31ª edição do voz do nicéia

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Jornal Comunitário do Bairro Jardim Nicéia Bauru Ano VIII Edição nº 31 Junho de 2016 Qual a história de Adão e Laura? Pág. 8 www.vozdoniceia.wordpress.com Bazar do jornal arrecada dinheiro para imprimir próximas edições Pág. 6 Beatriz Lima/Voz do Nicéia Daniela Arcanjo/Voz do Nicéia Rafael de Toledo/Voz do Nicéia Mesmo sob chuva, Operário vence Santa Cândida. Confira a reportagem do clube! Pág. 4 Terraplanagem do final de maio não é indicativo de asfalto no bairro Pág. 3

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Jornal Comunitário do bairro Jardim Nicéia, de Bauru, e projeto de extensão universitária da Unesp. A edição começa com uma reclamação antiga do bairro: a falta de pavimentação nas ruas. Um procedimento realizado pela SEAR no início de maio deixou os moradores confusos e nossa equipe foi averiguar o que o Poder Público planeja para o Jardim Nicéia em relação a isso. Tratamos de política nacional também. Fomos às ruas perguntar: qual a função do presidente no país? No "Tira-Dúvidas", uma breve explicação do plano de governo de Michel Temer. Em meio a tantos assuntos pesados, trouxemos um tema que todo brasileiro gosta: futebol! Com chances de ser classificado para as quartas de final, investigamos quais as maiores dificuldades do Operário, o time do bairro, e como a prefeitura poderia melhorar o futebol aqui em Bauru. No Perfil, ao invés de um entrevistado, dois: o casal Adão e Laura. Juntos há mais de vinte anos, eles adoçaram a edição. Boa leitura!

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Jornal Comunitário do Bairro Jardim Nicéia Bauru Ano VIII Edição nº 31 Junho de 2016

Qual a história de Adão e Laura? Pág. 8 www.vozdoniceia.wordpress.com

Bazar do jornal arrecada dinheiro para imprimir próximas edições Pág. 6

Beatriz Lim

a/Voz do Nicéia

Daniela A

rcanjo/Voz do Nicéia

Rafael de Toledo/Voz do Nicéia

Mesmo sob chuva, Operário

vence Santa Cândida. Confira a reportagem do

clube! Pág. 4

Terraplanagem do final de maio não é indicativo de asfalto no bairro Pág. 3

Junho de 20162

Jornal comunitário bimestraldo bairro Jardim Nicéia,

em Bauru-SP

Projeto de Extensão Universitária

Jornalista responsável:Angelo Sottovia Aranha MTB-12870

Editora-chefe:Daniela Arcanjo

Edição geral:Angelo Sottovia AranhaMTB-12870

Equipe do Blog:

Beatriz Lima, Gabryella Ferrari, Helena Ortega, Victória Rangel

Equipe de Eventos:

Ana Cristina Marsiglia, Bárbara Alcântara, Beatriz Ribeiro, Daiane Tadeu, Daniele Olímpio, Giovana Murça Pastori, Giovanna Castro, Guilherme Hansen, Maria Clara Novais, Mariana Soares, Matheus Dias, Tatiany Garcia, Victor Barreto

Equipe de Reportagem e Fotografia:

Amanda Araújo, Ana Carolina Montoro, Ariely Polidoro, Camila Gabrielle, Caroline Amélia, Daniele Fernandes, Douglas Françoza, Gabriela Arruda, Gabriela Silva de Carvalho, Giovana Moraes, Giovanna Romagnoli, Guilherme Sette, Lorenzo Santiago, Luisa Volpe, Maria Gabriela Zanotti, Matheus Rodrigo, Rafael de Toledo, Vitor Soares

Créditos dos ícones de mídias sociais: Alexei Ryazancev / Site InconfiderFAAC - Unesp BauruDepartamento de Comunicação SocialEndereço: Av. Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01 - Vargem Limpa - Bauru/SP

Tiragem: 1000 exemplares

Impressão: Full Graphics

Distribuição Gratuita

A edição começa com uma reclamação antiga do bairro: a falta de pavimentação nas ruas. Um procedimento realizado pela SEAR no início de maio deixou os morado-res confusos e nossa equipe foi averiguar o que o Poder Público planeja para o Jardim Nicéia em relação a isso.

