boletim adunifesp nº00 (março de 2009)

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Apesar das grandes mudanças na estrutura salarial do magistério su- perior que entraram em vigor este mês, a situação geral dos venci- mentos continua muito próxima de antes. As regras mudaram, porém a reforma contemplou poucas reivin- dicações históricas dos docentes. Foram extintas a Gratificação por Atividade Executiva (GAE), a Van- tagem Pecuniária Individual (VPI) e a Gratificação Temporária para o Magistério Superior (GTMS). Em contrapartida, foram criadas a Retribuição por Titulação (RT) e a Gratificação Específica do Magisté- rio Superior (Gemas). Apenas o Vencimento Básico (VB) foi mantido da estrutura salarial anterior, e este teve um aumento significativo. Porém, não foi cum- prida a promessa de incorporação completa da GAE, como havia sido alardeado. O novo Vencimento, na realidade, é razoavelmente menor do que o anterior somado a GAE. Além disso, continua sendo, na maioria dos casos, uma parte me- nor do salário. Segundo estudo da Associação dos Docentes da UFRJ (ADUFRJ), o VB de um adjunto ou associado de dedicação exclusiva, por exemplo, representa entre 35% e 37% da remuneração total bruta do docente. Ou seja, o discurso de que a reestruturação buscava valo- rizar o VB não se sustentou. A maior diferenciação salarial foi propiciada pela RT, que representa uma parcela importante do con- tracheque e varia de acordo com a titulação, classe, nível e o regime de trabalho do docente. Já a Gemas varia em função da classe, nível e regime de trabalho, porém não de- pendem de titulação. Com uma reestruturação alardeada como esta, era de se esperar que tal reforma contemplasse muito mais as reivindicações históricas dos do- centes. Mesmo com todas as mu- danças, segundo o mesmo estudo da ADUFRJ, os salários continuam ainda abaixo do poder de compra que tinham em janeiro de 1995. Portanto, a reforma não cobre as perdas salariais dos últimos anos e valoriza apenas parcialmente a car- reira docente, premiando e estimu- lando a titulação dos professores. Além disso, a reestruturação atin- giu em cheio a arrecadação de boa parte das Associações Docentes, que calculavam a contribuição do associado, a partir do VB anterior somado à antiga GAE. A Aduni- fesp, por exemplo, já calcula perda de 30% de suas receitas. Portanto, a reforma foi bastante prejudicial para o movimento docente. Confira no sítio do Andes-SN, as tabelas salariais atualizadas para o magistério superior: (http://www. andes.org.br/tabela-salarial-ES- 2009.htm). Comunidade espera que nova gestão consiga superar a crise. Leia mais na p. 3 Reestruturação não atende pauta salarial Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo Seção Sindical do Andes-SN Boletim Adunifesp # 0 [24.mar.2009] www.adunifesp.org.br Eleições [p. 2] Entrevista com Xxxxx Yyyyy [p. 3] • Reajuste Salarial [p. 4] Eleições [p. 2] Entrevista com Xxxxx Yyyyy [p. 3] • Reajuste Salarial [p. 4] Novo reitor da Unifesp é empossado flickr.com/nikolaidis

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Boletim Adunifesp-SSind, gestão 2007-2009, publicado em 24 de março de 2009. Jornalista responsável: Rodrigo Valente; Projeto gráfico e diagramação: D. Nikolaídis.

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Page 1: Boletim Adunifesp nº00 (março de 2009)

Apesar das grandes mudanças na estrutura salarial do magistério su-perior que entraram em vigor este mês, a situação geral dos venci-mentos continua muito próxima de antes. As regras mudaram, porém a reforma contemplou poucas reivin-dicações históricas dos docentes. Foram extintas a Gratificação por Atividade Executiva (GAE), a Van-tagem Pecuniária Individual (VPI) e a Gratificação Temporária para o Magistério Superior (GTMS). Em contrapartida, foram criadas a Retribuição por Titulação (RT) e a Gratificação Específica do Magisté-rio Superior (Gemas).

Apenas o Vencimento Básico (VB) foi mantido da estrutura salarial anterior, e este teve um aumento significativo. Porém, não foi cum-prida a promessa de incorporação completa da GAE, como havia sido alardeado. O novo Vencimento, na realidade, é razoavelmente menor

do que o anterior somado a GAE. Além disso, continua sendo, na maioria dos casos, uma parte me-nor do salário. Segundo estudo da Associação dos Docentes da UFRJ (ADUFRJ), o VB de um adjunto ou associado de dedicação exclusiva, por exemplo, representa entre 35% e 37% da remuneração total bruta do docente. Ou seja, o discurso de que a reestruturação buscava valo-rizar o VB não se sustentou.

