31ª bienal sp

41
Viveka no m useu Cartaz da 31ª Bienal de São Paulo com ilustração do artista indiano Prabhakar Pachpute 2014 Rua Profª Sebastiana da Silva Minhoto, 375 Tatuapé São Paulo Fone: (11) 2225-1285 www.espacoviveka.com.br www.viveka.com.br Pesquisa: Zilpa Magalhães

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Page 1: 31ª bienal sp

Vivekano museu

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2014

Rua Profª Sebastiana da Silva Minhoto, 375Tatuapé São Paulo Fone: (11) 2225-1285www.espacoviveka.com.brwww.viveka.com.br

Pesquisa: Zilpa Magalhães

Page 2: 31ª bienal sp

http://www.bienal.org.br/post.php?i=495

Vivekano museu2014

Dark Clouds of the Future, 2014

Prabhakar Pachpute Chandrapur (Maharashtra), Índia

Page 3: 31ª bienal sp

http://www.bienal.org.br/post.php?i=495

Prabhakar PachputeVivekano museu2014

 Chandrapur (Maharashtra), Índia

Dark Clouds of the Future, 2014

A imagem do cartaz da 31ª Bienal de São

Paulo, desenhada por Prabhakar Pachpute, é

uma frágil estrutura no formato de torre

de Babel ou concha, contendo um conjunto

de corpos humanos dos quais vemos apenas

os pés descalços e partes das pernas. Ela nos

faz pensar as relações entre o visível e o

invisível, a coletividade e o conflito, o trauma e

o sublime, o forte e o fraco, e equaciona a

resistência poética da arte face à adversidade

do mundo.

Page 4: 31ª bienal sp

As obras de Prabhakar Pachpute tratam das vidas dos

mineiros de carvão e de suas questões e lutas trabalhistas em

geral, e procuram transmitir o trauma sublime e o impacto

psicológico de se trabalhar nas entranhas da terra. "Mesmo em

seu tempo livre, estes trabalhadores se encontram em um

estado de ansiedade permanente e sentem suas vidas

desmoronando – consequência de morarem em cima das

minas onde trabalham". Outra preocupação demonstrada pela

obra do artista é a situação das comunidades agrícolas em

torno desta área, já que, cada vez mais, terras são adquiridas

para mineração e industrialização e os agricultores que nelas

viviam encontram-se sem outras opções de subsistência.

Recentemente, Pachpute tem explorado novos métodos de

desenho, expandindo os limites por meio do uso de lâmpadas e

suas sombras. No primeiro semestre de 2014, esteve em

residência no Brasil, para a ocasião da 31ª Bienal de São

Paulo. A vida dos mineiros de carvão que trabalham no interior

do estado de Minas Gerais são o foco principal de seus

estudos.

por Julia Bolliger Murari

http://www.bienal.org.br/post.php?i=495

Dust Bowl in Our hands, 2013

Vivekano museu2014 Prabhakar Pachpute

 Chandrapur (Maharashtra), Índia

Back to the farm II, 2013 Back to the farm I, 2013

Page 5: 31ª bienal sp

Sem dúvida, o uso do carvão como material de desenho é

proposital e está associado às atividades dos mineiros de

carvão. Entretanto, o suporte não age apenas como uma ponte

entre o físico, literal, e o político, mas é também o suporte do

pensamento, para alguém que quase foi um mineiro.

O trabalho de Pachpute parece viver numa fronteira entre

imobilidade e movimento, que põe a concretude dos traços de

carvão em confronto com o intangível e o mundo onírico em que

se vive “lá longe e embaixo”.

As minas de carvão fazem eco à cidade em que ele nasceu,

Chandrapur (Maharashtra, Índia), também conhecida como

“a cidade do ouro negro”, e aparecem agenciando conflitos

pessoais e políticos que se revelam nos títulos do artista, como

Canary in a Coalmine [Canário em uma mina de carvão] (2012) –

referência aos mineiros que levavam canários para o interior das

minas como alerta dos gases tóxicos e The Land Eaters [Os

comedores de terra] (2013). Com cada trabalho, Pachpute sonda

terreno novo, novas saídas, novos modos de ser coletivo, que ele

descobre, frequentemente, na vida intelectual dos próprios

mineiros. – MM

http://www.bienal.org.br/post.php?i=495

Vivekano museu2014 Prabhakar Pachpute

 Chandrapur (Maharashtra), Índia, 1986

Page 6: 31ª bienal sp

Os artistas Bik Van der Pol organizaram atividades e

conversas abertas como parte de seu projeto para a

31ª Bienal. Como um programa educacional de

oficinas, palestras e caminhadas, o programa investiga

fatos recentes no Brasil e no mundo, baseados em

tensões em torno da exploração do espaço urbano

e natural.

