loteamentos irregulares e clandestinos e suas repercussões...

25
1 Loteamentos Irregulares e Clandestinos e suas Repercussões Ambientais no Município de Palmas TO. Victor Manuel Barbosa Vicente - [email protected] Universidade Federal de Uberlândia - UFU Angelita Messias Ramos - [email protected] Universidade de Brasília - UnB Área temática: Gestão Ambiental Resumo O presente artigo discute as repercussões ambientais decorrentes da instalação de loteamentos irregulares e clandestinos na cidade de Palmas. A pesquisa utilizou dados coletados em extenso conjunto de documentos do poder executivo municipal e em entrevistas com atores- chave que atuaram na formulação da política pública em foco. A pesquisa identifica a existência de vinte e uma ocupações irregulares no Município, sendo estas localizadas em sua maior parte, na região norte da cidade. O trabalho concluiu que essas ocupações influem na qualidade de vida da população, uma vez que geram vários problemas ambientais, tais como poluição, erosão, degradação em áreas de preservação permanente e área de proteção ambiental, entre outros problemas. O levantamento diagnosticou que os problemas decorrentes da instalação desses loteamentos irregulares decorrem em parte da especulação imobiliária observada na cidade, além de servirem como justificativa para o aumento desse tipo de ocupação, a falta de uma fiscalização adequada e eficiente. Palavras-chave: Loteamentos irregulares e clandestinos; Repercussões ambientais; Planejamento urbano. Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014 1041

Upload: dinhdat

Post on 10-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Loteamentos Irregulares e Clandestinos e suas Repercussões Ambientais no Município

de Palmas – TO.

Victor Manuel Barbosa Vicente - [email protected]

Universidade Federal de Uberlândia - UFU

Angelita Messias Ramos - [email protected]

Universidade de Brasília - UnB

Área temática: Gestão Ambiental

Resumo

O presente artigo discute as repercussões ambientais decorrentes da instalação de loteamentos

irregulares e clandestinos na cidade de Palmas. A pesquisa utilizou dados coletados em

extenso conjunto de documentos do poder executivo municipal e em entrevistas com atores-

chave que atuaram na formulação da política pública em foco. A pesquisa identifica a

existência de vinte e uma ocupações irregulares no Município, sendo estas localizadas em sua

maior parte, na região norte da cidade. O trabalho concluiu que essas ocupações influem na

qualidade de vida da população, uma vez que geram vários problemas ambientais, tais como

poluição, erosão, degradação em áreas de preservação permanente e área de proteção

ambiental, entre outros problemas. O levantamento diagnosticou que os problemas

decorrentes da instalação desses loteamentos irregulares decorrem em parte da especulação

imobiliária observada na cidade, além de servirem como justificativa para o aumento desse

tipo de ocupação, a falta de uma fiscalização adequada e eficiente.

Palavras-chave: Loteamentos irregulares e clandestinos; Repercussões ambientais;

Planejamento urbano.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1041

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

2

1.Introdução

No processo de urbanização ocorre a substituição do ecossistema natural por outro

completamente adverso, que o homem organiza conforme suas necessidades de

sobrevivência, e segundo o poder que exerce sobre esse espaço. O uso intensivo do solo e a

ausência de planejamento pelas atividades urbanas têm gerado disfunções espaciais e

ambientais, repercutindo na qualidade de vida do homem, que se dá de modo diferenciado,

atingindo na maioria das vezes de forma mais intensa a população de baixa renda, a qual,

muitas vezes sem acesso à moradia, passa a ocupar áreas impróprias à habitação, como por

exemplo, as Áreas de Preservação Permanente (APPs). A ocupação irregular dessas áreas não

corre apenas por invasões, mas pode estar associada à aprovação indevida de loteamento, falta

de legislação, etc. (BARROS, et al., 2003, p. 47-54).

Os loteamentos irregulares e clandestinos têm sido verificados em diversas localidades do

Brasil, o que tem trazido inúmeros problemas aos gestores públicos e à população menos

esclarecida, muitas vezes, vítimas da ação inescrupulosa de estelionatários que vendem

imóveis inadequados à regularização.

As catástrofes naturais ocorridas nos últimos anos em algumas cidades brasileiras são

exemplos do crescimento desordenado que muitas vezes ocorre em virtude da ocupação

urbana irregular, que tem se mostrado como um grave problema a ser enfrentado tanto

pelos administrados, quanto pelos administradores (ALVES FILHO; AQUINO e TEIXEIRA,

2011, p. 59-67).

Portanto, o crescimento acelerado da população e da urbanização é na atualidade um dos

graves problemas da humanidade, sendo visto como uma das principais causas da

deterioração do meio ambiente, pois a concentração humana e de suas atividades provoca

ruptura do funcionamento do ambiente natural (CAVALHEIRO, 1991, p. 88-99; UNITED

NATIONS HUMAN SETTLEMENTS PROGRAMME UN-HABITAT, 2011).

Superando as médias habitacionais brasileiras, Palmas foi a capital brasileira que mais cresceu

na última década, apresentando um crescimento populacional de 61,4% ao longo dos últimos

dez anos, uma média de crescimento de 5,21% ao ano, contando atualmente com uma

população total de 228.332, sendo que destes, 221.742 habitam a área urbana e 6.590

habitam as áreas rurais (IBGE, 2011).

Conforme o exposto, a presente pesquisa visa responder ao seguinte questionamento: Que

repercussões ambientais os loteamentos irregulares e clandestinos acarretam para o Município

de Palmas.

Objetivo geral, evidenciar quais são os impactos ambientais produzidos pela implantação de

loteamentos irregulares e clandestinos no Município de Palmas – TO.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1042

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

3

2. Marco teórico

2.1. A problemática ambiental nacional: Breves considerações teóricas

O processo de urbanização brasileiro tem suas causas fincadas no seu acelerado êxodo rural,

que provocou uma expansão desordenada das cidades, gerando situações clandestinas e

irregularidades nas propriedades, originando o aparecimento das favelas, cortiços, ocupações

e a degradação da paisagem urbana, sendo um ambiente muito favorável ao agravamento

da questão da propriedade informal do país. Um dado interessante sobre o fato, é o registro

de que a população favelada no Brasil aumentou 42% nos últimos 15 anos, alcançando quase

7 milhões de pessoas, segundo análise do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada, com base na PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada

no ano de 2007 pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2007.

A questão ambiental no Brasil sempre esteve estreitamente relacionada com os aspectos

sócio-espaciais, ou seja,“a propriedade privada, a transformação da natureza em mercadoria

visando o lucro, o modo de utilização dos recursos naturais submeteu-se à lógica econômica e

não as da ecológica” (GONÇALVES, 1995, p.321).

O crescimento das cidades e metrópoles brasileiras vem aumentando os assentamentos

inadequados e ilegais, frequentemente ocupados pela população de baixa renda, ou seja,

fruto da grande desigualdade social no país, constituindo assim, uma variável

determinante da configuração espacial do processo de urbanização brasileira (MOTTA,

2002, p. 23).

Assim, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar especificamente da questão

ambiental. Contém um capitulo especifico sobre o meio ambiente e nela se declarou como

patrimônio nacional a Mata Atlântica, a Floresta Amazônica e o Pantanal (GUERRA;

CUNHA, 2003, p. 183).

Ao longo dos tempos, constata-se que os parâmetros do debate ambiental brasileiro mudaram

em 1990, época em que já não se fala mais em proteção ambiental independente do

desenvolvimento econômico, sendo o eixo do debate como atingir um novo estilo de

desenvolvimento que interiorize a proteção ambiental.

Por um lado, as políticas públicas têm contribuído para estabelecer um sistema de proteção

ambiental no país; por outro lado, o poder público é incapaz de fazer cumprir aos indivíduos e

às empresas uma proporção importante da legislação ambiental (VIOLA, 1992, p. 70).

2.2. A questão da regularização fundiária

Os instrumentos de regularização fundiária como meio de prevenir e resolver os aspectos

sociais que envolvem a propriedade informal utilizam como fundamento o inciso XXIII do

artigo 5º, da Constituição Federal, que prevê que a propriedade atenderá a sua função

social, fato que destaca e justifica o interesse público na regularização fundiária das

propriedades informais (BRASIL, 1988) e mais recentemente foram destaques no Estatuto das

Cidades (BRASIL, 2001).