Tratamos de política nacional também. Fomos às ruas perguntar: qual a função do presidente no país? No "Tira-Dúvidas", uma breve explicação do plano de gover-no de Michel Temer.

Em meio a tantos assuntos pesados, trouxemos um tema que todo brasileiro

gosta: futebol! Com chances de ser clas-sificado para as quartas de final, investiga-mos quais as maiores dificuldades do Ope-rário, o time do bairro, e como a prefeitura poderia melhorar o futebol aqui em Bauru.

No Perfil, ao invés de um entrevistado, dois: o casal Adão e Laura. Juntos há mais de vinte anos, eles adoçaram a edição.

Não deixe de ler a cobertura do Bazar do jornal, realizado no Dia dos Namora-dos, na página 6.

Boa leitura!Equipe Voz do Nicéia

Editorial

Unip / Makro Horário de saída do CENTRO - Dia útil05h35 05h50 06h14 06h48 07h16 08h10 08h48 09h23 10h07 10h42 11h27 12h05 12h51 13h29 14h10 14h23 14h49 15h32 16h04 16h46 17h22 18h05 18h15 18h42 18h50 19h18 19h50 20h20 21h23 22h35

Sábado05h45 06h10 06h28 06h59 07h33 08h05 08h38 09h13 09h46 10h22 10h57 11h38 12h19 12h49 13h29 14h03 14h20 15h17 16h31 17h45 19h00 20h11 21h21 22h30 Domingo/Feriado06h20 07h24 08h32 09h40 10h48 11h56 13h04 14h12 15h20 16h28 17h36 18h44 19h52 21h00 22h08

Câmpus /CTI: Horários saída do Campus - CTI - Dia útil06h20 06h40 07h20 07h40 08h20 08h40 09h02 09h39 10h00 10h30 11h00 11h20 12h16 12h36 12h56 13h16 13h33 13h56 14h26 14h56 15h26 16h20 16h26 17h16 17h36 18h00 18h22 18h36 18h56 19h36 20h00 20h36 21h00 21h26 22h00 22h27 23h05

Sábado06h25 07h17 07h45 08h10 08h35 09h30 10h20 11h15 12h32 13h00 13h25 14h17 15h10 16h02 18h40 19h33 20h25 21h18 23h03

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No último dia 6 de maio, foi realizado no Jardim Ni-céia um trabalho de terrapla-nagem. Visando melhorar a mobilidade dos moradores, a Secretaria de Administra-ções Regionais (SEAR) ter-raplanou a lateral esquerda do bairro.

A técnica tem o objetivo de deixar o terreno mais re-gular e normalmente prece-de a pavimentação de uma rua, o que causou curiosida-de nos moradores.

O diretor de Divisão de Administração e Expediente da SEAR Jorge Luís de Sou-za explica que as medidas adotadas no bairro foram iniciadas devido a solicita-ção do vereador Markinho da Diversidade. O processo será feito em duas etapas: a primeira, já iniciada, é a da terraplanagem.

Já a segunda consiste no depósito e compactação no solo de um material cha-mado agregado reciclado. Todo esse procedimento prevê uma contenção das erosões que ocorrem onde não há asfalto. O atraso da obra deve-se, segundo o di-retor Jorge, às chuvas dos últimos dias e a outras ações da prefeitura.

Jorge Luís enfatiza que a SEAR só é responsável por resolver os casos de emer-gência. Uma vistoria no bairro, realizada pela prefei-tura, concluiu que a situação

do Nicéia "não é crítica". A Secretaria de Obras é a res-ponsável pelo asfaltamen-to definitivo do bairro, mas não há data certa para que isso aconteça.

A terraplanagem é uma medida que não acaba com os problemas dos morado-res. E, da forma como foi fei-ta, gerou críticas. Débora Pi-res, 30, disse que no dia em que passaram a máquina, havia até piorado a situação. “Os moradores tiveram que arrumar com a enxada. Eu não dirijo, mas quem tem carro falou que prejudicou mesmo, porque passava em cima da boca de lobo”, afir-ma a moradora da Rua 4.

