao invés de participar do VII Seminário USP-ENAP, da palestra sobre a Rede Nacional
de Escolas de Governo, os Sistema da União e a Política Nacional de Desenvolvimento de
Pessoal e da palestra sobre a Cooperação Internacional na ENAP, eu tive a oportunidade de
participar da Reunião Conjunta que incluiria a opinião da sociedade civil para a Convenção –
Quadro das Nações Unidas.
A reunião contou com a presença de diversas entidades, empresas, ONGs, governo e
também com a participação de alguns estudantes da Universidade de São Paulo, grupo no qual
eu me incluo.
A ideia de consulta online é muito boa, e as 200 respostas obtidas na primeira fase da
consulta obtiveram um resultado positivo, sendo consideradas boas e classificadas, entretanto,
foi ressaltado que a participação da sociedade civil ainda tem que ser ampliada porque os blocos
mais afetados por problemas ambientais não conseguem participar ativamente, às vezes até por
falta de conhecimento e complexidade do assunto.
Abrir participação para a sociedade civil é uma ideia interessante, porém a divulgação do
projeto foi precária e a reunião muitas vezes acabou desviando de seu verdadeiro foco para abrir
espaço para discussões puramente políticas que não cabiam no contexto. Para que a ideia do
projeto funcione e seja efetiva, a estrutura precisa ser mais bem trabalhada, ampliando ainda
mais a participação civil e sendo mais objetiva.
IV Seminário USP-ESAF – O Programa Nacional de Educação Fiscal – PNEF:
Educação fiscal e preparo da cidadania
Ronaldo Iunes, gerente do Programa Nacional de Educação Fiscal, explicou que o PNEF
objetiva sensibilizar o cidadão para a função socioeconômica do tributo, levar conhecimento aos
cidadãos sobre administração pública, incentivar o acompanhamento pela sociedade da aplicação
dos recursos públicos, e criar condições para uma relação harmoniosa entre o Estado e o cidadão.
O PNEF foi criado pela portaria conjunta 413/2002
dos ministérios da Fazenda e da Educação, e ele
perpassa todas as esferas governamentais, federal,
estadual e municipal, sendo tratado como conteúdo
de hábitos circulares – onde uma coisa encadeia a
outra. Uma dificuldade em trabalhar com educação
fiscal é fazer com que famílias tenham sustento sem
deixar que elas usurpem ninguém.
Tributos estão em tudo, o Estado precisa
dele, e, ao contrário do que é propagado por
discursos prontos e reproduzidos por grande parte
da sociedade, o Brasil não é país que mais paga
tributos no mundo. A carga tributária brasileira é de 36,8%, e o principal problema daqui é a
falta de retorno destes tributos.
Administração tributária e educacional: Exemplos de aproximação pela Receita Federal
do Brasil – RFB
O palestrante Antonio Henrique Lindemberg Baltazar, da Receita Federal, inicia seu
discurso dizendo que o Estado não deve obrigar a população a pagar tributos através da força, ela
ele deve convencer a população da importância dessa ação.
O cumprimento das normas por meio do medo que a sociedade tem da sanção pelo
descumprimento chama-se positivismo jurídico, e neste caso não importa se a norma é boa ou
ruim, ela apenas é válida ou não. O Estado deve deixar o uso da força de lado e começar a buscar
aceitação social. Ele tem que ser justo, ético e moral, refletindo seu papel, e é a partir dessa ideia
que se inicia a educação fiscal.
O Estado precisa de dinheiro para a execução de políticas públicas, e a tributação é o
meio mais eficiente e democrático para este financiamento. Poucos Estados vivem sem a
tributação, tomando como exemplo países petroleiros e Mônaco, que sobrevive com dinheiro de
jogos. Um motivo para a população achar a tributação brasileira abusiva é devido ao
desconhecimento do destino deste tributo, e da falta de retorno. Com a lei da transparência, o
governo é obrigado a informar para onde está indo o dinheiro do imposto, mas ninguém sabe
dessa informação ou por falta de interesse, ou por não entender o recurso. Outro fator é a
injustiça tributária, onde de um milionário paga a mesma quantia de tributo que um trabalhador
humilde.
O Brasil possui tributação baixa sobre renda e patrimônio e alta sobre o consumo, não
havendo distinção de classes nesta, mostrado que é indispensável a criação de mais alíquotas no
sistema tributário atual.
A palestra com Antonio foi o momento em que eu mais refleti sobre minhas ideias de
tributação, formadas basicamente através do discurso reproduzido, equivocadamente, pela maior
parte da população. Creio que foi de extrema importância o conhecimento adquirido por ele e
compreendi a importância de disseminar esta informação.
