cban dt 01 laudo de avaliação - dcf

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ANEFAC - Diretoria de Avaliação CBAN - Comitê Brasileiro de Avaliação de Negócios DIRETRIZ TÉCNICA 01: O Método do Fluxo de Caixa Descontado em Avaliação de Negócios abril / 2012 Comentários até 30 de junho/2012

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Rascunho da Diretriz Técnica sobre melhores práticas em fluxo de caixa descontado, do Comitê Brasileiro de Avaliadores de Negócios (CBAN) da ANEFAC. Em audiência pública até 30 de junho de 2012.

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ANEFAC - Diretoria de Avaliação

CBAN - Comitê Brasileiro de Avaliação de Negócios

DIRETRIZ TÉCNICA 01:

O Método do Fluxo de Caixa

Descontado em Avaliação de Negócios

abril / 2012

Comentários até 30 de junho/2012

2 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2012.

Prezados respondentes,

É com grande prazer que divulgamos a primeira versão da primeira Diretriz Técnica

do CBAN – sobre fluxo de caixa descontado. As Diretrizes, diferente das Orientações,

são sugestões às melhores práticas na aplicação de uma metodologia mais específica.

Seus comentários à diretriz proposta serão muito bem vindos. Para fins de uma

melhor organização e transparência do processo, solicitamos alguns procedimentos:

- Os comentários devem ter o formato de carta e ser assinados pelo autor – podendo

ser empresa ou instituição – de preferência em formato .pdf.

- Os comentários ficarão armazenados no blog, embora o remetente possa solicitar o

contrário.

- Podem ser enviados para o email [email protected] ou [email protected]

Indicamos algumas perguntas básicas apenas como guia direcionador aos seus

comentários. Sinta-se à vontade para inserir novos tópicos:

1. Está de acordo com o Formato Geral da organização desta diretriz?

2. Está de acordo com o conteúdo geral abordado nesta Diretriz?

3. Gostaria de sugerir alguma modificação?

4. Há algum ponto a acrescentar a esta Diretriz?

5. Há algum ponto que ache necessário ser suprimido?

6. Encontrou algum erro conceitual ou de redação do qual gostaria de corrigir?

3 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

DIRETRIZ TÉCNICA 01

O Método do Fluxo de Caixa Descontado em Avaliação de Negócios

Conteúdo

OBJETIVO ..................................................................................................................................... 4

DEFINIÇÕES .................................................................................................................................. 4

METODOLOGIA ............................................................................................................................. 6

O MODELO DCF E O VALOR DE MERCADO ................................................................................ 9

O MODELO DCF E O VALOR DE INVESTIMENTO ..................................................................... 11

RECOMENDAÇÕES GERAIS ........................................................................................................ 11

CONTEÚDO MÍNIMO DO LAUDO DE AVALIAÇÃO POR DCF.................................................... 12

ROTEIRO PARA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA (DCF) ......................................................... 14

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 16

4 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

OBJETIVO

1. O objetivo principal desta diretriz é descrever o método do fluxo de caixa

descontado e sua aplicação na avaliação de negócios, apontando os tópicos mais

relevantes do processo de forma a garantir a aderência às melhores práticas

internacionais. Esta diretriz parte do princípio de que o usuário possui as

qualificações técnicas necessárias para o desenvolvimento e aplicação do método.

2. As siglas internacionais usualmente conhecidas pelo mercado foram mantidas

no seu idioma de origem (inglês). As que já são usadas em português serão mantidas.

3. Várias aplicações da Abordagem da Renda, incluindo o fluxo de caixa

descontado (DCF - Discounted Cash Flow) são também utilizadas na avaliação de

ativos intangíveis. Esses métodos estão fora do escopo deste documento. Os métodos

utilizados para a avaliação de ativos intangíveis serão tratados em diretrizes técnicas

específicas, a serem elaboradas de acordo com o cronograma de trabalho do CBAN.

4. Se corretamente aplicado, o método do DCF poderá fornecer uma dimensão

adequada para qualquer padrão de valor, como valor de mercado e valor de

investimento por exemplo.1 O método do DCF poderá ter mais aplicabilidade do que

outros métodos, se o ativo ou negócio estiver passando por um crescimento

significativo, se ainda não atingiu um nível de maturidade das operações, ou quando

o ativo tiver uma vida definida, como o caso de ativos e negócios no setor de energia

e de recursos naturais.