Maria Tereza, 59, tam-bém desaprovou o proces-so: “é que agora choveu, e a água deve ter coberto, mas se descer a rua dá pra ver certinho onde a máquina passou”. O ideal, para ela,

seria o asfaltamento defini-tivo de todas as ruas.

O bairro tem um projeto de regularização paralisado, que enfrenta problemas por conta da disputa judicial en-tre famílias que brigam pela posse da área. “Com essa disputa familiar finalizada, a prefeitura poderá pros-seguir com a ação de regu-larização” explica Natasha Lamônica Moinhos, arqui-teta e urbanista da Secretária Municipal de Planejamento.

A regularização do bair-ro, segundo ela, agilizaria o processo de pavimentação. “A prefeitura vai fazendo o que pode, do jeito que pode e com o dinheiro que dá”, diz Natasha, lembran-do que, apesar de tudo, o bairro não consta na lista de prioridades da prefeitu-ra do município. “O Jardim Nicéia já tem as redes de tu-bulações, o que falta é exa-

tamente concluir a aplicação do asfalto”, confirma.

Embora não esteja re-gularizado, o bairro é con-templado pelo programa federal Cidade Legal desde 2008. Uma vez inscrito, o Jardim Nicéia pode receber investimentos do poder pú-blico mesmo que ainda seja área particular. Antes disso, qualquer investimento pú-blico no bairro era conside-rado corrupção.

A arquiteta da SEPLAN Natasha informou que há também um projeto de aces-sibilidade para cadeirantes no Nicéia, o que também está associado à falta de pa-vimentação, mas também não há previsão para a con-cretização desse projeto.

A continuação das obras nas ruas está prevista para o início da semana do dia 13 de junho, de acordo com o Diretor da SEAR.

Terraplanagem é realizada no bairroProcedimento causa expectativa, mas ainda não há previsão de asfaltamento

Apesar de bairro poder receber investimento público, apenas algumas ruas foram pavimentadas

Ana Carolina MontoroGabriela ArrudaLorenzo SantiagoMatheus Rodrigo

Daniela A

rcanjo/Voz do Nicéia

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Não haveria gramado encharcado que pudesse segurar o Operário Futebol Clube, que jogava pela Liga Bauruense de Futebol Ama-dor no domingo, dia 5 de junho. A chuva castigou o Estádio Toninho Guerreiro, no Jardim Mary Dota, em Bauru, mas, apostando na bola aérea, os azuis do Ni-céia saíram vitoriosos.

Logo aos 11 minutos do primeiro tempo, bola na área do Santa Cândida, o atacante Leandro Costa subiu sozinho para abrir o placar. Não demorou mui-to para a estratégia funcio-nar novamente. Após três minutos, em uma ligação direta da defesa para o ata-que do Operário, o jogador Thiago da Silva ganhou ve-locidade e aumentou a van-tagem do time do Nicéia.

Com dois gols a mais, o Operário se fechou no seu campo o resto da partida e obrigou seu goleiro a fazer defesas difíceis para garan-tir a vitória, principalmente quando o autor do segundo gol, Thiago, logo no início do segundo tempo, foi ex-pulso. Nos acréscimos, em falta cobrada do meio do campo, novamente Lean-dro, artilheiro da competi-ção em 2011 e em 2014, su-biu mais alto que a defesa do Santa Candida para fechar o placar e decidir. Final: Ope-

rário FC 3x0 Santa Cândida.Quem caminhava pela

arquibancada antes do iní-cio do jogo, ouvia uma tor-cedora orgulhosa por seu marido que jogaria naquele dia. Junto dos seus filhos, revelou que, aos domingos, o lazer da família estava na sagrada partida de futebol e, consequentemente, na reunião dos parentes.

O clima descontraído estabelecido durante o jogo prossegue até mesmo com o fim da partida, no horário do almoço, quando a equipe é convidada por Vanderlino Silva, o Seu Vando, presi-dente do time, para uma fei-joada preparada em come-moração à grande vitória.

