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CATALOGO 7 BIENAL DA UNE

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Martinho da Vila e Augusto Chagas em show na Lapa/RJ - 21/01/2011

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CARTADOSPATROCINADORES

6 C A T Á L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

CARTADOSPATROCINADORES

APRESENTAÇÃO

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CARTADOSPATROCINADORES CARTADOSPATROCINADORES

7C A T Á L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

O Brasil vive um momento especial e inédito com a possibilida-de de participação e organização dos jovens em diversas ins-tâncias, com a chance de inclusão pela educação e cultura, da busca por novas alternativas para transformar a realidade. A Bienal da UNE, que completa 12 anos de atividades, é mais um desses espaços de movimentação política e artística da juven-tude para a construção do Brasil dos próximos 500 anos.

Ela é a consolidação do trabalho cultural do movimento estudantil nessa primeira década do século 21, quando a UNE retomou esse impor-tante eixo de atuação. A cultura foi emblemática na história da nossa entidade, principalmente nos anos 1960 com o Centro Popular de Cultura (CPC). Na Bienal, comemoramos 50 anos das experiências desse grupo, do qual fizeram parte algum dos principais nomes do cinema, literatura e música brasileira contemporânea. Também celebramos os 10 anos do Circuito Universitário de Cultura e Arte, criado em 2001 na segunda Bienal. O CUCA da UNE é a iniciativa da nossa geração para dar continuidade a esse legado do CPC até os dias de hoje.

A Bienal se firma, a partir desta 7ª edição, como um dos principais festivais estudantis do mundo. A experiência que parecia ousada demais em 1999, quando foi lançada em Salvador, hoje tor-nou-se um evento de referência para a juventude brasileira. A Bienal e o CUCA conectam Pontos de

Cultura espalhados por todas as regiões brasi-leiras e mantêm ativa a cultura estudantil em constante diálogo com as manifestações do nosso povo. As Bienais são feitas, antes de tudo, por cada jovem que percorre, muitas vezes, dias de viagem para se deslocar do seu estado até a cida-de sede do festival. Jovens que festejam o direito de lutar e lutam pelo direito de festejar.

Nas próximas páginas, você encontra recortes de diversas partes dessa movimentação. Esse catálogo é um mosaico de olhares, de vieses para se percorrer a Bienal da UNE. É uma forma de registrar a amplitude da cultura no movimento estudantil atualmente, assim como imaginar as suas possibilidades ainda não desenvolvidas. A Bienal é o grande palco da diversidade, a realiza-ção de um espetáculo onde os jovens são atores e também diretores. Folheie, conecte-se, ocupe e compartilhe. A Bienal está aí.

Augusto Chagas - Presidente da UNE

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9C ATÁ L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

Em 74 anos de história, a União Nacional dos Estudantes tem como grande marca a luta incansável pela consolidação da democracia no nosso país. Ao longo dos anos, sempre com atuação decisiva em relação às questões fun-damentais da vida brasileira e encampando a bandeira da liberdade, a UNE teve papel de grande importância na formação de lideranças que até hoje têm participação e influência nos destinos do Brasil.

Além da sua atuação política, a UNE sempre foi um canal extraordinário de discussão e propagação da cultura nacional. Nos anos 60, a entidade marcou época com o Centro Popular de Cultura (CPC). Durante o difícil período da ditadura militar, os estudantes oxigenaram a vida cultural do Brasil com uma nova visão político-cultural e a produção de novas formas de expressão. Dos diretórios acadêmicos surgiram movimentos e artistas que fizeram história na música, no cinema, na poesia, na dramaturgia e nas artes plásticas.

O nosso governo sempre manteve uma postura de diálogo e interação com o movimento estudantil. Assim, o apoio à 7ª Bienal da UNE surgiu natural-mente. De mãos dadas com os estudantes, estaremos permanentemente dispostos a incentivar a cultura. Tenho muito orgulho de, quando estudante, ter militado nesse movimento. Trinta anos depois, como governador, sinto uma grande alegria por poder participar desta iniciativa vitoriosa.

Sérgio CabralGovernador do Estado do Rio de Janeiro

Os estudantes oxigenam a vida cultural

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O Rio vive um momento estimulante e a nossa expectativa com relação ao futuro não poderia ser melhor. Uma cidade assim deve olhar seus jovens como a expressão de uma sociedade em evolução, com força e vitalidade para realizar as mudanças necessárias. Sempre acreditei na união da polí-tica com a juventude, vendo nos jovens o futuro da nação. Eu mesmo iniciei na vida pública muito cedo - com apenas 23 anos tornei-me subprefeito. E justamente por saber como as oportunidades e uma boa formação fazem a diferença no rumo da vida dos jovens, já como prefeito atendi a um antigo pleito estudantil: o da meia-passagem para universitários mais carentes, que entrará em vigor no Rio no segundo semestre deste ano.

O patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro à 7ª Bienal da UNE só reforçou este respeito e admiração, reconhecendo um evento que há anos consoli-dou-se como o principal encontro da juventude brasileira e escolheu o Rio como sua sede. Por quase uma semana, 10 mil jovens de diversas partes do país e até do exterior estiveram em nossa cidade e puderam conhecer de perto as belezas cariocas. Mais do que isso, puderam trocar ideias, participar de debates com pensadores e personalidades do meio artístico e promover a integração entre as diferentes expressões culturais brasileiras. Tenho certeza de que foram dias intensos, que os participantes dificilmente esquecerão. E acredito que quem já conhecia o Rio pode perceber a trans-formação pela qual a cidade está passando.

Se o objetivo da 7ª Bienal da UNE foi valorizar a identidade nacional e conec-tar as produções juvenis de todas as regiões do Brasil, não tenho dúvidas de que a meta foi alcançada. A cidade do Rio – que vai ser sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 – comprova, cada vez mais, que é um destino acolhedor e democrático. Agradeço, em nome dos cariocas, a escolha da nossa cidade para sediar o evento. Estamos sempre de braços abertos para receber, surpreender e inspirar os nossos visitantes. Essa é a essência do carioca, essa é a vocação do Rio de Janeiro.

Eduardo PaesPrefeito da cidade do Rio de Janeiro

Uma cidade de braços abertos

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O maior evento de estudantes da América Latina é a Bienal da UNE. Me senti útil ao participar da 5ª Bienal de Arte e Cultura que aconteceu no Rio de Janeiro em 2007, com alusão à África, cujo tema foi “Brasil-África: Um Rio chamado Atlântico” inspirado no livro homônimo do escritor Alberto da Costa e Silva. Foi um sucesso.

Participei ativamente também da 7ª edição, que novamente aconteceu no Rio em janeiro de 2011, naturalmente porque foi em homenagem ao samba e a temática foi “Brasil no Estandarte, o Samba é Meu Combate”. Maior sucesso ainda e mais emocionante.

Já está sendo planejada a próxima, que acontecerá em ... e eu acredito, com certeza, que será o maior evento cultural daquela cidade.

O que mais me emocionou nos eventos que participei foi a união dos estu-dantes dos mais longínquos recantos do Brasil, a capacidade de organização dos jovens e a liderança da diretoria da UNE.

Um passarinho me diz que, num futuro bem próximo, alguns dos atuais diri-gentes irão ocupar postos de comando nas suas cidades, nos seus estados e até nos poderes da nossa República.

Avante rapaziada!

Martinho da Vila

Bienal da UNE, sempre sucesso

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Elza Soares em show na Lapa/RJ - 20/01/2011

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Organizadores

Rafael Minoro Tiago Alves

Este livro é dedicado a três

divindades negras do samba:

Dona Ivone Lara,

Jovelina Pérola Negra e

Clementina de Jesus

1823JANEIRO2011

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15C ATÁ L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

ÍNDICE

Prefácio_ __________________ 16

Entrevistão_da_Contra_ ________ 20

História_da_UNE______________ 28

A_UNE_e_a_cultura_ ___________ 40

História_das_Bienais__________ 50

CUCA_10_anos_ ______________ 78

Manifesto_da_7ª_Bienal_________ 90

Números_da_7ª_Bienal_ ________ 94

13º_CONEB_ ________________ 96

Diário_de_um_estudante_______ 104

Lado_C_ __________________ 112

Abertura_+_Aula_Espetáculo____ 118

Buteco_Literário_ ___________ 124

Palco_Praia________________ 130

Arena_Radical_+_Arena_Praia_ __ 136

Artes_Cênicas_ _____________ 142

Museu_da_República_ ________ 148

UNE_canta_Brasil____________ 154

Shows____________________ 160

Culturata_ ________________ 166

Homenageados_da_7ª_Bienal_ __ 172

Making_Off_e_dados_técnicos____ 174

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CARTADOSPATROCINADORES

16 C A T Á L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

CARTADOSPATROCINADORES

PREFÁCIO

Beth CarvalhoMadrinha da 7a Bienal da UNE

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CARTADOSPATROCINADORES CARTADOSPATROCINADORES

17C A T Á L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

Antes de tudo, gostaria de parabenizá-los pela iniciativa e agradecer à direção e a toda a equipe da UNE pelo gentil convite e pela oportunidade de participar da 7ª Bienal da UNE, que trouxe como tema “Brasil no estandarte, o samba é meu com-bate”. Como sambista, fico muito feliz com essa homenagem, que considero bastante justa.

Desde o seu nascimento, o samba foi o gênero que melhor representou a alegria e também o que melhor manifestou a indignação do povo brasileiro. O samba é uma música revolucionária, que democratiza tudo. Basta se sentar numa roda de samba para perceber: todos ficam iguais, não existe hierarquia.

Sempre me identifiquei com o samba e me inte-ressei por política. E na minha concepção, cantar samba é um ato político, porque o samba é a música do povo. Através dele, podemos nos fazer ouvir e lutar por um país mais justo, com menos desigualdade.

Espero que o registro desse encontro ajude-nos a refletir e valorizar ainda mais o samba e as raízes brasileiras.

Um abraço e boa leitura.

Com carinho,

Beth Carvalho

O samba é uma música revolucionária

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Beth Carvalho, Augusto Chagas e Luiz Carlos Miele na abertura da 7ª Bienal na Cidade do Samba/RJ - 18/01/2011

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ENTREVISTÃODACONTRA

Bloco dos Valetes na Culturata da 7ª Bienal - 22/01/2011

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O samba não pode parar

Um festival do tamanho da Bienal ainda rever-bera tempos depois. Seja nas redes sociais ou em bate papos nas rodas de estudantes por aí, em algum momento alguém vai lembrar o dia, no Rio de Janeiro, em que o Martinho da Vila cantou aquela música e levantou a bandeira da UNE em uma Lapa lotada...

Pois duas figuras importantes para a realização da Bienal volta-ram ao Rio no outono, em maio de 2011, exatamente passados quatro meses, sem o calor do sol e dos milhares de estudantes, de todos os lugares, que dividiram suas ideias e vontades durante aquele verão da capital carioca. A proposta não era falar exata-mente da 7ª Bienal, mas conversar sobre temas diversos, como o papel do movimento estudantil no Brasil de hoje, as recentes políticas públicas para a juventude, o debate sobre a cultura e as novas formas de socialização e integração dos estudantes neste início de século.

Deu certo. Entrevistados pela equipe da Contra Regras, produtora e agência de comunicação responsável pela Bienal, o presidente da UNE, Augusto Chagas, e o diretor de Cultura da entidade e co-ordenador geral do festival, Fellipe Redó, responderam algumas perguntas para compor e complementar esse catálogo.

No lugar do Aterro do Flamengo, principal local das atividades da Bienal, o reduto agora é o bairro de Santa Teresa, na sede carioca da Contra, um casarão bucólico que permite a visita eventual de miquinhos, talvez habitantes ali da

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Floresta da Tijuca, e o olhar curioso dos turistas que sobem o morro dentro do charmoso e já tradicional bonde do santê. Ao som, claro, de samba na vitrola e dividindo algu-mas canecas de café, as memórias foram colocadas a funcionar nessa entrevista especial que vocês confe-rem a seguir:

O que é uma Bienal da UNE? Qual o diferencial em relação a outros festivais, encontros e fóruns da juventude brasileira?

Augusto Chagas: Após a retomada da atividade cultural da UNE, princi-palmente em 1999 com a realização da 1ª Bienal, essa tem sido uma grande celebração do movimento estudantil, o ponto maior de um processo cultural que se desenvolve ao longo dos anos nas universida-des brasileiras. A Bienal é o grande encontro da diversidade na rede do movimento. Diferentemente de outros fóruns, como o Congresso da UNE e os conselhos de entidades, a Bienal é um espaço mais plural, arejado, onde a saudável disputa política dá espaço à livre manifes-tação da juventude em suas muitas particularidades. Uma característica da Bienal é ser temática, trazendo para a reflexão importantes assuntos sobre a formação do povo brasileiro. O festival é organizado ao redor de mostras artísticas desenvolvidas pela juventude. Entretanto, a partir dos painéis, conferências e debates o en-contro também permite que se trate das grandes questões nacionais, prá-tica comum ao movimento estudantil durante toda a sua história.

Quando a Bienal surgiu, em 1999, o modelo e o formato eram inova-dores, agregando diversas áreas e abrindo espaço para a intervenção de uma grande parte da juventude. Essa visão ainda se sustenta? Como o festival tem evoluído sua concep-ção ao longo dos anos? Qual a pers-pectiva de formato para o futuro?

Fellipe Redó: O século 21 traz como característica o desafio das novas formas de organização coletiva, per-mitindo, em alguns casos, a supera-ção do tempo e espaço, consideradas as novas formas de comunicação e socialização com as novas tecnolo-gias. Iniciativas como a Bienal devem se incomodar frente a esse cenário, talvez, utilizando mais os ambientes virtuais, transmissão online, redes sociais, mostras e exposições em formato digital e um monte de outras coisas bacanas que existem hoje para aproximar o festival do público em geral. Além disso, é necessário criar interatividade dentro de um processo colaborativo, desde a con-cepção e durante toda a preparação do evento. Certamente, precisare-mos avançar nesse debate.

AC: Outro desafio, que interfere di-retamente no formato que o festival vai ter, diz respeito à abrangência da sua proposta. A diversidade da manifestação juvenil é sempre mais ampla do que podemos imaginar. A proposta inicial da Bienal envolvia arte e cultura. Foram incorporadas nas edições seguintes a ciência e tecnologia. Na última edição trouxemos o esporte no contexto da realização dos grandes eventos

ENTREVISTÃODACONTRA

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esportivos no Brasil, Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016. Portanto, cada nova Bienal, acompanhando as demandas e expectativas da juven-tude de seu tempo, repensará o seu formato. Ainda precisamos incluir de maneira mais firme a temática do meio ambiente, da economia solidária e do conhecimento livre, por exemplo.

Qual a influência hoje das Bienais e da cultura na agenda do movimento estudantil?

AC: Entendemos que o movimento estudantil tem um envolvimento ve-nal com as principais questões po-líticas do país, sendo catalisador, ou até mesmo protagonista, de grandes mudanças no decorrer da História. Todavia, apesar da importância dessa movimentação política, ainda há que se despertar mais a rede estudantil para a cultura. No cenário atual, as Bienais já cumprem um grande papel mobilizando milhares de jovens de todo o país, mantendo a rede ativa e conectada. No entanto, o ideal seria que a cultura surgisse de forma espontânea e central na base, nos CAs, DAs, DCEs de cada universidade, sempre apoiados nas ideias e ações dos CUCAs.

A Bienal já abordou a relação do Brasil com a África e com a América Latina, as raízes do povo brasileiro e a cultura popular. Como é vista a questão dos temas, marcante em todas as Bienais? Qual a impor-tância de ser um evento temático a cada nova edição?

FR: O tema não é tudo em uma Bienal, mas sempre norteia e faz um recorte para a concepção e desenvolvimento do festival. Desde a primeira edição tratamos de questões estruturantes da cultura e formação do povo brasileiro até como uma extensão da história do movimento estudantil, sempre ligadas aos principais acontecimen-tos do país. Contudo, sabemos que em algum momento será preciso ousar e caminhar em direção a novos temas que tratem da juven-tude no seu aspecto cosmopolita, universal, considerando que, nessa

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nova sociedade da informação, as possibilidades de conexão são praticamente ilimitadas. A Bienal é um misto, investe tanto no formato quanto no tema. Voltando àquela questão anterior, acho que esse pode ser apontado como, talvez, um dos principais diferenciais do nosso festival.

Como_e_por_que_o_samba_foi_esco-lhido_como_tema_da_7ª edição?

FR: O Brasil é um país musical e o samba tem um papel muito im-

portante na cultura nacional. Vale dizer que o samba se manifesta em muitas dimensões. Não é só o ba-tuque, samba é uma expressão, um jeito de enfrentamento de determi-nada situação. É uma manifestação versátil por natureza devido a sua miscigenação e origem incerta. O interessante é que, como o samba é a marca da diversidade do povo brasileiro, a Bienal do samba abriu espaço também para o hip hop, para o rock, para os esportes radicais, constituindo assim a sua identidade.

AC: Nosso desafio foi trazer tam-bém o exemplo do samba como reflexo do espírito combativo do povo brasileiro que, apesar de toda a dificuldade do dia a dia, não se furta a levantar, sacudir a poeira e fazer carnaval. Tentamos transmitir por meio do samba essa dimensão de felicidade não-gratuita do povo brasileiro. Ser feliz é uma forma de combate.

A cultura no Brasil parece viver um novo paradigma no que se refere às grandes questões nacionais. Qual o olhar de vocês sobre isso e para onde a cultura pode estar cami-nhando?

FR: No último período, vivemos, felizmente, avanços sem preceden-tes ao olhar a construção de políticas públicas para a cultura. Passamos a entendê-la de forma mais abrangen-te, em suas esferas ética, estética e econômica. É muito satisfatório observar, por exemplo, o processo de refundação da indústria cinemato-gráfica brasileira, a implementação

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de programas como o Cultura Viva, a criação de Pontos de Cultura pelo país e o aumento de investimento na cultura. Hoje, o debate sobre a cultu-ra se estende a temas como direito autoral e conhecimento livre, que de certa forma interferem na pauta da educação e do desenvolvimento nacional. Acho, sinceramente, que é na cultura brasileira que está a chave para mediar, em busca de uma cultura de paz, muitos conflitos de intolerância e preconceito que encontramos pelo mundo.

A 7ª Bienal abriu a série de grande eventos no Rio de Janeiro. Qual a re-lação não somente da Bienal mas da própria UNE com a capital carioca?

AC: Foi muito emocionante para o movimento estudantil retornar ao Rio nesta Bienal. Da última vez que o festival esteve aqui, em 2007, o evento foi marcado pela retomada do terreno da UNE na Praia do Fla-mengo, 132. Ou seja, o Rio de Janei-ro e a Bienal estão marcados em um dos principais capítulos da história da juventude brasileira. Quatro anos depois, retornar ao Rio após o lan-çamento da pedra fundamental das obras de nosso novo prédio naquele local é marcante para todos nós.

FR: Essa é a terceira vez que o evento acontece no Rio, agora, com a característica de preceder diver-sos mega eventos. Além da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o Rio receberá nesta década os Jogos Militares, a Copa das Confedera-ções, o Rock in Rio e muito outros. O mundo está se voltando para o Rio,

que pode ser uma cidade reflexo dos valores brasileiros da diversida-de, da boa convivência e das práticas solidárias. De certa forma, durante esse período, todos nós brasileiros seremos um pouco mais cariocas.

Quais os desafios para estender toda essa mobilização durante o período de intervalo entre uma e outra bienal?

FR: Para que todo esse movimento se mantenha ao longo de dois anos, o movimento estudantil criou uma rede chamada Circuito Universitá-rio de Cultura e Arte, os CUCAs da UNE, que interagem com outras redes e desenvolvem atividades dentro e fora das universidades. Devemos propor pautas culturais que mobilizem essa rede durante todo o ano, e que a própria Bienal seja mais processual do que um evento de dois em dois anos. Assim conseguiremos colocar na pauta novos encontros, inclusive para os anos que não tenham Bienal. As Caravanas da UNE que percorrem o Brasil são exemplos disso.

AC: Os fóruns da UNE também são importantes articuladores e am-plificadores dessa mobilização. É importante que os CUCAs sempre tenham uma participação desta-cada nesses espaços e em outros, como as atividades dos movimentos socais, sendo os organizadores das intervenções culturais. O grande desafio atualmente é também utilizar as redes sociais e manter a rede organizada e em constante mobilização.

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Passista na abertura da 7ª Bienal na Cidade do Samba/RJ - 18/01/2011

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HISTÓRIADAUNE

Honestino Guimarães, presidente da UNE assassinado pela ditadura militar

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O primeiro curso superior do Brasil foi criado em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao país. Durante todo o século 19, o ensino superior brasileiro esteve restrito a uma parcela extremamente limitada da população, com pouquíssimas instituições no país. No entanto, logo no início do século 20, com o cresci-mento da industrialização e das cidades, os estudantes também cresceram em número e importância.

