cidade constitucional
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CIDADE CONSTITUCIONAL: A CAPITAL DA REPÚBLICA
Vanessa C. Rozalen Rangel N USP 7704690
São Paulo, SP
2014
INTRODUÇÃO
O presente Relatório consiste na apresentação das experiências diárias vividas durante as
atividades desenvolvidas em Brasília, por intermédio da disciplina optativa “A Cidade
Constitucional e a Capital da República”. Tal disciplina é um projeto acadêmico
idealizado e desenvolvido pelo Prof.º Drº. Marcelo Arno Nerling com apoio institucional
da EACH-USP e, inclusive, de colaboradores voluntários como alunos e docentes da
unidade. A disciplina consiste em viagem à Brasília a fim de viabilizar aos estudantes,
sobretudo do curso de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP, a extensão curricular
a partir do contato e do conhecimento a cerca do que representa e envolve a estrutura
político-administrativa dos três poderes, no âmbito nacional.
A capital da República com seus símbolos nacionais, elementos culturais, contexto
histórico, social e político é, então, o foco da proposta de estudo da disciplina já
mencionada. Vale ressaltar, quanto à relevância e ao valor didático da disciplina em
questão, que seu conteúdo programático possui um caráter de duração continuada, uma
vez que possibilita o distanciamento do típico formalismo escolar e conteudista, interno
aos muros da Universidade, para propiciar a aproximação do alunos envolvidos – não
apenas de forma intelectual por meio de aulas expositivas e referências bibliográficas,
mas também de maneira física, concreta a partir da vivência na prática - com outros
saberes e reflexões, outras dimensões sócio culturais, outras estruturas institucionais,
enfim, outros contextos. Característica essa que, longe de restringir a formação do
indivíduo, viabiliza a ampliação do seu campo de conhecimento de maneira mais
condizente e verossímil à realidade social que se busca observar no meio acadêmico, por
exemplo.
Nesse sentido vê-se o potencial do processo de aprendizagem proposto durante “A
Cidade Constitucional e a Capital da República”, a partir também do estímulo gerado ao
aprofundamento dos assuntos pertinentes e correlatos à disciplina – mesmo posterior à
viagem e, através da autonomia estudantil – avindos do despertar vocacional em relação
às carreias do Estado, ou do simples interesse, manifestado em decorrência das atividades
em Brasília, sobre as instituições, sobre os entes, sobre as entidades públicas, sobre a
organização do Estado e dos poderes da República, sobre a formulação, implementação e
avaliação de políticas, sobre os programas de governo, etc.
Não obstante, tal processo de aprendizagem também pode ser tido como libertador e
motivacional, uma vez que fornece recursos não só para o aprofundamento do curso de
cada integrante que optou pela disciplina, como também incita o autoconhecimento, em
relação às pretensões, às perspectivas, aos valores e aos anseios a cerca da carreira que se
pretende e, sobretudo enquanto cidadão atento às problemáticas sociais, para além dos
muros da universidade.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
O STF – Supremo Tribunal Federal é a mais alta corte do Judiciário do país e tem como
competência precípua a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar
originariamente: ação direta de inconstitucionalidade e ação direta de constitucionalidade
de lei ou ato normativo federal ou estadual, além das demais hipóteses contempladas no
artigo 102 da Constituição Federal.
Na visita ao STF, pude conhecer as instalações, composição e funcionamento do Órgão, a
Galeria de Ex-Ministros e um pouco da história da Justiça, com visitação ao salão nobre e
contemplação dos bustos de personalidades da história da Justiça, como D Pedro I, Rui
Barbosa, Teixeira de Freitas, Pedro Lessa e Epitácio Pessoa, além de assistirem, no
plenário do STF, ao julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, quando
presenciaram intervenção de profissional da advocacia, que gerou incidente de
repercussão nacional na mídia.
PALÁCIO DO ITAMARATY
No Palácio do Itamaraty possui a Sede do Ministério das Relações Exteriores
(MRE). Uma estrutura singular, traçada por Niemayer.
PALÁCIO DA ALVORADA
No dia 07/09/2014, fomos ao Palácio da Alvorada para que pudéssemos assistir a
alvorada. Não posso deixar de comentar: o frio ficou pequeno para os bélissimos raios de
sol.
. DESFILE CÍVICO DE 7 DE SETEMBRO
Passamos a partir desse momento a viver experiências de apreciação da cidade e seu
movimento civil, pois foi somente nesse evento comemorativo da Semana da Pátria que
tivemos contato direto com a população. O desfile transcorreu dentro do já conhecido
O que me deixou extremamente impressionada foram os ex-militares sobreviventes da II
Guerra Mundial. Não posso deixar de mencionar a bélissima apresentação da esquadrilha
da fumaça, que embelezou o céu brasiliense por alguns momentos.