No fim do jogo, o técnico do Operário FC, Reginaldo Evangelista, 39, contou que o time tem grandes chan-ces de se classificar para as quartas-de-final da compe-tição e lutar pelo título. No momento, o Operário ocupa

a décima colocação da Liga, com dois pontos atrás da zona de classificação para as quartas-de-final.

17 anos de história

O Operário Futebol Clu-be é um dos times que joga pelo futebol amador de Bau-ru e representa a comunida-de do Jardim Nicéia e re-gião. O time foi fundado em 1999 por Vanderlino, com o apoio da diretoria do Nacio-nal Atlético Clube, time com sede na Vila Cardia, que, as-sim como o Operário, dis-puta a Liga Bauruense de Futebol Amador (LBFA). Segundo o presidente Van-derlino, o Nacional ajudou o time do Nicéia durante os dois primeiros anos.

O Operário F.C. con-ta com 22 jogadores e, de acordo com o presidente do clube, mais da metade deles mora no bairro. Isso mostra a relação significativa do

clube com a comunidade do Nicéia. Vanderlino ressalta que o time tem um projeto social. Além de sempre ten-tar levar os moradores aos jogos da LBFA, também ar-recada doações no final do ano para fazer uma come-moração no Natal.

No ano de 2014, o Operá-rio Futebol Clube conquis-tou o Troféu disciplina da Liga Bauruense de Futebol Amador da 2ª divisão. No mesmo ano, o clube também foi vice campeão da 2ª divi-são do LBFA. No entanto, a história do time do Nicéia não é marcada apenas pelas conquistas no campeonato.

Ainda falta apoio

O gramado encharca-do não parece ser o único obstáculo enfrentado pelo Operário. O time considera insuficiente o apoio ofereci-do pela prefeitura de Bauru, desde o financiamento dos clubes até a manutenção dos estádios.

O presidente Vanderlino destaca que o clube depende muito dos patrocinadores, o que em sua visão é negati-vo. O dinheiro nem sempre chega a tempo para os jo-gos. Com isso, os membros do time precisam cobrir as despesas até que os patroci-nadores enviem a verba.

A desvalorização é per-ceptível também na falta de auxílio para o transporte dos atletas que, com seus pró-prios meios, vão ao estádio individualmente. Além dis-so, a segurança é desfalca-da: as solicitações de acom-

A paixão e o suor na luta do Operário Futebol ClubeComposto principalmente por moradores do Jardim Nicéia, o time joga bem e dribla as dificuldades para se sustentar e disputar campeonatos

Mesmo com chuva, o céu ficou mais azul com a vitóriado Operário. O técnico Reginaldo acredita na classificação

Rafael de Toledo/Voz do Nicéia

Amanda AraújoCaroline AméliaGuilherme SetteRafael de ToledoVitor Soares

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A paixão e o suor na luta do Operário Futebol ClubeComposto principalmente por moradores do Jardim Nicéia, o time joga bem e dribla as dificuldades para se sustentar e disputar campeonatos

panhamento da partida feitas à Polícia Militar pelo presidente da Liga, Vicente Silvestre, são ignoradas na maioria das vezes.

Ubiratan Alves Silva afirma que os times da Copa Semel também encontram dificuldades para compor as equipes com bons joga-dores. Ele organiza esse ou-tro torneio de futebol ama-dor realizado pela secretaria de esportes da cidade.

Segundo ele, na Copa Semel os clubes devem so-mente pagar a plastificação da carteirinha e levar a bola para o jogo. Na opinião de Ubiratan, hoje não há fu-tebol amador, e sim “não--profissional”, referindo-se a forma empresarial como a modalidade é levada hoje.

O organizador da Copa Semel afirma que alguns jogadores chegam a ganhar 200 reais por jogo, outros co-bram cinco mil reais só para assinar com o clube. “Tem time que paga mensalidade na escolinha de futebol para que o atleta, ainda criança, já se comprometa”, completa.

