revista mineira de engenharia 31ª edição
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ANO 7 | EDIÇÃO 31 | JAN - MAR - 2016
ENSINO DE ENGENHARIAS:
MUDAR É PRECISO
INOVAÇÃO Tomada inteligente chega ao mercado
ISSN
244
7‑81
3XFECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
CARREIRAÉ hora de exercitara flexibilidade
BOM EXEMPLOCombate ao Aedes Aegypti nas empresas
ENTREVISTA Mateus Moura Lima Gomes
Engenharia é Arte! Pressupõe dominar
e aplicar conhecimentos científicos e
empíricos, aliados ao desenvolvimento
de habilidades específicas com o propó-
sito de converter recursos naturais em
formas adequadas (oferta de energia,
construções, estradas, etc.) que aten-
dam às necessidades humanas. Por isso,
exige alto grau de profissionalismo que
só pode ser obtido através de uma for-
mação acadêmica consistente, seguida
de esmero na aplicação do conheci-
mento tecnológico, aliado a uma pos-
tura ética no atendimento do interesse
coletivo.
Não resta, pois, dúvida alguma sobre a
amplitude e a importância da engenha-
ria para que as comunidades, sobretudo
dos grandes centros urbanos, tenham
qualidade de vida e equidade, contri-
buindo inquestionavelmente para o de-
senvolvimento econômico dos estados
federativos e do País. Contribuição essa
que reflete diretamente na vida das pes-
soas, na criação de empregos e renda, e
no crescimento do PIB brasileiro. Mas
no Brasil de hoje, parece que tudo isso
foi esquecido. A atual recessão econô-
mica, agravada pela crise política, atinge
em cheio a atividade de engenharia, cei-
fando oportunidades e sequer ofere-
cendo alternativa aos profissionais que
chegam ao mercado de trabalho.
Para alguns incautos, a atividade é vista
hoje sob a ótica da ação condenável das
empreiteiras envolvidas nos escândalos
da Lava Jato. No mundo dos negócios,
dos interesses corporativos e estraté-
gicos, equivocadamente, a engenharia é
tratada como mercadoria de segunda
linha, como uma moeda de troca. Se
uma obra não for feita por um enge-
nheiro, pode ser feita por outro qual-
quer (a qualificação não é relevante), ou
quem sabe importando mão de obra
dos franceses ou dos chineses que tam-
bém são bons nisso.
É deplorável (muito embora não nos
surpreenda pela visão apequenada) que
nossos governantes atuais não enten-
dam a Engenharia como atividade es-
sencial e estratégica, a ser valorizada no
planejamento dos empreendimentos e
na consecução de objetivos sociais. Se
é para ver a nossa profissão assim avil-
tada, é melhor que tenhamos a coragem
de lutar para substituir no poder nossos
despreparados governantes, através dos
meios democráticos e constitucionais.
Temos que dizer não à corrupção,
temos que exigir planejamento nas ati-
vidades de governo e combater aqueles
espertos empresários que querem
transformar a atividade de formar en-
genheiros em máquina de auferir gran-
des lucros financeiros (e com a ajuda do
dinheiro público do FIES). Nesse mo-
mento de fragilidade que o País e o
setor de engenharia atravessam, é pre-
ciso que a atividade seja compartilhada
entre profissionais que busquem o bem,
que as soluções de cunho tecnológico
sejam precisas e inequívocas, sem mar-
gem para irresponsabilidades como a
queda de viadutos, rompimento de bar-
ragens e outras mazelas como assisti-
mos em Minas Gerais.
Estes recentes e lamentáveis episódios
escritos por mãos movidas essencial-
mente pela obtenção de ganhos finan-
ceiros e/ou outras vantagens, típicas de
nossa cultura e comportamento per-
missivos, têm que ter um ponto final.
Até porque, em Minas Gerais, nem
sempre foi assim. Em passado recente
em nosso Estado, a ação de proemi-
nentes engenheiros no exercício da
profissão, da gestão pública e da polí-
tica, criou a tradição de ganhos signifi-
cativos para toda a comunidade. Vale
lembrar as iniciativas marcantes e so-
bejamente conhecidas de profissionais
como Lucas Lopes, Celso Mello de
Azevedo, Aureliano Chaves de Men-
donça, João Camilo Penna, Elizeu Re-
sende, Alysson Paolinelli Itamar Franco
e tantos outros que souberam honrar
nossa profissão. É preciso, pois, dar um
“basta” ao atual estado das coisas! Não
podemos perder de vista a nossa mis-
são de usar a criatividade, a inventivi-
dade e o poder de transformação para
o bem de todos! A Engenharia Nacio-
nal exige Respeito!
EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
3
A Engenharia exige Respeito!
Augusto Drummond
Presidente da SME
4
COMPROMISSO COM VOCÊ!
A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de
sua equipe, tem desenvolvido uma série de traba‑
lhos para atender cada vez mais e melhor a cada um
dos associados.
Em seus 85 anos de existência, a SME trabalha para in‑
tegrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arqui‑
tetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo
para o aprimoramento tecnológico, científico, socio‑
cultural e econômico.
COMPROMISSO COM O FUTURO
Aprimoramento profissional e a inovação tecnológica
também têm sido uma das grandes bandeiras da SME
para oferecer os melhores serviços para você.
Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenha‑
ria e da produção de eventos, a SME tem se tornado,
cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas suges‑
tões e para representar seu interesse no setor.
Mais informações: www. sme.org.br ‑ (31) 3292 3962 ou [email protected]
Augusto Celso Franco DrummondPresidente
Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente
José Ciro MotaVice-Presidente
Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente
Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente
Virgínia Campos de OliveiraVice-Presidente
Alexandre Rocha ResendeDiretor
Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora
Fabiano Soares PanissiDiretor
Humberto Rodrigues FalcãoDiretor
Janaína Maria França dos AnjosDiretora
José Andrade NeivaDiretor
Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor
Marcelo Monachesi GaioDiretor
Túlio Marcus Machado AlvesDiretor
Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor
CONSELHO DELIBERATIVO
Ailton Ricaldoni LoboPresidente
ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello
Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior
CONSELHO FISCAL
Carlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidente
ConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos
Coordenador EditorialJosé Ciro Mota
Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP
Revisão EditorialJalmelice Luz ‑ MG 3365 [email protected]
Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
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Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP ‑ 30170‑001Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br
ApoioPublicação
VENHA PARA A SME
20CAPACITAÇÃOEmpresa Júnior investe na formaçãodo engenheiro
22ENGENHEIRO DO ANO Olavo Machado Juniorrecebeu a comenda, em 2015
LEGISLAÇÃO Engenheiros peritos podem ser penalizados em caso de acidentes
P&D Estudantes da UFLA criam tomada inteligente
52ARTIGORonaldo Gusmão
ARTIGOAilton Ricaldoni Lobo,
36MERCADO DE TRABALHOCrise exige de engenheiros mais flexibilidade
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MESTRES DA ENGENHARIA Marcelo de Oliveira Marques
SAÚDE PÚBLICAEpidemia de dengue mobiliza empresas de Engenharia
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48JOVEM ENGENHEIRO Josué Coelho do Amaral Júnior
GRADUAÇÃOFuturo incerto para os profissionais no Brasil
56ARTIGO Licenciamento ambientalno setor elétrico
ENTREVISTAMateus de Moura LimaGomes, responsável pela área de P&D da CEMIG
14
54
40
50
6
NOTAS DO SETOR
ABM WEEK 2016
A cidade do Rio de Janeiro sediará novamente o maior
evento técnico-científico da América Latina nas áreas de
metalurgia, materiais e mineração, a ABM WEEK 2016
que acontecerá de 26 a 30 de setembro. Serão realiza-
dos, simultaneamente, o 71º Congresso Anual, o 53º Se-
minário de Laminação, o 47º Seminário de Aciaria, o 46º
Seminário de Redução, o 17º Simpósio de Minério de
Ferro, o 4º Simpósio de Aglomeração, o 35º Seminário
de Logística, o 37º Seminário de Balanços Energéticos, o
31º Encontro de Gases Industriais, o 20º Seminário de
Automação & TI, o 16º Enemet - Encontro Nacional de
Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas e
o 7º Seminário de Trefilação.
Com a presença de espe-
cialistas renomados do
Brasil e do mundo, a ABM
WEEK 2016 deve atrair
aproximadamente três mil
profissionais da indústria e
de empresas fornecedoras
de produtos e serviços
para o setor, além de aca-
dêmicos, pesquisadores e
estudantes.
Mais informações no site www.abmbrasil.com.br/abmweek2016
CONCRETO
O Instituto Brasileiro do Concreto –
IBRACON promove, de 11 a 14 de outu-
bro, em Belo Horizonte, o 58º Congresso
Brasileiro do Concreto, fórum nacional
de divulgação e debates sobre a tecnolo-
gia do concreto e seus sistemas constru-
tivos. O evento objetiva divulgar as
pesquisas científicas, tecnológicas e as
inovações sobre o concreto e as estru-
turas de concreto, em termos de mate-
riais e suas propriedades, gestão e
normalização, análise e projeto estrutu-
ral, métodos e sistemas construtivos,
controle tecnológico e sustentabilidade.
O evento é aberto aos profissionais em
geral do setor construtivo, tecnologistas
de concreto, projetistas de estruturas,
professores e estudantes de Engenharia
Civil, Arquitetura e Tecnologia, profissio-
nais técnicos de construtoras, empresas
de energia, fabricantes de equipamentos
e materiais para construção, laboratórios
de controle tecnológico, órgãos governa-
mentais e associações técnicas. Nas últi-
mas edições, o evento contou com a
participação de cerca de 1000 inscritos.
Mais informações no endereço eletrô-
nico www.ibracon.org.br.
IBAPE
A nova diretoria do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia (IBAPE) tomou posse, em 23 de fevereiro de 2016, para
um mandato de dois anos (2016 - 2017). O presidente eleito é o
engenheiro civil e eletricista, Frederico Correia Lima Coelho.
A vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Marita
Tavares, representou a SME na solenidade de posse. A solenidade
foi realizada no Plenário do CREA- MG e contou com a presença
de representantes de importantes entidades do setor de engenha-
ria e arquitetura e do presidente do Confea, José Tadeu da Silva.
Frederico Correia Lima Coelho, presidente;
Eng. Antemildo Batista de Andrade, vice‑presidente de Relações com o Mercado;
Eng. Elcio Avelar Maia, vice‑presidente de Comunicações;
Eng. Pedro Augusto Kruk, vice‑presidente Técnico;
Eng. Nelson Nady Nór Filho, vice‑presidente Administrativo e Financeiro;
Eng. Wilson Lang, vice‑presidente de Relações Institucionais.
Diretoria Executiva do IBAPE ‑ 2016
7
ISSN
A Revista Mineira de Engenharia (RME) recebeu do Instituto
Brasileiro de Informação Ciência e Tecnologia (Ibict) o ISSN
2447-813k (International Standard Serial Number), sigla em in-
glês para Número Internacional Normalizado para Publicações
Seriadas, que é o código aceito internacionalmente para indivi-
dualizar o título de uma publicação seriada.
Esse número se torna único e exclusivo do
título da publicação ao qual foi atribuído, e
seu uso é padronizado pela ISO 3297 (Inter-
national Standards Organization).
O uso do ISSN não é obrigatório, entretanto
como único identificador de padrão interna-
cional, confere vantagens ao editor uma vez
que ele possibilita rapidez, produtividade, qualidade e precisão
na identificação e controle da publicação seriada nas etapas
da cadeia produtiva editorial. A Rede ISSN (ISSN Network) é
uma organização intergovernamental representada por 88 cen-
tros nacionais e regionais, em todo o mundo. A Rede foi criada
em 1971, com o apoio da Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e implantada três
anos mais tarde para apoiar o controle bibliográfico mundial de
publicações seriadas, por meio de um código
único, o ISSN (International Standard Serial
Number). A Rede ISSN é coordenada pelo
Centro Internacional do ISSN, com sede em
Paris, e já possui, em todo o mundo, mais de
1 milhão de títulos de publicações seriadas
identificadas com esse código. Constitui a
mais completa e abrangente
fonte de informação sobre
publicações seriadas.
CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME
Lançado no Brasil um portal para profissionais dos setores elé-
trico e energético. Trata-se do Leonardo Energy, um projeto criado
na Europa e que chega ao Brasil com conteúdo gratuito sobre
economia sustentável por meio da eficiência energética. O projeto
foi criado, em 2001, pelo European Copper Institute - órgão que
promove o uso do cobre na Europa – e que se tornou ao longo
dos anos uma grande comunidade online sobre economia susten-
tável por meio da eficiência energética. O projeto chega ao Brasil
pelo Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre).
Por meio do site www.leonardo-energy.org.br, profissionais dos
setores elétricos e enérgico têm acesso a notícias, palestras, arti-
gos e webinars (seminários realizados online) realizados por pro-
fissionais sobre os seguintes assuntos: eficiência energética,
energias alternativas renováveis, gestão da energia, gestão de ativos
e segurança com a eletricidade e sustentabilidade. Mais informações no site www.procobre.org.
PORTAL
O Sistema Confea/Crea e Mútua em defesa da Engenharia e Agronomia Brasilei-
ras” é o tema central do 9º CNP (Congresso Nacional de Profissionais) que, em
2016, acontecerá em paralelo à 73ª Soea (Semana Oficial da Engenharia e da Agro-
nomia), em Foz do Iguaçu (PR), de 29 de agosto a 03 de setembro próximos deste
ano.
A vice-presidente da SME, Engª Virgínia Campos, participou, no último dia 26 de
fevereiro/16, no Confea, em Brasília (DF), do 5º Encontro de Líderes Represen-
tantes do Sistema Confea/Crea e Mútua. Durante o encontro, foi decidido que
os líderes deverão reforçar um movimento em prol da Engenharia, por meio da
conscientização da sociedade sobre o papel e a importância da profissão.
73ª SOEA
8
Desde a segunda quinzena de janeiro,
pesquisadores da UFMG estão em
campo com o intuito de conhecer a rea-
lidade de saneamento rural em todas as
regiões do país. Os dados qualitativos,
somados a informações do censo demo-
gráfico, vão ajudar a delinear o mapa sa-
nitário que servirá de base para a
elaboração do Programa Nacional de Sa-
neamento Rural (PNSR). Feito esse diag-
nóstico, será desenvolvida uma matriz
tecnológica que ofereça soluções para
atender a diferentes escalas e realidades
rurais, explica a coordenadora do traba-
lho, professora Sonaly Rezende, do De-
partamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental da Escola de Engenharia. Em-
bora a Organização das Nações Unidas
(ONU) defina como direito humano o
abastecimento de água e esgotamento
sanitário, apenas 32% dos domicílios ru-
rais brasileiros possuem redes de abas-
tecimento de água, e somente 5,2% têm
coleta de esgoto, de acordo com a Pes-
quisa Nacional por Amostra de Domicí-
lios (PNAD) de 2012. Com base no
censo de 2010, o Plansab traçou metas
de curto, médio e longo prazos para
todos os aspectos do saneamento do
País. Para o abastecimento de água con-
siderado atendimento adequado (per-
centual de domicílios urbanos e rurais
atendidos por redes de distribuição,
poço ou nascente com canalização in-
terna), o Plano prevê cobertura para
água e esgoto de 93% da população em
2018, 94% em 2023 e 98% em 2033. Em
2010, esse percentual de cobertura era
de 91%.
NOTAS DO SETOR
MAPA SANITÁRIO
O professor Marcos Pinotti Barbosa, do Departamento de
Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia, faleceu
em Moscou, capital da Rússia, em 21 de fevereiro/16.
