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Publicação sobre a 9ª Bienal da União Nacional dos Estudantes, festival realizado de 1º a 6 de fevereiro de 2015, no Rio de Janeiro, na Lapa (Circo Voador e Fundição Progresso).

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O que deixa saudade em uma Bienal é viajar por todo o país sem sair do mesmo evento. O que toca o peito, em uma Bienal, é ouvir a miscigenação dos sotaques a cada minuto, perder--se nas cores das bandeiras e das peles, respirar Brasil. Nesta nona edição, que celebrou as nossas vozes em seu tema, foi ainda mais significativo conhecer a disposição e entusiasmo de quem veio de longe. A delegação do Amazonas superou trajetos de rio e estrada. Outros enfrentaram 20, 30, até mais de 40 horas no trajeto.

Mais de 200 ônibus de todas as regiões do país trouxeram para o Rio 15 mil estudantes. Ali se encontraram Josés, Luísas, Amélias, Pedros, Alices, Honestinos, Heleniras, Sebas-tiãos, Marilenes, Marcelos, Lucimares, Jorges, Sílvias, tantas e tantos que ajudaram a mostrar qual é a atual produção da universidade brasileira no campo da arte, da extensão, da ciência e tecnologia.

Conseguimos pensar um evento completo, gerando uma babel democrática entre a Fundição Progresso, o Circo Voador e os Arcos da Lapa. Foi uma Bienal sinalizada com mensagens e ideias dos lambe-lambes nas ruas, de espaços e debates abertos para valorizar a polifonia, de grandes shows gratuitos que a capital fluminense não irá esquecer. O movimento estudantil brasileiro conseguiu realizar um grande festival, que entra para a história da UNE.

Ao reunirmos pessoas do Sul, do Norte, do Centro-Oeste, do Sudeste, do Nordeste, da floresta, da cidade grande, do litoral e do campo, avançamos enquanto entidade e avançamos como país. Há 77 anos, a UNE é as nossas vozes, carregadas por suas diferenças e particularidades, representantes do que somos e do que trazemos. Esse é o coro da unidade na diversidade, das muitas frequências somadas de forma uníssona dentro do movimento social do Brasil.

Trouxemos esse debate para a Bienal porque queremos as vozes do Brasil mais ouvidas, lidas, representadas e amplificadas. São essas as vozes que lutam e resistem ao longo da nossa história, são as vozes que garantem a riqueza da nossa cultura popular, são as vozes das ruas, dos coletivos, das redes, dos espaços virtuais. Somos muitas, somos muitos, somos diferentes entre si, mas queremos chegar ao mesmo lugar. A UNE sabe que essa é a nossa força

Vic Barros

Presidenta da UNE

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Foi uma verdadeira ocupação. Uma apropriação dos Arcos da Lapa como a casa da juventude. Todos os cantos do país se conectaram na região que carrega um charme e uma curiosidade ao mesmo tempo decadente e pulsante de um Rio de Janeiro antigo e novíssimo. Não po-deria ter sido mais simbólico para a União Nacional dos Estudantes ocupar o Circo Voador e a Fundição Progresso, dois espaços que respiram rebeldia. Pedindo licença, trazendo as #vozesdobrasil para a capital fluminense, relembrando Mário de Andrade e o modernismo, a Bienal da UNE chegou à sua 9ª edição e aos seus 16 anos de vida.

Foram 1559 trabalhos inscritos e 205 selecionados em todas as linguagens artísticas e nas áreas de extensão universitária e ciência e tecnologia. Vindos de todas as regiões, revelaram por meio da produção artística e cultural universitária a diversidade do nosso país.

Os trabalhos apresentados seguiram o caminho livre de diversos formatos e referenciais estéticos. O que chamou a atenção e nos deixou entusiasmados foi o nível de “espontaneidade “ que contaminou as mostras universitárias. A Bienal foi um espaço construído de estudante para estudante, com o formato mais aberto possível, contemplando a presença da arte no espaço público, em palco italiano, ao ar livre ou dentro da galeria montada na Fundição. Isso possibilitou a existência de um ambiente que liberou as energias criativas, permitindo que as intervenções artísticas acontecessem de forma espontânea e em constante diálogo com o público e com as temáticas abordadas.

Para coroar a nona edição do maior festival estudantil da América Latina, o Circuito Uni-versitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE, foi relançado com o vigor da velha guarda, que marcou presença e transmitiu conhecimentos e boas energias para os novos que chegam, e referendado nos estudantes e seus trabalhos, que oxigenam nosso olhar e pensamento. O CUCA volta também na maré da rearticulação das redes culturais com força para tocar daqui para frente essa experiência criativa e ousada. Seguimos...

Patrícia de Matos Diretora de Cultura da UNE

Coordenadora-geral da 9ª Bienal

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Em fevereiro de 2015, o bairro mais boêmio do Rio ficou ainda mais animado e colorido com os diversos sotaques e experiências dos jovens que estiveram na cidade para a 9ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes.

Honrando sua vocação, a Lapa e os cariocas receberam essa turma de braços abertos. Um pessoal que ocupou o espaço com cultura e informação, de forma organizada e po-liticamente diversificada.

Para além dos shows memoráveis que a cidade recebeu e das rodas de debate que atraí-ram estudantes de todo o Brasil, o que a Bienal trouxe de volta à cidade foi a efervescência histórico-cultural deste que é o maior evento do tipo na América Latina.

A história da UNE está ligada intimamente à história política da cidade. Aqui a entidade foi fundada e protagonizou muitos de seus momentos mais marcantes.

No prédio em que funcionou até o dia em que foi incendiado por agentes da ditadura militar, na Praia do Flamengo, hoje está sendo construída uma nova sede, com projeto de Oscar Niemeyer, devolvendo à UNE sua importância para o Rio de Janeiro.

É um orgulho e uma honra para essa cidade ter de volta o símbolo maior da luta dos estu-dantes brasileiros pela democracia e por seu espaço na história do país. Sejam bem-vindos!

Eduardo Paes Prefeito do Rio de Janeiro

(2009-2016)

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AlguémAlguém tem que pagar Pra catraca girarPra saúde morrerE pra ração chegarPro circo não vacilarPra farsa bater, bater, baterEm quem paga a conta, amor

AlguémAlguém tem que lucrarQuando a cachaça chegarE o povo adormecerQuando a bola rolarPro circo não vacilarPra farsa bater, bater, baterEm quem paga a conta, amor

Pés no presente. Ações pro futuro. Discernimento, sabedoria e simplicidade.

Paz à todos,Criolo*

*Texto inédito para o catálogo da 9ª Bienal da Une

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Livro animado! Dê voz a nossa língua 5

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Manifestações contra o nazi-facismo - 1942, Rio de Janeiro (RJ)

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Um dos primeiros jornais da UNE no final da década de 1930

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Na história das transformações sociais pelo mundo a arte está presente como instrumento para impulsionar as mudanças. No Brasil, desde a criação da UNE, em 1937, a relação do movimento estudantil brasileiro com a cultura provocou simbioses tão à frente do tempo que até hoje são referências para as novas gerações e impressionam pela qualidade e pelo caráter ousado e criativo.

Paschoal Carlos Magno, considerado um dos precursores da direção teatral no país, fundou em 1938 o Teatro do Estudante do Brasil e com ele formou artistas e promoveu as artes cênicas em viagens por cidades país afora.

Já na década de 1960, na sede da UNE, na Praia do Flamengo 132, no Rio de Janeiro, um movimento emblemático para a história brasileira surgiu com a criação do Centro Popular de Cultura da UNE. O CPC reunia jovens que, sem medo de despertar polêmi-cas, dispunham-se a fazer arte e política. Muito mais do que um espaço, tratava-se de um acontecimento estético e político do movimento estudantil, com a participação de personagens geniais como Vinícius de Moraes, Ferreira Goulart, Cacá Diegues, Carlos Lyra, Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha) e Gianfrancesco Guarnieri.