09 de Setembro
V Seminário USP – Controladoria Geral da União – CGU
A Controladoria Geral da União é um órgão do Poder Executivo, sendo responsável por
fazer o controle interno dele. O Seminário começou com Carlos Higino Ribeiro de Alencar,
secretário executivo da CGU, comentando sobre o discurso moralista sobre corrupção que a
sociedade tem, sendo muito claro que ninguém é a favor da corrupção. Para evitá-la, é necessário
haver punição quando um caso acontecer.
A Lei de Acesso à Informação, que diz que todos podem ter acesso à informação desde
que esta não seja secreta, mudou o patamar da relação entre sociedade e Estado, embora ainda
tenha aspectos que precisa melhorar, como sua deficiência em período eleitoral. O Brasil não é o
único país em que existe corrupção, mas outros países estão sendo mais eficientes no combate à
mesma. Carlos conclui que precisamos ter uma visão mais madura sobre o assunto, visto que
todos são contra a corrupção.
Observatório da Despesa Pública
O coordenador do Observatório da Despesa Pública, Henrique Rosa, definiu que os
objetivos da CGU são defesa do patrimônio público e transparência na gestão, e que a CGU é
responsável por controlar 600 mil servidores públicos, 39 ministérios, 53 mil unidades
administrativas e 2,48 trilhões de reais.
O Observatório é uma unidade de produção de informações estratégicas e monitoramento
dos gastos públicos que objetiva identificar risco de fraude, irregularidades e/ou mau uso dos
recursos públicos, e apoiar o processo de tomada de decisão dos gestores públicos. Seus
especialistas são de todos os perfis, advogados, auditores, analistas, tecnólogos, justamente para
poder monitorar todo tipo de pessoa ou ação.
Para fazer uma “pré-auditoria”, eles utilizam bases de dados para cruzar os dados,
ferramenta data matching. Os temas de monitoramento são programas sociais, como Bolsa
Família e Garantia-Safra, licitações e contratos, como OSCIP e SICONV, e gastos
administrativos, como terceirizações e despesas de diárias e viagens. A punição, caso eles
encontrem e confirmem alguma infração, é o cancelamento do benefício, abertura de sindicância,
devolução do dinheiro e eventual demissão.
O Observatório, que já existe há cinco anos, para mim é muito importante, pois ele
consegue ver se o dinheiro público realmente está sendo gasto corretamente e utilizado por quem
precisa, além de facilitar o trabalho dos gestores. Só acho que, talvez, seria necessário ampliar o
núcleo de funcionários, porque é muito trabalho, aproximadamente 100 mil alertas por ano, para
poucas pessoas. Desta forma o Observatório conseguiria cumprir sua missão mais eficazmente.
Controle Interno e o papel da CGU no aperfeiçoamento dos programas governamentais
Ronald da Silva Balbe, diretor de planejamento da Secretaria Federal de Controle Interno
da CGU, disse que o maior desafio do controle interno no Brasil é o tamanho do país. Antes o
Brasil tinha uma economia primária exportadora e 30 milhões de habitantes, e agora somos a
sexta economia e temos 200 milhões de habitantes, tornando o controle mais difícil.
O Sistema de Controle Interno, dentre outras funções, avalia a ação governamental e a
gestão dos administradores públicos, contribuindo para a solução de problemas. A CGU possui
2300 funcionários, contando com uma coordenação para cuidar de cada um dos 23 ministérios.
Ela é baseada em quatro eixos, Avaliação de execução de programas do governo, Avaliação da
gestão, Ações investigativas e Capacitação e orientação.
A missão da CGU, que foi criada há 12 anos, é prevenir e combater a corrupção e
aprimorar a gestão pública, fortalecendo os controles internos e incrementando a transparência, a
ética e o controle social. Desde que surgiu, ela já contribuiu para a articulação interinstitucional,
combate à corrupção, transparência pública e melhoria da gestão, aprimoramento do marco legal,
articulação com a sociedade e articulação internacional.
O Brasil possui problemas de infraestrutura: mobilidade urbana, habitação etc; problemas
sociais: escolas carentes, saúde precária etc; problemas econômicos: crescimento econômico,
inflação etc. A auditoria interna pode melhorar a eficácia dos processos públicos e trazer
benefícios financeiros e não financeiros (não quantificáveis), como melhorias e mudanças
positivas.
Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção
A palestra foi dada por Amilton, que pertence à Direção de Promoção de Integridade,
Acordos e Cooperação Internacional (DIACI) da Secretaria de Transparência e Prevenção da
Corrupção. Ele disse que houveram convenções internacionais contra a corrupção, e que estas
são sempre parecidas, trazem medidas preventivas, administrativas e judiciais, além da
criminalização da corrupção.
A Lei de Conflito de Interesses 12.813/2013 é considerada importante por Amilton
porque ele diz que conflito de interesses é uma porta aberta para que haja corrupção. Outra lei
citada foi a Lei de Responsabilização de Pessoas Jurídicas, número 12.846/2013, que finalmente
trouxe a possibilidade de haver punições para empresas. Finalmente, uma das leis mais
importantes é a 12.527/2011, Lei de Acesso à Informação, que, como dito anteriormente por
mim, ainda precisa melhorar. Nesta hora, o professor Marcelo Nerling questionou Amilton sobre
a deficiência da Lei da Informação em ano eleitoral, e o segundo não soube dar uma resposta
adequada para o problema.
Acesso à Informação e Arquivos Públicos
Marcos Lindenmayer trabalha na Ouvidoria Geral da União, e vê o arquivo como
condição de eficácia do direito fundamental de acesso à informação. Ele analisa que um
problema da Lei de Acesso à Informação, que dá direito ao acesso à informação pública e
privada desde que não seja confidencial, é que, às vezes, a informação solicitada não existe. O
Brasil quase não tem arquivo municipal, apenas 1% dos municípios têm, mas basta que uma
informação esteja na memória de um servidor que ela tem que ser disponibilizada.
A teoria das três idades divide os arquivos por frequência, sendo correntes, intermediários
ou permanentes. Também tem uma subdivisão que rotula os arquivos como reservado,
confidencial, secreto e ultrassecreto. A Lei de Arquivo é de 1991, e a de Acesso à Informação é
de 2011.
Uma frase dita por Lindenmayer foi “uma boa gestão é aquela que elimina os arquivos
que têm que ser eliminados e preserva os que têm que ser mantidos”, e concordo até certo ponto,
porque a importância do arquivo muitas vezes depende da pessoa que precisa dele, e é necessário
tomar cuidado para não eliminar arquivos que alguém precise.
Catedral de Brasília
A Catedral de Brasília é um dos principais símbolos da cidade, e agrada os olhares de
pessoas de todas as religiões por sua beleza arquitetônica. Um fato curioso é que se algo é dito
perto da parede de um lado da catedral, é possível ouvir esse algo do outro lado da parede.
IV Seminário USP-UNB – Universidade de Brasília – O direito achado na rua e nas
instituições da cidade constitucional
José Geraldo, ex reitor da UnB, iniciou seu discurso dizendo que os movimentos de rua
são criminalizados e as pessoas da rua são vista como inferiores, são marginalizadas. O relatório
de Washington Luís representa bem essa ideia, e nele está escrito que urbanizar a cidade é limpá-
la da “várzea asquerosa”, fazer uma limpeza política na cidade pela polícia.
Na constituição de 1824, antes da abolição da escravatura, tem escrito que todo homem
nasce livre e igual em direitos, e assim deve ser, porém sem os preconceitos com mulheres,
índios, negros, judeus, homossexuais, e qualquer outra minoria, como já houve e em alguns
casos ainda persistem.
Na época em que cidadania se media pela renda e o padrão era o patriarca branco,
católico e proprietário, os outros nem eram considerados outros. Ainda hoje existem muitos
preconceitos e criminalização de alguns grupos de pessoas devido ao senso comum, pré-
conceitos que viraram prejuízos para a sociedade.
Nós construímos nossa sociedade a partir da forma que se segue, modo e articular a vida
econômica e política e precisamos fazer isto da melhor forma. O Estado não cria direitos, eles já
existem, o Estado apenas cria normas, nosso problema é que o processo legislativo nem sempre é
feito da melhor forma, ele leva em conta interesses que nem sempre são do povo.
O poder pertence ao povo, e devemos fazer com que nossos representantes não o
deturpem. Podemos fazer isso transformando a cidadania passiva em ativa. A rua é símbolo dos
encontros sociais, e estes têm que ser preservados e não criminalizados. Nós temos que construir
argumentos que legitimem o movimento social, fazendo a terra cumprir sua função social. A
função da universidade, muito pregada por José Geraldo, deve ser educadora, e não repressora,
como é feita ultimamente.
IV Seminário USP-MS – Políticas públicas, saúde e esporte
Este seminário contou com a presença de cinco palestrantes que abordaram e
relacionaram questões de saúde, esporte e políticas públicas.
