revista mineira de engenharia 31ª edição

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ANO 7 | EDIÇÃO 31 | JAN - MAR - 2016 ENSINO DE ENGENHARIAS: MUDAR É PRECISO INOVAÇÃO Tomada inteligente chega ao mercado ISSN 2447‑813X FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT CARREIRA É hora de exercitar a flexibilidade BOM EXEMPLO Combate ao Aedes Aegypti nas empresas ENTREVISTA Mateus Moura Lima Gomes

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Page 1: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

ANO 7 | EDIÇÃO 31 | JAN - MAR - 2016

ENSINO DE ENGENHARIAS:

MUDAR É PRECISO

INOVAÇÃO Tomada inteligente chega ao mercado

ISSN

244

7‑81

3XFECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

CARREIRAÉ hora de exercitara flexibilidade

BOM EXEMPLOCombate ao Aedes Aegypti nas empresas

ENTREVISTA Mateus Moura Lima Gomes

Page 2: Revista mineira de engenharia 31ª Edição
Page 3: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

Engenharia é Arte! Pressupõe dominar

e aplicar conhecimentos científicos e

empíricos, aliados ao desenvolvimento

de habilidades específicas com o propó-

sito de converter recursos naturais em

formas adequadas (oferta de energia,

construções, estradas, etc.) que aten-

dam às necessidades humanas. Por isso,

exige alto grau de profissionalismo que

só pode ser obtido através de uma for-

mação acadêmica consistente, seguida

de esmero na aplicação do conheci-

mento tecnológico, aliado a uma pos-

tura ética no atendimento do interesse

coletivo.

Não resta, pois, dúvida alguma sobre a

amplitude e a importância da engenha-

ria para que as comunidades, sobretudo

dos grandes centros urbanos, tenham

qualidade de vida e equidade, contri-

buindo inquestionavelmente para o de-

senvolvimento econômico dos estados

federativos e do País. Contribuição essa

que reflete diretamente na vida das pes-

soas, na criação de empregos e renda, e

no crescimento do PIB brasileiro. Mas

no Brasil de hoje, parece que tudo isso

foi esquecido. A atual recessão econô-

mica, agravada pela crise política, atinge

em cheio a atividade de engenharia, cei-

fando oportunidades e sequer ofere-

cendo alternativa aos profissionais que

chegam ao mercado de trabalho.

Para alguns incautos, a atividade é vista

hoje sob a ótica da ação condenável das

empreiteiras envolvidas nos escândalos

da Lava Jato. No mundo dos negócios,

dos interesses corporativos e estraté-

gicos, equivocadamente, a engenharia é

tratada como mercadoria de segunda

linha, como uma moeda de troca. Se

uma obra não for feita por um enge-

nheiro, pode ser feita por outro qual-

quer (a qualificação não é relevante), ou

quem sabe importando mão de obra

dos franceses ou dos chineses que tam-

bém são bons nisso.

É deplorável (muito embora não nos

surpreenda pela visão apequenada) que

nossos governantes atuais não enten-

dam a Engenharia como atividade es-

sencial e estratégica, a ser valorizada no

planejamento dos empreendimentos e

na consecução de objetivos sociais. Se

é para ver a nossa profissão assim avil-

tada, é melhor que tenhamos a coragem

de lutar para substituir no poder nossos

despreparados governantes, através dos

meios democráticos e constitucionais.

Temos que dizer não à corrupção,

temos que exigir planejamento nas ati-

vidades de governo e combater aqueles

espertos empresários que querem

transformar a atividade de formar en-

genheiros em máquina de auferir gran-

des lucros financeiros (e com a ajuda do

dinheiro público do FIES). Nesse mo-

mento de fragilidade que o País e o

setor de engenharia atravessam, é pre-

ciso que a atividade seja compartilhada

entre profissionais que busquem o bem,

que as soluções de cunho tecnológico

sejam precisas e inequívocas, sem mar-

gem para irresponsabilidades como a

queda de viadutos, rompimento de bar-

ragens e outras mazelas como assisti-

mos em Minas Gerais.

Estes recentes e lamentáveis episódios

escritos por mãos movidas essencial-

mente pela obtenção de ganhos finan-

ceiros e/ou outras vantagens, típicas de

nossa cultura e comportamento per-

missivos, têm que ter um ponto final.

Até porque, em Minas Gerais, nem

sempre foi assim. Em passado recente

em nosso Estado, a ação de proemi-

nentes engenheiros no exercício da

profissão, da gestão pública e da polí-

tica, criou a tradição de ganhos signifi-

cativos para toda a comunidade. Vale

lembrar as iniciativas marcantes e so-

bejamente conhecidas de profissionais

como Lucas Lopes, Celso Mello de

Azevedo, Aureliano Chaves de Men-

donça, João Camilo Penna, Elizeu Re-

sende, Alysson Paolinelli Itamar Franco

e tantos outros que souberam honrar

nossa profissão. É preciso, pois, dar um

“basta” ao atual estado das coisas! Não

podemos perder de vista a nossa mis-

são de usar a criatividade, a inventivi-

dade e o poder de transformação para

o bem de todos! A Engenharia Nacio-

nal exige Respeito!

EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

3

A Engenharia exige Respeito!

Augusto Drummond

Presidente da SME

Page 4: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

4

COMPROMISSO COM VOCÊ!

A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de

sua equipe, tem desenvolvido uma série de traba‑

lhos para atender cada vez mais e melhor a cada um

dos associados.

Em seus 85 anos de existência, a SME trabalha para in‑

tegrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arqui‑

tetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo

para o aprimoramento tecnológico, científico, socio‑

cultural e econômico.

COMPROMISSO COM O FUTURO

Aprimoramento profissional e a inovação tecnológica

também têm sido uma das grandes bandeiras da SME

para oferecer os melhores serviços para você.

Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenha‑

ria e da produção de eventos, a SME tem se tornado,

cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas suges‑

tões e para representar seu interesse no setor.

Mais informações: www. sme.org.br ‑ (31) 3292 3962 ou [email protected]

Augusto Celso Franco DrummondPresidente

Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente

José Ciro MotaVice-Presidente

Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente

Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente

Virgínia Campos de OliveiraVice-Presidente

Alexandre Rocha ResendeDiretor

Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora

Fabiano Soares PanissiDiretor

Humberto Rodrigues FalcãoDiretor

Janaína Maria França dos AnjosDiretora

José Andrade NeivaDiretor

Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor

Marcelo Monachesi GaioDiretor

Túlio Marcus Machado AlvesDiretor

Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor

CONSELHO DELIBERATIVO

Ailton Ricaldoni LoboPresidente

ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior

CONSELHO FISCAL

Carlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidente

ConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos

Coordenador EditorialJosé Ciro Mota

Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP

Revisão EditorialJalmelice Luz ‑ MG 3365 [email protected]

Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Tiragem: 10 mil | trimestralDistribuição Regional (MG)Gratuita

Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP ‑ 30170‑001Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br

ApoioPublicação

VENHA PARA A SME

Page 5: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

20CAPACITAÇÃOEmpresa Júnior investe na formaçãodo engenheiro

22ENGENHEIRO DO ANO Olavo Machado Juniorrecebeu a comenda, em 2015

LEGISLAÇÃO Engenheiros peritos podem ser penalizados em caso de acidentes

P&D Estudantes da UFLA criam tomada inteligente

52ARTIGORonaldo Gusmão

ARTIGOAilton Ricaldoni Lobo,

36MERCADO DE TRABALHOCrise exige de engenheiros mais flexibilidade

28

32

MESTRES DA ENGENHARIA Marcelo de Oliveira Marques

SAÚDE PÚBLICAEpidemia de dengue mobiliza empresas de Engenharia

10

48JOVEM ENGENHEIRO Josué Coelho do Amaral Júnior

GRADUAÇÃOFuturo incerto para os profissionais no Brasil

56ARTIGO Licenciamento ambientalno setor elétrico

ENTREVISTAMateus de Moura LimaGomes, responsável pela área de P&D da CEMIG

14

54

40

50

Page 6: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

6

NOTAS DO SETOR

ABM WEEK 2016

A cidade do Rio de Janeiro sediará novamente o maior

evento técnico-científico da América Latina nas áreas de

metalurgia, materiais e mineração, a ABM WEEK 2016

que acontecerá de 26 a 30 de setembro. Serão realiza-

dos, simultaneamente, o 71º Congresso Anual, o 53º Se-

minário de Laminação, o 47º Seminário de Aciaria, o 46º

Seminário de Redução, o 17º Simpósio de Minério de

Ferro, o 4º Simpósio de Aglomeração, o 35º Seminário

de Logística, o 37º Seminário de Balanços Energéticos, o

31º Encontro de Gases Industriais, o 20º Seminário de

Automação & TI, o 16º Enemet - Encontro Nacional de

Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas e

o 7º Seminário de Trefilação.

Com a presença de espe-

cialistas renomados do

Brasil e do mundo, a ABM

WEEK 2016 deve atrair

aproximadamente três mil

profissionais da indústria e

de empresas fornecedoras

de produtos e serviços

para o setor, além de aca-

dêmicos, pesquisadores e

estudantes.

Mais informações no site www.abmbrasil.com.br/abmweek2016

CONCRETO

O Instituto Brasileiro do Concreto –

IBRACON promove, de 11 a 14 de outu-

bro, em Belo Horizonte, o 58º Congresso

Brasileiro do Concreto, fórum nacional

de divulgação e debates sobre a tecnolo-

gia do concreto e seus sistemas constru-

tivos. O evento objetiva divulgar as

pesquisas científicas, tecnológicas e as

inovações sobre o concreto e as estru-

turas de concreto, em termos de mate-

riais e suas propriedades, gestão e

normalização, análise e projeto estrutu-

ral, métodos e sistemas construtivos,

controle tecnológico e sustentabilidade.

O evento é aberto aos profissionais em

geral do setor construtivo, tecnologistas

de concreto, projetistas de estruturas,

professores e estudantes de Engenharia

Civil, Arquitetura e Tecnologia, profissio-

nais técnicos de construtoras, empresas

de energia, fabricantes de equipamentos

e materiais para construção, laboratórios

de controle tecnológico, órgãos governa-

mentais e associações técnicas. Nas últi-

mas edições, o evento contou com a

participação de cerca de 1000 inscritos.

Mais informações no endereço eletrô-

nico www.ibracon.org.br.

IBAPE

A nova diretoria do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de

Engenharia (IBAPE) tomou posse, em 23 de fevereiro de 2016, para

um mandato de dois anos (2016 - 2017). O presidente eleito é o

engenheiro civil e eletricista, Frederico Correia Lima Coelho.

A vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Marita

Tavares, representou a SME na solenidade de posse. A solenidade

foi realizada no Plenário do CREA- MG e contou com a presença

de representantes de importantes entidades do setor de engenha-

ria e arquitetura e do presidente do Confea, José Tadeu da Silva.

Frederico Correia Lima Coelho, presidente;

Eng. Antemildo Batista de Andrade, vice‑presidente de Relações com o Mercado;

Eng. Elcio Avelar Maia, vice‑presidente de Comunicações;

Eng. Pedro Augusto Kruk, vice‑presidente Técnico;

Eng. Nelson Nady Nór Filho, vice‑presidente Administrativo e Financeiro;

Eng. Wilson Lang, vice‑presidente de Relações Institucionais.

Diretoria Executiva do IBAPE ‑ 2016

Page 7: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

7

ISSN

A Revista Mineira de Engenharia (RME) recebeu do Instituto

Brasileiro de Informação Ciência e Tecnologia (Ibict) o ISSN

2447-813k (International Standard Serial Number), sigla em in-

glês para Número Internacional Normalizado para Publicações

Seriadas, que é o código aceito internacionalmente para indivi-

dualizar o título de uma publicação seriada.

Esse número se torna único e exclusivo do

título da publicação ao qual foi atribuído, e

seu uso é padronizado pela ISO 3297 (Inter-

national Standards Organization).

O uso do ISSN não é obrigatório, entretanto

como único identificador de padrão interna-

cional, confere vantagens ao editor uma vez

que ele possibilita rapidez, produtividade, qualidade e precisão

na identificação e controle da publicação seriada nas etapas

da cadeia produtiva editorial. A Rede ISSN (ISSN Network) é

uma organização intergovernamental representada por 88 cen-

tros nacionais e regionais, em todo o mundo. A Rede foi criada

em 1971, com o apoio da Organização das Nações Unidas para

a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e implantada três

anos mais tarde para apoiar o controle bibliográfico mundial de

publicações seriadas, por meio de um código

único, o ISSN (International Standard Serial

Number). A Rede ISSN é coordenada pelo

Centro Internacional do ISSN, com sede em

Paris, e já possui, em todo o mundo, mais de

1 milhão de títulos de publicações seriadas

identificadas com esse código. Constitui a

mais completa e abrangente

fonte de informação sobre

publicações seriadas.

CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

Lançado no Brasil um portal para profissionais dos setores elé-

trico e energético. Trata-se do Leonardo Energy, um projeto criado

na Europa e que chega ao Brasil com conteúdo gratuito sobre

economia sustentável por meio da eficiência energética. O projeto

foi criado, em 2001, pelo European Copper Institute - órgão que

promove o uso do cobre na Europa – e que se tornou ao longo

dos anos uma grande comunidade online sobre economia susten-

tável por meio da eficiência energética. O projeto chega ao Brasil

pelo Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre).

Por meio do site www.leonardo-energy.org.br, profissionais dos

setores elétricos e enérgico têm acesso a notícias, palestras, arti-

gos e webinars (seminários realizados online) realizados por pro-

fissionais sobre os seguintes assuntos: eficiência energética,

energias alternativas renováveis, gestão da energia, gestão de ativos

e segurança com a eletricidade e sustentabilidade. Mais informações no site www.procobre.org.

PORTAL

O Sistema Confea/Crea e Mútua em defesa da Engenharia e Agronomia Brasilei-

ras” é o tema central do 9º CNP (Congresso Nacional de Profissionais) que, em

2016, acontecerá em paralelo à 73ª Soea (Semana Oficial da Engenharia e da Agro-

nomia), em Foz do Iguaçu (PR), de 29 de agosto a 03 de setembro próximos deste

ano.

A vice-presidente da SME, Engª Virgínia Campos, participou, no último dia 26 de

fevereiro/16, no Confea, em Brasília (DF), do 5º Encontro de Líderes Represen-

tantes do Sistema Confea/Crea e Mútua. Durante o encontro, foi decidido que

os líderes deverão reforçar um movimento em prol da Engenharia, por meio da

conscientização da sociedade sobre o papel e a importância da profissão.

73ª SOEA

Page 8: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

8

Desde a segunda quinzena de janeiro,

pesquisadores da UFMG estão em

campo com o intuito de conhecer a rea-

lidade de saneamento rural em todas as

regiões do país. Os dados qualitativos,

somados a informações do censo demo-

gráfico, vão ajudar a delinear o mapa sa-

nitário que servirá de base para a

elaboração do Programa Nacional de Sa-

neamento Rural (PNSR). Feito esse diag-

nóstico, será desenvolvida uma matriz

tecnológica que ofereça soluções para

atender a diferentes escalas e realidades

rurais, explica a coordenadora do traba-

lho, professora Sonaly Rezende, do De-

partamento de Engenharia Sanitária e

Ambiental da Escola de Engenharia. Em-

bora a Organização das Nações Unidas

(ONU) defina como direito humano o

abastecimento de água e esgotamento

sanitário, apenas 32% dos domicílios ru-

rais brasileiros possuem redes de abas-

tecimento de água, e somente 5,2% têm

coleta de esgoto, de acordo com a Pes-

quisa Nacional por Amostra de Domicí-

lios (PNAD) de 2012. Com base no

censo de 2010, o Plansab traçou metas

de curto, médio e longo prazos para

todos os aspectos do saneamento do

País. Para o abastecimento de água con-

siderado atendimento adequado (per-

centual de domicílios urbanos e rurais

atendidos por redes de distribuição,

poço ou nascente com canalização in-

terna), o Plano prevê cobertura para

água e esgoto de 93% da população em

2018, 94% em 2023 e 98% em 2033. Em

2010, esse percentual de cobertura era

de 91%.

