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1 Cooperação Inter-organizacional e Inovação em Arranjos Produtivos Locais: Um Estudo de Caso Aplicado no Polo Industrial de Software de Ribeirão Preto S.P. (PISO) Gustavo Barbieri Lima [email protected] FEARP Universidade de São Paulo Dirceu Tornavoi de Carvalho [email protected] FEARP Universidade de São Paulo Área Temática: Gestão da Inovação e Empreendedorismo RESUMO O objetivo central deste estudo é investigar em profundidade se há ou não cooperação inter- organizacional (compartilhamento de informações, processos, pesquisas, clientes, outros) entre as empresas associadas no Polo de Software de Ribeirão Preto S.P. (PISO), assim como a existência do processos de inovação conjunto entre as mesmas. Utilizou-se o método de estudo de caso para a elaboração da presente pesquisa (Entrevista em profundidade, semi- estruturada e análise do web site institucional). Como resultados, pode-se mencionar: (a) a Gestora do PISO afirma que o compartilhamento de informações (cooperação inter- organizacional) e tratativas das questões do setor de software já é um grande benefício para as empresas integrantes; (b) O processo de inovação é recorrente no setor de software, porém esta inovação é gerada individualmente em cada empresa associada. É um desejo que a propagação das inovações sejam compartilhadas entre as integrantes do PISO. Entretanto, o Polo ainda não dispõe de mecanismos para tal; (d) As metas do APL para os próximos anos são, conforme mencionado pela Gestora do PISO: - Ampliar a visibilidade da entidade junto aos órgãos públicos, universidades e demais entidades que possam promover o fortalecimento do PISO; - Promover novos cursos de capacitação profissional a fim de aumentar a oferta de profissionais qualificados; - Diminuir a concorrência dessa mão de obra entre as empresas associada e com o mercado como um todo.Um desafio central para o Pólo de Software de Ribeirão Preto S.P. é obter um condomínio de empresas para que uma parcela das empresas integrantes estejam fisicamente juntas, compartilhando infraestrutura, códigos, pesquisando novas tecnologias, ampliando a troca de experiências entre os profissionais. . Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local; Inovação; Cooperação Inter-organizacional. Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014 483

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Cooperação Inter-organizacional e Inovação em Arranjos Produtivos Locais: Um Estudo de Caso Aplicado no Polo Industrial de Software de

Ribeirão Preto – S.P. (PISO)

Gustavo Barbieri Lima –[email protected]

FEARP – Universidade de São Paulo

Dirceu Tornavoi de Carvalho – [email protected]

FEARP – Universidade de São Paulo

Área Temática: Gestão da Inovação e Empreendedorismo

RESUMO O objetivo central deste estudo é investigar em profundidade se há ou não cooperação inter-organizacional (compartilhamento de informações, processos, pesquisas, clientes, outros) entre as empresas associadas no Polo de Software de Ribeirão Preto – S.P. (PISO), assim como a existência do processos de inovação conjunto entre as mesmas. Utilizou-se o método de estudo de caso para a elaboração da presente pesquisa (Entrevista em profundidade, semi-estruturada e análise do web site institucional). Como resultados, pode-se mencionar: (a) a Gestora do PISO afirma que o compartilhamento de informações (cooperação inter-organizacional) e tratativas das questões do setor de software já é um grande benefício para as empresas integrantes; (b) O processo de inovação é recorrente no setor de software, porém esta inovação é gerada individualmente em cada empresa associada. É um desejo que a propagação das inovações sejam compartilhadas entre as integrantes do PISO. Entretanto, o Polo ainda não dispõe de mecanismos para tal; (d) As metas do APL para os próximos anos são, conforme mencionado pela Gestora do PISO: - Ampliar a visibilidade da entidade junto aos órgãos públicos, universidades e demais entidades que possam promover o fortalecimento do PISO; - Promover novos cursos de capacitação profissional a fim de aumentar a oferta de profissionais qualificados; - Diminuir a concorrência dessa mão de obra entre as empresas associada e com o mercado como um todo.Um desafio central para o Pólo de Software de Ribeirão Preto – S.P. é obter um condomínio de empresas para que uma parcela das empresas integrantes estejam fisicamente juntas, compartilhando infraestrutura, códigos, pesquisando novas tecnologias, ampliando a troca de experiências entre os profissionais. . Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local; Inovação; Cooperação Inter-organizacional.