Taís Porto palestrou sobre intervenções em doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
Para iniciar ela deu um panorama das DCNT no mundo e depois no Brasil. No Brasil, as DCNT
são responsáveis por 72% das mortes, sendo um terço deste valor a população menor que 60
anos. As DCNT incluem doenças respiratórias, cardiovasculares, neoplasias e diabetes. O
excesso de peso e a obesidade possuíam um crescimento contínuo até 2012 e 2013, ano que
estabilizaram. O consumo de álcool e tabaco é mais alto entre homens do que em mulheres.
Com três eixos, Vigilância, monitoramento e avaliação, Prevenção e promoção de saúde e
Cuidado Integral, a meta do enfrentamento das DCNT no Brasil é de reduzir a taxa de
mortalidade prematura por ela em 2% ao ano. Para tanto estão sendo tomadas algumas medidas.
Para empresas privadas que produziam alimentos como queriam, foi feito um acordo entre o
Ministério da Saúde, ABIA e ANVISA, que impuseram uma redução na quantidade de sódio em
massas, salgadinhos, bolos, etc. Em relação ao tabagismo e consumo de álcool, foram criadas
algumas leis, como proibição de fumo em lugares fechados, preço mínimo para o cigarro, lei
seca, etc. O governo também possibilitou algumas facilidades, medicamentos mais baratos etc,
para combater as doenças crônicas não transmissíveis. Para finalizar, o plano de DCNT é, e deve
ser, prioridade na agenda do Governo.
Valdeth Santos palestrou sobre o Programa Academia da Saúde – Estratégia da Promoção
da Saúde e do Cuidado. Esse programa surgiu para oferecer a prática de atividade física para a
comunidade, possibilitando a promoção da saúde e do cuidado, e de modos de vida mais
saudáveis, tudo isso a partir de polos, espaços públicos construídos para o desenvolvimento das
ações do programa, com infraestrutura e profissionais qualificados.
O programa ainda tem eixos a serem desenvolvidos e é um trabalho em equipe que segue
os princípios do SUS. Ele exige participação popular e construção coletiva, utilizando a
intersetorialidade, interdisciplinaridade, intergeracionalidade e territorialidade. Os incentivos
para a construção dos polos vão de 80 mil até 180 mil reais.
Denise Bueno, da Secretaria de Atenção à Saúde, palestrou sobre a co-gestão como
dispositivo para a intersetorialidade. Denise vê a escola com um espaço de diálogos, e defende o
PSE, programa de saúde e educação, que une as duas vertentes de seu nome. A participação
social é essencial para o programa. Atualmente, 78934 escolas de 80% dos municípios
brasileiros já são compactuadas, mas o programa ainda tem muito que crescer.
Eneida falou sobre o papel do setor da saúde no enfrentamento de violências e acidentes.
A importância em Saúde Pública se deve à magnitude, à vulnerabilidade e à transcendência do
problema. A área de saúde possui alguns importantes marcos normativos, como a Política
Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência (2001), o Projeto de
Redução da Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito (2002), a Rede Nacional de Prevenção
de Violências e Promoção da Saúde (2004), e a Política Nacional de Promoção da Saúde (2006).
A vigilância e notificação são elementos essenciais para a expansão da cultura de paz para
direitos humanos.
Por fim, a última palestrante, Sabrina Farias, falou sobre o Plano Nacional de Juventude
Viva. Ela começou falando que, segundo o Ministério da Saúde, a maior causa de morte de
jovens, em sua maioria negra, entre 15 e 29 anos, é homicídio. Devido a este fato, o Programa
Juventude Viva visa enfrentar essa violência por meio de um processo participativo com ações
de prevenção e inclusão.
10 de Setembro
Bosque dos Constituintes
De acordo com Paulo, o Bosque foi criado em homenagem a parte da Constituição que
falava de meio ambiente. Em sua inauguração, o representante de cada poder, judiciário (Luiz
Rafael Mayer), executivo (Iris Rezende), legislativo (Humberto Lucena) e um quarto poder
existente na época, o constituinte (Ulysses Guimarães), plantou uma árvore. Estas árvores, um
ipê-branco, um ipê-amarelo, um pau-ferro e um pau-brasil, são as maiores e com mais destaque
do bosque.
Este é o único parque plantado pelos atores em homenagem à Constituição, alinhado na
data, e existem regras para o plantio, como, por exemplo, do lado de dentro apenas os
parlamentares podem plantar, do lado de fora é feito um anel de proteção e no entorno do parque
é permitido o plantio pela população. Em comemoração a alguns fatos também são plantadas
algumas árvores.