NOTAS DO SETOR

MAPA SANITÁRIO

O professor Marcos Pinotti Barbosa, do Departamento de

Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia, faleceu

em Moscou, capital da Rússia, em 21 de fevereiro/16.

Docente da UFMG desde 1999, Pinotti era uma das

principais referências da Universidade nas áreas de

empreendedorismo tecnológico e inovação. Pinotti

coordenava o Laboratório de Bioengenharia (Lab-

Bio), dedicado às áreas de Engenharia Cardiovas-

cular, Biofotônica, Tecnologia Assistiva, Biomimética,

Medicina Regenerativa e Biomecânica, e o Laborató-

rio de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (Lapan), espe-

cializado em neurociências, visão neural, processos de

cognição e tecnologia da informação aplicada a neurociên-

cias.

Marcos Pinotti formou-se em Engenharia Mecânica

pela Unicamp, em 1989. Na mesma universidade,

tornou-se mestre (1992) e doutor (1996) em

Engenharia Mecânica. Como professor da

UFMG, recebeu, em 2013, o Prêmio Fundep

– principal distinção conferida na Universi-

dade aos seus pesquisadores – na área de

Tecnologias. Recentemente, o professor

Marcos Pinotti vinha se dedicando à articu-

lação de parcerias científicas entre a UFMG e

instituições da Rússia. Pinotti era casado com

Evgeniya Shamis, fundadora e diretora da empresa

Sherpa S Pro, de Moscou, que presta consultoria ao go-

verno russo na área científica.

FALECIMENTO

Equipe da UFMG recolhe informaçõesem 11 estados para ajudar a delinear omapa sanitário brasileiro

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G

Os representantes da SME junto ao CREA-Minas tomaram posse na última semana de janeiro/16. São eles: Antônio Humberto Pereira

de Almeida, Arnaldo Rezende de Assis, Celso de Araújo Pinto Coelho, Cláudio Miranda Marins, Dilvar Oliva Salles, Flávio de Azevedo

Carvalho, Geraldo Magela Dolabela, Herzio Geraldo Bottrel Mansur, José Caldeirani Filho, Misael de Jesus dos Santos Sá e Werner

Cançado Rohlfs. Os conselheiros, pelas suas formações, compõem as Câmaras Especializadas, que são a primeira instância de julgamento

dos processos da regulação profissional e, em conjunto, constituem o Plenário do CREA-MG, a sua segunda e maior instância de jul-

gamento regional.

BANCADA

Page 9: Revista mineira de engenharia 31ª Edição
Page 10: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

10

Problema de saúde pública nacional,

o Aedes aegypti não é uma novidade.

Provavelmente chegou ao Brasil com

os navios negreiros. Após o trabalho

de erradicação da febre amarela, no

início do século XX, o mosquito que

hoje transmite dengue, febre Chikun-

gunya e Zica vírus foi considerado eli-

minado durante a Era Vargas. Na

época, o País até recebeu o reconhe-

cimento de organismos internacio-

nais por essa conquista.

Mas a boa notícia durou pouco. Com

o processo de industrialização e a

falta de planejamento urbano das ci-

dades, nas décadas de 1940 e 1950,

surgiram novos criadouros para o

mosquito. Entre eles, pneus e ferros

velhos. Em 1967, o Aedes foi detec-

tado em Belém e, em 1974, infestou

Salvador. Anos mais tarde, espalhou-

se pelo País. A partir de 1986, a den-

gue ocorre de forma continuada,

todos os anos.

De lá para cá, são 30 anos de um pro-

blema que desafia o poder público, o

setor produtivo e a sociedade anual-

mente, durante a temporada das chu-

vas. No último dia 22 de fevereiro, a

presidente Dilma Roussef assinou

contrato para o desenvolvimento de

uma vacina contra dengue por meio

de parceria entre o Ministério da

Saúde e o Instituto Butantan, vincu-

lado ao governo do Estado de São

Paulo.

O contrato prevê aporte inicial de

R$ 100 milhões, nos próximos dois

anos, para financiar a terceira e última

fase de testes clínicos da vacina em

voluntários, para comprovar a eficá-

cia do imunizante.

Além desse produto, o Instituto já es-

tuda produzir uma vacina e um soro

para neutralizar a ação do vírus Zica,

o que demandará alguns anos de tra-

balho. Até lá, o grande vilão dessa his-

tória continua a ser o mosquito, que

já mostrou uma capacidade superior

de adaptação. Basta lembrar que uma

tampinha de garrafa com água parada

pode aumentar o número de casos

na estatística.

Mudança de conduta

As epidemias anuais de dengue tam-

bém afetam o setor produtivo, na

forma de absenteísmo (faltas, afasta-

mentos) e queda de produtividade.

Assim, organizações de diversos seg-

mentos também têm se engajado

nessa luta.

Na Construtora Patrimar, o trabalho

do engenheiro de Segurança Darci

Vieira é fundamental para a conscien-

tização dos funcionários dos cantei-

ros e da área administrativa sobre a

necessidade de combater o mos-

quito. “Começamos nossa campanha

em setembro de 2015, antes de co-

SAÚDE PÚBLICA

Luciana Sampaio Moreira

Epidemia de dengue mobiliza empresas de Engenharia da capital mineira

Page 11: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

meçar o período de chuvas. A pro-

gramação do Diálogo Diário de Se-

gurança (DDS), que acontece todas

as manhãs, reserva um dia da semana

para abordar o tema”, comenta.

Para dar maior peso às informações,

a empresa convida técnicos e espe-

cialistas para falar a respeito da ne-

cessidade de eliminar focos de

reprodução do Aedes aegypti, com

distribuição de material impresso que

os 800 funcionários – entre diretos e

terceirizados – levam para casa.

Nas obras, a recomendação é clara.

Limpeza das instalações, organização

dos materiais, controle do uso do

copo descartável e de latas, são alguns

dos cuidados que são observados dia-

riamente. “Nos projetos onde temos

pontos de água, usamos água sanitária.

Há obras em que o gasto chega a 200

litros do produto”, destaca. Quem

monitora essas práticas são os chefes

de Segurança, que ficam nos canteiros.

Neste ano, o pessoal do Administra-

tivo também será incluído na campa-

nha. Uma cartilha foi especialmente

confeccionada e distribuída aos em-

pregados que trabalham no escritó-

rio, durante o Dia Interno de

Combate a Dengue. Realizado no dia

29 de fevereiro, o evento levou espe-

cialistas para conversar com os fun-

cionários.

Segundo o engenheiro, a Patrimar

tem observado que geralmente, os

casos de contaminação acontecem

fora do local de trabalho. “Temos

feito um trabalho que tem um al-

cance muito grande, já que extrapola

os muros da empresa e chega à casa

de todos os empregados”, afirma.

Esse movimento, segundo Darci Vieira, é

o resultado de uma valorização cres-

cente das áreas de Segurança e Saúde

do Trabalho. Com 26 anos de carreira,

das quais 15 como técnico e 11 como

engenheiro do Trabalho, ele constata

que atualmente, esse cuidado trans-

cende o uso dos equipamentos de pro-

teção individual (EPI) durante a jornada

diária.

Darci Vieira,

engenheiro de

Segurança da

Construtora

Patrimar

As epidemias anuais de dengue tam‑bém afetam o setor produtivo, naforma de absenteísmo (faltas, afasta‑mentos) e queda de produtividade.Assim, organizações de diversos seg‑mentos também têm se engajadonessa luta.

Page 12: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

12

“A Patrimar entende que o bom estado de saúde do

empregado é fundamental para que ele não tenha faltas,

períodos de afastamento ou apresente atestados médi-

cos”, argumenta. Anualmente, a programação da Semana

Interna de Prevenção a Acidentes de Trabalho (Sipat),

aborda temas relacionados ao controle da glicose, pres-

são arterial, acuidade visual e problemas cardíacos, que

podem interferir diretamente na capacidade produtiva

do empregado.

O resultado já apareceu. Segundo o engenheiro, em 12

anos, o número de afastamentos caiu consideravel-

mente. Da mesma forma, a rotatividade também ficou

menor. “Hoje temos pessoas com 20 anos de empresa,

o que é raro no setor”, considera.

Na MRV Engenharia, as ações de combate ao Aedes ae-

gypti acontecem em todas as obras, instaladas em mais

de 130 cidades de 19 Estados e Distrito Federal. Se-

gundo o gestor executivo de Segurança, Saúde e Meio

Ambiente da MRV Engenharia, José Luiz Esteves da Fon-

seca, a empresa promoveu uma série de mudanças no

armazenamento de materiais para impedir o acúmulo

de água. Paralelamente, a empresa realiza vistorias pe-

riódicas nos canteiros.

Diariamente, os trabalhadores são orientados a identi-

ficar focos do mosquito no local de trabalho e em casa.

“Desde o final de 2015, as ações de prevenção foram

intensificadas pela companhia e também foram incluídos

cartazes informativos e mutirões de limpeza para eli-

minação dos focos. Temos consciência que o canteiro

de obra é um grande local aberto que, se não cuidado,

pode servir de criadouro para o mosquito. Essa é uma

das prioridades da companhia neste momento em que

a epidemia se alastra rapidamente pelo País”, aponta.

A área de 2.190 metros quadrados da A Geradora, ins-

talada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo

Horizonte (RMBH) é constantemente vistoriada pela

técnica de Segurança e estudante de Engenharia Am-

biental, Marcely Souza. A empresa atua no segmento de

locação de equipamentos como geradores de energia,

torres de iluminação e compressores de ar e climatiza-

ção para segmentos como indústria, construção, infra-

estrutura, mineração, petróleo e gás e, ainda

entretenimento.

“Os 45 colaboradores da unidade estão mobilizados

para essa questão de controlar a reprodução do mos-

quito Aedes aegypti. Temos feito mutirões semanais

para identificar locais de risco com acúmulo de agua e

abordamos o tema nas reuniões diárias de segurança,

o que aumenta a eficácia das ações já implementadas

dentro da empresa”, explica.

A segunda parte do trabalho é atingir o círculo de re-

lacionamentos dos empregados, para que as medidas

adotadas sejam multiplicadas nas residências. O resul-

tado tem sido positivo, com apenas um caso de dengue

registrado. “Quando o colaborador retornou, compar-

tilhou com a equipe a sua experiência”, ressalta.

SAÚDE PÚBLICA

José Luiz Esteves daFonseca, gestorexecutivo de Segurança, Saúde e Meio Ambienteda MRV Engenharia

Marcely Souza, técnica de Segurançae estudante de Engenharia Ambiental

Page 13: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

13

Braço social do Sindicato da Indústria da ConstruçãoCivil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon‑MG), o Ser‑viço Social da Indústria da Construção Civil no Estado deMinas Gerais (Seconci‑MG) iniciou o seu projeto decombate a dengue em 1997. As primeiras iniciativas,já naquele ano, foram parte de um programa deconscientização dos trabalhadores e seus familiares.

Atendimentos médicos, cursos e palestras técnicos ofe‑recidos na sede da entidade são um viés dessa iniciativa.Paralelamente, as visitas dos técnicos aos canteiros deobras também é uma oportunidade para levar mais in‑formações sobre o Aedes aegypti e as doenças que elecausa. “Não paramos desde então, mesmo porque, adengue também não parou”, afirma a supervisora doDepartamento de Serviço Social do Seconci‑MG, SylviaHelena Costa.

O pacto nacional contra a dengue, criado em 2009, for‑taleceu ainda mais a participação da entidade que temse unido a órgãos públicos como a Secretaria Munici‑pal de Saúde de Belo Horizonte para a produção dematerial informativo e promoção de eventos nos can‑

teiros. Outra iniciativa é a distribuição gratuita de umarevista do cartunista Celton, intitulada “O caso da ruaque não tinha dengue”.

Na luta para erradicar o mosquito vale tudo. Em quasesete anos de atividades, o Seconci‑MG promoveu 9.600visitas preventivas a canteiros de obras de Belo Hori‑zonte e Região Metropolitana (RMBH), para um pú‑blico de 319.987 trabalhadores, até janeiro de 2016.Nesse período foram realizadas 1602 palestras, assis‑tidas por 28.551 pessoas.

O movimento das construtoras em buscar palestrassobre o tema é espontâneo. O Seconci‑MG também atuajunto ao Mobiliza SUS, que dispõe de uma equipe de téc‑nicos de mobilização social capacitada para falar sobreessas questões. “Temos estimulado as empresas a ado‑tar a linguagem do teatro para reforçar as orientaçõesteórica, para passar o recado de forma lúdica”, afirma.

Com isso, o número de casos de dengue tem caído. Se‑gundo a gestora, tanto no atendimento médico quantonas obras, as notificações estão em queda.

Seconci‑MG também intensifica ações de conscientização

Sylvia Helena Costa, supervisora doDepartamento de Serviço Social do Seconci‑MG

Page 14: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

14

ENTREVISTA ‒ MATEUS DE MOURA LIMA GOMES

Graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

(PUC Minas), em 2005, mestre em Direito Público, especialista

em Direito Administrativo e aluno de pós‑graduação em

Direito Tributário, ele exerceu o cargo de procurador‑geral da

Câmara Municipal de Belo Horizonte, entre 2012 e 2013.

Agora, entre outras atribuições, também, é o principal

responsável pelo bom andamento da área de P&D da CEMIG,

um desafio distinto da sua carreira de origem, mas a prova

incontestável de que, em se tratando de Energia, não há como

desconsiderar a inovação, como parte do negócio.

Page 15: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

15

“Assim como pessoas, mercado e finanças, a tecnologia constitui um dos

pilares de sustentação da estratégia de qualquer negócio, sendo, cada

vez mais, fator de competitividade e otimização de resultados empre‑

sariais”. É assim que o advogado e vice‑presidente da Companhia

Energética de Minas Gerais (CEMIG), Mateus de Moura Lima Gomes,

define a área de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da empresa.

CEMIG mantém investimentos na área de P&D

Quais os principais projetos de P&D da CEMIG?

O Grupo CEMIG é líder no Brasil em investimentos em

pesquisa e desenvolvimento em geração, transmissão e

distribuição de energia elétrica, sendo responsável por

13% do total do setor no Brasil, mas investe também em

outros setores. Dessa forma, atuamos em diversos seg-

mentos e desenvolvemos projetos de P&D em várias

áreas, quase sempre com a participação dos principais

centros de pesquisa, universidades e empresas do País.

O portfólio atual de projetos é muito diverso e procura

atingir todos os negócios da companhia. Visando dar mais

clareza e objetividade ao processo de planejamento es-

tratégico de tecnologia, o programa foi subdividido em 12

grandes temas tecnológicos, onde os projetos e demandas

são especificados, priorizados e selecionados, com o ob-

jetivo de trazer os melhores resultados para a empresa.

Na área de Sistemas Elétricos de Potência, podemos des-

tacar o projeto de revitalização e repotencialização de

transformadores de potência e desenvolvimento de trans-

formadores de corrente a óleo vegetal, que teve início em

2009, com término no ano passado. Foi confeccionado um

lote pioneiro de três transformadores instalados em su-

bestações da CEMIG, com ganhos de potência, assim

como trazendo menos riscos ao meio ambiente.

Os temas são Fontes Alternativas; Meio Ambiente; Medi-

ção, Faturamento e Perdas Comerciais; Manutenção do

Sistema Elétrico; Novas Configurações e Topologias de

Linhas de Transmissão, Distribuição e Subestações; Ope-

ração do Sistema Elétrico; Novos Equipamentos e Mate-

riais; Planejamento Elétrico e Energético da Expansão;

Supervisão, Controle e Automação; Segurança Patrimonial

e Pessoal; Gestão de Bacias, Reservatórios e Planeja-

mento Energético e Gestão Empresarial, Mercado, Aten-

dimento a Clientes, Regulação e Mercado.