De acordo com o pre-sidente Vanderlino, o time tem um gasto semanal de 200 reais com arbitragem, sem contar as despesas com ônibus para levar a torcida e com materiais esportivos. “O principal problema é a falta de estrutura financeira para o time. A gente depen-de de patrocinadores”, afir-ma o presidente.

Os clubes mais ricos no-vamente tiram vantagem nessa situação, porque apro-veitam o privilégio econô-

mico para atrair mais atle-tas. Com mais conquistas, atraem mais investimentos de patrocinadores que que-rem custear as suas equipes. Isso aumenta ainda mais a disparidade entre os times.

Apesar de Ubiratan afir-mar que hoje não há mais futebol amador, a profissio-nalização dos membros do time é dificultada pela falta de visibilidade em relação aos órgãos governamentais bauruenses. Os jogadores do Operário F.C., Leandro e Thiago, que se destacaram pela atuação em campo no jogo do dia 5 de junho, con-tam que precisam trabalhar em diferentes lugares para se sustentarem.

A dedicação ao time, po-rém, continua presente: to-dos se empenham para ser o melhor jogador. O talento apresentado em campo é re-conhecido e aplaudido por toda a arquibancada.

O presidente da Liga, Vicente Silvestre, deixa ex-plícito esse carinho: "eu não conseguiria largar”. Ubi-ratan também não. Ele diz que o amador é "a paixão do futebol no Brasil”. Para ele, cortar o futebol da vida do brasileiro é impossível: “aqui em Bauru, por exem-plo, quase todos os bairros estão envolvidos. O pessoal passa na feira, compra um pastel ou lanche e vai pro estádio assistir ao jogo, todo domingo. O futebol amador faz parte do Brasil”.

No próximo domingo, dia 19 de junho, o Operário enfrentará o Tibiriçá Espor-te Clube.

Na primeira foto, um dos artilheiros do dia, Leandro, dribla o jogador adversário. Logo acima, o técnico Reginaldo observa

o time do Nicéia, que venceu mesmo embaixo de chuva

Rafael de Toledo/Voz do Nicéia

Rafael de Toledo/Voz do Nicéia

Rafael de Toledo/Voz do Nicéia

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Governo Temer

O cenário da política nacional vem despertan-do dúvidas após a saída de Dilma Rousseff. O pro-cesso de Impeachment é sustentado pelo fato da presidenta ter usado em-préstimos de bancos públi-cos, o que seria uma ope-ração de crédito ilegal. Ao ser encaminhado e apro-vado no Senado, o proces-so definiu o afastamento de Dilma por 180 dias até que haja o julgamento.

Conversamos com o cientista social e professor assistente na Universidade

de Campinas (Unicamp) Wagner Romao. Ele expli-cou o plano de governo e as possíveis mudanças com Michel Temer.

Qual é o plano de governo do vice-presidente Michel Temer?

Há um plano que o PMDB (partido de Temer) lançou no início do ano, chamado “Ponte para o fu-turo”. Já estava indicada ali a necessidade de cortes drásticos nas políticas so-ciais, inclusive de recursos que a Constituição Federal reserva para a saúde e a educação. No caso da cul-tura, houve o rebaixamen-to do Ministério da Cultura a uma secretaria especial.

Quais são as principais mudanças quando com-paramos o governo Dilma (PT) e o governo interino do vice-presidente Michel Temer (PMDB)?

As mudanças mais no-tórias são: ministérios sem mulheres e negros; a ten-dência para alterações na Constituição que retirarão direitos; o fim da Contro-ladoria Geral da União, órgão fundamental no combate à corrupção; e a Previdência Social, que fi-cou sob o ministério da Fa-zenda, para ser reformada.

Como essas mudanças afetam os trabalhadores?

O que pode ocorrer é a retirada de direitos dos tra-

Tira Dúvidas

No último domingo, 12 de junho, o jornal Voz do Niceia promoveu o primei-ro bazar de roupas, livros e acessórios na praça do bairro. A organização do evento contou com doa-ções dos membros do pró-prio jornal. Calças, shorts, camisetas, bolsas, acessó-rios femininos, livros, cin-tos e sapatos foram alguns dos itens vendidos por um preço bem acessível: ape-nas um real!