O movimento estudantil tem seus primórdios em 1901, quando é criada a Federação dos Estudantes Brasileiros, entidade pioneira, porém com pouco tempo de atuação. Já em 1910 é realizado o I Congresso Nacional de Estu-dantes, em São Paulo. O rápido aumento do número de escolas, nas primei-ras décadas do século, acompanhou também a rápida organização coletiva dos jovens, que, desde o início de sua atuação, estiveram envolvidos com as principais questões do país. A partir da Revolução de 1930, a politização do ambiente nacional levou os estudantes a atuarem firmemente em organizações como a Juventude Comunista e a Juventude Integralista. A diversidade de opiniões e propostas crescia, assim como o desejo de todos em formar uma única entidade repre-sentativa, forte e legítima, para promover a defesa da qualidade de ensino, do patrimônio nacional e da justiça social.

Fundação_da_UNE_e_primeiras_lutasNo dia 11 de agosto de 1937, na Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, o então Conselho Nacional de Estudantes conseguiu consolidar o grande projeto, já almejado anteriormente algumas vezes, de criar a entidade máxima do estudantes. Reunidos durante o encontro, os jovens a

Antes da UNE

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batizaram como União Nacional dos Estudantes. Desde então, a UNE começou a se organizar em reuni-ões anuais e a buscar articulação com outras forças progressistas da sociedade. O primeiro presidente oficial da entidade foi o gaúcho Val-dir Borges, eleito em 1939.

Os primeiros anos da UNE acompa-nharam a eclosão do maior conflito humano da história, a 2ª Guerra Mundial. Os estudantes brasilei-ros, recém-organizados, tiveram ação política fundamental no Brasil durante esse processo, opondo-se

desde início ao nazi-fascismo de Hitler e pressionando o governo do presidente Getúlio Vargas a tomar posição firme durante a guerra. Entraram em confronto direto com os apoiadores do fascismo, que buscavam maior espaço para essa ideologia no país. No calor do con-flito, em 1942, os jovens ocuparam a sede do Clube Germânia, na Praia do Flamengo 132, Rio de Janeiro, tradicional reduto de militantes nazi-fascistas. No mesmo período, o Brasil entrava oficialmente na guerra contra o Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. Naquele

HISTÓRIADAUNE

(1) Corpo do estudante Edson Luís, assassinado

por militares no restaurante Calabouço,

no RJ, em março de 1968;

(2, 3 e 4) Manifestações da UNE contra a ditadura

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mesmo ano, o presidente Vargas concedeu o prédio ocupado do Clube Germânia para que fosse a sede da União Nacional dos Estudantes. Além disso, pelo Decreto-Lei n. 4080, o presidente oficializou a UNE como entidade representativa de todos os universitários brasileiros.

Anos_50_e_início_da_década_de_60Após a guerra, a UNE fortaleceu a sua participação e posicionamento frente aos principais assuntos na-cionais, fortalecendo o movimento social brasileiro em ações como a

defesa do petróleo, que começava a ser mais explorado no país. Após a promulgação da Constituição de 1946, foi travado um grande debate entre os que admitiam a entrada de empresas estrangeiras para a extração, e os que defendiam o monopólio nacional. A UNE foi protagonista nesse momento com a campanha “O Petróleo é Nosso”. A luta prosseguiu até 1953, quando se deu a criação da Petrobras.

Durante os anos 50, houve muita disputa pelo poder na entidade,

HISTÓRIADAUNE

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32 C ATÁ L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

um embate diretamente ligado aos principais episódios políticos do país, como a crise política do governo Vargas que levaria ao seu suicídio em 1954. Após o governo de Juscelino Kubitschek, foram eleitos Jânio Quadros e João Goulart, o Jango. Nesse período a União Nacional dos Estudantes e outras grandes instituições brasileiras

formaram a Frente de Mobilização Popular. A UNE defendia mudanças sociais profundas, dentre elas, a reforma universitária no contexto das reformas de base propostas pelo governo.

A renúncia de Jânio Quadros em 1961 e a turbulência acerca da posse do vice João Goulart fizeram a

UNE transferir momentaneamente sua sede, no ano 1961, para Porto Alegre. Ali, os estudantes tiveram atividade vital na chamada Campa-nha da Legalidade, movimento de resistência para garantir que Jango fosse empossado. Quando conse-guiu chegar o poder, o presidente foi o primeiro da história a visitar a sede da UNE, já no Rio de Janeiro.

Desde aquele período, crescia a tensão entre os movimentos sociais e os grupos conservadores da so-ciedade, entre eles os militares, que tentavam intimidar e coibir as ações da UNE.

Em 1962, a UNE lançou um projeto ousado, a mobilização a partir de caravanas que rodariam o Brasil.

HISTÓRIADAUNE

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33C ATÁ L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

A primeira delas, que aconteceu naquele ano, foi a UNE Volante, que, em conjunto com o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, contribuiu para consolidar a dimensão nacio-nal da entidade em todo o território do Brasil. Durante dois meses, a UNE foi ao encontro de estudantes de várias partes do país para deba-ter a necessidade das reformas e entender a realidade brasileira com seus contrastes e potencialidades. Em 1964, o presidente da UNE, José Serra, foi um dos principais orado-res do comício da Central do Brasil, que defendia as reformas sociais no país e foi um dos episódios que antecederam o golpe militar.

A_ditadura_militar_de_1964_a_1985A primeira ação da ditadura militar brasileira ao tomar o poder em 1964 e depor o presidente João Goulart foi metralhar, invadir e incendiar a sede da UNE, na Praia do Flamen-go 132, na fatídica noite de 30 de março para 1º de abril. Ficava clara a dimensão do incômodo que os militares e conservadores sentiam em relação à entidade. A ditadura perseguiu, prendeu, torturou e executou centenas de brasileiros, muitos deles estudantes. O regime

militar retirou legalmente a repre-sentatividade da UNE por meio da Lei Suplicy de Lacerda e a entida-de passou a atuar na ilegalidade. As universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas reprimidos, o Brasil escurecia. Em 1966, um protesto em Belo Horizonte na Faculdade de Direito é brutalmente reprimido. No mesmo ano, também na capital mineira, a UNE realiza um congresso clandestino no porão de uma igreja. Já no Rio de Janeiro, na Faculdade de Medicina da UFRJ, a ditadura reprime com violência os estudantes no episódio conhecido como Massacre da Praia Vermelha.

Apesar da repressão, a UNE conti-nuou a existir nas sombras da dita-dura, em firme oposição ao regime, como aconteceu no ano de 1968, marcado por revoluções culturais e sociais em todo o mundo. Foi quan-do estudantes e artistas engrossa-ram a passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, pedindo democracia, liberdade e justiça. No entanto, os militares endureciam a repressão em episódios como o assassinato do estudante secundarista Édson Luis e a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna (SP), com a prisão de

HISTÓRIADAUNE

(1) José Serra discursa no Congresso de reconstrução da UNE, em 1979, em Salvador/BA;

(2) Luís Travassos lidera protesto contra a ditadura;

(3) Sede na Praia do Flamengo 132/RJ após incêndio criminoso do regime militar

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cerca de mil estudantes. No fim do mesmo ano, a proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5) indica-va uma violência ainda maior.

Nos anos seguintes, a ditadura torturou e assassinou estudantes como a militante Helenira Rezende e o presidente da UNE, Honestino Gui-marães. Mesmo assim, o movimento estudantil continuou nas ruas, como nos atos e missa de 7º dia da morte do estudante da USP, Alexandre Vannucchi Leme, em 1973.

Ao final dos anos 70, com os pri-meiros sinais de enfraquecimento do regime militar, a UNE começou a se reestruturar. O Congresso de reconstrução da entidade aconteceu em Salvador, em 1979, reivindicando mais recursos para as universi-dades, defesa do ensino público e gratuito, e exigindo a libertação de estudantes presos no Brasil. No início dos anos 80, os estudantes tentaram também recuperar sua sede na Praia do Flamengo, mas foram duramente reprimidos e os militares demoliram o prédio.

Diretas_Já_e_Fora_Collor_Com o fim da ditadura militar, o movimento estudantil voltou às ruas para defender suas bandeiras históricas e a consolidação da de-mocracia no país. Em 1984, a UNE participou ativamente da campanha das “Diretas Já”, com manifesta-ções e intervenções importantes nos principais comícios populares da-quele período. A entidade também apoiou a candidatura de Tancredo Neves à presidência da República.

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Em 1985, foi aprovado pelo Congres-so Nacional o projeto, de autoria do deputado e ex-presidente da UNE, Aldo Arantes, que trazia a entidade de volta para a legalidade.

Durante as eleições de 1989, a UNE se posicionou contra o proje-to defendido pela candidatura de Fernando Collor de Melo, criticando seu aspecto neoliberal e distante das reformas históricas defendidas pelo movimento social. Quando o presidente envolveu-se em escân-dalos sucessivos de corrupção, o movimento estudantil teve papel predominante na mobilização dos brasileiros com o movimento dos jovens de caras pintadas na cam-panha “Fora Collor”. Em 1992, após

(1) Manifestação no final da década de 1990 contra

as políticas neoliberais do governo FHC;

(2 e 3) O “Fora Collor” de 1992 e a volta dos caras

pintadas;

(4) Gustavo Petta, único presidente reeleito da UNE

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enormes manifestações estudantis com repercussão em todo o país, o presidente renunciou ao cargo para não sofrer processo de impeach-ment pelo Congresso Nacional.

A_UNE_e_a_nova_democracia_brasileiraApós as turbulências da redemo-cratização do Brasil, o movimento estudantil passou a conviver, a partir de 1994, com novos desafios em um período de maior estabilidade políti-ca. Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que ganhou duas eleições seguidas, as principais pautas dos estudantes foram a luta contra o neoliberalismo e a privatização do patrimônio na-cional. Foi uma época de embate do governo federal com os movimen-tos sociais, marcando o período de menor diálogo e negociação da UNE com o poder executivo na história, à exceção do regime militar.

A UNE posicionou-se firmemente con tra a mercantilização da edu-cação, promovida pela gestão FHC. Durante seu governo, foram privile-

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giadas as instituições particulares de ensino, com o sucateamento das universidades públicas e atrito constante com professores, funcio-nários e estudantes das federais de todo o país. Outras bandeiras da UNE foram contra os abusos nas mensalidades do ensino particular e contra o Provão, sistema de avalia-ção institucional aplicado sobre as universidades brasileiras.

O ano de 1999 marca a retomada do trabalho cultural da entidade com a realização da 1ª Bienal da UNE. No mesmo ano, o presidente cubano Fidel Castro participou do congres-so da UNE em Belo Horizonte, no ginásio do Mineirinho. Já em 2001, é lançado o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UNE.

Em 2002, uma grande coalizão das forças populares e democráticas

do Brasil conduziu o metalúrgico e sindicalista Luís Inácio Lula da Silva à presidência do país. Os estudantes apoiaram a candidatura Lula após um plebiscito nas universidades. Durante a gestão do novo presiden-te, que também seria reeleito como seu antecessor, os estudantes rea-briram o canal histórico de interlo-cução com o governo federal. Assim como Jango, Lula, por duas vezes, visitou pessoalmente a sede da UNE na mesma Praia do Flamengo 132.

A UNE avançou em suas reivindica-ções, defendendo a reforma univer-sitária, com aumento do acesso e permanência dos jovens brasileiros no ensino superior. Em 2004, foram realizadas duas caravanas da UNE por diversos estados do país, levan-do aos estudantes temas como a própria reforma e também a cultura. Foram elas a “Caravana UNE pelo Brasil” e a “Caravana Universitária de Cultura e Arte - Paschoal Carlos Magno”. O resultado da atuação da entidade e do debate sobre a refor-ma foi a criação, junto ao governo federal, de programas como o ProU-ni, que garante bolsas em universi-dades particulares para estudantes de baixa renda, e o Reuni, programa de expansão das vagas em universi-dades públicas. Em 2005, o estudan-te paulista Gustavo Petta se torna o primeiro presidente reeleito da UNE.

Em 2007, após uma grande ma-nifestação no Rio de Janeiro, os estudantes ocuparam o terreno de sua antiga sede, na Praia do Flamengo, que havia sido demo-lido pela ditadura militar e estava

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de posse de um estacionamento clandestino. Após a ocupação e com a montagem de um acampamento que se prolongou por meses, a UNE ganhou na justiça a posse do local e, alguns anos depois, o reconheci-mento completamente unânime do Congresso Nacional de que o Estado brasileiro tinha uma dívida com os estudantes pela invasão, incêndio e demolição da sua sede. Em 2010, um dos últimos atos do presidente Lula no cargo foi inaugurar, no local, as obras para a reconstrução do prédio da UNE.

A_UNE_no_século_21Neste início de século 21, o movi-mento estudantil diversificou sua atuação, em direção às principais demandas da juventude brasileira. A UNE se mobiliza em grandes Bienais, que valorizam áreas como ciência, tecnologia e esporte, em movimentos de estudantes negros, mulheres, gays, lésbicas e outros grupos. Em 2008, a entidade reali-zou mais uma caravana nacional, desta vez pautando também temas como a saúde e qualidade de vida da população jovem brasileira. Além disso, a UNE tem papel central na Organização Continental Latino-

Americana e Caribenha de Estudan-tes (OCLAE), integrando suas lutas às dos jovens dos demais países. O movimento estudantil brasileiro hoje defende bandeiras como a do software livre, inclusão digital, meio ambiente, segurança pública e o protagonismo positivo do Brasil, enquanto nação emergente, no novo cenário mundial.

Em 2010, a UNE apoiou no 2º turno a candidatura de Dilma Rousseff, ex-militante estudantil e primeira mulher presidente do Brasil. Duas conquistas históricas nesse período marcaram o movimento estudantil: a aprovação da PEC da Juventude no Congresso Nacional, incluindo na Constituição o termo juventu-de, dessa forma reconhecendo os direitos dessa parcela da sociedade, e a aprovação da emenda ao projeto de lei do Pré-sal, que garante a des-tinação de 50% do fundo social que irá gestar os recursos da camada do novo petróleo brasileiro para a educação.

(1) Lula, Sérgio Cabral e Eduardo Paes inauguram pedra fundamental da nova sede da UNE;

(2) Oscar Niemeyer recebe diretores da UNE;

(3) Fidel Castro participa do 46ª Congresso da UNE

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Porta-Bandeira na abertura da 7ª Bienal na Cidade do Samba/RJ - 18/01/2011

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Aldo Arantes organiza caravana UNE Volante

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Do CPC aos CUCAs

Com a arte, conseguimos transformar o movimento em dança, o grito em canto e reproduzir, pela imagem e pelo gesto, as emoções que contemplamos. Na história do movimento estudantil, como na história de diversos outros movimentos, a arte também impulsionou gran-des transformações sociais. Essa, inclusive, foi uma das principais marcas de atuação da UNE. Em mais de 70 anos de história, a relação entre cultura e movi-mento estudantil foi por vezes interrompida, por vezes estimulada, mas, quando consolidada, aproximou ainda mais a entidade dos estudantes de todo Brasil.

Junto com a criação da UNE, a história do movimento cultural estudantil já começava a desenhar, em 1937, os jeitos e trejeitos de uma juventude que ganhava espaço em todos os âmbitos da sociedade. Prova disso é que, neste ano, Paschoal Carlos Magno, considerado um dos fundadores da direção teatral no país, criou um grupo entre os estudantes e, em 1938, durante o II Congresso dos Estudantes, o tema despertou interesse. Nasceu, em lugar de destaque nos documentos desse encontro, o Teatro Universitário, com a ideia ousada de encenar o clássico Romeu e Julieta, de Shakespeare.

Entendia-se por Teatro Universitário não propriamente uma categoria tea-tral, mas, sobretudo, um olhar inovador e menos convencional sobre a cena. Já na década de 1940, por meio principalmente das artes cênicas, a entidade passou a ter um trabalho organizado com a criação do TPE (Teatro Paulista dos Estu-dantes), de diversos festivais estudantis por todo

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o país e de uma relação intensa com intelectuais e artistas, tendo o próprio Paschoal Carlos Magno como seu grande incentivador.

Também nesta época, em 1944, nasceu o Teatro Experimental do Negro. Idealizado, fundado e diri-gido por Abdias do Nascimento, o TEN, como era chamado, tinha em seu objetivo a valorização do negro e a criação de uma nova dramatur-gia. O projeto englobava o trabalho pela cidadania do ator, por meio da conscientização e também da alfa-betização do elenco, recrutado entre operários, empregadas domésticas, favelados sem profissão definida e modestos funcionários públicos. A UNE cedeu salas em sua sede para que esse experimento pudesse de fato se concretizar. O TEN fez sua estreia em maio de 1945, no Thea-tro Municipal do Rio de Janeiro.

Anos_60,_a_arte_resiste_à_ditaduraOs tempos eram de transformação. Revoluções no mundo, mudanças na música, no comportamento, nas roupas e nas propostas de alteração de uma realidade que não convivia mais em harmonia com o contexto. Na sede da Praia do Fla-mengo 132, a entidade promoveu um movimento emblemático para a história brasileira, o Centro Popular de Cultura da UNE.

O CPC reunia um grupo grande de jovens que, sem medo de despertar polêmicas, dispunha-se a fazer arte e política. Uma de suas inspirações foi o Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife, onde atuava o educador Paulo Freire, quem mais tar-de veio a ser uma das principais referências para a educação no Brasil. Mas a filosofia do CPC era inversa à do MCP. O CPC que-ria transmitir cultura ao povo, especialmente a cultura marxista. Já o MPC queria dinamizar a cultura que já existia no povo.

Por isso, muito mais do que um espaço, tratava-se de um acontecimento estético e político do movimento estudantil, com

a participação de personagens como Vinícius de Moraes, Ferreira Goulart, Cacá Diegues, Carlos Lyra, Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha) e Gianfran-cesco Guarnieri. O teatro, a música e a poesia eram utilizadas com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre o quadro político e também como instrumentos que lhe permi-tissem transformar a realidade.

Ele era organizado na forma de de-partamentos: de teatro, de música, de cinema, de literatura, de arqui-tetura, de alfabetização de adultos. Tinha também um departamento de relações externas, criado exclusi-vamente para ajudar a organizar núcleos em outros locais. Foram criados CPCs na Bahia, em Minas Gerais, uma quantidade enorme no Rio Grande do Sul; só na Guanabara (antigo estado do Rio) foram criados cinco CPCs, além de Niterói e dos bairros suburbanos.

Entre as experimentações e pro-duções, vale destacar o início do movimento cineclubista e seu auge com a produção do filme 5x Favela, um clássico do cinema nacional. A realização desse longa-metragem nos moldes e na ideologia do CPC abriu espaço para a discussão do que seria um cinema livre, sem compromisso com uma linguagem preestabelecida, sem o propósito didático, mas voltado firmemente para a realidade brasileira. Com a iniciativa, voltava-se o olhar do asfalto para as comunidades que, já então, cobriam os morros do Rio de Janeiro de uma realidade rica em contradições. Cinco diretores

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surgiram daquele filme de 1961, alguns se tornando ícones do então nascente movimento do Cinema Novo, caso de Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirzman e Cacá Diegues. Foi Diegues, justamente, quem assinou uma nova e elogiada versão do filme em também cinco episódios, em 2010. No começo da década de 1960, mais precisamente em 1962, a UNE inovou e lançou o projeto de mobilização a partir de caravanas que rodariam o Brasil. A primeira delas, organizada ainda naquele ano, foi a UNE Volante, uma cara-vana composta por 20 membros do CPC e cinco da diretoria da UNE. Durante dois meses, os estudantes visitaram quase todas as capitais e, em todas as cidades aonde chegava, a caravana realizava assembleias (foram mais de 200 reuniões com as lideranças estudantis). Discutiam os principais temas de interesse da juventude e ainda apresentavam as peças do CPC, disseminando tam-bém núcleos nos estados (Glauber Rocha, por exemplo, fez parte do CPC da Bahia). Depois de viajar por praticamente todo país, o movimen-to estudantil se tornou muito mais estruturado e a cultura um tema cada vez mais próximo.

Em 1965, o Teatro da Universidade Católica, o TUCA, surgiu na PUC-SP com a encenação épica de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Após bem-sucedida temporada de apresentações, a produção apresentou-se no festival universitário de Nancy, na França,

arrebatando nada menos que a primeira colocação. O sucesso foi saudado pela mídia, pelos intelec-tuais e pelo conjunto do movimento estudantil, que vislumbrou não só no teatro como nas artes em geral uma alternativa para a militância.

Mesmo com a ditadura militar, o debate, a produção e a circulação de bens culturais aconteciam com efervescência dentro das universi-dades. Os cineclubes espalhados nas instituições de ensino superior do país se consolidaram como a atividade principal dos estudantes e serviram de palco de articulação e resistência política.

Novos_tempos,_novos_projetosDe lá para cá, as questões políticas que envolveram as entidades estu-dantis – a repressão, a clandestini-dade e a reorganização – determi-naram um período de efervescência das atividades culturais ligadas ao movimento estudantil.

A UNE voltou a estimular os jovens a participarem ativamente do cená-rio cultural e retomou, em 1992, a política de emissão de carteiras de validade nacional, documento que garantia o direito a descontos para estudantes em cinemas e teatros. O sistema de meia-entrada estudan-til no Brasil existe desde a década de 1930, mas foi descaracterizado em vários momentos da história. A carteira representa uma política avançada, pois garante ao estudante a complementação de seus estudos a partir do acesso a espaços que fazem parte da formação plena do indivíduo.