Page 16: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

ENTREVISTA | MATEUS DE MOURA LIMA GOMES

16

Ao mesmo tempo, são desenvolvidos, em parcerias com

outras concessionárias, os projetos estratégicos, cujos

temas são definidos pela Aneel pela sua relevância para

setor elétrico, atendem às necessidades de várias conces-

sionárias, e na reformulação das políticas setoriais de ener-

gia elétrica. Há ainda parcerias com outros agentes em

projetos chamados cooperados, cujos resultados são com-

partilhados pelas empresas envolvidas.

Os investimentos nessa área têm aumentado?Por que?

Desde a criação do Programa de P&D Aneel, os investi-

mentos em pesquisa e desenvolvimento tendem sempre

a aumentar, ano a ano, já que, geralmente, estão atrelados

com a receita operacional líquida (ROL) das empresas.

Além dos valores vinculados a ROL, a CEMIG ainda in-

veste montantes relevantes em outros projetos de inova-

ção e que também contribuem para o desenvolvimento

de seus processos e serviços junto à sociedade.

Neste primeiro ano de trabalho (2015‑2016), houvemudanças na área de P&D da CEMIG? Quais?

O setor de P&D na CEMIG foi estruturado em 1999,

numa parceria com Fundação Instituto de Administração

da Faculdade de Economia e Administração da Universi-

dade de São Paulo (FIA/FEA/USP) e, desde então, vem so-

frendo adaptações uma vez que o mercado e o setor

elétrico estão em constante evolução. A última atualização

significativa ocorreu, no período de 2004 a 2007, por meio

de uma parceria entre a CEMIG, PUC Minas, FDC e Uni-

camp, envolvendo capacitação, consultoria nas diversas

áreas do setor. Dessa forma, o núcleo da Gestão, seus con-

ceitos e valores, são sempre mantidos.

O que significa, para a CEMIG, esse setor?

Assim como, pessoas, mercado e finanças, a tecnologia

constitui um dos pilares de sustentação da estratégia de

qualquer negócio, sendo, cada vez mais, fator de competi-

tividade e de otimização de resultados empresariais.

A CEMIG sempre considerou a tecnologia como in-

sumo básico e estratégico. Gostaria de destacar que,

nos Programas Anuais de P&D, buscamos atender às

principais demandas tecnológicas das empresas do

Grupo CEMIG, identificadas através dos processos de

Planejamento Estratégico Empresarial, sendo os proje-

tos avaliados e priorizados conforme metodologia de

Gestão Estratégica de Tecnologia e mediante compro-

vação de viabilidade técnico-econômica.

Com essa metodologia, busca-se uma maior integração

entre as equipes, evita-se duplicidades e otimiza-se os

recursos disponíveis para a melhoria de produtos e

processos. Como consequência, a empresa assegura a

utilização das tecnologias mais adequadas aos seus pro-

cessos e respostas ágeis às alterações de cenários.

O setor de P&D tem, como premissas básicas, o de-

senvolvimento tecnológico e a capacitação da CEMIG

e de seus parceiros, aumento da segurança, redução de

custos e melhorias operacionais, introdução de inova-

ções no mercado, incremento da participação das fon-

tes alternativas de energia na matriz energética,

preservação do meio ambiente e responsabilidade so-

cial, com foco na maximização de benefícios para

todos, tanto para a CEMIG como para seus parceiros

e a sociedade.

Page 17: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

17

Quais projetos desenvolvidos no último ano? E sejá foram incorporados à rotina dos negócios?

Os projetos de P&D são, em sua maioria, plurianuais,

tendo uma duração, em média, de três anos na CEMIG,

embora tenhamos projetos com duração de cinco anos.

Projetos implantados, em 2015, foram iniciados em anos

anteriores e estão produzindo resultados significativos

nesse ano. Podemos citar como destaque o de “Revitali-

zação e repotencialização de transformadores de potência

e desenvolvimento de TCs a óleo vegetal”, já citado, e que

desenvolveu transformadores com monitoramento online

e transformadores de corrente, utilizando óleo vegetal

não tóxico e ponto de fulgor acima dos demais, além de

papel isolante a base de aramida, uma fibra sintética com

alta resistência e baixo peso é conhecida no mercado com

o nome comercial de kevlar. Dentre os ganhos ambientais,

sociais, pode-se considerar os advindos da substituição do

óleo sintético pelo bio-óleo.

Outro destaque é o “Desenvolvimento de sistema inte-

grado para supervisão e orientação à operação remota

segura de usinas hidrelétricas”. O projeto produziu pro-

tótipos que foram instalados nas Usinas Emborcação e Sá

Carvalho, ambas da CEMIG, e teve como objetivo conver-

ter dados de processo e de monitoramento de vibração

do conjunto turbina-gerador em informações acionáveis

em tempo hábil para auxílio à tomada de decisão. O sis-

tema desenvolvido apresenta uma interface amigável dis-

ponível em todos os níveis hierárquicos da empresa para

compartilhamento de informação em tempo real contri-

buindo para o desenvolvimento estratégico de inteligência

do negócio. Este conhecimento permitirá a diminuição do

risco do gerenciamento do empreendimento com conse-

quente redução de custo e aumento de faturamento.

Como é composta a equipe de profissionais dosetor? Quantos engenheiros atualmente?

Para o desenvolvimento das atividades o setor dispõe de

sete profissionais do quadro próprio, sendo três engenhei-

ros, dois analistas com formação superior e dois técnicos,

além de um engenheiro contratado, bem como dois téc-

nicos, e de um escritório responsável por analisar toda a

documentação e prestação de contas dos projetos de

P&D.

Por outro lado, os projetos de pesquisa e desenvolvimento

são conduzidos pelas diversas áreas do negócio da CEMIG

para cada projeto em execução, há sempre uma equipe in-

terna composta de, pelo menos, um gerente de projeto e

um profissional de apoio administrativo. Em 2015, foram

60 profissionais, das diversas áreas do negócio, envolvidos

em projetos de P&D, dos quais 40 deles são engenheiros.

O modelo de Gestão Estratégica de Tecnologia (GET) es-

tabelece que as políticas, diretrizes, normas, procedimen-

tos e processos sejam propostos e conduzidos pelo setor

de P&D e Inovação, subordinado à Vice-Presidência.

A CEMIG sempre considerou a tecnologia como in‑

sumo básico e estratégico. Gostaria de destacar que,

nos Programas Anuais de P&D, buscamos atender às

principais demandas tecnológicas das empresas do

Grupo CEMIG, identificadas através dos processos de

Planejamento Estratégico Empresarial, sendo os proje‑

tos avaliados e priorizados conforme metodologia

de Gestão Estratégica de Tecnologia e mediante

comprovação de viabilidade técnico‑econômica.

Page 18: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

18

Como a Engenharia pode contribuir para a inova‑ção no setor elétrico? Há algum case de sucessoque gostaria de relatar?

No desenvolvimento de projetos, sempre há a participa-

ção das diversas áreas da CEMIG, dependendo do projeto

a ser desenvolvido. Como os projetos na sua maioria

estão ligados às áreas técnicas, a participação da área de

engenharia da CEMIG é sempre solicitada e, inclusive, vá-

rios engenheiros obtiveram títulos de mestrado e douto-

rando no desenvolvimento desses projetos.

Há projetos sobre as energias alternativas? Quais?

Dentro do tema Fontes Alternativas estamos atual-

mente com pelo menos dez projetos em andamento.

As principais linhas de pesquisa dessa área são: coge-

ração, energia da biomassa (resíduos), energia solar,

energia eólica, com destaque para o projeto Desenvol-

vimento de um Sistema para o Cálculo do Potencial de

Geração de Energia através de Biomassa no Estado de

Minas Gerais que produzirá o Atlas de Biomassa para

o Estado de Minas Gerais.

A CEMIG tem uma tradição nesse sentido. Comoestão esses projetos? Há alguma novidade?

A CEMIG historicamente buscou se posicionar na van-

guarda tecnológica do setor elétrico brasileiro, indo

sempre além das obrigações impostas pela legislação, no

que tange ao desenvolvimento e aplicação de tecnologia.

A CEMIG foi a primeira concessionária brasileira a ins-

talar uma usina eólica conectada ao sistema elétrico in-

tegrado, a Usina Eólio-Elétrica Experimental Morro do

Camelinho, em 1994.

Atualmente temos vários projetos em andamento con-

forme os respectivos planos de trabalho e os resultados

até o momento, de maneira geral, se mostram promisso-

res no levantamento de questões e informações para o

subsidio ao posicionamento da CEMIG em relação ao

tema e as linhas de pesquisa. A grande expectativa, prin-

cipalmente devido aos incentivos regulatórios, encontra-

se sobre os projetos de geração distribuída através de

energia solar fotovoltaica.

A novidade é a divulgação, este ano, do resultado do

Edital de Captação de Projetos CEMIG/FAPEMIG

014/2014, com a seleção de projetos associados a

geração distribuída e a fontes alternativas, que a par-

tir deste ano serão contratados para execução. Os

projetos são de análise da viabilidade da energia fo-

tovoltaica no Brasil, em face do marco regulatório

da geração distribuída no setor elétrico, e de gera-

ção de eletricidade descentralizada, a partir dos

gases residuais da carbonização.

ENTREVISTA | MATEUS DE MOURA LIMA GOMES

Page 19: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

19

Ter um setor de P&D já consolidado ‑ como é o casoda CEMIG ‑ é um diferencial para a empresa no seusegmento de atuação? Por que?

Sim, porque o setor coordena as ações referentes ao desen-

volvimento tecnológico na Empresa, buscando sinergias e evi-

tando que as diversas áreas desenvolvam os mesmos projetos,

minimizando os gastos com P&D e maximizando os resulta-

dos obtidos. Além disso, ciente do relevante papel que desem-

penha no desenvolvimento do mercado onde atua e da

importância das parcerias e intercâmbios, o setor de P&D da

CEMIG busca incrementar ações envolvendo universidades,

centros de pesquisa e empresas interessados em promover

e participar do desenvolvimento e da consolidação da exce-

lência tecnológica em Minas Gerais.

Acreditamos que o estabelecimento de parcerias internas

e externas é de grande relevância para o desenvolvimento

dos processos tecnológicos, a racionalização dos esforços,

a ampliação da base de conhecimento e fixação de com-

petência dentro e fora da Empresa.

Há algum projeto de cooperação com outras enti‑dades/centros de ensino ou organizações multina‑cionais? Quais?

Quase a totalidade de nossos projetos tem parceria com

centros de pesquisas, universidades e até mesmo empre-

sas privadas. Não é raro termos a participação de três

atores – universidade ou centro de pesquisa, empresa e

entidade pública – no mesmo projeto, principalmente na-

queles projetos que atendem a toda cadeia de inovação.

Qual a sua expectativa para essa área, nos próxi‑mos anos?

Atualmente, o setor elétrico está passando por um mo-

mento de ruptura, a exemplo do que já ocorreu no setor

de telecomunicações. Cada vez mais será necessário iden-

tificar ameaças e oportunidades e reagir de forma proativa

a essas demandas. Nessa perspectiva, o objetivo principal

para os próximos anos é buscar atender ao Grupo

CEMIG de forma integrada, combinando sinergias e opor-

tunidades entre as diversas competências, conhecimentos

e capacidades disponíveis nesse ecossistema.

Há vagas para engenheiros? Qual o perfil de profis‑sional que a CEMIG procura para a área de P&D?

Sim. O setor de P&D da CEMIG perdeu alguns profissionais

recentemente, por desligamento da empresa para outras em-

presas, aposentadoria ou mudança para outras áreas dentro

da própria empresa. O candidato deve apresentar algumas

competências e habilidades como raciocínio lógico, prati-

cidade e objetividade, criatividade, habilidade de comuni-

cação, capacidade de trabalho em equipe, disponibilidade

para compartilhar conhecimentos, bom relacionamento

com as pessoas, liderança e ser capaz de gerenciar crises,

de resolução de problemas e de tomada de decisões, além

de um bom conhecimento técnico em diversas áreas.

Page 20: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

20

CAPACITAÇÃO

O Movimento Empresa Júnior (MEJ) surgiu com o

intuito de preencher uma lacuna na formação aca-

dêmica em grande parte das universidades: falta de

experiência profissional dos alunos recém-forma-

dos. As empresas juniores têm transformado uni-

versitários em empreendedores, promovendo uma

vivência de mercado e gestão para alunos de gra-

duação. Essas organizações vêm tomando espaço

nas Instituições de Ensino Superior (IES) no País.

Hoje, são cerca de 300 unidades compostas por

mais de 11 mil alunos, realizando um volume de 2,5

mil projetos por ano para o mercado.

O Estado de Minas Gerais é destaque no Movimento,

que está presente em mais de 40 países. Com expres-

siva extensão territorial e uma ampla distribuição de

instituições de ensino, Minas Gerais detém a maior Fe-

deração de Empresas Juniores do mundo, com quase 60

associadas das mais diversas áreas de conhecimento

que realizam projetos para os mais variados nichos de

mercado. Com tamanha representatividade no Estado,

o MEJ conta com o apoio de entidades importantes,

principalmente dentro da engenharia, já que 35% das

empresas juniores são formadas por estudantes da

área.

Uma das universidades mais relevantes no cenário aca-

dêmico nacional, a Universidade Federal de Minas Gerais

- UFMG, tem se mostrado aberta à inovação, com desta-

que para a Escola de Engenharia que apoia o Movimento

Empresa Júnior há cerca de 20 anos. Nesse ecossistema,

surgiu a Consultoria e Projetos Elétricos Júnior (CPE),

em 1997, iniciativa pioneira de alunos da Engenharia Elé-

trica. Posteriormente, foi integrada pelas Engenharias de

Controle e Automação e de Sistemas.

O papel da Empresa Júnior na formação do engenheiro

Lucas Costa Pinto Fiuza e Marcelo Dionisio Ferreira

Page 21: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

21

Marcelo Dionisio Ferreira

Lucas Costa Pinto Fiuza

Desde sua fundação, a maior preocupação da CPE sempre

foi a formação de profissionais diferenciados, engenheiros

completos, que aliem o conhecimento técnico às habili-

dades do ramo empresarial, e que com experiência cor-

porativa, sejam capazes de orientar os seus trabalhos à

resolução de problemas da sociedade, contribuindo para

a construção de um mundo melhor pela engenharia.

A CPE tem alguns compromissos que guiam a nossa jor-

nada: as pessoas que aqui trabalham, a universidade que é

o nosso berço, a sociedade que é onde estão os nossos

clientes e o desenvolvimento da engenharia em Minas Ge-

rais. A formação de profissionais completos e comprome-

tidos com a sua função é uma das nossas diretrizes.

Procuramos sempre ser um marco na vida dos alunos que

aqui trabalham, proporcionando aprendizados que serão

úteis tanto para a vida pessoal quanto para sua carreira.

Gerenciar e executar projetos de engenharia fazem parte

do nosso dia a dia. Projetos de instalações elétricas, ele-

trônica, eficiência energética, tecnologia da informação e

automação residencial, nos movem na busca por conheci-

mento e experiência para resolver problemas dos nossos

clientes. Contamos com o apoio dos professores na rea-

lização de projetos, o que garante a excelência dos nossos

serviços e, ainda, permite o aprendizado em conjunto com

os discentes.

Outra grande preocupação da CPE é sempre ser a me-

lhor opção para os nossos clientes. Procuramos man-

ter os nossos preços abaixo dos valores do mercado,

a fim de contribuir com o desenvolvimento de negó-

cios de micro e pequenos empreendedores, além de

pessoas físicas que nem sempre podem arcar com os

custos normais de um projeto. O trabalho dentro do

Movimento Empresa Júnior não é remunerado, isso nos

permite uma maior flexibilidade nos negócios e reforça

a nossa razão de existir: maximizar o nosso aprendi-

zado enquanto engenheiros.

Empresas Juniores são iniciativas essenciais para o en-

sino no Brasil. O crescimento recente e o apoio de

grandes empresas ao Movimento reforçam a necessi-

dade de uma formação acadêmica orientada para a re-

soluções de problemas para a sociedade. É notável a

grande contribuição que essa experiência tem propor-

cionado no desenvolvimento pessoal dos jovens em

todo o País. Acreditamos que é preciso empreender as

mudanças que consideramos necessárias, pois, certa-

mente, a engenharia tem um papel essencial na cons-

trução de um Brasil melhor.