O evento começou às 15h, na praça do bairro, e contou com diversas ati-vidades para as crianças. Brincadeiras como escon-de-esconde, morto-vivo e patinho ajudaram a entre-ter a criançada para que os adultos pudessem, com calma, ir às compras.

Fernando de Abreu, morador da Rua 3, foi um dos compradores de livros. “Pra mim, foi de grande valor, afinal eu acabei en-contrando a coisa que eu mais precisava, conheci-mento”. O morador conta que gosta muito de ler e admirou a variedade de li-vros vendidos no bazar.

Bazar do Voz do Nicéia é sucesso no bairroEvento foi criado para custear as próximas impressões e eventos do jornal

As peças de roupa ao preço de um real foram muito bem-vindas para esse outono tão gelado que está esfriando Bauru. Dona Therezinha Martins, de 71 anos, aproveitou para comprar roupas de frio e blusas de lã para essa épo-ca do ano, e foi só elogios sobre o evento: “as roupas estão muito boas, e o preço está ótimo”.

O morador Abel Ricar-do, da Rua 6, lembra sobre a importância de comparti-lhar quando o que se tem não faz mais tanta falta: “se a roupa não servir mais para alguém que tenha comprado, pode ajudar

outra pessoa por meio de uma doação”.

Para esquentar o do-mingo frio, o bazar contou também com um gostoso café da tarde, com bolo de fubá e suco de uva, doa-dos pelo Supermercado Confiança e pelo Empório Barres, sem nenhum custo para aqueles que compare-ceram. Cerca de duzentas peças foram compradas pelos moradores durante o evento, mas nem tudo foi vendido. Todo o dinheiro arrecadado com as vendas será usado em impressões do Voz do Nicéia ou nos próximos eventos para os moradores.

balhadores em uma refor-ma trabalhista que está no projeto de Temer. Há tam-bém a proposta de separa-ção dos reajustes do salário mínimo dos reajustes das pensões e aposentadorias.

De que forma essas pro-postas estão interferindo em programas sociais?

Temer suspendeu uma modalidade do Minha Casa Minha Vida que equi-vale a apenas 3% do Pro-grama, mas atinge princi-palmente pessoas de renda mais baixa. Quanto ao Bol-sa Família, fala-se em “ra-cionalizar" o Programa. É bastante provável que cor-tes sejam feitos, mas isso ainda não está explícito.

Douglas FrançozaGabriela CarvalhoMaria Gabriela Zanotti

Beatriz LimaGabryella FerrariHelena OrtegaVictória Rangel

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"Qual é a função de um presidente?"

Moradores demonstram vigilância e insatisfação com a atuação dos políticos eleitos.Na opinião da maioria, há pouco comprometimento com a saúde e a educação da população.

"Não fazem nada pelos pobres, só lembram dos ri-cos. Tem que acabar com a corrupção porque está de-mais. Nós votamos para ver se as coisas mudavam, mas nada mudou, só ficou pior." Ivan da Silva, 45 anos, Rua 6

Fotos: Giovanna Romagnoli

"Quando a gente vota esperamos uma me-lhora em muitas coisas no país. Não foi o que a gente viu. A gente se decepciona, porque promessas são feitas e acreditamos. Não de-viam roubar, e sim, fa-zer coisas boas." Sheila Ramos, 29 anos, Rua 6

"Esperamos me-lhorias na saú-de e educação e não vemos isso acontecer. Eles não deveriam ser corruptos, era para tudo ser às claras. A

gente queria que eles lutassem pelos ideais do povo." Crisélia Aparecida, 37 anos, Rua 2

"A função do presidente é cuidar da gente. Não temos saúde, segurança e respei-to. Pobre só serve para votar e trabalhar, de resto a gente não vale nada. Não pensam na gente. Ninguém sabe para onde vai o nosso dinheiro.” Francisco Demétrius, 55 anos, Rua 6

"Um presidente deveria go-vernar bem todas as áreas, principalmente saúde e se-gurança pública. Deveria também organizar os im-postos que são recolhidos. Há muitos impostos e nós não vemos resultado. E não deveriam vender o Brasil e privatizar tudo." José Teles, 45 anos, Rua 5