A 31ª Bienal atua como o local para a criação e

pesquisa do projeto, implementando o modelo

educacional da “escola” como uma forma de teatro

mental que pode criar novos horizontes de ação,

produção e reflexão.

http://bienal.org.br/post.php?i=1893http://www.bikvanderpol.net/

Bik Van der Pol é um duo de artistas

holandeses com sede em Roterdã, que

trabalharam coletivamente através

da arte e da arquitetura desde 1995. 

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1389

 Olhar para não ver

Vivekano museu2014

Page 7: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Belo Horizonte, MG, 1964

Marta Neves

O trabalho da artista é um exercício de sarcasmo sobre a

arte e o sistema que a envolve. A crítica, o mercado, a

mídia especializada e o próprio artista são afrontados por

suas obras com humor corrosivo.

http://nevesmartabr.blogspot.com.br/

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21712/Marta-Neves

 Não-ideias

Page 8: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Kfar Yehezkel, Israel 1970Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim

Marta Neves

Todas as sentenças de Marta Neves sugerem um desejo

intimo ou uma vontade de mudança de uma condição

presente – dos mais comuns aos mais estranhos ou

ambiciosos – que são inviabilizados pela falta de ideias dos

protagonistas de como alcançá-los. A própria imaginação é

dissolvida justamente pela ausência de imaginação. Porém,

na narrativa de Marta Neves, a proposição não resolvida,

supostamente fracassada, retorna de forma bem-humorada

diante da dificuldade de tomar iniciativas na nossa realidade

mais ordinária. Esse vazio das não ideias é, curiosamente, a

fonte mais preciosa de imaginação das pessoas – o que se

vê em certo brilho estranho de seus relatos. Só o descanso

das ideias parece poder manter viva a força de tê-las.

 Não-ideias

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1521

Page 9: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Kfar Yehezkel, Israel 1970Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim

Marta Neves

Na rotina acelerada das grandes cidades

contemporâneas, parece impossível pensar que a

experiência do desencanto – desde o campo mais

privado e íntimo até a esfera coletiva e social,

marcada pela descrença cada vez mais frequente

em nossos sistemas econômico e político – possa

gerar algum tipo de produtividade. Em resposta,

as Não-ideias se colocam, do mesmo modo que

outras ações artísticas de Marta Neves, como

parada obrigatória para o reencantamento com

o mundo; uma abertura para compartilhar

publicamente não-ideias pelas quais, e somente

assim, é possível produzir novas formas de

imaginar. – LP

 Não-ideias

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1521

Page 10: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1540

Mapa

Qiu ZhijieProvíncia de Fujian, China, 1969

Page 11: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014 Qiu Zhijie

Província de Fujian, China, 1969

O mapeamento é uma das principais maneiras pelas quais a

sociedade ocidental chegou a um acordo com o mundo. Com

os mapas, o desconhecido se torna visível e compreensível.

No entanto, eles são também usados para assustar potenciais

visitantes, como na famosa rubrica “aqui há monstros” nos

primeiros mapas europeus do continente americano.  

http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/bienal-de-artes-de-sp-2014/

Mapa

Qiu Zhijie usa essas histórias e técnicas de

mapeamento, em conjunto com uma antiga

tradição chinesa de mapear lugares

imaginários, para construir narrativas

inesperadas, cidades fictícias ou estranhos

locais utópicos como em seus Mapa da utopia

ou Mapa da arte total. Ele teve formação de

calígrafo e usa essa habilidade para desenhar

seus mapas à mão livre.http://www.31bienal.org.br/pt/post/1540

Page 12: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Para a 31ª Bienal, ele desenhou um mapa em

grande escala que funciona como um curioso

prólogo para a jornada pela exposição adiante.

O mapa se baseia em algumas das ideias

curatoriais e artísticas por trás da Bienal,

fundidas com as próprias reflexões do artista

enquanto estava aqui preparando a imagem.

O desenho, traçado diretamente na parede da

rampa pequena que sai da área Parque,

desaparecerá assim que a exposição for

fechada, em 7 de dezembro. Desse modo, a

ideia de um mapa como representação

permanente de uma paisagem geográfica é

rejeitada em favor dos aspectos temporários e

subjetivos do mapeamento – aspectos sempre

presentes, por mais neutro ou científico que

ele se proclame. – CE

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1540

Mapa

Qiu ZhijieProvíncia de Fujian, China, 1969

Page 13: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014 Mark Lewis

Hamilton, Ontário, Canadá, 1958Vive e trabalha em Londres.

http://www.guiadovidro.com.br/noticia/guardian-fornece-mais-de-300-metros-quadrado-de-vidros-para-maior-instaalaco-da-bienal-de-sp

Invention

Com estrutura em metal proeminente, a obra de Lewis,

que contou com o patrocínio da Guardian, uma das

maiores fabricantes de vidros e espelhos do mundo,

contém mais de 300 m² de vidros de tamanhos

variados que, combinados de maneira extremamente

criativa, formam uma instalação que impressiona por

suas grandes proporções. “O objetivo é fazer com

que os espectadores vivenciem diferentes pontos

de vista, levando-os a experiências, sensações e

reflexões únicas sobre as imagens que se formam

através do vidro”, explica Renato Sivieri, gerente de

comunicação da Guardian.  