VI Seminário USP – Comissão de Legislação Participativa – Política, sistema e
mecanismo de participação
Neste seminário, ministrado por Aldo Moreno, foi onde eu percebi como é difícil uma lei
ser aprovada em nosso país. Aldo iniciou dando uma breve introdução sobre o poder legislativo
do país, que constrói as leis e administra. Existe a câmara dos deputados, que representa o povo,
e o senado federal, que representa os Estados. O sistema que prevalece atualmente é o
majoritário, onde ganha quem tiver a maioria.
Existem 22 comissões permanentes, que fazem parte da estrutura da casa e tratam
de temas específicos, como agricultura, e existem as comissões temporárias, como CPI, que tem
poder de investigação, comissões especiais, que analisam PECs, e comissões externas. Aldo
falou que a câmara não funciona somente com parlamentares, servidores são essenciais.
A Comissão de Legislação Participativa, criada pela resolução 21/2001 de 30 de maio de
2001 e instalada em 8 de agosto de 2001, tem como intuito a redemocratização, é um espaço para
o povo ter voz. A CLP possui 18 membros titulares e 18 membros suplentes, e recebe e examina
as sugestões de iniciativa legislativa, pareceres técnicos, exposições e propostas oriundas da
sociedade civil organizada. Para apresentar um projeto é necessário apresentar algumas atas, e
precisa da assinatura de aproximadamente 1,4 milhões de eleitores. Este número pode ser
mostrar muito grande para bons projetos de leis, mas pode impedir que projetos ruins alcancem
seu objetivo.
O relator é o deputado membro da comissão e designado pelo presidente da comissão
devido à sua proximidade ao tema. Depois que a sugestão legislativa ser apresentada, ela pode
ser rejeitada ou aprovada. Em caso de rejeição, a sugestão de lei é arquivada, e em caso de
aprovação, ela é encaminhada para a próxima etapa como projeto de lei. Se a lei for aprovada
pelo Plenário da Câmara dos Deputados, ela vai para o Senado Federal, que pode rejeitar o
projeto, que depois será arquivado, aprovar com emendas, neste caso ela volta para as comissões
temáticas que “consertarão” o que for necessário, ou aprovar sem emendas, fazendo a lei ir para
o/a presidente da República, que irá sancionar ou vetar a lei. Esta é a tramitação simplificada de
um projeto de lei.
Simulação do Trabalho das Comissões
Uma das partes mais interessantes da disciplina foi a simulação do trabalho das
comissões. Nesta simulação foram apresentadas duas sugestões para votação, a primeira foi a
redução da maioridade penal no Brasil para 16 anos, e a segunda foi a legalização da maconha.
Para começar, elegemos o presidente e o vice-presidente da Comissão, em seguida, eles
definiram quem seria o relator.
Depois que a sugestão é lida, o relator declara sua opinião e inicia-se o debate, onde,
quem quiser falar, expõem argumentos favoráveis ou contrários à sugestão. A sugestão de
redução da maioridade penal no Brasil para 16 anos foi rejeitada, portanto será arquivada. Já a
sugestão de legalização da maconha foi aprovada, então ela será encaminha para votação por
Comissões Temáticas.
A experiência foi incrível porque realmente pudemos ver como uma sugestão de lei é
votada.
Cefor – Programas Desenvolvidos pelo Departamento e visita às instalações
CEFOR, como explicou Paulo, diretor da unidade, é a sigla para Centro de Formação,
Treinamento e Aperfeiçoamento. Ela é o centro de formação da câmara dos deputados e pertence
ao poder legislativo. A Constituição de 1988 estabeleceu um regime democrático para o país, e a
democracia precisa do poder legislativo. O que mudou na câmara dos deputados desde 88,
relativo a parte administrativa, foi a criação do concurso público, que é o único meio de ingressar
no serviço público, e criação do plano de carreira. Existem 3300 servidores efetivos na câmara, e
cada deputado pode nomear até 25 servidores, o que pode incluir até 10 mil servidores, além de
1000 servidores comissionados de livre nomeação.
A CEFOR possui cinco coordenações, sendo elas CORES, COTRE, COEDE, COPOS e
COATA. A primeira, CORES, Coordenação de Recrutamento e Seleção, somente é aberta para o
público interno, e é responsável por cuidar da parte do concurso público e de estágios
universitários. Com a parceria com o SESI/SENAI eles trabalham até com alfabetização. A
Coordenação de Treinamento, COTRE, também só é aberta para o público interno, e eles são
responsáveis por, constantemente, oferecer treinamentos e capacitações para os servidores
ficarem sempre atualizados. Principalmente os servidores da área de tecnologia, a atualização é
importante porque é algo que sempre está evoluindo. Os cursos são gratuitos e 80% dos
professores da CEFOR são servidores da câmara, da instituição. Uma deficiência é a avaliação,
que é precária.