Denomina-se regularização fundiária o processo de verificação da situação da propriedade e

posse de áreas urbanas ou rurais, públicas ou privadas que se formaram em desacordo

com as normas legais que regulam a matéria. Pressupõe, portanto, uma utilização do território

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1043

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

4

em condições que trazem dúvidas sobre os direitos de propriedade e posse do local

(RESCHKE, et al., 2002, p. 1).

De certa maneira essas regras formais não conseguem resolver a falta de alternativa

habitacional crônica para os mais pobres, e nas duas últimas décadas, a tônica tem sido a

ocupação irregular e inadequada do meio ambiente. Cada vez mais, os loteamentos

irregulares, as ocupações informais e as favelas têm se assentado justamente nas áreas

ambientais mais frágeis (ALFONSIN et al., 2002, p. 12).

São muitas as formas de irregularidade: favelas, ocupações loteamentos clandestinos ou

irregulares e cortiços, que se configuram de maneiras distintas no país. Até mesmo

loteamentos e conjuntos promovidos pelo Estado fazem parte desse vasto universo de

irregularidade. As especificidades se referem às formas de aquisição da posse ou da

propriedade e aos distintos processos de consolidação dos assentamentos, frequentemente

espontâneos e informais, já que não foram fruto de uma intervenção planejada pelo Estado

nem foram formalmente propostos por empreendedores privados no interior do marco jurídico

e urbanístico vigente (ALFONSIN et al, 2002, p. 14).

Essas ocupações irregulares podem ocorrer em: a) Áreas loteadas e ainda não ocupadas.

Muitas vezes se desconhece o traçado oficial do loteamento, ocupando-se áreas destinadas

para ruas, áreas verdes e equipamentos comunitários. Também é comum as casas serem

construídas em desconformidade com a divisão dos lotes; b) Áreas alagadas. Muitas cidades

no Brasil foram tomadas às águas. É comum o aterramento de grandes áreas de manguezal

ou charco.

Geralmente essas áreas são terrenos de marinha ou acrescidos de marinha (terrenos da

União, em faixas litorâneas), aforados ou não a particulares; c) Áreas de preservação

ambiental. As áreas mais atingidas são as áreas de mananciais e as margens de rios e canais,

mas existem inúmeras ocupações em serras, restingas, dunas e mangues; d) Áreas de risco.

A baixa oferta de lotes e casas para os pobres faz com que ocorram ocupações em

terrenos de altas declividades, sob redes de alta tensão, ou nas faixas de domínio de

rodovias, gasodutos e troncos de distribuição de água ou coleta de esgotos (ALFONSIN et al,

2002, p. 14).

Os programas de regularização têm uma natureza essencialmente curativa e não podem ser

dissociados de um conjunto mais amplo de políticas públicas, diretrizes de planejamento e

estratégias de gestão urbana, destinadas a reverter o atual padrão excludente de crescimento

urbano (ALFONSIN et al, 2002, p. 21).

E por fim cabe destacar que no que toca à dimensão da legalização fundiária, a regularização

deve ter por objetivo não apenas o reconhecimento da segurança individual da posse para os

ocupantes, mas principalmente o objetivo da integração socioespacial dos assentamentos

informais (ALFONSIN et al, 2002, p. 22).

2.3. Os loteamentos irregulares e clandestinos

O conceito de Loteamentos é entendido como uma das formas de parcelamento do solo

urbano, com desmembramento da área em lotes e abertura de novas vias de circulação.

Pela Lei Federal nº 6766/79, o loteador é obrigado a elaborar projeto de loteamento, aprova-lo

perante os órgãos municipais e depois registrá-lo no cartório imobiliário, além de ser obrigado

a realizar as obras de infraestrutura. (RESCHKE et al., 2002, p. 3)

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1044

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

5

No Brasil de hoje, estima-se que 35% da população urbana, resida em locais inadequados

existindo uma carência de mais de 2,5 milhões de domicílios (CARVALHO FILHO, 2009, p.

273).

Os impactos ambientais decorrentes da ocupação das áreas urbanas estão relacionados ao

pouco conhecimento do ambiente, das dimensões físicas, político-sociais, socioculturais e

espaciais. No entanto, o urbanismo é visto pela sociedade como uma transformação. Portanto,

a deterioração do ambiente causada por essas aglomerações urbanas vem das alterações

provocadas por uma sociedade estruturada em classes sociais (GUERRA; CUNHA, 2006, p.

19).

Esses assentamentos irregulares e ilegais além de se caracterizarem por precárias condições

de vida, também contribuem sobremaneira para o agravamento do problema ambiental das

cidades, visto que com isso, as poucas áreas de preservação permanente terminam por

serem ocupadas (FERREIRA et. al., 2004, p. 89).

No caso especifico de Palmas o crescimento da cidade desvirtuou-se do projeto original,

agregando em seu desenho bairros afastados do centro, e uma grande quantidade de vazios

gerados pelo seu espalhamento. Isso tornou Palmas uma cidade com altos custos de

manutenção, tendo que construir uma grande infraestrutura viária, de saneamento e de

transporte para uma população pequena e não concentrada (COCOZZA, 2007, p. 114-115).

Um dos primeiros loteamentos irregulares da capital tocantinense, o Loteamento Setor

Santo Amaro, localizado na região norte da cidade, originou-se no início do ano de 2000, em

decorrência do micro-parcelamento irregular de chácaras. Hoje Palmas tem cerca de 21

parcelamentos ilegais e/ou clandestinas (PREFITURA PALMAS, 2010).

A exclusão social é um dos principais marcos do processo de urbanização das cidades que

possui uma visão econômica capitalista, pois acaba empurrando os mais pobres para áreas

de menor valor econômico, ou seja, essas áreas são denominadas áreas de riscos, sem

serviços e infra estrutura adequada. Entretanto, acaba acarretando que essas pessoas ocupam

áreas livres. Áreas que deveriam ser destinadas à proteção ambiental que vem a ser a áreas de

preservação permanente, áreas públicas municipais que são compostas pelos (parques, jardins,

escolas e outras), áreas reservadas para o escoamento natural as águas pluviais e muitas vezes

com grande risco a saúde e o bem estar, acarretando assim em um maior problema na parte

sócioambiental das cidades (FERREIRA et al., 2004, p. 48).

Assim, a avaliação da qualidade do meio ambiente com ênfase nos ecossistemas direta ou

indiretamente relacionados com os recursos naturais atingidos pelas ocupações irregulares

deve ser realizada visando a propositura de medidas mitigadoras e de ações de conservação

ambiental para as áreas ambientalmente atingidas, considerando o equilíbrio ambiental como

premissa básica para o desenvolvimento dos municípios em relação às suas políticas públicas

urbanísticas e sociais.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1045

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

6

3. Métodos e técnicas de pesquisa

3.1. Caracterização da pesquisa

O estudo caracteriza-se, quanto ao nível de investigação empírica (VALA, 1986), como

descritivo, pois “propõe-se a investigar o ‘que é’, ou seja, a descobrir as características de um

fenômeno como tal” (RICHARDSON et al., 1985). A partir da descrição das iniciativas que

A pesquisa foi realizada conforme as seguintes etapas, com a utilização dos métodos e

técnicas que adiante serão mais bem detalhados:

1) bibliográfica: revisão da literatura em livros, periódicos, dissertações de mestrado e teses

de doutorado, e outras publicações pertinentes que contribuíram para a formação do marco

teórico que fundamentou o trabalho e subsidiou a análise dos dados coletados.

2) documental: documentos gerados pelas unidades governamentais pertencentes ao Poder

executivo municipal. Foram analisadas 180 (cento e oitenta) ofícios, sendo que destes, 67

(sessenta ofícios) foram encaminhados pela Promotoria, requisitando informações e

diligências, 49 (quarenta e nove) ofícios foram encaminhados pela Secretaria Municipal

de Desenvolvimento Urbano e Habitação e 64 (sessenta e quatro) ofícios foram

encaminhados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos. Foram

também consideradas 21 (vinte e um) procedimentos administrativos instaurados pela 25ª

Promotoria de Meio Ambiente de Palmas.