Entre as experimentações e produções, vale destacar o início do movimento cineclubista e seu auge com a produção do filme “5x Favela”, um clássico do cinema nacional. A realização desse longa-metragem nos mol-des e na ideologia do CPC abriu espaço para a discussão do que seria um cinema livre, sem compromisso com uma linguagem preestabelecida, sem o propósito didáti-co, mas voltado firmemente para a realidade brasileira.

Também no começo da década de 1960, mais pre-cisamente em 62, a UNE inovou e lançou o projeto de mobilização a partir de caravanas que rodariam o Brasil. A primeira delas, organizada ainda naquele ano, foi a “UNE Volante”, uma caravana composta por integrantes do CPC e diretores da UNE. Durante dois meses, os estudantes e artistas visitaram quase todas as capitais. Discutiam os principais temas de interesse da juventude e ainda reprensentavam as peças do CPC, disseminando também núcleos nos estados (Glauber Rocha, por exemplo, fez parte do CPC da Bahia).

Aldo Arantes (esquerda) lança UNE-Volante em 1962

Protesto contra a ditadura no final da década de 1960

Demolição da sede da UNE na Praia do Flamengo, 132 (RJ) - déc.1980

Protesto contra a ditadura no final da década de 1960

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Passeata “Fora Collor!” em 1992

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A repressão da ditadura militar, a clandestinidade e a reorga-nização da UNE determinaram um período de volubilidade das atividades culturais ligadas ao movimento estudantil.

A atuação cultural dos estudantes, reprimida durante os anos de perseguição, foi simbolicamente sendo retomada na década de 1990, principalmente após o grande movimento dos caras-pintadas liderado pela UNE e pela UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e que terminou com o impeachment do presidente Fernando Collor em 1992. A UNE estava fortalecida, mesmo com o avanço dos ideais neoliberais nos anos seguintes.

Na tentativa de retomar e ampliar ainda mais suas frentes de atuação, a entidade voltou a cena cultural com vigor em 1999, quando realizou, na cidade de Salvador, na Bahia, sua 1ª Bienal. O festival se propunha a abrir espaço para o que estava sendo produzido em diversas áreas (literatura, cinema, música, artes cênicas, artes visuais e ciência e tecnologia) e promover um intenso debate em torno das políticas públicas formuladas para o setor. O encontro reuniu mais de cinco mil estudantes que davam início a um longo projeto de reaproxi-mação com a cultura popular e intercâmbio entre as muitas juventudes brasileiras.

O ano de 2001 representa um salto maior ainda, pois permitiu a reflexão de que, mais que promover um festival de dois em dois anos, era preciso criar um instrumento que pudesse de-senvolver um trabalho permanente no cotidiano do movimento estudantil. Nasceu então na 2º Bienal, no Rio de Janeiro, o Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE. Ele seria o elo de continuidade do trabalho entre as bienais, acumulando debates sobre a área de cultura, experiências e promovendo eventos e intervenções dentro e fora das universidades.

Consolidado, o projeto das Bienais ganhou o Brasil e partiu para Recife e Olinda (2003 e 2013), São Paulo (2005) e re-tornou ao Rio de Janeiro (2007 e 2011) e a Salvador (2009)

Ao longo dos anos, as Bienais sempre tiveram a proposta de valorizar a identidade nacional e conectar as produções juvenis de todas as regiões do país. Já passaram pelo festival impor-tantes temas que casam com as lutas do movimento estudantil, como a herança africana na cultura do país, os vínculos do Brasil com a América Latina, o samba, o forró, a cultura popular e as raízes de formação do povo brasileiro.

Já participaram da Bienal personagens como Gilberto Gil, Oscar Niemeyer, Aleida Guevara (filha de Che Guevara), Ariano Suassuna, Augusto Boal, José Leite Lopes, Ziraldo, Jorge Mautner, Alberto da Costa e Silva, Mino Carta, Serginho Grois-man, Abdias do Nascimento, Ondjaki, Jards Macalé, Alceu Valença, Marcelo D2, Martinho da Vila, Racionais MCs, Beth Carvalho, Lenine, O Rappa, Tom Zé, Mr Catra, Naná Vascon-celos e J. Borges.

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Os estudantes também voltaram para a estrada 42 anos depois do ineditismo inaugurado pela “UNE Volante”. Desta vez, chamada de “Caravana UNE pelo Brasil”, a viagem foi toda realizada a bordo de um ônibus. Entre os meses de abril e maio de 2004, uma equipe de atores, produtores, documentaris-tas, artistas e diretores da entidade percorreram 25 cidades brasileiras, sendo 18 capitais, passando por 31 instituições de ensino superior, nas cinco regiões do país.

Posteriormente, a UNE percebeu a necessidade de dar mais atenção e consistência a esse trabalho cultural. Daí veio a ideia de visitar as cidades brasileiras novamente. No embalo da experiência acumulada com a viagem anterior, a entidade realizou a “Caravana Universitária de Cultura e Arte – Paschoal Carlos Magno”.

Ela foi lançada em outubro de 2004, em Manaus, e encer-rada no fim de novembro, em São Paulo. Em parceria com o Ministério da Cultura, que acabara de criar o programa dos Pontos de Cultura com o ministro Gilberto Gil, esta caravana passou por 14 universidades, em 14 estados de federação com o objetivo de fomentar a criação de uma rede nacional de arte estudantil.

Depois de 77 anos, a UNE chega à nona edição de sua Bienal jovem e renovada, com bagagem suficiente para realizar muitas outras. O trabalho cultural da UNE não considera como triunfo apenas as mudanças mais visíveis no desenvolvimento do movimento estudantil, mas, principalmente, uma incansável busca a fim de representar mais e melhor os estudantes de todo Brasil

Ônibus da Caravana da UNE Saúde, Educação e Cultura (2008) Caravana UNE Brasil + 10 chega a Natal (RN) em 2012

Caravana UNE Brasil +10 passa por Brasília (DF) em 2012

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Vic Barros (UNE) na abertura da 9ª Bienal no Circo Voador

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Símbolo do Brasil, o Rio de Janeiro mantém uma relação especial com a UNE. Foram os cariocas quem testemunha-ram, em 1937, a fundação da União Nacional dos Estudantes. No Rio fica a sede da Praia do Flamengo, 132, atualmente em pleno processo de reconstrução depois de ser incendiada e demolida pela ditadura militar no primeiro atentado contra a democracia em 1º de abril de 1964. Foi na capital hoje maliciosamente chamada pela juventude de “#errejota” que nasceu o CPC (Centro Popular de Cultura), um dos projetos culturais mais ousados do Brasil, que colocou no mesmo lugar a arte e a política.

O Rio também foi cenário do marco da reconstrução cul-tural da UNE, em 2001, com a 2ª Bienal e a criação do CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte). Após outras duas passagens por terras cariocas (2007 e 2011), a cidade agra-ciou novamente os estudantes com a sua história e beleza abrindo as entradas dos Arcos da Lapa para receber desta vez a 9ª edição do festival e uma nova geração de jovens vindos de todas as regiões do país.

Assim, a Bienal chegou ao Rio da Academia Brasileira de Letras e da Biblioteca Nacional, o Rio da gíria poética das favelas, das invenções linguísticas do funk, do rap e do samba, o Rio das narrativas imortais de Machado de Assis e tantos outros, de Honestino Guimarães, de Edson Luís, da passeata dos 100 mil em 1968 ou de um milhão em 2013, cidade que é palco de grandes lutas e resistência do povo brasileiro, com uma multiplicidade de falas e sentidos tão própria do Brasil.

O Rio da Lapa, bairro-cenário lembrado por figuras essen-ciais da nossa cultura como Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Sergio Buarque de Hollanda, Jorge Sela-rón, Perfeito Fortuna, Marcelo D2, Caetano Veloso e tantos outros. A Lapa, relíquia artística e cultural do Rio, epicentro da boemia saudável, da diversidade e do movimento. O lugar que consolidou nos anos 1930 a imagem do carioca malan-dro, criativo e musical – depois foi abandonado e renasceu nos anos 1990, numa cena renovada por espaços como o Circo Voador.