Lucas Costa Pinto Fiuza, Presidente CPEMarcelo Dionisio Ferreira, Presidente do ConselhoAdministrativo CPE

Page 22: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

22

ENGENHEIRO DO ANO

Engenheiros, lideranças empresariais

de diversos setores econômicos, em-

presários e gestores públicos muni-

cipais e estaduais, amigos e familiares

marcaram presença na cerimônia de

outorga da Medalha Engenheiro do

Ano 2015. O evento foi realizado no

dia 11 de dezembro, no auditório do

Sindicato da Indústria da Construção

Pesada no Estado de Minas Gerais

(SICEPOT-MG,) para homenagear o

engenheiro eletricista graduado pela

Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais (PUCMinas), ex-vice

presidente da Sociedade Mineira de

Engenheiros (SME), em 1993 e 1996,

e entre 2002 e 2006, membro do

Conselho Deliberativo da entidade,

entre 2006 e 2011, empresário de su-

cesso e presidente da Federação das

Indústrias do Estado de Minas Gerais

(FIEMG), Olavo Machado Junior.

O presidente da SME, Augusto Celso

Franco Drummond, abriu a cerimô-

nia e lembrou o “elevado espírito

classista” do homenageado. “À frente

da FIEMG, Olavo Machado Junior tem

reafirmado o seu compromisso pes-

soal com a Engenharia e com os en-

genheiros mineiros”, afirmou. A

Federação criou projetos como o Fu-

turos Engenheiros, para capacitar os

profissionais para as demandas da in-

dústria. Ele também lembrou a par-

ceria bem-sucedida com a SME para

a realização do Prêmio de Ciência,

Tecnologia e Inovação de 2015, e

confirmou a continuidade dessa ini-

ciativa para este ano.

O presidente do SICEPOT-MG, Emir

Cadar Filho, falou da alegria de rece-

ber engenheiros na sede do Sindi-

cato. “Esta é uma casa que está

sempre aberta para a Engenharia.

Essa noite vai ficar na nossa história,

pela homenagem merecida ao Olavo

Machado Junior que trabalha, incan-

savelmente, para engrandecer a ativi-

dade”, destacou.

O chanceler da Medalha “Engenheiro do

Ano 2015” foi o engenheiro e ex-presi-

dente da SME, entre 2005 e 2011, Márcio

Damazio Trindade. Em seu discurso, ele

lembrou a grandeza da Engenharia como

ciência geradora de progresso. “Acom-

panhei a trajetória profissional de Olavo

Machado Junior desde o início da car-

reira, como cidadão, líder empresarial e

engenheiro que tem se posicionado no

olho do furacão das questões relaciona-

das ao desenvolvimento nacional por

meio do associativismo”, enfatizou.

Trindade também enfatizou a traje-

tória de Olavo Machado Junior à

frente da FIEMG por dois mandatos.

“A responsabilidade da escolha que

se transfere neste ato ao escolhido,

face aos louros que vem colhendo e,

também, espalhando na sua intensa

mobilidade ao longo da carreira en-

cetada e que desponta na constela-

ção de legítimos profissionais que

nosso Estado continuamente pro-

porciona ao País, o ilustre amigo

Olavo Machado Jr”, declarou.

Cerimônia que comemorou o Dia do Engenheiro foi muito concorridaLuciana Sampaio Moreira

Page 23: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

23

Homem de negócios, considerado a

maior liderança empresarial de Minas

Gerais, o homenageado da noite não

escondeu a emoção por receber o

Título e a Medalha Engenheiro Ano

2015, ao lado de sua mãe, Dona Te-

rezinha. Receber esse tí-

tulo foi uma surpresa

muito grata. Foi o maior

que recebi e vou levá-lo

por toda a vida", declarou.

Ele lembrou o exemplo do

pai, que apontou os cami-

nhos para que ele se dedi-

casse a uma carreira que

gera incontáveis oportuni-

dades de mudanças.

“Agradeço também a

minha mulher, Terezinha, pela com-

preensão e aos meus filhos que assu-

miram a empresa enquanto eu me

dedico à FIEMG. Dá trabalho, mas

vale a pena”, disse.

Segundo ele, a Engenharia promove

inovação, agrega valor aos produtos

e gera empregos de qualidade, por

isso é fundamental para decisões

sobre o futuro do País. “Não pode-

mos permitir que a Engenharia seja

colocada no banco dos réus como

está acontecendo hoje”, afirmou.

Representando o governador

Fernando Pimentel, o secretário

de Estado de Desenvolvimento

Econômico e engenheiro, Alta-

mir Rôso Filho, destacou a inter-

locução honesta, franca e

transparente de Olavo Machado

Junior com o governo do Estado

para a valorização da indústria.

“Não existe indústria forte sem En-

genharia”, frisou.

Uma das muitas surpresas da noite

foi a presença do presidente da Con-

federação Nacional da In-

dústria (CNI), Robson

Braga de Andrade. “Essa é

uma bela e justa homena-

gem. Conheci Olavo Ma-

chado Junior, em 1974,

durante uma licitação na

Imprensa Oficial e tive-

mos ódio um do outro.

Mas depois disso, tivemos

a oportunidade de traba-

lhar juntos e nos torna-

mos parceiros, sócios e

amigos”, comentou.

E completou dizendo que Olavo Ma-

chado Junior está sempre disponível e

pronto a escutar e participar dos pro-

jetos que têm como objetivo fazer um

País melhor, onde a indústria seja o prin-

cipal ator dos processos de mudanças.

A solenidade foi bastante prestigiada em homenagem ao presidente do Sistema FIEMG, Olavo Machado Junior.

Page 24: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

24

José da Costa CarvalhoNeto, presidente daEletrobras

Homenagem acima de

tudo justa a um profissio-

nal que se destaca pelo seu

conhecimento de enge-

nharia, gerencial, conduta e

apoio à causa da Engenha-

ria e da indústria mineira e

brasileira.Figura humana

extraordinária, mais que os

parabéns a ele, temos que

parabenizar a Engenharia

por ter um representante

como ele.

João Marcelo de AraújoMachado, filho do ho‑menageado

Falar dele é fácil e difícil.

Fácil porque ele é uma

pessoa fantástica, maravi-

lhosa, com muitas qualida-

des, e muito competente.

Difícil falar do pai da gente

porque dá aquele nó na

garganta.

Romeu Scariolli, presi‑dente do Conselho deEducação da FIEMG

O Olavo é um engenheiro

que consegue exercer a En-

genharia na sua plena concep-

ção de ciência e arte. Ciência

no purismo da Engenharia,

mas arte na construção de

obras extraordinária de re-

lacionamento humano. Ele

constrói pontes, apesar de

qualquer obstáculo. Pessoa

extremamente generosa

que faz da Engenharia um

instrumento para servir e

construir uma sociedade

mais humana.

Tarcísio Caixeta, verea‑dor da Cidade de BeloHorizonte

O Olavo é uma das mais

importantes lideranças

da Engenharia minera. A

frente da FIEMG, tem

realizado um trabalho

muito bom em defesa da

atividade e da indústria

do Estado. A SME foi ex-

tremamente feliz em es-

colhê-lo.

Ronaldo Gusmão, pre‑sidente do IETEC

Presente para a Engenha-

ria, ele sempre batalhou

pela Engenharia. Olavo é

um profissional que honra

a nossa carreira. Exemplo

de um homem que aplica a

teoria que aprendeu na

prática para fazer coisas

úteis para a sociedade, me-

lhorar a qualidade de vida,

com inovação e tecnologia,

para a população.

Teodomiro Diniz Ca‑margos, presidente daCâmara da Indústria daConstrução da FIEMG

Mais que merecida e justa.

Olavo congrega tudo o

que um bom engenheiro

tem. Homenageado pelo

líder que é e pela facilidade

de congregar pessoas e

projetos. A segunda ges-

tão foi por aclamação de

100% dos participantes.

Ele lidera com simplici-

dade, objetividade e com-

petência.

Murilo Valadares, se‑cretário de Estado deTransportes e ObrasPúblicas do Estado deMinas Gerais

Merecida homenagem da

Engenharia, para os enge-

nheiros. O Brasil precisa

de engenheiros, de tecno-

logia, precisa de construir,

trabalhar, investir e o

Olavo representa tudo

isso.

Agnaldo Diniz, presi‑dente do Conselho deAdministração da Com‑panhia de Fiação e Teci‑dos Cedro e Cachoeira

No momento atual, em

que o Brasil vive uma situa-

ção adversa, o reconheci-

mento de um profissional

como o Olavo faz com que

a gente acredite em dias

melhores, a partir do reco-

nhecimento do mérito de

quem merece.

ENGENHEIRO DO ANO

Page 25: Revista mineira de engenharia 31ª Edição
Page 26: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

26

Emir Cadar Filho, Edson Durão Judice, Olavo Machado e Murilo Valadares

Augusto Drummond, MaritaTavares e Olavo Machado

Olavo Machado, Teia Machado, Suzanne Drummond e Augusto Drummond

Luiz Custódio Martins, Djalma Morais, Augusto Drummond e Ailton Ricaldoni

Olavo Machado comemora o Título e a Medalha Engenheiro do Ano ao lado de sua mãe, Dona Terezinha, autoridades e dirigentes empresariais.

Roberto Simões, Olavo Machado, Bruno Falcie Augusto Drummond

ENGENHEIRO DO ANO

Olavo Machado Junior homenageado com o Título e a Medalha Engenheiro do Ano de 2015

SME

Page 27: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

27

Werner Rohlfs, Ailton Ricaldoni, Augusto Drummond, Olavo Machado, José Ciro Mota e Dilvar Oliva Salles

José da Costa, Alexandre Bueno, Olavo Machado e Flávio Campos

Olavo Machado e Edson Durão Judice, Engenheiro do Ano de 2014

Jobson Andrade, Olavo Machado e Augusto Drummond

Familiares comemoram com Olavo Machado Junior oTítulo e a Medalha Engenheiro do Ano 2015

A solenidade teve a participação de lideranças empresariais e políticas, engenheiros, formadores de opinião e diretores da SME

Page 28: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

28

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO | P&D

Na primeira semana de abril, acontece o lançamento ofi-

cial da Tomada Smart, um equipamento desenvolvido por

alunos da graduação e do mestrado em Engenharia Elé-

trica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em

parceria com a empresa Smarti9 Comunications, que tem

base no Centro Regional de Inovação e Transferência

(CRIT), a incubadora da mesma instituição, há três anos.

Na prática, trata-se de uma extensão com quatro toma-

das inteligentes controladas por meio de um smartp-

hone conectado à internet. O objetivo do produto é

usar o conceito de Smart Home e Internet das Coisas

para tornar atividades corriqueiras do cotidiano mais

práticas, com economia de energia elétrica.

O primeiro lote do produto deverá custar R$ 250,00

para o consumidor final. Na linha de produção, pode ser

reservado pelo site www.smarti9.com.br. “Vamos anali-

sar a aceitação do mercado para planejar os lotes se-

guintes”, afirma o mestrando em Engenharia Elétrica,

Caique Rocha Miranda, 24 anos, um dos membros da

equipe que desenvolveu a tomada inteligente. Além dele,

participaram do projeto os futuros engenheiros André

Luiz de Souza, Stefano Andrade e Vinicius Lagrota Ro-

drigues da Costa, com a orientação do professor Fabrí-

cio Campos.

Segundo o engenheiro, não existe no mercado brasileiro

qualquer equipamento similar. E a Tomada Smart já chega

com diferenciais como a recarga inteligente de smartp-

hones e tablets ou reestabelecimento automático da co-

nexão com o roteador, sem que os usuários percebam

essa operação. Outra funcionalidade interessante é o

alerta de temperatura.

Essas funções e outras vão permitir ligar ou desligar

a cafeteira, fogão ou geladeira ou mesmo o ar con-

dicionado, por meio de aplicativo instalado no apa-

relho celular, pela internet, de qualquer lugar do

planeta.

Há, ainda, uma tabela de horário que pode progra-

mar o período de funcionamento de qualquer uma

das quatro tomadas de conexão disponíveis. O apli-

cativo já está desenvolvido para Android e em fase

de testes para IOS.

A tomada in te l i gente é um bom exemplo do

que a “ Internet das Coisas” possibilita: conforto e

economia para os consumidores. Segundo Caique

Miranda, dentro de 10 ou 15 anos, os produtos ele-

troeletrônicos virão de fábrica com a possibilidade

de conexão com a internet.

A proposta da tomada inteligente é fornecer esse dife-

rencial para os aparelhos de hoje. “Estamos adiantando

o processo porque muitas pessoas não vão querer ou

poder trocar todos os equipamentos de casa, para ter

essa possibilidade de acesso à internet”, afirma.

Luciana Sampaio Moreira

Estudantes da UFLA apresentam aomercado uma tomada inteligente

Page 29: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

29

Smarti9

A tomada inteligente demandou investimento superior a R$100

mil, com recursos da Smarti9, para transformar em produto uma

pesquisa que nasceu no laboratório de Engenharia da universi-

dade. À frente desse projeto estão outros dois ex-alunos da ins-

tituição. Mestre em Engenharia Elétrica, engenheiro de

telecomunicações e administrador de empresas, Diogo Fernan-

des e o também administrador, que comanda especificamente a

gestão, Fernando Rezende.

“Essa oportunidade que o CRIT/UFLA nos dá é o que possibilita

fazer o elo entre academia e sociedade, por meio do desenvol-

vimento de produtos inovadores”, avalia o engenheiro empresá-

rio que projeta retorno do investimento em 18 meses.

Além da tomada inteligente, a empresa desenvolve softwares e

hardwares para empresas da região e atende a gigantes do mer-

cado nacional como Cemig e Embraer.

Caique Rocha e AndréSouza fazem parte daequipe de estudantesque desenvolveu a to‑mada inteligente

Page 30: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

30

LEGISLAÇÃO

Engenheiros peritos podem ser penalizados em caso de acidentes

Luciana Sampaio Moreira

Depois dos holofotes, depoimentos emo-

cionados e repercussão internacional, o

rompimento da barragem de Fundão, lo-

calizada no subdistrito de Bento Rodri-

gues, a 35 quilômetros da cidade história

mineira de Mariana, se transformou em case para estudo

de engenheiros que atuam no segmento de perícia e audi-

toria da área de Meio Ambiente. O empreendimento é

controlado pela Samarco Mineração S.A, em parceria com

a Vale S.A e a anglo-australiana BHP Billiton.

A construção dessas estruturas que podem ser usadas

para acumular água, disposição final ou temporária de re-

síduos, ou mesmo para acúmulo de detritos industriais,

deve seguir o que estabelece a Política Nacional de Barra-

gens (Lei nº12.334/2010), com no mínimo 15 metros de

altura do fundo até a crista e capacidade de armazena-

mento de 3 milhões de metros cúbicos. Pela própria natu-

reza do projeto, o texto prevê, ainda, a definição do dano

potencial associado.

A licença ambiental para iniciar a operação é concedida

após a análise técnica da estrutura pronta. Segundo o mes-

tre e doutor em Direito pela PUC Minas, procurador fe-

deral da Advocacia Geral da União (AGU) junto ao IBAMA,

professor de Direito da Escola Superior Dom Helder Câ-

mara e de pós-graduação da PUCMinas, Marcelo Kokke, o

problema desse sistema é o método adotado para fiscalizar

as barragens no País.

“No Brasil, os órgãos públicos responsáveis trabalham com

base nas informações de laudos técnicos fornecidos por

empresas externas, por profissional com registro no Con-

selho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e es-

pecialista nessa área, para avaliar o risco potencial dessas

estruturas”, ressalta. Esse processo é repetido anualmente,

para a renovação da licença de operação, concedida pela

Fundação do Estado de Meio Ambiente (FEAM) e Conse-

lho de Política Ambiental (COPAM).