3) de campo: coleta de dados primários por meio de entrevistas semiestruturadas com gestores

públicos responsáveis pela formulação e/ou implementação de projetos do executivo

municipal, em especial pelas Secretarias Municipais de Desenvolvimento Urbano e

Habitação e Meio Ambiente e Serviços Públicos.

4) Observação participante: Foram feitas visitas in loco em alguns dos loteamentos

clandestinos identificados em Palmas, bem como análises dos inquéritos policiais

instaurados especificamente para a investigação dos responsáveis pela instauração desses

loteamentos irregulares e clandestinos e análise dos processos judiciais instaurados para

apuração legal desses loteamentos irregulares e/ou clandestinos.

5) observação de portais do governo municipal de Palmas na Internet.

3.2. Coleta de dados

Os stakeholders entrevistados foram agrupados nos seguintes tipos, identificados nesta

pesquisa (1) gestores públicos municipais, (2) membros do Ministério Público e (3)

professores universitários. A seleção dos entrevistados foi feita a partir da análise das

atribuições de seus cargos – em nível estratégico ou gerencial ou operacional e de seu grau de

interação/atuação em relação às ações do Poder Executivo municipal relacionadas a

problemática de regularização fundiária. No levantamento dos dados primários, foram

utilizados os roteiros de entrevistas.

A partir da análise qualitativa das entrevistas, pretendeu-se verificar o pensamento dos

diferentes atores que atuam na questão fundiária no Município de Palmas, de forma a analisar

o seu entendimento sobre as ocupações clandestinas e suas repercussões no meio ambiente

dos municípios, para atingir esse objetivo, a técnica utilizada foi a análise de conteúdo, a qual

permite “compreender melhor um discurso, de aprofundar suas características (...) e extrair os

momentos mais importantes” (RICHARDSON et al., 1985, p. 178).

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1046

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

7

4. Apresentação de resultados e discussões

O universo desse estudo compreende os loteamentos irregulares e clandestinos identificados

no Município de Palmas, já que a pesquisa visa abordar a questão dos loteamentos irregulares

e clandestinos e suas repercussões ambientais para a cidade de Palmas.

Sobre a cidade, resta destacar que esta é a capital do Estado do Tocantins, cidade que possui

as mais importantes taxas de crescimento demográfico do Brasil nos últimos dez anos

recebendo pessoas de praticamente todos os estados brasileiros. Segundo estimativas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município atingiu um crescimento

populacional de mais de 110% em 2008 comparando com a população residente em 1996,

saindo dos 86.116 habitantes para uma estimativa de 184.010 habitantes, segundo pesquisas

divulgadas pelo IBGE (PREFEITURA DE PALMAS, 2010).

O Município, parte integrante da estrutura federativa nacional é um dos principais

responsáveis pela manutenção do meio ambiente local, vez que está incumbido de

assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,

o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, devendo primar pelo desenvolvimento urbano, de

modo a garantir o ordenamento pleno das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de

seus habitantes.

Com base nas entrevistas e na documentação analisada é possível constatar que o Município

de Palmas vem enfrentando uma série de problemas decorrentes da instalação de loteamentos

irregulares ou clandestinos em seu território, advindos em parte pela desenfreada especulação

imobiliária observada na cidade, que conta com grandes vazios urbanos que além de

encarecerem a ocupação territorial servem como justificativa para proliferação de

empreendimentos imobiliários irregulares.

Evidências empíricas mostram que as ocupações irregulares de Palmas estão instaladas em

sua maioria na região norte da cidade, que conta com 12 loteamentos irregulares, além dos

seis loteamentos observados na região sul e outros 3 loteamentos na região leste.

Os entrevistados foram quase unanimes de que em Palmas, a questão relativa à especulação

imobiliária se mostra como uma das principais responsáveis pelo aumento dos loteamentos

clandestinos visto que a população de baixa renda, principal moradora dessas áreas

clandestinas não consegue acesso aos imóveis comercializados pelas grandes incorporadoras

imobiliárias da cidade, que praticam preços exorbitantes, além de disponibilizar uma pequena

oferta de imóveis por vez. Esse fato é comprovado pela preponderância de loteamentos

irregulares instalados na região norte da cidade, região conhecida por abarcar a maior parte da

população de baixa renda do município.

Pelo exposto, verifica-se que apesar da irregularidade de certos loteamentos, existem formas

de regularização para os imóveis urbanos, ainda que eivados de ilegalidade, clandestinidade

ou irregularidade, já que o artigo 40 da Lei 6766/79, prevê que o Município regularize o

parcelamento do solo no caso do proprietário/vendedor estar ausente ou ser inidôneo, podendo

ainda, assumir a titularidade do domínio, via desapropriação, com a posterior expedição dos

títulos aos posseiros, compromissários, etc.(BRASIL, 1979).

Ainda que a cidade conte com um plano diretor que contém regras e limites para a expansão

urbana, informações levantadas na pesquisa corroboram pela falta fiscalização por parte dos

entes responsáveis pela gestão urbana municipal. Embora seja uma capital recente criada,

Palmas tem visto a proliferação de loteamentos irregulares, que inclusive já ensejaram a

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1047

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

8

proposição de ações judiciais por parte do Ministério Público Estadual, que já instaurou três

ações penais para a responsabilização penal dos loteadores e quatro ações civis públicas para

responsabilização do ente público municipal omisso em relação à fiscalização pertinente em

casos dessa natureza.

Todavia, as ações de combate a esses loteamentos têm sido apenas pontuais, propostas após a

instalação destes, não sendo preventivas, que resultariam em um controle mais eficiente em

relação às consequências provocadas por esses empreendimentos.

No decorrer do levantamento de dados possibilitou verificar que a forma mais eficaz para se

tentar a prevenção dos loteamentos clandestinos ou irregulares passa necessariamente por uma

fiscalização planejada e adequada às especificidades do município, que contemple um

diagnóstico completo em relação aos vazios urbanos e na ação imediata dos órgãos públicos

assim que estes constatarem o parcelamento do solo ou de sua expansão.

É possível constatar com base nos dados da pesquisa (documentos e entrevistas) analisadas, e

a observação participante que às ocupações clandestinas de Palmas estão provocando

ocupações desordenadas do solo, tendo sido verificada a multiplicação de construções

edificadas sem critérios técnicos e em condições insalubres, com prejuízo ao meio ambiente e

à saúde dos moradores, sendo estas de tamanhos variados, chegando até mesmo a imóveis

com tamanho de mais 1000 m2, comercializados para a população de alta renda, também

vítima da ação criminosa dos loteadores.

Na grande maioria destes locais, observa-se um adensamento populacional desprovido de

equipamentos urbanos e comunitários, gerando um crescimento desordenado da cidade, com a

marginalização dos habitantes destes loteamentos irregularmente instalados no

município,levando ao incremento das desigualdades sociais, com reflexos na segurança da

população da cidade como um todo.

O reparcelamento das áreas onde as ocupações ilegais foram instauradas, do mesmo modo

que o parcelamento original, também é feito sem um planejamento adequado em relação às

quadras, lotes e ruas, geralmente sem a destinação de espaços institucionais à instalação de

postos de saúde, escolas, creches e postos policiais, gera a saturação dos equipamentos

públicos dos setores vizinhos, dificultando a prestação de serviços públicos essenciais e

demandando a movimentação de terra através de cortes e aterros e remoção de grandes áreas

de cobertura vegetal, causando prejuízos para a estabilidade do solo, favorecendo a

implantação de processos erosivos e assoreamento de cursos d’água.

Para a maioria dos entrevistados a falta de regularização desses loteamentos impede a

regularização das edificações, o que inviabiliza a fiscalização das construções pelos órgãos

oficiais e gera a insegurança para referidas construções. Da mesma forma, a instalação de

ligações inadequadas de energia elétrica e água também geram insegurança à toda a

comunidade instalada nessas ocupações.