"Tem muita fome no Brasil todo, falta estrutura e muitos bairros são esqueci-dos. Votamos nos presidentes para dar atenção para a gente, mas não dão. Nossos representantes fazem mui-tas coisas que não são neces-sárias, e dei-xam a saúde pra lá." Kelly Mendes, 38 anos, Rua 5

"Ele tem que pensar primeiro no povo e se atentar principalmente para a saúde. A gente precisa de alguém que entenda e que venha até nós com res-peito, mas só vieram com roubaria." Eraldo Dinho, 28 anos, Rua 5

Camila GabrielleGiovanna Romagnoli

Luisa Volpe

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Perfil

Daniele Fernandes/Voz do N

icéia

Seu Adão e Dona Laura

Sob um dia chuvoso, Seu Adão Paes de Almeida e Dona Laura Cabral nos receberam em sua casa. Com espaço para um pomar, o lugar é um refúgio na cidade grande para duas pessoas que cresceram na fazenda.

No ar, o cheiro de lenha quei-mada deixado pelo fogão revela que Dona Laura havia feito o al-moço para os dois há pouco tem-po. Há vinte anos juntos, o casal contou detalhes de seu cotidiano.

Na sala, Dona Laura narra sua história, que em maior parte foi vivida em Duartina. Ela afir-ma que, se contasse tudo, daria um livro. Órfã de mãe desde os 9 anos de idade, Laura lembra que seu pai criou os quatro filhos com um pouco da sua ajuda: “só tinha um mais velho do que eu”.

Desde a infância, ela sempre trabalhou para ajudar nos gastos da família: "os vestidos eu mes-ma fazia. Se eu queria fazer algu-ma coisa, aprendia sozinha, nin-guém me ensinava”.

Só na década de 90, já aposentada, que Dona Laura conhece o seu “velho”, apelido carinhoso dado por ela a seu Adão. Eles se encontraram em uma cidade próxima a Bau-ru, chamada Duartina.

Dona Laura, que assim como Seu Adão já havia sido casada, contou que na época achava que não moraria com mais ninguém. Há oito anos oficializaram a união, e hoje exibem as alianças orgulhosos.

O casal é querido por todos da vizinhan-ça e, quando precisam, recebem ajuda das pessoas do bairro, principalmente no trans-porte. “A gente tem muita amizade aqui” diz Seu Adão. Eles mudaram para Bauru em 2000, após uma visita feita ao filho de Dona Laura na cidade. “Meu filho sempre gostou que eu morasse perto e pediu para que mu-dássemos para cá”, ela conta.

Com 84 anos e muita dispo-sição, Seu Adão é carinhoso com a esposa: “eu acordo antes que a Laura. Passo a mão na sua orelha e cubro o braço e o pé dela, por causa do frio. Às seis horas eu faço café, esquento água para ela lavar a boca e levo o café para ela, mas a deixo deitadinha”.

Em sua juventude, Seu Adão começou a faculdade de agro-nomia, mas parou para cuidar da família. Ele valoriza muito o que conseguiu construir no Ni-céia junto com Laura: “nós temos que agradecer a Deus pelo que temos. Amanhã um vai embora, outro fica, e nós vamos sofrer”.

Adão garante que os dois quase não brigam. "Eu digo para o meu filho, se eu morrer primei-ro, você olha ela para mim. Sua mãe está lá em Garça, mas aqui ela faz papel de mãe também, se for preciso", orienta.

Dona Laura também se preo-cupa com o marido: “ele quer vol-tar pra sítio, mas eu, de teimosa, não deixo. A gente não tem mais idade pra cuidar de plantação. E, em um sítio, quem cuida dele depois que eu me for?” Ao final da entrevista, brinca dizendo que Seu Adão é emburrado, mas se ela precisa de um remédio ou qualquer outra coisa, ele vai "até embaixo de chuva”.

MuralBazar do Voz do Nicéia

Fotos: Gabryella Ferrari/Voz do Nicéia

Ariely PolidoroDaniele FernandesGiovana Moraes