E se a Lapa foi a casa da Bienal, a Fundição Progresso, foi o boteco, o lugar do encontro e da proximidade. Pelos corredores, salas e espaços abertos da antiga fábrica de fogões que hoje abriga sedes de grupos como a Intrépida Trupe, milhares de estudantes do Brasil e da América La-tina compartilharam cultura e vida, aprofundaram buscas, progrediram na arte do encontro. Sob os auspícios da Lapa carioca, embarcaram numa jornada de seis dias de cultura e política, num tempo único para respirar arte e expirar mu-danças positivas no mundo. Fundição Progresso

Estudantes na LapaEstudantes na Lapa

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Dodô, um dos cenógrafos da 9ª Bienal

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Festival inovou com trabalho próprio de projeto e criação da cenografia

Montagem da cenografia

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Quem passou pela Fundição Progresso na primeira semana de fevereiro de 2015 viu que a ideia era ousada. Montar um galpão de marcenaria dentro do festival e de lá construir toda a cenografia do encontro. E foi isso o que aconteceu: pela primeira vez, a Bienal da UNE projetou e criou o seu próprio conjunto de estruturas, painéis e sinalização.

O conceito veio das ruas. Resíduos urbanos como paletes, sobras de madeiras e caixotes de feira viraram bancos e es-tantes. Ao final, tudo foi doado a ONGs, em mais um ciclo de reciclagem. A concepção ficou sob a batuta dos artistas visuais e cenógrafos Fernando Sato, do coletivo paulista casadalapa; Luis Parras, da produtora Contra Regras; e Dodô Giovanetti, do Rio de Janeiro, naquele que foi um grande desafio para toda a equipe do evento.

O outro eixo marcante da cenografia da Bienal das #Vozes-doBrasil foi o lambe-lambe. Peças que já foram sinônimos de sujeira nas grandes cidades renasceram inspiradas pelo grafite e pela arte decorativa nos cartazes artesanais da Gráfica Fidalga, de São Paulo.

Importante lembrar a trajetória de lutas dessa gráfica, fechada pela ditadura nos anos 1970 e que renasceu como Fidalga em 1985, filha da redemocratização, pondo de novo em ação sua única impressora alemã que restou no porto de Santos por esquecimento da ditadura que a havia apreendido.

Das letras em madeira entalhada da máquina de 1929, que originaram cartazes de movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda nos anos 1970, saíram poesias e frases do repertório cultural brasileiro que povoaram a Lapa e várias cidades do Brasil.

Dentro e no entorno da Fundição, a Bienal transpirou arte na nomenclatura dos espaços, batizados com referências da literatura em língua portuguesa. O Circo Voador virou a Serra da Costela de Graciliano Ramos em “Vidas Secas” (1938). O ponto dos seminários era a Vila Azinhaga, terra natal do mestre português José Saramago (1922-2010). E o espaço do Arraial de Canudos saiu dos “Sertões” (1902) da obra de Euclides da Cunha para oferecer a vista mais privilegiada dos Arcos da Lapa, no terraço da Fundição.

Biblioteca da 9ª Bienal Sinalização da Bienal na Fundição Progresso

Molde tipográfico para lambe-lambe da UNE

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Ator Pascoal da Conceição na abertura da 9ª Bienal

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Bairro foi tomado por estudantes de todas as regiões do país que queriam modernizar o passado

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As ruas da Lapa ainda amanheciam de uma tradicional noite agitada do sábado quando estudantes começaram a ocupar os cantos do bairro. Na frente da Fundição Progresso, acordes improvisados de “Cidade Maravilhosa” ao saxofone saudavam as caravanas que chegavam de diversas partes do Brasil.

Rio Branco, Acre: quatro dias de estrada. Macapá, Amapá: outros quatro dias, com direito a 24 horas pelo rio Amazonas. Campo Bom (RS), Maringá (PR), Salvador da Bahia. Muitos nunca haviam feito percurso tão longo. O Ceará batalhou junto à universidade e ao poder público por transporte. Universitários de Mato Grosso esbanjavam energia após 30 horas de chão Pronto. As vozes do Brasil haviam chegado. Estava dada a receita para o saboroso prato de sotaques, experiências e regionalismos da Bienal.

Inscrições feitas, alojamento reconhecido, era hora de começar. A trupe circense da Gran Cia. de Mysterios e Novidades conduziu o público até adentrar o Circo Voador, lugar que reserva em suas entranhas um pouco da história do Rio e da Lapa, palco por onde passaram e ainda se apresentam os principais artistas e grupos da música e da arte brasileira.

Grupo do espetáculo de abertura

Estudantes na Lapa

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De dentro do Circo, irrompeu o espetáculo de abertura da 9ª Bienal da UNE, uma celebração a Mário de Andrade (1893-1945), a Macunaíma e ao modernismo brasileiro. “A língua é minha pátria”, entoou o público.

O ator Pascoal da Conceição incorporou o modernista com a maestria habitual, no papel de mestre de cerimônias. “O modernismo deixou para as próximas gerações a herança de um desafio”, disse. Cocar na cabeça e guitarra em punho, Iara Rennó musicalizava a história de Macunaíma enquanto atores reverenciavam a diversidade nacional de expressões.

Patrimônio do Rio, o sambista Arlindo Cruz fechou a pri-meira noite dos grandes shows abertos da Bienal. No palco, a homenageada de música do festival, dona Ivone Lara, 94 anos. Destaque entre as mulheres que ajudaram a construir a identidade cultural brasileira, dona Ivone agradeceu ao pú-blico com versos de “Sonho Meu”. Deixou o palco sob muitos aplausos, numa reverência da juventude que sabe valorizar e modernizar o passado para construir a revolução do presente.

Estudantes em frente à Fundição Progresso

Caravanas chegam à Lapa

Cena do espetáculo de abertura

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Cena do espetáculo de abertura Pascoal da Conceição

Iara Rennó

Circo Voador Espetáculo de abertura

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Encontro dos estudantes com o Ministro da Cultura, Juca Ferreira

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MUDAR A POLÍTICA, MUDAR O BRASIL

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Segunda-feira, Rio em movimento. A correria habitual nas ruas previa uma semana cheia pela frente. Na Bienal não foi diferente: oficinas, mostras selecionadas de extensão, artes cênicas, ciência e tecnologia e audiovisual. Debates, palhaços, feminismo, esporte de rua, passinho, Bida Nascimento, Pitty.

No dia em que a Fundição se tornou de vez o lar dos es-tudantes brasileiros, a chuva de verão passou longe de esfriar o clima. Desde cedo, tambores e palavras de ordem preencheram o casarão azul da Lapa como prenúncio do seminário de reforma política, que manteve o termômetro no padrão “Rio 40 graus”.

Gritos eram ouvido nos corredores da Bienal num apelo por mudanças efetivas em nosso sistema de representação. Em três debates ao longo do dia, atores políticos relevantes fizeram um embate de ideias que deixou nítida a disposição dos estudantes brasileiros de lutar por mais avanços sociais nos próximos anos.

Pista de skate montada na Lapa

Ministro Miguel Rosseto e vice-presidente da UNE, Mitã Chalfun

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João Pedro Stédile, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), defendeu a reforma como “única for-ma” de recuperar a democracia no país. Miguel Rossetto, ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, fez coro com a UNE na defesa de mudanças. “O Brasil não aguenta mais o padrão de financiamento empresarial que sequestra nosso país. Hoje só participa do processo eleitoral quem tem dinheiro, e cada vez mais quem tem mais dinheiro”, afirmou.

Ainda houve tempo para conferir a fórmula de Jeferson “Dilma Bolada” Monteiro para o sucesso na comunicação digital, discutir as variações da língua portuguesa com Marcos Bagno e Marina de Toledo e reunir combatentes do regime militar em ato da Comissão da Verdade da UNE. Ao lado de Arthur Poerner - veterano cronista da ação política estudantil no Brasil e autor do clássico “O poder jovem” -, a União Nacional dos Estudantes exaltou a reconstrução da “casa do poder jovem”, a nova sede da entidade no Rio que será erguida no mesmo endereço da Praia do Flamengo, 132, e homenageou os líderes estudantis que tombaram em defesa da democracia.