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1. Introdução Denominado como arranjo produtivo local, sistema produtivo local ou mesmo clusters, na literatura nacional e internacional corrente, o fenômeno da aglomeração espacial de um mesmo segmento produtivo, ajustada sobre um território ou região, apresenta denominações e ênfases variadas, mas que, em síntese, convergem para a disposição sob uma perspectiva geográfica, da escala espacial de produção que determina identidade territorial a um dado segmento produtivo (SANTOS, 2011).

De forma mais genérica um APL pode ser entendido como um grupo de agentes “orquestrados” por um grau de institucionalização explícito ou implícito ao aglomerado que buscam como finalidade, harmonia, interação e cooperação, não esquecendo, vale repisar, que estes elementos ocorrem num ambiente competitivo, no qual há sujeitos com distintos graus de poder e com projetos territoriais diversos e muitas vezes antagônicos. Além disso, sem correr o risco de redundância, é de bom alvitre destacar que o termo se refere à concentração de quaisquer atividades similares ou interdependentes no espaço, não importando o tamanho das empresas, nem a natureza da atividade econômica desenvolvida, podendo esta pertencer ao setor primário, secundário ou até mesmo terciário, variando desde estruturas artesanais com pequeno dinamismo, até arranjos que comportem grande divisão do trabalho entre as empresas e produtos com elevado conteúdo tecnológico (COSTA, 2010).

Para Santos (2011), nas últimas décadas, várias correntes teóricas do desenvolvimento econômico e social têm explicitado concepções acerca dos chamadas distritos industriais, clusters e arranjos e sistemas produtivos locais: Porter (1998), Beccattini (1999), Cassiolato e Lastres (2003) são alguns representantes. O tema, discutido sobretudo no campo da economia, apóia-se numa perspectiva territorial caracterizada pela presença de aglomerações produtivas especializadas e com ênfase numa área geograficamente delimitada.

Devido à acirrada competição global na qual as empresas estão inseridas, estas passam a buscar um modelo mais enxuto e flexível e, portanto, cresce a necessidade das organizações se concentrarem nas suas principais competências e, paralelamente, estabelecerem parcerias para desenvolver produtos, serviços e processos aptos a responderem às mudanças contínuas do ambiente e a necessidade de produção de inovações (REIS, 2008).

Como problema de investigação da presente pesquisa, definiu-se: Existe ou não a cooperação inter-organizaional entre as empresas associadas no Polo de Software (PISO) de Ribeirão Preto, assim como a processo de inovação conjunto entre as mesmas?

2. Objetivo do Estudo O objetivo central deste estudo é investigar em profundidade se há ou não cooperação inter-organizacional (compartilhamento de informações, processos, pesquisas, clientes, outros) entre as empresas associadas no Polo de Software de Ribeirão Preto – S.P. (PISO), assim como a existência de processos de inovação conjunto entre as mesmas.

3. Referencial Teórico 3.1 Arranjos Produtivos Locais ou Clusters Industriais

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Porter (1998) define cluster como concentração geográfica de órgãos e empresas relacionadas em um campo específico. Assim, de acordo com Porter (1998), os aglomerados consistem uma coleção de empresas coligadas, fornecedores, prestadores de serviços profissionais, indústrias interdependentes e instituições ligados, tais como universidades e associações comerciais. Este conjunto é um ativo em uma área comum e está concentrada em uma área geográfica determinada

confinar.

Clusters afetam a competição através de três formas (PORTER, 1998):

x aumentando a eficiência com base na localização das empresas; x dirigindo rápido do desenvolvimento das inovações que garantem a o futuro e

crescimento da produtividade; x incentivando a formação de novos negócios que desenvolvem e fortalecem o cluster.

Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras organizações públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento (CASSIOLATO; LASTRES, 2001).

De acordo com Costa (2010), arranjo produtivo local pode ser caracterizado como um espaço social, econômico e historicamente construído através de uma aglomeração de empresas (ou produtores) similares e/ou fortemente inter-relacionadas, ou interdependentes, que interagem numa escala espacial local definida e limitada através de fluxos de bens e serviços. Para isto, desenvolvem suas atividades de forma articulada por uma lógica sócio-econômica comum que aproveita as economias externas, o binômio cooperação-competição, a identidade sócio-cultural do local, a confiança mútua entre os agentes do aglomerado, as organizações ativas de apoio para a prestação de serviços, os fatores locais favoráveis (recursos naturais, recursos humanos, cultura, sistemas cognitivos, logística, infraestrutura etc.), o capital social e a capacidade de governança da comunidade. A formação de clusters auxilia pequenas e médias empresas a combinar os seus poderes para obter vantagem das oportunidades de mercado e para resolver problemas comuns através de uma ação conjunta. Portanto, a cooperação entre pequenas e médias empresas lhes permite melhorar a sua competitividade e alcançar oportunidades superiores em mercado global (UNIDO, 2003). A abordagem de Krugman (1991) para agrupamento regional envolve dois conceitos inter-relacionados. Primeiro, o agrupamento regional, emerge de razões acidentais, em segundo lugar, os clusters regionais emergem uma vez, eles são sustentados pelas economias de escala externas. Geração de economias de escala externas é a força mais importante na preservação da vantagem competitiva de uma região cluster; especificamente estas economias representam os fatores que reduzem o custo médio de produção. Os benefícios de custo