5. Se uma participação minoritária em uma empresa estiver sendo avaliada, a

eventual aplicação de um desconto para o valor por ação, a fim de refletir a falta de

controle e / ou liquidez, deverá ser levada em conta.

DEFINIÇÕES

6. As seguintes principais definições são usadas na presente DT2.

1 CF. “IVS - Framework – Basis of Value”, in: IVS 2011, Londres: IVSC, 2011, pp. 26-29. 2 As definições apresentadas nesta diretriz são conceitos sob o enfoque de avaliação de negócios,

podendo diferir em alguns pontos das nomenclaturas e definições contábeis.

5 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

i. CAPEX – Capital Expenditures, significa gastos de capital para aquisição

ou para potencializar a vida útil de ativos tangíveis tais como infraestruturas,

máquinas e equipamento, sistemas, terrenos, construções e benfeitorias etc.

que tenham um período de vida útil superior ao exercício.

ii. Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC (Weigh Average Cost of

Capital – WACC) - O custo de capital (taxa de desconto), determinado pela

média ponderada, ao valor de mercado, do custo do capital próprio e de

terceiros, na estrutura de capital.

iii. Fluxo de Caixa descontado (DCF) - metodologia na qual o valor de uma

empresa é representado pelo Valor Presente dos fluxos de caixa livres previstos

para o futuro, descontados a uma taxa que reflita o risco associado a esses

fluxos. Por essa metodologia, o valor de um empreendimento equivale à soma

do valor presente do Fluxo de Caixa Livre, incluindo-se um valor de saída ou

terminal.

iv. Fluxo de Caixa Livre - é o fluxo de caixa de um ativo ou negócio, igual

aos lucros após tributos, menos investimentos em capital de giro e CAPEX,

através do desconto da receita, das despesas e dos itens relacionados ao capital

exigidos para a operação do negócio. Isso inclui os requisitos relativos às

despesas de capital anuais e quaisquer alterações dos requisitos relativos ao

capital de giro anual. Pode ser Fluxo de Caixa Livre para Acionista ou para a

Firma.

v. Fluxo de Caixa Livre para Acionistas (Free Cash Flow to Equity - FCFE)

- é o fluxo de caixa livre (lucro, acrescido da depreciação, menos CAPEX,

investimentos em capital de giro, pagamento dos juros e amortização das

dívidas com juros) e deve ser descontado no custo de capital do patrimônio

resultando no valor da empresa.

vi. Fluxo de Caixa Livre para Firma (Free Cash Flow to the Firm - FCFF) - é

o fluxo de caixa livre (lucro, acrescido da depreciação, menos CAPEX,

investimentos em capital de giro, antes do pagamento dos juros e amortização

das dívidas com juros). Ele não incorpora quaisquer aspectos financeiros, tais

como despesas com juros ou dividendos. Deve ser descontado pelo Custo Médio

Ponderado de Capital (WACC) o que resulta no valor do negócio (Firm Value).

Para se chegar ao valor da empresa para os acionistas (equity value) deverá ser

descontado o valor do endividamento.

6 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

vii. Período projetivo - período de previsão explícita do fluxo de caixa,

geralmente em base anual.

viii. Taxa de crescimento da perpetuidade (growth rate – g) – é a taxa

prevista de crescimento do fluxo de caixa, após o término do período projetivo

(perpetuidade).

ix. Taxa de Desconto - é uma taxa de retorno de mercado utilizada para

se converter uma quantia a ser paga ou recebida futuramente, em valor

presente que reflita o risco associado a esses pagamentos ou recebimentos.

x. Taxa Interna de Retorno (TIR)- é a taxa de desconto que iguala o valor

atual dos fluxos de caixa líquidos de um projeto ao valor atual dos

investimentos de capital. É a taxa na qual o Valor Presente Líquido é igual a

zero.

xi. Valor de Investimento - é o valor de um ativo para investimentos

individuais ou objetivos operacionais específicos de um proprietário ou futuro

proprietário.

xii. Valor de Mercado ou valor justo de mercado- valor estimado pelo qual

um ativo pode ser trocado de propriedade entre um potencial vendedor e um

potencial comprador, quando ambas as partes têm conhecimento razoável dos

fatos relevantes e nenhuma está sob pressão de fazê-lo. Para fins contábeis, a

definição de valor justo é submetida a definições específicas que serão objeto

de uma Orientação Específica do CBAN.

xiii. Valor Terminal – valor presente do fluxo de caixa livre previsto para

além do último período projetivo quando a empresa estiver numa fase de

crescimento estável. Pode ser calculado por diferentes metodologias, tais como

valor residual (valor do bem após o final de sua vida útil), perpetuidade ou

múltiplos de saída.