PALESTRAS NA ESAF E ENAP– 08/09/2014
Pela manhã tivemos a palestra do EURO-Social apresentando seu projeto de cooperação
técnica; palestras de Educação Física e Saúde, como também, um seminário de
sustentabilidade.
Na parte da tarde fomos a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), onde
assistimos palestras sobre a Rede Nacional das Escolas de Governo e a cooperação
internacional da ENAP. Na primeira palestra, ministrada por Paulo Marx, foi possível
entender a existência da escola, sua missão e vinculação com o ministério de
planejamento. Traçado o histórico da instituição, sua vinculação ao Ministério de
Planejamento, nos foi apresentado o atual desenho institucional para comportar o
atendimento a lei – práticas que devem disponibilizar informações à sociedade - tanto em
transparência passiva (por requisições) quanto em transparência ativa (divulgação
proativa das informações) – e com comportamentos e prazos para uma resposta efetiva à
tais demandas.
Durante a noite na ESAF assistimos a palestras sobre o PNEF (Programa Nacional de
Educação Fiscal) e sobre a Educação Fiscal e a Tributação.
CGU, CATEDRAL DE BRASÍLIA E UNB
Recebidos por uma equipe da instituição entramos em contato com um
interessante processo de atuação a partir do panorama traçado sobre a necessidade de
prevenção à corrupção, tanto pelas dificuldades de sua mensuração quanto pelo seu
volume noticiado recorrentemente e, portanto, perseguido enquanto responsabilidade de
solução. Partiu-se daí para uma apresentação estrutural da CGU e sua posição no
universo governamental – status de Ministério, com meta de controle interno da União no
que se refere ao Poder Executivo e a destinaçào de 20% do se orçamento para o centro de
excelência desse órgão, além da distribuição dos servidores (aproximadamente 100) pelo
território nacional (50 federais e 50 nos Estados). Foram apresentados resultados do
trabalho (+ de 4000 autoridades expulsas do serviço público com retorno em média de
5%) e reforço em suas finalidades, que objetivam precipuamente evitar o desperdício de
recursos públicos.
Interessante notar que o conceito de corrupção foi apresentado em três dimensões:
a) ética, referente a conduta do indivíduo e a mudanças no comportamento; b)
institucional, referente as mudanças nas regras do jogo e c) cultural, referente ao
ambiente de confiança e integridade, que exigem diretrizes de prevenção pela
transparência, pelo controle social, pelos modelos de gestão pública e do setor
empresarial, pela cooperação público-privada, além do marco legal que a sustenta e a sua
projeção em ética e cidadania.
Outros conceitos reforçados foram o de Transparência ativa (busca do cidadão) e
o de Transparência passiva (informações do governo sem prévia solicitação). Dessa
lógica de pensamento e na ordem do servidor público voltado para o interesse público,
que compatibiliza produtividade com padrão de vida mediado pelo sálario, procura-se
apoiar o bom gestor - medida na tensão entre técnica e política – no aprimoramento da
administração como consequência da compreensão da importância social do tributo numa
relação confiável com o Estado. Para tanto a LAI – Lei de acesso à informação aproxima
o cidadão do Estado, determinando prazos, procedimentos e responsabilidades sobre a
informação na superação da cultura do sigilo. Exige-se então o monitoramento da lei
dentro dos órgãos e a divulgação máxima das informações.
Traçada a linha do tempo desde a LRF/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal –
passando pela criação do Pregão Eletrônico/2003 (gastos orçamentários) e do Portal da
Transparência/2004 (aplicação dos recursos públicos) até a disponibilização das
infomações para o controle social – LAI/2012, necessário se fez todo um redesenho
institucional visando a integração e a usabilidade das mesmas. Portanto, trata-se de uma
estratégia governamental – padronização do acesso à informação – tanto no que se refere
à entrega ao cidadão quanto à proteção da informação sigilosa.
A CGU se apresenta com funções “intercomplementares” no que se destina para
controle, prevenção e correição dos atos administrativos do governo sob a premissa do
controle social pela participação cidadã. Aposta nessa relação sociedade-governo pela
força dada aos Conselhos de Políticas Públicas e numa perspectiva de educação para a
ética e a cidadania.
A organização da equipe para o atendimento aos estudantes foi fator
importantíssimo para a confiança no discurso e a credibilidade das ações desenvolvidas
na instituição. Impossível não comparar as explanações sobre o mesmo assunto –
organização institucional para atendimento a LAI – da ENAP e da CGU. Apesar dos
mesmos princípios e metas, o caráter extremamente técnico da CGU supera em muito a
“descontração”da proposta da ENAP. Foi um excelente exercício de diferenciação
institucional, que no mínimo demonstra leituras e opções diversas sobre a apresentação
de um mesmo assunto/fato concreto.