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Na tentativa de retomar e ampliar ainda mais suas frentes de atuação, a entidade voltou à cena cultural com vigor em 1999, quando realizou, na cidade de Salvador, na Bahia, sua 1ª Bienal. O festival se propunha a abrir espaço para o que estava sendo produzido em diversas áreas

e promover um intenso debate em torno das políticas públicas formula-das para o setor.

O ano de 2001 representou um salto maior ainda, pois permitiu a reflexão de que, mais que promover um evento de dois em dois anos, era

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Chico Buarque e Vinícius de Moraes na passeata

dos Cem Mil - 26/06/1968

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preciso criar um instrumento que desse conta de desenvolver um tra-balho permanente no cotidiano do movimento estudantil. Na 2ª Bienal (Rio de Janeiro) surgiu um instru-mento semelhante ao antigo CPC da UNE, mas com uma roupagem diferente daquela dos anos 1960.

Era preciso ter a cara dos estudan-tes de seu tempo. Nasceu o Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE. Ele seria o elo de continuidade do trabalho entre as Bienais, acumulando debates sobre a área de cultura, realizando even-tos e intervenções.

Os estudantes também voltaram para a estrada 42 anos depois do ineditismo inaugurado pela UNE Volante. Desta vez, chamada de Ca-ravana UNE pelo Brasil, a viagem foi toda realizada a bordo de um ônibus. Entre os meses de abril e maio de 2004, uma equipe de atores, produ-tores, documentaristas, artistas e diretores da entidade percorreram 25 cidades brasileiras, sendo 18 capitais, passando por 31 instituições de ensino, nas cinco regiões do país. O objetivo principal de toda essa mo-bilização foi ouvir a opinião da juven-tude brasileira sobre a educação su-perior , com a finalidade de construir um projeto de reforma universitária que contemplasse as demandas do movimento estudantil. Dentro do ônibus da Caravana da UNE viajava junto com os dirigentes estudantis o grupo Teatro de Guerrilha, da Universidade de Brasília (UnB), que promovia debates e apresentações da peça Mec Student Program, paródia sobre a “mercantilização” do ensino brasileiro, na época tomado pela rápida explosão das instituições privadas, ligadas a bancos e grandes grupos econômicos.

Posteriormente, a UNE percebeu a necessidade de dar mais atenção e consistência a este trabalho cul-

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tural. Daí vem a ideia de visitar as cidades brasileiras novamente. No embalo da experiência acumulada com a viagem anterior, a entidade realizou a “Caravana Universitária de Cultura e Arte – Paschoal Carlos Magno”. Ela foi lançada em outubro de 2004, em Manaus, e encerrada no fim de novembro, em São Paulo. Em parceria com o Ministério da

Cultura, que acabara de criar o pro-grama dos Pontos de Cultura, esta caravana passou por 14 universi-dades, em 14 estados da federação com o objetivo de fomentar a criação de uma rede nacional de arte estudantil para incentivar, produzir e fazer circular os bens culturais nas universidades, criando núcleos CUCAs em cada localidade visitada

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Milton Nascimento na passeata dos Cem Mil -

26/06/1968

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(foram criados 10). Somavam-se também ao dia-a-dia da Caravana, entre diversas manifestações ar-tísticas, o lançamento da 5ª edição do livro O Poder Jovem, de Arthur José Poerner. O escritor viajou todo o trajeto a bordo do ônibus e pôde promover a sua obra, considerada a “bíblia do movimento estudantil”, além de realizar diversos debates dentro das universidades.

Por fim, a entidade, focada e atenta aos desafios colocados para a juventude, realizou, no segundo semestre de 2008, um dos seus mais ousados projetos das últi-mas décadas: a Caravana da UNE – Saúde, Educação e Cultura. Em parceria com o Ministério da Saúde, a iniciativa passou pelos 26 estados, mais o Distrito Federal, a bordo de um ônibus especialmente preparado para a jornada. Pela primeira vez, um projeto universitário contemplou todos os estados da Federação. O trajeto começou no Rio de Janeiro, em agosto, no terreno da Praia do Flamengo 132, com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva, numa tarde histórica para o movi-mento estudantil brasileiro. Depois, rodou 32 mil quilômetros, em 109 dias. A Caravana promoveu ampla campanha em defesa da saúde pú-blica. Percorreu o Brasil para levar até os estudantes a bandeira “Saúde não é mercadoria” e a reflexão sobre a constituição de um Sistema Único de Saúde universal, democrático e participativo. As atividades supera-ram as expectativas, pois campa-nhas como as de vacinação, doação de sangue e medula, teste rápido de

HIV, orientação sexual e distribuição de preservativos tiveram grande adesão por parte do público. Outras ações incluíam intervenções artís-ticas e ambientais; apresentações do grupo carioca “Tá na Rua” e dos Pontos de Cultura locais.

“O processo foi muito rico, imagine, uma trupe de jovens artistas per-correndo os 27 estados brasileiros, comendo, dormindo e trabalhando juntos, fazendo três intervenções diárias nas universidades, visitando comunidades indígenas, periferias, assentamentos rurais, Pontos de Cultura... um verdadeiro rito de passagem para qualquer artista brasileiro. A ideia de um grupo de teatro na Caravana era tratar os temas em debate de uma ma-neira lúdica, alegre e irreverente. Intervenções teatrais com a cara da juventude, despidas de moralis-mos ou preconceito para discutir temas como o aborto e a droga, tão presentes em nossa sociedade e que devem ser levados a sério.Era um teatro feito no presente para a construção de um futuro”, pontuou Alexandre Santini, ator do Tá na Rua e na época coordenador-geral do CUCA.

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Martinho da Vila e a Lapa lotada em show na 7ª Bienal - 21/01/2011

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Mais do que uma junção de etnias, o Brasil é uma nação singular, ajustada em um território amplo para nele viver e fazer sua história. Foi essa gente com-posta de índios, brancos, negros e mulatos de muitos tipos que fundou esse país de todas as cores, cheiros e sabores. O Brasil fascina em suas várias facetas, refletidas na cultura nacional. Culinária, música, artesanato, arquitetura, produções artísticas e fes-tas populares ultrapassam as fronteiras geográficas. Aqui, características dos quatro cantos do mundo foram incorporadas ao longo dos cinco séculos, desde a chegada dos grandes navios e com contribuições de imigrantes de todas as partes da Europa, do Oriente Médio e da Ásia. A imigração de países vizinhos como Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia, também contribuiu para a diversificação de costumes, hábitos e crenças.

A diversidade faz parte do nosso vocabulário há tempos. Hoje, depois de muita luta, esses mundos dentro de outros começam a ser reconhecidos em diversas linguagens, entre elas a arte, ganhando forma e espaço. Se o caminho é a diversidade, há como traçar por aí todos os percursos que a Bienal da UNE já percorreu nessa sua década de atividades. A trajetória das Bienais remonta o próprio histórico da retomada da produção artística estudantil ao longo dos anos, em iniciativas que se interligam, encontram e se confundem.

O maior festival estudantil da América Latina

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“O conceito da Bienal foi aprovado no Congresso, no meio de várias realizações. Na verdade, ninguém acreditava muito que iria para frente. Mas tínhamos na gestão a convicção de que a UNE precisava se modernizar, inaugurar novas formas de comunicação e novas linguagens no contato com os estudantes brasileiros. Para isso, nada melhor do que retomar sua identidade com a cultura nacional. O cenário era de ofensiva neolibe-ral, um momento difícil. Costumo dizer que a Bienal foi um belo ato de irresponsabilidade que deu certo”, lembra Ricardo Capelli, presidente da UNE em 1999.

A ideia das Bienais deu início a um ousado projeto de resgate do traba-lho cultural do movimento estudan-til, que havia se dissipado ao longo dos anos. A partir de então, houve a possibilidade de se desenvolver o movimento cultural juvenil de forma organizada e ampla.

Ao longo destes onze anos, as Bie-nais já pautaram temas importan-tes que refletem sobre a formação do povo brasileiro, como a herança africana na cultura do país, os víncu-los do Brasil com a América Latina, a cultura popular e as raízes da nação. A última edição, em janeiro de 2011 no Rio de Janeiro, pautou um estilo musical e importante instrumento de integração social no

Brasil: o samba. As matrizes desse gênero de música, dança e jeitinho bem brasileiro estão no pé do equi-librista, na mão do pandeirista, no som do cavaco, em cima dos morros e na Marquês de Sapucaí.

A construção desta jornada está impressa em todas as páginas deste catálogo. Para concluir este último projeto, no entanto, foi necessário recuperar todas as experiências vividas pelas outras Bienais. Após seis edições no currículo –todas realizadas com êxito e atraindo mais de 60 mil estudantes– a 7ª edição foi apenas mais um desdobramento desse reencontro do movimento estudantil com a cultura.

“Creio que as Bienais são mais do que um evento isolado no espaço e no tempo. Penso que elas cumprem um papel importante no calendário cultural do país para além das se-manas em que são executadas. Elas pontuam discussões que vão per-durar em outras manifestações que inevitavelmente acontecerão em seu rastro, espalhadas por universidades do Brasil inteiro. Suas sementes são jogadas em cada mente jovem e fér-til deste país e elas germinam. Acre-ditem, já vi isso acontecer inúmeras vezes”, avalia Luis Parras, um dos fundadores do CUCA e coordenador geral da 6ª Bienal.

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1ª__BIENAL_DA_UNE_-_Ciência,_cultura_e_arte_a_favor_do_Brasil23 a 30 de janeiro - 1999 Salvador A 1ª Bienal da UNE foi organizada inteiramente pelos próprios direto-res da entidade e por militantes do movimento estudantil local. Com a realização desta edição, em 1999, na cidade de Salvador (BA), a entidade retomou seu papel de referência no cenário cultural brasileiro e passou a influenciar novamente os rumos do debate sobre a elaboração das políticas públicas para a área.

“Não tínhamos dinheiro, não tínhamos um conteúdo claro, não tínhamos apoio de nada nem de ninguém, mas decidimos, fomos lá, e fizemos! Quando lançamos o edital [de seleção de trabalhos], boa parte de nós não acreditava que sairia do papel, até que um belo dia começaram a chegar quadros, livros e vídeos na sede da UNE. Decidimos

fazer em Salvador pois, além de sua tradição cultural, a cidade foi palco, vinte anos antes, do congresso de reconstrução da UNE. Mudamos para Salvador em novembro, três meses antes do encontro, sem pra-ticamente nada fechado em termos de estrutura. O evento era para ser de quatro dias e acabamos reali-zando em uma semana. A história é inacreditável pelo improviso e mar-cante pela determinação”, recorda Ricardo Capelli

Apesar dos pesares, deu tudo muito certo. Estudantes vivenciaram um momento único em Salvador, rea-tando o casamento da UNE com a cultura nacional. Esta primeira Bie-nal reuniu cerca de cinco mil jovens, além de diversos nomes do mundo acadêmico, científico e artístico. A diversidade de opiniões sobre a cul-tura e seus desdobramentos se deu pelo olhar de personalidades como o ator Francisco Milani, o então reitor da UEMG Aloísio Pimenta, os compositores Lenine, Chico César, Jorge Mautner e o grupo Racionais MCs, com apresentação de show e debate memoráveis.

O grito da Bienal aconteceu quando os estudantes realizaram uma pas-seata pelas ruas de Salvador apre-sentando, para todos que estavam presentes, a arte e cultura a favor da construção de um novo Brasil. Essa passou a ser também a marca da construção de uma nova organiza-ção no movimento estudantil.

“Eu sempre dizia que o principal objetivo da 1ª Bienal era permitir que a 2ª acontecesse, que não fosse

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um evento, mas o início de um novo movimento. Daqui a quarenta anos vou contar para os meus netos como foi a abertura da 1ª Bienal. Ela foi construída pela turma da escola de circo Picolino, lá mesmo de Salvador, e dirigida por uma atriz e diretora sensacional. O momento mais marcante, sem dúvida, foi a presença de Milani [Francisco Mi-

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lani, ator que faleceu em agosto de 2005], totalmente improvisada. Cha-mamos ele ao palco e entregamos a ele uma caixa. De dentro desta caixa bonita saiu uma menina contorcio-nista, que lhe deu uma bandeira da UNE. O Milani, emocionado [‘fico arrepiado só de lembrar’], pegou a bandeira com as duas mãos e con-tou que ele estava dentro do prédio histórico da entidade, na praia do Flamengo, no dia em que a ditadura ateou fogo à sede. Depois de narrar estes momentos, pegou a bandeira com força, com as duas mãos, e co-meçou a gritar que o que o deixava mais feliz, depois de tantos anos, era saber que a UNE estava viva, ‘A UNE está VIVA!’, repetia ele emocio-nado aos gritos. Não preciso dizer que o teatro veio abaixo”, relembra_Ricardo_Capelli_com_emoção_o_início_do_festival.

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2ª__BIENAL_DA_UNE_-_Nossa_cultura_em_movimento3 a 10 de fevereiro - 2001 Rio de Janeiro

A iniciativa das Bienais se conso-lidou de vez em fevereiro de 2001, com a realização da 2ª edição, no Rio de Janeiro. Os debates sobre essa edição duraram quase todo o primeiro semestre de 2000, nos fóruns da UNE e inclusive em um Conselho Nacional de DCEs, em Juiz de Fora. Os jovens que organi-zaram o evento se mudaram para o Rio em julho, oito meses antes da atividade.

“A equipe que organizou a Bienal era composta por diretores da UNE e também muitos outros estudantes, especialmente ligados aos cursos de artes do Rio e de outros estados, que se deslocaram para a capital carioca em função da organização do evento. Tivemos grande apoio do governo do estado, da UERJ e, con-traditoriamente, fomos beneficiados também pela realização do Rock in Rio. Estávamos sem dinheiro para realizar o evento e como o Rock in Rio aconteceria um mês antes da Bienal, fizemos uma parceria com os organizadores do evento e garantimos a meia-entrada para quem tivesse a carteira da UNE. Isso fez com que garantíssemos o direito à meia-entrada e capitalizássemos a UNE para arcar com as despesas da Bienal”, lembra o presidente da UNE ,Wadson Ribeiro.

Durante a organização da 2ª Bienal, teve início a discussão sobre uma

forma de dar continuidade à produ-ção cultural e artística nas universi-dades. Nesta edição, foram reali-zados debates, oficinas e mostras universitárias que envolveram mais de oito mil pessoas. A grande contri-buição da 2ª Bienal, no entanto, foi o lançamento do Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE. O debate girava em torno de uma iniciativa contínua que fomentaria a produção cultural e artística nas universidades.

“Uma atividade realizada antes da Bienal, em fevereiro de 2001, na UERJ, construída por um núcleo maior e mais consolidado de artistas e militantes foi, acima de tudo, marcante para amadurecer a compreensão sobre o movimento cultural da UNE. Percebeu-se que, mais do que atividades regulares de dois em dois anos, era neces-sário criar algo permanente. Foi aí que se apresentou a ideia de um instrumento chamado CUCA. Surge assim o primeiro núcleo do CUCA, coordenado por Luis Parras, Priscila Lolata, Ernesto Valença, Ana Petta e Danilo Moreira. O presidente da UNE era Wadson Ribeiro, que deu o primeiro grande impulso no CUCA lançando a ideia para o movimento estudantil”, explica Tiago Alves, na época diretor de comunicação e cultura da UEE-MG.

A novidade foi a participação de um grande número de personalida-des da vida cultural brasileira. As presenças marcantes foram várias, como a do ator e diretor Augusto Boal. O escritor Ziraldo e o jorna-

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lista José Arbex Jr. discutiram as nuances de um jornalismo indepen-dente, um dos melhores debates do festival. Foi também nesta edição que o arquiteto Oscar Niemeyer apresentou o projeto da sede da UNE na Praia do Flamengo 132. O cantor Tom Zé, durante um show épico, fez a música “Unidiversida-de”, especialmente para o festival. A apresentação do O Rappa também foi muito marcante. Realizada nos Arcos da Lapa, trouxe a primeira aparição pública de Marcelo Yuka. Em novembro de 2000, o baterista levou seis tiros ao tentar impedir um assalto no Rio de Janeiro e ficou paraplégico.

“Na noite do show do Rappa, a apresentação já estava atrasada em mais de duas horas. Isso era na Lapa com mais de 30 mil pessoas. Os produtores da Bienal e a diretoria da UNE queriam que eu apresen-tasse o show e fizesse um discurso. Eu estava apreensivo porque via que o povo já estava impaciente. Eu pensava quieto comigo: ‘o que eu vou falar sem ser vaiado expulso do palco?’. Foi quando resolvi prestar uma homenagem e solidariedade ao Herbert Vianna [vocalista do grupo Os Paralamas do Sucesso], que dias atrás tinha sofrido um grave aci-dente e estava se recuperando. Não pensei duas vezes, subi ao palco e nos primeiros ensaios de vaia dis-parei: ‘Galera, vamos mandar uma energia positiva para a recuperação do Hebert Vianna. Todos levantaram as mãos e gritaram o nome do He-bert. Aí então, em menos de cinco segundos, eu disse: Agora com

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vocês O Rappa! Foram só aplausos”, conta Wadson Ribeiro um momento descontraído e divertido.

Além disso, a entidade propôs que as atividades subsidiassem a reflexão do tema “Nossa cultura em movimento”, instigando uma discussão sobre a diversidade cul-tural brasileira. Houve espaço para programação não-oficial (Lado B) e visita às comunidades dos morros do Rio de Janeiro (Lado C), promo-vendo a interação dos estudantes com a cidade. O espaço do Café Lite-rário foi o centro nervoso da Bienal. Shows, apresentações, poemas e exposições fizeram parte do espaço que em dias normais era a singela Capela da UERJ.

“Quase sempre acordávamos muito cedo e dormíamos muito tarde. Essa era única maneira de prepararmos bem a Bienal e aproveitarmos os prazeres de morar no Rio de Janeiro. Para começarmos o dia ‘no clima’ o primeiro que acordava, gritava ‘Alvoraaadaaa! ‘ e, logo em seguida, colocava o hino da UNE no último vo-lume. Todos nós levantávamos como zumbis, para mais um dia de bata-lha”, conta Danilo Moreira, quem coordenou essa edição da Bienal.

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(1 e 4) Culturata encerra 2ª Bienal;

(2) Clemente, dos Inocentes, marca presença;

(3) Mesa de debates;

(5) Fred Zero Quatro, do Mundo Livre S/A;

(6) Tom Zé em show histórico

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3ª__BIENAL_DA_UNE_-_Um_encontro_com_a_cultura_popular_8 a 14 de fevereiro - 2003 Pernambuco

Em fevereiro de 2003, ocorreu a 3ª Bienal da UNE, em Pernambuco, com a participação de aproximada-mente 10 mil estudantes de todo o país. Pela primeira vez a Bienal passou a concentrar seus debates em torno de um tema mais específi-co, que nesse ano foi “Um encontro com a cultura popular”. Até che-gar a essa edição, várias ações e intervenções foram realizadas pelo CUCA. Fundou-se em São Paulo o primeiro núcleo do projeto e, a partir daí, realizaram-se seminários nacionais. Houve a aproximação do CUCA com diversos grupos artísti-cos e nasceu a ideia de circular um jornal específico para o assunto, o “Encucado”.

O projeto de artes plásticas PIA (Projeto de Interferência Ambien-tal) e a Companhia São Jorge de Variedades são exemplos desse novo diálogo. Etapas preparató-rias foram realizadas em diversos estados, como a 2ª Bienal da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) e a etapa mineira do evento realizada pela UEE-MG, que na época tinha Fernando Máximo como presidente, acontecendo em conjunto com o Festival Coração de Estudante de Música Universitária.

“Talvez a repercussão mais impor-tante desta Bienal tenha sido na organização dos artistas e militantes da cultura, pois saímos de Recife

com um propósito firme de organi-zar os CUCAs e, depois da Bienal, isso saiu do papel. Várias iniciativas importantes saíram de lá, organiza-mos por exemplo um centro cultural em São Paulo com um espaço muito bom, teatro, equipamentos. Em outros estados também houve iniciativas semelhantes. O ponto era ter uma política cultural que não se resumisse aos grandes eventos, mas que fosse contínua, perene”, relata Felipe Maia, presidente da UNE na época.

A 3ª Bienal se reafirmou como um projeto de referência para a expres-são artística e cultural da juventude brasileira. Em Olinda e Recife, du-rante sete dias, ocorreram diversos debates, mostras, oficinas e shows. Foi o momento também de avaliar a postura do novo governo eleito em relação às políticas culturais e à valorização da cultura popular. Participaram os ministros Gilberto Gil (Cultura), Roberto Amaral (C&T), o ator Sérgio Mamberti, os compo-

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Espetáculo de abertura da 3ª Bienal

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sitores Paulo Miklos e Marcelo Yuka, as bandas Mundo Livre S/A e Cordel do Fogo Encantando, além do gene-roso escritor Ariano Suassuna.

A Culturata extrapolou os muros do Centro de Convenções e literalmen-te invadiu as ruas de Olinda, sendo recebida por ninguém menos que Alceu Valença, que cantou da sacada de sua casa. Nem a prefeita de Olin-da, Luciana Santos, conseguiu ficar parada. Encontros de maracatus na Praça da Preguiça, festas de música eletrônica no Mercado Municipal de Olinda, confraternizações nos alojamentos e dezenas de outras atividades aconteceram durante essa Bienal.