da escala externa aplica quando a indústria a que a empresa pertence é grande.

A proximidade física entre os agentes permite que os laços de confiança e cooperação se estreitem. Desta maneira, abrem-se espaços para a criação de parcerias entre as empresas

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por meio de associações e consórcios. Estas, ao compartilharem da qualificação de mão de obra, da compra de matérias-primas, máquinas e equipamentos, serviços especializados de logística etc., estão obtendo acesso a competências que individualmente não alcançariam e que lhes proporcionam eficiência, diferenciação, qualidade, competitividade e lucratividade (COSTA, 2010).

Para Di Sério (2007), os clusters podem ser vistos como mecanismo de coordenação alternativo, já que a proximidade geográfica e as repetidas trocas entre as empresas favorecem a melhor coordenação das transações e a criação de reputação. Se a reputação é construída pelas organizações no passado de trocas mútuas, a confiança que se forma é dada quando as organizações olham para seu futuro conjunto. As empresas em rede não compartilham apenas visão de mundo, mas também recursos. A cooperação na rede faz com que sejam estabelecidas parcerias e alianças, como forma de aumentar vendas e lucros.

Alguns dos benefícios captados pelos agentes participantes dos arranjos podem ser citados como (COSTA, 2010): (a) As pequenas empresas necessitam de menores doses de habilidades e talentos por parte dos empresários, posto que possibilitam maior agregação de valor aos produtos, obtêm maior acessibilidade a créditos, reduzem o risco e a incerteza, e se beneficiam do surgimento de marcas locais causadoras de uma diferenciação relativa dos produtos, quase sempre vinculadas à qualidade. (b) As empresas “âncora” ganham com a racionalização das atividades, redução dos custos, aproveitamento de especialidades externas, garantia de insumos adequados e implementação de técnicas mais modernas e eficientes nos fornecedores. (c) As universidades, as instituições técnicas e as de pesquisa ganham com a geração de novas receitas, com o fortalecimento das instituições, com a aplicação (incorporação) de pesquisas e projetos acadêmicos, com o direcionamento de seus cursos para as necessidades das empresas e do mercado, e com a maior integração com a comunidade empresarial. (d) A comunidade local ganha com o aumento da oferta e da qualidade do emprego, com o treinamento da mão-de-obra para funções técnicas, com a melhoria do processo educacional, com a melhoria do nível salarial, com a atração de capital humano qualificado para a região e com a melhoria da infraestrutura regional e urbana. (e) Por fim, o Estado também ganha com a promoção do desenvolvimento econômico local e regional, com o aumento da receita com exportações, com a diminuição da informalidade, com o incremento da receita tributária e com o estreitamento de canais diretos com os agentes empresariais e com a comunidade local.

Ainda segundo Costa (2010), dentro do aglomerado, a divisão do trabalho entre as empresas permite que o processo produtivo ganhe flexibilidade e eficiência, já que as empresas são obrigadas a desenvolverem competências específicas. A concentração de produtores especializados estimula o desdobramento da cadeia produtiva a montante, principalmente pelo surgimento de fornecedores de matérias-primas, máquinas e equipamentos, peças de reposição e assistência técnica, além de serviços especializados (técnicos, administrativas, financeiros e contábeis). Este mesmo fator, por outro lado, estimula o desenvolvimento da cadeia produtiva a jusante, através da atração de empresas especializadas nos elos prospectivos e do surgimento de agentes comerciais que levam os produtos para mercados distantes. Ademais, a alta concentração de uma mesma atividade no espaço permite a formação de um contingente de mão de obra altamente especializado e concentrado. A proximidade física entre os agentes permite que os laços de confiança e cooperação se estreitem. Desta maneira, abrem-se espaços para a criação de parcerias entre as empresas por meio de associações e consórcios. Estas, ao compartilharem da qualificação de mão de obra, da compra de matérias-primas, máquinas e equipamentos, serviços

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especializados de logística etc., estão obtendo acesso a competências que individualmente não alcançariam e que lhes proporcionam eficiência, diferenciação, qualidade, competitividade e lucratividade.