Um dos mais renomados artistas visuais do Canadá,

Mark Lewis começou sua carreira como fotógrafo,

fazendo parte do movimento de fotografia conceitual da

Escola de Vancouver, nos anos 80. Muito do seu

trabalho foca a tecnologia de película e outros

diferentes gêneros de reprodução de imagem em

movimento, que marcaram a história do cinema.

300m² de vidros 

Page 14: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014 Mark Lewis

Hamilton, Ontário, Canadá, 1958Vive e trabalha em Londres.

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1556

Inventionhttps://www.youtube.com/watch?v=JAQ7Fv-VU38

A instalação Invention [Invenção] se baseia

em uma premissa ficcional simples, ainda

que imensamente provocativa: a de que se

desenvolveu um mundo paralelo, no qual

as tecnologias da imagem em movimento

só teriam sido inventadas no início do

século 21. Desse ponto de partida, o

trabalho de Mark Lewis especula como

olharíamos para as imagens se o cinema, a

televisão e as plataformas de imagens em

movimento não existissem ou estivessem

ainda prestes a ser lançados.

Projeto expográfico em colaboração com Mark Wasiuta e Adam Bandler. Diretor de fotografia Martin Testar

Page 15: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014 Mark Lewis

Hamilton, Ontário, Canadá, 1958Vive e trabalha em Londres.

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1556

Invention

O resultado é um ambiente no qual não existe

mais uma fuga fácil de nosso entorno imediato,

o qual se torna, isto sim, objeto para a

experiência do olhar. Por meio da manipulação

de reflexo e luz, além da simples gravação de

imagens e seu deslocamento da realidade,

utilizando a recém-criada câmera de vídeo,

esse 2014 alternativo oferece um tipo de

experiência visual diferente daquele que ocorre

na tela e na narrativa fílmica.

Poderíamos pensar a respeito de nossos padrões

habituais de consumo de imagem e de quais seriam

suas limitações ou restrições. Ao sermos

confrontados com uma ideia que nunca aconteceu,

temos a oportunidade de refletir sobre o que nosso

mundo concreto exclui. – CE

Projeto expográfico em colaboração com Mark Wasiuta e Adam Bandler. Diretor de fotografia Martin Testar

Page 16: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

 Istambul, Turquia, 1977vive e trabalha em Viena e Istambul

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1512

Cabine Telefônica Aberta

A cidade de Bingöl, no Curdistão turco, onde vive parte da família estendida de Nilbar Güreş, é habitada

principalmente pelas minorias curda e alevita, brutalmente discriminadas pelas políticas do governo central.

Uma das formas dessa discriminação é negar às pessoas o acesso à infraestrutura mais básica.

Depois de várias tentativas de fornecer

soluções práticas ao isolamento da cidade

terem sido sistematicamente recusadas pelo

governo, a artista decidiu registrar em vídeo e

fotos as saídas criativas encontradas pelos

habitantes. As imagens da série Open Phone

Booth [Cabine telefônica aberta] constituem

uma espécie de afresco social. Apresentam,

por exemplo, a simples prática de subir à área

mais alta da aldeia para poder captar melhor

os sinais de celular, transformando uma

tecnologia contemporânea em uma espécie de

instrumento para um exercício quase místico.

http://nilbargures.com/

Nilbar Güreş

Page 17: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Chbanieh, Líbano, 1967Vive e trabalha em NY

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546

Nilbar Güreş

Ela também registrou situações que, à

primeira vista, poderiam parecer comuns e

até marginais às preocupações centrais da

série. No entanto, essas imagens adicionam

informações suplementares e abrem o

trabalho a outros significados. Com títulos

sutilmente irônicos, Güreş consegue que um

simples poste de luz seja visto como uma

escultura, um conjunto de baldes de metal,

como uma natureza morta, e uma mulher

sobre um afloramento rochoso, como uma

artista. De modo similar ao que acontece com

outros trabalhos dessa artista, aqui as

imagens se equilibram na linha entre o

cômico e o trágico, entre o real e o absurdo,

entre o testemunho do documento e a

aparência da encenação. – SGN

Cabine Telefônica Aberta

Page 18: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Chbanieh, Líbano, 1967Vive e trabalha em NY

http://espacohumus.com/nilbar-gures/

É cômico porque o cotidiano o é, mas é comovente, porque

essas narrativas encostam o dedo em feridas abertas, em

estereótipos monstruosos, sempre prontos a engolir etnias e

gêneros.