“Essa foi a primeira atividade públi-ca de Gilberto Gil enquanto ministro

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da Cultura após eleição de Lula, atitude que se repetiu na 4ª e 5ª Bienal. O que também pouca gente sabe é que enfrentamos muita difi-culdade na relação com o governo do estado. A maior tensão era com o local do evento, um centro de convenções que ficava entre Recife e Olinda. O governo não queria liberar o local e exigia o pagamento de um recurso que não tínhamos. O local só foi liberado no dia da abertura, até a véspera não havia confirma-ção. Só não morremos do coração porque o reitor da Universidade Federal havia garantido que se o go-vernador não liberasse o centro de convenções, ele suspendia as aulas da universidade e abrigaria a Bienal lá… felizmente não foi preciso!”, lembra Felipe Maia.

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Espetáculo de abertura da 3ª Bienal

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4ª__BIENAL_DA_UNE_–_Soy_loco_por_ti_América_23 de fevereiro a 3 de março - 2005 São Paulo

Em 2005, para coroar a positiva tra-jetória da UNE no cenário interna-cional, a 4ª Bienal nasceu no propó-sito de provocar uma reflexão sobre as possibilidades da integração do continente, a partir do diálogo entre a cultura e as diversidades de seus povos. Com o tema “Soy Loco por ti América”, o festival ocorreu em São Paulo, paralelo ao XIV Congresso Latino Americano e Caribenho de Estudantes (CLAE), o que viabilizou a vinda de grande número de parti-cipantes de outros países.

O tema do congresso, “Outra Amé-rica é Possível”, reforçou a ideia de unidade latino-americana ao propor mudanças na área econômica, polí-tica e social. Além de fazer circular os bens culturais produzidos nas universidades, o principal propó-sito da Bienal foi exatamente este: promover uma ampla reflexão sobre as possibilidades de integração da América Latina, a partir do diálogo entre a cultura de seus povos.

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Culturata na Av. Paulista encerra a 4ª Bienal

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Vale ressaltar que a Culturata, a tradicional passeata pela Cultura, foi um momento muito expressivo durante este evento. Do vão livre do Masp até o Monumento das Bandei-ras, no Parque do Ibirapuera, mais de cinco mil jovens de todo Brasil se concentraram e reivindicaram, prin-cipalmente, o aumento de verbas do governo federal para a cultura.

Essa Bienal, como de costume, contou com uma rica programação de mostras universitárias, mostras convidadas, debates, oficinas e apre-sentação de projetos desenvolvidos pelo poder público, pelas entidades estudantis, ONGs, sociedades cien-tíficas e universidades. Os nomes de destaque dessa edição foram o mi-nistro da Educação de Cuba, Vecinno Alegrete; a médica cubana e filha de Che, Aleida Guevara; o físico Ennio Candotti; o diretor da revista Carta Capital Mino Carta; o geógrafo Aziz Ab’Saber; a banda Nação Zumbi e o apresentador Serginho Groisman.

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“A repercussão dessa edição foi internacional, até por conta da realização em conjunto do Congres-so Latino Americano e Caribenho dos Estudantes. Apesar das difi-culdades do início, fizemos uma bela montagem para os espaços propostos para as mostras e para as presenças de personalidades como o ministro da Educação Tarso Genro, o ministro do Esporte Orlando Silva, o ministro da Cultura Gilberto Gil, além de ministros da América Lati-na e de uma figura simbolicamente importante, Aleida Guevara. Não dava mais pra gente conhecer o que era produzido em nosso continente através do que vinha enlatado dos EUA. Na época, foi muito importante estabelecer este diálogo. E é por isso que eu sempre digo que a Bie-nal da UNE tem como tema princi-pal a integração”, conta o presiden-te da UNE em 2005, Gustavo Petta.

Gilberto Gil dá canja na 4ª Bienal

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5ª__BIENAL_DA_UNE_-_Brasil-África:_um_Rio_chamado_Atlântico_28 de janeiro a 2 de fevereiro - 2007 Rio de Janeiro

Os estudantes brasileiros cruzaram o oceano e desembarcaram nas paragens de Gana, Angola, Zaire e outras terras. Em 2007, aconteceu a 5ª Bienal da UNE, que trazia na bagagem o tema “Brasil-África: um Rio chamado Atlântico”. Oito mil jovens encontraram-se na histórica região da Lapa, no Rio de Janeiro, para participar dessa edição, que trouxe mais de 40 debates, oficinas e mostras universitárias. Com gran-de estrutura, a Bienal contou com a presença de cerca de 170 convida-dos, entre eles o escritor angolano Ondjaki; o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães; a vereadora de São Paulo, Soninha; a deputada federal Manuela d’Ávila; os músicos Marcelo Yuka e B Negão; o secretá-rio do MinC, Célio Turino; o cineasta Zózimo Bulbul; e os dramaturgos Amir Haddad e Augusto Boal.

“Aprendendo com os erros da edição anterior, iniciamos a construção da 5ª Bienal com bastante antecedên-cia, o que garantiu um bom projeto, um prazo para captação de recursos, a estruturação de uma equipe ope-rando da sede, tempo para articular todos os entes envolvidos e preparar a atividade. A secretaria inicialmente foi em um ambiente bacana, dentro do DCE da UFRJ na Praia Vermelha, com um buteco em baixo e roda de samba toda quinta à noite. Depois fomos para um andar na Fundição Progresso, QG da atividade que

também aconteceu na Biblioteca Nacional, no Circo Voador, no Cine Odeon, em diversos teatros e centros culturais da Lapa e na Praça dos Arcos”, relata Tiago Alves, na época coordenador geral da Bienal.

O ministro da Cultura Gilberto Gil e o diplomata africanista Alberto da Costa e Silva (autor do livro que deu título à Bienal) também participa-ram. A Bienal ainda homenageou grandes personalidades da cultura afro-brasileira, como o escritor, artista plástico e ex-senador Abdias do Nascimento; a religiosa Mãe Beata e os sambistas Martinho da Vila e Dona Ivone Lara e Beth Carvalho, que fizeram uma histórica apresentação gratuita nos Arcos da Lapa para mais de 15 mil pessoas, comemorando os 70 anos da UNE. A programação musical ainda contou com Lenine, Naná Vasconcelos, Los Sebosos Postizos, Ilê Aiyê, Mr. Catra e Ponto de Equilíbrio.

Foram 1.304 projetos inscritos para as mostras universitárias, recorde

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(1) Linha de frente da Culturata que retomou o terreno da Praia do Flamengo 132;

(2) Milton Gonçalves em debate na 5ª Bienal

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em relação às edições anteriores. Classificaram-se 237 trabalhos, desenvolvidos por 440 estudantes de todo o país. A passos largos, a Bienal mostrou a força da cultura estudantil e se firmou como um dos principais eventos culturais do país. A Culturata ganhou nessa edição um motivo a mais para reunir os es-tudantes. Depois de 43 anos, a UNE retomou a sua sede, demolida pela ditadura militar. Antes disso, cerca de cinco mil pessoas caminharam pelas ruas do Rio de Janeiro, colo-rindo a cidade com poesia, musica, teatro e circo.

“Em pleno calorzão carioca, em janeiro, a UNE promoveu o maior festival estudantil da América Latina bem debaixo dos Arcos da Lapa. O interessante foi que no processo de escolha do Rio para sediar a 5ª Bienal, já levávamos em conta a possibilidade de fazer um ato, uma atividade cultural ali na Praia do Flamengo, um show de protesto como parte da luta pela retomada do terreno da UNE. Mas a idéia foi amadurecendo e as condições sendo criadas para a ocupação. Primeiro, tínhamos essas duas questões de muita força, do ponto de vista simbólico que contribuíram para a decisão: a Bienal da UNE e a comemoração dos 70 anos. Se-gundo, conseguimos uma grande conquista, logo no início de 2007, em uma movimentação rápida, quando pressionamos a prefeitura para fechar o estacionamento. Isso foi criando condições, muitas ex-lideranças estudantis, ex-militantes, ativistas e artistas foram nos dando

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força, apoio para que isso realmente acontecesse. Acho que a soma de todos esses fatores nos levou a to-mar a decisão de derrubar o portão, entrar na força e dar início à ocupa-ção. Tudo isso dentro de uma Bienal, olha que loucura!”, emociona-se Gustavo Petta, na época presiden-te reeleito da UNE, ao lembrar da ocupação do terreno.

(1) Gustavo Petta, Tiago Alves, Gilberto Gil e Martinho da Vila;

(2) Lenine na Fundição Progresso;

(3) Homenagem aos ex-presidentes da UNE;

(4) Dona Ivone Lara e Alberto da Costa e Silva;

(5) Abdias do Nascimento

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6ª__BIENAL_DA_UNE_-_Raízes_do_Brasil:_formação_e_sentido_do__povo_brasileiro_20 a 25 de janeiro - 2009 Salvador

Ocorrida em janeiro de 2009, em Salvador, a 6ª Bienal teve cinco dias intensos de debates, espor-te, música, literatura, exposições, apresentações teatrais, entre muitas outras atividades. Para a alegria dos participantes, o Pelourinho foi palco de grandes shows que agitaram a capital baiana. Margareth Mene-zes, Marcelo D2 e Cordel do Fogo Encantado foram atrações do palco principal, comemorando os dez anos do festival. Houve também uma ce-lebração de momentos importantes

da entidade e do próprio país, home-nageando todos aqueles que fizeram e fazem parte dessa história, por meio da imagem do ex-presidente da UNE, desaparecido em 1973, Honestino Guimarães.

“Foi uma atividade vitoriosa do ponto de vista cultural, muito rica. Houve o debate da meia-entrada, questão in-timamente ligada à cultura nacional. A UNE tem todas as condições de estimular a produção cultural que já acontece com muita intensidade nas universidades. Fazer circular essa efervescência artística da juventude é o maior prazer do mundo”, conta a presidente da UNE, Lúcia Stumpf.

Os participantes da 6º Bienal da

Abertura da 6ª Bienal: Lúcia Stumpf homenageia Honestino Guimarães

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UNE não tiveram do que se queixar. Direto da praia do Jardim de Alá, conferiram de perto o último show desta edição: Alceu Valença fez mais uma vez uma belíssima apresenta-ção, comemorando seis anos da sua última e memorável presença na 3º Bienal em Pernambuco quando encerrou as atividades em Olinda. O evento terminou com a tradicional Culturata, animada pelo grupo Ilê Aiyê, que seguiu na contramão do circuito mais tradicional dos trios de Salvador: ao invés de sair da Barra e ir até a Ondina, os estudantes fi-

zeram o trajeto Ondina-Barra, atrás do trio elétrico da Bienal. Durante a passeata, entoaram palavras de ordem em defesa da meia entrada e de mudanças estratégicas no finan-ciamento da cultura no Brasil. Ao final do evento, no farol da Barra, foi realizada uma ciranda que abraçou o ponto histórico, em retribuição à hospitalidade do povo soteropolitano.

“Com certeza, se reuníssemos a turma toda novamente sairiam de-zenas de histórias, principalmente se o reencontro fosse no bar Quintal

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ou na Moraria, ponto de descon-tração após a jornada de trabalho. Tenho três lembranças inesquecí-veis. A abertura, com o espetáculo no Teatro Castro Alves, em home-nagem à Honestino Guimarães e os 30 anos da reconstrução da UNE, com a Lúcia subindo ao palco carregando a bandeira azul da UNE, foi lindo. Depois, o trio Armandinho, Dodô e Osmar que levou a galera pela avenida Sete até a praça Castro Alves e o show do Cordel do Fogo Encantado no Pelô deram uma ideia do que seria a 6° Bienal. O

espetáculo-tema com a participação de Célio Turino e Jorge Mautner, com a Baía de Todos os Santos ao fundo e o luau com Alceu Valença no Jardim de Alah também marcaram todos os presentes. Algo peculiar e inesquecível foi o laço construído entre os estudantes que participa-ram da Bienal e os soteropolitanos, principalmente os moradores das ruas próximas ao alojamento. Pode-se dizer que esses moradores foram co-organizadores da Bienal”, relata Rafael Simões, na época diretor de Cultura da UNE.

Alceu Valença em show para milhares no Jardim de Alah

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Arlindo Cruz em show na Quinta da Boa Vista/RJ - 19/01/2011

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Neste ano de 2011, junto com a comemoração dos 50 anos da criação dos Centros Populares de Cultura, o CPC da UNE da década de 1960, são celebrados os 10 anos das experiências estéticas e políticas dos CUCAs da UNE.

Para quem ainda não conhece, CUCA significa Centro/Circuito Universitário de Cultura e Arte, embora se integrem não apenas estudantes, mas tam-bém jovens do ensino médio, artistas, produtores culturais e uma diversa gama de entusiastas da cultura que encontram aqui o diálogo entre arte e política na sociedade.

Formado a partir da 2ª Bienal, realizada em 2001, no Rio de Janeiro, por in-tegrantes do movimento estudantil e cultural que se aglutinavam em torno da UNE, os CUCAs serviram, nesse primeiro momento, como elemento de continuidade entre uma bienal e outra. O projeto ganhou corpo e força em São Paulo tornando-se um primeiro laboratório vivo desse projeto cultural que se vislumbrava nacional.

Num segundo momento, agraciado pelo programa Cultura Viva do Minis-tério da Cultura, a partir da caravana de cultura Paschoal Carlos Magno, constituiu-se em 2004 como uma rede de Pontos de Cultura espalhados por diversos estados do Brasil, que trouxeram conceitos de protagonismo e autonomia como elementos necessários à emancipação social.

Constituída por meio de uma direção nacional que trabalha em diálogo com os coordenado-res locais nos estados, o CUCA segue em nova caravana pelo Brasil defendendo a cultura, saúde e cidadania, no ambiente acadêmico, até

Um passo à frente e já não estamos mais no mesmo lugar

Bloco de carnaval do CUCA da UNE desfila em Pernambuco

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se constituir como Pontão de Cultura e abrir de vez as portas entreabertas da universidade para grupos culturais e mestres da tradição popular. Foram feitos diversas apresentações e diálogos entre saberes constituídos.

Em 2009, a partir do “10º Seminário do CUCA: juventude, cultura e política”, busca-se novamente preparar os CUCAs para um novo momento. Lugar de constante experimentação e crítica, toda essa trajetória nos dá a ideia de onde viemos, mas, para onde vamos? Como na vida da lagarta, que se transforma em borboleta, a crise se dá na medida que enxergamos as margens de rup-tura e continuidade entre os processos em aberto na sociedade e na política cultural brasileira, onde somos novamente instigados a pensar o novo.

Chegamos à nossa 7ª Bienal da UNE e sentimos a importância da cultura como elemento transversal e interdisciplinar a toda forma de educação. Os desafios se tornam ainda maiores quando pouco menos de 10% dos jovens brasileiros se encontram na universidade. A extensão universitária deveria ser o elo entre a universidade e a sociedade brasileira no sentido de democratizar o acesso aos produtos e bens culturais produzidos, para uma educação crítica e criativa sobre nosso pensar/fazer cultural.

Sejam todos muito bem vindos ao CUCA.Coordenação do CUCA – gestão 2009/2012

Filho da Bienal celebra 10 anos de vidaNessa 7ª Bienal foram comemo-rados os dez anos do início da experiência de um programa que, mais do que mostrar a realidade da produção cultural nas universi-dades brasileiras, conseguiu ser a marca maior de uma transformação profunda na própria realidade do movimento estudantil.

O Circuito Universitário de Cultu-ra e Arte surgiu com o desafio de potencializar, incentivar e articular a produção cultural desenvolvida

pelos jovens artistas. Ao longo dos anos a ideia foi amadurecendo e se transformando em um pro-cesso que se estende para além das universidades. Trata-se, hoje, de uma rede com núcleos em 15 estados brasileiros (São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Brasília, Amazonas, Piauí, Bahia, Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Maranhão, Roraima, Rio Grande do Norte e Pernambuco), que promove ações em diversas linguagens como audiovisual, artes plásticas, literatu-ra, teatro e música.

Por isso, o CUCA deve ser entendido como uma complementaridade en-tre cultura e educação. A produção cultural pulsa como nunca na UNE.

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dia da 2ª Bienal, em 2001. Era um momento de amadurecimento sobre o movimento cultural da UNE. Esses estudantes de artes perce-beram que, mais do que atividades regulares de dois em dois anos, era necessário criar algo permanente. Ao final desta atividade surgiu o primeiro núcleo do CUCA.

“A ideia era quase de fazer uma es-pécie de Indústria Cultural alternati-va. Pensávamos que se a UNE podia manter uma estrutura nacional de contatos com UEEs, DCEs e CAs, por que não podíamos usar essa estru-

O surgimento da Bienal, no início de 1999, tinha sido um grande avanço para a UNE no que diz respeito à retomada de políticas culturais, mas era necessário alçar novos cami-nhos. Era preciso firmar um projeto que desse continuidade a essa ini-ciativa cultural, promovida de dois em dois anos.

A ideia inicial de um circuito que gravitaria em torno de centros ou núcleos culturais nasceu das cabeças de Ana Cristina Petta – que já havia participado do movimento estudantil como diretora da UBES – e do ex-presidente da UEE-GO, Ernesto Valença. Os dois, que eram estudantes de Artes Cênicas da USP, juntaram-se a Luis Parras e Priscila Lolata, estudantes de Belas Artes da UFBA, e tiveram total apoio do então presidente da UNE, Wad-son Ribeiro.

A proposta foi colocada no papel durante uma assembleia no último

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Fachada do CUCA em Campina Grande, na Paraíba

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tura para gravar e distribuir CD´s, livros, obras de arte, fazer circular peças de teatro etc? A ideia era, então, reverter uma lógica que, pelo menos na época, imperava no mo-vimento estudantil, que era pensar a arte de maneira utilitarista, como algo para apenas chamar a atenção dos estudantes, ou fazer uma festa divertida que pudesse ser usada na próxima eleição ou congresso como propaganda. Uma lógica de utilizar a arte mesmo. Então, nós quería-mos reverter essa lógica e utilizar

a estrutura do ME para fazer arte”, conta um dos fundadores do CUCA, Ernesto Valença

Os moldes eram semelhantes ao experimento da década de 1960, o importante CPC da UNE. Os artistas do CPC não só utilizavam as ins-talações do prédio da UNE, como também participavam, por meio da arte, ativamente das pautas políticas defendidas pela entidade. Então, logo após a 2ª Bienal, em maio do mesmo ano, foi realizado o 1º Seminário do CUCA, responsável pelo estabele-cimento de uma coordenação geral do projeto. Surge o “Santa CUCA,” no Centro Acadêmico do curso de medicina da Faculdade Santa Casa, em São Paulo, onde eram realizados shows e pequenos eventos.

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Em 2003, o CUCA fechou uma parceria com a prefeitura de São Paulo, instalando-se no teatro do Centro Educacional e Esportivo Raul Tabajara, no bairro da Barra Fun-da. O Espaço CUCA se tornou uma

referência, abrigando grupos de teatro, rodas de samba e a primeira edição do EIA - Experiência Imersiva Ambiental, além de residentes fixos como Evo 60, Cia do Feijão, Cia do Latão e Cia São Jorge de Variedades.

O samba do CUCA, como ficou co-nhecido, tinha como grupo residente o Inimigos do Batente e recebia semanalmente grupos como a Velha

Guarda da Camisa Verde e Branco, tradicional agremiação da Barra Funda, e artistas renomados como Arlindo Cruz. O Espaço CUCA entrou até para a lista dos melhores locais da capital paulista, sendo desta-cado pela revista Playboy, em uma pesquisa realizada pela publicação, sobre as rodas mais bacanas para se divertir em São Paulo. Conta a lenda que muitos por lá viram também a bela atriz Maria Fernanda Cândido se entregando aos prazeres da boa batucada.

Lá, os jovens artistas permanece-ram até o ano de 2005 quando foram despejados pela mesma prefeitu-ra, ironicamente a de José Serra, ex-presidente da entidade. Alguns movimentos de resistência foram realizados, mas o CUCA acabou perdendo a sua casa.

É importante ressaltar que neste ínterim o projeto foi ganhando corpo

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com a realização da Caravana Pas-choal Carlos Magno, em 2004. Era uma espécie de reedição da UNE Volante, mas, desta vez, eram os ar-tistas ligados ao CUCA que levavam cultura e arte para o imenso Brasil. Por isso, essa atividade possibilitou que estudantes de toda a parte do país conhecessem mais de perto a produção do circuito.

E assim como no CPC, começaram a surgir alguns embriões do CUCA, como o de Campina Grande (PB), Minas Gerais e Pernambuco. Essas atividades ganharam ainda mais estrutura quando o CUCA se tornou um ponto de cultura, em 2005. Em dez estados, a atuação do CUCA foi potencializada pelo Programa Cul-tura Viva, do Ministério da Cultura.

Entre estes embriões, vale destacar o da Paraíba. Às margens do Açude Velho, na Rua Paulo Frontin, onde funcionava o Clube do Estudante Universitário, fundado em 1963, mas que desde 1993 não abria as

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portas devido ao estado precário de conservação, o espaço dava uma verdadeira aula de beleza. Em 2003, dez anos depois, os estudantes ocuparam o local e começaram a desenvolver várias atividades culturais e oficinas relacionadas ao CUCA. Cabruêra, uma das principais bandas do cenário independente nacional, passou muitas vezes por lá com seu charmoso cancioneiro popular nordestino.