Por fim, cumpre observar que o resultado dessas ocupações realizadas legal e

clandestinamente termina por marginalizar seus moradores, além de degradar

consideravelmente o meio ambiente local e circunvizinho, fatos que deixam as obrigações da

Administração Pública relativas à ações ligadas à justiça social e à prestação de um mínimo

de dignidade aos munícipes, extremamente onerosas.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1048

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

9

5. Conclusões

A questão dos loteamentos irregulares tem se mostrado um grave problema a ser enfrentado

por administradores e administrados já que se trata de um fenômeno social que tem se

mostrado generalizado por todo o país.

Sendo um fenômeno social, a regularização fundiária demanda um trabalho multidisciplinar a

ser realizado por profissionais com conhecimentos em diversos ramos do campo científico,

num processo oneroso aos cofres públicos, aos loteadores e demais entes envolvidos.

O processo de segregação socioespacial na capital tocantinense iniciou-se à época da

construção da cidade, tendo sido promovido pelo poder público estadual e perdurando após a

promulgação do Estatuto da Cidade, no ano de 2001, ou do Plano Diretor Participativo,

amplamente debatido pela população e poder público municipal e promulgado no ano de

2007.

A falta de uma política habitacional estabelecida a partir das necessidades locais identificadas

pelo poder público considerando a iniciativa privada e os munícipes, também fomentou, como

de fato ainda fomenta, os loteamentos clandestinos utilizando áreas inadequadas.

A falta de punição aos responsáveis pelos loteamentos irregulares mais antigos da cidade,

aliada à falta de políticas públicas e educacionais referentes aos problemas socioambientais

advindos da instalação dessas ocupações irregulares, também servem como justificativa para a

continuidade desse tipo de ocorrência.

A observação visual feita in loco em alguns desses loteamentos irregulares permite concluir

que é grande a desigualdade social na cidade, posto que nesses locais, faltam o saneamento

básico, a drenagem das águas pluviais, a pavimentação asfáltica, entre outros equipamentos

urbanos, sendo que estes problemas também podem ser observados em outras áreas da cidade

localizadas dentro do perímetro urbano, comprovando que estes problemas não estão

presentes apenas dos setores irregulares.

As consequências ambientais decorrentes da instalação desses loteamentos irregulares é a

poluição de nascentes e mananciais, a degradação das áreas de preservação permanente e

proteção ambiental, a derrubada de árvores nativas como o pequizeiro e os buritis, graves

prejuízos à biodiversidade local, com o comprometimento do abastecimento de água

municipal, devido à instalação de loteamentos em áreas próximas ao local onde é retirada a

água para abastecimento da cidade.

Além desses impactos, também se verificou que em muitos desses loteamentos ocorreu o

aumento da erosão, com o consequente carreamento de resíduos para os ribeirões e cursos

d’água, a contaminação das águas, o aumento no volume dos resíduos sólidos descartados em

desrespeito à legislação ambiental, com a consequente contaminação dos solos onde se

instalaram tais loteamentos.

Cumpre destacar também que essas ocupações irregulares não ocorrem apenas nas áreas de

invasões, mas podem estar associadas às possíveis aprovações indevidas de loteamentos, à

falta de legislação ou ao descumprimento da mesma, sendo que ao longo da história de

Palmas, é possível constatar que o próprio poder público patrocinou algumas invasões, com o

objetivo de manter a população de baixa renda às margens do perímetro urbano da capital

planejada.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1049

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

10

O aumento desses loteamentos irregulares também pode ser atribuído à ineficiência do poder

público que muitas vezes não possui o efetivo necessário a uma fiscalização eficiente,

integrada entre os diversos órgãos municipais responsáveis pela identificação e fiscalização

das ocupações, de modo a que sejam evitados transtornos relacionados à regularização

fundiária.

Nos casos em que os loteamentos irregulares abrangem as APPs e APAs, verifica-se a

ocorrência de impactos negativos ao meio ambiente físico, químico, biológico e antrópico,

numa demonstração de que uma ocupação e uso de solo feita sem considerar a legislação

ambiental compromete a qualidade ambiental e consequentemente, a qualidade de vida de

toda a população municipal.

A pesquisa mostra que é imprescindível que o município estabeleça políticas públicas que

sejam de fato, comprometidas com o social e o ambiental, de modo a refletir a nova

mentalidade do gestor público consciente da importância do seu papel e das necessidades de

seus administrados.

A sensibilização dos órgãos competentes pela fiscalização ambiental e urbanística e a

sociedade em geral pode contribuir para o subsídio de políticas públicas locais relacionadas à

tomada de decisões relacionadas ao desenvolvimento sustentável da cidade de Palmas.

A identificação dos loteamentos irregulares e clandestinos na capital tocantinense demonstra

que estes não constituem apenas um ato criminoso de desrespeito à legislação urbanística e

ambiental, mas também, à falta de políticas públicas efetivamente capazes de coibir a

ocorrência dos danos ambientais identificados nesses setores irregulares.

A inexistência de produção e oferta de moradias acessíveis à população carente somado ao

fato das legislações urbanas e ambientais serem complexas e exigentes são causas dos padrões

de uso e ocupação do solo que inviabilizam o acesso dessas camadas carentes à uma moradia

digna.

Tal fato causa ainda o assoberbamento de setores considerados ambientalmente fragilizados,

em sua maioria, formados por áreas protegidas por lei e desprezadas pelos setores

imobiliários, demonstrando que a questão ambiental urbana é primeiramente, um problema

advindo de uma política pública ineficiente e que impossibilita o acesso da maioria da

população a moradias adequadas, em locais de localização apropriada sob a ótica ambiental e

com a oferta de infraestrutura e serviços urbanos legalmente estipulados.

A regularização sem a interrupção do ciclo da instalação das ocupações irregulares além de

servir como renovação do sofrimento da população envolvida, também provoca a

multiplicação permanente da demanda por recursos públicos.

Soma-se a isso, a desconfiança gerada pela regularização das ocupações irregulares, posto que

em muitos casos, essa regularização é vista como uma forma de incentivar e perpetuar a

instalação desses loteamentos ilegais.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1050

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

11

6. Referências

ALFONSIN, Betânia de Moraes; SERPA, Claudia Brandão de; FERNANDES, Edésio, et. al.

Regularização da Terra e da Moradia – O que é e como implementar. São Paulo, Instituto

Polis, 2002. Disponível em:

<http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/habitacao/programas/0004>. Acesso em: 19 set.

2011, 16:30:30.

ALVES FILHO, Francisco; AQUINO, Wilson e TEIXEIRA, Rafael. A mesma cena. E cada

vez mais dor sob os destroços. Parte 1. Revista Isto é Independente. Edição nº 2149, 14 jan.

2011. Brasil Especial. Disponível em:

<http://www.istoe.com.br/reportagens/119998_A+MESMA+CENA+E+CADA+VEZ+MAIS

+DOR+SOB+OS+DESTROCOS+PARTE+1> Acesso em 29 set 2011, 21:30:30.

BARROS, M. V. F; SCOMPARIM, A; KISHI, C. S; CAVIGLIONE, J. H; ARANTES, M. R.

L; NAKASHIMA, S. Y; REIS, T. E. S. Identificação das ocupações irregulares no fundos

de vale da cidade de Londrina/PR por meio de Imagem Landsat 7. Curitiba – PR: UFPR,

2003. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/raega/article/viewFile/3350/2686.

Acesso em 19 out. 2011, 22:30:30.

BRASIL. Decreto-Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Estabelece diretrizes gerais da

política urbana e dá outras providências (Estatuto da Cidade). Diário Oficial da República

Federativa do Brasil, Brasília, 10 de julho de 2001.

______. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil, Poder Executivo,

Brasília: DF: Senado Federal, 1988.

______. Lei Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o parcelamento do

solo urbano. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília: DF, 20 dez. 1979.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Comentários ao estatuto da cidade. 3ª ed. Rio de

Janeiro: Lumen Juris, 2009.

COCOZZA, Glauco de Paula. Paisagem e unidade: os limites do projeto urbano na

conformação de lugares em Palmas. Tese de Doutorado, FAUUSP, São Paulo, 2007.

FERREIRA, et al. Impactos sócio-ambientais provocados pelas ocupações irregulares em

áreas de interesse ambiental – Goiânia – GO. Pós-Graduação em Gestão Ambiental pela

Universidade Católica de Goiás – SENAI – CETRESG. Goiânia – GO, 2004.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Formação sócio-espacial e a questão ambiental no

Brasil. IN: BECKER, Berta K. et al. Geografia e meio ambiente no Brasil. São Paulo:

Uhicitec, 1995. (p. 309-333).