A maior diferenciação salarial foi propiciada pela RT, que representa uma parcela importante do con-tracheque e varia de acordo com a titulação, classe, nível e o regime de trabalho do docente. Já a Gemas varia em função da classe, nível e regime de trabalho, porém não de-pendem de titulação.

Com uma reestruturação alardeada como esta, era de se esperar que tal reforma contemplasse muito mais as reivindicações históricas dos do-

centes. Mesmo com todas as mu-danças, segundo o mesmo estudo da ADUFRJ, os salários continuam ainda abaixo do poder de compra que tinham em janeiro de 1995. Portanto, a reforma não cobre as perdas salariais dos últimos anos e valoriza apenas parcialmente a car-reira docente, premiando e estimu-lando a titulação dos professores.

Além disso, a reestruturação atin-giu em cheio a arrecadação de boa parte das Associações Docentes, que calculavam a contribuição do associado, a partir do VB anterior somado à antiga GAE. A Aduni-fesp, por exemplo, já calcula perda de 30% de suas receitas. Portanto, a reforma foi bastante prejudicial para o movimento docente.

Confira no sítio do Andes-SN, as tabelas salariais atualizadas para o magistério superior: (http://www.andes.org.br/tabela-salarial-ES-2009.htm).

Comunidade espera que nova gestão consiga superar a crise. Leia mais na p. 3

Reestruturação não atende pauta salarial

Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo Seção Sindical do Andes-SN

Boletim Adunifesp# 0 [24.mar.2009] www.adunifesp.org.br

Eleições [p. 2] • Entrevista com Xxxxx Yyyyy [p. 3] • Reajuste Salarial [p. 4]

Eleições [p. 2] • Entrevista com Xxxxx Yyyyy [p. 3] • Reajuste Salarial [p. 4]

Novo reitor da Unifesp é empossado

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Page 2: Boletim Adunifesp nº00 (março de 2009)

Adunifesp SSind. - Associação dos Docentes da Universidade Federal de São PauloGestão 2007-2009: Vilmon de Freitas (presidente), Paulo Olzon (vice-presidente), Maria D’Innocenzo (secretária-geral), João Fernando Marcolan (1º secretário), Maria José da Silva Fernandes (tesoureira geral), Janine Schirmer (1ª tesoureira), Francisco Lacaz (imprensa e comunicação), Alice Teixeira Ferreira (relações sindicais, jurídicas e defesa profissional), Elisaldo Carlini (política universitária) e Soraya Smaili (política sociocultural)

Rua Napoleão de Barros, 841. São Paulo - SP. CEP 04024-002. Telefone/fax: (11) 5549-2501 e (11) 5572-1776E-mail: [email protected] Página na internet: www.adunifesp.org.br

Boletim AdunifespJornalista responsável: Rodrigo Valente (MTB 39616)Projeto gráfico e diagramação: D. Nikolaídis

Caro leitor(a),

É com satisfação que inauguramos uma nova eta-pa na política de comunicação de nossa Associação Docente. Este exemplar é o primeiro de uma série de periódicos da Adunifesp, que pretendemos produzir com regularidade. Queremos assim, aproximar cada vez mais a nossa entidade de seus associados e parti-cipar efetivamente dos mais importantes debates de nossa universidade.

Particularmente, queremos aproximar cada vez mais a Adunifesp dos docentes da universidade, es-pecialmente daqueles que ainda não são associados à entidade. Com a rápida expansão pela qual pas-sa a Unifesp, tal fenômeno está acontecendo com muitos dos professores nos novos campi. Através da nossa política de comunicação vamos nos fazer mais presentes, fortalecer a organização da catego-ria e inserir a associação ainda mais nas lutas em defesa da universidade e por uma sociedade justa, solidária e democrática.

Para isto, convidamos toda a comunidade – profes-sores, servidores e estudantes – para nos ajudar na construção deste instrumento de debate democrá-tico na Unifesp. Programamos também para o pró-ximo período a reformulação de nosso sítio (www.adunifesp.org.br) e a criação de uma versão eletrô-nica para o nosso boletim. Contribuições, críticas e sugestões são muito bem-vindas.

Boa leitura!