O crescimento centra-se em um conjunto de relações criadas por atores econômicos locais, apoiados por sistemas institucionais voltados aos interesses e às necessidades das atividades desenvolvidas na região. Existe uma articulação entre as empresas e entre estas e o ambiente, através de estruturas de apoio e de variáveis de natureza política, histórica e sociológica que interagem com a questão territorial. De forma, que o aglomerado de empresas passa a assumir importância para o entendimento do sucesso competitivo. Os APLs se apresentam, assim, como caminhos para o desenvolvimento baseado em atividades que levam à expansão da renda, do emprego e da inovação. Espaços econômicos renovados, onde as pequenas empresas podem se desenvolver usufruindo as vantagens da localização, a partir da utilização dos princípios de organização industrial como alavanca para o desenvolvimento local, pela ajuda local às micro, pequenas e médias empresas (PMEs), trabalhando paralelamenteestratégias de aprendizagem coletiva direcionada à inovação e ao crescimento descentralizado, enraizado em capacidades locais (GANDINI, 2006).

O quadro 1 apresenta os benefícios das aglomerações industriais.

Quadro 1 – Benefício das Aglomerações.

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Fonte: Thomaz et al. (2011). Observação: No presente estudo, os autores tratam Arranjos Produtivos Locais (APLs) e Cluster industriais como sinônimos, ou seja, como forma de organizações em rede, com as mesmas características.

3.2 APL/ Cluster e Inovação

O ambiente do cluster promove tamanha interação entre as empresas, gerando trocas de informações e experiências entre elas. É bastante comum as empresas pertencentes aos clusters conseguirem perceber com maior rapidez e clareza quais são as novas necessidades dos consumidores. Esta rápida percepção é de extrema importância, principalmente em um ambiente altamente globalizado e mutável, no qual se encontram atualmente quase todos os mercados, pois permite às empresas do cluster reagirem aos clientes de maneira mais rápida que os concorrentes, propondo inovações de modo a atender às novas necessidades e superar as expectativas dos clientes (PORTER, 2009).

Ainda segundo Porter (2009), uma empresa fazendo parte de um cluster, ela sempre estará em contato com outras empresas do mesmo ramo, assim dificilmente são surpreendidas por uma nova tecnologia no mercado, pois, geralmente, as inovações tecnológicas surgem dentro dos ambientes dos clusters, já que é comum as empresas trocarem informações sobre novas tecnologias, componentes e máquinas.

O conceito de Millieu Inovateur (Ambiente inovador) foi desenvolvido por iniciativa de um grupo de acadêmicos do GREMI (Groupement de Recherche Européen sur les Millieux Innovateurs), na década de 80, com o objetivo de analisar o papel do ambiente no processo de desenvolvimento tecnológico. Este conceito enfatiza a importância do ambiente local no dinamismo tecnológico e focaliza as relações criadas entre os diferentes agentes que fomentam a formação de um ambiente inovador, onde a firma não é considerada um agente isolado no processo de inovação, mas parte de um ambiente com capacidade inovativa. Esses processos são acionados pela lógica de interação e a dinâmica de aprendizagem (LASTRES; CASSIOLATO, 2004) apud REIS (2008).

A abordagem dos millieux innovateurs destaca a criatividade e a inovação contínua como resultados de um processo de aprendizado coletivo. A proximidade geográfica é fundamental, não apenas pelas economias incidentais, mas fundamentalmente pela facilidade de troca de informações , similaridades de atitudes culturais e psicológicas, contatos interpessoais e cooperação, capacidade inovativa, mobilidade e flexibilidade de fatores nos limites do local (LEMOS, 2003) apud (REIS, 2008).

3.3 Gestão da Inovação

Inovação diz respeito a mudanças e novidades. As mudanças podem ser relativas ao produto, ao processo e, também, à forma organizacional e de trabalho, tecnologia, mercado e negócios. A inovação tecnológica é desenvolvida pela pesquisa aplicada, cujo objetivo é promover o conhecimento aplicável às necessidades comerciais para o futuro desenvolvimento de novos produtos e processos. Já a inovação de produto e processo é resultado da aplicação e ou combinação da (s) tecnologia (s). Esse processo é o responsável

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por esta agregação de valor. O contexto de aplicação é empresarial, pois o produto é desenvolvido visando a um determinado mercado, cujo objetivo é comercializá-lo. Assim, questões relacionadas á produção, logística interna e externa, comercialização são planejadas e implementadas. As universidades e centros de pesquisa podem participar do processo, mas o objetivo é comercial. Dessa forma, o desenvolvimento é centrado nas empresas (TAKAHASHI; TAKAHASHI, 2011).