GUERRA, A. J. T; CUNHA, S. B. (org.). Impactos ambientais urbanos no Brasil. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010.In:

http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=17&dados=1. Acesso em: 19 mar.

2012, 18:37:30.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1051

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

12

MOTTA, D. M. Gestão do uso do solo. Disfunções do crescimento urbano. Volume 1.

Instrumento de planejamento e gestão urbana em aglomerações urbanas: uma análise

comparativa. Brasília, 2002.

OLIVEIRA, F. O. – Um porto no sertão: cultura e cotidiano em Porto Nacional. A

(trans)formação histórica do Tocantins. Goiânia: UFG, 1992.

PREFEITURA DE PALMAS. Lei Municipal n. 368 de 17 de fev. de 1993. Dispõe sobre a

divisão da Área Urbana da Sede do Município de Palmas em Zonas de Uso e dá outras

providências. Prefeitura Municipal de Palmas/TO 2002.

______. Lei Complementar nº 212, de 6 de agosto de 2010. Dispõe sobre desafetação,

alteração do uso de área pública e criação da Zona Especial de Interesse Social para fins de

regularização fundiária por meio de Concessão de Direito Real de Uso. Diário Oficial do

Município de Palmas, 6 de Agosto de 2010.

RESCHKE, L. M.; et. al. Loteamentos irregulares e clandestinos: sua regularização no

município de Porto Alegre. In: II Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico. Porto Alegre,

2002. Disponível em: <http://www.ibdu.org.br/imagens/LOTEAMEN.PDF>. Acesso em: 29

set. 2011: 19:30:30.

RICHARDSON, Robert. J. et al. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas,

1985.

UNITED NATIONS HUMAN SETTLEMENTS PROGRAMME (UN-HABITAT). Urban

sprawl now a global problem. In: State of the World’s Cities 2010/2011 – Cities for all:

bridging the urban divide. Disponível em:

<http://www.unhabitat.org/documents/SOWC10/R4.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2011.

VALA, Jorge. A Análise de Conteúdo. In: SILVA, Augusto S.; PINTO, José M. (Org.).

Metodologia das Ciências Sociais. 8. ed. Porto: Afrontamento, 1986. p. 101-128.

VIOLA, E. O movimento ambientalista no Brasil (1971-1991): da denúncia e conscientização

pública para a institucionalização e o desenvolvimento sustentável. In: Miriam Goldenberg

(Org.). Ecologia, ciência e política. Rio de Janeiro, Revan: 1992.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1052

Raiza Fontes Silvest
Retângulo

International Environmental Agreements and Conferences

Antonio Sérgio Torres Penedo

[email protected]

Universidade Federal de Uberlândia - UFU

Faculdade de Gestão e Negócios - FAGEN

Área temática: Gestão Ambiental

Abstract:

This article presents, in a review format, an analysis of international environmental agreements and conferences organized and carried out by the United Nations, who, concerned about climate change, biodiversity loss, among other environmental consequences have resorted to international cooperation instruments to seek ways to preserve the planet. The United Nations conferences are discussed in order to promote sustainable management and overall commitment to the assumptions more equitable development. Among the conferences and meetings stand out Stockholm in 1972, ECO-RIO in 1992, Kyoto in 1997, The Global Compact in 2000, The Millennium Development Goals in 2000, Green Book in 2001, Johannesburg in 2002, The Equator Principles in 2003, Copenhagen in 2010.

Keywords: Conference, united nations, international agreements, environmental responsibility.

1. INTRODUCTION

Sustainability is a topic of great interest in the media, business community, government agencies, non-governmental organizations and civil society. Companies generate various forms of benefit to society, as technological advances, job creation, workforce training, development of a productive network, distribution of income and payment of taxes and wages, among others. However, many are also the damage caused by its activities, as manipulation and corruption of people and governments, creating a dependency relationship, depletion of natural resources and damage the environment (BENI, 2003; LIMA, 1999).

Leaving for a proactive level, postconventional, business ethics, there is a school of thought which advocates the need for companies to take an ethical stance towards society, expanding their role beyond purely economic objectives, in order to participate in community and environment in which it operates the most extensive way possible. This happens because they use up more resources difficult to measure or have prices assigned to you, as people, financial, natural resources (renewable or not) and a whole structure of the society in which they operate. So have a greater responsibility towards society, as assumed from the beginning of its existence. Despite being a relatively recent idea, the demands from society are increasing. Corporate social responsibility includes all business relationships with the community in which it operates, thus becoming a broader view of the business strategy should include the attendance of the "social function" of the company, by improving the quality of life in all its broader aspects and environmental protection. In this context, practices aimed at

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1053

ensuring transparency, fairness in the distribution of earnings and sustainability are required (BATEMAN, 1998; LIMA, 2003; MAXIMIANO, 2012).

This article presents, in a review format, an analysis of agreements and organized and conducted by the United Nations international environmental conference, which worried about climate change, biodiversity loss, among other environmental consequences have resorted to international cooperation instruments to seek ways preservation of the planet. Conferences organized by the United Nations are discussed in order to promote sustainable management and overall commitment to the assumptions more equitable development. Among the conferences and meetings stand out Stockholm in 1972, ECO-RIO in 1992, Kyoto in 1997, The Global Compact in 2000, The Millennium Development Goals in 2000, Green Book in 2001, Johannesburg in 2002, The Equator Principles in 2003, Copenhagen in 2010.

2. REVIEW ABOUT AGREEMENTS AND CONFERENCES INTERNATIONAL ENVIRONMENTAL

In the early 1970s, began to gain ground on the world stage, concerns related to climate change and quality of life of human beings. The observation of the limitations of the capitalist development model and pressure with respect to environmental issues caused by it added to the pressures of the social movements of various countries put in discussion in society the following problems : pollution, global warming, soil erosion, forest clearing, destruction of the ozone layer, civil liberties etc. Front of these issues raised by social movements and environmental crisis that plagued the world in 1972 was held in Stockholm, Sweden, Conference on Ecosystem, hence yielding the concept of Sustainable Development that would consolidate 20 years later in the Symposium Program of the United Ecosystem Nations in 1992. environmental responsibility should include all of the company relationships with the communities where they operate including meeting the social function of property. In this context, practices aimed at ensuring transparency, fairness in the distribution of earnings and environmental protection should be required (CAMARGO, 2003; SACHS, 1998).

The Club of Rome, with discussions about the preservation of the environmental resources of the earth as water, air, soil, with the accumulation of waste and environmental degradation, published in 1972 the book "Limits to Growth". At the UN Conference dealing with Human Development in June 1972 in Stockholm, 113 countries committed to preserving the earth's ecosystem. The United Nations Development Programme to the known terrestrial ecosystem by UNEP aims to encourage and promote care for the environment, informing and enabling countries to improve the quality of life of their populations (CAMARGO, 2002; SACHS, 1998).

This Stockholm Declaration formed the basis for the Brazilian Constitution, which states: "Everyone has the right, essential to a healthy quality of life ecologically balanced terrestrial ecosystem, and both the Government's duty to defend and preserve it for present and future generations" (FIORILLO, 2007).

In 1992, UNEP made a new meeting, the UN Conference on Sustainable Development, which primarily known as ECO -RIO 92. Nela were discussed issues relevant to sustainable development in developing countries, economic cooperation between the countries, and urgent creation of Agenda 21 (PASSOS, 2009).

According Milaré (2007), the ECO-RIO 92 was performed for countries to take cognizance of the need to reverse the increasing degradation of the terrestrial ecosystem, by

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1054

considering the environmental variable measures focused on the compatibility of the development with public policy the preservation process environmental.This author states that the main objectives of the Conference were checking the global environmental situation, and establish forms of technology transfer, examine strategies for incorporating environmental criteria into the development process.