Novidades naComunicaçãoda Adunifesp

Expediente

Logo após concluir a eleição do novo Reitor, a Unifesp iniciou ou-tro pleito, agora para escolher seu Vice-Reitor. A consulta à comuni-dade, realizada no último dia 20, deu a vitória ao Prof. Ricardo Luiz Smith, e deve ser homologada pelo Conselho Universitário. Os outros candidatos inscritos foram os professores Paulo Augusto de Lima Pontes, Alba Lúcia Botura Leite de Barros e Brasília Maria Chiari. A Adunifesp realizou em conjunto com outras entidades um debate com a presença dos quatro candidatos. Entre os temas discutidos, a atual conjuntura da universidade, a interferência de organizações privadas na Unifesp e insuficiência da atual política de assistência estudantil.

Eleição define vice- reitor da Universidade

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Page 3: Boletim Adunifesp nº00 (março de 2009)

Com a posse do Reitor Prof. Dr. Walter Manna Albertoni, no dia 06 de março, espera-se que a longa crise atravessa pela Unifesp em 2008 se encerre. Essa parece ser uma expectativa geral da comunidade universitária, que lotou o Teatro Marcos Lindenberg na cerimônia de transmissão do car-go. O novo Reitor foi eleito com maioria de votos tanto na Con-sulta Prévia feita à comunidade, quanto na votação do Conselho Universitário (Consu). A reitoria foi temporariamente conduzida pelo Prof. Dr. Marcos Pacheco de Toledo Ferraz, após a renún-cia do ex-reitor Ulysses Fagun-des Neto no ano passado.

Apesar de ter transcorrido com tranqüilidade, o processo eleitoral sofreu críticas por ter sido mal conduzido. O Ministério da Educação (MEC) não aceitou a votação realizada pelo Consu realizada em dezembro, alegando que não teria seguido as normas corretas. Em função disso, em janeiro foi chamada uma reunião extraordinária às pressas do colegiado, época de grande esvaziamento da universidade, para se realizar uma nova votação. Isto fez com que grande parte da co-munidade soubesse apenas pela imprensa ou sequer to-masse ciência do episódio. Após a segunda votação, o processo foi aceito, e o Ministro Fernando Haddad em-possou pessoalmente o Prof. Albertoni, em um seminário promovido pelo MEC em São Paulo.

Passado o processo eleitoral, outro fato que gerou po-lêmica foi a indicação sem debate prévio no Consu dos novos Pró-Reitores. Alguns membros colocaram que estatutariamente, o órgão deveria ter recebido os nomes

e os currículos dos indicados para debate e aprovação. Os no-vos dirigentes acabaram apro-vados e houve o compromisso de que os currículos seriam encaminhados na seqüência. O fato de os Pró-Reitores serem todos ligados ao curso de me-dicina e de muitos deles terem feito parte da Reitoria anterior, responsável pela crise, também foi criticado.

A cerimônia de posse, marcada por grande presença da comunidade, foi iniciada relem-brando a trajetória do Professor Albertoni na universida-de desde o movimento estudantil nos anos 60. O novo Reitor iniciou o seu discurso comentando os episódios de 2008, “a Unifesp mostrou que é muito maior do que a crise pela qual passou”. Em seguida, colocou os pon-tos mais importantes de seu programa de gestão. Entre eles, a reforma do Estatuto, a luta pela federalização do Hospital São Paulo, transparência na relação da Unifesp com entidades privadas, assistência estudantil e defesa da autonomia da universidade. A expectativa é grande para que a instituição supere definitivamente a crise e para que tais propostas sejam cumpridas.

Após posse, Unifesp espera superar a crise

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Reitoria afasta diretora de GuarulhosO afastamento pela Reitoria logo no início do ano letivo da Diretora do Campus de Guarulhos, Pro-fessora Cynthia Andersen Sarti, gerou perplexi-dade em parte da comunidade universitária, que alega que tal ato foi feito sem debate prévio. Em assembléia, os docentes de Guarulhos aprovaram uma carta pedindo a reabertura do diálogo e a re-condução da ex-diretora ao cargo.Já o Conselho de Representantes da Adunifesp, em reunião ordinária, deliberou solicitar em nota à Reitoria a manutenção do diálogo, para que a situação seja resolvida em conjunto com a co-munidade e da forma mais democrática possível.