Enquanto a vantagem competitiva pode advir de tamanho ou patrimônio, entre outros fatores, o cenário está gradativamente mudando em favor daquelas organizações que conseguem mobilizar conhecimento e avanços tecnológicos e conceber a criação de novidades em suas ofertas (produtos/ serviços) e nas formas como criam e lançam essas ofertas (TIDD; BESSAN; PAVITT, 2008).

Ainda segundo Tidd, Bessan e Pavitt (2008), produtos novos permitem capturar e reter novas fatias de mercado, além de aumentar a lucratividade em tais mercados. No caso de produtos mais maduros e estabelecidos, o crescimento da competitividade nas vendas é resultado não apenas da capacidade de oferecer preços mais baixos, mas também de uma infinidade de fatores não-econômicos: modelo, customização e qualidade. Num mundo em que o ciclo de vida dos produtos é cada vez menor, a capacidade de substituir produtos por versões mais modernas com frequência é cada vez mais importante. “Competir com o tempo” reflete uma crescente pressão sobre as empresas, não somente para introduzir novos produtos no mercado, como também para fazê-lo mais rapidamente que seus concorrentes.

4. Metodologia do Estudo Empírico

Etapa 1: Realizou-se levantamento e pesquisa da bibliografia sobre Arranjos Produtivos Locais ou Clusters Industriais, assim como sobre Gestão da Inovação (SAMPIERI; CALLADO; LUCIO, 2013).

Etapa 2: Utilizou-se o método de estudo de caso (BONOMA, 1985; CAMPOMAR, 1991; YIN, 2001; SAMPIERI; CALLADO; LUCIO, 2013) para analisar o Pólo Industrial de Software de Ribeirão Preto (PISO). O estudo de caso, como outras estratégias de pesquisa, representa uma maneira de se investigar um tópico empírico seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados. Busca-se responder questões “como” e “porque”. É uma investigação empírica que: investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidência, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados (YIN, 2001).

De acordo com Stake (1983), apud Campomar (1991), o uso de métodos qualitativos tem crescido em importância nas pesquisas acadêmicas em Administração e, entre eles, o Estudo de Casos merece destaque por sua utilidade e pela falta generalizada de conhecimento sobre essa metodologia. O estudo de casos envolve a análise intensiva de um número relativamente pequeno de situações e, às vezes, o número de casos reduz-se a um... O estudo intensivo de um caso permite a descoberta de relações que não seriam encontradas de outra forma, sendo as análises e inferências em estudos de casos feitas por analogia de situações, respondendo principalmente às questões por que? E como? (CAMPOMAR, 1991).

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Etapa 3: Realizou-se entrevista em profundidade com a Gestora do Pólo Industrial de Software de Ribeirão Preto (PISO), com o intuito de obter informações relevantes e complementares para o estudo de caso analisado. Investigou-se, também, o web site institucional do Pólo para a obtenção de informações para o caso. A entrevista não estruturada, também chamada entrevista em profundidade, em vez de responder à pergunta por meio de diversas alternativas pré-formuladas, visa obter do entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes de determinado problema: as suas descrições de uma situação em estudo. Por meio de uma conversa guiada, pretende-se obter informações detalhadas que possam ser utilizadas em uma análise qualitativa. A entrevista não estruturada procura saber que, como e por que algo ocorre, em lugar de determinar a freqüência de certas ocorrências, nas quais o pesquisador acredita. Os objetivos desse tipo de entrevista são os seguintes: obter informações do entrevistado, seja de fato que ele conhece, seja de seu comportamento; conhecer a opinião do entrevistado, explorar suas atividades e motivações; mudar opiniões ou atitudes, modificar comportamentos Em termos gerais, no começo do processo, a entrevista será bastante livre, podendo ser mais diretiva quando os aspectos da problemática de pesquisa já foram levantados (RICHARDSON et al, 1999).