Durante o 6º Seminário do CUCA, realizado em agosto de 2006, no Rio de Janeiro, “cuqueiros” de todo o país elaboraram um estatuto e formalizaram a criação do “Ins-tituto CUCA da UNE”, garantindo mais autonomia administrativa, organizativa e de gestão. Uma das conquistas mais marcantes desta época, precisamente em 2007, foi a construção da tenda Centro Cultural Gianfrancesco Guarnieri, na sede da entidade, em São Paulo, em home-nagem a um dos maiores artistas do Brasil e integrante do CPC. O local passou a abrigar um palco e um ateliê coletivo. Na inauguração do espaço, inclusive, a viúva do artista esteve presente, junto com outros familiares. Em 2011, ainda em pleno funcionamento, o espaço CUCA promove rodas de samba e série de atividades permanentes.

“Fortalecemos a cultura dentro da UNE e consolidamos de vez a rede universitária por meio dos CUCAs. Uma vitória enorme para a entida-de foi, com certeza, a construção do Centro Cultural Gianfrancesco Guarnieri, pois isso devolveu ao

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CUCA-São Paulo um espaço pró-prio, que foi perdido na Barra Funda. O fato de ter um ponto de referência na cidade contribuiu para o desen-volvimento de suas atividades ao longo dos anos”,pontuou o então presidente da UNE na época, Gustavo Petta

Em 2008, o Instituto CUCA da UNE se tornou Pontão de Cultura. Seu projeto levou o nome de “Roda a Rede” e tinha como objetivo realizar atividades –oficinas e apresenta-ções– nos pontos de cultura nas universidades.

Hoje, o CUCA está presente em 15 estados. Os “cuqueiros” se en-contram anualmente em eventos como a Teia (Encontro Nacional dos

Pontos de Cultura), as Bienais e os seminários nacionais. Não possuem modelo único de gestão. Em alguns estados, estão mais voltados para a produção, e, em outros, para deter-minados fazeres artísticos.

“O que eu percebo é que o mo-vimento estudantil ganhou uma parcela de jovens artistas que antes não estavam próximos da UNE, não se identificavam. O CUCA criou este espaço. O mais legal de tudo isso é que não foi uma experiência pontu-al, ela permaneceu. Dez anos depois de tudo que havíamos planejado, podemos identificar gerações de cuqueiros. Eu sou de uma geração, o Tiago Alves [primeiro coordenador do Instituto] de outra, o Redó [Felli-pe Redó, atual coordenador] de uma

(1) Apresentação no espaço CUCA em Recife;

(2) Luis Parras, um dos fundadores do CUCA;

(3) Tenda do CUCA Gianfrancesco Guarnieri, em São Paulo

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outra, e assim vai. São gerações diferentes, mas que ajudam a UNE a se formar e se firmar culturalmen-te”, conta uma das fundadoras do CUCA, a atriz Ana Petta.

O circuito tem como planejamento manter as práticas que se forma-ram ao longo de sua existência, mas, também, realizar novas formas de cultura para que a di-versidade da juventude brasileira seja abraçada como um todo. Os próprios mecanismos artísticos de hoje contribuem para isso, como o audiovisual, as artes visuais, o cinejornal, as artes plásticas e etc. O que o CUCA pretende é que esse caminho seja ainda mais explorado nos próximos anos de existência.

O interessante de tudo é que em todos estes anos o CUCA nunca foi uma coisa só, o CUCA é muitos! É formado por Centros que formam um único todo e o Circuito, um círculo poroso, aberto, que dialoga com outras redes locais e nacionais,

em diferentes formatos e modelos de organização. Ele atua em muitas frentes e uma de suas principais contribuições foi, sem dúvida, conseguir atuar de maneira perma-nente e ininterrupta, o que por si só já é um desafio e uma vitória para qualquer organização.

“Participei de vários eventos cultu-rais da UNE e percebi suas modifica-ções e suas características ao longo dos anos. Os CUCAs são um marco na história da UNE. Parte deste sucesso é justamente a maneira que é organizado, um misto de produção profissional mas totalmente pensa-da e organizada em seus aspectos conceituais por jovens, que saem de suas casas e convivem entre si para dar corpo a ideia. Esses anos todos parecem apenas o inicio de uma longa trajetória, de uma nova forma de fazer eventos e da implementação de um ponto de vista crítico sobre a cultura para além do mero entreteni-mento”, lembrou um dos fundado-res do CUCA, Luis Parras.

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(1) Intervenção do CUCA no Teia Brasília/2008;

(2) Coletivo do CUCA em Seminário no

Rio de Janeiro

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O projeto Ponto de Cultura, que integra o CUCA da UNE, é a ação prioritária do Programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura. Os pontos espalha-dos pelo Brasil são iniciativas desenvolvidas pela sociedade civil, que firmaram convênio com o Mi-nistério da Cultura (MinC), por meio de seleção por editais públicos e ficam responsáveis por articular e impulsionar ações culturais que já existem nas comunidades.

Segundo dados do IPEA, são quatro mil Pontos

em 1122 municípios. Diante do desenvolvimento do Programa, o MinC decidiu criar mecanismos de articulação entre os diversos Pontos, as Redes de Pontos de Cultura e os Pontões de Cultura.

O Ponto de Cultura não tem um modelo úni-co, nem de instalações físicas, nem de programa-ção ou atividade. Um aspecto comum a todos é a transversalidade da cultura e a gestão comparti-lhada entre poder público e a sociedade civil.

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Estudantes dançam na abertura da 7ª Bienal na Cidade do Samba/RJ - 18/01/2011

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“Se o poeta avisouQue tem fim felicidadeQuero o rastro da passistaVou na esteira de quem sabeDe quem vira a fantasiaE nos avessos da cidadeVence sol ou chuva friaPorque o samba é o combate”

E essa tal felicidade do povo brasileiro? Essa capacidade de transcender sobre o peso que pesa, de se iluminar sobre a dor que dói, de não esmo-recer na batalha e fazer carnaval? E esse samba desse povo, que ninguém sabe se é alegre ou se é triste, que se entrega na noite mas se fortalece é no dia após dia, que lava alma de quem dele precisa? E esse país que ainda não raiou? Há quem diga que o samba é seu mal, a expressão preguiçosa de uma gente a quem não cabe muito celebrar nem antes nem depois da quarta-feira de cinzas. Seria o samba um falso remédio, um colírio ludi-briante, um engano em compasso de dois por quatro?

Pra cima de mim não! O samba não tem erro e de malandro faz gigante. O samba é o recurso de quem não pode e se sacode, quem levanta, bate a poeira e dá voltas por cima do próprio destino. O samba é de quem sabe. Se viver é uma cruzada, a alegria é o estandarte, tamborim é a fé cega, o tantan a humildade, cavaquinho é luz de cima, o surdão toda vontade de o pandeiro dar o ritmo pra canção virar verdade.

Muito mais do que música, samba é o jeito de viver, gingar, pensar e decidir as coisas nesse pedaço de vastidão da América do Sul. É o traço de brasi-lidade que agrega toda a cultura nacional em sua complexidade e jogo de cintura. De que é feito o samba perguntam-se desde antropólogos como Hermano Vianna no livro “O Mistério do Samba” até roqueiros convertidos como Marcelo Camelo em seu “Samba a Dois”, bem conhecido com o grupo Los Hermanos.

A União Nacional dos Estudantes, uma das mais antigas e marcantes

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instituições da sociedade brasileira, mergulha no universo do samba em sua 7ª Bienal com o tema: “Bra-sil no estandarte, o samba é meu combate”. A UNE, em um grandioso evento de oito dias e mais de 60 mil estudantes no Rio de Janeiro, deixa-se provocar e enfrenta a incômoda teoria de que o samba e a felicidade do povo brasileiro são inférteis. A Bienal abandona, corajosamente, o medo de que o Brasil termine em um imenso carnaval, sem prazo para a última batida. Juntos, os es-tudantes brasileiros mostrarão que ser feliz também é o combate.

Do ponto de vista conceitual e estético, fazer um samba na Bienal é promover um grande desfile da diversidade, baseado no aplauso e no improviso. Uma grande roda de bambas onde se entra o tempo todo em um ticuntum de ideias, tecno-logias, saberes e fazeres. A escolha do samba para o evento permite a quebra sincopada das estruturas hierárquicas do conhecimento, dando lugar ao coletivo e à contri-buição de cada um e sua caixinha de fósforos. O fascínio um tanto místico que move uma escola de samba na passarela, que leva um país a cantar junto, é replicado, entre a juventude brasileira da Bienal da UNE, em uma onda de motivação e práticas solidárias que se multiplicarão para muito além do evento, porque todo samba é de combate.

A 7ª Bienal representa um ama-durecido trajeto em busca dos fundamentos basais da identidade nacional brasileira. Ao longo de

12 anos, as Bienais pautaram a herança africana na cultura do país, os vínculos do Brasil com a América Latina, a cultura popular e as raízes de formação do Brasil. O samba aparece, naturalmente, em meio a esse caminho, sintetizando um pou-co de todas essas referências em uma manifestação que tornou-se, praticamente, sinônimo de nação. Entendendo o momento histórico de crescimento do protagonismo internacional do Brasil, assim como da sua responsabilidade com a transmissão de valores positivos ao mundo, a Bienal da UNE recorre ao samba em sua dimensão complexa, festiva, crítica e redentora.

Em 2005, o samba de roda baiano foi incluído pela Unesco na lista dos Patrimônios da Humanidade. Em 2007, o Instituto do Patrimônio Ar-tístico e Cultural do Brasil (IPHAN) definiu o samba como Patrimônio Nacional. A partir de um qualificado rol de convidados e mesas-redon-das, grandes atrações culturais, assim como da transversalidade de linguagens como música, cinema, teatro, arte digital, literatura e artes visuais, a 7ª Bienal da UNE também consagra o samba como riqueza imaterial da sociedade brasileira, permeável para os mais diversos debates e propostas.

Do ponto de vista histórico e antro-pológico, a Bienal contribui para, desde o século 19, um resgate dessa manifestação em cada uma das suas expressões, como a semba africana, a umbigada, o samba de roda, samba de terreiro, samba cor-

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rido, samba de gafieira, samba de breque, samba canção e a própria bossa nova ou o pagode. A partir de 1917 e daquele tido como o primeiro samba gravado – “Pelo telefone” de Donga e Mauro de Almeida – o samba passa também a constituir, por si, uma narrativa do desenvolvi-mento social e político do Brasil nos últimos 100 anos.

Segundo Hermano Viana, recorren-do à imagem de um possível en-contro entre os intelectuais Gilberto Freire e Afonso Arinos com o músico Pixinguinha, o samba é alçado a símbolo da “identidade nacional” em um elaborado processo de inter-mediações sociais entre o povo e as elites. Freire recorta o Brasil de seu tempo, início do século 20, apresen-tando o mestiço como elemento sín-tese das coisas nacionais, em busca do viés definidor da autenticidade do país. Nesse momento, a capital do Brasil, o Rio de Janeiro, vivia grande influência da cultura estrangeira, notada nas reformas urbanas de Pereira Passos e no apogeu da “belle époque” francesa. Com a nova formação do estado brasileiro, pós revolução de 1930, firmou-se a construção de uma memória de identidade nacional elencando o samba como manifestação “genui-namente brasileira”.

O samba da Bienal de 2011, revisita-do e ressignificado em uma cidade que se ensaia cosmopolita o bas-tante para receber, em 2014, a final da Copa do Mundo e, em 2016, os Jogos Olímpicos, é como a procura de um marco referencial da cultura

brasileira. Adereçado de possibilida-des e conexões como o samba-rock, a drum`n`bossa e as paradinhas do funk na bateria, o samba brasileiro tem grande contribuição a dar a outros povos mundiais. Prezando pelo alcance, a 7ª Bienal da UNE re-distribui a nossa cultura, assumindo seus elementos de identidade na alteridade, miscigenação e antropo-fagismo cultural em direção a um novo grau civilizatório entre povos e nações que faça frente às constan-tes manifestação de intolerância, racismo e fundamentalismo pelo planeta. Isso vai dar samba.

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Puxador na abertura da 7ª Bienal na Cidade do Samba/RJ - 18/01/2011

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5 dias de evento

Mais de 100 horas de atividades

125 ônibus de caravanas de todas as regiões do país

9 mil estudantes de todos os estados do Brasil

Público geral de 80 mil pessoas

8 tendas montadas no Aterro do Flamengo

Ocupação do Museu do República com a mostra de artes visuais

132 pessoas envolvidas na produção do evento

1.101 trabalhos inscritos

25 shows

12 rodas de samba

10 apresentações teatrais

15 debates

42 debatedores

30 filmes exibidos

10 times de futebol inscritos na 1ª Copa UNE de futebol de areia

25 oficinas

1 desfile de moda hip hop

1 batalha de MCs

1 Culturata na orla de Ipanema

Visitas a 12 comunidades cariocas

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Plenária final do 13º CONEB no Maracanãzinho

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O movimento estudantil brasileiro participa, historica-mente, dos principais debates do país. Seja na defesa da democracia, na valorização do patrimônio nacional, na luta pelo acesso de todos à educação e à cultura, a União Nacional dos Estudantes sempre tem parti-cipação decisiva. No entanto, é no dia a dia de cada curso universitário do país, dentro de cada diretório ou centro acadêmico, nos desafios particulares de cada faculdade e na mobilização de estudantes que se en-contra a verdadeira força dessa rede.

Como atividade integrada à Bienal da UNE, o Rio de Janeiro recebeu o 13º Conselho Nacional de Entidades de Base, o CONEB, reunindo cerca de 5 mil representantes de DAs e CAs de todo o país entre os dias 13 e 17 de janeiro de 2011. Na pauta, os rumos do movimento estudantil no momento de ascensão ao governo da primeira mulher presidente do Brasil. O CO-NEB trouxe o tema “Nas ruas de hoje, o Brasil do amanhã” com objetivo de promover a conexão entre as principais lideranças estudantis da atualidade para, juntos, elaborar um documento com as pautas de reivindicações para o primeiro ano do governo de Dilma Rousseff.

Debatedores convidados, representando muitas áreas distintas, qualifica-ram as discussões do encontro. Entre eles, o ex-ministro da secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, representando o posicionamento do último governo com a agenda da democratização da mídia, participação popular e conquista de espaços e direitos. Na terra do Bope, o ex-capitão do mais famoso destacamento da Polícia Militar, Rodrigo Pimentel, – que inspirou o Capitão Nascimento do filme “Tropa de Elite”–, visitou o CONEB

Nas ruas de hoje, o Brasil do amanhã

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para dialogar com os estudantes sobre segurança pública e direitos humanos. Quem também partici-pou do encontro foi o diretor global de parcerias e novos negócios da Wikipédia, Kull Wadhwa. Celebrando os 10 anos de fundação daquela que é considerada a maior enciclopédia colaborativa do mundo, ele apontou o Brasil como prioridade da Wikipé-dia para o próximo período.

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Os estudantes se dedicaram tam-bém a temas como os rumos do desenvolvimento econômico e social do país, as políticas públicas para a juventude, a questão agrária, a reforma política, o combate ao ra-cismo, ao machismo e à homofobia, e debates sobre o meio ambiente, a assistência estudantil e programas de ampliação e democratização do acesso ao ensino superior, como o ProUni e o Reuni.

Uma das principais discussões focou o Plano Nacional de Educa-ção, em tramitação no Congresso Nacional e apontado pelos partici-pantes como a principal batalha a ser travada nas ruas. Os estudantes querem 10% do PIB e 50% do fundo social do Pré-sal para a educação.

A plenária final do CONEB, realizada no ginásio do Maracanãzinho, con-vocou a tradicional jornada nacional de lutas das entidades estudantis, série de manifestações que ocorrem todos os anos no mês de março em homenagem ao estudante secun-darista Edson Luís, assassinado no dia 23 desse mês, em 1968, pela ditadura militar. Entre as resoluções do Conselho, estão três propostas

sobre conjuntura, educação e movi-mento estudantil. Nos documentos, os estudantes afirmaram a indepen-dência face ao governo e chamam a atenção para a importância de combater a pressão dos setores conservadores que tentam impor uma agenda regressiva ao país.

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(1 e 3) Baile do Simonal na Quinta da Boa Vista;

(2) Movimento LGBT na UNE;

(4) Plenária final no Maracanãzinho;

(5) Debate com Franklin Martins

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Tem gente que gosta de negar a luta dos estu-dantes do presente. Dizem que a atual geração de jovens é alienada, que não corre atrás para que as coisas mudem e preferem apenas pen-sar cada um no seu interesse. Quem fizer uma breve digressão ao passado recente do movi-mento estudantil poderá constatar os esforços realizados para corresponder às expectativas e anseios atuais dos estudantes e, sobretudo, abrir o escopo de suas pautas, abordar temáti-cas específicas, que interessam e afetam a vida dos estudantes do século 21.

O movimento tem buscado se oxigenar e criar formas de ação contemporâneas, que não desca-racterizem o histórico de lutas dos estudantes e contemplem as novas manifestações que surgem no meio universitário. A democratização dos meios de comunicação, a ampliação do acesso à internet e o debate da saúde relacionado a questões comportamentais são alguns exemplos

disso. Mas, certamente, a maior demonstração dessa realidade está expressa no sucesso que tem sido as Bienais da UNE, espaço em que estudantes de todo o país podem mostrar o seu talento artístico.

Os estudantes de hoje são filhos das lutas de antes e continuam tendo objetivos transfor-madores. A vontade de lutar continua intacta, embora as características dos estudantes e do movimento estudantil de hoje sejam dife-rentes. Todos os que participaram, saíram do CONEB convictos de que a tarefa do momento é disputar o conteúdo do novo Plano Nacional de Educação de forma unitária com outros movi-mentos educacionais, apresentar emendas e buscar a sua melhoria com a força de transfor-mar em realidade o sonho de um Brasil justo e soberano e uma educação à altura dos desafios do povo brasileiro.

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Ato político na plenária final do 13º CONEB

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• Ampliar progressivamente o investimento público em educação, iniciando com a apli-cação de 7% do PIB de forma imediata e 10% até 2014;

• Destinar 50% do fundo social do Pré-sal para a educação;

• Plano de ampliação das públicas, com metas permanentes de ampliação de 5 em 5 anos, contribuindo para a meta de chegar em 2020 com 40% dos jovens de 18 a 24 anos no ensi-no superior, sendo 60% da oferta de vagas nas instituições públicas;

• Destinar 1,5% do orçamento global do Ministé-rio da Educação (MEC) para o Plano Nacional de Assistência Estudantil, além de assegurar 14% dos orçamentos de cada universidade pú-blica para a rúbrica de assistência estudantil;

• Constituir um fundo garantidor do FIES de for-ma a dispensar progressivamente a exigência de fiador até 2014;

• Adotar políticas afirmativas, na forma de lei, como o PL 73/99 da reserva de vagas para es-tudantes de escolas públicas;

• Aprimorar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em constante diálogo com universida-des, entidades do movimento educacional e governo;

• Garantir que o ensino médio neste novo PNE seja para o aprofundamento da qualidade da educação, focada na formação emancipatória e cidadã, garantindo a ponte educação-média-superior;

• Ampliar a oferta de vagas em programas de pesquisa e extensão na graduação; fortalecen-do o laço indissociável entre ensino, pesquisa e extensão;

• Proibir a circulação do capital estrangeiro nas

universidades como forma de garantir qualida-de e soberania sobre a educação brasileira;

• Estabelecer piso de 1/3 do corpo que funcio-ne em regime de dedicação exclusiva, com 40 horas semanais como forma de assegu-rar a qualidade;

• Ampliar a pós-graduação stricto sensu;• Estabelecer regime de colaboração para o en-

sino superior entre União, Estados e municí-pios para formação de professores;

• Promover expansão e reestruturação das uni-versidades estaduais, a partir de complemen-tação orçamentária do governo federal, de maneira a garantir e possibilitar a formação de profissionais, não somente nas licenciaturas, mas em todas as áreas do conhecimento, por todo território brasileiro;

• Garantir a democratização da universidade bra-sileira, aprovando a composição paritária dos espaços de decisão das instituições, como os conselhos universitários, e a eleição direta para reitor tanto no setor público como no privado;

• Aprovar a obrigatoriedade, de fato, do ensi-no médio brasileiro, corrigindo a defasagem série-idade e combatendo a evasão escolar com políticas de assistência estudantil e com a ampliação de programas como Bolsa Família, ProJovem. Transporte e merenda escolar aos estudantes desta modalidade de ensino;

• Promover a universalização da educação in-fantil de 0 a 3 anos na modalidade integral, ex-tinguindo progressivamente o atendimento por meio de instituições conveniadas e garantindo aporte federal para ampliação e reforma de escolas e custeio com pessoal, assegurando seu atendimento por profissionais com nível superior e garantia de formação continuada.