One of the main contributions of the ECO-RIO 92 among many, was the Rio Declaration on Development. The most important document of the ECO-RIO 92 was the proposition of Agenda 21, which establishes rules and principles for the promotion of economic and environmental development. Among its recommendations are the economic and environmental dimensions to combat poverty and changing forms of consumption; appropriate use of environmental resources such as combating deforestation, encouragement of sustainable agriculture, safe management of hazardous wastes and protection of water resources. Agenda 21 is a statement taken by States, though its signatories will develop environmental initiatives (PASSOS, 2009).

ECO - 92 RIO agreement to reduce the release of greenhouse gases that cause global warming known as the Convention on Climate Change gases was proposed. Initially 154 countries were signatories, and the Convention entered into force in 1994. Berlin in Germany, was made the 1st Conference of the participating countries of the Convention (GONÇALVES, 2005).

In December 1997 was held in Kyoto in Japan, a review conference on climate change which approved the so-called "Kyoto Protocol", which aimed to contain the destruction process of the living conditions of the land and degraded parts by basic guidelines firmed by this protocol.

The Protocol was signed on March 16, 1998 by 55 countries that were in the Convention, including the countries responsible for 55% of total emissions of carbon dioxide (GONÇALVES, 2005).

With the agreement countries pledged to reduce releases of greenhouse gases by at least 5 % below 1990 levels by 2012. Moreover, it was signed the transfer of financial resources from developed countries to other developing countries, for sustainable environmental development in these countries more secure foundations.

Under the Kyoto Protocol the less economically advanced countries should benefit from financial resources from developed countries. However, these funds must be used in technology in reducing emissions of harmful terrestrial ecosystem gases (SOUZA; LIMA, 2004).

According to Souza; Miller (2003):

"Seeking viable mechanisms to achieve the proposed parameters, the Protocol established the Clean Development Mechanism CDM known for. Article 12 allows Annex I countries to benefit from the issues in developing countries, with the aim of promoting sustainable development with limitation and reduction of emissions' reductions".

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1055

According to Souza; Miller (2003), among numerous types of clean development mechanisms (CDM) that can be developed, we can mention :

i. Capture of landfill gas;

ii. Treatment of swine waste and reuse of biogas;

iii. Fuel switching;

iv. Generation of energy from renewable sources;

v. Composting of municipal solid waste;

vi. Methane generation from organic waste (biogasificação);

vii. Pyrolysis of waste.

The Kyoto Protocol is a way for countries to invest in afforestation and reforestation, and energy reform through the use of renewable energy promoting the recovery of carbon emissions sectors (GONÇALVES, 2005).

In early 2000, the then Secretary - General of the United Nations (UN), Kofi Annan launched the Global Compact aiming to mobilize the community to adopt in their business activities in environmental areas fundamental values, human rights and the combating corruption (UNDP, 2010).

The Global Compact is a voluntary initiative that aims to provide standards and principles in the pursuit of sustainable environmental development. Also performs a complement to the sustainability of the organizations activities, it was also used as the basis for the creation of ISO 26000, which deals with the standardization of environmental responsibility.

Even with predominating organizations as signatories to the agreement, the Pact allows interested nonprofit may also sign the pledge. In Brazil, cities, NGOs, public sector unions and research institutions have adopted the Global Compact. The country being responsible for captaining organizations and their representatives was the ETHOS Institute. In June 2009, Brazil had 338 institutions, organizations with and without considering business activities, signatories of the Covenant (UNDP, 2010).

Thus, the Global Compact is to encourage organizations to adopt environmental policies. This pact promotes dialogue between institutions, United Nations agencies, NGOs, trade unions and representatives of civil society for the development of an inclusive world market, aiming to include social and environmental responsibility in the process of globalization (UNDP, 2010).

To achieve the goal of sustainable environmental development, we seek the cooperation of international organizations with the adoption of the principles of human rights, labor, land ecosystem and corruption. Despite the Global Compact as a propellant having the United Nations, is not intended to be a code of conduct. The pact aims to promote sustainable human development, giving priority to long and healthy life with accessibility to decent standard of living.

Table 01, based on Correa (1997), presents the direct and indirectly involved in the operations of organizations and how should be the relationship between the two organizations in environmental responsibility.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1056

Table 01 - Stakeholders

STAKEHOLDERS CONTRIBUTIONS BASIC DEMANDS

Customers Money; Fidelity.

Product safety; Good quality of products; Affordable price; Advertising honest.

Employees Labor; Creativity; Ideas.

Fair wages; Safety and health at work; Personal achievement; Working conditions.

Government Institutional support, legal and political.

Compliance with laws; Payment of taxes

Shareholders Capital. Earnings and dividends; Heritage preservation.

Providers Goods. Respect for contracts; Fair trading.

Competitors Competition; Fair value

Loyalty competition

Community / society Infrastructure.

Respect the Community interest; Contribution to improving the quality of life in the community; Conservation of natural resources; Environmental protection; Respect the rights of minorities.

Source: CORRÊA (1997).

The Global Compact has ten proposals being established in its creation nine other included later. All are related to statements like : Rio Declaration on Environment, Universal Human Rights, International Labour Organization, Fundamental Principles and Rights at Work and Development and the UN Convention (UNDP, 2010).

This pact, created by the United Nations Organizations, believes that business organizations are the main exacerbating economic growth and/or financially. So, should have the responsibility to promote sustainable economic development of the society in which they interact. Thus, the interests of the various sectors involved in society (stakeholders) should be respected and considered in all activities and functioning of institutions, whether corporate or not.

The Covenant serves to align policies and practices internationally recognized as promovedoras environmental improvements throughout society. Thus, its principles attempt to reproduce the consistent goals of human rights, labor rights, environmental protection and anti-corruption.

In table 02 the principles and proposals of the UN Global Compact can be observed.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1057

Table 02: Proposed Principles and the UN Global Compact

PRINCIPLES PROPOSALS Human rights principles

Respect and protect human rights; Prevent human rights violations;

Principles of Rights at Work

Uphold the freedom of association; Abolish forced labor; Abolition of child labor; Eliminate discrimination in the workplace;

Principles of Environmental Protection

Support a precautionary approach to environmental challenges; Promote environmental responsibility; Encourage technologies that do not harm the environment;

Principle against Corruption

Work against corruption in all its forms, including extortion and bribery.

Source : UNDP (2010)

The Principles of Human Rights represents the two initial proposals. The first proposal suggests that organizations support and respect the protection of internationally recognized human rights worldwide. The second proposal certifies that organizations are not complicit in human rights abuses. The three areas of the Global Compact in respect to human rights are:

• The protection of life and safety;

• Individual rights and political freedoms, freedom of expression, privacy, religion and association;

• Economic, social and cultural rights, establishment of decent standard of living considering the food, housing, health, education, fair pay, leisure and rest.

The following four proposals refer to the Principles of Rights at Work. The first proposal of this principle shows the need to uphold the freedom of association and recognize the right to collective bargaining. The next proposal aims to eliminate all forms of forced or compulsory labor. The other two proposals address the effective abolition of child labor and the elimination of all discrimination at work is of origin, race, gender, creed and religion.

The defense of the terrestrial ecosystem is treated in the Principles of Environmental Protection. The first proposal of this principle, establishing the preventive approach of business activities. The next two proposals define initiatives to promote environmental responsibility and encourage the development and diffusion of clean environmental technologies. The adoption of the Global Compact has a preventive and not corrective nature, joining efforts in the management of the product life cycle.

Finally, the last proposal, which is in Principle against Corruption provides that organizations should work against corruption in all its forms, including extortion and bribery. This principle aims to strengthen sustainable development.

As organizations will be involved in the commitment of adoption of these principles, they contribute in creating a more equitable society in the environmental aspect beyond the economic.

Thus, the Global Compact should be viewed with a mechanism of free membership by civil society institutions. Those who adhere to the pact, must accept the commitment to implement the ten proposals in its operations and account for the progress made in its implementation to all stakeholders through periodic reports prepared by organizations

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1058

(UNDP, 2010).

The membership of an organization for the Global Compact entails:

• Adapt the activities of adherents to the pact the implementation of the proposed institutions, incorporating them into their corporate strategy and mission;

• Have transparent attitudes, report regularly and publicly the progress of implementation of the principles;

• Maintain a dialogue with stakeholder groups;

• Inform and suggest to partners and suppliers the importance of the principles of the covenant also encouraging its membership;

• Engage and respect the proposals of the covenant in all regions where the organization performs activities or partners with other organizations terrestrial ecosystem.