5. Análise e Resultados: Investigação Empírica 5.1 Panorama do Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)

A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) vem contribuindo de forma determinante para o aumento da competitividade do país, que deseja se posicionar, na próxima década, entre os cinco principais centros de TI do mundo. Em 2013, a receita líquida do setor brasileiro de TIC será da ordem de US$ 150 bilhões. Parte significativa deste valor refere-se aos serviços de Telecomunicações. No entanto, as atividades de software e serviços de TI irão, cada vez mais, ampliar a sua participação no total (SOFTEX, 2014).

A figura 1 ilustra a estimativa da receita líquida do setor brasileiro de TIC – 2013 (Em US$ bilhões).

Figura 1 - Estimativa da receita líquida do setor brasileiro de TIC – 2013 (Em US$ bilhões).

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Fonte: SOFTEX (2014).

Durante os últimos vinte anos, a Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI

(IBSS) vem crescendo a taxas elevadas, superiores às do PIB nacional. Trata-se de uma indústria altamente diversificada, com produtos, soluções e serviços maduros e de alta complexidade, testados e aprovados pelo mercado e direcionados para os mais variados setores e segmentos econômicos: finanças, telecomunicações, gestão empresarial, saúde, educação, entretenimento, agronegócios, etc (SOFTEX, 2014).

Atualmente, a IBSS é composta por mais de 70 mil empresas, que geram receita líquida em torno de US$ 40 bilhões e fornecem trabalho para 604 mil pessoas, entre sócios e assalariados. Ainda concentra parcela significativa dos seus esforços no atendimento a necessidades internas. Isso ocorre em virtude da forte atratividade exercida pelo mercado brasileiro, pleno de boas oportunidades, e em razão da grande extensão territorial do país, quase 50% de todo o continente sul-americano. Em 2012, a receita líquida do país com exportação atingiu a cifra de US$ 1,9 bilhão (SOFTEX, 2014).

A figura 2 apresenta as dimensões do mercado brasileiro de TIC e TI.

Figura 2 – Dimensões do mercado brasileiro de TIC e TI.

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Fonte: SOFTEX (2014).

5.2 Histórico e Caracterização: Polo Industrial de Software de Ribeirão Preto – S.P (PISO)

Criado em 2004 por meio da iniciativa de nove empresas do setor, o Polo Industrial de Software - PISO, é uma entidade sem fins lucrativos que tem ganhado repercussão nacional devido ao seu trabalho para os avanços do setor de Tecnologia da Informação e profissionalização das indústrias de software da região de Ribeirão Preto, que tornou-se importante Polo nacional de TI (Tecnologia da Informação).

Além da iniciativa que envolve cursos, palestras e workshops de aprimoramento para empresários e colaboradores associados, o PISO também conta com programas que estimulam a capacitação de mão-de-obra, fazendo da macrorregião de Ribeirão Preto – S.P. uma das 20 que mais empregam profissionais de TI na Indústria Brasileira de Software.

Com importantes parcerias como SEBRAE, SENAC, CIESP, CIEE e SOFTEX-Campinas, a associação coleciona vitórias no segmento, defendendo os interesses das associadas junto às esferas públicas e dentro do cenário tecnológico nacional.

O PISO caracteriza-se juridicamente como uma associação de empresas desenvolvedoras de software, sendo uma entidade sem fins lucrativos, que visa promover ações que beneficiem suas 42 empresas associadas. Iniciou suas atividades em 2004 com uma pesquisa salarial entre empresas de TI, onde participaram 8 empresas de Ribeirão Preto e 1 de Jaboticabal.

O início do projeto do PISO foi como Núcleo Setorial da ACIRP onde houve a eleição da primeira diretoria, criação de estatuto e código de ética. Em dezembro de 2007 o PISO se fortaleceu como entidade e iniciou o processo de constituição de sua personalidade jurídica. Em fevereiro de 2008 mudou-se para a sua nova sede, tornando-se independente da ACIRP. Desde então, empreitou o projeto para ser reconhecido como um Arranjo Produtivo Local (APL) do Setor de Software, uma vez que possuía todas as características para tal, reconhecimento este que veio em 2013.

Graças ao seu trabalho com as associadas, tem mobilizado a região para a importância doMPS.BR, Melhoria de Processos do Software Brasileiro, avaliação de qualidade das

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empresas de Tecnologia da Informação que nasceu no Brasil em 2002, baseada no Capability Maturity Model Integration (CMMI), modelo de referência mundial em diversos setores do mercado, capacitando-as, inclusive, para a exportação de produtos e serviços.