PhD em Mineração e Prevenção de Acidentes, a advogada

Karen Alvarenga, ressalta que os danos decorrentes do

rompimento da barragem Fundão são incontáveis pelos

impactos ambiental, social, humano e econômico. Mortes,

perdas materiais e imateriais, poluição do ar, contaminação

de solo e dos recursos hídricos, danos à fauna e floral local

e fechamento de empresas estão nessa lista que tem au-

mentado a cada dia. “No geral, as empresas têm metas de

Marcelo Kokke,mestre e doutor emDireito pela PUC Minas e procurador federalda AGU, junto aoIBAMA.

Page 31: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

GERENCIAMENTO DE PROJETOS

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Page 32: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

32

produção e não gostam muito de falar em risco com as

comunidades porque sabem qual o real tamanho desse

problema, em suas operações”, alerta.

A confecção de um mapa de risco, em Minas Gerais, seria

a medida mais correta a ser adotada após o acidente de

Bento Rodrigues, segundo a advogada. Mesmo porque, há

mais de 40 barragens instaladas e, com elas, grandes riscos

para as comunidades e o meio ambiente do entorno.

O engenheiro civil, mestre em Engenharia Mecânica,

pós-graduado em Engenharia de Avaliações e Perícias

e presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e

Perícias de Engenharia de Minas Gerais (IBAPE-MG),

Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, os profissionais as-

sociados devem fundamentar as informações solicita-

das em consonância com as normas técnicas vigentes,

por meio de ensaios laboratoriais e documentos bila-

terais.

“O engenheiro pode ser responsabilizado nesse tipo de

processo, embora sejam casos extremamente raros, que

dependem fundamentalmente do grau de importância de

alguma falha cometida, e o profissional tem amplo direito

de defesa”, explica.

A título de exemplo, o novo Código de Processo Civil

(CPC) estabelece que o juiz pode ceifar os honorários pe-

riciais caso o trabalho não atenda aos objetivos propostas.

Em outra esfera, caso a falha seja ética, o engenheiro po-

derá ser penalizado pelo CREA.

Para o dirigente, a capacitação técnica é essencial para o

bom resultado de um trabalho de perícia, e isso conta

como ponto a favor do profissional, para a elucidação de

questões técnicas pelo poder judiciário. “O IBAPE possui

a certificação profissional, criada com o objetivo de sinali-

zar a credibilidade do profissional que atua na avaliação de

imóveis e empreendimentos de Engenharia. O documento

serve como carta de apresentação e atesta uma série de

quesitos, como formação acadêmica, experiência e conhe-

cimento especializado”, completa.

O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenha-

ria de Minas Gerais (IBAPE-MG) é associado ao IBAPE Na-

cional, fundado em 1979, e atua como entidade de classe

que congrega os profissionais que atuam na atividade de

avaliações e perícias de Engenharia.

Entre os pilares do trabalho desenvolvido estão a promoção da

produção e difusão do conhecimento científico, para a melhoria

da capacitação técnica de seus associados, por meio da realização

de cursos de pós-graduação e extensão de diversos temas; con-

gressos, seminários, simpósios, encontros técnicos e elaboração

de Normas Técnicas, além da atuação institucional relativa à de-

fesa dos legítimos interesses dos profissionais do segmento.

Atuam em Minas Gerais, cerca de um mil profissionais.

A maior parte dos projetos são das áreas de avaliações de

bens ou relacionadas à construção civil.

Karen Alvarenga,PhD em Minera‑ção e Prevençãode Acidentes, aadvogada.

Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, presidentedo IBAPE‑MG. pós‑graduado em Engenharia de Avaliações e Perícias

Page 33: Revista mineira de engenharia 31ª Edição
Page 34: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

Oacidente ocorrido em

Mariana (MG) deverá se

constituir em um divisor

de águas entre a adoção

de barragens de rejeitos convencionais

e a redução dessa solução nos projetos

a serem desenvolvidos de agora em

diante.

Ao que tudo indica, isso já é algo claro

para as empresas que atuam na área de

desenvolvimento de projetos para mi-

neração. Uma delas é a Tecnomin. O di-

retor geral, Jackson Oliveira Bragança,

afirma que é de suma importância que

seja divulgado para todos os profissio-

nais que atuam no segmento mineral

que há soluções técnicas para eliminar

o uso de barragens de rejeito, “um ativo

nem sempre seguro, que pode provo-

car degradação do meio ambiente e

que está sujeito a riscos de toda natu-

reza”, enfatiza.

Depois do ocorrido, é necessário

conscientizar todas as mineradores

para que, nos novos projetos, sejam

exaustivamente estudadas a adoção

de soluções alternativas. “Para aquelas

empresas que já estão em operação,

é preciso estudar formas para desati-

var essas estruturas”, recomenda.

Entre as alternativas existentes, ele

cita o desaguamento das frações

grosseiras do rejeito usando penei-

ras desaguadoras, filtragem de

frações finais do rejeito com filtros

prensa, filtros de correia ou cerâmi-

cos, utilização de espessadores de

pasta ou, ainda, a codisposição de es-

téril da mina e rejeito em polpa.

Dessa forma, ao invés de todo o re-

jeito ser direcionado para barragens,

pode ser adotado um método de dis-

posição a seco – dry stacking – para

que esse material seja depositado

como sólido, o que reduz a degrada-

ção do meio ambiente, reduz riscos e

maximiza a recuperação da água e,

consequentemente, o consumo desse

importante recurso natural sem uso

anterior.

“A economia com a eliminação de

barragens de rejeitos deve ser estu-

dada caso a caso, porém, mesmo que

essa solução seja, a princípio, a mais

viável economicamente, a adoção

dessa alternativa deve ser ponderada

levando-se em consideração a degra-

dação ambiental e os riscos dessa

operação”, afirma Jackson Bragança.

Outros temas importantes são a de-

finição da rota de processo e a sele-

ção dos equipamentos que serão

usados mediante testes de laborató-

rio e pilotos. Além disso, a disposição

a seco também incluem uma série de

estudos multidisciplinares que envol-

vem geotecnia, hidrologia, reologia,

mecânica dos solos e meio ambiente,

para garantir a estabilidade das pilhas

e sua drenagem.

Tudo isso é possível porque, nos úl-

timos anos, tem ocorrido um pro-

cesso intenso de avanço tecnológico

nesse segmento, em todo o mundo.

As empresas fabricantes de filtros e

espessadores encabeçam essa lista

que inclui, também, novos floculan-

tes, que tornam mais viáveis a utili-

zação desses equipamentos.

“Com as exigências cada vez mais ri-

gorosas dos órgãos reguladores de

meio ambiente para o licenciamento

de projetos de mineração, o custo

de aquisição de terras, a escassez de

recursos hídricos e os riscos ineren-

tes à utilização, será premente e

quase inevitável a adoção de etapas

de desaguamento de rejeitos nas

rotas de processo e sua avaliação

nos estudos econômicos dos pro-

jetos futuros de exploração mine-

ral”, explica o empresário.

Um exemplo é o projeto Cobre Boa

Esperança, em Tucumã, no Pará, onde

a Mineração Caraíba, mediante estu-

dos elaborados pela Tecnomin, ado-

tou a solução de uso de filtros

prensa para eliminar a necessidade

da construção de barragens. Está

prevista uma economia de R$ 150

milhões, considerando-se que, de-

vido ao terreno plano, a barragem

originalmente seria do tipo pond,

que demandaria um investimento

considerável.

34

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Eliminação de barragens de rejeitos em projetos de mineração

Page 35: Revista mineira de engenharia 31ª Edição
Page 36: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

Com taxa de desemprego de 7,6% em janeiro, a maior desde

2009, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),

realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) em seis capitais, entre as quais Belo Horizonte, e ex-

pectativa de repetir o crescimento negativo do último ano,

2016 não começa com grandes perspectivas para os profis-

sionais. Postos de trabalho de diversas áreas foram eliminados

em função da crise econômica que tem exigido das empresas

uma gestão mais austera.

Com isso, a ocupação recuou 1% ante dezembro (menos

230 mil pessoas) e caiu 2,7% ante janeiro de 2015 (menos

643 mil). Segundo o mesmo estudo, em relação a janeiro

do ano passado, a indústria eliminou 298 mil postos de tra-

balho, uma queda de 8,5%, enquanto comércio, construção

e serviços prestados a empresas, têm relativa estabilidade.

Manter a motivação em alta é fundamental para atravessar

bem esse momento de crise. Segundo o diretor do Grupo

Nortearh, Carlos Alberto Caram Farah, toda a cadeia pro-

dutiva tem sido afetada pelo cenário de crise econômica.

“Temos contratos com empresas de diversos segmentos

para contratação de profissionais estratégicos. Aqueles que

não foram paralisados estão reduzidos. Até 2015, o mer-

cado ainda estava se movimentando”, constata.

Nessas temporadas, tem aumentado o número de currícu-

los de profissionais, a exemplo de engenheiros. Nessa lista

estão desde os profissionais em início de carreira, que têm

experimentado a redução de oferta de vagas nos famosos

programas trainee, até pessoas de nível sênior, com quali-

ficação superior e experiência estratégica para as organi-

zações de diferentes setores.

“Nas décadas de 1980 e 1990, o mercado estava recessivo

para a área de Engenharia. O cenário mudou entre os anos

2000 e 2010. Mas a situação está diferente”, afirma. Tanto

para quem tem um currículo, como para quem sonhou em

ingressar no mercado de trabalho em um momento pro-

missor. Essa é uma boa hora para exercitar a flexibilidade.

MERCADO DE TRABALHO

36

Luciana Sampaio Moreira

Com poucas vagas disponíveis, engenheiros devemexercitar a flexibilidade

Carlos Alberto Caram Farah, diretor do Grupo Nortearh

Page 37: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

37

Segundo Caram, a formação pragmática dos engenheiros

pode complicar esse processo. No entanto, o momento re-

quer criatividade para encontrar alternativas. Apostar em qua-

lificação técnica pode ser uma opção interessante para se

preparar para futuros desafios, quando a situação de crise for

controlada.

“Muitas vezes, a condição psicológica do profissional é um

problema”, avalia. Serviços como coaching ou mentoring podem

contribuir para que a pessoa se mantenha em equilíbrio, para

tomar as melhores decisões, ou manter-se em condições de

realizar o trabalho", afirma.

Diretora de empresa de consultoria em RH Stato Regional

Belo Horizonte, Heloísa Gontijo, lembra que a oferta de en-

genheiros no mercado de trabalho está cada vez maior. “Se-

tores como construção civil, mineração e siderurgia, estão

praticamente estagnados em função da crise. Por outro lado,

o governo também não anuncia novas obras”, constata.

As oportunidades para os profissionais da área são raras e o

processo seletivo ficou mais concorrido. “É preciso reavaliar

o currículo e incluir diferenciais”, explica.

Para quem trabalha como autônomo, com projetos de con-

sultoria, mesmo que seja em obras de amigos e parentes, pode

ser um segmento interessante. Segundo a executiva, há muitos

engenheiros que estão “percorrendo” projetos de amigos

para solucionar problemas.

Heloísa Gontijo, diretora RH Stato, filial BH

Page 38: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

Nesse caso, a indicação é por meio do tradicional “boca

a boca”, ou seja, quem aprova a qualidade do serviço

prestado recomenda. Manter em dia a agenda de conta-

tos pode ser um facilitador para divulgar essa oferta.

A economia é cíclica e, da mesma forma como os tem-

pos de crescimento não são eternos, as crises também

não são para sempre. Como 2016 é um ano de Olim-

píadas e, logo após, eleições municipais, os negócios

devem ficar em compasso de espera.

Para a psicóloga e professora de MBA na área de Gestão

de Pessoas, Jaqueline Silveira, embora o cenário econô-

mico seja complicado, há nichos que conquistam fatias

de mercado interessantes, quando os grandes players

reduzem sua presença e a concorrência fica menos acir-

rada.

Oportunidades em pequenas empresas, mesmo com sa-

lários menores, inicialmente, são uma alternativa a ser

considerada. “Existe o desejável e o possível. Ao avaliar

os conhecimentos adquiridos, o profissional consegue

encontrar novas formas de usá-los e manter-se em ati-

vidade”, explica a psicóloga.

Outra hipótese a ser considerada são as vagas para en-

genheiro em cidades do interior ou em outros Estados,

onde há uma demanda reprimida por esses profissionais.

Se há a disponibilidade para mudança de residência, essa

é uma oportunidade que deve ser acompanhada. “Se no

período anterior, o profissional podia escolher, neste é

preciso ser flexível”, recomenda.

No caso da Engenharia, os profissionais da área têm sido

desafiados com menores salários e condições diferentes

de trabalho. “As vagas para esses profissionais foram re-

duzidas, mas é preciso aguardar o que vai acontecer nos

próximos meses e definir os rumos da carreira”, alerta.

O importante, segundo Jaqueline Silveira, é manter a

qualidade do trabalho executado, o comprometimento

com o projeto e a motivação para evitar problemas de

saúde e desgastes desnecessários com chefes, colegas

de setor, subordinados ou familiares.

MERCADO DE TRABALHO

Existe o desejável e o possível. Ao avaliar os

conhecimentos adquiridos, o profissional

consegue encontrar novas formas de usá‑los

e manter‑se em atividade

““

Jaqueline Silveira,psicóloga e professora de MBA na área de Gestão de Pessoas

Page 39: Revista mineira de engenharia 31ª Edição
Page 40: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

De um lado, o aumento da oferta de vagas para o ensino

superior. De outro, uma política pública de financiamento

para aqueles que sonham em ter um diploma de curso

universitário. Foi com essa estratégia que o governo bra-

sileiro conseguiu melhorar os seus indicadores de acesso

à graduação. No entanto, o que parece ser uma solução

perfeita, está se transformando em problema. Sim, a “Pá-

tria Educadora” pede socorro para não colocar no mer-

cado milhares de profissionais de todas as áreas, incluindo

a Engenharia, sem a qualificação mínima necessária para

contribuir efetivamente para o projeto de desenvolvi-

mento nacional.

Esse é o alerta que o engenheiro civil, professor e ex-di-

retor da Escola de Engenharia da Universidade de Minas

Gerais (UFMG), mestre, doutor e pós-doutor, respectiva-

mente, pela COOPE-UFRJ, M.S.U e M.I.T./USA, e ex-exe-

cutivo do Grupo Pitágoras/Kroton, Aécio Freitas Lira, tem

feito por onde passa. Após uma carreira de 45 anos dedi-

cada à docência e a implantação de projetos de educação,

ele pretende dedicar-se, nos próximos anos, à tarefa de

tentar “consertar” os efeitos danosos da massificação de

oferta de cursos de Engenharia no Brasil.

Em números, o processo em questão fica mais claro. As

faculdades passaram de 770 cursos, em 2001, para 3 mil,

atualmente. De 18 mil novos profissionais em 2001, o País

graduou 80 mil, em 2015. No entanto, o resultado do úl-

timo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

(ENADE), que analisa os graduados logo após a formatura,

GRADUAÇÃO

40

Futuro incerto para os novosprofissionais brasileirosMassificação da oferta de cursos e metodologias de ensino nem

sempre garantem a qualidade da graduação

Luciana Sampaio Moreira

Page 41: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

está abaixo do mínimo necessário.

Do total de escolas de Engenharia,

apenas 1.814 foram avaliadas (60%

do total). Desse percentual, 80% re-

ceberam notas entre 1 e 3, conside-

radas baixas.

Na prática, o que deveria ser uma

pontuação relativa à formação do

novo profissional, acabou se tor-

nando um índice que mede a perfor-

mance das instituições. “O resultado

do ENADE foi incorporado ao Con-

ceito Preliminar de Curso (CPC)

que dilui o mau resultado obtido

pelos alunos, porque inclui infraes-

trutura (leia-se localização física e es-

trutura interna) e também titulação

dos professores”, afirma Aécio Lira.