Marcos Bagno

Jeferson “Dilma Bolada” Monteiro e Mateus Weber (UNE)

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Pai Lula, Patrícia de Matos (UNE), Jandira Feghali e Ivana Bentes

Debate artes visuais

Cynara Menezes, Carina Vitral (UNE), Luis Nassif e Manoel Rangel

Seminário de reforma política

Aldo Arantes, Déborah Evellyn (UNE) e João Pedro StédileAldo Arantes, Déborah Evellyn (UNE) e João Pedro Stédile

Debate artes visuais

Seminário de reforma política

Pai Lula, Patrícia de Matos (UNE), Jandira Feghali e Ivana Bentes

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“Sobre camisa de força”, de Clara Maria Matos (Universidade de Brasília)

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A 9ª Bienal da UNE registrou um recorde de trabalhos inscritos. Mais de 1.500 propostas chegaram de todo o Brasil para as sete áreas do festival – 203 compuseram o quadro final, que valorizou a identidade nacional, a qualidade, a diversidade regional e a afinidade com o tema do encontro. Mas não bastam os números para entender o que significa o maior panorama da produção cultural dos estudantes do Brasil. É preciso sentir. Audiovisual, teatro, extensão, música, artes visuais, literatura, C&T: tudo se expressa como cultura viva na Bienal.

Espalhar poesia pelas escadas da Fundição Progresso e dali dizer bem alto para o mundo que a universidade brasileira continua sendo um espaço pujante de cultura. Traduzir a emoção num acorde de guitarra, numa nudez corajosa, numa rima improvisada.

Ver o olhar de jovens documentaristas, emocionar-se com o cotidiano de uma comunidade quilombola do oeste do Paraná ou interagi com as várias performances que tomaram conta da Fundição Progresso.

Traduzir as expressões do amor na pesquisa teatral do Cariri cearense. Temer o sobrenatural numa ficção em vídeo de alunos do Amazonas. Inspirar-se pela história de estudantes do interior de São Paulo que ensinam o poder da comunicação comunitária.

Estamos aqui para isso. E para reconhecer quem ajudou a pa-vimentar o caminho que nos permite estar aqui. Como o físico e professor Ildeu de Castro Moreira, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), um dos grandes artífices da popularização da ciência nacional, homenageado na área de C&T (até um certo Albert Einstein apareceu para prestar as honras).

A Bienal pulsava em alta frequência. À noite, respirou fundo, cantou com Alceu Valença e foi dormir pensando no “grande encontro” que teria pela frente.

Batalha de MCs

Alceu Valença

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“Costela de Adão” (Feevale-RS)

Homenagem a lldeu de Castro Moreira

Oficina de DJ

Coordenação da 9ª Bienal“Tem poesia no pé”, de Natalice Garcia (Instituto Federal do Ceará)

“Costela de Adão” (Feevale-RS)

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Lauvaite Penoso (Universidade Federal do Pará)

“Oxe” (Universidade Regional do Cariri-CE)

“Costela de Adão” (Feevale-RS)

Grupo Combio (Universidade Federal de Uberlândia-MG)

“Costela de Adão” (Feevale-RS)

Grupo Araci (Universidade Federal de São João Del Rei-MG)Grupo Araci (Universidade Federal de São João Del Rei-MG)

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Cidade Negra

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Show Criolo - vista área da Lapa dia 5 de fevereiro de 2015

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Criolo

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Buffo Companhia de Teatro (Universidade Federal da Bahia)

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Lenine de passagem pela Bienal

Iara Cassano (UNE)

Luciana Santos (PCdoB)

Mostra de música

Iara Cassano (UNE)

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Instituto Afro-Sim (Universidade Estadual de Maringá-PR)

Oficina de lambe-lambe

Mostra de Literatura

Mitã Chalfun (UNE)

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Mostra de música

Sérgio Vaz

Galera do “Passinho”

Luis Parras e Tiago Alves, da Contra Regras

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JUCA ENTRA NA RODA DA BIENAL

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Após três dias em rotação máxima, valia a pena desacelerar um pouco para concentrar as energias numa conversa com o principal gestor da cultura no país, o ministro Juca Ferreira.

O cenário do encontro foi o ponto central da Bienal, no se-gundo andar da Fundição Progresso, onde se montou uma biblioteca livre com mais de mil livros disponíveis para leitura e que depois foram doados. Os estudantes ao redor. Juca no meio entrou na roda e experimentou a Bienal, falou, ouviu, compartilhou experiências e mandou um recado:

“Parabéns a UNE por fazer política e festa ao mesmo tempo. A primeira coisa que os conservadores gostam de crimina-lizar é essa alegria, essa energia vital. É essa alegria que vai nos fazer corrigir os rumos do país”, afirmou o ministro, de volta à pasta que ocupara de 2008 a 2010, um retorno comemorado pelos estudantes por saberem estar diante de uma figura progressista e aberta ao diálogo e que entende a cultura em seu caráter amplo e plural.

Ao lado da presidenta da UBES, Bárbara Melo, o baiano Juca lembrou sua passagem pelo movimento estudantil como presidente da mesma entidade, em 1968, num dos períodos mais duros da ditadura militar, quando foi promulgado o Ato

Institucional nº 5 que colocou as entidades estudantis na ilegalidade e fechou o Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.

Ele ainda apresentou sua jovem equipe no MinC e enume-rou alguns desafios do setor no próximo período, como a reformulação da Lei Rouanet e o fortalecimento do progra-ma Cultura Viva, após a lei que transformou a iniciativa em política de Estado.

O ministro prometeu apoio aos estudantes na regulamen-tação da meia-entrada, que definiu como um eixo de uma política de democratização da cultura. Aclamou o orgulho dos jovens cotistas e fez uma aposta no amor e na alegria como meios de revitalizar a política e enfrentar as forças conservadoras e do retrocesso.

Num dia em que a Bienal também colocou em pauta assuntos como o papel da arte e do esporte nas es-colas, o ministro da Cultura mostrou sintonia com os estudantes e disposição para uma caminhada conjunta rumo ao fortalecimento da cultura nacional. Uma lufada de ânimo para a reta final do maior festival estudantil da América Latina.

Vic Barros (UNE) e o ministro Juca Ferreira

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TEMPESTADE DE ALEGRIA

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Ameaça de chuva forte foi só aperitivo especial para coroar a Bienal como o mais amplo e especial festival do Brasil

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A tensão amanheceu no ar. Logo em um dos dias mais espera-dos da Bienal, órgãos públicos anunciaram, nas primeiras horas da manhã, a possibilidade da maior tempestade dos últimos tempos na capital do Rio de Janeiro. Empresas dispensaram funcionários, Defesa Civil em alerta, todos de olho no céu carioca.

Enquanto a água não vinha, choviam perguntas nas redes sociais da UNE: o festival estava mantido? E o show do Criolo, um dos mais esperados do palco livre? Com uma vela para São Pedro, convocando os budas e de dedos cruzados, a produção respondia: até agora tudo certo! Ao final, a temida chuva não veio, e toda a apreensão só contribuiu para compor um clima especial para mais uma jornada da Bienal.

Era tempo de deixar os limites da Lapa e se aventurar pela cultura da “grande Rio de Janeiro”, nas atividades do Lado C. Universitários puderam vivenciar, por exemplo, a dura realidade da favela do Jacarezinho e o trabalho da Agência de Notícias das Favelas. Conheceram quilombos urbanos, o jongo do Morro da Serrinha, o samba de roda da Baixada, em um verdadeiro intensivo sobre o poder da cultura popular na transformação social.

O sol também abriu caminho para um momento histórico, que reuniu estudantes, legisladores e ativistas no 1º Encon-tro LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) da história da UNE. Garantias de direitos e traje-tórias, acesso ao mercado de trabalho e ao mundo acadêmico, políticas públicas para evitar a discriminação. Nos domínios da Fundição Progresso, o debate rompia a velha cultura opressora e fortalecia a luta.