Open Phone Booth (2007-2011) revisita em vídeo as gambiarras

criativas de um povoado lidando com a falta de necessidades

básicas como eletricidade em sua região.

Nilbar Güreş

Cabine Telefônica Aberta

Page 19: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014 Walid Raad (Ra’ad)

Chbanieh, Líbano, 1967Vive e trabalha em NY

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546

Cartas ao Leitor (1864, 1877, 1915, 1923)

Cartas ao leitor (1864, 1877, 1916, 1923) é parte do projeto artístico em andamento Scratching on Things I

Could Disavow [Riscando em coisas que eu poderia repudiar], iniciado em 2007, e que responde ao

surgimento recente de grandes e novas infraestruturas para a arte árabe “islâmica” moderna e contemporânea

no mundo árabe e em outros países. Os objetos artísticos e histórias apresentados neste projeto surgiram de

encontros nesse terreno envolvendo indivíduos, instituições, economias, conceitos e formas.

Page 20: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014 Walid Raad (Ra’ad)

Chbanieh, Líbano, 1967Vive e trabalha em NY

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546

Cartas ao Leitor (1864, 1877, 1915, 1923)

Cartas ao leitor propõe algumas amostras de parede pré-

fabricada para um novo Museu de Arte Moderna Árabe

em São Paulo – ou Amã, ou Doha, ou Abu Dhabi, ou

Beirute, ou Marrakech, ou Hong Kong, ou Nova York. O

trabalho é movido pela convicção de que muitos dos

chamados objetos de arte moderna árabe carecerão de

sombras quando exibidos no novo museu. Em antecipação

a essa situação, parece impor-se a necessidade de lidar

com alguns elementos, ou parâmetros de exibição

(paredes, pisos, tinta, luzes), que contribuem para essa

condição de falta de sombra e, por outro lado, de estar

atento a suas consequências, propondo antídotos

materiais possíveis e/ou lidando com as manifestações

alucinatórias (objetivas) resultantes.

Page 21: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014 Walid Raad (Ra’ad)

Chbanieh, Líbano, 1967Vive e trabalha em Beirute e em NY

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1546

Como em obras anteriores, o tempo e a história se

apresentam aqui de maneira enigmática: na forma de

arquivos que abordavam a história, a memória e a recordação

com a ajuda de fotografia, filme, design, arquitetura e discurso

– mostrando algo semelhante a um futuro do pretérito, a

encenação de uma realidade onírica sem um referente, ou

pelo menos com um referente obscuro (ou obscurecido). Um

futuro do pretérito caracterizado pelo deslizar constante entre

narrativa histórica e narrativa ficcional, que ocorre quando

a memória é ativada, revelando o quanto elas realmente têm

em comum. – WR

https://www.youtube.com/watch?v=pZcroB548gc

Cartas ao Leitor (1864, 1877, 1915, 1923)

Page 22: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Feira de Santana, BA, 1973Vive e trabalha em Salvador

Virginia de Medeiros

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1400

Sergio e Simonehttp://site.videobrasil.org.br/canalvb/video/1772825/Virginia_de_Medeiros_18o_Festival

Virgínia relata o processo de criação e gravação de seu vídeo Sérgio

e Simone, premiado no 18º Festival. O trabalho nasce de outra obra

realizado na Ladeira da Montanha, área degradada de Salvador.  Ali,

Virgínia encontra a travesti Simone. Desse encontro nasce uma

parceria, que resulta em um vídeo sobre a região. Tempos depois, ao

procurar a protagonista para obter uma autorização de uso de

imagens, a artista se depara com Sérgio, identidade resultada de um

processo de mutação: Ao sofrer uma overdose de crack, Simone tem

um delírio místico que a faz retornar à sua primeira identidade

masculina, tornando-se um pastor evangélico fanático que demoniza

o culto do candomblé – do qual participava – e a homossexualidade. A

artista explora a ambivalência dessa negação, pois ao contestar sua

antiga condição, Sérgio sempre carrega consigo sua identidade

anterior, nunca sepultando-a por completo. Por fim, a artista fala do

papel da diversidade humana em seu trabalho.