Docente da UFMG desde 1999, Pinotti era uma das
principais referências da Universidade nas áreas de
empreendedorismo tecnológico e inovação. Pinotti
coordenava o Laboratório de Bioengenharia (Lab-
Bio), dedicado às áreas de Engenharia Cardiovas-
cular, Biofotônica, Tecnologia Assistiva, Biomimética,
Medicina Regenerativa e Biomecânica, e o Laborató-
rio de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (Lapan), espe-
cializado em neurociências, visão neural, processos de
cognição e tecnologia da informação aplicada a neurociên-
cias.
Marcos Pinotti formou-se em Engenharia Mecânica
pela Unicamp, em 1989. Na mesma universidade,
tornou-se mestre (1992) e doutor (1996) em
Engenharia Mecânica. Como professor da
UFMG, recebeu, em 2013, o Prêmio Fundep
– principal distinção conferida na Universi-
dade aos seus pesquisadores – na área de
Tecnologias. Recentemente, o professor
Marcos Pinotti vinha se dedicando à articu-
lação de parcerias científicas entre a UFMG e
instituições da Rússia. Pinotti era casado com
Evgeniya Shamis, fundadora e diretora da empresa
Sherpa S Pro, de Moscou, que presta consultoria ao go-
verno russo na área científica.
FALECIMENTO
Equipe da UFMG recolhe informaçõesem 11 estados para ajudar a delinear omapa sanitário brasileiro
Foto
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Os representantes da SME junto ao CREA-Minas tomaram posse na última semana de janeiro/16. São eles: Antônio Humberto Pereira
de Almeida, Arnaldo Rezende de Assis, Celso de Araújo Pinto Coelho, Cláudio Miranda Marins, Dilvar Oliva Salles, Flávio de Azevedo
Carvalho, Geraldo Magela Dolabela, Herzio Geraldo Bottrel Mansur, José Caldeirani Filho, Misael de Jesus dos Santos Sá e Werner
Cançado Rohlfs. Os conselheiros, pelas suas formações, compõem as Câmaras Especializadas, que são a primeira instância de julgamento
dos processos da regulação profissional e, em conjunto, constituem o Plenário do CREA-MG, a sua segunda e maior instância de jul-
gamento regional.
BANCADA
10
Problema de saúde pública nacional,
o Aedes aegypti não é uma novidade.
Provavelmente chegou ao Brasil com
os navios negreiros. Após o trabalho
de erradicação da febre amarela, no
início do século XX, o mosquito que
hoje transmite dengue, febre Chikun-
gunya e Zica vírus foi considerado eli-
minado durante a Era Vargas. Na
época, o País até recebeu o reconhe-
cimento de organismos internacio-
nais por essa conquista.
Mas a boa notícia durou pouco. Com
o processo de industrialização e a
falta de planejamento urbano das ci-
dades, nas décadas de 1940 e 1950,
surgiram novos criadouros para o
mosquito. Entre eles, pneus e ferros
velhos. Em 1967, o Aedes foi detec-
tado em Belém e, em 1974, infestou
Salvador. Anos mais tarde, espalhou-
se pelo País. A partir de 1986, a den-
gue ocorre de forma continuada,
todos os anos.
De lá para cá, são 30 anos de um pro-
blema que desafia o poder público, o
setor produtivo e a sociedade anual-
mente, durante a temporada das chu-
vas. No último dia 22 de fevereiro, a
presidente Dilma Roussef assinou
contrato para o desenvolvimento de
uma vacina contra dengue por meio
de parceria entre o Ministério da
Saúde e o Instituto Butantan, vincu-
lado ao governo do Estado de São
Paulo.
O contrato prevê aporte inicial de
R$ 100 milhões, nos próximos dois
anos, para financiar a terceira e última
fase de testes clínicos da vacina em
voluntários, para comprovar a eficá-
cia do imunizante.
Além desse produto, o Instituto já es-
tuda produzir uma vacina e um soro
para neutralizar a ação do vírus Zica,
o que demandará alguns anos de tra-
balho. Até lá, o grande vilão dessa his-
tória continua a ser o mosquito, que
já mostrou uma capacidade superior
de adaptação. Basta lembrar que uma
tampinha de garrafa com água parada
pode aumentar o número de casos
na estatística.
Mudança de conduta
As epidemias anuais de dengue tam-
bém afetam o setor produtivo, na
forma de absenteísmo (faltas, afasta-
mentos) e queda de produtividade.
Assim, organizações de diversos seg-
mentos também têm se engajado
nessa luta.
Na Construtora Patrimar, o trabalho
do engenheiro de Segurança Darci
Vieira é fundamental para a conscien-
tização dos funcionários dos cantei-
ros e da área administrativa sobre a
necessidade de combater o mos-
quito. “Começamos nossa campanha
em setembro de 2015, antes de co-
SAÚDE PÚBLICA
Luciana Sampaio Moreira
Epidemia de dengue mobiliza empresas de Engenharia da capital mineira
meçar o período de chuvas. A pro-
gramação do Diálogo Diário de Se-
gurança (DDS), que acontece todas
as manhãs, reserva um dia da semana
para abordar o tema”, comenta.
Para dar maior peso às informações,
a empresa convida técnicos e espe-
cialistas para falar a respeito da ne-
cessidade de eliminar focos de
reprodução do Aedes aegypti, com
distribuição de material impresso que
os 800 funcionários – entre diretos e
terceirizados – levam para casa.
Nas obras, a recomendação é clara.
Limpeza das instalações, organização
dos materiais, controle do uso do
copo descartável e de latas, são alguns
dos cuidados que são observados dia-
riamente. “Nos projetos onde temos
pontos de água, usamos água sanitária.
Há obras em que o gasto chega a 200
litros do produto”, destaca. Quem
monitora essas práticas são os chefes
de Segurança, que ficam nos canteiros.
Neste ano, o pessoal do Administra-
tivo também será incluído na campa-
nha. Uma cartilha foi especialmente
confeccionada e distribuída aos em-
pregados que trabalham no escritó-
rio, durante o Dia Interno de
Combate a Dengue. Realizado no dia
29 de fevereiro, o evento levou espe-
cialistas para conversar com os fun-
cionários.
Segundo o engenheiro, a Patrimar
tem observado que geralmente, os
casos de contaminação acontecem
fora do local de trabalho. “Temos
feito um trabalho que tem um al-
cance muito grande, já que extrapola
os muros da empresa e chega à casa
de todos os empregados”, afirma.
Esse movimento, segundo Darci Vieira, é
o resultado de uma valorização cres-
cente das áreas de Segurança e Saúde
do Trabalho. Com 26 anos de carreira,
das quais 15 como técnico e 11 como
engenheiro do Trabalho, ele constata
que atualmente, esse cuidado trans-
cende o uso dos equipamentos de pro-
teção individual (EPI) durante a jornada
diária.
Darci Vieira,
engenheiro de
Segurança da
Construtora
Patrimar
As epidemias anuais de dengue tam‑bém afetam o setor produtivo, naforma de absenteísmo (faltas, afasta‑mentos) e queda de produtividade.Assim, organizações de diversos seg‑mentos também têm se engajadonessa luta.
12
“A Patrimar entende que o bom estado de saúde do
empregado é fundamental para que ele não tenha faltas,
períodos de afastamento ou apresente atestados médi-
cos”, argumenta. Anualmente, a programação da Semana
Interna de Prevenção a Acidentes de Trabalho (Sipat),
aborda temas relacionados ao controle da glicose, pres-
são arterial, acuidade visual e problemas cardíacos, que
podem interferir diretamente na capacidade produtiva
do empregado.
O resultado já apareceu. Segundo o engenheiro, em 12
anos, o número de afastamentos caiu consideravel-
mente. Da mesma forma, a rotatividade também ficou
menor. “Hoje temos pessoas com 20 anos de empresa,
o que é raro no setor”, considera.
Na MRV Engenharia, as ações de combate ao Aedes ae-
gypti acontecem em todas as obras, instaladas em mais
de 130 cidades de 19 Estados e Distrito Federal. Se-
gundo o gestor executivo de Segurança, Saúde e Meio
Ambiente da MRV Engenharia, José Luiz Esteves da Fon-
seca, a empresa promoveu uma série de mudanças no
armazenamento de materiais para impedir o acúmulo
de água. Paralelamente, a empresa realiza vistorias pe-
riódicas nos canteiros.
Diariamente, os trabalhadores são orientados a identi-
ficar focos do mosquito no local de trabalho e em casa.
“Desde o final de 2015, as ações de prevenção foram
intensificadas pela companhia e também foram incluídos
cartazes informativos e mutirões de limpeza para eli-
minação dos focos. Temos consciência que o canteiro
de obra é um grande local aberto que, se não cuidado,
pode servir de criadouro para o mosquito. Essa é uma
das prioridades da companhia neste momento em que
a epidemia se alastra rapidamente pelo País”, aponta.
A área de 2.190 metros quadrados da A Geradora, ins-
talada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH) é constantemente vistoriada pela
técnica de Segurança e estudante de Engenharia Am-
biental, Marcely Souza. A empresa atua no segmento de
locação de equipamentos como geradores de energia,
torres de iluminação e compressores de ar e climatiza-
ção para segmentos como indústria, construção, infra-
estrutura, mineração, petróleo e gás e, ainda
entretenimento.
“Os 45 colaboradores da unidade estão mobilizados
para essa questão de controlar a reprodução do mos-
quito Aedes aegypti. Temos feito mutirões semanais
para identificar locais de risco com acúmulo de agua e
abordamos o tema nas reuniões diárias de segurança,
o que aumenta a eficácia das ações já implementadas
dentro da empresa”, explica.
A segunda parte do trabalho é atingir o círculo de re-
lacionamentos dos empregados, para que as medidas
adotadas sejam multiplicadas nas residências. O resul-
tado tem sido positivo, com apenas um caso de dengue
registrado. “Quando o colaborador retornou, compar-
tilhou com a equipe a sua experiência”, ressalta.
SAÚDE PÚBLICA
José Luiz Esteves daFonseca, gestorexecutivo de Segurança, Saúde e Meio Ambienteda MRV Engenharia
Marcely Souza, técnica de Segurançae estudante de Engenharia Ambiental
13
Braço social do Sindicato da Indústria da ConstruçãoCivil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon‑MG), o Ser‑viço Social da Indústria da Construção Civil no Estado deMinas Gerais (Seconci‑MG) iniciou o seu projeto decombate a dengue em 1997. As primeiras iniciativas,já naquele ano, foram parte de um programa deconscientização dos trabalhadores e seus familiares.
Atendimentos médicos, cursos e palestras técnicos ofe‑recidos na sede da entidade são um viés dessa iniciativa.Paralelamente, as visitas dos técnicos aos canteiros deobras também é uma oportunidade para levar mais in‑formações sobre o Aedes aegypti e as doenças que elecausa. “Não paramos desde então, mesmo porque, adengue também não parou”, afirma a supervisora doDepartamento de Serviço Social do Seconci‑MG, SylviaHelena Costa.
O pacto nacional contra a dengue, criado em 2009, for‑taleceu ainda mais a participação da entidade que temse unido a órgãos públicos como a Secretaria Munici‑pal de Saúde de Belo Horizonte para a produção dematerial informativo e promoção de eventos nos can‑
teiros. Outra iniciativa é a distribuição gratuita de umarevista do cartunista Celton, intitulada “O caso da ruaque não tinha dengue”.
Na luta para erradicar o mosquito vale tudo. Em quasesete anos de atividades, o Seconci‑MG promoveu 9.600visitas preventivas a canteiros de obras de Belo Hori‑zonte e Região Metropolitana (RMBH), para um pú‑blico de 319.987 trabalhadores, até janeiro de 2016.Nesse período foram realizadas 1602 palestras, assis‑tidas por 28.551 pessoas.
O movimento das construtoras em buscar palestrassobre o tema é espontâneo. O Seconci‑MG também atuajunto ao Mobiliza SUS, que dispõe de uma equipe de téc‑nicos de mobilização social capacitada para falar sobreessas questões. “Temos estimulado as empresas a ado‑tar a linguagem do teatro para reforçar as orientaçõesteórica, para passar o recado de forma lúdica”, afirma.
Com isso, o número de casos de dengue tem caído. Se‑gundo a gestora, tanto no atendimento médico quantonas obras, as notificações estão em queda.
Seconci‑MG também intensifica ações de conscientização
Sylvia Helena Costa, supervisora doDepartamento de Serviço Social do Seconci‑MG
14
ENTREVISTA ‒ MATEUS DE MOURA LIMA GOMES
Graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(PUC Minas), em 2005, mestre em Direito Público, especialista
em Direito Administrativo e aluno de pós‑graduação em
Direito Tributário, ele exerceu o cargo de procurador‑geral da
Câmara Municipal de Belo Horizonte, entre 2012 e 2013.
Agora, entre outras atribuições, também, é o principal
responsável pelo bom andamento da área de P&D da CEMIG,
um desafio distinto da sua carreira de origem, mas a prova
incontestável de que, em se tratando de Energia, não há como
desconsiderar a inovação, como parte do negócio.
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“Assim como pessoas, mercado e finanças, a tecnologia constitui um dos
pilares de sustentação da estratégia de qualquer negócio, sendo, cada
vez mais, fator de competitividade e otimização de resultados empre‑
sariais”. É assim que o advogado e vice‑presidente da Companhia
Energética de Minas Gerais (CEMIG), Mateus de Moura Lima Gomes,
define a área de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da empresa.
CEMIG mantém investimentos na área de P&D
Quais os principais projetos de P&D da CEMIG?
O Grupo CEMIG é líder no Brasil em investimentos em
pesquisa e desenvolvimento em geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica, sendo responsável por
13% do total do setor no Brasil, mas investe também em
outros setores. Dessa forma, atuamos em diversos seg-
mentos e desenvolvemos projetos de P&D em várias
áreas, quase sempre com a participação dos principais
centros de pesquisa, universidades e empresas do País.
O portfólio atual de projetos é muito diverso e procura
atingir todos os negócios da companhia. Visando dar mais
clareza e objetividade ao processo de planejamento es-
tratégico de tecnologia, o programa foi subdividido em 12
grandes temas tecnológicos, onde os projetos e demandas
são especificados, priorizados e selecionados, com o ob-
jetivo de trazer os melhores resultados para a empresa.
Na área de Sistemas Elétricos de Potência, podemos des-
tacar o projeto de revitalização e repotencialização de
transformadores de potência e desenvolvimento de trans-
formadores de corrente a óleo vegetal, que teve início em
2009, com término no ano passado. Foi confeccionado um
lote pioneiro de três transformadores instalados em su-
bestações da CEMIG, com ganhos de potência, assim
como trazendo menos riscos ao meio ambiente.
Os temas são Fontes Alternativas; Meio Ambiente; Medi-
ção, Faturamento e Perdas Comerciais; Manutenção do
Sistema Elétrico; Novas Configurações e Topologias de
Linhas de Transmissão, Distribuição e Subestações; Ope-
ração do Sistema Elétrico; Novos Equipamentos e Mate-
riais; Planejamento Elétrico e Energético da Expansão;
Supervisão, Controle e Automação; Segurança Patrimonial
e Pessoal; Gestão de Bacias, Reservatórios e Planeja-
mento Energético e Gestão Empresarial, Mercado, Aten-
dimento a Clientes, Regulação e Mercado.
ENTREVISTA | MATEUS DE MOURA LIMA GOMES
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Ao mesmo tempo, são desenvolvidos, em parcerias com
outras concessionárias, os projetos estratégicos, cujos
temas são definidos pela Aneel pela sua relevância para
setor elétrico, atendem às necessidades de várias conces-
sionárias, e na reformulação das políticas setoriais de ener-
gia elétrica. Há ainda parcerias com outros agentes em
projetos chamados cooperados, cujos resultados são com-
partilhados pelas empresas envolvidas.