METODOLOGIA

7. O valor de um negócio é um reflexo do valor presente dos seus benefícios e

dos passivos ao longo do tempo. Embora existam modelos e premissas distintos

utilizados na aplicação do método do DCF para a avaliação de cada negócio, o

método é fundamentalmente idêntico em cada caso.

7 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

8. A análise do método do DCF resulta em um indicador do valor do negócio com

base no valor presente dos fluxos de caixa futuros que revertem para o investidor.

Tal análise exige:

i. pressupostos explícitos ou projeções a serem realizadas sobre

rendimentos futuros e despesas envolvidas na obtenção ou

manutenção desse rendimento;

ii. aplicação de uma taxa de desconto apropriada condizente com o risco

do negócio para se calcular o valor presente de fluxos de caixa

futuros.

9. Fluxos de caixa de períodos futuros são construídos utilizando-se rendimento

real ou projetado, (entradas de caixa) e despesas reais ou previstas (saídas de caixa).

Fluxos de caixa normalmente consistem em uma série de receitas e despesas

periódicas durante um período projetivo seguidos por um valor terminal. A duração

do período projetivo é normalmente o tempo em que as alterações nos fluxos de

caixa são conhecidas, por exemplo, porque derivam de direitos ou obrigações

contratuais, ou são, de outra forma, razoavelmente previsíveis. Uma vez que a

previsão de fluxos de caixa tenha se estabilizado, um valor terminal será calculado,

nos casos em que a vida do ativo for por tempo indeterminado. O valor terminal

refletirá o benefício dos fluxos de caixa a partir do final do período projetivo até a

perpetuidade.

10. Entradas e saídas de dinheiro podem ser contratuais ou estimadas. O modelo

de fluxo de caixa deverá ser construído de forma a refletir adequadamente eventos

futuros conhecidos, como, por exemplo: rescisões de contrato, revisões de contrato

ou responsabilidades futuras conhecidas. Fluxos de caixa estimados ou projetados

deverão ter base em suposições adequadas. A adequação dessas hipóteses vai

depender da finalidade da avaliação. Se um modelo de DCF está sendo utilizado para

se indicar o valor do investimento, as hipóteses poderão ser muito diferentes

daquelas que seriam adequadas quando utilizadas para indicar valor de mercado.

Essas diferenças serão discutidas mais adiante.

11. Quando o período projetivo for curto, o cálculo do valor terminal se tornará

mais crítico, pois ele representa uma maior proporção do valor atual. Se esse for o

caso, será necessário cautela para se assegurar de que as suposições feitas na

8 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

construção do fluxo de caixa utilizadas no cálculo do valor terminal são adequadas e

de que não haverá prováveis mudanças a serem melhor refletidas através da

ampliação do período projetivo, o qual lhes permitiria ser explicitamente refletidas.

12. A taxa de desconto refletirá o risco associado aos fluxos de caixa. Se o

objetivo do modelo do DCF for estimar o valor de mercado, a taxa de desconto

deverá refletir a visão de risco dos participantes do mercado, a qual poderá ser

determinada a partir das taxas de desconto, ou de retorno, inferidas pelas transações

recentes envolvendo ativos semelhantes. Se não houve transações recentes, então

poderá ser necessário estimar-se uma taxa de desconto adequada, considerando-se o

prêmio de risco que seria exigido por um investidor, ou seja, o retorno adicional

exigido sobre aquele a ser obtido a partir de um ativo "livre de riscos” ou risco

padrão. O cálculo do prêmio de risco requer a consideração de questões tais como a

certeza e a segurança do rendimento.

13. Fluxos de caixa poderão ser desenvolvidos utilizando-se pressupostos

financeiros alternativos. Isso será determinado quer pela prática de mercado no setor

em questão, pela disponibilidade de dados ou pela combinação de ambos. Por

exemplo, fluxos de caixa poderão ser:

• brutos ou líquidos de impostos

• brutos ou líquidos de custos de financiamento da dívida

• reflexivos ou não-reflexivos da inflação ou deflação previstas, muitas

vezes referidos como modelos de "crescimento explícito" ou de

”crescimento implícito”.