Existe a Coordenação de Apoio Técnico Administrativo, COATA, e a Coordenação de
Educação para a Democracia, COEDE. A COEDE oferece programas para o público externo
visando democratização da população. Ela foi criada em 2008 e possui um programa chamado
estágio visita, que é um bom programa, mas que para entrar é necessário a indicação de um
deputado, o que dificulta o processo para muita gente. Eles têm um processo chamado
parlamento jovem brasileiro, que trabalha com alunos do ensino médio, e também possui os
projetos a escola na câmara, estágio cidadão, oficina de atuação no parlamento e missão
pedagógica no parlamento.
A Coordenação de Pós-Graduação, COPOS, fornece especialização para servidores com
temas voltados para o poder legislativo. Possuem cursos de especialização próprios, em parceria,
ou contratados. O mestrado é aberto para a sociedade, mas é pago, e eles possuem o mestrado
profissional próprio e mestrado e doutorado interinstitucional. Para finalizar, COPOS possui
parcerias nacionais e internacionais.
Visita Guiada Congresso Nacional – Casas e Plenários
O Congresso Nacional, projetado por Oscar Niemeyer, é a sede do poder legislativo
federal. Ele abriga o Senado, localizado na cúpula voltada para baixo, e a Câmara dos
Deputados, localizado na Cúpula voltada para cima.
A visita ao Congresso foi guiada por Aline, que mostrou o salão, nomeado devido à cor
do seu piso, local onde Câmara e Senado se misturam, sendo difícil de definir onde termina um e
começa o outro. No salão nobre é onde chefes de Estado ou Governo são recepcionados. Nesse
salão, como em quase todos os lugares de Brasília, é possível encontrar muitas obras de arte.
O salão verde, localizado na Câmara, é o espaço utilizado para entrevistas de jornalistas a
parlamentares, e ele também abriga uma maquete do Congresso Nacional, mostrando inclusive
os anexos. No Senado Federal, existem os salões Branco, comumente chamado de chapelaria, e
Azul. O túnel do tempo, mostrado na imagem abaixo, traz a história do Senado desde sua criação
e liga o edifício principal ao Anexo 2.
Também é no Senado que está localizado o Plenário do Senado Federal, local onde
acontecem pronunciamentos, debates e votações. Seu teto possui milhares de placas metálicas
que melhoram a acústica e a iluminação do plenário. Lá é onde estão os assentos dos 81
senadores, distribuídos em ordem alfabética por estado, e também há assentos para cidadãos
acompanharem as sessões públicas. Um fato curioso é o desenho no carpete, que é feito
diariamente com um aspirador.
A cruz, localizada no centro da plataforma, teve sua presença votada e aprovada com a
justificativa de que como o país é laico, a presença de um símbolo de religião era aceitável. Em
minha opinião, como há a presença de uma cruz, deveriam ter símbolos de todas as religiões que
os brasileiros possuem, assim, creio que ficaria mais justo. Ou tem símbolo de todas as religiões
ou não tem de nenhuma.
V Seminário USP – Eventos Legislativos do Senado – Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) tem seu presidente e vice-presidente eleito a
cada dois anos. Os atuais moldes da CDH estão presentes desde 2005. Compete à CDH analisar
os projetos de lei que afetam os direitos humanos e analisar sugestões legislativas e propostas
apresentadas pela sociedade civil.
Mariana e Vinícius falaram sobre o
portal e-cidadania, onde qualquer cidadão pode
apresentar uma ideia, que fica quatro meses no
ar para conseguir, no mínimo, 20 mil apoios e
ser encaminhada para CDH para tramitação. O
decreto número 8.243/2014 instituiu a Política
Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social – SNPS.
A CDH não trata somente de assuntos de direitos humanos, os assuntos da legislação
participativa também. Ela pode tratar de diversos problemas de qualquer pessoa, mais que
geralmente procura a CDH são as minorias. Mariana disse que há projetos de lei que são
aprovados em comissões e não precisam ir para o plenário, e que outras questões podem “não
andar” por falta de interesse político. Vinícius, com um belo discurso, questionou a intolerância e
desrespeito da sociedade em relação à diversidade, mostrando que ela ainda é muito grande no
Brasil e que precisa ser alterada.