Os investimentos nessa área têm aumentado?Por que?
Desde a criação do Programa de P&D Aneel, os investi-
mentos em pesquisa e desenvolvimento tendem sempre
a aumentar, ano a ano, já que, geralmente, estão atrelados
com a receita operacional líquida (ROL) das empresas.
Além dos valores vinculados a ROL, a CEMIG ainda in-
veste montantes relevantes em outros projetos de inova-
ção e que também contribuem para o desenvolvimento
de seus processos e serviços junto à sociedade.
Neste primeiro ano de trabalho (2015‑2016), houvemudanças na área de P&D da CEMIG? Quais?
O setor de P&D na CEMIG foi estruturado em 1999,
numa parceria com Fundação Instituto de Administração
da Faculdade de Economia e Administração da Universi-
dade de São Paulo (FIA/FEA/USP) e, desde então, vem so-
frendo adaptações uma vez que o mercado e o setor
elétrico estão em constante evolução. A última atualização
significativa ocorreu, no período de 2004 a 2007, por meio
de uma parceria entre a CEMIG, PUC Minas, FDC e Uni-
camp, envolvendo capacitação, consultoria nas diversas
áreas do setor. Dessa forma, o núcleo da Gestão, seus con-
ceitos e valores, são sempre mantidos.
O que significa, para a CEMIG, esse setor?
Assim como, pessoas, mercado e finanças, a tecnologia
constitui um dos pilares de sustentação da estratégia de
qualquer negócio, sendo, cada vez mais, fator de competi-
tividade e de otimização de resultados empresariais.
A CEMIG sempre considerou a tecnologia como in-
sumo básico e estratégico. Gostaria de destacar que,
nos Programas Anuais de P&D, buscamos atender às
principais demandas tecnológicas das empresas do
Grupo CEMIG, identificadas através dos processos de
Planejamento Estratégico Empresarial, sendo os proje-
tos avaliados e priorizados conforme metodologia de
Gestão Estratégica de Tecnologia e mediante compro-
vação de viabilidade técnico-econômica.
Com essa metodologia, busca-se uma maior integração
entre as equipes, evita-se duplicidades e otimiza-se os
recursos disponíveis para a melhoria de produtos e
processos. Como consequência, a empresa assegura a
utilização das tecnologias mais adequadas aos seus pro-
cessos e respostas ágeis às alterações de cenários.
O setor de P&D tem, como premissas básicas, o de-
senvolvimento tecnológico e a capacitação da CEMIG
e de seus parceiros, aumento da segurança, redução de
custos e melhorias operacionais, introdução de inova-
ções no mercado, incremento da participação das fon-
tes alternativas de energia na matriz energética,
preservação do meio ambiente e responsabilidade so-
cial, com foco na maximização de benefícios para
todos, tanto para a CEMIG como para seus parceiros
e a sociedade.
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Quais projetos desenvolvidos no último ano? E sejá foram incorporados à rotina dos negócios?
Os projetos de P&D são, em sua maioria, plurianuais,
tendo uma duração, em média, de três anos na CEMIG,
embora tenhamos projetos com duração de cinco anos.
Projetos implantados, em 2015, foram iniciados em anos
anteriores e estão produzindo resultados significativos
nesse ano. Podemos citar como destaque o de “Revitali-
zação e repotencialização de transformadores de potência
e desenvolvimento de TCs a óleo vegetal”, já citado, e que
desenvolveu transformadores com monitoramento online
e transformadores de corrente, utilizando óleo vegetal
não tóxico e ponto de fulgor acima dos demais, além de
papel isolante a base de aramida, uma fibra sintética com
alta resistência e baixo peso é conhecida no mercado com
o nome comercial de kevlar. Dentre os ganhos ambientais,
sociais, pode-se considerar os advindos da substituição do
óleo sintético pelo bio-óleo.
Outro destaque é o “Desenvolvimento de sistema inte-
grado para supervisão e orientação à operação remota
segura de usinas hidrelétricas”. O projeto produziu pro-
tótipos que foram instalados nas Usinas Emborcação e Sá
Carvalho, ambas da CEMIG, e teve como objetivo conver-
ter dados de processo e de monitoramento de vibração
do conjunto turbina-gerador em informações acionáveis
em tempo hábil para auxílio à tomada de decisão. O sis-
tema desenvolvido apresenta uma interface amigável dis-
ponível em todos os níveis hierárquicos da empresa para
compartilhamento de informação em tempo real contri-
buindo para o desenvolvimento estratégico de inteligência
do negócio. Este conhecimento permitirá a diminuição do
risco do gerenciamento do empreendimento com conse-
quente redução de custo e aumento de faturamento.
Como é composta a equipe de profissionais dosetor? Quantos engenheiros atualmente?
Para o desenvolvimento das atividades o setor dispõe de
sete profissionais do quadro próprio, sendo três engenhei-
ros, dois analistas com formação superior e dois técnicos,
além de um engenheiro contratado, bem como dois téc-
nicos, e de um escritório responsável por analisar toda a
documentação e prestação de contas dos projetos de
P&D.
Por outro lado, os projetos de pesquisa e desenvolvimento
são conduzidos pelas diversas áreas do negócio da CEMIG
para cada projeto em execução, há sempre uma equipe in-
terna composta de, pelo menos, um gerente de projeto e
um profissional de apoio administrativo. Em 2015, foram
60 profissionais, das diversas áreas do negócio, envolvidos
em projetos de P&D, dos quais 40 deles são engenheiros.
O modelo de Gestão Estratégica de Tecnologia (GET) es-
tabelece que as políticas, diretrizes, normas, procedimen-
tos e processos sejam propostos e conduzidos pelo setor
de P&D e Inovação, subordinado à Vice-Presidência.
“
“
A CEMIG sempre considerou a tecnologia como in‑
sumo básico e estratégico. Gostaria de destacar que,
nos Programas Anuais de P&D, buscamos atender às
principais demandas tecnológicas das empresas do
Grupo CEMIG, identificadas através dos processos de
Planejamento Estratégico Empresarial, sendo os proje‑
tos avaliados e priorizados conforme metodologia
de Gestão Estratégica de Tecnologia e mediante
comprovação de viabilidade técnico‑econômica.
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Como a Engenharia pode contribuir para a inova‑ção no setor elétrico? Há algum case de sucessoque gostaria de relatar?
No desenvolvimento de projetos, sempre há a participa-
ção das diversas áreas da CEMIG, dependendo do projeto
a ser desenvolvido. Como os projetos na sua maioria
estão ligados às áreas técnicas, a participação da área de
engenharia da CEMIG é sempre solicitada e, inclusive, vá-
rios engenheiros obtiveram títulos de mestrado e douto-
rando no desenvolvimento desses projetos.
Há projetos sobre as energias alternativas? Quais?
Dentro do tema Fontes Alternativas estamos atual-
mente com pelo menos dez projetos em andamento.
As principais linhas de pesquisa dessa área são: coge-
ração, energia da biomassa (resíduos), energia solar,
energia eólica, com destaque para o projeto Desenvol-
vimento de um Sistema para o Cálculo do Potencial de
Geração de Energia através de Biomassa no Estado de
Minas Gerais que produzirá o Atlas de Biomassa para
o Estado de Minas Gerais.
A CEMIG tem uma tradição nesse sentido. Comoestão esses projetos? Há alguma novidade?
A CEMIG historicamente buscou se posicionar na van-
guarda tecnológica do setor elétrico brasileiro, indo
sempre além das obrigações impostas pela legislação, no
que tange ao desenvolvimento e aplicação de tecnologia.
A CEMIG foi a primeira concessionária brasileira a ins-
talar uma usina eólica conectada ao sistema elétrico in-
tegrado, a Usina Eólio-Elétrica Experimental Morro do
Camelinho, em 1994.
Atualmente temos vários projetos em andamento con-
forme os respectivos planos de trabalho e os resultados
até o momento, de maneira geral, se mostram promisso-
res no levantamento de questões e informações para o
subsidio ao posicionamento da CEMIG em relação ao
tema e as linhas de pesquisa. A grande expectativa, prin-
cipalmente devido aos incentivos regulatórios, encontra-
se sobre os projetos de geração distribuída através de
energia solar fotovoltaica.
A novidade é a divulgação, este ano, do resultado do
Edital de Captação de Projetos CEMIG/FAPEMIG
014/2014, com a seleção de projetos associados a
geração distribuída e a fontes alternativas, que a par-
tir deste ano serão contratados para execução. Os
projetos são de análise da viabilidade da energia fo-
tovoltaica no Brasil, em face do marco regulatório
da geração distribuída no setor elétrico, e de gera-
ção de eletricidade descentralizada, a partir dos
gases residuais da carbonização.
ENTREVISTA | MATEUS DE MOURA LIMA GOMES
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Ter um setor de P&D já consolidado ‑ como é o casoda CEMIG ‑ é um diferencial para a empresa no seusegmento de atuação? Por que?
Sim, porque o setor coordena as ações referentes ao desen-
volvimento tecnológico na Empresa, buscando sinergias e evi-
tando que as diversas áreas desenvolvam os mesmos projetos,
minimizando os gastos com P&D e maximizando os resulta-
dos obtidos. Além disso, ciente do relevante papel que desem-
penha no desenvolvimento do mercado onde atua e da
importância das parcerias e intercâmbios, o setor de P&D da
CEMIG busca incrementar ações envolvendo universidades,
centros de pesquisa e empresas interessados em promover
e participar do desenvolvimento e da consolidação da exce-
lência tecnológica em Minas Gerais.
Acreditamos que o estabelecimento de parcerias internas
e externas é de grande relevância para o desenvolvimento
dos processos tecnológicos, a racionalização dos esforços,
a ampliação da base de conhecimento e fixação de com-
petência dentro e fora da Empresa.
Há algum projeto de cooperação com outras enti‑dades/centros de ensino ou organizações multina‑cionais? Quais?
Quase a totalidade de nossos projetos tem parceria com
centros de pesquisas, universidades e até mesmo empre-
sas privadas. Não é raro termos a participação de três
atores – universidade ou centro de pesquisa, empresa e
entidade pública – no mesmo projeto, principalmente na-
queles projetos que atendem a toda cadeia de inovação.
Qual a sua expectativa para essa área, nos próxi‑mos anos?
Atualmente, o setor elétrico está passando por um mo-
mento de ruptura, a exemplo do que já ocorreu no setor
de telecomunicações. Cada vez mais será necessário iden-
tificar ameaças e oportunidades e reagir de forma proativa
a essas demandas. Nessa perspectiva, o objetivo principal
para os próximos anos é buscar atender ao Grupo
CEMIG de forma integrada, combinando sinergias e opor-
tunidades entre as diversas competências, conhecimentos
e capacidades disponíveis nesse ecossistema.
Há vagas para engenheiros? Qual o perfil de profis‑sional que a CEMIG procura para a área de P&D?
Sim. O setor de P&D da CEMIG perdeu alguns profissionais
recentemente, por desligamento da empresa para outras em-
presas, aposentadoria ou mudança para outras áreas dentro
da própria empresa. O candidato deve apresentar algumas
competências e habilidades como raciocínio lógico, prati-
cidade e objetividade, criatividade, habilidade de comuni-
cação, capacidade de trabalho em equipe, disponibilidade
para compartilhar conhecimentos, bom relacionamento
com as pessoas, liderança e ser capaz de gerenciar crises,
de resolução de problemas e de tomada de decisões, além
de um bom conhecimento técnico em diversas áreas.
20
CAPACITAÇÃO
O Movimento Empresa Júnior (MEJ) surgiu com o
intuito de preencher uma lacuna na formação aca-
dêmica em grande parte das universidades: falta de
experiência profissional dos alunos recém-forma-
dos. As empresas juniores têm transformado uni-
versitários em empreendedores, promovendo uma
vivência de mercado e gestão para alunos de gra-
duação. Essas organizações vêm tomando espaço
nas Instituições de Ensino Superior (IES) no País.
Hoje, são cerca de 300 unidades compostas por
mais de 11 mil alunos, realizando um volume de 2,5
mil projetos por ano para o mercado.
O Estado de Minas Gerais é destaque no Movimento,
que está presente em mais de 40 países. Com expres-
siva extensão territorial e uma ampla distribuição de
instituições de ensino, Minas Gerais detém a maior Fe-
deração de Empresas Juniores do mundo, com quase 60
associadas das mais diversas áreas de conhecimento
que realizam projetos para os mais variados nichos de
mercado. Com tamanha representatividade no Estado,
o MEJ conta com o apoio de entidades importantes,
principalmente dentro da engenharia, já que 35% das
empresas juniores são formadas por estudantes da
área.
Uma das universidades mais relevantes no cenário aca-
dêmico nacional, a Universidade Federal de Minas Gerais
- UFMG, tem se mostrado aberta à inovação, com desta-
que para a Escola de Engenharia que apoia o Movimento
Empresa Júnior há cerca de 20 anos. Nesse ecossistema,
surgiu a Consultoria e Projetos Elétricos Júnior (CPE),
em 1997, iniciativa pioneira de alunos da Engenharia Elé-
trica. Posteriormente, foi integrada pelas Engenharias de
Controle e Automação e de Sistemas.
O papel da Empresa Júnior na formação do engenheiro
Lucas Costa Pinto Fiuza e Marcelo Dionisio Ferreira
21
Marcelo Dionisio Ferreira
Lucas Costa Pinto Fiuza
Desde sua fundação, a maior preocupação da CPE sempre
foi a formação de profissionais diferenciados, engenheiros
completos, que aliem o conhecimento técnico às habili-
dades do ramo empresarial, e que com experiência cor-
porativa, sejam capazes de orientar os seus trabalhos à
resolução de problemas da sociedade, contribuindo para
a construção de um mundo melhor pela engenharia.
A CPE tem alguns compromissos que guiam a nossa jor-
nada: as pessoas que aqui trabalham, a universidade que é
o nosso berço, a sociedade que é onde estão os nossos
clientes e o desenvolvimento da engenharia em Minas Ge-
rais. A formação de profissionais completos e comprome-
tidos com a sua função é uma das nossas diretrizes.
Procuramos sempre ser um marco na vida dos alunos que
aqui trabalham, proporcionando aprendizados que serão
úteis tanto para a vida pessoal quanto para sua carreira.
Gerenciar e executar projetos de engenharia fazem parte
do nosso dia a dia. Projetos de instalações elétricas, ele-
trônica, eficiência energética, tecnologia da informação e
automação residencial, nos movem na busca por conheci-
mento e experiência para resolver problemas dos nossos
clientes. Contamos com o apoio dos professores na rea-
lização de projetos, o que garante a excelência dos nossos
serviços e, ainda, permite o aprendizado em conjunto com
os discentes.
Outra grande preocupação da CPE é sempre ser a me-
lhor opção para os nossos clientes. Procuramos man-
ter os nossos preços abaixo dos valores do mercado,
a fim de contribuir com o desenvolvimento de negó-
cios de micro e pequenos empreendedores, além de
pessoas físicas que nem sempre podem arcar com os
custos normais de um projeto. O trabalho dentro do
Movimento Empresa Júnior não é remunerado, isso nos
permite uma maior flexibilidade nos negócios e reforça
a nossa razão de existir: maximizar o nosso aprendi-
zado enquanto engenheiros.
Empresas Juniores são iniciativas essenciais para o en-
sino no Brasil. O crescimento recente e o apoio de
grandes empresas ao Movimento reforçam a necessi-
dade de uma formação acadêmica orientada para a re-
soluções de problemas para a sociedade. É notável a
grande contribuição que essa experiência tem propor-
cionado no desenvolvimento pessoal dos jovens em
todo o País. Acreditamos que é preciso empreender as
mudanças que consideramos necessárias, pois, certa-
mente, a engenharia tem um papel essencial na cons-
trução de um Brasil melhor.