14. A natureza dos fluxos de caixa utilizados deverá estar refletida na taxa de

desconto adotada. Por exemplo, os fluxos de caixa em um modelo poderão ter

explicitamente levado em conta a inflação prevista ao longo da duração do fluxo de

caixa. Por isso, seria importante adotar-se uma taxa de desconto que refletiria

apenas os riscos associados às previsões, e não aquele que refletisse o potencial de

crescimento da receita atual de acordo com a inflação. Em outras palavras, se um

fluxo de caixa de crescimento explícito for utilizado, a taxa de desconto também

deverá ser de crescimento explícito. Cuidados deverão ser tomados para se garantir

pressupostos coerentes durante a análise dos dados utilizados a fim de que eles

ofereçam suporte tanto ao fluxo de caixa quanto à taxa de desconto utilizados no

modelo. Contanto que todos os outros dados permaneçam constantes e que os

pressupostos da taxa de desconto sejam coerentes com os pressupostos do fluxo de

9 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

caixa, não deverá haver nenhuma diferença no resultado de uma avaliação realizada

em cada alternativa.

15. Quando outro método de avaliação for utilizado, bem como o DCF, é

recomendável que o relatório contenha uma conciliação entre o resultado obtido no

DCF e os resultados obtidos através do outro método, ou justificativa clara fornecida

em relação à preferência por um ou outro método como o melhor indicador de valor.

O MODELO DCF E O VALOR DE MERCADO

16. Como um método aceito no âmbito da abordagem de renda para avaliações, o

método do DCF envolve a projeção de uma série de fluxos de caixa. Para essa série

de fluxos de caixa projetados, aplica-se uma taxa de desconto derivada do mercado a

fim de se estabelecer o valor presente do fluxo de renda associado à empresa.

17. O método do DCF em uma avaliação de mercado utiliza dados de mercado

disponíveis, e deverá refletir os processos de análise, as expectativas e as percepções

de investidores e de outros participantes do mercado de forma a que possam ser

melhor compreendidos. Como técnica, o método do DCF não deverá ser julgado com

base em se a expectativa específica do DCF foi finalmente concretizada ou não, mas

sim com base no grau de apoio do mercado à expectativa do DCF no momento em

que o mesmo foi empreendido.

18. Quando a finalidade da avaliação exigir o valor de mercado, é importante que

as premissas para o modelo do DCF sejam baseadas em dados do mercado ou reflitam

as percepções comuns do mercado (sem sinergias exclusivas com um investidor

específico). Se os critérios especificados por um investidor em particular ou em

potencial forem utilizados, os mesmos deverão ser comparados aos dados e

expectativas do mercado. Caso haja divergência, eles poderão ser utilizados apenas

para dar uma indicação do valor do investimento, e não do valor de mercado.

19. Todos os dados e premissas de avaliação deverão refletir opiniões de

mercado. A fundamentação deverá ser realizada através de pesquisas de forma a

garantir que as projeções ou expectativas de fluxo de caixa e pressupostos, que são a

base para o método do DCF, sejam adequadas, prováveis e razoáveis para o mercado

em questão.

10 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

20. O modelo do DCF é estruturado para o período projetivo, em função do

atingimento da estabilidade operacional do negócio. A duração do período projetivo,

os componentes do fluxo de caixa projetado e os itens específicos abordados poderão

variar entre os diversos segmentos de negócios.

21. O período projetivo em uma avaliação de negócios, normalmente, é de tal

duração que permita à empresa atingir um nível estável de rendimentos, ou seja, o

reflexo de um ciclo completo de operações de uma indústria cíclica.

22. Existem duas medidas de fluxo de caixa livre utilizadas no método do DCF,

quando aplicadas a uma avaliação de negócios: o Fluxo de Caixa Livre para Empresas

(FCFF) e o Fluxo de Caixa Livre para Acionistas (FCFE).

23. Como a maioria das empresas funciona com vida indeterminada, é necessário

que se considere o valor terminal das operações ao final do período projetivo. No

cálculo do valor terminal, o potencial de crescimento adicional do negócio além do

período projetivo deverá ser levado em consideração. O "modelo de crescimento

constante", que aplica um nível esperado de crescimento constante à previsão de

fluxo de caixa no último ano do período projetivo e presume que tal crescimento seja

alcançado em perpetuidade, é um método comumente utilizado.