11 de Setembro
VI visita aos Vitrais da Sede, espelho da Federação e I Seminário USP – Caixa Federal –
Programa CAIXA Melhores Práticas em Gestão Local
Todos os estados brasileiros, e o distrito federal, são representados em belíssimos vitrais
que mostram seus pontos turísticos e suas características mais famosas.
O seminário foi ministrado por Gustavo Ribeiro, consultor da caixa econômica federal.
Ele falou que a CAIXA, uma instituição financeira e empresa pública, é o principal agente de
políticas públicas. O programa CAIXA Melhores Práticas é realizado a cada 2 anos, e existem
diversas categorias onde as práticas são agrupadas.
Para poder participar, a CAIXA tem que ter apoiado o projeto de alguma forma, o foco
deve ser em gestão local e desenvolvimento sustentável, tem que apresentar resultados e
melhorias concretas e não pode ter ganhado o prêmio anteriormente. As etapas do programa são:
seleção, validação, manutenção, pré-avaliação, avaliação, e premiação. A CAIXA premia as 20
melhores práticas.
As etapas da avaliação consistem em avaliação regional, avaliação nacional e júri
externo, que é onde a sociedade pode participar. O júri deve apresentar equilíbrio entre governo e
da sociedade, gênero e região, para ser mais justo. Os objetivos do programa são selecionar e
replicar o projeto. O motivo de a premiação acontecer a cada dois anos é que em um ano
acontece premiação e no outro a réplica da prática, justamente para disseminação. Até agora, já
foram premiadas 90 práticas.
II Seminário USP – Banco Central – Educação Fiscal e financeira para a cidadania
Silvio Carlos Arduini, coordenador de assuntos nacionais do Banco Central, falou sobre a
Estratégia Nacional de Educação financeira – ENEF. Em sua introdução, Silvio falou sobre a
função de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e controlar a inflação que o
Banco Central do Brasil tem. O Banco Central é uma entidade vinculada ao ente do poder
executivo.
A ENEF surgiu em 2010 com o objetivo de desenvolver a consciência e a capacidade
financeira na população. Ele foi baseado em experiências anteriores em diversos países e traz
parceria público-privada. Como a população está financeiramente despreparada, a educação
financeira precisa é necessária para passar informação, formação e orientação para cidadãos. Só
inclusão financeira não basta.
Cidadania Financeira, desenvolvida pelo Programa Cidadania Financeira, é o exercício
dos direitos e deveres do cidadão no que diz respeito à educação financeira. Em síntese, temos o
programa de educação financeira, que mostra como poupar, e é muito importante para a
economia do país, porque senão ela fica dependente do dinheiro internacional e de instituições
privadas, mas o programa deveria ser estendido para as populações de mais baixa renda.
Acabando a palestra, nós pudemos visitar o Museu de Valores do Banco Central do
Brasil, onde é possível encontrar o dinheiro de vários países e onde a história do dinheiro no
Brasil é representada. O museu traz mostra a história do dinheiro no Brasil desde que eram
usadas mercadorias até o início da utilização de moedas, passando por réis, cruzeiros, cruzados,
até chegar no real, usado atualmente.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) Programa Nacional de
Formação Continuada a Distância nas Ações do FNDE – Formação pela Escola
As palestras contaram com a presença de Wellington Mozarth Moura Maciel, Adalberto
Domingos da Paz e Isabella Araújo Figueiredo. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) presta assistência técnica e financeira à educação. A meta que é o
financiamento público para educação para os estudantes conseguirem fazer uma boa faculdade,
mas, a dificuldade, é que existem 170 mil escolas públicas para o FNDE prestar essa assistência
técnica e financeira. Além do número elevado de escolas e estudantes, outro desafio é que o
público se renova muito em pouco tempo.
Apesar de o investimento em educação ter crescido 25 vezes nos últimos 20 anos, a
qualidade não apresentou melhora. Isso mostra falta de competência de gestão pública e
demonstra a necessidade de melhora neste aspecto. Vale ressaltar que todos têm papel de
educador, a educação não é feita somente em uma sala de aula fechada. A ação de municípios é
essencial.
V Seminário USP – Ministério da Justiça – Tráfico de Pessoas; Política sobre drogas;
Proteção e defesa do consumidor sustentável
A mesa do seminário foi composta por Ana Cipriano, da SENACON, Frederico
Coutinho, do SNJ, Marcelo Nerling, da USP, e Heloisa Greco, da ETP/SNJ.
Ana Cipriano, responsável por falar da defesa do consumidor, iniciou seu discurso
mostrando algumas datas importantes para o tema. Em 1962 o presidente John Kennedy disse a
frase “Todos somos consumidores”, em 1985 foi criado o Conselho Nacional de Defesa do
Consumidor, em 1990 é lançado o código de Defesa do Consumidor no Brasil e em 1991 é
criado o Departamento Nacional de Defesa do consumidor.