Lucas Costa Pinto Fiuza, Presidente CPEMarcelo Dionisio Ferreira, Presidente do ConselhoAdministrativo CPE
22
ENGENHEIRO DO ANO
Engenheiros, lideranças empresariais
de diversos setores econômicos, em-
presários e gestores públicos muni-
cipais e estaduais, amigos e familiares
marcaram presença na cerimônia de
outorga da Medalha Engenheiro do
Ano 2015. O evento foi realizado no
dia 11 de dezembro, no auditório do
Sindicato da Indústria da Construção
Pesada no Estado de Minas Gerais
(SICEPOT-MG,) para homenagear o
engenheiro eletricista graduado pela
Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (PUCMinas), ex-vice
presidente da Sociedade Mineira de
Engenheiros (SME), em 1993 e 1996,
e entre 2002 e 2006, membro do
Conselho Deliberativo da entidade,
entre 2006 e 2011, empresário de su-
cesso e presidente da Federação das
Indústrias do Estado de Minas Gerais
(FIEMG), Olavo Machado Junior.
O presidente da SME, Augusto Celso
Franco Drummond, abriu a cerimô-
nia e lembrou o “elevado espírito
classista” do homenageado. “À frente
da FIEMG, Olavo Machado Junior tem
reafirmado o seu compromisso pes-
soal com a Engenharia e com os en-
genheiros mineiros”, afirmou. A
Federação criou projetos como o Fu-
turos Engenheiros, para capacitar os
profissionais para as demandas da in-
dústria. Ele também lembrou a par-
ceria bem-sucedida com a SME para
a realização do Prêmio de Ciência,
Tecnologia e Inovação de 2015, e
confirmou a continuidade dessa ini-
ciativa para este ano.
O presidente do SICEPOT-MG, Emir
Cadar Filho, falou da alegria de rece-
ber engenheiros na sede do Sindi-
cato. “Esta é uma casa que está
sempre aberta para a Engenharia.
Essa noite vai ficar na nossa história,
pela homenagem merecida ao Olavo
Machado Junior que trabalha, incan-
savelmente, para engrandecer a ativi-
dade”, destacou.
O chanceler da Medalha “Engenheiro do
Ano 2015” foi o engenheiro e ex-presi-
dente da SME, entre 2005 e 2011, Márcio
Damazio Trindade. Em seu discurso, ele
lembrou a grandeza da Engenharia como
ciência geradora de progresso. “Acom-
panhei a trajetória profissional de Olavo
Machado Junior desde o início da car-
reira, como cidadão, líder empresarial e
engenheiro que tem se posicionado no
olho do furacão das questões relaciona-
das ao desenvolvimento nacional por
meio do associativismo”, enfatizou.
Trindade também enfatizou a traje-
tória de Olavo Machado Junior à
frente da FIEMG por dois mandatos.
“A responsabilidade da escolha que
se transfere neste ato ao escolhido,
face aos louros que vem colhendo e,
também, espalhando na sua intensa
mobilidade ao longo da carreira en-
cetada e que desponta na constela-
ção de legítimos profissionais que
nosso Estado continuamente pro-
porciona ao País, o ilustre amigo
Olavo Machado Jr”, declarou.
Cerimônia que comemorou o Dia do Engenheiro foi muito concorridaLuciana Sampaio Moreira
23
Homem de negócios, considerado a
maior liderança empresarial de Minas
Gerais, o homenageado da noite não
escondeu a emoção por receber o
Título e a Medalha Engenheiro Ano
2015, ao lado de sua mãe, Dona Te-
rezinha. Receber esse tí-
tulo foi uma surpresa
muito grata. Foi o maior
que recebi e vou levá-lo
por toda a vida", declarou.
Ele lembrou o exemplo do
pai, que apontou os cami-
nhos para que ele se dedi-
casse a uma carreira que
gera incontáveis oportuni-
dades de mudanças.
“Agradeço também a
minha mulher, Terezinha, pela com-
preensão e aos meus filhos que assu-
miram a empresa enquanto eu me
dedico à FIEMG. Dá trabalho, mas
vale a pena”, disse.
Segundo ele, a Engenharia promove
inovação, agrega valor aos produtos
e gera empregos de qualidade, por
isso é fundamental para decisões
sobre o futuro do País. “Não pode-
mos permitir que a Engenharia seja
colocada no banco dos réus como
está acontecendo hoje”, afirmou.
Representando o governador
Fernando Pimentel, o secretário
de Estado de Desenvolvimento
Econômico e engenheiro, Alta-
mir Rôso Filho, destacou a inter-
locução honesta, franca e
transparente de Olavo Machado
Junior com o governo do Estado
para a valorização da indústria.
“Não existe indústria forte sem En-
genharia”, frisou.
Uma das muitas surpresas da noite
foi a presença do presidente da Con-
federação Nacional da In-
dústria (CNI), Robson
Braga de Andrade. “Essa é
uma bela e justa homena-
gem. Conheci Olavo Ma-
chado Junior, em 1974,
durante uma licitação na
Imprensa Oficial e tive-
mos ódio um do outro.
Mas depois disso, tivemos
a oportunidade de traba-
lhar juntos e nos torna-
mos parceiros, sócios e
amigos”, comentou.
E completou dizendo que Olavo Ma-
chado Junior está sempre disponível e
pronto a escutar e participar dos pro-
jetos que têm como objetivo fazer um
País melhor, onde a indústria seja o prin-
cipal ator dos processos de mudanças.
A solenidade foi bastante prestigiada em homenagem ao presidente do Sistema FIEMG, Olavo Machado Junior.
24
José da Costa CarvalhoNeto, presidente daEletrobras
Homenagem acima de
tudo justa a um profissio-
nal que se destaca pelo seu
conhecimento de enge-
nharia, gerencial, conduta e
apoio à causa da Engenha-
ria e da indústria mineira e
brasileira.Figura humana
extraordinária, mais que os
parabéns a ele, temos que
parabenizar a Engenharia
por ter um representante
como ele.
João Marcelo de AraújoMachado, filho do ho‑menageado
Falar dele é fácil e difícil.
Fácil porque ele é uma
pessoa fantástica, maravi-
lhosa, com muitas qualida-
des, e muito competente.
Difícil falar do pai da gente
porque dá aquele nó na
garganta.
Romeu Scariolli, presi‑dente do Conselho deEducação da FIEMG
O Olavo é um engenheiro
que consegue exercer a En-
genharia na sua plena concep-
ção de ciência e arte. Ciência
no purismo da Engenharia,
mas arte na construção de
obras extraordinária de re-
lacionamento humano. Ele
constrói pontes, apesar de
qualquer obstáculo. Pessoa
extremamente generosa
que faz da Engenharia um
instrumento para servir e
construir uma sociedade
mais humana.
Tarcísio Caixeta, verea‑dor da Cidade de BeloHorizonte
O Olavo é uma das mais
importantes lideranças
da Engenharia minera. A
frente da FIEMG, tem
realizado um trabalho
muito bom em defesa da
atividade e da indústria
do Estado. A SME foi ex-
tremamente feliz em es-
colhê-lo.
Ronaldo Gusmão, pre‑sidente do IETEC
Presente para a Engenha-
ria, ele sempre batalhou
pela Engenharia. Olavo é
um profissional que honra
a nossa carreira. Exemplo
de um homem que aplica a
teoria que aprendeu na
prática para fazer coisas
úteis para a sociedade, me-
lhorar a qualidade de vida,
com inovação e tecnologia,
para a população.
Teodomiro Diniz Ca‑margos, presidente daCâmara da Indústria daConstrução da FIEMG
Mais que merecida e justa.
Olavo congrega tudo o
que um bom engenheiro
tem. Homenageado pelo
líder que é e pela facilidade
de congregar pessoas e
projetos. A segunda ges-
tão foi por aclamação de
100% dos participantes.
Ele lidera com simplici-
dade, objetividade e com-
petência.
Murilo Valadares, se‑cretário de Estado deTransportes e ObrasPúblicas do Estado deMinas Gerais
Merecida homenagem da
Engenharia, para os enge-
nheiros. O Brasil precisa
de engenheiros, de tecno-
logia, precisa de construir,
trabalhar, investir e o
Olavo representa tudo
isso.
Agnaldo Diniz, presi‑dente do Conselho deAdministração da Com‑panhia de Fiação e Teci‑dos Cedro e Cachoeira
No momento atual, em
que o Brasil vive uma situa-
ção adversa, o reconheci-
mento de um profissional
como o Olavo faz com que
a gente acredite em dias
melhores, a partir do reco-
nhecimento do mérito de
quem merece.
ENGENHEIRO DO ANO
26
Emir Cadar Filho, Edson Durão Judice, Olavo Machado e Murilo Valadares
Augusto Drummond, MaritaTavares e Olavo Machado
Olavo Machado, Teia Machado, Suzanne Drummond e Augusto Drummond
Luiz Custódio Martins, Djalma Morais, Augusto Drummond e Ailton Ricaldoni
Olavo Machado comemora o Título e a Medalha Engenheiro do Ano ao lado de sua mãe, Dona Terezinha, autoridades e dirigentes empresariais.
Roberto Simões, Olavo Machado, Bruno Falcie Augusto Drummond
ENGENHEIRO DO ANO
Olavo Machado Junior homenageado com o Título e a Medalha Engenheiro do Ano de 2015
SME
27
Werner Rohlfs, Ailton Ricaldoni, Augusto Drummond, Olavo Machado, José Ciro Mota e Dilvar Oliva Salles
José da Costa, Alexandre Bueno, Olavo Machado e Flávio Campos
Olavo Machado e Edson Durão Judice, Engenheiro do Ano de 2014
Jobson Andrade, Olavo Machado e Augusto Drummond
Familiares comemoram com Olavo Machado Junior oTítulo e a Medalha Engenheiro do Ano 2015
A solenidade teve a participação de lideranças empresariais e políticas, engenheiros, formadores de opinião e diretores da SME
28
PESQUISA & DESENVOLVIMENTO | P&D
Na primeira semana de abril, acontece o lançamento ofi-
cial da Tomada Smart, um equipamento desenvolvido por
alunos da graduação e do mestrado em Engenharia Elé-
trica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em
parceria com a empresa Smarti9 Comunications, que tem
base no Centro Regional de Inovação e Transferência
(CRIT), a incubadora da mesma instituição, há três anos.
Na prática, trata-se de uma extensão com quatro toma-
das inteligentes controladas por meio de um smartp-
hone conectado à internet. O objetivo do produto é
usar o conceito de Smart Home e Internet das Coisas
para tornar atividades corriqueiras do cotidiano mais
práticas, com economia de energia elétrica.
O primeiro lote do produto deverá custar R$ 250,00
para o consumidor final. Na linha de produção, pode ser
reservado pelo site www.smarti9.com.br. “Vamos anali-
sar a aceitação do mercado para planejar os lotes se-
guintes”, afirma o mestrando em Engenharia Elétrica,
Caique Rocha Miranda, 24 anos, um dos membros da
equipe que desenvolveu a tomada inteligente. Além dele,
participaram do projeto os futuros engenheiros André
Luiz de Souza, Stefano Andrade e Vinicius Lagrota Ro-
drigues da Costa, com a orientação do professor Fabrí-
cio Campos.
Segundo o engenheiro, não existe no mercado brasileiro
qualquer equipamento similar. E a Tomada Smart já chega
com diferenciais como a recarga inteligente de smartp-
hones e tablets ou reestabelecimento automático da co-
nexão com o roteador, sem que os usuários percebam
essa operação. Outra funcionalidade interessante é o
alerta de temperatura.
Essas funções e outras vão permitir ligar ou desligar
a cafeteira, fogão ou geladeira ou mesmo o ar con-
dicionado, por meio de aplicativo instalado no apa-
relho celular, pela internet, de qualquer lugar do
planeta.
Há, ainda, uma tabela de horário que pode progra-
mar o período de funcionamento de qualquer uma
das quatro tomadas de conexão disponíveis. O apli-
cativo já está desenvolvido para Android e em fase
de testes para IOS.
A tomada in te l i gente é um bom exemplo do
que a “ Internet das Coisas” possibilita: conforto e
economia para os consumidores. Segundo Caique
Miranda, dentro de 10 ou 15 anos, os produtos ele-
troeletrônicos virão de fábrica com a possibilidade
de conexão com a internet.
A proposta da tomada inteligente é fornecer esse dife-
rencial para os aparelhos de hoje. “Estamos adiantando
o processo porque muitas pessoas não vão querer ou
poder trocar todos os equipamentos de casa, para ter
essa possibilidade de acesso à internet”, afirma.
Luciana Sampaio Moreira
Estudantes da UFLA apresentam aomercado uma tomada inteligente
29
Smarti9
A tomada inteligente demandou investimento superior a R$100
mil, com recursos da Smarti9, para transformar em produto uma
pesquisa que nasceu no laboratório de Engenharia da universi-
dade. À frente desse projeto estão outros dois ex-alunos da ins-
tituição. Mestre em Engenharia Elétrica, engenheiro de
telecomunicações e administrador de empresas, Diogo Fernan-
des e o também administrador, que comanda especificamente a
gestão, Fernando Rezende.
“Essa oportunidade que o CRIT/UFLA nos dá é o que possibilita
fazer o elo entre academia e sociedade, por meio do desenvol-
vimento de produtos inovadores”, avalia o engenheiro empresá-
rio que projeta retorno do investimento em 18 meses.
Além da tomada inteligente, a empresa desenvolve softwares e
hardwares para empresas da região e atende a gigantes do mer-
cado nacional como Cemig e Embraer.
Caique Rocha e AndréSouza fazem parte daequipe de estudantesque desenvolveu a to‑mada inteligente
30
LEGISLAÇÃO
Engenheiros peritos podem ser penalizados em caso de acidentes
Luciana Sampaio Moreira
Depois dos holofotes, depoimentos emo-
cionados e repercussão internacional, o
rompimento da barragem de Fundão, lo-
calizada no subdistrito de Bento Rodri-
gues, a 35 quilômetros da cidade história
mineira de Mariana, se transformou em case para estudo
de engenheiros que atuam no segmento de perícia e audi-
toria da área de Meio Ambiente. O empreendimento é
controlado pela Samarco Mineração S.A, em parceria com
a Vale S.A e a anglo-australiana BHP Billiton.
A construção dessas estruturas que podem ser usadas
para acumular água, disposição final ou temporária de re-
síduos, ou mesmo para acúmulo de detritos industriais,
deve seguir o que estabelece a Política Nacional de Barra-
gens (Lei nº12.334/2010), com no mínimo 15 metros de
altura do fundo até a crista e capacidade de armazena-
mento de 3 milhões de metros cúbicos. Pela própria natu-
reza do projeto, o texto prevê, ainda, a definição do dano
potencial associado.
A licença ambiental para iniciar a operação é concedida
após a análise técnica da estrutura pronta. Segundo o mes-
tre e doutor em Direito pela PUC Minas, procurador fe-
deral da Advocacia Geral da União (AGU) junto ao IBAMA,
professor de Direito da Escola Superior Dom Helder Câ-
mara e de pós-graduação da PUCMinas, Marcelo Kokke, o
problema desse sistema é o método adotado para fiscalizar
as barragens no País.
“No Brasil, os órgãos públicos responsáveis trabalham com
base nas informações de laudos técnicos fornecidos por
empresas externas, por profissional com registro no Con-
selho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e es-
pecialista nessa área, para avaliar o risco potencial dessas
estruturas”, ressalta. Esse processo é repetido anualmente,
para a renovação da licença de operação, concedida pela
Fundação do Estado de Meio Ambiente (FEAM) e Conse-
lho de Política Ambiental (COPAM).