Page 23: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Feira de Santana, BA, 1973Vive e trabalha em Salvador

Virginia de Medeiros

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1400

Sergio e Simone

Oito anos depois, em 2014, Medeiros

retoma o contato com Sergio, que, em

breve recaída, se tornou pai de santo e

criou seu próprio terreiro de candomblé, no

qual assumiu ambas as identidades,

Sergio e Simone. O conjunto de imagens

documentadas reflete a complexidade

desse constante processo de

transformação corporal e espiritual sobre a

paisagem de uma cidade onde duas

religiões conflitam. Sugere ainda a

dificuldade de configurar uma outra

existência em uma sociedade binarista, ou

seja, que por via da discriminação exige

que sejamos uma coisa ou outra. – LP

Page 24: 31ª bienal sp

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1394

Vivekano museu2014 Edward Krasinski

 Ucrânia, 1925 – Polônia, 2004

Os objetos de Krasinski referem-se à forma, como elas se

comportam no espaço. Concentrações mutáveis de energia são

criadas em determinados locais, em zonas específicas (site

specific), localizando-se além da realidade substancial dessas

estruturas, por exemplo, nos pontos de ruptura, o desapego,

a continuidade, a proximidade.

Krasiński: Spear e outros trabalhos“Explorar o espaço e capturar movimento”

Breitwieser, p.62.

http://www.tate.org.uk/art/artworks/krasinski-untitled-t12566/text-summary

Page 25: 31ª bienal sp

http://www.bienal.org.br/post.php?i=495

Vivekano museu2014 Edward Krasinski

 Polônia, 1925-2004

Suas fotos são montadas de modo muito pensado, ainda que

possam parecer casuais. Elas o mostram como uma figura

delicada, irreverente, brincando com uma suposta herança

aristocrática numa época da Polônia comunista, em que tais

ações não eram politicamente bem recebidas. Todas as

fotografias foram tiradas por seu amigo e colaborador Eustachy

Kossakowski, que era próximo de toda a cena da vanguarda

polonesa da época.

Foto

graf

ias

de E

usta

chy

Kos

sako

wsk

i

http://ops.thejewishmuseum.org/

Sem Título, 1965. Haste de metal e madeira, duas partes de 70 7/8 pol. longo (180 cm) 

Cortesia de Paulina Krasińska e Foksal Gallery Foundation

Krasiński: Spear e outros trabalhos

Page 26: 31ª bienal sp

Thiago Rocha Pitta em:http://espacohumus.com/edward-krasinski/

Vivekano museu2014 Edward Krasinski

 Polônia, 1925-2004Krasinski achava a arte muito séria para ser feita por artistas.

Ele então descobriu o infinito dentro de uma linha; não parou-a. Como um

cartógrafo foi criando uma assinatura que nunca era limítrofe, expandia-se. Nada

escapava e nada queria escapar. Krasinski demarcou de azul paredes de

apartamentos, barrigas e costas alheias, as árvores e os retratos antigos. Produziu

perspectivas únicas, como se estendesse a todo lugar comum as costas de um

oceano móvel de imaginação.

Na 31ª Bienal de São Paulo, o

fotógrafo Eustachy Kossakowski traz

uma seleção de fotografias feitas no

apartamento de Krasinski na Polônia,

onde ele viveu a maior parte de sua vida

e produziu. São fotos de uma

displicência bonita e também um relato

muito sincero de um dilapidador de

objetos e de lugares; naquele santuário,

morava Krasinski, sua eterna linha azul

e um desejo de transformar o entorno

numa narrativa de questionamento.

S Titulo, 1975 tape e pintura em hardboard, apoio 699X500X33mm Tate Londres.

Edward Krasiński's Studio - Avant-Garde Institute, photo courtesy of Foksal Gallery Foundation

Page 27: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

José Val del Omar foi uma das figuras mais importantes

do cinema vanguardista espanhol. Foi contemporâneo

de Federico García Lorca, Luis Cernuda, María

Zambrano e outras figuras da Era de Prata da cultura

espanhola, interrompida pela Guerra Civil (1936-39), que

formou a “Geração de 36”. 

Durante os anos da República espanhola, trabalhou com

as  “Misiones Pedagógicas” (missões de ensino), um

programa estatal que levava aprendizagens da cultura

moderna para as populações rurais ainda dominadas

por grandes latifundiários e pela Igreja, na verdade

desafiando o monopólio desta última. 

O projeto "misiones” incluía o uso do cinema como

instrumento pedagógico, utilizando-o como forma de

promover uma identidade coletiva entre os seus

telespectadores.

http://www.museoreinasofia.es/en/exhibitions/val-omar-overflow

Granada, 1904 – Madrid, 1982

José Val del Omar

Vibração de Granada, 1934-1935. Filme 16mm, 21’. Cor: filtro verde. Som: silencioso.

AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)

Page 28: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

 O regime de Franco fomentou um cinema

comercial monocultural, como uma

consequência natural de seu projeto militarista

nacional-católico, inibindo a autoridade dos

principais estúdios nacionais e deixando pouco

espaço para a experimentação vanguardista. 

Ao inviabilizar o cinema independente, Val del

Omar voltou-se para a experimentação

tecnológica com lentes, som e iluminação e

tecnologia de projeção. Tudo isso como parte

de seu projeto místico, projetado para

empurrar o espectador do Tríptico em

transportes de êxtase, eliminando a distância

entre o espectador e o espetáculo.

Granada, 1904 – Madrid, 1982

José Val del Omar

http://cinema-scope.com/columns/columns-dvd-jose-val-del-omars-triptico-elemental-and-and-other-experiments-from-spain-by-matt-losada/

Vista da exposição: VAL DEL OMAR estouro de 2010http://www.museoreinasofia.es/en/exhibitions/val-omar-overflow

Visão Tátil. Colagem sobre papel.http://www.museoreinasofia.es/en/exhibitions/val-omar-overflow

AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)

Page 29: 31ª bienal sp

Vivekano museu2014

Enquanto trabalhava com efeitos especiais, nos Estúdios Chamartín (um dos quatro grandes estúdios de cinema na

época) e em adiantados programas de rádio, nos anos 40, Val del Omar apresentou várias patentes para

invenções em tecnologia de áudio. Uma delas foi o sistema de som Diáfono, seu primeiro passo tecnológico

para o espetáculo total do Tríptico, com colocação de fontes, tanto na frente como atrás do espectador, cada uma

em uma trilha separada, para produzir o que chamou de um "diálogo dialético" de som. Mas o Diáfono não foi

feito para aumentar a verossimilhança sônica, como acontece com a estereofonia, mas para aumentar o poder do

aparato cinematográfico, para além da mera representação fiel da realidade. 

Em 1956, quando Aguaespejo granadino foi apresentado no Festival de Berlim, Val del Omar também aperfeiçoou o

que ele chamou Desbordamiento Apanorámico de la Imagen (estouro da Imagem Apanoramica), em que uma

projeção simultânea de imagens abstratas, sincronizadas com os ritmos do som do filme , podia ser vista na parte

da frente, das paredes laterais e do teto do teatro, criando de fato uma tela côncava, que tomou conta do

espectador. 

Ele então desenvolveu Visión Táctil (Tactile Vision), um sistema de luz pulsante, com a intenção de tatilizar a

percepção visual, utilizada para a 2ª parte do Tríptico, Fuego en Castilla. Estas invenções foram projetados para

liberar seus filmes do confinamento das bordas da tela plana, um movimento do óptico para o háptico e uma

expansão de possibilidades perceptivas além daqueles normalmente disponíveis ao sensório, tanto no cinema

quanto fora dele. 

No Tríptico, o movimento elementar de água, nuvens e luz, em ritmos normalmente invisíveis a olho nu, é feito

perceptível através de muitas invenções de Val del Omar, em combinação com imagens paradas, movimento rápido

e lento, filtros e espelhos anamórficos. As experiências resultantes variam do êxtase e tormento solenes, para a

iluminação.

Granada, 1904 – Madrid, 1982

José Val del Omar

http://cinema-scope.com/columns/columns-dvd-jose-val-del-omars-triptico-elemental-and-and-other-experiments-from-spain-by-matt-losada/

invenções em tecnologia de áudio

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Vivekano museu2014

O Tríptico é uma série de três

"elementales,” que Val del Omar propôs

como um gênero cinematográfico

distinto do documentário:

AGUAESPEJO GRANADINO (1955)

FUEGO EN CASTILLA (1960), e

ACARIÑO Galaico (iniciado em 1961 e

concluído postumamente em 1995, a partir

de filmagens, gravações e anotações de

Val del Omar). Parte do Tríptico ganhou

prêmios nos festivais de Cannes, Bilbao, e

Melbourne, nos anos 50 e início dos anos

60, antes de desaparecer de vista ao

longo de décadas.http://www.gartenbergmedia.com/dvd/val-del-omar.html

Granada, 1904 – Madrid, 1982

José Val del Omar

Tríptico ELEMENTAR DE ESPAÑA

Aguaespelho granadino, 1955

Assista em:http://vimeo.com/76810882

AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)

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Vivekano museu2014

Kfar Yehezkel, Israel 1970Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim

Val del Omar

Aguaespelho granadino e Fogo em Castela são o

resultado de uma obsessão técnica, de um

delírio gramatical; verdadeiros autos sacramentais

compostos como uma partitura musical, em que

diversos níveis de significado se sobrepõem em

camadas. Nelas se complementam diversas teses

místicas e narrações enunciadas por sua

organização em pares: a água e o fogo, as

estéticas da dança flamenca de Antonio Ruiz e de

Vicente Escudero, o andaluz africano e o castelhano

europeu, o horizontal e o vertical, o ouvido e o olho,

o liso e o estriado, o invisível e o oculto.