No palco central do Largo Itabira, um batalhão de Meninos Maluquinhos levou emoção à homenagem da UBES ao mestre Ziraldo, lançando um gibi assinado pela cartunista sobre a fundação de grêmio estudantis. O bonde seguia a todo vapor pela Lapa com as mostras selecionadas – artes cênicas, ex-tensão, ciência e tecnologia, literatura, música. Como numa orquestra em movimento final, o crescendo de vozes da Bienal ganhava intensidade e rumava ao clímax.

Ziraldo e Barbara Melo (UBES)Ziraldo e Barbara Melo (UBES)

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Passeata da UNE na Praia de Ipanema

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celebrar e transformar

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Pitty

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A convivência cria afetos e empatias. Ao longo do festival, os Arcos da Lapa e os estudantes forjaram uma afinidade especial. Referência geográfica e cultural do Rio, os Arcos ofereceram porto seguro aos universitários de todo o país, desenhando o cenário para os shows do palco livre da Bienal, grandes apresentações gratuitas que fizeram história.

Após a abertura com Arlindo Cruz no Circo Voador, Pitty assu-miu o bastão para fechar, na praça dos Arcos, a segunda noite do festival. Diante de uma multidão, a roqueira agradeceu pela participação. “É uma honra fazer parte dessa festa de uma galera jovem, crítica e antenada, que tem o que dizer e o que pensar. Vamos pra frente que o futuro é nosso.”

Ali daquele palco redondo talvez Pitty tenha visto uma cadeira de rodas quase flutuando no ar. Era mais uma nota bonita no catálogo de vivências do festival. Universitários deram uma força para a secundarista Letícia, que é cadeirante, curtir o show de um ângulo especial.

A noite seguinte foi reservada para um papo entre amigos. Veterano em Bienais, o pernambucano Alceu Valença construiu sua quarta apresentação no festival como uma grande conversa, pontuando seus clássicos atemporais com impressões sobre o momento atual da cultura e da política brasileira.

Alceu deu uma aula de como colocar todos para dançar e, ao mesmo tempo, estimular a reflexão. “Sempre fui contra essas eleições à base de dinheiro. O Estado tem que financiar as cam-panhas e também rever concessões de rádio e TV, que deveriam disseminar a cultura de todo o povo”, afirmou, em sintonia com as reformas que a UNE quer para o país.

Cuca da UNE na Culturata

Estudantes na Pedra do Arpoador

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Celebrando quase 30 anos de carreira, o Cidade Negra saudou a juventude reunida na praça como protagonista do futuro. Toni Garrido destacou o papel dos DCEs (Diretórios Centrais dos Estudantes) na luta por avanços na educação superior e lançou a convocação: “Vamos mudar o mundo porque ele é nosso”.

Criolo e banda espantaram a chuva com uma das performan-ces mais intensas da música brasileira atual. Apresentado por Vic Barros como “grande poeta da nossa geração”, o pau-listano hipnotizou uma multidão de mais de 30 mil pessoas, como registrou, do alto, o drone que captou imagens únicas da Bienal das Bienais.

O rapper incitou o público a “cantar com o coração”. Mencio-nou a crise da água como “humilhante” e desejou esperança e força aos jovens que tomavam a Lapa. “Todo mundo é filho de Deus. Não pode ter guerra entre nós, é isso que o sistema quer. Está na mão de vocês. Convoque seu Buda”, foi a mensagem derradeira do último show do palco livre da Bienal.

Mas, como manda o figurino, caberia aos estudantes o protago-nismo do ato final do festival. Expressão e prática das Bienais, a Culturata (passeata+cultura) uniu milhares de estudantes na orla do Rio para uma grande manifestação em defesa das bandeiras da UNE.

Jovens se reuniram em Ipanema e caminharam sob a tempestade até o Arpoador para celebrar os seis dias de encontros e trocas do maior festival estudantil da América Latina. A Polícia Militar tentou im-pedir o ato, mas prevaleceram a energia e a vontade da estudantada.

Vic Barros puxou o brado por um “Brasil de paz e sem violência”, e ecoou o refrão pelas reformas política e universitária, pela de-mocratização da mídia, por uma política econômica democrática.

Ao final, ao som do maracatu, os estudantes, que já predomi-navam naquelas vias molhadas de chuva, tomaram de vez a praia e hastearam as bandeiras do movimento estudantil. Do alto da pedra do Arpoador, gravaram na história e na memória de todos a passagem de um encontro mais do que especial – e com os olhos já no horizonte da próxima Bienal.

Roda de Funk na Bienal

Toni Garrido

Direção da UNE com Criolo

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Solidariedade no show da Pitty

Roda de Funk na Bienal

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Circo Voador - Show Arlindo Cruz e Dona Ivone Lara

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Arlindo Cruz e Dona Ivone Lara

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de geração em geração

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No passado e no presente do CUCA da UNE, as projeções para o futuro do circuito

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O CUCA (Circuito Universitário de Arte e Cultura) é um filho da Bienal. Veio à luz como proposta em 2001, no último dia da 2ª edição do festival, que naquele ano acontecia no Rio pela primeira vez. A Bienal dava seus primeiros passos na direção do amadurecimento do novo movimento cultural da UNE. O desafio era manter a continuidade das ações culturais nas universidades, para além daquele grande encontro que acontecia a cada dois anos.

Semente lançada, o CUCA floresceu. Do período das rodas de samba antológicas no Espaço CUCA da Barra Funda, na capital paulista, tornou-se um ponto de cultura em 2005. Ganhou autonomia com a criação do Instituto CUCA, em 2006, e se credenciou a Pontão de Cultura em 2008. Hoje é uma referência espalhada pelos estados, uma “rede das redes” que articula e difunde a produção de estudantes e agentes culturais pelo país.

Todo esse legado esteve em debate na 9ª Bienal quando personagens da vida cultural da UNE nos últimos 15 anos se reuniram na 5ª Assembleia Nacional do CUCA. Lembranças boas e casos do passado deram o tom de uma conversa séria que reafirmou a centralidade da cultura no debate nacional. “Se não há jovens que pensem cultura no movimento estu-dantil não há revolução de pensamento”, lembrou a atriz Ana Petta, uma das pioneiras do CUCA ao lado do professor Ernesto Valença, do produtor cultural Tiago Alves e do artista visual Luís Parras.

“Foi um encontro afetivo, oportunidade para nós, cuqueiros dos tempos de hoje, nos encontrarmos com o pessoal das antigas, os veteranos, e podermos refletir sobre quais foram os processos pelos quais o CUCA passou nesses 14 anos de história. A gente acredita que a cultura tem tudo a ver com a política que instaure valores de mais solidariedade, de amor, de respeito, coragem e liberdade. E essa é a defesa, a principal bandeira, o principal estandarte que o CUCA levanta e se renova a cada período”, lembrou a diretora de Cultura da UNE, Patrícia de Matos. Gerações de “cuqueiros” se encontram na Bienal

Coordenação da 9ª Bienal

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HOMENAGEADOSHOMENAGEADOSHOMENAGEADOS

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Num interior pequenoNasceu quiçá um profetaUm menino mui franzinoDada a forçada dietaDos pobres deste paísMas o menino felizTinha a cumprir uma meta

Sou da Terra de um poetaGrande Solano TrindadeQue sempre em favor dos negrosLutou pela igualdadeSolano nas poesiasHoje eu exalto AbdiasCheio de genialidade!

Com a teatralidade Fez discurso anti-racismoO teatro virou palcoPra mostrar seu ativismoRecrutou os proletáriosTeve elenco de operariosDado seu pioneirismo!

Ele resgatou do abismoTrouxe conscientizaçãoAos pobres, analfabetosDeu alfabetizaçãoOs transformou em atoresDiante dos refletoresOs fez sentir cidadãos!