Dessa forma, a nota final aumenta e,

com ela, a impressão de que o País

está no rumo certo. Mas a realidade

é bem diferente. As outras 1.200 es-

colas que não foram avaliadas na úl-

tima edição do ENADE, ainda, não

têm dados concluintes. “Delas, 1 mil

são péssimas”, prevê.

A exemplo do que já é feito pela

Ordem dos Advogados do Brasil

(OAB), que tem o seu “exame de

Ordem”, e de um movimento simi-

lar ao que está em curso na forma-

ção em Medicina, o professor

acredita que a garantia da qualidade

do ensino de Engenharia pode ser

assegurada por meio de uma avalia-

ção dos formandos, o que daria ori-

gem a um selo de certificação para

as escolas.

“Apresentei essa proposta para o

CREA-MG e para a Federação das

Indústrias do Estado de Minas Ge-

rais (FIEMG), que representa o setor

produtivo estadual”, adianta. A ideia

é fazer um teste piloto para avaliar

a qualidade da formação dos alunos

e, consequentemente, das escolas.

A proposta não termina aí. Seguindo

o exemplo do que foi feito na Índia,

que há 15 anos experimentou os

efeitos nefastos da massificação da

oferta de vagas para a graduação em

Engenharia, ele sugere a criação de

uma força-tarefa, composta por re-

presentantes de instituições de

ensino de referência, para recupe-

rar as instituições de ensino que

estão abaixo do padrão mínimo de

qualidade ne formação de futuros

profissionais da área, a partir de

propostas, a exemplo de formação

de professores e melhoria da in-

fraestrutura física.

“Não se trata de uma visita do MEC

para avaliar as condições antes de

aprovar um curso, mas de uma con-

sultoria técnica minuciosa. Hoje, o

retorno das instituições de ensino

que se beneficiaram com essa re-

ceita é muito pequeno, ou quase

nulo”, enfatiza.

41

Aécio Freitas Lira, engenheirocivil, professor e ex‑diretor da Es‑cola de Engenharia da UFMG,mestre, doutor e pós‑doutor, res‑pectivamente, pela COOPE‑UFRJ,M.S.U e M.I.T./USA

Page 42: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

EAD

Como tudo que é ruim pode pio-

rar, são justamente as instituições

que recebem notas baixas no

ENADE/CPC em cursos presen-

ciais que estão expandindo suas ati-

vidades para os programas de

Ensino a Distância (EAD). Com pre-

ços mais competitivos que podem

chegar a 1/3 do valor do tradicional,

e uma série de argumentos e dife-

renciais capazes de atrair a atenção

de estudantes que já não se adequam

mais ao modelo clássico de aula, as

escolas oferecem vagas sem a infra-

estrutura necessária de laboratórios,

por exemplo.

O sistema de avaliações também tem

qualidade questionável. “Uma análise

de qualidade só será feita na próxima

década. Até lá, não haverá qualquer

referência do que essas instituições

oferecem de fato”, argumenta sem

esconder a apreensão.

Para Lira, em se tratando de forma-

ção de engenheiros, a EAD não pode

ser entendida como oferta de certi-

ficado, mas parte da metodologia e

da sala de aula. Nesse caso, a distân-

cia pode ser do professor, mas não

do aluno. “Tenho alertado os órgãos

fiscalizadores e legisladores, como a

Associação Brasileira de Ensino em

Engenharia (ABENGE), Conselho Fe-

deral de Engenharia e Agronomia

(CONFEA) e, também, os Conselhos

Regionais, mas o que me deixa

pasmo é que não há qualquer pers-

pectiva sobre o cenário futuro desse

processo”, enfatiza Lira.

O desenvolvimento de formas de

avaliação pode contribuir, também,

para o controle de uma tendência

mercadológica que, no caso dos cur-

sos de Engenharia, cria nomenclatu-

ras as mais variadas para a graduação.

“Como os Conselhos lidam com

essa infinidade de novos cursos para

fornecer a carteira necessária para

exercer a profissão”, observa.

Serviço ou produto?

De prestação de um serviço essen-

cial para o desenvolvimento nacional,

a educação tem sido vista como ne-

gócio. Com poucos players “no

páreo”, demanda reprimida em todas

as regiões do País e parceria com o

governo, que já entregou à iniciativa

privada 75% da graduação nacional,

esse é um ramo que tem experimen-

tado trajetória ascendente.

“As universidades recebem estudan-

tes que têm uma formação fraca,

desde o ensino básico. O vestibular

é simbólico e qualquer um “passa”. A

universidade tem que recuperar esse

aluno, mas os programas de inclusão

não existem porque significam inves-

timentos”, pontua o professor. O

rigor deve ser “dosado” para que os

estudantes não migrem para institui-

ções mais “liberais”.

A Associação Brasileira de Ensino de

Engenharia (ABENGE) é uma das

instituições que atua para aprimorar

a formação nacional, nessa área. O

professor titular do Departamento

de Engenharia de Produção da Facul-

dade de Engenharia da Universidade

Federal de Juiz de Fora, Valderli Fava

de Oliveira, é o atual diretor de Co-

municação da entidade.

42

GRADUAÇÃO

São justamente as instituições que recebem

notas baixas no ENADE/CPC em cursos presen‑

cia is que estão expandindo suas atividades

para os programas de Ensino a Distância (EAD).

Page 43: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

Além da promoção de eventos na-

cionais anuais, como o Fórum de Di-

rigentes de Instituições de Educação

Superior, no mês de maio, e do Con-

gresso Brasileiro de Educação em

Engenharia (Cobenge), em setembro,

e de outros regionais e setoriais re-

lacionados a essa importante área, a

entidade também tem uma publica-

ção científica “Revista do Ensino de

Engenharia”, com duas edições

anuais, para abordar resultados de

pesquisas nos segmentos de forma-

ção e exercício profissional.

A atuação junto a diversos orga-

nismos do Distrito Federal que

estão relacionados à formação

em Engenharia, também, tem

sido bem-sucedida. Em parceria

com a Coordenação de Aperfei-

çoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES), a entidade

desenvolveu duas propostas de

programas que estão em tramitação.

O primeiro é para a capacitação de

docentes da área Tecnológica e de

Engenharia, por meio de mestrado

profissional na área de Educação

em Engenharia. O outro, não menos

importante, é a implementação de

cursos de Engenharia EAD pela

Universidade Aberta do Brasil (UAB)

em parceria com a UNIVESP (SP) e

CEDERJ (RJ).

A ABENGE também faz gestão junto

às diversas comissões do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP)

para o aprimoramento dos sistemas

de avaliação de cursos e do ENADE

para a Engenharia. A participação da

entidade no Conselho Nacional de

Educação (CNE) e no Conselho Fe-

deral de Engenharia e Agronomia

(CONFEA) segue a mesma linha, se-

gundo o dirigente.

Por meio de parcerias internacionais

com a Associação Iberoamericana de

Instituições de Educação em Enge-

nharia (ASIBEI), amplia o foco de

atuação da ABENGE. Há, ainda, um

projeto em desenvolvimento com a

Comunidade Europeia para instala-

ção de laboratórios virtuais com fi-

nanciamento do Programa Erasmus.

Entre os projetos já concretizados

está o Observatório de Educação da

Engenharia, iniciativa da Universidade

Federal de Juiz de Fora (UFJF), bem

como as atuais diretrizes curricula-

res dos cursos dessa área (Resolu-

ção CNE/CES 11/2002).

“Não se pode negar que, de maneira

geral, houve melhorias na formação,

principalmente em decorrência das

avaliações e da preocupação em me-

lhorar continuamente os cursos. De

outro lado, há uma limitação em ter-

mos de recursos para a implantação

da infraestrutura necessária ao fun-

cionamento dos cursos, tanto nas

públicas quanto nas privadas. Essa in-

fraestrutura é cara e necessita de re-

cursos públicos que devem ser

destinados através de programas de

fomento como ocorre nos países

mais desenvolvidos”, observa Van-

derli Oliveira.

Enquanto a falta de políticas de fo-

mento de desenvolvimento tecnoló-

gico é um problema, há uma base

instalada capaz de atender à expan-

são dos cursos de Engenharia. Para

o dirigente, a expansão deve ser ba-

seada em sistemas adequados de in-

fraestrutura e de financiamento e,

ainda, de políticas públicas.

“Deve-se também procurar enten-

der que o perfil profissional do en-

genheiro é talhado não só para o

exercício direto (como empregado)

das atividades objeto da modalidade

de Engenharia cursada. Esse perfil

profissional é capaz de exercer com

propriedade as atividades na inter-

face da sua modalidade de formação,

seja na gestão ou no empreendi-

mento de negócios”, ressalta.

Valderli Fava de Oliveira, professor titular

do Departamento de Engenharia de

Produção da Faculdade de Engenharia da

UFJ e diretor de Comunicação da entidade.

Page 44: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

44

Outro detalhe é que esse perfil pro-

fissional é fundamental em postos de

gestão e tomada de decisão sobre

políticas públicas. “Há pouquíssimos

engenheiros exercendo estas ativida-

des. O Brasil só teve um presidente

engenheiro, Itamar Franco, assim

mesmo em mandato tampão. Nos

países que desenvolveram ultima-

mente como Japão, Coréia e China,

há Engenheiros em diversos postos

de tomada de decisão”, reflete.

O Politburo da China tem tido pre-

dominância de engenheiros nos últi-

mos anos. No Brasil, se hoje for

levado um problema a Brasília, há

uma grande chance de se ter como

solução uma lei, visto que, há um

predomínio de egressos de áreas

afins ao Direito. “Não que existam

advogados em excesso, o problema

é a falta de engenheiros. Caso hou-

vesse um equilíbrio, no mínimo a lei

seria acompanhada de projetos de

solução com base na Engenharia”,

pondera o dirigente.

Novos cursos

Atualmente, uma instituição que não

for Universidade precisa de uma au-

torização do MEC para iniciar um

curso. O documento só é concedido

após aprovação em processo de ava-

liação realizado pelo INEP. De todo

modo, um curso novo (de qualquer

instituição) só pode colar grau se tiver

o reconhecimento do Ministério.

A portaria de reconhecimento só é

emitida pelo MEC se o curso for

aprovado em processo de avaliação

“in loco” realizado pelo INEP, reali-

zada por pares de avaliadores “ad

hoc” devidamente capacitados pela

entidade para esse fim.

Atualmente, o sistema CONFEA/

CREAS concede atribuições profissio-

nais aos egressos dos cursos de Enge-

nharia que tenham a portaria de

reconhecimento ou de renovação de

reconhecimento, e que tenham cum-

prido as exigências do Sistema em ter-

mos de documentação depositada no

Conselho da sua região de abrangência.

“Já participei de diversas discussões

e entendo que o sistema CON-

FEA/CREAS deveria aplicar uma

“prova de ordem”. Esclareço que a

ABENGE não tomou posição quanto

a esta questão mas, como é de sua

tradição, apoiará qualquer iniciativa

que possibilite a melhoria da forma-

ção e do exercício profissional dos

engenheiros”, adianta.

A aplicação de uma prova pode con-

tribuir bastante para a melhoria dos

cursos, visto que, não bastará diplomar

os egressos. As instituições terão que

se preocupar com a pontuação desses

formandos também em uma prova

para a habilitação profissional. O pro-

blema estaria na operacionalização, pois

a Engenharia tem pelo menos 60 mo-

dalidades distintas que ainda se desdo-

bram em mais de 100 ênfases (antigas

habilitações) o que totaliza próximo de

200 diplomas distintos de engenheiro.

O sistema CONFEA/CREAS, hoje, aco-

modam esses diferentes diplomas em 93

títulos (Resolução 473/02 CONFEA - Úl-

tima Atualização: 10/07/2015).

GRADUAÇÃO

Já participei de diversas discussões e entendo que

o sistema CONFEA/CREAS deveria aplicar uma

“prova de ordem”. Esclareço que a ABENGE não

tomou posição quanto a esta questão mas, como

é de sua tradição, apoiará qualquer iniciativa que

possibilite a melhoria da formação e do exercício

profissional dos engenheiros.

Page 45: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

Gestão de Projetos e ProcessosGestão de Projetos Gestão de Processos e Análise de Negócios Gestão de Projetos e Processos

Gestão de NegóciosGestão de Negócios Administração de Compras e Suprimentos Gestão e Tecnologia de Resíduos e Efluentes Análise de Sustentabilidade

Engenharia e InovaçãoEngenharia de Custos e OrçamentosEngenharia LogísticaEngenharia de Manutenção Engenharia de Processos IndustriaisEngenharia de VendasEngenharia de PlanejamentoInovação e Empreendedorismo

Tecnologia da InformaçãoEngenharia de SoftwareGestão e Tecnologia da InformaçãoAnálise de Sistemas Orientada a Negócios

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Page 46: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

46

EAD ganha espaço como metodologia educacional

A acreditação/certificação é mais complicada e poderia

gerar conflitos de interesses, de acordo com o dirigente.

“Como ficaria o caso dos não acreditados, sendo que pos-

suem portaria de reconhecimento?”, questiona. Essa mu-

dança só seria aprovada mediante alteração da lei. Para ele,

a melhor opção é a aplicação de prova ao egresso, mesmo

assim, após amplo debate com todas as partes interessadas

do sistema de formação profissional.

No caso dos cursos EAD, se bem implantados, não há pro-

blemas, diz Oliveira. Ele afirma que os recursos metodo-

lógicos e tecnológicos permitem que, hoje, grande parte

das atividades de formação possam ser desenvolvidas de

uma forma não presencial. “O que é necessário para que

seja garantida a qualidade é a capacitação do corpo do-

cente e tutorial em termos metodológicos e de uso da

tecnologia disponível, assim como a infraestrutura para as-

segurar a qualidade nas atividades presenciais, visto que,

um curso de Engenharia não pode ser totalmente EAD”,

alerta.

Nesse grupo estão a experimentação laboratorial, que

não pode ser executada por meio de simulação. Sem

essas práticas, corre o risco de se ter um curso de En-

genharia com formação insuficiente.

GRADUAÇÃO

A necessidade de tornar o ambiente educacional maisatraente para os estudantes é, apenas, um entre osmuitos fatores que explicam o sucesso da EAD no

Brasil. Seja como tecnologia principal, bastante difundida noscursos de curta e média duração, ou como metodologia com‑plementar, essa modalidade também tem ganho espaço nasgraduações, incluindo as Engenharias.

O engenheiro eletricista, doutor em Engenharia Elétrica‑Auto‑mação pela FFEC da UNICAMP, presidente do Conselho Cientí‑fico da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) ediretor acadêmico da Universidade Virtual do Estado de SãoPaulo (UNIVESP), Waldomiro Loyolla, destaca que a socializa‑ção da oferta de ensino superior para regiões onde dificil‑mente se teria condições físicas, financeiras e de competências

profissionais para a instalação de uma faculdade de Engenha‑ria de qualidade é um ponto a ser considerado.

“Como qualquer outro curso ofertado na modalidade EAD,existem grandes vantagens. Vale dizer que a EAD não buscasubstituir o ensino presencial, mas apenas provê‑lo àquelesque, por algum motivo, estariam alijados definitivamente dapossibilidade de realizar um curso superior de qualidade”,justifica.

Mesmo que haja a necessidade de que os alunos visitem fre‑quentemente os polos de apoio presencial para a realizaçãode atividades de laboratório e de avaliações, geralmente se‑manal ou quinzenalmente, ou mesmo em certos períodospredeterminados, isto é muito melhor do que o aluno nãoter a oportunidade de fazer o curso ou ter que deslocar‑se

Page 47: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

47

Parte importante de um projeto de desenvolvimento

nacional, a formação de engenheiros ainda está aquém

da demanda do mercado nacional. Há um imenso pas-

sivo em obras de infraestrutura urbana, modais de

transporte, abastecimento de água (qualitativo e quan-

titativo) e energias, que demandam a atuação dos pro-

fissionais da área. “Se levarmos em conta o que

precisamos desenvolver, teremos que dobrar a quanti-

dade de engenheiros que se formam atualmente. Com

isso conclui-se que não houve expansão indiscriminada,

no máximo não devidamente fomentada”, analisa.