Em busca de unir o homem com o divino, na natureza e com o resto da humanidade, através do cinema.

http://www.gartenbergmedia.com/dvd/val-del-omar.html

Fogo em Castela, 1960

AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)

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Vivekano museu2014

Kfar Yehezkel, Israel 1970Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim

Val del Omar

Aguaespelho granadino / fogo em Castela

Val del Omar esteve sempre obcecado por

dominar a matéria técnica de seus filmes, e

nesse sentido sua mística é

fortemente materialista.

Afirmava, veementemente, que quem dominasse

o formato do negativo, o sistema de som e a

lente da câmera seria o verdadeiro amo das

imagens, dono do espetáculo de nosso

tempo. Em certo sentido, sua obra é uma

tentativa de alcançar tal maestria a fim de

oferecer uma resposta esquizoide, libertadora e

espiritual ao ambiente de repressão e autarquia

nacional-católica com o qual foi obrigado a

conviver. – PGR

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1612

Fogo em Castela, 1960

AGUAESPEJO GRANADINO (1955) FUEGO EN CASTILLA (1960)

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Vivekano museu2014 Arthur Scovino

 São Gonçalo, RJ. 1980Vive e trabalha em Salvador, BA.

Nascido na região metropolitana do Rio de Janeiro,

RJ, mudou-se para Salvador, BA, em 2008 para

estudar na Escola de Belas Artes da UFBA.

Desde então, desenvolve suas pesquisas artísticas

em torno do ambiente, da cultura e das relações

afetivas e sociais na Bahia, sobretudo em Salvador.

Trabalha com performance, instalação, fotografia,

vídeo e desenho. Investiga estética e pensamento

artísticos contemporâneos através de ações

performáticas e relacionais.

Participou de mostras de performances, exposições

individuais e coletivas, e em 2013, recebeu o prêmio

do Salão de Artes Visuais da Bahia.

Atualmente investiga símbolos do imaginário

religioso e da miscigenação brasileira. Art Performance realizada por Arthur Scovino, no dia 31 de Maio, 2014

no Mosteiro de São Bento para a 3ª Bienal da Bahia

https://www.youtube.com/watch?v=taLF1Dc7gJ8http://arthurscovino.wordpress.com/

Casa de Caboclo

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Vivekano museu2014 Arthur Scovino

 São Gonçalo, RJ. 1980Vive e trabalha em Salvador, BA.

Um ambiente em constante mudança que poderia ser

tanto um espaço doméstico quanto cerimonial,

em que um conjunto de imagens (desenhos, fotos e

escritos) e ferramentas (livros, gases e líquidos) é

reunido para auxiliar um encontro, que

acontecerá dentro desse próprio ambiente.  

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1594

Casa de Caboclo

O caboclo e sua casa funcionam como metáfora para o

que o espaço da arte pode ser e fazer e também como

uma superação de suas premissas e limitações.

Juntos, eles nos permitem perceber que certos objetos,

em condições específicas, podem nos afetar, que

podemos nos envolver em uma troca significativa com

eles e com o espaço que habitam.

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Kfar Yehezkel, Israel 1970Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1558

Inferno, 2013

"Inferno” é uma resposta

cinematográfica à construção

de uma réplica, em tamanho

real, do Templo de Salomão

por uma igreja brasileira no

bairro do Brás, em São Paulo.

O filme retrata a construção

(real) do Templo e a sua

destruição (ficcional), e tem

como base pinturas e

fotografias representando o

Templo ao longo da sua

história.

Yael Bartana

Trecho do filme:

http://mais.uol.com.br/view/1xu2xa5tnz3h/trecho-de-inferno-da-artista-yael-bartana-04020C983572DC895326?types=A&

http://yaelbartana.com/

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Kfar Yehezkel, Israel 1970Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1558