PhD em Mineração e Prevenção de Acidentes, a advogada
Karen Alvarenga, ressalta que os danos decorrentes do
rompimento da barragem Fundão são incontáveis pelos
impactos ambiental, social, humano e econômico. Mortes,
perdas materiais e imateriais, poluição do ar, contaminação
de solo e dos recursos hídricos, danos à fauna e floral local
e fechamento de empresas estão nessa lista que tem au-
mentado a cada dia. “No geral, as empresas têm metas de
Marcelo Kokke,mestre e doutor emDireito pela PUC Minas e procurador federalda AGU, junto aoIBAMA.
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sustentável da engenharia e bem-estar social.
32
produção e não gostam muito de falar em risco com as
comunidades porque sabem qual o real tamanho desse
problema, em suas operações”, alerta.
A confecção de um mapa de risco, em Minas Gerais, seria
a medida mais correta a ser adotada após o acidente de
Bento Rodrigues, segundo a advogada. Mesmo porque, há
mais de 40 barragens instaladas e, com elas, grandes riscos
para as comunidades e o meio ambiente do entorno.
O engenheiro civil, mestre em Engenharia Mecânica,
pós-graduado em Engenharia de Avaliações e Perícias
e presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e
Perícias de Engenharia de Minas Gerais (IBAPE-MG),
Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, os profissionais as-
sociados devem fundamentar as informações solicita-
das em consonância com as normas técnicas vigentes,
por meio de ensaios laboratoriais e documentos bila-
terais.
“O engenheiro pode ser responsabilizado nesse tipo de
processo, embora sejam casos extremamente raros, que
dependem fundamentalmente do grau de importância de
alguma falha cometida, e o profissional tem amplo direito
de defesa”, explica.
A título de exemplo, o novo Código de Processo Civil
(CPC) estabelece que o juiz pode ceifar os honorários pe-
riciais caso o trabalho não atenda aos objetivos propostas.
Em outra esfera, caso a falha seja ética, o engenheiro po-
derá ser penalizado pelo CREA.
Para o dirigente, a capacitação técnica é essencial para o
bom resultado de um trabalho de perícia, e isso conta
como ponto a favor do profissional, para a elucidação de
questões técnicas pelo poder judiciário. “O IBAPE possui
a certificação profissional, criada com o objetivo de sinali-
zar a credibilidade do profissional que atua na avaliação de
imóveis e empreendimentos de Engenharia. O documento
serve como carta de apresentação e atesta uma série de
quesitos, como formação acadêmica, experiência e conhe-
cimento especializado”, completa.
O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenha-
ria de Minas Gerais (IBAPE-MG) é associado ao IBAPE Na-
cional, fundado em 1979, e atua como entidade de classe
que congrega os profissionais que atuam na atividade de
avaliações e perícias de Engenharia.
Entre os pilares do trabalho desenvolvido estão a promoção da
produção e difusão do conhecimento científico, para a melhoria
da capacitação técnica de seus associados, por meio da realização
de cursos de pós-graduação e extensão de diversos temas; con-
gressos, seminários, simpósios, encontros técnicos e elaboração
de Normas Técnicas, além da atuação institucional relativa à de-
fesa dos legítimos interesses dos profissionais do segmento.
Atuam em Minas Gerais, cerca de um mil profissionais.
A maior parte dos projetos são das áreas de avaliações de
bens ou relacionadas à construção civil.
Karen Alvarenga,PhD em Minera‑ção e Prevençãode Acidentes, aadvogada.
Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, presidentedo IBAPE‑MG. pós‑graduado em Engenharia de Avaliações e Perícias
Oacidente ocorrido em
Mariana (MG) deverá se
constituir em um divisor
de águas entre a adoção
de barragens de rejeitos convencionais
e a redução dessa solução nos projetos
a serem desenvolvidos de agora em
diante.
Ao que tudo indica, isso já é algo claro
para as empresas que atuam na área de
desenvolvimento de projetos para mi-
neração. Uma delas é a Tecnomin. O di-
retor geral, Jackson Oliveira Bragança,
afirma que é de suma importância que
seja divulgado para todos os profissio-
nais que atuam no segmento mineral
que há soluções técnicas para eliminar
o uso de barragens de rejeito, “um ativo
nem sempre seguro, que pode provo-
car degradação do meio ambiente e
que está sujeito a riscos de toda natu-
reza”, enfatiza.
Depois do ocorrido, é necessário
conscientizar todas as mineradores
para que, nos novos projetos, sejam
exaustivamente estudadas a adoção
de soluções alternativas. “Para aquelas
empresas que já estão em operação,
é preciso estudar formas para desati-
var essas estruturas”, recomenda.
Entre as alternativas existentes, ele
cita o desaguamento das frações
grosseiras do rejeito usando penei-
ras desaguadoras, filtragem de
frações finais do rejeito com filtros
prensa, filtros de correia ou cerâmi-
cos, utilização de espessadores de
pasta ou, ainda, a codisposição de es-
téril da mina e rejeito em polpa.
Dessa forma, ao invés de todo o re-
jeito ser direcionado para barragens,
pode ser adotado um método de dis-
posição a seco – dry stacking – para
que esse material seja depositado
como sólido, o que reduz a degrada-
ção do meio ambiente, reduz riscos e
maximiza a recuperação da água e,
consequentemente, o consumo desse
importante recurso natural sem uso
anterior.
“A economia com a eliminação de
barragens de rejeitos deve ser estu-
dada caso a caso, porém, mesmo que
essa solução seja, a princípio, a mais
viável economicamente, a adoção
dessa alternativa deve ser ponderada
levando-se em consideração a degra-
dação ambiental e os riscos dessa
operação”, afirma Jackson Bragança.
Outros temas importantes são a de-
finição da rota de processo e a sele-
ção dos equipamentos que serão
usados mediante testes de laborató-
rio e pilotos. Além disso, a disposição
a seco também incluem uma série de
estudos multidisciplinares que envol-
vem geotecnia, hidrologia, reologia,
mecânica dos solos e meio ambiente,
para garantir a estabilidade das pilhas
e sua drenagem.
Tudo isso é possível porque, nos úl-
timos anos, tem ocorrido um pro-
cesso intenso de avanço tecnológico
nesse segmento, em todo o mundo.
As empresas fabricantes de filtros e
espessadores encabeçam essa lista
que inclui, também, novos floculan-
tes, que tornam mais viáveis a utili-
zação desses equipamentos.
“Com as exigências cada vez mais ri-
gorosas dos órgãos reguladores de
meio ambiente para o licenciamento
de projetos de mineração, o custo
de aquisição de terras, a escassez de
recursos hídricos e os riscos ineren-
tes à utilização, será premente e
quase inevitável a adoção de etapas
de desaguamento de rejeitos nas
rotas de processo e sua avaliação
nos estudos econômicos dos pro-
jetos futuros de exploração mine-
ral”, explica o empresário.
Um exemplo é o projeto Cobre Boa
Esperança, em Tucumã, no Pará, onde
a Mineração Caraíba, mediante estu-
dos elaborados pela Tecnomin, ado-
tou a solução de uso de filtros
prensa para eliminar a necessidade
da construção de barragens. Está
prevista uma economia de R$ 150
milhões, considerando-se que, de-
vido ao terreno plano, a barragem
originalmente seria do tipo pond,
que demandaria um investimento
considerável.
34
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Eliminação de barragens de rejeitos em projetos de mineração
Com taxa de desemprego de 7,6% em janeiro, a maior desde
2009, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em seis capitais, entre as quais Belo Horizonte, e ex-
pectativa de repetir o crescimento negativo do último ano,
2016 não começa com grandes perspectivas para os profis-
sionais. Postos de trabalho de diversas áreas foram eliminados
em função da crise econômica que tem exigido das empresas
uma gestão mais austera.
Com isso, a ocupação recuou 1% ante dezembro (menos
230 mil pessoas) e caiu 2,7% ante janeiro de 2015 (menos
643 mil). Segundo o mesmo estudo, em relação a janeiro
do ano passado, a indústria eliminou 298 mil postos de tra-
balho, uma queda de 8,5%, enquanto comércio, construção
e serviços prestados a empresas, têm relativa estabilidade.
Manter a motivação em alta é fundamental para atravessar
bem esse momento de crise. Segundo o diretor do Grupo
Nortearh, Carlos Alberto Caram Farah, toda a cadeia pro-
dutiva tem sido afetada pelo cenário de crise econômica.
“Temos contratos com empresas de diversos segmentos
para contratação de profissionais estratégicos. Aqueles que
não foram paralisados estão reduzidos. Até 2015, o mer-
cado ainda estava se movimentando”, constata.
Nessas temporadas, tem aumentado o número de currícu-
los de profissionais, a exemplo de engenheiros. Nessa lista
estão desde os profissionais em início de carreira, que têm
experimentado a redução de oferta de vagas nos famosos
programas trainee, até pessoas de nível sênior, com quali-
ficação superior e experiência estratégica para as organi-
zações de diferentes setores.
“Nas décadas de 1980 e 1990, o mercado estava recessivo
para a área de Engenharia. O cenário mudou entre os anos
2000 e 2010. Mas a situação está diferente”, afirma. Tanto
para quem tem um currículo, como para quem sonhou em
ingressar no mercado de trabalho em um momento pro-
missor. Essa é uma boa hora para exercitar a flexibilidade.
MERCADO DE TRABALHO
36
Luciana Sampaio Moreira
Com poucas vagas disponíveis, engenheiros devemexercitar a flexibilidade
Carlos Alberto Caram Farah, diretor do Grupo Nortearh
37
Segundo Caram, a formação pragmática dos engenheiros
pode complicar esse processo. No entanto, o momento re-
quer criatividade para encontrar alternativas. Apostar em qua-
lificação técnica pode ser uma opção interessante para se
preparar para futuros desafios, quando a situação de crise for
controlada.
“Muitas vezes, a condição psicológica do profissional é um
problema”, avalia. Serviços como coaching ou mentoring podem
contribuir para que a pessoa se mantenha em equilíbrio, para
tomar as melhores decisões, ou manter-se em condições de
realizar o trabalho", afirma.
Diretora de empresa de consultoria em RH Stato Regional
Belo Horizonte, Heloísa Gontijo, lembra que a oferta de en-
genheiros no mercado de trabalho está cada vez maior. “Se-
tores como construção civil, mineração e siderurgia, estão
praticamente estagnados em função da crise. Por outro lado,
o governo também não anuncia novas obras”, constata.
As oportunidades para os profissionais da área são raras e o
processo seletivo ficou mais concorrido. “É preciso reavaliar
o currículo e incluir diferenciais”, explica.
Para quem trabalha como autônomo, com projetos de con-
sultoria, mesmo que seja em obras de amigos e parentes, pode
ser um segmento interessante. Segundo a executiva, há muitos
engenheiros que estão “percorrendo” projetos de amigos
para solucionar problemas.
Heloísa Gontijo, diretora RH Stato, filial BH
Nesse caso, a indicação é por meio do tradicional “boca
a boca”, ou seja, quem aprova a qualidade do serviço
prestado recomenda. Manter em dia a agenda de conta-
tos pode ser um facilitador para divulgar essa oferta.
A economia é cíclica e, da mesma forma como os tem-
pos de crescimento não são eternos, as crises também
não são para sempre. Como 2016 é um ano de Olim-
píadas e, logo após, eleições municipais, os negócios
devem ficar em compasso de espera.
Para a psicóloga e professora de MBA na área de Gestão
de Pessoas, Jaqueline Silveira, embora o cenário econô-
mico seja complicado, há nichos que conquistam fatias
de mercado interessantes, quando os grandes players
reduzem sua presença e a concorrência fica menos acir-
rada.
Oportunidades em pequenas empresas, mesmo com sa-
lários menores, inicialmente, são uma alternativa a ser
considerada. “Existe o desejável e o possível. Ao avaliar
os conhecimentos adquiridos, o profissional consegue
encontrar novas formas de usá-los e manter-se em ati-
vidade”, explica a psicóloga.
Outra hipótese a ser considerada são as vagas para en-
genheiro em cidades do interior ou em outros Estados,
onde há uma demanda reprimida por esses profissionais.
Se há a disponibilidade para mudança de residência, essa
é uma oportunidade que deve ser acompanhada. “Se no
período anterior, o profissional podia escolher, neste é
preciso ser flexível”, recomenda.
No caso da Engenharia, os profissionais da área têm sido
desafiados com menores salários e condições diferentes
de trabalho. “As vagas para esses profissionais foram re-
duzidas, mas é preciso aguardar o que vai acontecer nos
próximos meses e definir os rumos da carreira”, alerta.
O importante, segundo Jaqueline Silveira, é manter a
qualidade do trabalho executado, o comprometimento
com o projeto e a motivação para evitar problemas de
saúde e desgastes desnecessários com chefes, colegas
de setor, subordinados ou familiares.
MERCADO DE TRABALHO
Existe o desejável e o possível. Ao avaliar os
conhecimentos adquiridos, o profissional
consegue encontrar novas formas de usá‑los
e manter‑se em atividade
““
Jaqueline Silveira,psicóloga e professora de MBA na área de Gestão de Pessoas
De um lado, o aumento da oferta de vagas para o ensino
superior. De outro, uma política pública de financiamento
para aqueles que sonham em ter um diploma de curso
universitário. Foi com essa estratégia que o governo bra-
sileiro conseguiu melhorar os seus indicadores de acesso
à graduação. No entanto, o que parece ser uma solução
perfeita, está se transformando em problema. Sim, a “Pá-
tria Educadora” pede socorro para não colocar no mer-
cado milhares de profissionais de todas as áreas, incluindo
a Engenharia, sem a qualificação mínima necessária para
contribuir efetivamente para o projeto de desenvolvi-
mento nacional.
Esse é o alerta que o engenheiro civil, professor e ex-di-
retor da Escola de Engenharia da Universidade de Minas
Gerais (UFMG), mestre, doutor e pós-doutor, respectiva-
mente, pela COOPE-UFRJ, M.S.U e M.I.T./USA, e ex-exe-
cutivo do Grupo Pitágoras/Kroton, Aécio Freitas Lira, tem
feito por onde passa. Após uma carreira de 45 anos dedi-
cada à docência e a implantação de projetos de educação,
ele pretende dedicar-se, nos próximos anos, à tarefa de
tentar “consertar” os efeitos danosos da massificação de
oferta de cursos de Engenharia no Brasil.
Em números, o processo em questão fica mais claro. As
faculdades passaram de 770 cursos, em 2001, para 3 mil,
atualmente. De 18 mil novos profissionais em 2001, o País
graduou 80 mil, em 2015. No entanto, o resultado do úl-
timo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
(ENADE), que analisa os graduados logo após a formatura,
GRADUAÇÃO
40
Futuro incerto para os novosprofissionais brasileirosMassificação da oferta de cursos e metodologias de ensino nem
sempre garantem a qualidade da graduação
Luciana Sampaio Moreira
está abaixo do mínimo necessário.
Do total de escolas de Engenharia,
apenas 1.814 foram avaliadas (60%
do total). Desse percentual, 80% re-
ceberam notas entre 1 e 3, conside-
radas baixas.
Na prática, o que deveria ser uma
pontuação relativa à formação do
novo profissional, acabou se tor-
nando um índice que mede a perfor-
mance das instituições. “O resultado
do ENADE foi incorporado ao Con-
ceito Preliminar de Curso (CPC)
que dilui o mau resultado obtido
pelos alunos, porque inclui infraes-
trutura (leia-se localização física e es-
trutura interna) e também titulação
dos professores”, afirma Aécio Lira.
Dessa forma, a nota final aumenta e,
com ela, a impressão de que o País
está no rumo certo. Mas a realidade
é bem diferente. As outras 1.200 es-
colas que não foram avaliadas na úl-
tima edição do ENADE, ainda, não
têm dados concluintes. “Delas, 1 mil
são péssimas”, prevê.