O período de formação de um engenheiro é de cinco a

seis anos, para adquirir uma experiência mediana. Para

atuar plenamente, são necessários pelo menos dez anos

de atividades. Se a proposta do País é chegar a um pa-

tamar de desenvolvimento superior em 2025, esse mo-

vimento deve iniciar-se imediatamente, para colocar no

mercado mais de 100 mil profissionais a cada ano, em

um patamar superior de qualidade.

“O contrário significa continuar a ser um País dependente

em termos tecnológicos e condenado a ser fornecedor

de matéria-prima de baixo valor agregado para os países

com desenvolvimento tecnológico superior”, conclui.

Waldomiro Loyolla, engenheiro eletricista, doutor

em Engenharia Elétrica-Automação pela FFEC da

UNICAMP, presidente do Conselho Científico da

ABED e diretor acadêmico da UNIVESP.

todas as noites para uma localidade próxima, onde existauma faculdade.

A flexibilidade temporal é outro fator importante já que é oaluno que organiza a sua agenda de estudos. Da mesmaforma, as idas aos polos de apoio, também, podem ser agen‑dadas em horários alternativos. O dirigente ressalta que ouso dessa metodologia permite agregar maior valor aogrupo de docentes que poderá dar aulas de qualquer lugardo País ou do mundo. O sucesso da EAD está na disciplina doaluno.

Nesse cenário, o crescimento do número de cursos de Enge‑nharia na modalidade EAD permanece lento. Na maior parte,são oferecidos por instituições privadas nas modalidadescivil, elétrica, mecânica, computação, produção, ambiental,

entre outras. Mais recentemente, também, as instituiçõespúblicas têm ofertado programas, como a Engenharia Am‑biental da UFSCar, as Engenharias de Computação e de Pro‑dução da UNIVESP e a Engenharia de Produção do CEDERJ,em cooperação com as universidades públicas do Estado doRio de Janeiro. “O alto custo para montar, nos polos de apoiopresencial, os diferentes laboratórios exigidos para essas for‑mações é um fator que ainda inibe os investidores”, reco‑nhece.

Sobre a polêmica em relação à oferta de cursos de Engenha‑ria por EAD, o dirigente afirma que a qualidade é determi‑nada pela instituição responsável e não pela modalidade deensino. O que falta é desenvolver modernas metodologias eaplicativos que permitam que os laboratórios sejam opera‑dos via web.

Page 48: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

48

Na sala de aula, ele se prepara para a docência

JOVEM ENGENHEIRO | JOSUÉ COELHO DO AMARAL JÚNIOR

Engenheiro civil e

mestre em Engenha-

ria de Materiais pelo

Centro Federal de

Ensino Tecnológico

de Minas Gerais

(CEFET-MG), Josué Coelho do

Amaral Júnior, 25 anos, concluiu a

graduação no segundo semestre de

2013, mas não quis ficar longe da

sala de aula.

Depois do mestrado, que deve ser

concluído em abril deste ano, e ao

qual se dedica integralmente na

condição de bolsista, ele já planeja

seguir o caminho do doutorado e

consolidar a sua titulação para in-

crementar a qualificação profissio-

nal na área de desenvolvimento de

materiais para a indústria da cons-

trução civil.

Para tanto, o engenheiro investe na

própria capacitação técnica. “Acre-

dito que conhecimento nunca é de-

mais e sempre tem algo novo para

aprender. Além disso, é muito gra-

tificante contribuir para o desen-

volvimento tecnológico de uma

área importante como essa”,

afirma.

Mas o grande objetivo de Josué

Amaral Júnior é seguir a carreira

de professor pesquisador de uma

universidade federal. Sim, a sala de

aula é uma possibilidade a ser con-

siderada pelos engenheiros. Inclu-

sive os recém-formados, como ele.

“No ano em que me formei a crise

econômica estava no início e mi-

nhas expectativas não eram boas.

Hoje acredito que vamos ter uma

melhora no cenário da Engenharia

já no próximo ano”, projeta.

Gosto pela carreira, mesmo nos

períodos de “vacas magras”, flexi-

bilidade para tomar decisões e

mudar de rumos, garra e vontade

de aprender, são algumas compe-

tências que fazem a diferença para

aqueles que pretendem se dedicar

à transmissão de conhecimento e

ao importante processo de forma-

ção de novos profissionais para o

mercado brasileiro.

A aposta na capacitação foi o cami-

nho escolhido para aguardar a re-

tomada do mercado de seu setor

de atuação, paralisado pelas incer-

tezas da economia nacional. Em-

bora não possa trabalhar neste

momento, o engenheiro tem se de-

dicado a adquirir conhecimentos

que, de alguma forma, serão úteis

nos futuros desafios profissionais,

na sala de aula ou no mercado.

A escolha da carreira não foi difícil.

Desde a infância, Josué Amaral Jú-

nior se interessa pela Engenharia

Civil e pelas construções. “Sempre

Page 49: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

gostei de construir e desconstruir

o que fosse possível”, comenta.

Como outros jovens que decidi-

ram abraçar a atividade, o bom ce-

nário econômico, que marcou o

ano de 2008, para os profissionais

da área e os salários pagos, naquele

momento, também pesaram nessa

importante escolha.

O período da faculdade foi de ex-

periências. O engenheiro fez dois

estágios. No primeiro, ele ficou

por seis meses em uma obra da

construtora PHV. Depois, passou

dois anos no escritório de proje-

tos SNC Lavalin, com a incumbên-

cia de fazer os cálculos estruturais

em concreto armado. “O que levo

desses dois estágios é a certeza de

que na Engenharia é preciso estar

em constante processo de desen-

volvimento profissional. As tecno-

logias aplicadas em qualquer área

mudam muito e isso tem aconte-

cido cada vez mais rápido”, cons-

tata.

Além dos cursos de pós-gradua-

ção, ele também tem se dedicado

ao estudo de línguas estrangeiras,

o que é primordial para acompa-

nhar o desenvolvimento de sua

área de atuação no mundo. Afinal,

as pesquisas são feitas em diversos

países e os resultados podem se

transformar em soluções para pro-

blemas brasileiros, novos projetos

de P&D ou contribuições preciosas

para outros, em curso.

Como os jovens de sua geração,

Josué Júnior também gosta de se

divertir. Nas horas de lazer – que

têm sido poucas – ele assiste fil-

mes, sai com amigos e joga video-

games.

49

“ “Acredito que conhecimento nunca é demais e sempre

tem algo novo para aprender. Além disso, é muito gratifi‑

cante contribuir para o desenvolvimento tecnológico de

uma área importante como essa.

Page 50: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

50

No dia 31 de março, encerra-se a extensa pro-

gramação do Ano de Comemorações do

Cinquentenário de atividades do Instituto

Nacional de Telecomunicações (Inatel). No

início do mês, a instituição que tem sede em Santa Rita do

Sapucaí, na região sul do Estado, recebeu uma bela home-

nagem da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Foi lançada, também, uma edição atualizada do livro

“Inatel – Sonho e Realidade” que relata a história da escola.

À frente das comemorações do cinquentenário está um

ex-aluno da instituição que, desde 2015, ocupa o cargo

de diretor. Marcelo de Oliveira Marques, 48 anos, ingres-

sou na área de projetos educacionais e, a partir daí, o in-

teresse em experimentar a carreira de professor no

Instituto. “Iniciei no Inatel como engenheiro responsável

pela área de educação continuada, para oferecer ao mer-

cado nacional cursos de extensão acadêmica e formação

profissional. As características da minha atuação, no setor

de educação empresarial, me aproximaram ainda mais da

docência e das relações empresa/escola”, lembra.

Logo depois da formatura, ele retornou para a sala de aula

na condição de professor. O Inatel foi o primeiro emprego

após a graduação e, até os dias atuais, a única instituição à

qual tem se dedicado. Com 20 anos de experiência, ele es-

teve sempre focado nas disciplinas profissionalizantes e es-

pecíficas das áreas de sistemas de transmissão e redes de

comunicação de dados.

Marcelo Marques, afirma que o conhecimento que ele ad-

quiriu ao lidar com o ambiente corporativo, tem sido bas-

tante útil na sua trajetória como gestor. “Essas experiências

me permitiram, junto com os demais colegas da institui-

ção, buscar um caminho de desenvolvimento contínuo

para o Inatel, aproximando-o do mercado nacional e in-

ternacional, criando oportunidades de parcerias bem-su-

cedidas que colocaram o Inatel em posição de destaque,

pela modernidade e sintonia com as demandas nacionais”,

explica.

Nesse trabalho, a experiência adquirida na sala de aula, por

meio do contato direto com os alunos, também, é funda-

mental. O professor sempre se aproximou dos alunos

compreendendo as dificuldades do processo de ensino-

aprendizagem. Para tanto, dedicou-se a fazer com que as

aula, os conteúdos e explicações fossem apresentados da

melhor forma. “Eu sempre busquei o maior desempenho

dos meus alunos e o meu também”, enfatiza.

MESTRES DA ENGENHARIA | MARCELO DE OLIVEIRA MARQUES

De aluno a diretor do Inatel, umatrajetória em projetos de educação

Page 51: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

51

Na memória

Sem dúvida, ocupar posição de destaque nas comemora-

ções do Cinquentenário do Inatel, na condição de ex-aluno

que chegou à diretoria da instituição, é algo para lembrar

por toda a vida. “Compartilho essa homenagem com todos

os que um dia sonharam em trazer para a pequena Santa

Rita do Sapucaí uma faculdade de Engenharia, e com aque-

les que apoiaram a consecução dessa história” adianta.

Mas a experiência como professor também tem seus mo-

mentos especiais. Certa vez, Marques encontrou-se com

um ex-aluno que se tornou um empresário de sucesso no

ramo de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

“Ele me disse que a forma como eu apresentava os con-

teúdos na sala de aula foi o modelo adotado para a gestão

da própria carreira. São testemunhos que envaidecem, mas

multiplicam meu compromisso como professor”, reafirma.

Planos para o futuro

Concebido inicialmente como escola de telecomunicações,

o Inatel tem sete cursos dos quais quatro são graduações

em Engenharia (Telecomunicações, Computação, Controle

e Automação e Biomédica); três de graduação em Tecno-

logia (Gestão de Telecomunicações, Automação Industrial

e Redes) e, ainda, o mestrado em Telecomunicações. No

total, são 1800 alunos.

Entre as novidades da instituição está o Centro de Refe-

rência em Radiocomunicações, implantado com apoio do

governo federal. “Esse projeto vai apoiar o País na definição

de políticas, na realização de pesquisas e no desenvolvi-

mento de tecnologias que serão, em breve, os principais

vetores de desenvolvimento para diversas áreas da econo-

mia”, ressalta.

Entre os projetos em curso está a pesquisa sobre a padro-

nização da tecnologia 5G e de novos padrões para a “In-

ternet do Futuro”, com a “Internet das Coisas”. O Inatel,

também, recebeu da Empresa Brasileira de Pesquisa e Ino-

vação Industrial (EMBRAPII) a autorização para atuar como

uma de suas unidades para oferecer, às empresas nacionais

e multinacionais instaladas no Brasil, um conjunto de ser-

viços tecnológicos e de pesquisas direcionados para a ino-

vação. Em contrapartida, esses projetos que contribuem

de forma decisiva para a formação dos estudantes abrem

oportunidades de estágios e bolsas.

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Page 52: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

52

“Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-

gicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de

vida, impondo-se ao Poder Público e à co-

letividade o dever de defendê-lo e pre-

servá-lo para as presentes e futuras gerações.” (Art.

225, da constituição brasileira).

Após esta tragédia da insustentabilidade: social, ambiental,

econômica, cultural, político-institucional e espiritual para

todos os seres vivos da bacia do Rio Doce, o mínimo que

nos resta é a indignação. Não existe e não deverá existir

licenciamento ambiental simplificado e rápido para em-

preendimentos complexos.

Ao ver a imagem do ministro da educação, Aloísio Merca-

dante, vestido com o colete da defesa civil na foto com a

presidenta, logo pensei que ele viesse se reunir com a aca-

demia de Minas, que é o estado brasileiro com o maior

número de Universidades Federais, onze ao todo, para

apoiar imediatamente a sociedade com todo o conheci-

mento “depositado” nessas instituições de primeira linha

brasileira que estão inseridas visceralmente na sociedade.

Atenção Ministro Mercadante, já passaram semanas e a

academia ainda não se manifestou. Convoque-os, porque

é a sociedade que os mantém.

Muito antes de presenciarmos a tragédia socioambiental

em Mariana, já havia ocorrido uma tragédia da engenharia

de Minas Gerais e do Brasil. Uma vergonha que todos nós

engenheiros estamos vivendo.

Voltando à constituição brasileira e a lei de crimes am-

bientais (lei 9605/1998), os dirigentes e acionistas dos em-

preendimentos são os responsáveis diretos pelos danos

causados. No acidente da Samarco, se são culpados ou

não, só a perícia e a justiça irão dizer.

A Samarco precisa voltar a operar, se a sociedade permitir.

Para mitigar os impactos causados pelo acidente, pleitea-

mos a aplicação de metade de seus lucros ou um percen-

tual significativo de seu faturamento, até o último dia de

operação da empresa.

Algumas lições foram aprendidas com essa tragédia, em

um momento que se discute sobre os efeitos das mudan-

ças climáticas no planeta na COP-21 em Paris, de como

nos prevenir, mitigar e remediar seus efeitos sobre a vida

na terra, todas as obras de engenharia, assim como as bar-

ragens de rejeitos, terão que ser adaptadas às mudanças

bruscas do clima em intensidade e extremidades. Como

ficará especificamente a segurança das milhares de barra-

gens no Brasil?

ARTIGO

MARIANA, PARIS E WOLFSBURGO: INDIGNAÇÃO

Page 53: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

5353

E em relação à sustentabilidade político-institucional,

onde estava o poder público? Representado pelos di-

rigentes do IBAMA, DNPM, FEAM, IGAM, IEF, Polícia

Ambiental, Ministério Público, e outra infinidade de ór-

gãos públicos dos governos estadual e federal. Como

eles serão responsabilizados?

Como no Brasil tudo é relativo, inclusive a aplicação

da lei, vejam as duas manchetes publicadas no Jornal

Valor de 13/Nov/2015. “Volkswagen é multada em

R$50 milhões pelo IBAMA” e “Dilma anuncia primei-

ras multas do IBAMA após rompimento de barra-

gens”.

A presidenta veio a Minas trazer a multa para a Sa-

marco, mas não foi a São Paulo levar a multa para a

VW. Por quê? Porque aqui já morreram 11 pessoas e

ainda tem 12 desaparecidas. Quantas pessoas morre-

rão no mundo e no Brasil pela fraude causada pela VW

nos mais de 11 milhões de veículos vendidos nos USA

e as 17.057 picapes Amarok no Brasil, que poluem

mais que o permitido pela legislação?

Estes dirigentes sim fraudaram deliberadamente a le-

gislação de diversos países, já foram multados no ex-

terior, o presidente mundial da empresa foi obrigado

a renunciar. E o que ocorreu no Brasil? Já imaginou o

governador de São Paulo esperando a presidenta em

seu helicóptero para levar pessoalmente a multa para

a VW?

Não fez e não fará porque as mortes serão lentas e

não abruptas como em Mariana. Três grandes motivos

para todos nós ficarmos indignados, pela agressão de

todos os seres vivos da bacia do Rio Doce, e mais

ainda pelas vidas deliberadamente ceifadas pela VW e

pelos terroristas em Paris.

RONALDO GUSMÃO

Presidente do Ietec; Engenheiro e Técnico Industrial; Ex-Presidenteda Comissão Técnica de Informática e Telecomunicações da Socie-dade Mineira de Engenheiros; Ex- Membro da Comissão de Infor-mática e do Conselho de Recursos Humanos da AssociaçãoComercial de Minas; Ex-Membro da Comissão de Empresários deInformática e do Conselho de Educação da Federação das Indús-trias do Estado de Minas Gerais; Ex- Diretor da Assespro; Ex-Diretorda Sucesu; Cofundador da Ponto Terra; Membro do Conselho daAMDA; Sócio Fundador da Fumsoft; possibilitou a fundação do ca-pítulo de Minas Gerais do PMI – Project Management Institute;Idealizador e Coordenador Geral da Ecolatina.