Por seu papel neste universo da tecnologia, o PISO firma-se a cada dia como uma entidade expressiva, representante de uma indústria limpa e de alta capacitação profissional, fabricante de produtos de alto valor agregado, condizente com os anseios e condições sociais e econômicas do país.

Algumas das empresas integrantes do PISO são: Acedata, Adexz, Ailog Tecnologia, BRX Software, C Software, Cash Motors, CCM Tecnologia, CHB, Citel, Coderp, Conlink, Consinco, Custom, DanySoft, Dart Digital, Entire Tecnologia, FacTI, Flatan Sistemas, Hadrion Sistemas, Heurys Tecnologia, JET Tecnologia, NST E-business, OM3 Gestão da Informação, Pleno Tecnologia, RSys, Riberus, S2IT, Silt Consultoria, Simsoft, Simplancontrol.M, Smar APD Informática, Socin, Supera Tecnologia, Syspec Informática, Techno Software, TTI do Brasil, Utilsoft Informática, Visual Mídia, Vortice, outras.

5.3 Cooperação Inter-organizacional e Gestão da Inovação no PISO

Com relação às vantagens ou benefícios do Polo Industrial de Software de Ribeirão Preto – S.P. para as empresas associadas, a Gestora do PISO afirma que o compartilhamento de informações (cooperação inter-organizacional) e tratativas das questões do setor por si só já é um grande benefício para o setor. Além de promover este ambiente, o PISO tem atuado fortemente em ações conjuntas que facilitam o acesso das empresas associadas a diversas oportunidades, tais como:

x Consultoria para a Gestão de Pessoas tratando questões sobre remuneração variável; descrição de cargos; pesquisa salarial e pesquisa de benefícios

x Ações junto ao Poder Público para viabilizar a atividade, como a conquista da redução da alíquota de ISS aos padrões de outros centros de software. Este ato visa aumentar a competitividade das empresas de Ribeirão Preto, propiciou a legalização de empresas e a atração de novas empresas de software para Ribeirão Preto.

x Realização de nove cursos de Gestão de Projetos, cursos de teste de software, atendimento, ITIL, SOA, Scrum, técnicas de vendas entre outros para uma maior profissionalização das empresas.

x Parceria com o Softex Campinas para consultorias e certificação das empresas em qualidade de software permitindo a certificação Projeto do MCT e Softex, com apoio do BID, Sebrae, dentre outros para implementar melhores práticas nas empresas de software em várias áreas de processo e conquistar a certificação por estágio de maturidade Melhoria do Processo de Software Brasileiro (MPS.br)

x Atuação através de grupos de estudos para troca de informações e capacitar as empresas em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, melhores práticas em produção de software, práticas de atendimentos, benchmarking de indicadores e reutilização de códigos.

A entrevistada mencionou que não conseguiu visualizar desvantagens até o momento.

O processo de inovação é recorrente no setor de software, porém esta inovação é gerada individualmente em cada empresa associada. É um desejo que a propagação das

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inovações sejam compartilhadas entre as integrantes do PISO. Entretanto, o Polo ainda não dispõe de mecanismos para tal.

Com relação à comércio internacional, não existe a cooperação entre as empresas, no que tange a internacionalização de empresas. As empresas não cooperam entre si (como por exemplo, o compartilhamento de informações, ações conjuntas (feiras internacionais, rodadas de negócio, missões, etc), desenvolvimento de estratégias, cursos de capacitação (treinamentos, seminários, workshops, etc). O APL teve contato com a Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX-Brasil) no final de 2013, mas o relacionamento foi estreitado em 2014 após um evento da APEX. Não há uma visão consolidada sobre como expandir o mercado (nacional e internacional) para os produtos do APL.

O PISO acredita que para a internacionalização é necessário incentivo. A carga tributária no Brasil é bastante elevada, o que afeta a competitividade das indústrias brasileiras e faz com que não ajam sobras para o investimento na internacionalização. A indústria de software, atualmente usufrui de algumas isenções, sobretudo quanto à tributação sobre a exportação de produtos, entretanto, o que encarece os produtos nacionais e que pode chegar a inviabilizar negócios são os custos fixos da empresa e a elevada carga tributária. A coordenação do PISO acredita que a troca de experiências entre as empresas que já passaram pela internacionalização renda bons frutos, uma vez que as empresas que já passaram pelo processo podem orientar melhor as empresas que queiram partir para o processo também. Entretanto, ainda não houve ação formal na troca de experiências sobre a internacionalização das empresas. A coordenação acredita também que entre as empresas associadas dê-se uma concorrência amiga, em que as empresas respeitam-se mutuamente quanto à carteira de clientes em situações, em que, sobretudo possuem soluções similares (RODRIGUES, 2007).