A exemplo do que já é feito pela
Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), que tem o seu “exame de
Ordem”, e de um movimento simi-
lar ao que está em curso na forma-
ção em Medicina, o professor
acredita que a garantia da qualidade
do ensino de Engenharia pode ser
assegurada por meio de uma avalia-
ção dos formandos, o que daria ori-
gem a um selo de certificação para
as escolas.
“Apresentei essa proposta para o
CREA-MG e para a Federação das
Indústrias do Estado de Minas Ge-
rais (FIEMG), que representa o setor
produtivo estadual”, adianta. A ideia
é fazer um teste piloto para avaliar
a qualidade da formação dos alunos
e, consequentemente, das escolas.
A proposta não termina aí. Seguindo
o exemplo do que foi feito na Índia,
que há 15 anos experimentou os
efeitos nefastos da massificação da
oferta de vagas para a graduação em
Engenharia, ele sugere a criação de
uma força-tarefa, composta por re-
presentantes de instituições de
ensino de referência, para recupe-
rar as instituições de ensino que
estão abaixo do padrão mínimo de
qualidade ne formação de futuros
profissionais da área, a partir de
propostas, a exemplo de formação
de professores e melhoria da in-
fraestrutura física.
“Não se trata de uma visita do MEC
para avaliar as condições antes de
aprovar um curso, mas de uma con-
sultoria técnica minuciosa. Hoje, o
retorno das instituições de ensino
que se beneficiaram com essa re-
ceita é muito pequeno, ou quase
nulo”, enfatiza.
41
Aécio Freitas Lira, engenheirocivil, professor e ex‑diretor da Es‑cola de Engenharia da UFMG,mestre, doutor e pós‑doutor, res‑pectivamente, pela COOPE‑UFRJ,M.S.U e M.I.T./USA
EAD
Como tudo que é ruim pode pio-
rar, são justamente as instituições
que recebem notas baixas no
ENADE/CPC em cursos presen-
ciais que estão expandindo suas ati-
vidades para os programas de
Ensino a Distância (EAD). Com pre-
ços mais competitivos que podem
chegar a 1/3 do valor do tradicional,
e uma série de argumentos e dife-
renciais capazes de atrair a atenção
de estudantes que já não se adequam
mais ao modelo clássico de aula, as
escolas oferecem vagas sem a infra-
estrutura necessária de laboratórios,
por exemplo.
O sistema de avaliações também tem
qualidade questionável. “Uma análise
de qualidade só será feita na próxima
década. Até lá, não haverá qualquer
referência do que essas instituições
oferecem de fato”, argumenta sem
esconder a apreensão.
Para Lira, em se tratando de forma-
ção de engenheiros, a EAD não pode
ser entendida como oferta de certi-
ficado, mas parte da metodologia e
da sala de aula. Nesse caso, a distân-
cia pode ser do professor, mas não
do aluno. “Tenho alertado os órgãos
fiscalizadores e legisladores, como a
Associação Brasileira de Ensino em
Engenharia (ABENGE), Conselho Fe-
deral de Engenharia e Agronomia
(CONFEA) e, também, os Conselhos
Regionais, mas o que me deixa
pasmo é que não há qualquer pers-
pectiva sobre o cenário futuro desse
processo”, enfatiza Lira.
O desenvolvimento de formas de
avaliação pode contribuir, também,
para o controle de uma tendência
mercadológica que, no caso dos cur-
sos de Engenharia, cria nomenclatu-
ras as mais variadas para a graduação.
“Como os Conselhos lidam com
essa infinidade de novos cursos para
fornecer a carteira necessária para
exercer a profissão”, observa.
Serviço ou produto?
De prestação de um serviço essen-
cial para o desenvolvimento nacional,
a educação tem sido vista como ne-
gócio. Com poucos players “no
páreo”, demanda reprimida em todas
as regiões do País e parceria com o
governo, que já entregou à iniciativa
privada 75% da graduação nacional,
esse é um ramo que tem experimen-
tado trajetória ascendente.
“As universidades recebem estudan-
tes que têm uma formação fraca,
desde o ensino básico. O vestibular
é simbólico e qualquer um “passa”. A
universidade tem que recuperar esse
aluno, mas os programas de inclusão
não existem porque significam inves-
timentos”, pontua o professor. O
rigor deve ser “dosado” para que os
estudantes não migrem para institui-
ções mais “liberais”.
A Associação Brasileira de Ensino de
Engenharia (ABENGE) é uma das
instituições que atua para aprimorar
a formação nacional, nessa área. O
professor titular do Departamento
de Engenharia de Produção da Facul-
dade de Engenharia da Universidade
Federal de Juiz de Fora, Valderli Fava
de Oliveira, é o atual diretor de Co-
municação da entidade.
42
GRADUAÇÃO
São justamente as instituições que recebem
notas baixas no ENADE/CPC em cursos presen‑
cia is que estão expandindo suas atividades
para os programas de Ensino a Distância (EAD).
Além da promoção de eventos na-
cionais anuais, como o Fórum de Di-
rigentes de Instituições de Educação
Superior, no mês de maio, e do Con-
gresso Brasileiro de Educação em
Engenharia (Cobenge), em setembro,
e de outros regionais e setoriais re-
lacionados a essa importante área, a
entidade também tem uma publica-
ção científica “Revista do Ensino de
Engenharia”, com duas edições
anuais, para abordar resultados de
pesquisas nos segmentos de forma-
ção e exercício profissional.
A atuação junto a diversos orga-
nismos do Distrito Federal que
estão relacionados à formação
em Engenharia, também, tem
sido bem-sucedida. Em parceria
com a Coordenação de Aperfei-
çoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), a entidade
desenvolveu duas propostas de
programas que estão em tramitação.
O primeiro é para a capacitação de
docentes da área Tecnológica e de
Engenharia, por meio de mestrado
profissional na área de Educação
em Engenharia. O outro, não menos
importante, é a implementação de
cursos de Engenharia EAD pela
Universidade Aberta do Brasil (UAB)
em parceria com a UNIVESP (SP) e
CEDERJ (RJ).
A ABENGE também faz gestão junto
às diversas comissões do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP)
para o aprimoramento dos sistemas
de avaliação de cursos e do ENADE
para a Engenharia. A participação da
entidade no Conselho Nacional de
Educação (CNE) e no Conselho Fe-
deral de Engenharia e Agronomia
(CONFEA) segue a mesma linha, se-
gundo o dirigente.
Por meio de parcerias internacionais
com a Associação Iberoamericana de
Instituições de Educação em Enge-
nharia (ASIBEI), amplia o foco de
atuação da ABENGE. Há, ainda, um
projeto em desenvolvimento com a
Comunidade Europeia para instala-
ção de laboratórios virtuais com fi-
nanciamento do Programa Erasmus.
Entre os projetos já concretizados
está o Observatório de Educação da
Engenharia, iniciativa da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), bem
como as atuais diretrizes curricula-
res dos cursos dessa área (Resolu-
ção CNE/CES 11/2002).
“Não se pode negar que, de maneira
geral, houve melhorias na formação,
principalmente em decorrência das
avaliações e da preocupação em me-
lhorar continuamente os cursos. De
outro lado, há uma limitação em ter-
mos de recursos para a implantação
da infraestrutura necessária ao fun-
cionamento dos cursos, tanto nas
públicas quanto nas privadas. Essa in-
fraestrutura é cara e necessita de re-
cursos públicos que devem ser
destinados através de programas de
fomento como ocorre nos países
mais desenvolvidos”, observa Van-
derli Oliveira.
Enquanto a falta de políticas de fo-
mento de desenvolvimento tecnoló-
gico é um problema, há uma base
instalada capaz de atender à expan-
são dos cursos de Engenharia. Para
o dirigente, a expansão deve ser ba-
seada em sistemas adequados de in-
fraestrutura e de financiamento e,
ainda, de políticas públicas.
“Deve-se também procurar enten-
der que o perfil profissional do en-
genheiro é talhado não só para o
exercício direto (como empregado)
das atividades objeto da modalidade
de Engenharia cursada. Esse perfil
profissional é capaz de exercer com
propriedade as atividades na inter-
face da sua modalidade de formação,
seja na gestão ou no empreendi-
mento de negócios”, ressalta.
Valderli Fava de Oliveira, professor titular
do Departamento de Engenharia de
Produção da Faculdade de Engenharia da
UFJ e diretor de Comunicação da entidade.
44
Outro detalhe é que esse perfil pro-
fissional é fundamental em postos de
gestão e tomada de decisão sobre
políticas públicas. “Há pouquíssimos
engenheiros exercendo estas ativida-
des. O Brasil só teve um presidente
engenheiro, Itamar Franco, assim
mesmo em mandato tampão. Nos
países que desenvolveram ultima-
mente como Japão, Coréia e China,
há Engenheiros em diversos postos
de tomada de decisão”, reflete.
O Politburo da China tem tido pre-
dominância de engenheiros nos últi-
mos anos. No Brasil, se hoje for
levado um problema a Brasília, há
uma grande chance de se ter como
solução uma lei, visto que, há um
predomínio de egressos de áreas
afins ao Direito. “Não que existam
advogados em excesso, o problema
é a falta de engenheiros. Caso hou-
vesse um equilíbrio, no mínimo a lei
seria acompanhada de projetos de
solução com base na Engenharia”,
pondera o dirigente.
Novos cursos
Atualmente, uma instituição que não
for Universidade precisa de uma au-
torização do MEC para iniciar um
curso. O documento só é concedido
após aprovação em processo de ava-
liação realizado pelo INEP. De todo
modo, um curso novo (de qualquer
instituição) só pode colar grau se tiver
o reconhecimento do Ministério.
A portaria de reconhecimento só é
emitida pelo MEC se o curso for
aprovado em processo de avaliação
“in loco” realizado pelo INEP, reali-
zada por pares de avaliadores “ad
hoc” devidamente capacitados pela
entidade para esse fim.
Atualmente, o sistema CONFEA/
CREAS concede atribuições profissio-
nais aos egressos dos cursos de Enge-
nharia que tenham a portaria de
reconhecimento ou de renovação de
reconhecimento, e que tenham cum-
prido as exigências do Sistema em ter-
mos de documentação depositada no
Conselho da sua região de abrangência.
“Já participei de diversas discussões
e entendo que o sistema CON-
FEA/CREAS deveria aplicar uma
“prova de ordem”. Esclareço que a
ABENGE não tomou posição quanto
a esta questão mas, como é de sua
tradição, apoiará qualquer iniciativa
que possibilite a melhoria da forma-
ção e do exercício profissional dos
engenheiros”, adianta.
A aplicação de uma prova pode con-
tribuir bastante para a melhoria dos
cursos, visto que, não bastará diplomar
os egressos. As instituições terão que
se preocupar com a pontuação desses
formandos também em uma prova
para a habilitação profissional. O pro-
blema estaria na operacionalização, pois
a Engenharia tem pelo menos 60 mo-
dalidades distintas que ainda se desdo-
bram em mais de 100 ênfases (antigas
habilitações) o que totaliza próximo de
200 diplomas distintos de engenheiro.
O sistema CONFEA/CREAS, hoje, aco-
modam esses diferentes diplomas em 93
títulos (Resolução 473/02 CONFEA - Úl-
tima Atualização: 10/07/2015).
“
“
GRADUAÇÃO
Já participei de diversas discussões e entendo que
o sistema CONFEA/CREAS deveria aplicar uma
“prova de ordem”. Esclareço que a ABENGE não
tomou posição quanto a esta questão mas, como
é de sua tradição, apoiará qualquer iniciativa que
possibilite a melhoria da formação e do exercício
profissional dos engenheiros.
Gestão de Projetos e ProcessosGestão de Projetos Gestão de Processos e Análise de Negócios Gestão de Projetos e Processos
Gestão de NegóciosGestão de Negócios Administração de Compras e Suprimentos Gestão e Tecnologia de Resíduos e Efluentes Análise de Sustentabilidade
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46
EAD ganha espaço como metodologia educacional
A acreditação/certificação é mais complicada e poderia
gerar conflitos de interesses, de acordo com o dirigente.
“Como ficaria o caso dos não acreditados, sendo que pos-
suem portaria de reconhecimento?”, questiona. Essa mu-
dança só seria aprovada mediante alteração da lei. Para ele,
a melhor opção é a aplicação de prova ao egresso, mesmo
assim, após amplo debate com todas as partes interessadas
do sistema de formação profissional.
No caso dos cursos EAD, se bem implantados, não há pro-
blemas, diz Oliveira. Ele afirma que os recursos metodo-
lógicos e tecnológicos permitem que, hoje, grande parte
das atividades de formação possam ser desenvolvidas de
uma forma não presencial. “O que é necessário para que
seja garantida a qualidade é a capacitação do corpo do-
cente e tutorial em termos metodológicos e de uso da
tecnologia disponível, assim como a infraestrutura para as-
segurar a qualidade nas atividades presenciais, visto que,
um curso de Engenharia não pode ser totalmente EAD”,
alerta.
Nesse grupo estão a experimentação laboratorial, que
não pode ser executada por meio de simulação. Sem
essas práticas, corre o risco de se ter um curso de En-
genharia com formação insuficiente.
GRADUAÇÃO
A necessidade de tornar o ambiente educacional maisatraente para os estudantes é, apenas, um entre osmuitos fatores que explicam o sucesso da EAD no
Brasil. Seja como tecnologia principal, bastante difundida noscursos de curta e média duração, ou como metodologia com‑plementar, essa modalidade também tem ganho espaço nasgraduações, incluindo as Engenharias.
O engenheiro eletricista, doutor em Engenharia Elétrica‑Auto‑mação pela FFEC da UNICAMP, presidente do Conselho Cientí‑fico da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) ediretor acadêmico da Universidade Virtual do Estado de SãoPaulo (UNIVESP), Waldomiro Loyolla, destaca que a socializa‑ção da oferta de ensino superior para regiões onde dificil‑mente se teria condições físicas, financeiras e de competências
profissionais para a instalação de uma faculdade de Engenha‑ria de qualidade é um ponto a ser considerado.
“Como qualquer outro curso ofertado na modalidade EAD,existem grandes vantagens. Vale dizer que a EAD não buscasubstituir o ensino presencial, mas apenas provê‑lo àquelesque, por algum motivo, estariam alijados definitivamente dapossibilidade de realizar um curso superior de qualidade”,justifica.
Mesmo que haja a necessidade de que os alunos visitem fre‑quentemente os polos de apoio presencial para a realizaçãode atividades de laboratório e de avaliações, geralmente se‑manal ou quinzenalmente, ou mesmo em certos períodospredeterminados, isto é muito melhor do que o aluno nãoter a oportunidade de fazer o curso ou ter que deslocar‑se
47
Parte importante de um projeto de desenvolvimento
nacional, a formação de engenheiros ainda está aquém
da demanda do mercado nacional. Há um imenso pas-
sivo em obras de infraestrutura urbana, modais de
transporte, abastecimento de água (qualitativo e quan-
titativo) e energias, que demandam a atuação dos pro-
fissionais da área. “Se levarmos em conta o que
precisamos desenvolver, teremos que dobrar a quanti-
dade de engenheiros que se formam atualmente. Com
isso conclui-se que não houve expansão indiscriminada,
no máximo não devidamente fomentada”, analisa.
O período de formação de um engenheiro é de cinco a
seis anos, para adquirir uma experiência mediana. Para
atuar plenamente, são necessários pelo menos dez anos
de atividades. Se a proposta do País é chegar a um pa-
tamar de desenvolvimento superior em 2025, esse mo-
vimento deve iniciar-se imediatamente, para colocar no
mercado mais de 100 mil profissionais a cada ano, em
um patamar superior de qualidade.