24. Ajustes para normalizar o fluxo de caixa livre também deverão ser

considerados no ano terminal, incluindo-se:

• Despesas de capital em curso versus despesas de depreciação

• Duração das despesas contínuas com a amortização de ativos

intangíveis

• Impacto dos ciclos econômicos

25. Ao chegarmos ao valor de mercado de uma empresa, os resultados do método

do DCF deverão ser ajustados a fim de refletir:

• Prejuízos fiscais disponíveis para a compensação de lucros futuros

• Ativos excedentes (não operacionais) não necessários no dia-a-dia do

negócio

• Obrigações contingenciais não refletidas no balanço.

26. A taxa de desconto deverá ser selecionada a partir de empresas comparáveis

no mercado. Ao se ponderar se um negócio é comparável, devem ser levados em

11 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

conta fatores tais como receita, despesas, risco-país, inflação, porte, taxa real de

retorno, e projeções de renda.

27. A seleção do método para cálculo do valor terminal dependerá de práticas do

mercado em questão, pois ele normalmente representa uma estimativa do valor de

mercado do negócio ao final do período projetivo. O modelo do DCF deverá espelhar

essas práticas de mercado. Para uma empresa, o valor terminal poderá ser baseado

em uma projeção do FCFF ou FCFE, conforme adequado, para o ano seguinte ao

último ano do período projetivo capitalizado à taxa adequada.

O MODELO DCF E O VALOR DE INVESTIMENTO

28. Quando a finalidade da avaliação demandar que o valor de investimento seja

calculado, os dados e premissas utilizados – tais como taxa de desconto, período de

desconto e pressupostos de fluxo de caixa – poderão ser diferentes dos que seriam

utilizados por participantes do mercado em geral.

29. Fluxos de caixa poderão ser derivados do mercado ou ser específicos para o

negócio que está sendo avaliado. A taxa de desconto a ser utilizada normalmente

será determinada por critérios específicos à empresa, por exemplo, uma taxa alvo de

retorno, um custo de oportunidade ou a taxa de WACC da empresa. Um exemplo

seria quando um modelo de DCF é utilizado para se calcular o valor de investimento

para o potencial comprador de uma empresa. O potencial comprador poderá querer

determinar o valor pelo qual os efetivos fluxos de caixa de seu alvo gerariam a

necessária taxa alvo de retorno antes que ele entre no mercado.

30. Um modelo de DCF também poderá ser utilizado para se calcular a taxa

interna de retorno (TIR) de um investimento. A TIR é a taxa de desconto na qual o

valor presente líquido de todos os fluxos de caixa, incluindo o custo de aquisição, é

igual a zero.

RECOMENDAÇÕES GERAIS

31. As recomendações abrangentes de boas práticas em avaliação de negócios

encontram-se detalhadas na OCBAN 02. Na presente diretriz vamos nos ater às

especificidades dos laudos de avaliação pelo DCF.

12 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

32. Uma boa prática de avaliação é sempre manter total transparência de todos

os dados e informações, além da divulgação do cronograma de execução do trabalho,

mostrando o cumprimento de todas as etapas necessárias da avaliação.

33. Considerado a etapa final do processo de avaliação, a comunicação do valor

para as partes deve ser feita de modo claro e sem margem para ambiguidades.

34. Com o intuito de proporcionar comparabilidade, relevância e credibilidade, o

laudo de avaliação deverá definir uma exposição completa, objetiva, atual, clara e

precisa do escopo do serviço, sua finalidade e utilização prevista, confirmação da

base de valor utilizada e divulgação de quaisquer suposições, hipóteses ou condições

especiais limitativas que afetem diretamente a avaliação.

35. O nível de detalhamento adequado para o laudo de avaliação é dado pela

finalidade da avaliação, pela complexidade do negócio a ser avaliado e pelos

requisitos dos usuários. O formato do laudo e qualquer exclusão dos conteúdos

recomendados por estas orientações devem ser acordados e registrados no escopo do

trabalho.

36. O Laudo de Avaliação deve contemplar, quando aplicável, práticas e

informações específicas, previstas em legislação correlata à finalidade da avaliação,

como por exemplo instruções da CVM, Lei das S.A., instruções do CPC, entre outros.