As metas do APL para os próximos anos são, conforme mencionado pela Gestora do PISO:

x Ampliar a visibilidade da entidade junto aos orgãos públicos, universidades e demais entidades que possam promover o fortalecimento do PISO;

x Promover novos cursos de capacitação profissional a fim de aumentar a oferta de profissionais qualificados;

x Diminuir a concorrência dessa mão de obra entre as empresas associada e com o mercado como um todo.

Um desafio central para o Pólo de Software de Ribeirão Preto – S.P. é obter um condomínio de empresas para que uma parcela das empresas integrantes estejam fisicamente juntas, compartilhando infraestrutura, códigos, pesquisando novas tecnologias, ampliando a troca de experiências entre os profissionais.

As micro, pequenas e médias empresas integrantes do APL estão satisfeitas com as atividades do projeto em sua maioria. Com relação à expectativas, espera-se que o PISO possa representá-las frente à diversas entidades, tais como sindicatos e governos (municipal, regional e nacional) para negociar os interesses do setor de software, visando dar continuidade à promoção de formação de mão de obra, facilitar o acesso aos programas de fomento e desenvolvimento e estruturação do setor.

De acordo com a Gestora do Pólo de Software, ainda é cedo para pontuar as influencias da formação e estruturação do Parque Tecnológico de Ribeirão Preto – S.P. (inaugurado no primeiro semestre de 2014). Porém, sabe-se que existe uma grande sinergia entre ambos, sendo que uma prova disso é a mudança da sede do PISO para a sede do Parque. Acredita-se que, após a instalação física do PISO no Parque Tecnológico, deverão surgir novas demanda e novos projetos deverão ser realizados. O objetivo principal do Parque é o

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desenvolvimento de novas empresas, compartilhamento de recursos e conhecimentos voltados para a área médica.

6. Considerações Finais O Polo Integrado de Software (PISO) está se estruturando como Arranjo Produtivo Local (APL). A Gestora do PISO afirma que o compartilhamento de informações (cooperação inter-organizacional) e tratativas das questões do setor de software já é um grande benefício para as empresas integrantes. Além de promover este ambiente, o PISO tem atuado fortemente em ações conjuntas como, por exemplo, consultoria para a gestão de pessoas, ações junto ao Poder Público para viabilizar a atividade, realização de nove cursos de Gestão de Projetos, cursos de teste de software, atendimento, ITIL, SOA, Scrum, técnicas de vendas entre outros, parceria com a SOFTEX de Campinas – S.P. (consultoria e certificação das empresas), atuação, através de grupos de estudos, para troca de informações e capacitar as empresas em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.

O processo de inovação é recorrente no setor de software, porém esta inovação é gerada individualmente em cada empresa associada. É um desejo que a propagação das inovações sejam compartilhadas entre as integrantes do PISO. Entretanto, o Polo ainda não dispõe de mecanismos para tal.

Com relação à internacionalização de empresas, o processo exportador do PISO é embrionário (apenas algumas empresas exportam). O APL teve contato com a Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX-Brasil) no final de 2013, mas o relacionamento foi estreitado em 2014 após um evento da APEX. Referências BONOMA, T. V. Case research in marketing: opportunities, problems and process. Journal of Marketing Research, Vol. 22, p. 199 - 208,1985. CAMPOMAR, M. C. Do uso de “estudo de caso” em pesquisas para dissertações e teses em Administração. Revista de Administração. São Paulo, v. 26, n. 3, p. 95 - 97, 1991. CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. Industrialização Descentralizada: Sistemas Industriais Locais/ O Arranjo Produtivo Calçadista de Nova Serrana. Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2001 (Nota 36; Contrato BNDES/ FINEP/FUJB. COSTA, E. J. M. Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional. (Ministério da Integração Nacional – Governo do Pará - Brasil). Mais Gráfica Editora: Brasília, 2010. DI SERIO, L. C. (Org.). Clusters Empresariais no Brasil: casos selecionados. São Paulo: Saraiva, 2007. GANDINI, M.M. Manual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Brasília – D.F., 2006. Pólo Industrial de Software de Ribeirão Preto (PISO). Base de dados disponível em: <http://www.piso.org.br> Acesso: 28 de abril de 2014. PORTER, M. E. Cluster and competition – new agendas for companies, governments and institutions. In: PORTER, M. E. On Competition. Cambridge: Harvard Business School Press, 1998.

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