Algumas_das_propostas_aprovadas_pelo_13o_CONEB

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Público da 7ª Bienal na Lapa/RJ - 21/01/2011

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Alguém na Bienal da UNE

16_de_janeiro_2011_3h17_Preparando

Cá estou eu, rabiscando de novo, alguns anos depois, esse velho Moleskine, metade virgem ainda. Não tenho certeza do que vai acontecer por aqui, nem sei se quero saber, prefiro transferir as palavras, os gostos, as imagens e as ideias na forma que vierem. O papel é a tela, a caneta é transmissão, eu sou a antena, um satélite em direção à Bienal da UNE, meu primeiro encontro estudantil após dois anos de faculdade. É impressionante como os quase dois dias dentro deste ônibus fazem com que você conheça pessoas que parecem terem sido seus amigos a vida toda. Chegaremos ao Rio de Janeiro amanhã e a impressão é a de que tudo já aconteceu, todas as coisas já se passaram nessa estrada, a maioria de nós vai à Bienal pela primeira vez e quase tudo é novo, quase tudo é possibilidade, basta experimentar. Ao meu lado, um estudante de cinema e um blogueiro, atrás de mim uma desenhis-ta que apresentará seu trabalho na mostra de artes visuais. Apesar de toda a prosa, o tempo passa melhor com algum álcool, é verdade, no caso um vinho que não é bom, mas acaba sendo ótimo. O Ipod plugado nas caixinhas de som permite o talento de DJs de última hora (eu inclusive) e uma varie-dade imensa de coisas pra se ouvir, mas a real é que o reggae predomina. Discussões políticas também rendem, falou-se da Marcha da Maconha, da lei que proíbe os véus muçulmanos nas escolas da França, da Bolsa Famí-lia, do Passe Livre e do aquecimento global. Participei de tudo. Muita gente pensa diferente e, ainda assim, queremos a mesma coisa. Não é algo que tenha nome, mas nem sei se precisa, o importante é estar junto. A primeira vez que escutei o hino da UNE, dizendo que a UNE é União, achei tautológico e pobre, mas agora entendo cada vez mais. Não conheço o Rio, acho que não haveria lugar melhor para essa Bienal que junta samba e política. Poxa, falei demais, nem mais sobre o que. Deixo o papel, volto à estrada.

Do meu Moleskine

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17 de janeiro 2011_21h_23_Transmitindo

Verão no Rio de Janeiro e não há como relatar o calor desse sol. Talvez deixe uma ou duas páginas em branco do Moleskine se queimarem, sem filtro solar, para bronzear o meu texto. Clima quente até de noite, calor de gente que não para de chegar aqui no aloja-mento do Fundão. O corpo está cansado, mas algo se revigorou, um combustível invisível, uma injeção de ânimo ao ver tantas pessoas, tantos cabelos e cores, tantas coisas que se juntam. A primeira coisa foi um breve tour, a proximidade física com os cartões postais do Brasil (nem todos, não deu tempo para visitar Copacabana e Ipanema, mas o sentimento de chegada é verdadeiro). Muita coisa se deu durante o dia, apesar da Bienal ainda não ter começado a acontecer. Chegamos a tempo de participar da plenária final do Coneb, um encontro de DAs e CAs de todo o Brasil. Muita pressão no ginásio. Já deu para perce-ber o tamanho e a diversidade da Bienal e da própria UNE, com gente de todo o canto. O mate do sul com a cachaça de Minas. A animação de Pernambuco misturada à liberdade baiana. As delegações são celebradas à medida que chegam, algo meio ritual, muitos estandartes e gritos de guerra. Estou dentro da barraca, alojamento já de pé, terminando o relato para começar a primeira noite. Festa oficial do Coneb e festa extra-oficial dos alojados. As coisas estão acontecendo, hora de se deixar, encontro-me depois.

18 de janeiro 2011_9h45_Conhecendo

Quando assisti aos Diários de Motocicleta, encantei-me com a ideia de acordar, a cada dia, em um lugar novo. Ao abrir os olhos hoje, percebi que já são quatro dias despertando com uma imagem diferente do despertar anterior. A partir de agora, uma certa estabili-dade, pelos próximos dias estarei aqui, nessa barraca (ou em outra, por que não?). Deixa. Voltei nesse instante do café da manhã, o corpo ainda reclama de um ou outro excesso da confraternização de ontem, mas o espírito animado com a programação de hoje, o Lado C (ainda não entendi o nome, mas sei que vou entender em breve). Serão visitas a comu-nidades do Rio de Janeiro, trocas com aquelas pessoas, suas experiências, seus lugares, seus processos. Vai dar muito certo, desde que a Bienal foi lançada, esse momento foi um dos quais eu mais aguardei. Nossa delegação seguirá com o Herme (cara gente fina) para o Morro dos Macacos, comunidade de Vila Isabel, terra do Martinho da Vila e da UPP, ber-ço do samba e da feijoada famosa da Tia Filó. O Google já tinha me falado disso tudo, mas chegou a hora do empírico. Nunca subi a favela, acho que está começando algo maior do que imagino. Pressa. Desconecto.

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19 de janeiro 2011_10h_Reconhecendo

Muito bonito o samba. Eu não sabia. Pode parecer insensibilidade de quem, como eu, gos-ta de música brasileira acima de todas outras, não saber que o samba é tão bonito (e eu já até sabia, me contradizendo, calma, sem confusão). O que tenho a dizer é que alguma ficha caiu ontem à noite, na abertura da Bienal, sob um espírito misterioso e sagrado do samba, sobre a figura da Beth Carvalho de cadeira de rodas, no palco, trazendo alguma força de não sei onde que ultrapassa a sua própria saúde (ela diz que já está se recupe-rando) e faz acontecer. Estávamos na Cidade do Samba, onde se encontram todos os bar-racões das escolas do carnaval carioca, algo como um museu de coisas não envelhecidas, uma biblioteca totalmente renovada a cada ano. Acho que torço, a partir de agora, para a Mangueira, não sei, mas vamos ver até o final da Bienal. Voltando à beleza do samba: entendi, com a Beth Carvalho no palco, que o samba também é luta social, de outro jeito, que já está aí desde muito antes que muitas das lutas que fazemos atualmente. Quando a Beth entrou no palco, todo mundo que estava sentado se levantou, rompeu o cordão de segurança e ocupou mesmo a frente do palco, ela com a bandeira da UNE. Veio depois uma bateria de samba nervosa, que também deixou uma meia dúzia de arrepios e, para fechar, o show do D2. A Bienal começou. Eu, que já havia começado, aumentei.

20 de janeiro 2011_13h04_Participando

Estive pensando, quase tudo que me surpreende é positivo, quase tudo que me desagrada é algo que eu já estava esperando. Planejei e esperei muita coisa para essa viagem ao Rio de Janeiro, mas o baque positivo, até o momento, foi o inesperado: uma oficina de música e corpo com o Naná Vasconcelos. Não vou mentir, eu nem o conhecia e fui parar na oficina por acaso, mas ele é o maior percussionista do mundo e, pra mim agora, um dos maiores professores do mundo também. Com ele eu estudaria qualquer coisa, senti firmeza na forma com que ele fez todos nós funcionarmos de um jeito diferente, explorar os próprios ritmos, a começar pelo próprio coração. Sensacional. Conheci todos os espaços da Bienal, as tendas no Aterro do Flamengo, um lugar com cara de cartão postal, bondinho do Pão de Açúcar, de frente para a praia. Todos os dias têm roda de samba na hora do almoço e no final da tarde no Buteco Literário, acho que o meu local favorito até agora, uma das muitas tendas montadas sobre a areia. Fui a um debate com a Leci Brandão, e também a um show dela com o Rappin Hood na Quinta da Boa Vista, um lugar bem marcante onde há a antiga casa da família real. Hoje a noite é a Lapa, dos arcos e das baladas. O Rio já está todo na cabeça, a gente sabe tudo dele pelos livros de História ou pela novela das oito, me sinto bem, sinto que há algo acolhedor aqui apesar do que se conhece tão amplamente também na base do medo e da violência. Quero ver os filmes da mostra de cinema e conhecer o Museu da República. Show da Elza Soares pra encerrar a noite (ou começar?).

DIÁRIODEUMESTUDANTE

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21 de janeiro 2011_9h07_ Experienciando

É verdade, como eu havia previsto. Acordei em outra barraca, com outra pessoa. Não é nada que tenha planejado, nada que marcasse um objetivo da noite de ontem nem das noites anteriores. Não foi uma pessoa qualquer e não foi a pessoa mais especial desse mundo (nem dessa Bienal). Não sei. A coisa se desenhou normalmente no meio do show da Elza Soares, nas primeiras conversas e trocas de olhares, nós dois já sabíamos o fim da história, mas nenhum dos dois tentou antecipá-lo. Dormi poucas horas, uma, duas? A noite virou dia. As coisas sentidas se transformaram. Deixa ser. Acho que foi a Elza Soares, a verdade é que aquela Lapa toda queria dormir é na barraca dela! Aí fazemos essas transferências pra pessoa que está ao lado. E vale a pena. Mas enfim, já estou de volta, com segurança, à minha barraca original. A festa no alojamento foi histórica mesmo, todas as delegações de todos os estados, um maluco gente finíssima tentando organizar (como se chamava? Damat? Dalat?) e a coisa fora do controle. Acho que deu, pela primeira vez, medo de crescer e, um dia, deixar de ser jovem. Acho que é também porque a Bienal está acabando, hoje é o penúltimo dia, me deixo a essas dramaticidades. No planejamento de hoje, visitar a obra do Kobra no Aterro do Flamengo, não perder a roda de samba do Buteco Literário (óbvio) e participar do debate do CPC e do CUCA, com o Cacá Diegues. E a noite? Bem, deixa eu fechar a barraca e sair que o ônibus deve estar impaciente comigo.

22 de janeiro 2011_20h36_Partindo

O medo é parte da partida. Ou uma parte partida daquilo que a gente tinha e não sabia que amava tanto. Deixei a minha parte lá em Ipanema, no pôrdosol do Arpoador, no encerra-mento dessa Bienal que nem eu sabia que fazia tanta parte de mim. O medo é da falta que se sente das pessoas, das coisas que se fala e se escuta aqui, da comunhão sobre aquilo que é colocado na roda. Estamos aqui, prontos para entrar no ônibus e partir. A última imagem, a Culturata marchando sobre a praia, vai ser uma tentativa de driblar a falta, depois que a Bienal passar. Dizem que o samba também é saudade. A passeata teve uma homenagem muito bonita às pessoas da região serrana do Rio de Janeiro que sofreram com a tragédia desse ano. Acaba que tudo se juntou, a juventude, a despedida, a solidarie-dade, o Rio e a rua, a praia, o sol e a noite que chega para o descanso e o recomeço. A Bie-nal da UNE é, na minha opinião, o lugar mais importante para um jovem estar, em algum momento. Mesmo que seja para nunca mais voltar (o que definitivamente não é o meu caso). Acho que tem muito Brasil ainda por aí, há muitos lugares e gentes para conhecer, mas isto que se passou foi diferente, essa foi mais do que uma viagem. A mesma estrada está nos esperando, de volta, mas não somos somente novos amigos de jornada. Somos parte disso tudo. Até a próxima Bienal.

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Oficina de graffiti no Aterro do Flamengo

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LADOC

7ª Bienal promoveu visita ao Morro dos Macacos

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Uma característica das Bienais é sempre extrapolar a ideia de um festival fechado entre os seus participan-tes e absorver ao máximo a troca de experiências com a cidade. O melhor é aproveitar a oportunidade de reunir estudantes de todo o país para ampliar o diálo-go de culturas, gostos, cheiros e cores.

Já não bastasse ter escolhido o Aterro do Flamengo como a sua sede a céu aberto, a Bienal realizou também, em parceria com a Coordenadoria Municipal de Juventude, o programa Lado C. Assim, promoveu visitas a co-munidades e pontos turísticos cariocas com programação especial em cada espaço criada para recepcionar os estudantes.

Para abrir as atividades da Bienal, no dia 18 de janeiro, os estudantes se dividiram em grupos e visitaram o Museu da Maré, na favela de mesmo nome; o Morro da Serrinha, para dançar o jongo; o Cristo Redentor, onde foram abençoados; o Morro da Mangueira, quando cantaram ao lado de Cartola; a Cidade do Samba, local símbolo do carnaval carioca; e o Morro do Macacos, que estava com a mesa posta aguardando os jovens com uma bela feijoada.

A_feijoada_da_Tia_FilóUm dos momentos mais aguardados da visita ao Morro dos Macacos, na comunidade de Vila Isabel, foi a feijoada da Tia Filó, tradicional no “Pau da Bandeira”, reduto dos bambas na década de 1960. Na época, iniciaram ali a carreira vários sambistas hoje consagrados. Dona Filomena, a Tia Filó, cozi-nhava para os compositores da roda de samba da Vila, entre eles Martinho, que carrega o bairro no sobrenome artístico.

O ‘banquete’ foi servido no espaço onde funcionava uma creche e que

Bienal vai à casa das tias e visita Cartola

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agora é ocupado por uma oficina de silkscreen. Regularmente, crian-ças e adolescentes recebem aulas profissionalizantes de Vavau, que re-velou mais encantos de Vila Isa- bel. Depois de saborear o prestigiado prato, era hora de descer o morro e curtir uma roda de samba especial-mente formada para os estudantes que naquele dia entraram na casa de uma das comunidades mais generosas do Rio.

O_batuque_no_quintal_da_Tia_MariaDas escadarias do Morro da Serrinha já se escutava o toque do atabaque no batuque do jongo, uma celebração de boas vindas aos estudantes. Ali, os jovens aprende-ram sobre a umbigada e assistiram apresentação de dança do alto do quintal da Tia Maria, com vista para toda a comunidade.

Com adornos vaidosos e belos sorrisos do auge de seus 90 anos, a presidente da ONG Cultural Jongo da Serrinha e uma das fundadoras da escola de samba Império Serra-no, Maria de Lourdes Mendes, a Tia Maria do Jongo, recebeu os estu-dantes da UNE para uma apresenta-ção. Talentosa nata, tocando cavaco e cantando, ela mostrou o porquê de ser considerada a lenda viva da cultura afro-brasileira.

Mestre_Cartola_também_apareceuNo pé do morro da Mangueira está aberto, desde 2001, o Centro Cultu-ral Cartola, uma das tantas opções turísticas que o Lado C promoveu para os estudantes no primeiro dia da Bienal. Uma homenagem merecida ao fundador e responsável pelas cores de uma das maiores escolas de samba do Rio de Janeiro, a Estação Primeira de Mangueira.

O cenário da chegada era perfeito para uma recepção ao som do cava-quinho e da cuíca. Os organizadores do espaço, no entanto, surpreende-ram e realizaram uma apresentação da Orquestra de Violinos Cartola da Petrobras, com crianças da comu-nidade da Mangueira interpretando grandes obras do compositor mais famoso do morro.

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(1) Morro da Mangueira;

(2, 3, 4 e 6) Morro dos Macacos;

(5) Cidade do Samba;

(7 e 8) Morro da Serrinha

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LADOC

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1ª Copa UNE de futebol de areia realizada durante a 7ª Bienal

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ABERTURA+AULAESPETÁCULO

Marcelo D2 na abertura da 7ª Bienal na Cidade do Samba/RJ - 18/01/2011

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A Bienal deu as boas vindas às delegações de estu-dantes de todo o Brasil que ocuparam a Cidade do Samba, em meio a carros alegóricos e patrimônios de outros carnavais cariocas. Beth Carvalho, que se recuperava de um problema de saúde, emocionou a cerimônia de abertura com seu combate e ainda pre-senteou o público cantando clássicos da música popu-lar. A festa teve também bateria de escola de samba, Marcelo D2 e baile funk

Todos os anos, carnaval após carnaval, as emissoras de televisão replicam, admiradas, a imagem de uma passista que, mesmo com os pés machuca-dos, não parou de dançar até o fim da avenida. Na abertura da 7ª Bienal, a madrinha do samba brasileiro e homenageada do festival, Beth Carvalho, transmitiu aos milhares estudantes de todas as regiões do país essa mes-ma manifestação vigorosa e impressionante da força e do combate do povo brasileiro.

Recuperando-se de um problema de saúde, Beth decidiu comparecer ao palco da Bienal, mesmo de cadeira de rodas, e ainda arriscou com a banda do evento uma mini-apresentação de duas músicas: o hino Vou festejar e a apropriada O show tem que continuar, do grupo Fundo de Quintal. “Obriga-da por esse carinho todo, estou muito comovida”, disse. Ao final, a mensa-gem que agradou a todos: “Já estou andando e me recuperando”.

Pouco antes, o espetáculo de abertura tinha começado com o mestre de cerimônia Luiz Carlos Miele e sua banda. O primeiro samba da Bienal foi Praça Onze, da parceria entre Herivelto Martins e Grande Otelo, homena-geado da área de cinema da Bienal. Seguiram-se outros, sempre indicando os outros homenageados das áreas de literatura, artes cênicas, visuais, música, ciência e tecnologia.

Após a saída da madrinha Beth Carvalho, o fogo do público consumiu o último trecho do pavio que resta-va e a coisa explodiu. O show-espetáculo da bateria

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formada por representantes das principais agremiações do samba carioca, acompanhado das mulatas sem a mínima moderação na exube-rância, fez o público sambar, pular e engrossar o coro de sucessos como Explode Coração, do Salgueiro, e a versão samba-enredo de Não quero dinheiro, de Tim Maia.

A noite seguiu com Marcelo D2, no show de seu último disco “Marcelo D2 canta Bezerra da Silva”. No fun-do do palco, a imagem gigantesca do próprio malandro, meio como ob-servando de butuca, dava a impres-são de que ele estaria aprovando a festa toda. Para encerrar, baile funk versátil com MC Leonardo e Junior e MC Sabrina, que desceram a Bienal até o chão, selando uma noite para não ser esquecida.

Conversa_de_butiquimPara o leigo, o samba é, genuina-mente, carioca. Os mais escolados, no entanto, dirão que a coisa nasceu

foi na Bahia. Talvez alguém se anime a peitar a discussão defendendo o samba de São Paulo que, ao invés de “túmulo” nas palavras de Vinícius de Moraes, seria também nascedouro. Para resolver a pendenga, a Bienal da UNE reuniu uma roda de samba com todos os sotaques, de todas as regiões do país. O samba, como patrimônio versátil e sem fórmulas

ABERTURA+AULAESPETÁCULO

(1 e 2) Aula-espetáculo no Aterro do Flamengo;

(3) MC Sabrina: beleza e funk;

(4) Beth Carvalho solta a voz

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prontas, representou a própria ima-gem brasileira na aula-espetáculo “Brasil no estandarte, o samba é meu combate”, realizada na quinta-feira, 13 de janeiro, no teatro de arena do Aterro do Flamengo.

Com mediação de Luiz Carlos Miele, o sambista Nei Lopes, o pesquisa-dor Haroldo Costa e o presidente da UNE, Augusto Chagas, participaram de um papo bem ao estilo conversa de butequim, tendo o samba como ingrediente principal. O papo foi ilustrado musicalmente pela banda Gente Fina e Outras Coisas, e teve participações de Jards Macalé e Carlinhos Vergueiro.

“Resgatar a cultura brasileira é uma das missões da UNE. Por isso, a aula-espetáculo é um dos momen-tos mais especiais da Bienal. Sem dúvida, o samba é um emblema da resistência e de alegria do povo brasileiro”, iniciou Augusto Chagas. Uma ótima forma de começar o show da banda foi ouvindo Noites Cariocas, de Jacó do Bandolim, e o primeiro assunto da tarde foi a liga-ção do chorinho com o samba, mos-trando que o gênero está sempre, desde o início, em transformação.

“É preciso deixar claro que a história do samba não acabou. O pagode do Fundo de Quintal foi uma revolução tão grande como a Bossa Nova. E, agora, estamos vivendo um novo momento de renovação: o samba-lanço paulista. O samba está vivo”, afirmou Nei Lopes. Os capítulos musicais da música popular brasilei-ra foram folheados, um a um, tanto

nos discursos e casos contados, como nas belas interpretações musicais em cima do palco.

Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Adoniram Barbosa, Lupicí-nio Rodrigues e Ary Barroso foram nomes que entraram na conversa, de forma didática, em um passeio pela vida e obra dos compositores. “O samba é brasileiro. É preciso entender e respeitar as suas formas regionais”, afirmou Haroldo Costa.

O presidente da UNE, Augusto Chagas, justificou a escolha da entidade para o tema da 7ª Bienal. Segundo ele, além de ser um ritmo genuinamente brasileiro, “o samba é a marca de um povo que luta, mas que luta com alegria, com irreverência. Há quem se incomode mas, para nós, quanto mais carnaval melhor”.

ABERTURA+AULAESPETÁCULO

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Workshop orgânico com Naná Vasconcelos no Teatro de Arena do Aterro do Flamengo - 19/01/2011

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BUTECOLITERÁRIO

Roda de samba Buraco do Galo no Buteco Literário da 7ª Bienal - 20/01/2011

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A roda de samba é, talvez, a manifestação mais demo-crática do gênero. A roda é onde todos chegam, com a colaboração que tiverem, para fazer e manter o batu-que, um encontro em círculo, sem tanta hierarquia ou divisão. A Bienal do samba não poderia passar sem um bom buteco, com direito a tira-gosto, gente ani-mada e, claro, essas rodas de bambas para botar todo mundo a batucar.

O Buteco Literário na 7ª Bienal representou tudo isso e ainda mais. Erguido sob uma tenda do Aterro do Flamengo, o espaço tornou-se uma espécie de ponto nevrálgico do festival, aquele local por onde todos passaram para permanecer ou simplesmente para circular enquanto se deslocavam até outra tenda. No último dia de atividades, o Buteco Literário recebeu também o show do maestro Wagner Tiso, compositor e arranjador de grandes clássi-cos da música brasileira e membro do movimento Clube da Esquina, que se apresentou no Buteco com a Orquestra Revelia e com o sambista Nei Lopes.