Provocou revoluçãoNa vida de muita genteFormou muitos bons artistasPor ser muito inteligenteFoi poeta e escultorCom muita força e vigorSempre caminhou em frente

Nunca foi indeferenteÀ sina que o esperavaE a sua inquietudeEra o que mais inspiravaTeatro ExperimentalDo Negro era o localOnde Abdias criava

Abdias ministravaAulas de pertemcimentoAs raízes africanasE o reconhecimentoPara o povo se orgulharE poder exercitarE mostrar o seu talento

Abdias NascimentoÉ mestre pra ser lembradoE é por isso que hoje sempreSerá homenageadoEsta nona Bienal Considera essencial Divulgar o seu legado

por Mariane Bigio

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Ao grande Drummond de AndradeO Cordel vem se renderE se curva ao verso livreque tão bem soube fazerCom tamanha maestriaRevelando que a poesiaÉ a arte de viver

Drummond nos fez entenderque a poesia também falade tudo que alma sentede tudo que a mente calaque a rima não solucionaquando a vida estacionaquando a dor no peito entala

E a sua obra exaladeterminada incertezaque pairava numa épocamarcada pela tristezapela falta da esperançamesmo assim deixou de herançaimensurável riqueza

Itabira, que beleza!Cidade tão pequeninaQue foi de Drummond a musaOnde iniciou a sinaDe transformar-se em poetaSua paisagem discretaEm Drummond se descortina

Sua lira se refinaCá no Rio de JaneiroCidade que o acolheuE adotou este mineiroQue tornou-se grande artistaQue também foi um cronistaDeste povo brasileiro

Se um anjo, forasteiroO abordou quando nasceuDizendo para ser “Gauche”Drummond não obedeceu:foi notável, sem igualna poesia sociale em tudo que escreveu

Ironia concedeuÀs estrofes e às frasesJá no fim, o erotismoTrazido em versos vorazesE a metafísica atéPermitiu mesmo ao “José”Fazer com a vida as pazes

Com seus escritos tenazesFoi diluída a verdadeEm meio às entrelinhas Nos libertando das gradesCom a palavra que cura,Um viva à LiteraturaDe Carlos Drummond de Andrade!

por Mariane Bigio

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Peço licença às musasQue inspiram poesiasPra falar de uma mulherQue respira melodiasEla é Dona Ivone LaraDo Samba uma joia raraNa arte tem primazia

Cantou muitas alegriasE também muita tristezaPor muitos interpretadaTamanha a sua grandezaCompôs “Nasci Pra Sofrer”Cheia de dor e beleza

Na escola, realeza:Ala dos compositores!Foi a primeira mulherA compor entre senhoresCantou nas casas de bambaÉ mesmo a “Dama do Samba”Cordel lhe rende louvores!

Teve grandes professoresA exemplo de seu tioQue ensinou-lhe cavaquinhoPara Ivone Lara o fioCom o qual ela costuraÉ mesmo o da partituraDas canções de seu feitio

E foi bem aqui no RioQue esta beldade nasceuNo bairro de BotafogoUma menina cresceuE chegando em MadureiraFez-se estrela de primeiraAnte nada se rendeu

Muitos prêmios mereceuMuitos foram conquistadosTeve na Império SerranoSeu Samba-enredo cantadoViajou o mundo inteiroMostrando que o brasileiroÉ um povo encantado!

Um conhecido ditadoNão é um mote qualquerDiz : “Quem não gosta de sambaUm bom sujeito não éOu é ruim da cabeçaOu é doente do pé”!

E à essa grande Mulher Homenagem nós rendemosNossa Dona Ivone LaraRainha que bem queremosA Sambista sem igual Um carinho especialEm versos lhe oferecemos!

por Mariane Bigio

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Esta Bienal da UneEm sua nona ediçãoVem pra homenagearCom arte e inovaçãoPersonagens da históriaCom muita rima e emoção

Buscando várias linguagensQue compõem o BrasilMúsica, tela, poemaRima e métrica sutilVários homenageadosQue a Bienal traça o perfil

Dentre as Vozes do BrasilNessa justa homenagemTráz uma figura marcanteMulher de fibra e coragemDjanira da Motta e SilvaU’a pintora de bagagem

Artista que marcou épocaCom grande conhecimento Começou autodidataDe amplo conhecimentoE ainda muito jovemMostrava grande talento

O ano 2014Marcou o seu centenárioGrandes obras importantesVastas como um abecedárioO painel de Santa BárbaraTrás a vida do operário

Djanira foi pintoraMas também era pluralDesenhista, cartazista Talentosa sem igualTambém fez xilogravuraTudo em arte visual

Ela também foi cenógrafaE sensível escritoraPaulistana de AvaréTambém foi ilustradora Mas no Rio de JaneiroSe tornou grande pintora

Explorou o seu paísTransformando tudo em coresSuas gentes, seus sotaquesSuas danças e valoresDjanira Motta e SilvaMerece louros e flores!

por Susana Morais

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Hoje o Cordel vem falarCom muita satisfaçãoDe um mestre que partiuNos deixou em comoçãoÉ de Eduardo CoutinhoQue falamos um pouquinhoVerso, Luz, Câmera: Ação!

Começou na ficçãoNa verdade baseadaMais foi nos documentáriosQue traçou a sua EstradaA partir de “Santa Marta”Tem filmografia fartaDa vida documentada

Sua história foi marcadapor um ativismo intensofoi um revolucionáriocom o seu talento imensoinjustiças e dilemastransformaram-se em temasdos filmes de enredo denso

No Brasil, há um consenso:dentre os documentaristasele aqui é o maiorfez teatro, fez revistamas foi na Sétima Arte que levantou estandarte e firmou-se como artista

Um exímio roteiristaFoi do Centro PopularDe Cultura cá da UNEo que nos faz orgulharde compor esta Uniãoque trabalha com paixão,que não cansa de lutar!

Ditadura militarAté quis interromperEste filme que CoutinhoVeio ao CPC* fazerMas tal época macabraSó deu mais vigor ao “CabraMarcado Para Morrer”

Ele fez por merecer:Pelo mundo conhecido12 prêmios conquistadosE quem foi tão oprimidoViu na tela a belezaViu as Ligas CamponesasCom destaque merecido

E um triste acontecidoFez o seu lugar ausenteMesmo com todo pesarSabemos, que certamenteNa história permaneceSeu legado não padece,Pois Coutinho está presente!

por Mariane Bigio

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Dentre as Vozes do BrasilQue a Une faz menção Abre espaço pra ciênciaTecnologia em açãoDiscussão com coerênciaEnaltace a experiência Pela sua inovação

Unindo várias linguagensFalando em diversos tonsEsta Bienal da UneTrás à tona vários sonsAs linguagens variadasCiência e arte criadasExaltando vários dons

Com o professor IldeuNo caminho da ciênciaUm mineiro dedicadoProfessor por excelência É um físico renomadoNa academia respeitadoPela sua competência

Popularizar a ciência Para todo o cidadão Ele faz com maestria Foco e determinaçãoIldeu de Castro MoreiraDedica sua vida inteiraNa busca dessa missão

Um homem de ideaisIncansável professor Tem idéias futuristasNa ciência tem rigorUsa as tecnologiasNa busca das teoriasPor ser bom pesquisador

Escreve livros e artigosNessa busca incansávelCriador de um projeto De importância incalculávelA Semana Nacional De ciência é sem igual Tem poder inestimável

Novas tecnologias Descobertas da ciência Facilitam nossa vidaNos trazem mais consciênciaMostrando outros caminhosUnindo povos vizinhosNo rumo da resistência

Professor Ildeu MoreiraMerece justa homenagemPor tudo que representaPor sua fé e coragemNessas linhas de cordelA Une faz seu papelDe reconhecer sua imagem!

por Susana Morais

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Neste encontro de idéiasDiscussões de relevânciaEsta Bienal da UneDestaca a importânciaDe uma grande figuraMilitante de posturaNo combate à ignorância

Um povo politizadoNunca perderá seu norteQuem luta por seus direitosTorna seu país mais forteA voz não deve calarSe o peito não aceitarPois nem sempre sina é sorte

Assim Horácio MacedoViveu sua militânciaQuímico e instrumentistaCombateu a arrogânciaDos patronos do poderLevantou-se a defenderSua pátria com esperança

A Une traz sua históriaPros anais da BienalHomenageia HorácioNum cordel especialMontado em versos e rimasVerdadeira obra primaPor ser ele genial

Perseguido na políticaTem valor na academiaMuitas obras de valorPesquisador de valiaPublicou diversos livrosEntre ensaios e artigosLecionou com maestria

Na UFRJMuitos cursos implantouEngenharia e QuímicaSabiamente estruturouComo professor eméritoPerpetuou o seu méritoE se solidificou

Muitas universidadesHonraram sua docênciaAlunos admiradoresDe sua vasta experiênciaSendo o primeiro reitorElegido com louvorPor todos com reverência

Ganhou muitas homenagensEspalhou sabedoriaContribuiu na ciênciaE lutou com valentiaMultiplicou a vontadeDe paz e de igualdadeDe amor e democracia!

por Susana Morais

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Fizemos uma reunião com a Presidenta da UNE e começamos a pensar na identidade visual da Bienal da UNE com alguns pontos cruciais para alimentar essa identidade com a história da entidade e com o tema: Vozes do Brasil.