CONTEÚDO MÍNIMO DO LAUDO DE AVALIAÇÃO POR DCF

37. Como conteúdo mínimo a constar no laudo, temos os seguintes itens,

referentes aos assuntos tratados anterioremente:

i. Identificação e confirmação da competência do avaliador - o avaliador poderá

ser um indivíduo ou uma empresa. Uma declaração confirmando que o

avaliador tem condições de executar a tarefa e de fazer uma avaliação isenta,

bem como é competente para realizar a avaliação. O laudo deve conter uma

assinatura do indivíduo ou identificação da empresa responsável pela

avaliação. Se o avaliador obteve assistência material para realizar a tarefa, a

natureza da assistência e da extensão da assistência do avaliador deverá ser

incluída. Se o avaliador necessitar de assistência material de outros em

13 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

relação a algum aspecto da tarefa, a natureza de tal assistência e a extensão

da sua dependência devem ser acordadas e registradas.

ii. Identificação do cliente ou de qualquer outro usuário ao qual a avaliação se

destina - a parte contratante da avaliação deverá ser identificada juntamente

com quaisquer outras partes às quais a avaliação se destina e que poderão

contar com a mesma. Vide também o item (j)

iii. Objetivo da avaliação – deverá ser claramente indicada a finalidade da

avaliação.

iv. Objeto da avaliação - identificação do ativo ou passivo a ser avaliado - Poderá

ser necessário esclarecer a distinção entre um ativo, participação ou direito

ao uso.

v. Padrão de valor - tais bases (valor de mercado, valor de investimento ou

outro) deverão ser adequadas à finalidade. A fonte para a definição de

qualquer base de valor utilizada deverá ser citada.

vi. Data base da Avaliação - definida como a data à qual a estimativa do valor se

refere. Ela poderá ser diferente da data do laudo de avaliação ou da data na

qual as investigações deverão ser realizadas ou concluídas. Se for o caso,

essas datas deverão ser claramente distinguidas no laudo.

vii. Extensão dos Levantamentos– a extensão das pesquisas e análises realizadas

pelo avaliador, incluindo as restrições previstas no escopo do trabalho,

deverão ser registradas no laudo.

viii. Natureza e fonte de informações confiáveis - a natureza e a fonte de qualquer

informação confiável, porém sem verificação específica durante o processo de

avaliação, deverão ser registradas.

ix. Premissas e dados- todas as premissas, dados e quaisquer considerações

especiais utilizadas deverão ser claramente especificadas.

x. Informar se o fluxo de caixa e a taxa de desconto foram apresentadas em

valores nominais ou reais, assim como a unidade monetária de todos os

valores utilizados.

xi. Restrição de uso, distribuição ou publicação - Quando for necessário ou

desejável restringir a utilização da avaliação ou aqueles que dela dependem,

tal fato deverá ser registrado.

xii. Abordagem da avaliação e fundamentação - Para entender o valor da

avaliação no contexto, o laudo deverá fazer referência à abordagem ou

abordagens adotadas e principais motivos para as conclusões alcançadas,

conforme a aplicação da metodologia apresentada no próximo título “Roteiro

14 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

par a aplicação da metodologia DCF”. Esta exigência não se aplica se houver

sido especificamente acordado e registrado no âmbito do trabalho que um

laudo de avaliação não fundamentado será fornecido.

xiii. Valor da avaliação– independentemente da moeda utilizada no fluxo de caixa,

a conclusão de valor deve ser expressa no mínimo em moeda corrente.

xiv. Data do laudo de avaliação – data em que o laudo for emitido deverá ser

incluída. Pode ser diferente da data base da avaliação.

xv. Todo laudo deverá conter as demonstrações financeiras na data base e cópia

dos demais documentos julgados relevantes.

xvi. Todo laudo deverá conter um índice, um Sumário Executivo e um Glossário

dos termos utilizados.