In New York, within 6 to 8 September 2000, 147 representatives of State and Government met to draft the Declaration of the United Nations Millennium. In the document were signed strategies and goals for overcoming the many problems faced by society as hunger and extreme poverty, lack of access to education, gender inequality, child mortality, spread of infectious diseases, environmental problems etc..

This statement eight goals called the Millennium Development Goals (MDGs), as stipulated targets and capable of being controlled according to table 03 were established.

Table 03: Goals and Targets of the Millennium Development

OBJECTIVES GOALS Improve maternal

health • Reduce by three quarters by 2015, the maternal mortality ratio;

Achieve universal primary education

• Ensure that, by 2015, all children complete a full course of primary schooling;

Eradicate extreme poverty and hunger

• Halve by 2015 the proportion of people whose income is less than one U.S. dollar per day; Halve, between 1990 and 2015, the proportion of people who suffer from hunger;

Combat infectious diseases

• Commit financial resources to combat the spread of contagious diseases;

Develop a Global Partnership for Development

• Program a non-discriminatory multilateral trading and financial system; Treat the debt problems of developing countries; Allow young people to have a decent and productive work; Providing accessibility to essential medicines; Make available the benefits of new technologies.

Ensure environmental sustainability

• Integrate the principles of sustainable development into country policies and programs; Reduce the proportion of people without access to safe drinking water; By 2020, significantly improve the lives of at least 100 million slum dwellers;

Promote gender equality

• Eliminate gender disparity in primary and secondary education and at all levels of education by 2015;

Reduce child mortality

• Reduce by two thirds by 2015, mortality of children under 5 years;

Source : UNDP (2010)

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1059

On exposure of the Millennium Development observed that it was created to promote countries, governments and business groups to achieve development goals and reducing inequalities. The objectives and targets of the Millennium can be achieved with reduction in the proportion of population below $ 1 per day; increase in the proportion of pupils starting grade 1 who reach grade 5; increasing the literacy rate for members age 15-24 years; increasing the proportion of women employed in the nonagricultural sector; increasing the proportion of seats held by women politicians; reduction of child mortality; increasing the proportion of children 1 year immunized against measles; increase in the rate of use of contraceptives; increasing the surface area protected to maintain biodiversity lands; increase in gross domestic product (GDP) per unit of energy consumed (energy efficiency); increasing proportion of the population with access to clean, pure and odorless water, improved sanitation and housing; reduction in the unemployment rate of the population aged between 15 and 24 among others (UNDP, 2010).

Although the MDG initiative is one of the few resulting from international to establish clear goals and objectives and specific, can not be said that when an individual goes on to win more than $ 1.00 daily bodies, he is above the poverty line, as measure absolute financial resources disregarding cost of living is extremely complicated countries (UNDP, 2010).

Since 2000, environmental organizations challenged financial institutions with advertising campaigns very aggressive profile highlighting some commercial banks as lenders of environmental and social risks.

In July of 2001 is promulgated by the Commission of the European Communities "Green Book", noting that despite the existential reason organizations are making a profit, they must help in meeting environmental goals through mechanisms and initiatives of environmental responsibility. Thus, it is possible to have an inclusive approach, consistent with a long-term strategy that minimizes potential impacts of unknowns. The positive results of the environmental initiatives can improve working conditions and increase worker productivity. However, the criticism of the environmental initiatives of an organization can affect their products, their brands and image. With respect to environmental management organizations, a major challenge is the retention of talent. In this context, among the possible measures to be adopted may include lifelong learning; enhancement of internal members; communication; Interpersonal balance; diversity of human resources; equality in relationships; profit sharing and job retention (STERLING, 2001).

Environmental management in reducing the consumption of resources, polluting emissions or waste production contributes to minimizing the environmental impact should occur. Certain institutions claim that a farm with less intensiveness is likely to result in an increase in profits and a competitive (STERLING, 2001).

The "Green Book" was launched with the aim of promoting a debate on the concept of environmental responsibility of organizations and identify aspects that enable environmental development in Europe. Highlighting mainly that socially responsible behavior is the source of commercial successes and involves the management of behavior change, in which organizations tend to seek balanced commitments for all parties involved.

As a reaction of these campaigns, in October 2002 a meeting of executives of large financial conglomerates, organized by the International Finance Corporation (IFC) and ABN AmroBank in order to discuss practical experiences and investments in environmental projects in emerging markets took place in London. So was agreed the need to measure risk analyzes on large investments in emerging countries. In February 2003, a second meeting where the initial guidelines were agreed in the document known as "Principles of Greenwich"

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1060

also occurred in London (AMALRIC, 2005).

In May 2003, in Dusseldorf in Germany, a third meeting discussing the "Principles of Greenwich" changing and adjusting their intentions definitively assigning the name "Equator Principles", clearly representing a division between the countries of the "North" occurred and "South". After one month, six new financial institutions launched the rules of the "Equator Principles".The Equator Principles are a set of social and environmental practices that must be performed in financing works with values above a minimum amount. The IFC is expectation that the "Equator Principles" are used as the default implementation of environmental issues related to the financing of works in various economic and/or financial sectors of society procedures (O'SULLIVAN, O'DWYER, 2009).

The functioning of the proposal is based on the classification of environmental and social risks of all projects, with values above a minimum amount, which aims at financing banks which meet the " Equator Principles ". Have been, as an example, the following classifications : Projects classified as "A" represent low risk, "B" average risk and "C" very high risk. In each project with different degrees of risk, corresponding actions are required to ensure their classification minimizing their environmental and social risks in society. With pressures from NGOs, social movements and civil society, financial institutions should require the funded projects aspects of sustainability, including punitive and restrictive clauses in credit agreements to organizations that do not comply with the principles of minimization of risks agreed on "Equator Principles" (O'SULLIVAN, O'DWYER, 2009).

Even with the guidance of the "Equator Principles" in not finance weapons and tobacco sectors, banks have very directly or indirectly funding to these sectors. Eschewing the analysis of the impacts of such loans, some institutions even claim that these activities, when legally organized, generate financial resources and sustaining many families, cutting your credit can result in a reduction of the activity causing environmental imbalance in the communities that these sectors act as main thread. This narrow view of funding ends causing some resistance from society, in some cases, sees the actions to minimize environmental risk only profit as a catalyst for financial institutions (O'SULLIVAN, O'DWYER, 2009).

In Brazil the factors that promoted the implementation of the "Equator Principles" were the pressures of non-governmental organizations, international environmental movements and the search for financial institutions to use as propaganda adherence to sustainability commitment.

In 2002, on the eve of the World Summit on Sustainable Development held in Johannesburg, South Africa, information on which 40% of the world population facing water shortages were disclosed; each year, 3 million people died of diseases caused by pollution; 90 million hectares of forests were destroyed in among other problems. The UN believed that encounter than 22,000 representatives from 193 countries were possible to recover the climate consensus. But the spirit of cooperation turned into a lack of commitment from rich countries shoulder their responsibilities. It may be noted that due to lack of supervision and power global these punishment mechanisms have no sanctions to deter noncompliance, so fitting, every government make them into laws to ensure its effectiveness (SOUZA; MILLER, 2003).

In 2003, the Principles for Responsible Investment (PRI), or Principles for Responsible Investment program, are created by the United Nations (UN). These principles summarize the commitment of major international institutional investors and market participants to direct investments in sustainable entrepreneurial projects. In April 2006, with the participation of Kofi Annan, the PRI has its official launch at the New York Stock Exchange, with the top 20 global investors. This process was coordinated by the Finance Initiative of the UN Programme for the terrestrial ecosystem (UNEP FI) and the UN Global

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1061

Compact. Its formulation had the help of many civil society representatives as financial organizations, governmental and non-governmental organizations and also experts from academia (UNDP, 2010).

The program consists of six basic principles that value the social, environmental and corporate governance considerations and can be seen in table 04.