RONALDO GUSMÃO

Engenheiro, técnico Industrial

e presidente do IETEC

O distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais

Agên

cia

Bras

il

Page 54: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

54

Quem não se lembra

ou nunca ouviu falar

no “Kafunga”, Olavo

Leite de Bastos, go-

leiro do Clube Atlético Mineiro, que

durante muitos anos foi comenta-

rista esportivo. Creio que poucos.

Talvez, os mais jovens que ainda

terão oportunidade de conhecer um

pouco da história desse personagem

lendário. Muitos podem estar se per-

guntando o motivo de trazer à baila

o nome do “Kafunga”, nesse mo-

mento conturbado da vida econô-

mica e política brasileira. Nos idos de

1960, o comentarista dizia que “O

Brasil é o País do contrário, o certo

está errado e o errado está certo”.

Vejam que já se passaram 56 anos e a

coisa não mudou. Pensando melhor,

mudou sim, mas parece que para pior.

Se observarmos o que ocorre hoje

na sociedade brasileira, poderemos

identificar uma inversão de valores,

a perda de elementos simbólicos

essenciais na formação de cidadãos,

que culminam por exemplo no fla-

grante desrespeito à Bandeira de

nossa Pátria. Faltam fronteiras que

norteiem os direitos, mas, principal-

mente, o respeito e a responsabili-

dade que devem orientar as ações

do cidadão mais simples aos diri-

gentes mais graduados, entre eles,

os empresários e os políticos mais

proeminentes. “Ordem e Progresso”

é o lema inscrito na Bandeira Nacio-

nal que deveria ser o pilar da socie-

dade, responsável pela nossa

satisfação e desenvolvimento. Porém,

o que assistimos é exatamente o

contrário, “desordem e, consequen-

temente, o progresso prejudicado”.

Os exemplos são vários e estão co-

locados para a população pelos di-

versos veículos de comunicação. A

economia do País está sendo sola-

pada em função do descompromisso

total com a realidade brasileira e o

desenvolvimento do País. Isso per-

passa todas as esferas de poder e é

sustentado pelos bancos e pelos

empresários gananciosos. Tudo

fazem em nome do poder e não pela

nação, não pelo desenvolvimento

socioeconômico que resultaria em

qualidade de vida para o nosso povo.

Recentemente, ouvi um comentário

de uma pessoa simples, que jamais

poderia imaginar faria uma análise

tão simples e ao mesmo tempo tão

profunda da condição do Brasil. Esse

cidadão disse: “Nossa! Sempre ima-

ginei que o Brasil fosse um País rico,

mas não sabia que na realidade é um

País muito, mas muito rico mesmo”.

Sabe por quê? Em sua sabedoria, ele

dá a resposta: “Porque a quantidade

de dinheiro que se rouba e manda

pra fora é algo que só tem em um

País muito rico”.

Esta é a uma verdade que não es-

capa aos olhos dos mais simples e

nem dos incautos. Realmente, se

pensarmos bem, o tanto que paga-

mos de juros da dívida externa, os

financiamentos externos para obras

em outros países; assim como o des-

perdício, a corrupção, o volume de

dinheiro gasto por empresas sem

produzir nada, o excesso de benefí-

cios sociais oferecidos pelo governo,

pressupõe-se que seja uma nação

extremamente rica para, ainda assim,

permanecer viva. Viva mas com

muito sofrimento para seu povo que

é a maior vítima desses descasos e

desses malfeitores públicos.

Mas o Brasil não é só rico neste as-

pecto. É também rico em fontes reno-

váveis de energia a saber: hidráulica,

O País do contrário

ARTIGO

*Ailton Ricaldoni Lobo

Page 55: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

55

solar, eólica e biomassa. Sabemos

que a soberania de um país passa

pela sua independência energética e

o Brasil, se quiser, ou seja, se houver

políticas públicas para estimular o

desenvolvimento acadêmico, a ino-

vação nas indústrias, a pesquisa e o

desenvolvimento de tecnologias

aplicáveis na geração de energia a

partir dessas fontes, será soberano

e independente energeticamente. O

potencial das indústrias desses equi-

pamentos geraria riqueza e muitos

postos de trabalho.

O jovem brasileiro que se habilita

no programa “Ciência sem Fron-

teira”, que é por si só um belo pro-

jeto, precisa ter um posto de

trabalho com seu nível de conheci-

mento acadêmico, para que ele

possa se realizar profissionalmente

e, também, retomar o recurso que

foi investido na sua formação. Nada

melhor do que possuirmos um par-

que industrial, com empresas de di-

versas partes, porém, que tenham

seus departamentos de P&D e seus

projetos de inovação, para abrigar

esses profissionais que retornam de

seus aperfeiçoamentos.

Infelizmente, temos um País sem po-

lítica industrial definida, onde o inte-

resse do Estado é propiciar um

ambiente econômico/financeiro que

privilegia o capital especulativo. Essa

política está sinalizada com uma alta

taxa de juros, que estimula os ban-

cos e os grandes investidores a to-

marem dinheiro lá fora, ou mesmo

no Banco Nacional de Desenvolvi-

mento Econômico e Social(BNDES),

com taxas muito baixas, e a aplica-

rem com rentabilidade altíssima,

com todas as garantias de liquidez e

rentabilidade.

Bom, qual empresário aplicaria seus

recursos em uma atividade produtiva,

por exemplo na indústria com risco

inferior ao rendimento de tal aplica-

ção e, ainda mais, assumindo riscos

de instabilidade tributária, jurídica,

trabalhista e de logística. O que assis-

timos hoje é um total descompro-

misso com a política industrial por

parte das atividades representativas

do segmento, notadamente, aquelas

onde a contribuição é compulsória.

O que existe são ações pontuais e di-

recionadas àqueles segmentos que se

despõem a colaborar com os políti-

cos para obter os benefícios.

O princípio democrático acompa-

nhou a evolução humana e resultou

na formação de um dos regimes po-

líticos mais aclamados da história, a

DEMOCRACIA. Esta, entretanto,

sendo mal exercida, poderá fugir ao

seu princípio básico, transformando

a participação em pura demagogia;

permitindo práticas que favoreçam

a projetos de poder para se perpe-

tuarem, utilizando o instituto da

reeleição, o qual deveria ser banido

em todas as instâncias de poder, a

saber: Executivo, Legislativo, Judiciá-

rio; bem como em associações de

classe, sindicatos, federações, etc.

Em toda instituição que adote o

voto como instrumento de escolha

do seu líder. Este exercício pleno da

democracia propicia a renovação e

surgimento de novas lideranças, evi-

tando os vícios e abusos da perma-

nência absolutista no poder.

Daí a lembrança das grandes tira-

das, as vezes polêmicas, mas certei-

ras do Kafunga, mas desta vez, para

contrariá-lo. O Brasil não pode con-

tinuar sendo o País do contrário,

onde o certo está errado e o er-

rado está certo. Esse já seria um

bom começo.

Ailton Ricaldoni Lobo, enge-

nheiro eletricista, empresário

e presidente do Conselho

Deliberativo da SME.

Page 56: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

CDS | SMECOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

56

Em 09 de dezembro de 2015, a Confederação Nacional

da Indústria – CNI e o Fórum de Meio Ambiente do Setor

Elétrico – FMASE entregaram a representantes do Go-

verno Federal a Proposta da Indústria para o Aprimora-

mento do Licenciamento Ambiental: Setor Elétrico, que

poderá ser lido na íntegra no site da SME.

O documento, elaborado entre os anos de 2014 e 2015,

elenca os principais desafios enfrentados para a viabiliza-

ção de hidrelétricas no Brasil, e apresenta propostas para

cada um deles. Os dados compilados no documento foram

obtidos a partir de pesquisas realizadas junto as empresas

que compõem as associações do FMASE, e do levanta-

mento de informações disponíveis no site oficial do Insti-

tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Renováveis – IBAMA, relacionadas ao licenciamento am-

biental federal de empreendimentos hidrelétricos. Já as

propostas de solução foram formuladas pelo Grupo de

Trabalho Licenciamento Ambiental do FMASE, refletindo

os principais pleitos do setor elétrico para o tema.

A ideia primordial dos autores é reabrir as discussões

sobre os aspectos socioambientais envolvidos na viabili-

zação de empreendimentos hidrelétricos, inclusive no que

concerne à capacidade de acumulação dos reservatórios

brasileiros, considerados essenciais ao equilíbrio da matriz

elétrica nacional, à garantia da modicidade tarifária e à

competitividade de nossa indústria.

Diante de todos os dados e opiniões angariados, o FMASE

e a CNI concluem que avanços na condução dos proces-

sos de planejamento e licenciamento ambiental dos em-

preendimentos hidrelétricos somente serão possíveis por

meio do estabelecimento de diálogos menos ideológicos,

mediante a antecipação das salvaguardas ambientais para

a fase de planejamento setorial, e a criação de regras de

licenciamento ambiental mais objetivas e estáveis. Na visão

do Fórum e da Confederação, a mudança do sistema vi-

gente irá melhor o ambiente de negócios, trazendo maior

previsibilidade de custos para a fase de leilão, como tam-

bém contribuirá para reduzir a judicialização do processo

de licenciamento ambiental, que sabidamente pouco con-

tribui para solucionar os desafios existentes.

Conheça abaixo os principais desafios e proposições apre-

sentados na Proposta da Indústria para o Aprimoramento

do Licenciamento Ambiental: Setor Elétrico:

Proposta da indústria para o aprimoramentodo licenciamento ambiental: setor elétrico* Luisa Ferreira Braga e Renata Messias Fonseca

Page 57: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

Integração dos instrumentos de planeja‑mento e gestão territorial

Desafio: Tardio equacionamento de questões socioam-

bientais afetas à fase de planejamento setorial, levando à

exigência de que o empreendedor execute importantes

ferramentas de planejamento, como a Avaliação Ambiental

Integrada – AAI, na fase de licenciamento ambiental.

Proposta: Elaboração e integração das ferramentas de pla-

nejamento pelo Poder Público antes do início do processo

de licenciamento ambiental, sendo utilizadas como inputs

ao processo, e não requisito obrigatório dele.

Manifestações dos Órgãos Intervenientesno Processo de Licenciamento e BalcãoÚnico Virtual de Licenciamento Ambiental

Desafio: Dificuldade na interlocução entre o órgão licen-

ciador e os órgãos intervenientes no processo de licen-

ciamento ambiental, acarretando o descumprimento de

prazos legais e a necessidade de condução, na prática, de

um processo individual de licenciamento perante cada

órgão interveniente.

Proposta: Criação de um balcão único virtual de licencia-

mento, que reunirá todos os entes envolvidos nesse pro-

cesso e será coordenado pelo órgão licenciador,

responsável por emitir pareceres e manifestações únicos

sobre os estudos e documentos apresentados. Além disso,

o balcão único atuaria também na fase de planejamento

setorial, mediante a caracterização da área objeto do in-

ventário hidrelétrico e participação na elaboração dos pla-

nos setoriais, como o Plano Decenal de Energia.

Alteração da Lei de Crimes Ambientaispara restringir a responsabilidade criminaldo agente licenciador à conduta dolosa

Desafio: Engessamento da atuação dos agentes ambientais

em razão da possibilidade de sua responsabilização pes-

soal, na esfera criminal, por imprudência, negligência e im-

perícia, prevista nos arts. 66 e 69-A da Lei de Crimes Am-

bientais.

Proposta: Adequação da redação da Lei de Crimes Am-

bientais para que seja excluída a modalidade culposa dos

referidos delitos.

EIA/RIMA para usinas acima de 50 MW

Desafio: Exigência de realização de EIA/RIMA para todos

os empreendimentos hidrelétricos com capacidade insta-

lada superior a 10 MW , em que pese os impactos de

parte desses empreendimentos serem reduzidos e incidi-

rem sobre pequenas áreas.

Proposta: Previsão, em norma federal, de obrigatoriedade

de realização de EIA/RIMA apenas para os projetos cuja

capacidade instalada seja superior a 50 MW.

Termos de Referência padronizados, deconteúdo mínimo e por tipologia de em‑preendimento

Desafio: Alta complexidade dos Termos de Referência –

TR que orientam a elaboração dos estudos ambientais,

sem que os estudos exigidos necessariamente tenham re-

lação direta com os prováveis impactos da atividade ou

empreendimento.

Proposta: Elaboração de TR padrão para cada tipologia de

empreendimento, a ser refinado de acordo com as carac-

terísticas do empreendimento licenciado.

Regulamentação das Audiências Públicas

Desafio: Ausência de regulamentação de aspectos essen-

ciais relacionados à realização de audiências públicas.

Proposta: Regulamentação, em norma federal, das regras e

procedimentos para a realização de audiências públicas, em

especial: delimitação das pessoas legitimadas a falar durante

o ato; delimitação do tempo de fala de cada participante;

possibilidade de envio prévio de questionamentos; defini-

ção da área diretamente atingida pelo empreendimento

como local de realização da(s) audiência(s), entre outros.

57

O FMASE é composto por vinte entidades de classe de âmbito nacional dos segmentos de geração, transmissão, distribuição, comercialização e

consumo de energia, sendo que, por meio da interação constante com o setor público, iniciativa privada, Organizações Não Governamentais - ONGs,

academia e mídia, é hoje reconhecido como o principal interlocutor do setor de energia elétrica no Brasil para as questões socioambientais

Page 58: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

58

CDS | SME

Condicionantes Ambientais

Desafio: Imposição de condicionantes ambientais que não

guardam relação direta com os impactos do empreendi-

mento e que têm como objetivo atender demandas que

são de responsabilidade do Poder Público.

Proposta: Obrigatoriedade de as condicionantes ambien-

tais, e quaisquer outras imposições feitas no bojo do pro-

cesso de licenciamento, guardarem relação direta com os

impactos verificados nos estudos ambientais, devendo ser

acompanhadas de justificativa técnica.

Emissão de Autorizações Pontuais conco‑mitante à Licença Ambiental

Desafio: Exigência de obtenção de inúmeras autorizações

durante o processo de licenciamento, sem que exista a

coordenação do momento de sua emissão e das condi-

cionantes que as compõem.

Proposta: Adoção de medidas para otimização do pro-

cesso de obtenção de autorizações ambientais, que de-

verá, sempre que possível, ocorrer de forma concomitante

à emissão da Licença Ambiental inerente à fase em que o

processo de licenciamento se encontra.

O FMASE e a CNI acreditam que sua proposta

oferece um norte para a solução dos principais entraves

existentes nos processos de planejamento e licenciamento

ambiental de empreendimentos hidrelétricos no Brasil, ga-

rantindo-lhes maior eficiência e qualidade, especialmente

por meio do fortalecimento das competências dos órgãos

ambientais e da adequada participação dos órgãos inter-

venientes e interessados.

*Luisa Ferreira Braga é formada em Engenharia Ambiental eem Direito, e está concluindo o MBA Executivo pela FundaçãoDom Cabral. Atualmente é Coordenadora Socioambiental naAssociação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Ener-gia - ABIAPE.

Renata Messias Fonseca é formada em Direito e especialistaem direto penal e ambiental. É sócia de Borges & Almeida Ad-vocacia, Coordenadora do Comitê de Meio Ambiente da Asso-ciação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica – ABCE eassessora jurídica do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico– FMASE.

Coordenadoras do Grupo de Trabalho Licenciamento Ambientaldo Fórum de Meio Ambiente de Setor Elétrico – FMASE.

Este artigo está disponível na íntegra no site da SME, acesseo link: www.sme.org.br/artigolinceciamentosustentavel

2 - Determinação expressa no art. 2º, Xl, da Resolução Conama nº 01/1986.

Luisa Ferreira Braga,

engenheira Ambiental

e Coordenadora

Socioambiental

na ABIAPE.

Page 59: Revista mineira de engenharia 31ª Edição

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