Para compor o junta-junta do Buteco durante a Bienal, algumas das mais bacanas rodas do Rio e outros estados se revezaram entre os dias 19 e 22. Segundo um dos organizadores, Herme dos Santos, o mais interessante da programação foi reunir, dentro de uma modalidade que parece tão clássica, um grande diversidade: “A roda Buraco do Galo, por exemplo, é reconhecida por ser um espaço, essencialmente, do samba autoral, onde compositores se reúnem para mostrar o seu trabalho. Já os Inimigos do Batente, de São Paulo, são uma roda de samba com identidade mais politizada, sempre discutindo as questões que fazem do samba um gênero de combate, de embate. Uma das maiores atrações foi a roda Cacique de Ramos, de onde saíram artistas como Zeca Pagodinho e Dudu Nobre.”, destacou Herme.

Chega mais e põe na roda

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Completaram a festa a roda da Pedra do Sal, um movimento de defesa do samba livre e gratuito que comanda as noites de segunda-feira no Rio, e os Democráticos de Gua-dalupe, que valorizam a identidade do subúrbio carioca. No Buteco Literário, além das rodas de samba, também aconteceram lançamentos de livros, oficinas, debates, além da degustação da culinária típica do bom butequeiro. No menu do Buteco, os participantes da Bienal aproveitaram pratos como a feijoada carioca, angu à baiana, mocotó, caldo de pinto, feijão amigo, farofa e outras especialidades.

A programação do Buteco incluiu nomes como o cantor Martinho da Vila, que lançou o livro Os Lusófonos e o sociólogo Emir Sader, também conhecido pelos seus trabalhos na academia e no mundo virtual. Entre os convidados, um dos destaques foi o compositor, escritor, sambista e butequeiro militante Moacyr Luz,

ABERTURA+AULAESPETÁCULO

(1) Roda de samba do Democráticos;

(2) O sociólogo Emir Sader;

(3 e 4) Apresentações de dança no Buteco;

(5) Debate promovido pelo Conjuve;

(6) Janaína Moreno e Inimigos do Batente;

(7) Debate com Carlos Lyra e Cacá Diegues;

(8) Wagner Tiso: entre o erudito e o popular

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lançando o seu livro “Botequim de bêbado tem dono”. Moacyr, ou Moa, como também é conhecido, contou aos estudantes no Buteco Literário um pouco da história dessa obra, fruto de pesquisas e da convivên-cia em todas as melhores e piores biroscas do Rio de Janeiro.

Além de todas as atividades liga-das ao samba ou com convidados especiais, o Buteco Literário ainda abrigou parte da mostra convidada de Literatura, com produções de jo-vens de todas as regiões brasileiras inscritos na 7ª Bienal da UNE. No dia 21 de janeiro, o Buteco recebeu também a quarta edição do encon-tro “Diálogos da Juventude”, um grande seminário com lideranças do movimento juvenil e estudantil para debater o futuro das políticas públicas de juventude no Brasil no início da gestão da nova presidenta da república, Dilma Rousseff.

O Buteco Literário foi também o grande ponto de encontro do festival com a população carioca, sempre ocupado por jovens, famílias, fãs da boa música ou simplesmente aqueles que, passeando pelo Aterro do Flamengo, detiveram-se ali para interagir e celebrar o samba na cidade do Rio.

ABERTURA+AULAESPETÁCULO

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Oficina de Dança Popular na tenda montada no Aterro do Flamengo - 21/01/201

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PALCOPRAIA

Janu e o Matuto Urbano, de Arapiraca/AL, em show no Palco Praia - 20/01/2011

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A integração com o meio ambiente e a paisagem natural do Rio de Janeiro, que marcou a 7ª Bienal da UNE, teve seu ponto mais alto no Palco Praia, espaço que abrigou os shows da mostra universitária de mú-sica. Montada sobre as areias da Praia do Flamengo, a estrutura do espaço, com música, am-biente de convivência e climatização adequada, pro-porcionou uma experiência verdadeiramente deslum-brante para o público, colocando-se de frente para o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara.

Aqueles que se aconchegaram por lá durante os quatro dias de ativida-de puderam conferir uma programação diversa, com sons para todos os gostos. Essa foi considerada a mais musical das Bienais, homenageando o samba e suas relações com o povo brasileiro. Porém, engana-se quem pensa que a mostra de música selecionada foi marcada simplesmente pela hegemonia do pandeiro e repinique. O evento aproveitou e valorizou a sem precedente diversidade da música brasileira nesse início do século 21.

Foram selecionados para o Palco Praia 10 grupos entre 184 inscritos para o evento, um recorde entre todas as edições do festival. Entre eles, o garage rock meio crú do The Baggios, diretamente do interior de Sergipe; e outras boas surpresas, como o hip hop gaúcho de JL, de Caxias do Sul; e a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte, representando o bem comentado barulho da cidade paulista de São Carlos na atual música independente nacional.

Completaram a lista da mostra de música o rock do

O som que sonha o novo Brasil

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K2, de Poços de Caldas (MG); o reg-gae com gosto africano do N’zambi, do Recife (PE); e a banda Unidade Imaginária, do Rio, mostrando um rock caracterizado entre os anos 80 e 90 com vocais femininos; além do groove nordestino de Janu e o Matuto Urbano, de Arapiraca (AL); a banda Genética, de Porto Alegre (RS); o guitarrista de Niterói (RJ) Abel Ribeiro, com seu quinteto de música instrumental e, finalmen-te, a versão mais samba-funk dos cariocas Partido Leve.

A mostra de música e o Palco Praia tiveram, como grande homenage-ado, o sambista Bezerra da Silva, ícone da malandragem carioca que marcou presença em uma bela gra-vura no fundo de palco de todas as apresentações. Por estar localizada nas areias da praia, o palco também foi um importante centro de intera-ção com a cidade do Rio de Janeiro, reunindo outros públicos diversos, que aproveitaram o sol do verão na cidade maravilhosa para conhecer um pouco da nova música brasileira.

PALCOPRAIA

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PALCOPRAIA

(1 e 5) The Baggios, de São Cristovão/SE;

(2) JL, de Caxias do Sul/RS;

(3) N’zambi, de Recife/PE;

(4) Janu e o Matuto Urbano, de Arapiraca/AL

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ARENARADICAL+ARENAPRAIA

Estudantes praticam dança de rua na Arena Radical da 7ª Bienal

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Ao se transformar no grande encontro da juventude brasileira, em toda sua diversidade, a Bienal abriu o leque para uma rede de possibilidades interessantes, entre elas os esportes. Em tempos de preparação para a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil, a 7ª Bienal teve futebol de areia, vôlei, skate, le parkour, escalada, slackline e outras atividades. Ao vincular esporte, juven-tude e cultura, a UNE deixou a sua mensagem para o futuro do Rio de Janeiro e também do país.

As atividades aconteceram, basicamente, em dois espaços: a praia e a Arena Radical. Na areia rolaram as oficinas de vôlei e a Copa UNE de futebol, com times de diversos estados e em integração total com a paisagem carioca.

A Copa UNE movimentou as torcidas em uma arquibancada montada na praia. As equipes jogaram durante três dias de competição, no sistema de eliminação. A Copa teve, como grande campeã da sua 1ª edição, a equipe da Bahia.

Já a Arena Radical promoveu um diálogo entre a cultura urbana e os estudan-tes. Em uma tradicional pista de skate montada no Aterro do Flamengo, ao som de rap, com vista para o Pão de Açucar e na temperatura máxima do ve-rão carioca, a Arena foi um dos lugares de maior circulação durante o evento.

As atividades na pista de skate e no palco estavam integradas, enquanto os DJs tocavam clássicos do hip hop, estudantes e visitantes aprendiam a andar no slackline, fita elástica onde o praticante precisa se equilibrar para atravessar dois pontos, treinavam saltos nas camas elásticas e aprendiam técnicas do parkour, disciplina onde os praticantes – conhecidos como

Diálogo entre o esporte, a cultura urbana e os estudantes

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ARTESCÊNICAS

(1) Público na Arena Radical;

(2 e 3) Pista de skate vira passarela para desfile de

moda street ecológica;

(4) Oficinas de técnicas circenses;

(5) Batalha de MCs;

(6, 7, 8, 9 e 10) 1ª Copa UNE de futebol de areia

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traceurs, ou traceuse, no feminino – usam seu corpo para passar os obstáculos de forma rápida e fluen-te. Os participantes aprenderam técnicas de como subir em muros e como pular de lugares altos.

Nesse ambiente, malhas bran-cas foram se transformando em grandes telas de pinturas, onde o rapper e grafiteiro Sagaz ia colo-rindo o cenário da diversidade. O desfile de moda street da estilista Pandora também atraiu as atenções do público.

Entre os dias 18 e 21 de janeiro, aconteceram batalhas de MCs e shows de rappers como Marechal, um dos rimadores mais respeitados do Brasil. A batalha de MCs é um evento tradicional na cultura urba-na, dois opositores se enfrentam, cada MC tem 45 segundos para ri-mar ao som da base do DJ, o público é quem elege o vencedor, através de barulho e mãos para o alto.

O coordenador da Arena Radical, Du-rango Kid, ressaltou a importância do espaço: “A Bienal deve contem-plar a cultura, inclusive a cultura ur-bana. Este foi o primeiro contato de muitos com esportes radicais. Além disso, o esporte é um exercício men-tal, a Arena acabou sendo o point de descontração para os participantes da Bienal, foi um sucesso”.

ARTESCÊNICAS

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ARTESCÊNICAS

Peça “O dia que o Boi enfrentou o Papangu”, do CUCA/PB

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O grande homenageado da mostra de Artes Cênicas, o dramaturgo e diretor Augusto Boal, sempre preco-nizou que o teatro deveria ser transformador social e auxiliou, com o desenvolvimento da técnica do Teatro do Oprimido, a formação de lideranças em comunida-des carentes. “Boal foi escolhido pela coordenação de cênicas como o nome simbólico da representatividade de toda uma história teatral por meio da Linguagem do Oprimido, uma pedagogia contida nos ensinamen-tos sócio-educativos de sua metodologia”, afirmou o coordenador de Artes Cênicas, Thiago Pondé.

Inspirados na pluralidade regionalista deste grande homem do teatro, que propagou sua metodologia por todos os cantos do país, o Centro Universitá-rio de Cultura e Arte (CUCA) da Paraíba levou para os palcos o espetáculo O dia que o boi enfrentou o Papangu, que conta histórias reais da população do Pedregau, região pobre de Campina Grande. Dirigida por Elaine Lisbôa, a peça surgiu de uma pesquisa teatral, trazendo para a cena os diálogos com a comunidade local por meio de elementos da cultura popular.

Também na busca pelas raízes do folclore e da tradição, o show cênico musical Encontro com a Bahia, do coletivo Tropifagia, Fanfarra e Arte, trouxe um pouco da música, ginga e referência afro para o litoral carioca. Composto por oito jovens artistas, o espetáculo apresentou a história da Bahia e de algumas vertentes do samba. Conta-giados, estudantes dançaram ao som da banda que come o ritmo, a juventude e as atitudes do movimento tropicalista.

O dia em que a Bienal enfrentou o opressor em encontro no Rio de Janeiro

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A mesma estética afro-brasileira presente no tema da Bienal da UNE foi o que motivou a inscrição do trabalho selecionado do grupo Bonecos da Gente, de Porto Alegre-RS. Utilizando técnicas do teatro de animação, os atores irmãos Lenon e Diego Kurtiz, apresentaram no Ateliê CUCA o espetáculo musical Afrodescendentes, manipulando bonecos de cantores famosos da música popular afro, como forma de incentivar a produção teatral de animação dentro das universidades.

O estímulo do fazer e do pensar a cultura nas instituições educacio-nais foi assunto do debate “Cultura e Educação”, que buscou unir a prática artística, a vivência cultural e o olhar além da universidade. Na mesa mediada pela representante do CUCA-DF, Tatiana Gomes, com a participação da doutora em Políticas Culturais da Comissão Estadual de Gestores de Cultura (ComCultura), Lia Calabre, e da produtora cultural Aline Portilho, o ensino atrelado à cultura, a continuidade de progra-mas já existentes e o investimento em formação foram alguns dos temas analisados por meio do Plano Nacional de Cultura, que tem por finalidade o planejamento e imple-mentação de políticas públicas no prazo de 10 anos.

ARTESCÊNICAS

(1) “O dia que o Boi enfrentou o Papangu”, do

CUCA/PB;

(2 e 3) Grupo Bongar, de Olinda/PE;

(4 e 5) “Encontro com a Bahia”, do Coleitvo

Tropifagia, Fanfarra e Arte;

(6 e 7) “Afrodescendentes”, do grupo Bonecos da

Gente, de Porto Alegre/RS

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145C ATÁ L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

“Na fronteira das Artes Cênicas”, outro debate em clima de conversa intimista que marcou a programa-ção da 7ª Bienal da UNE, trouxe a mesa composta pela artista circen-se, Raquel Karro; o ator e diretor belga Thierry Tremoroux; e o ator Marcos Frota. A discussão colocou em questão a diversidade de lingua-gens como parte da formação do ator, auxiliando a prática artística e a vivência cultural.

Foi nesse cenário criado pela ocupa-ção cultural do Aterro do Flamengo -com teatro, dança, circo, oficinas, debates, espetáculos e linguagens complementares e integradas das artes cênicas- que a Bienal rabiscou o roteiro da produção teatral brasi-leira realizada no país nos últimos dois anos.

ARTESCÊNICAS

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MUSEUDAREPÚBLICA

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Entre obras, intervenções, performances, filmes, debates e oficinas, as áreas de artes visuais e audiovi-sual convidaram todos os presentes para terem uma experiência inédita, em meio ao charmoso jardim do antigo Palácio e seus arredores. O objetivo era um só: tirar o expectador de sua passividade e transformá-lo em participante.

O Museu da República por si só já é um charme à parte. Concentrado no bairro do Catete, é vizinho do Flamengo e dos boêmios bairros da Lapa e Santa Teresa. Sede do poder republicano entre os anos de 1897 e 1960, o museu tem uma arquitetura belíssima, neoclássica, que transpira muita história.

Por ali, passaram 18 presidentes da República e ocorreram alguns dos mais importantes acontecimentos de toda a história do país, como as decisões de participação do Brasil nas duas grandes guerras mundiais e o suicídio do presidente Getúlio Vargas. Foi transformado em museu após a mudança da capital federal para Brasília, mas ainda conserva alguns espaços marcan-tes, como a sala de reunião ministerial e o quarto do presidente. O lugar, portanto, tinha tudo a ver para receber a Bienal e a sua diversidade.

A porta para as obras selecionadas ficou aberta na Galeria do Lago do Museu e, durante cinco dias, esteve exposto uma parte do imaginário da juventude brasileira. Elas estavam conectadas aos seus conceitos em algo puramente experimental, para quem tinha a audácia de se aproximar, en-trar e penetrar em um universo paralelo e até diferente das atividades que aconteciam diariamente no Aterro.

Quem não se lembra do imenso “Foda-se ON”, de Leonardt Lauenstein, o VENOM, desenhado no canto direito da galeria? Ou das bananas pendura-das em um varal, do conceitual Hugo Omar de Cuadro Ocampo, denomi-nado “Frutas”? Tinha também uma batalha naval e uma moça fotografada nua dentro da sua estante.

A organização do evento também levou à galeria a obra Parangolé, do cario-

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ca Hélio Oiticica, para os participan-tes de todo o país mergulharem em seu processo criativo. A escultura móvel, considerada pelo próprio artista como “antiarte por excelên-cia”, tinha total conectividade com o tema dessa edição. O contato com o Morro da Mangueira e a vivência nas rodas de samba em favelas cariocas foram alicerces para os parangolés de Oiticica.

“Não é o que você vê o mais im-portante, mas o que acontece entre as pessoas. Oiticica é um dos precursores dessa ideia, a de que aproximar pessoas também é uma forma de engajamento político. Ele não foi o homenageado na área de artes visuais ao acaso. Depois de muito trabalho e bastante dedicação

foi gratificante sentir que deu tudo muito certo. Perceber que aquilo que era apenas proposta se reverteu em uma prática de fora para dentro e de dentro para fora de todas essas artes. Conseguimos, enfim, dialogar com a proposta do Hélio, de que a obra permaneça tal como é”, anali-sa a coordenadora de Artes Visuais, Andressa Argenta.

Neste contexto, a área de artes visuais cumpriu com êxito o papel de dialogar com os mais diversos espaços da cidade do Rio de Janeiro e do museu, por meio das manifes-tações das intervenções urbanas. Entre elas, vale destacar o trabalho sensacional de Eduardo Kobra e sua misteriosa técnica da pintura em 3D. Kobra e sua equipe desenharam um

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imenso painel no meio do Aterro do Flamengo que ilustrava um legítimo buteco. A pessoa podia chegar e se sentar à mesa junto aos sambistas.

Para fora do museu, ampliando ainda mais o raio de ação da Bienal, seis estudantes da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) fizeram uma interação artística ao manchar de vermelho o céu da capital fluminense. Do alto de um edifício, balões vermelhos foram lançados ao ar com tiras de papel presas escrito “o amor conquista tudo”. Ao descerem, as frases, es-palhadas próximas à Rua do Catete, despertavam curiosidade e logo se via transeuntes desfilando com as tais bexigas.

MUSEUDAREPÚBLICA

Outra atividade interessante no espaço foi a mostra de cinema, que teve como grande objetivo dar visi-bilidade aos mais variados campos do audiovisual produzido no país. Por isso, a escolha de atividades que contemplassem as mais diversas formas do fazer cinematográfico. A programação abriu espaço para os filmes selecionados na mostra CUCA, absorvendo toda rede audio-visual do Circuito.

“Como homenageado da área de audiovisual, nada mais justo do que a escolha do genial Grande Othelo para dialogar com o tema da Bienal. Ele tinha paixão pelo samba tanto quanto pelo cinema. Apesar da dificuldade na escolha dos filmes selecionados, fruto dos bons mate-riais inscritos, conseguimos reunir na mostra selecionada diversas linguagens e estados geralmente não contemplados a dialogar com a rede do movimento audiovisual brasileiro”, comenta a coordenadora de audiovisual da 7ª Bienal, Renata Nascimento.

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UNECANTABRASIL

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UNE Canta Brasil é um espetáculo de teatro-docu-mentário, um passeio histórico-teatral pela vida so-cial, política e cultural brasileira por cerca de 50 anos do século 20, bebendo na fonte inesgotável da tradição musical do teatro brasileiro.

A presença da música na cena teatral brasileira é riquíssima. Desde o século 19 a partir das revistas e operetas de Artur Azevedo e França Junior, os espetáculos musicais ocupam lugar de destaque na nossa dramaturgia. Compositores como Chiquinha Gonzaga foram lançados e se tornaram po-pulares através do teatro. O teatro de revista das duas primeiras décadas do século 20 deu lastro a uma importante tradição de teatro musical brasileiro, que influenciou por exemplo o formato dos programas que popularizaram o rádio enquanto veículo de comunicação de massa no Brasil.

O espetáculo se estrutura a partir do universo do cancioneiro popular, bebendo na fonte de importantes experiências desenvolvidas no teatro bra-sileiro do século 20 como o teatro de revista, as experiências teatrais do CPC da UNE, e o ciclo de espetáculos musicais dos anos 1960, que vai desde o Show Opinião (1965) passa pelo ciclo do Teatro de Arena (Arena Conta Zum-bi, Tiradentes, Bolívar…) e chega a Roda Viva e Morte e Vida Severina em 1968 , propondo uma releitura contemporânea de obras célebres da música brasileira, de Lamartine Babo a Belchior, de Vinícius de Morais a Guerra Peixe, associados a uma construção dramatúrgica-narrativa que passa em revista os principais acontecimentos históricos e políticos do Brasil e do mundo dos anos 30 aos anos 80, dialogando com os principais fenômenos culturais e de comuni-cação dos últimos períodos.

50 anos esta noite

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O Projeto UNE Canta Brasil, que re-cebeu da Funarte e do Ministério da Cultura o prêmio Interações Estéti-cas - Categoria Abrangência Nacio-nal, lança as bases para a retomada de uma participação protagonista da União Nacional dos Estudantes na vida cultural brasileira de maneira ativa e criativa. A concepção e reali-zação deste espetáculo dialoga dire-tamente com a experiência histórica do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, cuja atuação na primeira metade dos anos 1960 lançou bases para a modernização e populariza-ção da produção artística brasileira nas artes cênicas, na música e no cinema, influenciando diretamente gerações da vida cultural brasileira desde então.

O espetáculo musical UNE canta Brasil – 50 anos esta noite teve a sua estréia nacional no dia 21 de janeiro de 2011, durante a 7ª Bienal da UNE, no Rio de Janeiro, para um público de aproximadamente 500 pessoas de todo o Brasil. O teatro de arena do Aterro do Flamengo, espaço de arquitetura singular e com impressionante vocação para abrigar um teatro público, foi revi-talizado para as apresentações da Bienal e a partir de agora pode ser melhor aproveitado pelas política culturais da cidade.