Table 04 : Principles and Recommendations for Responsible Investment

PRINCIPLES RECOMMENDATIONS

Incorporation of ESG issues into

policy and practice of asset

maintenance

Develop and disseminate a policy for monitoring active participation in accordance with the Principles; Develop an engagement capability (either directly or through outsourcing) Participate in policy development, regulation and standard setting (such as promoting and protecting the rights of shareholders);

Inclusion of ESG issues in

investment analysis

Emphasize ESG issues in investment policy; Support the development of tools, metrics, and analyzes related to ESG considerations Assess the capabilities of internal investment managers to incorporate ESG issues Assess the capabilities of external investment managers to incorporate ESG issues

Implementation of the Principles

within the investment industry

Include Principles-related requirements in requests for proposals (RFPs - Requests for Proposals); Align investment mandates, monitoring procedures, performance indicators and incentive structures accordingly (for example, ensure investment management processes reflect long -term horizons when appropriate); Communicate expectations regarding ESG factors for providers of investment services;

For transparency in organizations

regarding ESG issues.

Ask for standardized reporting on ESG issues (using tools like Social Responsibility Reports, including the Global Reporting Initiative - GRI); Request that ESG issues to be integrated within annual financial reports; Organizations to request information regarding the adoption or adherence to relevant norms, standards, codes of conduct or international initiatives;

Disclosure of progress in

implementing the Principles

Disclose how ESG issues are integrated within investment practices; Disclose the organization's activities (voting, engagement, policy dialogue); Disclose what is required from service providers in relation to the Principles Communicate with beneficiaries about ESG issues.

Search efficiency in implementing

the Principles

Support / participate in networks and information platforms to share tools and resources and make use of investor reporting as a source of learning; Collectively address relevant emerging issues Develop or support appropriate collaborative initiatives;

Source: IDIS (2010)

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1062

The Principles for Responsible Investment include social, environmental and governance criteria, or Environmental, Social and Corporate Governance (ESG), making them more sustainable international financial markets. The PRI seek to align investment practices with the goals and the Millennium Development Goals (MDGs) of the United Nations, thus contributing to a more stable and inclusive global economy (IDIS, 2010).

In early 2010, the Principles for Responsible Investment had 700 signatories with approximately $ 20 trillion in assets. After four years of its official launch, the number of signatories has multiplied rapidly, showing a higher demand and interest of managers and institutional investors to apply resources more responsibly involving all stakeholders in society (IDIS, 2010).

The initiative for its establishment is based on the understanding that the credit fueled by financial institutions is the driver of the global economy and that their decisions should reflect criteria of social and environmental issues. Thus, the actions of funding organizations should be married with the objectives of any society committed to social and environmental criteria beyond economical in the long term.

As IDIS (2010), the benefits of the Principles for Responsible Investment are:

• A common framework for integrating ESG issues;

• Support the PRI, which also elaborates implementation manuals and facilitates work groups to discuss issues of common interest secretariat;

• Access to a global network of good practices undertaken by different partners;

• Opportunity to collaborate with other accessions increasing its visibility as highly committed to ESG issues institution.

In Copenhagen in Denmark, the UN Convention the 15th Conference of the Parties (COP 15) Climate Change was held. The arrival of Barack Obama to power in the U.S., the economic crisis and the scientific studies showing the environmental impacts of global warming did not change decisions at COP 15 in Copenhagen.

Human activity is a major cause of global warming, and in fact, all sectors of the economy have contributed to catalyze the problem. For the World Health Organization, between 1970 and 2008 was an increase of environmental problems in Brazil, killing people (SOUZA; MILLER, 2003).

The Copenhagen Climate Conference mobilized the world's population and leveraged the discussion of environmental problems caused by the environmental devastation of business activities worldwide.

3. FINAL CONSIDERATIONS

This review conducted a literature review on the main environmental agreements and conferences held by the United Nations. At the United Nations Conference 1972 in Stockholm, 113 countries committed to preserving the earth's ecosystem, hence bringing the concept of Sustainable Development that would be realized 20 years later at the Symposium of the United Nations Program for Ecosystem in 1992. In 1992 UNEP has a new meeting, the UN Conference on Sustainable Development, known as ECO-RIO 92. in December 1997 was held in Kyoto in Japan, a review conference of climate change which accepted the so-called "Kyoto Protocol ", which aimed to suppress the action of destroying the living conditions of

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1063

the land and degraded parts by basic guidelines signed by this protocol. In early 2000, the then Secretary-General of the United Nations, Kofi Annan launched the Global Compact (Global Compact) aiming to mobilize the community to adopt in their business activities in environmental areas fundamental values, human rights and the fight against corruption . In July 2001 is announced by the Commission of the European Communities "Green Book", noting that despite the existential question of the organizations is the acquisition of profits, they need to assist in the implementation of social and environmental purposes through mechanisms and socio-environmental responsibility. In 2003, the Principles for Responsible Investment program (PRI), are established by the United Nations. These principles summarize the agreement of major international institutional investors and market participants to direct investments in sustainable entrepreneurial projects. In Copenhagen in 2010, was completed the 15th Conference of the Parties (COP15) to the United Nations Convention on Climate Change. The coming to power of Barack Obama in the U.S., the economic crisis and scientific studies demonstrating the environmental impacts of global warming did not transform the deliberations at COP 15 in Copenhagen. The Copenhagen Climate Conference mobilized the world's population and leveraged the contention environmental problems caused by environmental destruction of business activities worldwide. The greatest achievement was the focus of international NGOs and environmental movements in the media. However the spirit of collaboration became lack of commitment by rich countries shoulder their responsibilities. It can be observed that due to lack of supervision and global punishment these mechanisms have no sanctions to curb noncompliance, so fitting, every government make them into laws to ensure their implementation.

4. REFERENCE

AMALRIC, F. The Equator Principles. Finance & Bien Commun, n. 2, p. 8-11, 2005.

BATEMAN, T. S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.

BENI, M. C. Como certificar o turismo sustentável. Turismo em Análise, v. 14, n. 2, p.5-16, 2003.

CAMARGO, A. Governança para o século 21. In: TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

CAMARGO, A. L. B. As dimensões e os desafios do desenvolvimento sustentável: concepções, entraves e implicações à sociedade humana. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – UFSC, Florianópolis-SC, 2002.

CORRÊA, S. C. H. Projetos de responsabilidade social: a nova fronteira do marketing na construção de uma imagem institucional. Tese de mestrado. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 1997.

FIORILLO, C. A. P. Curso de direito ambiental brasileiro. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

GONÇALVES, D. B. Mar de cana, deserto verde? Dilemas do desenvolvimento sustentável na produção canavieira paulista. 2005. Tese de Doutorado (Doutorado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005.

INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO INVESTIMENTO SOCIAL (IDIS). <http://www.idis.org.br>. Available in: 30 jun 2010.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1064

LIMA, G. F. C. Questão ambiental e educação: contribuições para o debate. Ambiente & Sociedade, n. 5, p.135-153, 1999.

LIMA, G. F. C. O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação. Ambiente & Sociedade, v. 6, n. 2, p. 99-119, 2003.

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração. 2a ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MILARÉ, E. Direito do Ambiente: A Gestão Ambiental em Foco. Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

O'SULLIVAN, N.; O'DWYER, B. Stakeholder perspectives on a financial sector legitimation process: The case of NGOs and the Equator Principles. Accounting, Auditing & Accountability Journal, v. 22, n. 4, p. 553-587, 2009.

PASSOS, P. N. C. A conferência de Estocolmo como ponto de partida para a proteção internacional do meio ambiente. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, 2009.

SACHS, I. O desenvolvimento enquanto apropriação dos direitos humanos. Estudos avançados, v. 12, n. 33, p. 149-156, 1998.

SOUZA, C. S.; MILLER D. S. O Protocolo de Quioto e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): as Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), sua natureza jurídica e a regulação do mercado de valores mobiliários, no contexto estatal pós-moderno, Comissão de Valores Mobiliários – CVM, 2003

SOUZA-LIMA, J. E. Economia ambiental, ecológica e marxista versus recursos naturais Rev. FAE, Curitiba, v.7, n.1, p.119-127, jan./jun. 2004.

STERLING, S. Sustainable education: re-visioning learning and change. Bristol, UK: Green Books, 2001.

United Nations Development Programme (UNDP). <http://www.undp.org >. Available in: 10 junho 2010.

Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014

1065