O Brasil é o único país do G20 que não tem proteção de dados, fator de risco. O Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC) atua por meio de 27 PROCONs estaduais e do
distrito Federal, 826 PROCONs municipais e 21 associações civis de Defesa do Consumidor. A
Secretaria Nacional do Consumidor (SENACON) possui como eixos consumo e regulação,
consumo seguro e saúde, consumo e cidadania, consumo e pós-venda, consumo e turismo,
consumo e sociedade da informação, consumo sustentável e educação para o consumo.
O Plano Nacional de Consumo e Cidadania (PLANDEC) existe desde 2013 e está
servindo de exemplo para outros países. Para finalizar seu discurso, Ana destaca que proteger o
consumidor é ajudar o desenvolvimento do país.
Helena Greco palestrou sobre Tráfico de Pessoas. Para iniciar, ela começou falando que a
Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas existe desde 2006 e estuda toda a
estrutura do tráfico: ações, como recrutamento; meios, como ameaças, uso da força ou engano; e
a finalidade da exploração, como trabalho escravo ou exploração sexual. É importante deixar
claro que para o crime, é irrelevante o consentimento, não importando se a pessoa concordou,
crime é crime.
Existem diversos indicadores que podem ajudar a identificar um tráfico, mas muitas
pessoas os desconhecem. É por isso que uma gestão integrada e participativa é necessária, todos
devem ajudar a combater o tráfico de pessoas. A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
de Pessoas possui três eixos, sendo estes iguais aos do Protocolo de Palerma, prevenção do
problema, repressão e responsabilização dos traficantes e assistência e proteção aos traficados.
Atualmente estamos no II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, pano
que tem o período de duração de quatro anos (2013-2016) e traz 115 metas implementadas por
17 ministérios. O Brasil foi o décimo país a aderir a campanha Coração Azul, da ONU.
É inadmissível que em pelo século XXI ainda existam pessoas sendo exploradas,
traficadas, obrigadas a fazerem algo que não querem. O assunto precisa ser mais difundido e
tratado com a relevância que merece.
Torre de TV e Feira de Artesanato
Antes de ir para a Torre de TV pudemos conhecer o Memorial de Juscelino Kubitschek, o
fundador de Brasília. Lá é possível ver sua biblioteca, objetos pessoais, arquivos que pertencem a
ele, roupas usadas por ele, seus projetos para a construção de Brasília e inclusive uma câmara
onde encontra seu corpo. Uma frase dita por ele e muito conhecida é “Tudo se transforma em
Alvorada nesta cidade que se abre para o amanhã”.
A vista da Torre de TV permite uma bela visualização de parte da cidade, mostrando os
pontos turísticos de Brasília.
Conclusão
É realmente muito difícil escrever sobre a experiência maravilhosa, proporcionada pela
disciplina Cidade Constitucional, de ter ficado uma semana em Brasília em um processo de pura
aprendizagem. A disciplina me proporcionou não só ter experiências que talvez eu nunca tivesse,
como conhecer ministérios, órgãos, participar de palestras, como também possibilitou que eu
conhecesse pessoas novas.
A experiência deveria ser vivida por todos, independente do curso, gênero, raça, idade.
Deveria ser vivida por todos, pois todos são cidadãos, todos merecem conhecer melhor o sistema
em que vivem, todos merecem ter contato com a “sua casa”.
A semana me fez repensar sobre minhas opiniões, me fez entender coisas que eu apenas
tinha conhecimento baseado em senso comum, me fez ter vontade de exercer melhor, e perceber
a importância do meu papel de cidadã, me fez ter sede de Constituição.
E como por trás de tudo existe algo chamado trabalho, é imprescindível agradecer a todos
pela oportunidade que me possibilitaram ter vivenciado. Quero agradecer a sociedade que
mantém a Universidade, a cada um que participou desta viagem comigo, a ESAF que não só nos
recebeu muito bem como também nos forneceu material sobre educação fiscal, a cada
trabalhador que ajudou a nos recepcionar em todos os lugares, aos palestrantes que se
dispuseram a compartilhar seus conhecimentos conosco, aos motoristas que nos transportaram
para todos os lugares, à cidade e sua população tão receptiva, e aos professores Marcelo e
Douglas por fazerem de tudo para o projeto acontecer, programar uma semana incrível repleta de
atividades e inovar no ensino.
A experiência será inesquecível, e gratidão é a melhor palavra para descrevê-la.