UNECANTABRASIL

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Em sintonia com o momento histó-rico, de afirmação de um novo rumo para o desenvolvimento político, social e econômico do país, e da importância crescente que o Brasil e sua cultura assumem no cenário internacional, UNE canta Brasil abre uma possibilidade para que a geração de jovens artistas contem-porânea deste momento singular construa uma linguagem artística e cultural mais próxima das carac-terísticas e necessidades do povo brasileiro.

UNECANTABRASIL

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Internacional: Organização Continental Latinoamericana e Caribenha dos Estudantes presente à 7ª Bienal

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SHOWS

Elza Soares hipnotiza em show na Lapa/RJ - 21/01/2011

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Desde a primeira edição da Bienal da UNE, em 1999, os shows são um dos momentos mais marcantes nas memórias dos estudantes que participam do festival e também da população das cidades que recebem o evento.

No Rio de Janeiro, onde a festa ocorreu pela terceira vez, não foi diferente. A 7ª Bienal reuniu cariocas e gentes de todos os cantos para assistir à sua programação musical. No total foram quatro noites de música, envolvendo dez grandes artistas da música brasileira em três espaços diferentes da capital fluminense.

O show de abertura da 7ª Bienal foi um cartão de visitas bastante adequado para um evento que se propôs a homenagear a força do samba na cultura e no modo de vida dos brasileiros. Uma das grandes madrinhas do gênero em todos os tempos, Beth Carvalho, foi a responsável por incendiar o público na Cidade do Samba, onde estão localizados os barracões das principais escolas do carnaval carioca.

A apresentação de Beth, que foi também a grande homenageada da 7ª Bienal, na verdade nem estava prevista. Recuperando-se de um problema de saúde, ela decidiu cantar algumas músicas para os estudantes, mesmo em uma cadeira de rodas, causando grande comoção e mostrando que o samba é o combate. Para arrematar, o primeiro dia de shows ainda teve baile funk com MC Leonardo e MC Sabrina, além de Marcelo D2 em uma apresentação que guardou homenagens ao malan-dro do samba Bezerra da Silva.

A segunda noite de música da Bienal ocupou outro charmoso local do Rio, a Quinta da Boa Vista. O

Os grandes shows da 7ª bienal

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espaço, com belos jardins e nature-za acolhedora, abrigou a residência oficial dos imperadores brasileiros durante o século 19 e trouxe um ar bucólico para as apresentações de Leci Brandão com seus convidados especiais, o sambista Arlindo Cruz e o rapper Happin Hood.

Para encerrar o festival, as duas últimas noites de shows da Bienal ocuparam os Arcos da Lapa, reduto histórico do samba, da boemia carioca e palco já conhecido dos estudantes. Em 2007, a 5ª Bienal aconteceu integralmente na Lapa, celebrando a influência africana na cultura brasileira. Dessa vez, o espaço recebeu dois grandes nomes da música brasileira, a diva Elza So-ares e o sambista Martinho da Vila.

Elza apresentou-se na Bienal ao lado do grupo Farofa Carioca. Em ótima forma e com invejável dispo-sição, a cantora, que já passou dos 70, contagiou quem estava presente e deixou uma apresentação que le-vantou comparações com o recente show da inglesa Amy Winehouse, famosa mundialmente e que, alguns dias antes da Bienal, apresentou-se no Rio. Para muitos, Elza, com suas sete décadas, mostrou na Bienal muito mais jovialidade e energia do que a jovem Amy.

SHOWS

(1) Aline Calixto;

(2) Rappin Hood;

(3) Marcelo D2 e Leandro Sapucaí;

(4) MC Leonardo;

(5) Arlindo Cruz;

(6) Leci Brandão

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Na última noite, aconteceu o reen-contro de Martinho da Vila com a Bienal da UNE, cantando novamente na Lapa, após o festival de 2007. Antes de subir ao palco, Martinho deixou o show por conta da jovem Aline Calixto. Sambista nascida no Rio, porém criada em Minas Gerais, ela mostrou porque é considerada uma das principais vozes da renova-ção do gênero no Brasil.

Fechando a programação musical da Bienal, Martinho da Vila mostrou seu carinho pelo público, pelo Rio de Janeiro e também pela UNE. Além de saciar a plateia com sucessos de quatro décadas de carreira, repetiu o gesto da 5ª Bienal ao levar a bandeira da União Nacional dos Estudantes para o palco, em uma homenagem mútua aos milhares de jovens que o aplaudiram bastante em resposta.

SHOWS

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Elza Soares e Farofa Carioca em show na Lapa/RJ - 21/01/2011

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CULTURATA

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Saudade é uma das palavras que existem apenas na língua portuguesa, sendo uma das mais difíceis em ser traduzidas do mundo. A definição de samba também não é simples. Muito mais do que um ritmo musical, uma dança ou uma manifestação cultural brasileira, samba é uma ideia, um jeitinho, um senti-mento ou uma forma de combate.

Com saudade e com samba, iluminados pelo colorido do pôr do sol em Ipanema, oito mil estudantes realizaram a Culturata de encerramento da 7ª Bienal da UNE, na tarde do sábado, 22 de janeiro. Delegações de todos os estados, junto a estudantes do próprio Rio e da população local desfilaram um mar de gente do Posto 9 até o Arpoador, puxados pela energia incessan-te da bateria do grupo Carmelitas de Santa Teresa.

A Culturata fez jus à proposta da sétima Bienal que, ao eleger o samba como forma de combate, deixou de lado o medo de que o Brasil se transforme em um grande carnaval de festa e lutas, sem prazo para a última batida. Para endossar essa ideia, fizeram sua parte, com muita animação, o Afoxé Dra-gão do Mar e o Bloco dos Valetes. Ao término da caminhada, os estudantes aplaudiram o pôr do sol de Ipanema, deixando que o dia terminasse de forma harmoniosa e marcando uma doce despedida para os jovens que ocuparam o Rio por cinco dias e agora retornam para seus estados.

A tônica da Culturata também foi pela solida-riedade, com o lançamento de uma campanha da UNE em apoio às populações atingidas pelas enchentes na região Serrana do Rio de Janeiro. “Viemos mostrar a nossa disposição em ajudar

Culturata do samba e da solidariedade encerra 7ª Bienal

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as pessoas que perderam suas casas, que estão fragilizadas ou desalojadas, através da participação dos estudantes”, disse o presidente da UNE, Augusto Chagas. Através do email [email protected], os jovens puderam se inscrever para atuarem, de acordo com sua forma-ção específica, no suporte às vitimas e na reconstrução das regiões.

CULTURATA

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CULTURATA

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Beth CarvalhoMadrinha da 7a Bienal da UNE

Bezerra da SilvaMostra música

José Marcio Corrêa AyresMostra C&T

HEMENAGEADOSDA7aBIENAL

Augusto BoalMostra artes cênicas

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João do RioMostra literatura

Hélio OiticicaMostra artes visuais

Grande OteloMostra audiovisual

Zé KetiMostra CUCA

HEMENAGEADOSDA7aBIENAL

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MAKINGOF

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“Brasil no estandarte, o samba é meu combate.”

Baseado no tema da nova edição da Bienal, o BijaRi desenvolveu a identidade através de uma mensagem positiva que unisse a força dos movimentos com a ale-gria e energia do carnaval, momento de puro samba.

Pensando o samba como um caldeirão de culturas, foi pesquisado o universo dos movimentos, das lutas sociais, estudantis e o carnaval como manifestação po-pular de grande relevância histórica e cultural, gerado-ra de identidade e instrumento de inclusão social.

Ambos universos apresentaram grande riqueza de referências gráficas e de comunicação, incorporadas na concepção das propostas desenvolvidas.

BijaRi

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Referências para a construção do símbolo

MAKINGOF

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MAKINGOF

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Cartaz e filipeta

Hot site

MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

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179C ATÁ L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

Caderno

Certificado

MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

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180 C ATÁ L O G O 7 ª B I E N A L D A U N E

Jornal

Guia de bolso

MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

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Crachá

Vinheta / storyboard

MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

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MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

Sinalização

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MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

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MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

Sinalização

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MAKINGOF-MATERIAISGRÁFICOS

Clipping

Jornal O DIA | 30/01/2011 Jornal O Globo | 20/01/2011

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Produção geralContra Regras – Arquitetura e desenvolvimento de projetosAlexandre Santini, André Molnar Monteiro, Beatriz Araújo (Bia), Bruno Rodrigues, Bruno Teixeira, Carlos Eduardo (Toiço), Diana Iliescu, Diego dos Santos Silva, Edmar Fonseca das Neves, Feli-pe Koehler, Gabriel Torres Almeida, Gabriela, Herme dos Santos Ferreira, Isabel Barbosa Amorim, Joice Marino Duarte, Julia Tahan Ferreira, Eliel, Fabiana Pimenta da Chaga, Fernanda Frei-tas de Oliveira, Fernando Dias da Silva, Fernando Máximo (Fer-nandinho), Gilda Lustosa Mendes, Luciana Milesi, Luisa Barbosa Pereira, Marcelo De Lucca, Marcos de Souza (Marquim), Maria Lúcia Galeno, Mário Luiz Silva de Souza, Mariana Cader Varella, Mayara do Nascimento Lopes, Natasha Gonçalves Lopes, Na-thalia Pimenta, Priscila do Rosário, Sabrina Pereira Bitencourt, Tiago Alves, Vanessa Stropp

Produção de estruturaMaestra produçõesEd Carlos R. de Melo, Erlei Roberto de Melo (Aliado G), Wagner Bispo, Walter A. de Melo

Assessoria de comunicaçãoContra Regras – ComunicaçãoArtênius Daniel, Débora dos Santos Almeida, Jeovanna Oliveira, Patrícia Blumberg, Rafael Minoro, Sandra Cruz, Thatiane Ferrari

Documentação audiovisualCineclube Mate Com AnguBira Davi, DMC, Igor Barradas, Joana Galetti, Josinaldo Medei-ros, Karol Costa, Manuela Castilho, Marcelo Amendoim, Mar-celo Mirrela, Muriel Alves, Noélia Albuquerque, Nuno Coimbra, Pablo Pablo, Paulo Mainhard, Rafael Mazza, Rodrigo Savastano

Design e identidade visualBijariAlexandre Marcati, Henrique Perigo, Maurício Brandão, Eduar-do Fernandes, Gustavo Godoy, Rodrigo Araujo, Adriana Damiani, Marcelo Bressan, Olavo Ekman, Geandre Tomazoni, Nalva, João Rocha e Vinícius Lourenço Costa

Coordenador GeralFellipe Redó

Coordenadora de áreasEleonora Rigotti

Coordenador de mobilizaçãoRafael Buda

Coordenador de artes cênicasThiago Pondé

Coordenadora de artes visuaisAndressa Argenta

Coordenadora de audiovisualRenata Nascimento

Coordenador de músicaGuilherme Barcelos

Coordenadora de literaturaElisa Ferreira

Coordenador de ciência e tecnologiaTheófilo Rodrigues

Coordenadora mostra CUCACássia Olival

Coordenador arena radicalMarcelo Moraes (Durango Kid)

Coordenador infra-estruturaFábio Kossmann

Comunicação Blog e TV CUCARafael Gomes

Ficha técnica da 7ª Bienal da UNE

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PresidenteAugusto Chagas

Vice presidenteTiago Ventura

1º Vice-presidenteSandino Patriota

2º Vice-presidenteBruno da Mata

3º Vice presidenteTássio Brito

Secretário-geralAntonio da Silva

Tesoureiro geralHarlen Oliveira

1º TesoureiroGabriel Cruz

Dir. Relações Institucionais Marcela Rodrigues

Dir. ComunicaçãoAndré Vitral

1º Dir. ComunicaçãoVicente Siluzio

Dir. Políticas EducacionaisWallison Brandão

1ª Dir. Políticas EducacionaisLais Gouveia

Dir. Relações InternacionaisDaniel Iliescu

1º Dir. Relações InternacionaisLucélio de Moura

2º Dir. Relações InternacionaisRenan Alencar

Dir. JurídicoLuis Felipe Maciel

Dir. Cultura Fellipe Redó

Dir. EsportesEmival Dalat

Diretoria da UNE

Dir. Universidades ParticularesJoanna Paroli

Dir. Movimentos SociaisVitor Lucena

3º Dir. Relações InternacionaisDaniel Gaspar

1º Dir. EsportesTiago Daht

Dir. MulheresFabíola Paulino

1º Dir. MulheresRoberta Costa

Dir. LGBTDenilson Júnior

1º Dir. LGBTRídina Mota

Dir. Meio AmbienteAnne Karolyne

1º Dir. Meio AmbienteFelipe

2º Dir. Meio AmbienteNiully

1º Dir. CulturaAldo Queiroz

2º Dir. CulturaJuliana Rosas

Dir. Combate ao RacismoCledson Junior

1º Dir. Combate ao Racismo

2º Dir. Combate ao Racismo

Dir. Universidades Comunitárias

1º Dir. Políticas EducacionaisMarjore

2º Dir. Políticas EducacionaisNathali Drumond

3º Dir. Políticas EducacionaisClaudiane Lopes

Dir. Universidades PúblicasLeonardo Péricles

1º Dir. Universidades PúblicasSilaedson Alves da Silva

2º Dir. Universidades PúblicasTiago Oliveira

1º Dir. Universidades ParticularesRafael Goffi

2º Dir. Universidades ParticularesJorge

3º Dir. Universidades ParticularesRicardo

Dir. Políticas Públicas de JuventudeFábio de Sá

1º Dir. Políticas Públicas de JuventudeFernando Pacheco

2º Dir. Políticas Públicas de JuventudePedro Henrique da Silva

3º Dir. Políticas Públicas de JuventudeMilena Oliveira

Dir. Assistência EstudantilThalita Martins

1º Dir. Assistência EstudantilLuã de Campos

2º Dir. Assitência EstudantilNestor

3º Dir. Assistência Estudantil Alexandre Ferreira

4º Dir. Assistência EstudantilDaiene Renner

1º Dir. Movimentos SociaisPedro

2º Dir. Movimentos Sociais Lehu Vanio de Araujo

3º Dir. Movimentos SociaisNathanael Zahlouth

Dir. Extensão UniversitáriaRudá Moraes Gandin

1º Dir. Extensão UniversitáriaRodrigo Mondego

Dir. BiomédicasMaria Manuella

Dir. HumanasViviane Gomes

Dir. ExatasCaio Matsui

Dir. Inclusão DigitalReginaldo Leonel

Dir. Ciência & TecnologiaFrancieli Baldi

Dir. Memória Movimento EstudantilRildian Filho

Vice-RJ/ESEdson

Vice-PRAdriano Soares Mattos

Vice-SC

Vice-RSEriane Pacheco

Vice-DFTiago Cardoso

Vice-GO/TOEvelino Batista

Vice-MT/MSArthur D´Amico

Vice-BAMaurício Guimarães

Vice-ALClaudia Petuba

Vice-PEAntonio Vinicius

Vice-CEIvo Braga

Page 193: CATALOGO 7 BIENAL DA UNE

Coordenador geralFellipe Redó

Coordenador de articulação e MobilizaçãoRafael Buda

Coordenador de comunicaçãoRafael Gomes

Coordenador artísticoThiago Ponde

Coordenador de audiovisualThiago Franco

Coordenadora de eelações institucionaisTatiane Gomes

Secretaria executivaEleonora Rigotti

CUCA São PauloTaís Nascimento

CUCA Rio de JaneiroMarcelo Moraes (Durango)Guilherme Barcelos

CUCA Rio Grande do SulFábio Kossmann (Alemão)Andressa Argenta

CUCA BrasíliaMateus GuimarãesTatiane Gomes

CUCA ManausBeatriz CalheiroGabriela Cativo

CUCA PiauíGardiê Silveira

CUCA BahiaHellen Cristhyan

CUCA PernambucoTiago Moura (Baby)

CUCA CearáAlexandre Lucas

Diretoria do Instituto CUCA da UNE

CUCA ParaíbaHerbert Oliveira

CUCA Mato GrossoFlavianny Tiemi

CUCA MaranhãoPaulo Gustavo (Totti)

CUCA RoraimaAntonia Flavia Marques

CUCA Rio Grande do NorteNativa Gama

Vice-PICássio Borges

Vice-MARaineri Silva

Vice-AM/RRAndré Marssílio

Vice-PA/APFausto

Vice-AC/RORafaela

Vice-SPClayrton

Vice-PB/RNTiago Medeiros

Presidente UEE-MGLuiza Lafetá

Presidente UEE-SPCarlos Eduardo

Presidente UEE-RJFlávia Calé

Presidente UPEPaulo Moreira da Rosa

Presidente UCEVanderson Rodermel

Coordenadores UEE-RSHenrique Portolusa e Rodrigo de Jesus

Presidente UEE-MSTiago Brandão

Presidente UEE-AMMaria das Neves

Presidente UAPPedro Fonteles

Presidente UEPVirgínia Barros

Presidente UEBVladmir Meira

Page 194: CATALOGO 7 BIENAL DA UNE

UNE - União Nacional dos EstudantesUEE - União Estadual dos EstudantesDCE - Diretório Central dos EstudantesDA - Diretório AcadêmicoCA - Centro AcadêmicoCPC - Centro Popular de CulturaCUCA - Centro e Circuito Universitário de Cultura e ArteProUni - Programa Universidade Para TodosReuni - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades FederaisOCLAE - Organização Continental Latino-americana e Caribenha de EstudantesPEC - Proposta de Emenda à ConstituiçãoTUCA - Teatro da Universidade Católica de São PauloPUC - Pontifícia Universidade CatólicaMEC - Ministério da EducaçãoFies - Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino SuperiorEnem - Exame Nacional do Ensino MédioFunarte - Fundação Nacional de ArtesONG - Organização Não GovernamentalCLAE - Congresso Latino Americano e Caribenho de EstudantesUPP - Unidade de Política PacificadoraUBES - União Brasileira dos Estudantes SecundaristasCEMJ - Centro de Estudos e Memória da JuventudeCUFA - Central Única das FavelasPPS - Partido Popular SocialistaPCdoB - Partido Comunista do BrasilUEMG - Universidade do estado de Minas GeraisCONEG - Conselho Nacional de Entidades GeraisCONEB - Conselho Nacionald e Entidades de BaseUERJ - Universidade do estado do Rio de JAneiroPIA - Programa de Interferência AmbientalUnesco - Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura.IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico NacionalComCultura/RJ - Comissão Estadual de Gestores de Cultura RJUFMT - Universidade Federal do Mato GrossoBOPE - Batalhão de Operações Policiais EspeciaisEIA - Experiencia Imersiva AmbientalTPE - Teatro Paulista dos EstudantesTEN - Teatro Experimental do NegroMCO - Movimento de Cultura Popular

Dicionário de siglas

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O Catálogo da 7ª Bienal é uma publicação da União Nacional dos Estudantes

Organizadores: Rafael Minoro e Tiago Alves

Coordenação editorial: Contra Regras

Revisão e colaboração de conteúdo: Artênius Daniel, Eleonora Rigotti, Patrícia Blumberg, Thatiane Ferrari, Vivian Froés

Design e projeto gráfico: Bijari / Vinícius Lourenço Costa

Fotos: Marcelo Mirrela e Noélia Albuquerque (Cineclube Mate com Angu) / Roque Junior / Arquivos UNE e UBES / Arquivos do projeto Memória do Movimento Estudantil

Colaboradores: Alexandre Santini, Ana Petta, Danilo Moreira, Ernesto Valença, Felipe Maia, Gustavo Petta, Lúcia Stumpf, Luis Parras, Ricardo Capelli, Wadson Ribeiro

Expediente

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À diretoria da UNE (gestão 2009/2011), por acreditar que na cultura está uma

forma de transformação. À direção do CUCA da UNE (gestão 2009/2012), pe-

los 10 anos celebrados durante a Bienal. À coordenação geral do festival, que

superou as mais impensáveis dificuldades para conceber um encontro de

tamanha amplitude. À cidade do Rio de Janeiro que continua – obviamente

- linda e também generosa ao receber a Bienal. Aos estudantes brasileiros

e estrangeiros, que venceram horas de estrada para fazer tudo acontecer.

Aos artistas selecionados e convidados, pela contribuição de suas obras à

cultura nacional. Aos debatedores, por amplificarem os temas de interesse

da juventude e do país. A Beth Carvalho, madrinha da Bienal, pela simpatia,

garra e amor ao samba. A Martinho da Vila, pela simpatia, talento e o carinho

que sempre teve com a União Nacional dos Estudantes. A Luiz Carlos Mieli,

parceiro que trouxe muito conhecimento sobre o samba para a Bienal. A Elza

Soares, moça e gostosa há pelo menos 73 anos, que nos fez perguntar: quem

é Amy Winehouse? Aos patrocinadores, por acreditarem na criatividade dos

jovens e no potencial da cultura como elemento de desenvolvimento do Bra-

sil. A todos os produtores, jornalistas, montadores e parceiros que trabalha-

ram nos bastidores e recebem, agora, a homenagem deste humilde holofote.

E principalmente às comunidades e moradores do Rio de Janeiro que, com a

felicidade característica, receberam a 7ª Bienal da UNE.

Obrigado Rio!

Agradecimentos

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realização

co-realização

produção

patrocínio

apoio

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COLE A ARTE DO CD DENTRODAS MARGENS SINALIZADAS

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www.une.org.br

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