Primeiro pensamento: a rua! Onde manifestamos nossas ideias, nossas reivindicações, nossas lutas, onde mostramos nossa arte, nossa ação! Onde queremos estar. O espaço público, com verdade, arte, luta e poesia.

A partir disso, procuramos colocar a rua na identidade, a rua e seus signos. As placas, as sinalizações, o pixo, o grafite, o lambe-lambe, as frases de efeito, as contestações. E trabalhar esse caos, que é a rua.

Outra coisa: precisávamos de um símbolo, um ícone que transferisse a rua para uma imagem. Pensamos na boca, por onde sai todas as vozes, políticas, poéticas, musicais. Uma boca simbólica, também na linguagem de rua, como a boca do Rolling Stones ou a boca do Rock Horror Show. A língua! A nossa língua! Uma língua, além da língua portuguesa, uma língua brasileira!

casadalapa>Sato do Brasil e Murilo Thaveira

estudos de tipografia

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Cartaz oficial da 9º Bienal da UNE

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Jornais diários “Tupinikim”

Guia do Participante

Crachás da 9º Bienal da Une

Bottons

Pop Cards

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PresidentaVIRGÍNIA BARROSVice-presidenteMITà CHALFUN1ª Vice-presidentaKATERINE OLIVEIRA2° Vice-presidenteRONALD LUIZ “SORRISO”3ª Vice-presidentaDANIELE FERREIRASecretária-geralIARA CASSANO1° SecretárioTONY SECHITesoureiro-geralBRUNO CORREA1° TesoureiroANDSON “KATU” SILVADir. da Área de HumanasIVO BRAGADir. de ComunicaçãoTHIAGO JOSÉDir. de Assistência EstudantilJULIANA SOUZA1° Dir. de Assistência EstudantilPATRICK CAMPOS ARAÚJO2° Dir. de Assistência EstudantilGLADSON REIS3° Dir. de Assistência EstudantilTADEU LEMOS4° Dir. de Assistência Estudantil“Campo popular que vai botar a UNE pra lutar”Dir. de Políticas EducacionaisTHIAGO “PARÁ”1° Dir. de Políticas EducacionaisPEDRO PAULO DE ARAÚJO2° Dir. de Políticas EducacionaisHENRIQUE IGLECIO FERNANDES3° Dir. de Políticas EducacionaisKAUÊ LUCHETTADir. de Universidades PúblicasMIRELLY CARDOSO1° Dir. de Universidades PúblicasCARLOS EDÍSIO2° Dir. de Universidades PúblicasIAGO CAMPOS3° Dir. de Universidades PúblicasRAFAEL GUTIERREZ

4º Dir. de Universidades PúblicasPEDRO SERRANODir. de CulturaPATRÍCIA DE MATOS1ª Dir. de CulturaJULIANA TRAMONTINI2° Dir. de CulturaGEOVANNY SILVADir. de Assuntos da MulherLAYS GONÇALVES1ª Dir. de Assuntos da MulherJESSY DAYANE SILVA SANTOS2º Dir. de Assuntos da Mulher“Bloco da unidade para o Brasil avançar”Dir. de Relações InternacionaisTHAUAN FERNANDES1° Dir. de Relações InternacionaisMATHEUS MALTA RANGEL2° Dir. de Relações InternacionaisRODRIGO SUÑE DE OLIVEIRADir. de Movimentos SociaisDebORAH COSTA1ª Dir. de Movimentos SociaisAMANDA FERREIRA TEIXEIRA2° Dir. de Movimentos SociaisANDERSON ROBERTO3ª Dir. de Movimentos SociaisLAÍS RONDISDir. de Universidades ParticularesMARCUS VINICIUS1° Dir. de Universidades ParticularesMATEUS WEBER2° Dir. de Universidades Particulares“Campo popular que vai botar a UNE pra lutar”3° Dir. de Universidades Particulares“Bloco da unidade para o Brasil avançar”Dir. de Direitos HumanosCAMILA SOUZA MENEZES1º Dir. de Direitos Humanos“Bloco da unidade para o Brasil avançar”2º Dir. de Direitos HumanosJOÃO PAULO FURTADODir. de Relações InstitucionaisPATRIQUE LIMA1° Dir. de Relações InstitucionaisWILLIAM RODRIGUES DANTAS2º Dir. de Relações InstitucionaisANDRÉ AUGUSTO

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Dir. de Assuntos Anti-racistasMARCELA RIBEIRODir. de Ciência e Tecnologia JONAS LUBE1ª Dir. de Ciência e TecnologiaMILENA PEREIRADir. de Desporto UniversitárioIGOR MAYWORMDir. de Extensão UniversitáriaVALMIR LOPES1° Dir. de Extensão UniversitáriaLUCAS DOS REIS VIEIRA2ª Dir. de Extensão Universitária TAINÁ REIS SERAFIM3° Dir. de Extensão UniversitáriaANDRÉ TOMAZ CARDOSODir. de Meio AmbienteWALLAN ARAÚJO1° Dir. de Meio AmbienteMARCELO TOURINHO2º Dir. de Meio AmbienteMATHEUS ARARIPEDir. de Memória do Movimento EstudantilFABRÍCIO LIMA DA PAZDir. JurídicoVICTOR GRAMPADir. LGBTNATHALIA BITTENCOURT1° Dir. LGBTLARISSA PASSOSDir. de Políticas Públicas de Juventude“Bloco da unidade para o Brasil avançar”1° Dir. de Políticas Públicas de JuventudeJOÃO VICTOR2° Dir. de Políticas Públicas de JuventudeDERYK VIEIRA SANTANA3° Dir. de Políticas Públicas de JuventudeVICTOR HUGO4ª Dir. de Políticas Públicas de JuventudeLUCIELMA GODINHOVice-Presidente AC/ROJEFFREY CAETANOVice-Presidente ALTHIAGO SOUZAVice-Presidente AMYANN EVANOVICKVice-Presidente BATHIAGO DANTAS

Vice-Presidenta CEGERMANA AMARALVice-Presidente DFANDRÉ JOÃOVice-Presidente MGMAX ZILLERVice-Presidente MT/MSVINICIUS BRASILINO Vice-Presidenta PA/APIANE ALMEIDAVice-Presidente PB/RNDAMACIEUDO DANTASVice-Presidenta PEALANA MORAESVice-Presidente PI/MAEDUARDO CORREAVice-Presidente PRMAICON CUSTODIO BARBOSAVice-Presidente RJ/ESCARLOS DA SILVA FURTADOVice-Presidente RRRAILSON SANTOS BARBOSAVice-Presidente RSÁLVARO LOTTERMANVice-Presidente SPARTHUR MIRANDAPresidenta UEE/SPCARINA VITRALPresidenta UEE/RJTAYNÁ PAOLINOPresidente UEE/MGPAULO SERGIO OLIVEIRAPresidente UEE/SCYURI BECKERPresidenta UPE/PRELYS MARINA ZIOLICoordenadora-geral UEE Livre/RSANA CAROLINIPresidenta UEB/BAMARIANNA DIASPresidente UEE/AMALDEMIR CAETANO JR.Presidente UEE/GOLUCAS RIBEIROPresidente UEE/MTRARIKAN HEVEN