O 1º Templo foi construído por Salomão em Jerusalém e destruído em 584 AC. O 2º Templo, do qual restou o Muro das Lamentações, foi erguido no mesmo local em 64 dC. e destruído também em seguida. Em visita ao canteiro de obras do que seria o 3º Templo de Salomão – desta vez em São Paulo –, Bartana não pôde enxergar outro futuro possível a não ser a repetição profética do passado, isto é, sua destruição. No que chama de uma “pré-encenação”, a artista destaca, entre o esquecimento e a celebração de um passado fantasiado, como a história é escrita e como as religiões são fundadas.O crescimento recente das religiões evangélicas e neopentecostais no Brasil desencadeou manifestações religiosas híbridas, nas quais se mesclam referências ao judaísmo e ao catolicismo, e cada igreja compete para provar sua maior proximidade com uma matriz original. A construção de um templo – como tentativa de voltar a um tempo bíblico – é uma das estratégias da indústria da fé, na luta por capital simbólico.Interessada em registrar os rituais que organizam e orientam as nossas ações cotidianas, Bartana já lançou mão da ficção para criar novos rituais, fundar movimentos políticos e criar narrativas nacionais, sugerindo que a arte pode desenhar possíveis futuros. Em Inferno, é a criação de um passado mítico que anuncia ruínas por vir. – BS

Yael Bartana

Inferno, 2013

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Kfar Yehezkel, Israel 1970Vive e trabalha em Tel Aviv e Berlim

Os filmes, instalações e fotografias de Yael Bartana

exploram a imagem de identidade e a política da

memória. Seu ponto de partida é a consciência

nacional propagada por seu país natal, Israel. Central

para o trabalho são os significados implícitos por

termos como "pátria", "retorno" e "pertença".

Bartana investiga estes através das cerimônias, rituais

públicos e desvios sociais que visam reafirmar a

identidade coletiva do Estado/Nação. Em seus

projetos israelenses, Bartana tratou do impacto da

guerra, rituais militares e uma sensação de ameaça à

vida de todos os dias.

Entre 2006 e 2011, a artista vem trabalhando na

Polônia, a criação da trilogia "E a Europa vai ficar

surpresa", um projeto sobre a história das relações

polaco-judeu e sua influência sobre a identidade

polonesa contemporânea.

Yael Bartana representou a Polônia na 54ª Exposição

Internacional de Arte de Veneza (2011).

Yael Bartana

http://yaelbartana.com/

Inferno

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Rancagua, Chile, 1971

Voluspa Jarpa

A instalação, composta de arquivos da

CIA e do regime militar brasileiro

impressos em papel transparente e

pendurados em linhas diagonais, cria um

belo efeito nos corredores da Bienal.

Quem observar de perto verá que os

documentos têm tarjas pretas –

correspondentes aos trechos censurados

pelo governo.

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1568

 Histórias de Aprendizagemhttps://www.youtube.com/watch?v=xfIwXjQIBXk

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Rancagua, Chile, 1971

Voluspa Jarpa

A obra de Voluspa Jarpa questiona as representações da

história em diversos sistemas da imagem, como nos meios

de comunicação ou na arte. Histórias de aprendizagem é

uma instalação labiríntica e irregular composta, de um lado,

por arquivos da CIA sobre a ditadura brasileira (1964-1985)

revelados há alguns anos pelo governo dos Estados Unidos

e, de outro, por documentos dos serviços secretos

brasileiros produzidos durante os mandatos dos presidentes

Getúlio Vargas (1951-1954) e João Goulart (1961-1964).

Deste último, ela inclui também registros sobre o exílio no

Uruguai e o suposto assassinato na Argentina, em 1976,

investigado como parte do plano coordenado entre as

ditaduras do Cone Sul conhecido como Operação Condor.

 Histórias de Aprendizagem

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1568

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Rancagua, Chile, 1971

Voluspa Jarpa

Para Jarpa, é sintomático o fato de que, antes da liberação desses

documentos ao acesso público, em todos eles haja trechos que foram

riscados. Isso pode ser interpretado como o comportamento histérico

que, na psicanálise freudiana, designa a impossibilidade de lidar com o

trauma. Para Sigmund Freud, o trauma é um relato arquivado e negado, e

o sintoma, um arquivo cifrado. Aos riscos dos documentos originais, a

artista soma a estrutura da instalação, que impede que o espectador

tenha acesso aos documentos que estão diante dele, podendo apenas

vislumbrar os que estão em segundo e terceiro planos. Dessa maneira,

experimenta-se uma possibilidade como impossibilidade, o que remete

a uma promessa de revelação que, na verdade, se concretiza como

repressão.

Jarpa realizou várias obras a partir de arquivos sobre o Chile e outros

países latino-americanos revelados pelos Estados Unidos. Em todos os

casos, analisa o que foi apagado e chama a atenção para a imagem

resultante do documento que sofreu intervenção: uma imagem que

expressa tanto a construção de visibilidades quanto a potência poética e

política dos usos do arquivo, e que cria sombras no presente. – SGN

http://www.31bienal.org.br/pt/post/1568

 Histórias de Aprendizagem

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Pesquisa: Zilpa Magalhães