ROTEIRO PARA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA (DCF)

38. Informações que normalmente devem ser fornecidas em um laudo de

avaliação por DCF, sempre que pertinentes, incluem, mas não estão limitados à(s)

/ao(s):

i. Metodologia do fluxo de caixa– Definir qual a metodologia utilizada para o

cálculo do fluxo de caixa: o método do Patrimônio Líquido (Fluxo de Caixa

Livre para Acionista) ou do Capital Investido. (Fluxo de Caixa Livre para

Firma).

ii. Analise Retrospectiva – elaboração de análise de períodos históricos e

principais conclusões.

iii. Premissas – Todas as premissas que fundamentaram a elaboração do modelo

apresentado deverão ser apresentadas, assim como quaisquer premissas

especiais ou simplificações adotadas pelo avaliador. Pode incluir um

fluxograma ou esquema lógico de funcionamento do modelo (entradas,

processos realizados e saídas). Deverão ser definidos os parâmetros adotados

nas projeções, tais como cenários de mercado, receitas, impostos, custos,

despesas, investimentos, capital de giro, moeda, programa de produção e

vendas entre outros.

iv. Modelagem - estruturação da geração de caixa operacional com apresentação

das ferramentas utilizadas para execução da metodologia e premissas

adotadas (tabelas de cálculo).

v. Período projetivo - data de início do fluxo de caixa e o número, freqüência e

duração dos períodos utilizados.

15 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

vi. Projeção do lucro - O lucro é projetado seguindo geralmente a estrutura

básica do demonstrativo de resultados, respeitada a metodologia (FCFF ou

FCFE).

vii. Projeção do fluxo de caixa livre - representa o saldo por período de todas as

entradas (lucro, itens não caixa, saques de financiamentos) e saídas

(investimentos correntes, CAPEX, amortização e financiamentos, variação de

capital de giro) de caixa durante todo o período projetivo considerando:

Despesas e custos operacionais, taxas e bases de variação por período.

Tratamento de todas as despesas de capital decorrentes da aquisição

ou melhoria do ativo em questão.

Tratamento das variações do capital de giro por grupo de contas.

Tratamento do financiamento da dívida (captação e amortização do

principal), se aplicável.

xvii. Itens não operacionais – considerar outros itens relevantes não presentes no

fluxo de caixa operacional, tais como:

Tratamento das demais entradas e saídas que influenciam o resultado

(prejuízos acumulados, despesas não recorrentes, alienação de bens,

etc.).

Lógica por trás da provisão de incentivos, quando aplicável.

Taxa de tributação utilizada e quantificação dos prejuízos operacionais

líquidos, quando aplicável.

xviii. Valor terminal – escolha da metodologia (valor residual, modelo de

crescimento, múltiplo de saída) e cálculo do valor do fluxo de caixa livre

previsto para além do último período projetivo.

xix. Taxa de desconto – justificativa e cálculo da taxa de desconto aplicada ao

fluxo de caixa líquido, destacando os elementos e suas fontes de consulta,

tais como:

Composição do custo de capital próprio

Risco específico do setor e risco país;

Prêmio adicional por risco e tamanho da empresa

Composição do custo de capital de terceiros

Composição da estrutura de capital (próprio e de terceiros)adotada

xx. Análise de sensibilidade – considerar o impacto dos principais dados

operacionais e premissas sobre os resultados da avaliação.

xxi. Ajustes – considerar demais ativos e/ou passivos não contemplados no fluxo

de caixa operacional, incluindo dívida financeira, contingências, ativos e

16 ANEFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS EXECUTIVOS DE FINANÇAS, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

passivos não operacionais, aplicação de descontos e prêmios, entre outros,

cujos valores deverão ser fundamentados.

xxii. No caso do uso do fluxo de caixa livre para acionistas, é aconselhável a

projeção de balanço para acompanhamento do endividamento.

xxiii. Conclusão de valores – apresentar o valor final do objeto, calculado a partir

do valor do fluxo de caixa operacional e da perpetuidade descontados a valor

presente, deduzidos os ajustes.

REFERÊNCIAS

BAHURY JR., Miguel Antonio. Laudos de Avaliação – Instrução CVM Nº 361. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005. Monografia apresentada ao Instituto de Economia. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Miguel_Antonio_Bahury_Junior.pdf> Acesso em 18/04/2012.

BRASIL.COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). TEXTO INTEGRAL DA INSTRUÇÃO CVM Nº361, DE 5 DE MARÇO DE 2002, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA INSTRUÇÃO CVM Nº 436/06, 480/09, 487/10 E 492/11. Disponível em: <www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/Atos/inst/inst361consolid.doc> Acesso em: 18/04/2012.

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