COORDENAÇÃO DO CUCA DA UNE

Coordenadora-geralPATRÍCIA DE MATOSCoordenador de AudiovisualRODRIGO MORELATOCoordenadora de Projetos e FinançasBÁRBARA CIPRIANOCoordenador de Arte e CulturaBRUNO BOUCUCA da UFFFERNANDA RANGELCUCA-UFMTVITOR HUGO E GUILHERME PEREIRA CUCA-UFFBIA MIRANDACUCA-CENÍNIVE AQUINO CUCA da FEEVALEEVANDRO MACHADOCUCA da UNESCDANI RIGOCUCA da UEMSUSY BOCUCA da UFPAALEXANDRE BLANCO CUCA-PEFLOR RIBEIROCUCA-BAKADU LIMA

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Coordenação da BienalCoordenadora-geral PATRÍCIA DE MATOSCoordenadora de LiteraturaNINIVE AQUINOCoordenadora de Projetos de ExtensãoBIA MIRANDACoordenador de C&TPHILLIPE PESSOACoordenador de AudiovisualRODRIGO MORELATOCoordenador de Artes VisuaisBRUNO BOUCoordenador de Artes CênicasKADU LIMACoordenador de MúsicaEVANDRO MACHADO

Produção geralCONTRA REGRAS – PRODUÇÃODiretor geralTIAGO ALVESAssistente diretor geralFERNANDO MÁXIMOCoordenador de infraestruturaLUIS PARRASProdutora de infraestruturaPATRÍCIA BSSAAssistente de infraestruturaMARINA ALFAYACoordenadora de logística NATHALIA FERNANDESProdutor de logísticaEDUARDO BALBIProdutora de logísticaJULIA SALESAuxiliar de receptivoDIEGO CASANOVA Auxiliar de receptivoBIZORROAuxiliar de receptivo TAIS LOHANAAuxiliar de receptivo GRAMBOYAuxiliar de receptivo IAN DIASAuxiliar de receptivoDANIELLA GUEDES

Auxiliar de receptivoGUSTAVO SILVAAuxiliar de cateringBRUNO VIEIRACoordenadora de debatesISABEL AMORIM Produtora de debatesLUISA BARBOSA Assistente de debatesFERNANDA LEÃO Assistente de debatesARTEMIS AHMADI Assistente de debatesCAROLLINE PEREZ Auxiliar de debate MARRI MOTTAAuxiliar de debateROBERTA BAHIA Auxiliar de debateLUCIANA BALBI Auxiliar de debateVANESSA BOTELHO Coordenadora de mostras artísticasGILDA MENDES Produtora de C&T e projetos de extensãoDÁFINE PRATESProdutora de C&T e projetos de extensão IZABEL BELLIZZIAuxiliar de C&T e projetos de extensãoALANA BARBOAuxiliar de C&T e projetos de extensãoVERONICA SANTOSAuxiliar de C&T e projetos de extensãoJÔ MEDEIROSProdutor de músicaNELSON MENDES Produtora de músicaRENATA BARROSAssistente de músicaANA CLARA CARVALHOAssistente de músicaGUILHERME BARCELOSDiretor de palco MÁRCIO MOSCARodiesBELLO E DANIEL CAVAGNOLLIProdutora de artes cênicasJULIA CARTIER

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Assistente de artes cênicasCAITO GUIMARÃESProdutor de artes visuaisDUKA SOUTOAssistente de artes visuaisMIGUEL OLIVEIRAProdutora de audiovisualLUISA SALLES Assistente de audiovisualLAÍS ARAÚJO Produtora de literaturaCAROL LUZAuxiliar de literaturaANDREA LOPESAuxiliar de literaturaRAQUEL SALDANHAProdutor Boteco LiterárioERIC NUNES Auxiliar Boteco LiterárioHERME SANTOSAuxiliar Boteco LiterárioJOBLEH JORGE ALBERTOAuxiliar Boteco Literário JAILSON XAVIERProdutora de oficinas THAÍS SÁ VIANAAuxiliar de oficinasGLAUCIA VALENTEAuxiliar de oficinasELISANGELA SARDINHAAuxiliar de oficinasRENATA LOPESAuxiliar de oficinasGABRIEL LOPESAuxiliar de oficinasERIKA CARNEIROAuxiliar de oficinasALESSANDRA PABSTAuxiliar de oficinasPATRÍCIA CAJU Produtor do Lado CMÁRCIO BROWProdutora do Lado CJOANA HENNINGCoordenador de abertura, aula espetáculo e culturataRICARDO PAVÃOProdutor espetáculo de aberturaALEXANDRE SANTINI

Produtor de abertura, aula espetáculo e culturataFELLIPE REDÓ Produtora de esportesCÉIA GOMESAssessoria jurídicaSIDNEY CANDIDO

Produção de estrutura:SONATTA PRODUÇÕESDireção-geralÉRLEI ROBERTO DE MELOProdução executivaED CARLOS DE MELOCoordenação de montagemWALTER ANTÔNIO DE MELOAssistência em logísticaWAGNER BISPO

Assessoria de comunicação:CONTRA REGRAS – COMUNICAÇÃOARTÊNIUS DANIEL, CRISTIANE TADA, LARISSA SCARPELLI, PATRÍCIA BLUMBERG, RAFAEL MINORO, RENATA BARS,TATIANA RODRIGUES, THIAGO GUIMARÃES E YURI SALVADORDesign das peças gráficasFIELDS 360 - fields360.agencyIdentidade visual CASADALAPA>SATO DO BRASIL E MURILO THAVEIRA

Documentação audiovisual:Diretor FÁBIO BARDELLACâmeraLEONARDO MENDESCâmera GUILHERME MARTINSMontadorMAURICIO RODRIGUESOperador de droneVICTOR DE LA ROSA

Documentação fotográficaEditor e fotógrafoVITOR VOGEL Assistente de edição e fotógrafaJULIANA PIMENTAFotógrafosAF RODRIGUESRENAN SPENCER

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Às vozes de todas e todos os estudantes do Brasil que se unificaram em um só coro e fizeram acontecer a Bienal das Bienais. Às diretorias da UNE e do CUCA, firmes na defesa da produção cultural estudantil. À coordenação da Bienal, que no amor fez acontecer o festival. Aos artistas universitários, a seiva da Bienal. Aos artistas já consagrados, que na humildade compartilharam suas experiências. Ao ministro da Cultura Juca Ferreira que fez festa e luta junto com a gente. Aos patrocinadores, pela confiança de que a cultura pode mudar o mundo. A Gráfica Fidalga, parceira que “lambeu” os muros do país com poesia e luta. À equipe de produção, os famosos dos bastidores. A Fundição Progresso e seus funcionários por acolherem tão carinhosamente o nosso encontro. Ao Circo Voador, a honra foi nossa poder abrir a Bienal lá. Ao Bonde, porque nós apoiamos essa luta. Ao Rio de Janeiro e a magia da Lapa. Ao CPC da UNE, referência de ousadia e rebeldia. A todos os estudantes perseguidos, desaparecidos e mortos durante a ditadura militar, eles são a razão máxima de estarmos aqui hoje, de pé, dando continuidade à caminhada por um país mais justo, solidário e democrático.

O CATÁLOGO DA 9ª BIENAL É UMA PUBLICAÇÃO DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES

Organizadores:RAFAEL MINOROTHIAGO GUIMARÃES

Coordenação editorial:CONTRA REGRAS - COMUNICAÇÃO

Design e projeto gráfico:CASADALAPA>SATO DO BRASIL E MURILO THAVEIRA

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realização

apoio

correalização

patrocínio

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Assista ao vídeo oficial

da 9ª Bienal da UNE

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