Na UNB, foi ministrada a palestra sobre “O direito achado nas ruas”, pelo professor e Ex-
Reitor da referida Universidade.
BOSQUES DOS CONSTITUINTES, CÂMARA DOS DEPUTADOS, VISITA AO
CONGRESSO NACIONAL
Começamos o dia com a visita ao Bosque Dos Constituintes. Fomos recebidos com muito
carinho pelos funcionários do bosque.
O bosque dos Constituintes foi o primeiro, e único, bosque criado em conjunto
com uma constituição, Constituição Cidadã de 88. Na entrada podemos apreciar um dos
os quatro, principais, simbolos do bosque; a Pau Ferro e o Pau Brasi: o Ipê amarelo
representando o poder legislativo e o Ipê branco representando o poder judiciário.
Logo depois fomos para a Câmara dos Deputados;onde tivemos uma palestra
sobre a formação da casa legislativa, comissões, resolução e cidadania. Após, foi
realizada simulação de uma comissão discutindo sobre a redução da maioridade penal.
Após esta atividade, fomos ao CEFOR (Centro de Formação treinamento e
aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados) discutir sobre o ingresso no serviço público
e consultoria legislativa. Em seguida, chegamos ao Congresso Nacional.
VISITA A CAIXA ECONOMICA FEDERAL, BANCO CENTRAL E FNDE
Observamos na visita à Caixa, os aspectos arquitetônicos do prédio central da
instituição e tivemos infomações sobre seus elementos culturais. Não tivemos
oportunidade de conhecer os trabalhos de investimento da instituição nessa área devido
ao processo de reforma física das respectivas dependências. Fomos extremamente bem
atendidos pela cúpula administrativa da instituição e pelo grupo de relações públicas da
empresa.
Depois da visita ao Museu de Valores, com interessantes registros sobre moeda e
lastro, fomos para uma palestra sobre educação financeira.
É preciso registrar que tema tão complexo foi abordado de maneira agradável e
didaticamente adequada, deixando-nos com uma sensação de credibilidade e confiança
no trabalho dessa instituição tão importante para os rumos que o país quer perseguir em
termos de responsabilidade econômica e atendimento aos desejos e necessidades da
população.
No turno da tarde fomos a uma excelente visita ao FNDE (Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação) que é parceiro do MEC visando a melhor qualidade na
educação básica da rede pública.
CONCLUSÃO
Há muito o que dizer sobre essa experiência de imersão em ambientes concretos
de aprendizagem para contribuição em nossa formação acadêmica e de vida. Muitas
páginas seriam necessárias porém insuficientes para expressar a feliz possibilidade de
avaliar a nossa dedicação à carreira.
Brasília como Cidade Constitucional e Capital da República está muito distante da
maioria dos brasileiros, inclusive dos acadêmicos que guardam abstrata distância da sua
realidade e portanto tida e havida como uma ficção.
Brasília - a Cidade – está distante do povo – pois os poucos transeuntes não a
identificam como lugar de pertencimento, pelo menos a identificação proferida
regularmente pelo discurso da população local não foi ouvida.
Brasília – a Cidade Constitucional é pilar de sustentação de existência para o
imenso território brasileiro.
Brasília – a Capital da República trabalha para mantê-la enquanto tal.
Quanto ao conteúdo, reservo como maior referência os esforços empregados para
a participação social no controle das ações do governo. Claro se faz essa opção para o
acesso, para a formação, para a consulta e a deliberação como expressiva vontade
popular. Mecanismos e ferramentas estão sendo criadas e incentivadas em seu uso como
forma de concretizar tal alternativa. Penso que trata-se de um processo longo que uma
vez iniciado não há como retroceder, apenas avançar em passos possíveis de serem
dados.
Como experiência de aprendizagem, a disciplina optativa “A Cidade
Constitucional e a Capital da República” deveria mudar de condição, passando ao quadro
das disciplinas obrigatórias da carreira, exclusivamente no Curso de Gestão de Políticas
Públicas, já que experiências dessa qualidade nos permite referenciar e reorganizar
permanentemente a formação. Digo mais, iniciativas desse porte deveriam ser ampliadas
em imersão nos governos regionais e locais para de fato associarmos teoria e prática
numa educação universitária de qualidade.
Obrigada Prof. Marcelo e Prof. Douglas, por proporcionar momentos de
conhecimento como estes.