“O contrário significa continuar a ser um País dependente
em termos tecnológicos e condenado a ser fornecedor
de matéria-prima de baixo valor agregado para os países
com desenvolvimento tecnológico superior”, conclui.
Waldomiro Loyolla, engenheiro eletricista, doutor
em Engenharia Elétrica-Automação pela FFEC da
UNICAMP, presidente do Conselho Científico da
ABED e diretor acadêmico da UNIVESP.
todas as noites para uma localidade próxima, onde existauma faculdade.
A flexibilidade temporal é outro fator importante já que é oaluno que organiza a sua agenda de estudos. Da mesmaforma, as idas aos polos de apoio, também, podem ser agen‑dadas em horários alternativos. O dirigente ressalta que ouso dessa metodologia permite agregar maior valor aogrupo de docentes que poderá dar aulas de qualquer lugardo País ou do mundo. O sucesso da EAD está na disciplina doaluno.
Nesse cenário, o crescimento do número de cursos de Enge‑nharia na modalidade EAD permanece lento. Na maior parte,são oferecidos por instituições privadas nas modalidadescivil, elétrica, mecânica, computação, produção, ambiental,
entre outras. Mais recentemente, também, as instituiçõespúblicas têm ofertado programas, como a Engenharia Am‑biental da UFSCar, as Engenharias de Computação e de Pro‑dução da UNIVESP e a Engenharia de Produção do CEDERJ,em cooperação com as universidades públicas do Estado doRio de Janeiro. “O alto custo para montar, nos polos de apoiopresencial, os diferentes laboratórios exigidos para essas for‑mações é um fator que ainda inibe os investidores”, reco‑nhece.
Sobre a polêmica em relação à oferta de cursos de Engenha‑ria por EAD, o dirigente afirma que a qualidade é determi‑nada pela instituição responsável e não pela modalidade deensino. O que falta é desenvolver modernas metodologias eaplicativos que permitam que os laboratórios sejam opera‑dos via web.
48
Na sala de aula, ele se prepara para a docência
JOVEM ENGENHEIRO | JOSUÉ COELHO DO AMARAL JÚNIOR
Engenheiro civil e
mestre em Engenha-
ria de Materiais pelo
Centro Federal de
Ensino Tecnológico
de Minas Gerais
(CEFET-MG), Josué Coelho do
Amaral Júnior, 25 anos, concluiu a
graduação no segundo semestre de
2013, mas não quis ficar longe da
sala de aula.
Depois do mestrado, que deve ser
concluído em abril deste ano, e ao
qual se dedica integralmente na
condição de bolsista, ele já planeja
seguir o caminho do doutorado e
consolidar a sua titulação para in-
crementar a qualificação profissio-
nal na área de desenvolvimento de
materiais para a indústria da cons-
trução civil.
Para tanto, o engenheiro investe na
própria capacitação técnica. “Acre-
dito que conhecimento nunca é de-
mais e sempre tem algo novo para
aprender. Além disso, é muito gra-
tificante contribuir para o desen-
volvimento tecnológico de uma
área importante como essa”,
afirma.
Mas o grande objetivo de Josué
Amaral Júnior é seguir a carreira
de professor pesquisador de uma
universidade federal. Sim, a sala de
aula é uma possibilidade a ser con-
siderada pelos engenheiros. Inclu-
sive os recém-formados, como ele.
“No ano em que me formei a crise
econômica estava no início e mi-
nhas expectativas não eram boas.
Hoje acredito que vamos ter uma
melhora no cenário da Engenharia
já no próximo ano”, projeta.
Gosto pela carreira, mesmo nos
períodos de “vacas magras”, flexi-
bilidade para tomar decisões e
mudar de rumos, garra e vontade
de aprender, são algumas compe-
tências que fazem a diferença para
aqueles que pretendem se dedicar
à transmissão de conhecimento e
ao importante processo de forma-
ção de novos profissionais para o
mercado brasileiro.
A aposta na capacitação foi o cami-
nho escolhido para aguardar a re-
tomada do mercado de seu setor
de atuação, paralisado pelas incer-
tezas da economia nacional. Em-
bora não possa trabalhar neste
momento, o engenheiro tem se de-
dicado a adquirir conhecimentos
que, de alguma forma, serão úteis
nos futuros desafios profissionais,
na sala de aula ou no mercado.
A escolha da carreira não foi difícil.
Desde a infância, Josué Amaral Jú-
nior se interessa pela Engenharia
Civil e pelas construções. “Sempre
gostei de construir e desconstruir
o que fosse possível”, comenta.
Como outros jovens que decidi-
ram abraçar a atividade, o bom ce-
nário econômico, que marcou o
ano de 2008, para os profissionais
da área e os salários pagos, naquele
momento, também pesaram nessa
importante escolha.
O período da faculdade foi de ex-
periências. O engenheiro fez dois
estágios. No primeiro, ele ficou
por seis meses em uma obra da
construtora PHV. Depois, passou
dois anos no escritório de proje-
tos SNC Lavalin, com a incumbên-
cia de fazer os cálculos estruturais
em concreto armado. “O que levo
desses dois estágios é a certeza de
que na Engenharia é preciso estar
em constante processo de desen-
volvimento profissional. As tecno-
logias aplicadas em qualquer área
mudam muito e isso tem aconte-
cido cada vez mais rápido”, cons-
tata.
Além dos cursos de pós-gradua-
ção, ele também tem se dedicado
ao estudo de línguas estrangeiras,
o que é primordial para acompa-
nhar o desenvolvimento de sua
área de atuação no mundo. Afinal,
as pesquisas são feitas em diversos
países e os resultados podem se
transformar em soluções para pro-
blemas brasileiros, novos projetos
de P&D ou contribuições preciosas
para outros, em curso.
Como os jovens de sua geração,
Josué Júnior também gosta de se
divertir. Nas horas de lazer – que
têm sido poucas – ele assiste fil-
mes, sai com amigos e joga video-
games.
49
“ “Acredito que conhecimento nunca é demais e sempre
tem algo novo para aprender. Além disso, é muito gratifi‑
cante contribuir para o desenvolvimento tecnológico de
uma área importante como essa.
50
No dia 31 de março, encerra-se a extensa pro-
gramação do Ano de Comemorações do
Cinquentenário de atividades do Instituto
Nacional de Telecomunicações (Inatel). No
início do mês, a instituição que tem sede em Santa Rita do
Sapucaí, na região sul do Estado, recebeu uma bela home-
nagem da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Foi lançada, também, uma edição atualizada do livro
“Inatel – Sonho e Realidade” que relata a história da escola.
À frente das comemorações do cinquentenário está um
ex-aluno da instituição que, desde 2015, ocupa o cargo
de diretor. Marcelo de Oliveira Marques, 48 anos, ingres-
sou na área de projetos educacionais e, a partir daí, o in-
teresse em experimentar a carreira de professor no
Instituto. “Iniciei no Inatel como engenheiro responsável
pela área de educação continuada, para oferecer ao mer-
cado nacional cursos de extensão acadêmica e formação
profissional. As características da minha atuação, no setor
de educação empresarial, me aproximaram ainda mais da
docência e das relações empresa/escola”, lembra.
Logo depois da formatura, ele retornou para a sala de aula
na condição de professor. O Inatel foi o primeiro emprego
após a graduação e, até os dias atuais, a única instituição à
qual tem se dedicado. Com 20 anos de experiência, ele es-
teve sempre focado nas disciplinas profissionalizantes e es-
pecíficas das áreas de sistemas de transmissão e redes de
comunicação de dados.
Marcelo Marques, afirma que o conhecimento que ele ad-
quiriu ao lidar com o ambiente corporativo, tem sido bas-
tante útil na sua trajetória como gestor. “Essas experiências
me permitiram, junto com os demais colegas da institui-
ção, buscar um caminho de desenvolvimento contínuo
para o Inatel, aproximando-o do mercado nacional e in-
ternacional, criando oportunidades de parcerias bem-su-
cedidas que colocaram o Inatel em posição de destaque,
pela modernidade e sintonia com as demandas nacionais”,
explica.
Nesse trabalho, a experiência adquirida na sala de aula, por
meio do contato direto com os alunos, também, é funda-
mental. O professor sempre se aproximou dos alunos
compreendendo as dificuldades do processo de ensino-
aprendizagem. Para tanto, dedicou-se a fazer com que as
aula, os conteúdos e explicações fossem apresentados da
melhor forma. “Eu sempre busquei o maior desempenho
dos meus alunos e o meu também”, enfatiza.
MESTRES DA ENGENHARIA | MARCELO DE OLIVEIRA MARQUES
De aluno a diretor do Inatel, umatrajetória em projetos de educação
51
Na memória
Sem dúvida, ocupar posição de destaque nas comemora-
ções do Cinquentenário do Inatel, na condição de ex-aluno
que chegou à diretoria da instituição, é algo para lembrar
por toda a vida. “Compartilho essa homenagem com todos
os que um dia sonharam em trazer para a pequena Santa
Rita do Sapucaí uma faculdade de Engenharia, e com aque-
les que apoiaram a consecução dessa história” adianta.
Mas a experiência como professor também tem seus mo-
mentos especiais. Certa vez, Marques encontrou-se com
um ex-aluno que se tornou um empresário de sucesso no
ramo de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
“Ele me disse que a forma como eu apresentava os con-
teúdos na sala de aula foi o modelo adotado para a gestão
da própria carreira. São testemunhos que envaidecem, mas
multiplicam meu compromisso como professor”, reafirma.
Planos para o futuro
Concebido inicialmente como escola de telecomunicações,
o Inatel tem sete cursos dos quais quatro são graduações
em Engenharia (Telecomunicações, Computação, Controle
e Automação e Biomédica); três de graduação em Tecno-
logia (Gestão de Telecomunicações, Automação Industrial
e Redes) e, ainda, o mestrado em Telecomunicações. No
total, são 1800 alunos.
Entre as novidades da instituição está o Centro de Refe-
rência em Radiocomunicações, implantado com apoio do
governo federal. “Esse projeto vai apoiar o País na definição
de políticas, na realização de pesquisas e no desenvolvi-
mento de tecnologias que serão, em breve, os principais
vetores de desenvolvimento para diversas áreas da econo-
mia”, ressalta.
Entre os projetos em curso está a pesquisa sobre a padro-
nização da tecnologia 5G e de novos padrões para a “In-
ternet do Futuro”, com a “Internet das Coisas”. O Inatel,
também, recebeu da Empresa Brasileira de Pesquisa e Ino-
vação Industrial (EMBRAPII) a autorização para atuar como
uma de suas unidades para oferecer, às empresas nacionais
e multinacionais instaladas no Brasil, um conjunto de ser-
viços tecnológicos e de pesquisas direcionados para a ino-
vação. Em contrapartida, esses projetos que contribuem
de forma decisiva para a formação dos estudantes abrem
oportunidades de estágios e bolsas.
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52
“Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à co-
letividade o dever de defendê-lo e pre-
servá-lo para as presentes e futuras gerações.” (Art.
225, da constituição brasileira).
Após esta tragédia da insustentabilidade: social, ambiental,
econômica, cultural, político-institucional e espiritual para
todos os seres vivos da bacia do Rio Doce, o mínimo que
nos resta é a indignação. Não existe e não deverá existir
licenciamento ambiental simplificado e rápido para em-
preendimentos complexos.
Ao ver a imagem do ministro da educação, Aloísio Merca-
dante, vestido com o colete da defesa civil na foto com a
presidenta, logo pensei que ele viesse se reunir com a aca-
demia de Minas, que é o estado brasileiro com o maior
número de Universidades Federais, onze ao todo, para
apoiar imediatamente a sociedade com todo o conheci-
mento “depositado” nessas instituições de primeira linha
brasileira que estão inseridas visceralmente na sociedade.
Atenção Ministro Mercadante, já passaram semanas e a
academia ainda não se manifestou. Convoque-os, porque
é a sociedade que os mantém.
Muito antes de presenciarmos a tragédia socioambiental
em Mariana, já havia ocorrido uma tragédia da engenharia
de Minas Gerais e do Brasil. Uma vergonha que todos nós
engenheiros estamos vivendo.
Voltando à constituição brasileira e a lei de crimes am-
bientais (lei 9605/1998), os dirigentes e acionistas dos em-
preendimentos são os responsáveis diretos pelos danos
causados. No acidente da Samarco, se são culpados ou
não, só a perícia e a justiça irão dizer.
A Samarco precisa voltar a operar, se a sociedade permitir.
Para mitigar os impactos causados pelo acidente, pleitea-
mos a aplicação de metade de seus lucros ou um percen-
tual significativo de seu faturamento, até o último dia de
operação da empresa.
Algumas lições foram aprendidas com essa tragédia, em
um momento que se discute sobre os efeitos das mudan-
ças climáticas no planeta na COP-21 em Paris, de como
nos prevenir, mitigar e remediar seus efeitos sobre a vida
na terra, todas as obras de engenharia, assim como as bar-
ragens de rejeitos, terão que ser adaptadas às mudanças
bruscas do clima em intensidade e extremidades. Como
ficará especificamente a segurança das milhares de barra-
gens no Brasil?
ARTIGO
MARIANA, PARIS E WOLFSBURGO: INDIGNAÇÃO
5353
E em relação à sustentabilidade político-institucional,
onde estava o poder público? Representado pelos di-
rigentes do IBAMA, DNPM, FEAM, IGAM, IEF, Polícia
Ambiental, Ministério Público, e outra infinidade de ór-
gãos públicos dos governos estadual e federal. Como
eles serão responsabilizados?
Como no Brasil tudo é relativo, inclusive a aplicação
da lei, vejam as duas manchetes publicadas no Jornal
Valor de 13/Nov/2015. “Volkswagen é multada em
R$50 milhões pelo IBAMA” e “Dilma anuncia primei-
ras multas do IBAMA após rompimento de barra-
gens”.
A presidenta veio a Minas trazer a multa para a Sa-
marco, mas não foi a São Paulo levar a multa para a
VW. Por quê? Porque aqui já morreram 11 pessoas e
ainda tem 12 desaparecidas. Quantas pessoas morre-
rão no mundo e no Brasil pela fraude causada pela VW
nos mais de 11 milhões de veículos vendidos nos USA
e as 17.057 picapes Amarok no Brasil, que poluem
mais que o permitido pela legislação?
Estes dirigentes sim fraudaram deliberadamente a le-
gislação de diversos países, já foram multados no ex-
terior, o presidente mundial da empresa foi obrigado
a renunciar. E o que ocorreu no Brasil? Já imaginou o
governador de São Paulo esperando a presidenta em
seu helicóptero para levar pessoalmente a multa para
a VW?
Não fez e não fará porque as mortes serão lentas e
não abruptas como em Mariana. Três grandes motivos
para todos nós ficarmos indignados, pela agressão de
todos os seres vivos da bacia do Rio Doce, e mais
ainda pelas vidas deliberadamente ceifadas pela VW e
pelos terroristas em Paris.
RONALDO GUSMÃO
Presidente do Ietec; Engenheiro e Técnico Industrial; Ex-Presidenteda Comissão Técnica de Informática e Telecomunicações da Socie-dade Mineira de Engenheiros; Ex- Membro da Comissão de Infor-mática e do Conselho de Recursos Humanos da AssociaçãoComercial de Minas; Ex-Membro da Comissão de Empresários deInformática e do Conselho de Educação da Federação das Indús-trias do Estado de Minas Gerais; Ex- Diretor da Assespro; Ex-Diretorda Sucesu; Cofundador da Ponto Terra; Membro do Conselho daAMDA; Sócio Fundador da Fumsoft; possibilitou a fundação do ca-pítulo de Minas Gerais do PMI – Project Management Institute;Idealizador e Coordenador Geral da Ecolatina.
RONALDO GUSMÃO
Engenheiro, técnico Industrial
e presidente do IETEC
O distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais
Agên
cia
Bras
il
54
Quem não se lembra
ou nunca ouviu falar
no “Kafunga”, Olavo
Leite de Bastos, go-
leiro do Clube Atlético Mineiro, que
durante muitos anos foi comenta-
rista esportivo. Creio que poucos.
Talvez, os mais jovens que ainda
terão oportunidade de conhecer um
pouco da história desse personagem
lendário. Muitos podem estar se per-
guntando o motivo de trazer à baila
o nome do “Kafunga”, nesse mo-
mento conturbado da vida econô-
mica e política brasileira. Nos idos de
1960, o comentarista dizia que “O
Brasil é o País do contrário, o certo
está errado e o errado está certo”.
Vejam que já se passaram 56 anos e a
coisa não mudou. Pensando melhor,
mudou sim, mas parece que para pior.
Se observarmos o que ocorre hoje
na sociedade brasileira, poderemos
identificar uma inversão de valores,
a perda de elementos simbólicos
essenciais na formação de cidadãos,
que culminam por exemplo no fla-
grante desrespeito à Bandeira de
nossa Pátria. Faltam fronteiras que
norteiem os direitos, mas, principal-
mente, o respeito e a responsabili-
dade que devem orientar as ações
do cidadão mais simples aos diri-
gentes mais graduados, entre eles,
os empresários e os políticos mais
proeminentes. “Ordem e Progresso”
é o lema inscrito na Bandeira Nacio-
nal que deveria ser o pilar da socie-
dade, responsável pela nossa
satisfação e desenvolvimento. Porém,
o que assistimos é exatamente o
contrário, “desordem e, consequen-
temente, o progresso prejudicado”.
Os exemplos são vários e estão co-
locados para a população pelos di-
versos veículos de comunicação. A
economia do País está sendo sola-
pada em função do descompromisso
total com a realidade brasileira e o
desenvolvimento do País. Isso per-
passa todas as esferas de poder e é
sustentado pelos bancos e pelos
empresários gananciosos. Tudo
fazem em nome do poder e não pela
nação, não pelo desenvolvimento
socioeconômico que resultaria em
qualidade de vida para o nosso povo.
Recentemente, ouvi um comentário
de uma pessoa simples, que jamais
poderia imaginar faria uma análise
tão simples e ao mesmo tempo tão
profunda da condição do Brasil. Esse
cidadão disse: “Nossa! Sempre ima-
ginei que o Brasil fosse um País rico,
mas não sabia que na realidade é um
País muito, mas muito rico mesmo”.
Sabe por quê? Em sua sabedoria, ele
dá a resposta: “Porque a quantidade
de dinheiro que se rouba e manda
pra fora é algo que só tem em um
País muito rico”.
Esta é a uma verdade que não es-
capa aos olhos dos mais simples e
nem dos incautos. Realmente, se
pensarmos bem, o tanto que paga-
mos de juros da dívida externa, os
financiamentos externos para obras
em outros países; assim como o des-
perdício, a corrupção, o volume de
dinheiro gasto por empresas sem
produzir nada, o excesso de benefí-
cios sociais oferecidos pelo governo,
pressupõe-se que seja uma nação
extremamente rica para, ainda assim,
permanecer viva. Viva mas com
muito sofrimento para seu povo que
é a maior vítima desses descasos e
desses malfeitores públicos.
Mas o Brasil não é só rico neste as-
pecto. É também rico em fontes reno-
váveis de energia a saber: hidráulica,
O País do contrário
ARTIGO
*Ailton Ricaldoni Lobo
55
solar, eólica e biomassa. Sabemos
que a soberania de um país passa
pela sua independência energética e
o Brasil, se quiser, ou seja, se houver
políticas públicas para estimular o
desenvolvimento acadêmico, a ino-
vação nas indústrias, a pesquisa e o
desenvolvimento de tecnologias
aplicáveis na geração de energia a
partir dessas fontes, será soberano
e independente energeticamente. O
potencial das indústrias desses equi-
pamentos geraria riqueza e muitos
postos de trabalho.
O jovem brasileiro que se habilita
no programa “Ciência sem Fron-
teira”, que é por si só um belo pro-
jeto, precisa ter um posto de
trabalho com seu nível de conheci-
mento acadêmico, para que ele
possa se realizar profissionalmente
e, também, retomar o recurso que
foi investido na sua formação. Nada
melhor do que possuirmos um par-
que industrial, com empresas de di-
versas partes, porém, que tenham
seus departamentos de P&D e seus
projetos de inovação, para abrigar
esses profissionais que retornam de
seus aperfeiçoamentos.
Infelizmente, temos um País sem po-
lítica industrial definida, onde o inte-
resse do Estado é propiciar um
ambiente econômico/financeiro que
privilegia o capital especulativo. Essa
política está sinalizada com uma alta
taxa de juros, que estimula os ban-
cos e os grandes investidores a to-
marem dinheiro lá fora, ou mesmo
no Banco Nacional de Desenvolvi-
mento Econômico e Social(BNDES),
com taxas muito baixas, e a aplica-
rem com rentabilidade altíssima,
com todas as garantias de liquidez e
rentabilidade.
Bom, qual empresário aplicaria seus
recursos em uma atividade produtiva,
por exemplo na indústria com risco
inferior ao rendimento de tal aplica-
ção e, ainda mais, assumindo riscos
de instabilidade tributária, jurídica,
trabalhista e de logística. O que assis-
timos hoje é um total descompro-
misso com a política industrial por
parte das atividades representativas
do segmento, notadamente, aquelas
onde a contribuição é compulsória.
O que existe são ações pontuais e di-
recionadas àqueles segmentos que se
despõem a colaborar com os políti-
cos para obter os benefícios.
O princípio democrático acompa-
nhou a evolução humana e resultou
na formação de um dos regimes po-
líticos mais aclamados da história, a
DEMOCRACIA. Esta, entretanto,
sendo mal exercida, poderá fugir ao
seu princípio básico, transformando
a participação em pura demagogia;
permitindo práticas que favoreçam
a projetos de poder para se perpe-
tuarem, utilizando o instituto da
reeleição, o qual deveria ser banido
em todas as instâncias de poder, a
saber: Executivo, Legislativo, Judiciá-
rio; bem como em associações de
classe, sindicatos, federações, etc.
Em toda instituição que adote o
voto como instrumento de escolha
do seu líder. Este exercício pleno da
democracia propicia a renovação e
surgimento de novas lideranças, evi-
tando os vícios e abusos da perma-
nência absolutista no poder.
Daí a lembrança das grandes tira-
das, as vezes polêmicas, mas certei-
ras do Kafunga, mas desta vez, para
contrariá-lo. O Brasil não pode con-
tinuar sendo o País do contrário,
onde o certo está errado e o er-
rado está certo. Esse já seria um
bom começo.
Ailton Ricaldoni Lobo, enge-
nheiro eletricista, empresário
e presidente do Conselho
Deliberativo da SME.
CDS | SMECOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
56
Em 09 de dezembro de 2015, a Confederação Nacional
da Indústria – CNI e o Fórum de Meio Ambiente do Setor
Elétrico – FMASE entregaram a representantes do Go-
verno Federal a Proposta da Indústria para o Aprimora-
mento do Licenciamento Ambiental: Setor Elétrico, que
poderá ser lido na íntegra no site da SME.
O documento, elaborado entre os anos de 2014 e 2015,
elenca os principais desafios enfrentados para a viabiliza-
ção de hidrelétricas no Brasil, e apresenta propostas para
cada um deles. Os dados compilados no documento foram
obtidos a partir de pesquisas realizadas junto as empresas
que compõem as associações do FMASE, e do levanta-
mento de informações disponíveis no site oficial do Insti-
tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Renováveis – IBAMA, relacionadas ao licenciamento am-
biental federal de empreendimentos hidrelétricos. Já as
propostas de solução foram formuladas pelo Grupo de
Trabalho Licenciamento Ambiental do FMASE, refletindo
os principais pleitos do setor elétrico para o tema.
A ideia primordial dos autores é reabrir as discussões
sobre os aspectos socioambientais envolvidos na viabili-
zação de empreendimentos hidrelétricos, inclusive no que
concerne à capacidade de acumulação dos reservatórios
brasileiros, considerados essenciais ao equilíbrio da matriz
elétrica nacional, à garantia da modicidade tarifária e à
competitividade de nossa indústria.
Diante de todos os dados e opiniões angariados, o FMASE
e a CNI concluem que avanços na condução dos proces-
sos de planejamento e licenciamento ambiental dos em-
preendimentos hidrelétricos somente serão possíveis por
meio do estabelecimento de diálogos menos ideológicos,
mediante a antecipação das salvaguardas ambientais para
a fase de planejamento setorial, e a criação de regras de
licenciamento ambiental mais objetivas e estáveis. Na visão
do Fórum e da Confederação, a mudança do sistema vi-
gente irá melhor o ambiente de negócios, trazendo maior
previsibilidade de custos para a fase de leilão, como tam-
bém contribuirá para reduzir a judicialização do processo
de licenciamento ambiental, que sabidamente pouco con-
tribui para solucionar os desafios existentes.
Conheça abaixo os principais desafios e proposições apre-
sentados na Proposta da Indústria para o Aprimoramento
do Licenciamento Ambiental: Setor Elétrico:
Proposta da indústria para o aprimoramentodo licenciamento ambiental: setor elétrico* Luisa Ferreira Braga e Renata Messias Fonseca
Integração dos instrumentos de planeja‑mento e gestão territorial
Desafio: Tardio equacionamento de questões socioam-
bientais afetas à fase de planejamento setorial, levando à
exigência de que o empreendedor execute importantes
ferramentas de planejamento, como a Avaliação Ambiental
Integrada – AAI, na fase de licenciamento ambiental.
Proposta: Elaboração e integração das ferramentas de pla-
nejamento pelo Poder Público antes do início do processo
de licenciamento ambiental, sendo utilizadas como inputs
ao processo, e não requisito obrigatório dele.
Manifestações dos Órgãos Intervenientesno Processo de Licenciamento e BalcãoÚnico Virtual de Licenciamento Ambiental
Desafio: Dificuldade na interlocução entre o órgão licen-
ciador e os órgãos intervenientes no processo de licen-
ciamento ambiental, acarretando o descumprimento de
prazos legais e a necessidade de condução, na prática, de
um processo individual de licenciamento perante cada
órgão interveniente.
Proposta: Criação de um balcão único virtual de licencia-
mento, que reunirá todos os entes envolvidos nesse pro-
cesso e será coordenado pelo órgão licenciador,
responsável por emitir pareceres e manifestações únicos
sobre os estudos e documentos apresentados. Além disso,
o balcão único atuaria também na fase de planejamento
setorial, mediante a caracterização da área objeto do in-
ventário hidrelétrico e participação na elaboração dos pla-
nos setoriais, como o Plano Decenal de Energia.
Alteração da Lei de Crimes Ambientaispara restringir a responsabilidade criminaldo agente licenciador à conduta dolosa
Desafio: Engessamento da atuação dos agentes ambientais
em razão da possibilidade de sua responsabilização pes-
soal, na esfera criminal, por imprudência, negligência e im-
perícia, prevista nos arts. 66 e 69-A da Lei de Crimes Am-
bientais.
Proposta: Adequação da redação da Lei de Crimes Am-
bientais para que seja excluída a modalidade culposa dos
referidos delitos.
EIA/RIMA para usinas acima de 50 MW
Desafio: Exigência de realização de EIA/RIMA para todos
os empreendimentos hidrelétricos com capacidade insta-
lada superior a 10 MW , em que pese os impactos de
parte desses empreendimentos serem reduzidos e incidi-
rem sobre pequenas áreas.
Proposta: Previsão, em norma federal, de obrigatoriedade
de realização de EIA/RIMA apenas para os projetos cuja
capacidade instalada seja superior a 50 MW.
Termos de Referência padronizados, deconteúdo mínimo e por tipologia de em‑preendimento
Desafio: Alta complexidade dos Termos de Referência –
TR que orientam a elaboração dos estudos ambientais,
sem que os estudos exigidos necessariamente tenham re-
lação direta com os prováveis impactos da atividade ou
empreendimento.
Proposta: Elaboração de TR padrão para cada tipologia de
empreendimento, a ser refinado de acordo com as carac-
terísticas do empreendimento licenciado.
Regulamentação das Audiências Públicas
Desafio: Ausência de regulamentação de aspectos essen-
ciais relacionados à realização de audiências públicas.
Proposta: Regulamentação, em norma federal, das regras e
procedimentos para a realização de audiências públicas, em
especial: delimitação das pessoas legitimadas a falar durante
o ato; delimitação do tempo de fala de cada participante;
possibilidade de envio prévio de questionamentos; defini-
ção da área diretamente atingida pelo empreendimento
como local de realização da(s) audiência(s), entre outros.
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O FMASE é composto por vinte entidades de classe de âmbito nacional dos segmentos de geração, transmissão, distribuição, comercialização e
consumo de energia, sendo que, por meio da interação constante com o setor público, iniciativa privada, Organizações Não Governamentais - ONGs,
academia e mídia, é hoje reconhecido como o principal interlocutor do setor de energia elétrica no Brasil para as questões socioambientais
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CDS | SME
Condicionantes Ambientais
Desafio: Imposição de condicionantes ambientais que não
guardam relação direta com os impactos do empreendi-
mento e que têm como objetivo atender demandas que
são de responsabilidade do Poder Público.
Proposta: Obrigatoriedade de as condicionantes ambien-
tais, e quaisquer outras imposições feitas no bojo do pro-
cesso de licenciamento, guardarem relação direta com os
impactos verificados nos estudos ambientais, devendo ser
acompanhadas de justificativa técnica.
Emissão de Autorizações Pontuais conco‑mitante à Licença Ambiental
Desafio: Exigência de obtenção de inúmeras autorizações
durante o processo de licenciamento, sem que exista a
coordenação do momento de sua emissão e das condi-
cionantes que as compõem.
Proposta: Adoção de medidas para otimização do pro-
cesso de obtenção de autorizações ambientais, que de-
verá, sempre que possível, ocorrer de forma concomitante
à emissão da Licença Ambiental inerente à fase em que o
processo de licenciamento se encontra.
O FMASE e a CNI acreditam que sua proposta
oferece um norte para a solução dos principais entraves
existentes nos processos de planejamento e licenciamento
ambiental de empreendimentos hidrelétricos no Brasil, ga-
rantindo-lhes maior eficiência e qualidade, especialmente
por meio do fortalecimento das competências dos órgãos
ambientais e da adequada participação dos órgãos inter-
venientes e interessados.
*Luisa Ferreira Braga é formada em Engenharia Ambiental eem Direito, e está concluindo o MBA Executivo pela FundaçãoDom Cabral. Atualmente é Coordenadora Socioambiental naAssociação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Ener-gia - ABIAPE.
Renata Messias Fonseca é formada em Direito e especialistaem direto penal e ambiental. É sócia de Borges & Almeida Ad-vocacia, Coordenadora do Comitê de Meio Ambiente da Asso-ciação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica – ABCE eassessora jurídica do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico– FMASE.
Coordenadoras do Grupo de Trabalho Licenciamento Ambientaldo Fórum de Meio Ambiente de Setor Elétrico – FMASE.
Este artigo está disponível na íntegra no site da SME, acesseo link: www.sme.org.br/artigolinceciamentosustentavel
2 - Determinação expressa no art. 2º, Xl, da Resolução Conama nº 01/1986.
Luisa Ferreira Braga,
engenheira Ambiental
e Coordenadora
Socioambiental
na ABIAPE.
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