A nota também debate o tema da democracia in-terna na universidade: “nossa expectativa é que a Reforma do Estatuto da Unifesp resolva dis-torções como a que dá prerrogativa ao cargo de Reitor, até o momento, poder indicar os diretores dos campi”.Em audiência com o Reitor Walter Albertoni, a di-retoria da Adunifesp expôs a questão, mas escutou que a Reitoria vai mesmo utilizar da prerrogativa de indicar um novo diretor. Entretanto, houve o compromisso de convocar eleições no campus até o final de 2009, depois de concluída a Reforma do Estatuto da Unifesp.

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Page 4: Boletim Adunifesp nº00 (março de 2009)

Simesp completa 80 anos Em 2009, o Sindicato dos Médicos do Es-tado de São Paulo (Simesp) completa 80 anos. A abertura das festividades acon-teceu no dia 6 de março e contou com a participação de diversas entidades médi-cas, personalidades políticas e dirigentes do Sindicato, um dos mais antigos e atu-antes de São Paulo. Além de uma edição especial da Revista Dr., diversas ativida-des comemorativas estão programadas. Confira no sítio www.simesp.com.br. Di-vulgaremos mais informações nas próxi-mas edições.

Nesta entrevista, Ciro Correia, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Supe-rior (ANDES-SN), avalia positivamente as deliberações do 28º Congresso da entidade, realizado em Pelotas de 10 a 16 de fevereiro. Ele destaca a luta contra o Reuni e a educação a distância, por um vencimento básico robusto e pelo fim das gratificações e das contratações precárias como os principais desafios para os do-centes das universidades federais.

Como você avalia os resultados do 28º Congresso?Minha avaliação é positiva. Tivemos 51 seções sindicais e 248 delegados de 24 estados. Conseguimos consolidar um Pla-no de Lutas que prevê uma atuação mais incisiva nas questões particulares ao mo-vimento docente e da classe trabalhadora como um todo.

Nesse contexto, o que você destacaria no Plano de Lutas específico para as IFES?O acompanhamento do Reuni. Esse é o principal programa do governo para as universidades federais. Sempre fomos contrários a essa iniciativa porque não consideramos correto que haja uma política de expansão irresponsável, sem os recursos necessários. Sabemos que a expansão é essencial ao país, mas também que tem que ser feita com financiamento adequado, para que o aumento no núme-ro de vagas não signifique aligeiramento de cursos nem diminuição de qualidade. A expansão adequada é a que permite à universidade trabalhar sempre na perspectiva do ensino ligado a pesquisa e extensão.

A crítica à educação a distância também está contem-plada no Plano de Lutas...Num país como o nosso, com sérias limitações de finan-

Golpe do TelegramaNas primeiras semanas do ano, dezenas de associados – professores da ativa e aposentados – procuraram a Adunifesp para tirar dúvidas sobre um telegrama re-cebido, cujo remetente seria um suposto escritório de advocacia. Segundo a corres-pondência, os servidores teriam valores a receber de processos da Previdência e deveriam ligar para alguns telefones indi-cados. A Assessoria Jurídica de nossa en-tidade confirmou tratar-se de um golpe. Caso tenha recebido tal correspondência entre em contato com a nossa secretaria.

Eleições na AdunifespO fim da atual Gestão da Adunifesp acon-tece em junho. O edital de convocatória do processo eleitoral para a Gestão 2009-2011 será publicado no dia 30 de março. Entre os dias 13 e 25 de abril as chapas devem se inscrever para o pleito e, logo em seguida, será composta a comissão eleitoral, com um membro da diretoria, dois do Conse-lho de Representantes da Associação e mais um de cada chapa concorrente. A votação acontece entre os dias 13 e 15 de maio. Nas próximas edições do boletim daremos mais espaço para o processo eleitoral.

Entrevista - Ciro Correia

Notas

Entrevista - Ciro Correia

Notas

ciamento público, a educação a distância é propagada pelo governo como uma solução. Ora, não existe educação a dis-tância. O processo educacional é interativo, presencial. Po-demos, no máximo, falar de ensino a distância, porque ensi-no se refere a uma parte do processo educacional. E não será com ensino a distância que resolveremos os problemas do Brasil. Em outras sociedades que já resolveram parte pon-

derável de seus problemas na educação, o ensino a distância é apenas comple-mentar. Nesse contexto, nosso Plano de Lutas prevê o acompanhamento tam-bém da implantação desse programa.

Sobre a questão salarial dos docen-tes das IFES, como se dará a luta do ANDES-SN?Continuaremos lutando por condições de trabalho que sejam compatíveis com o ambiente universitário, que de-vem ser implementadas por meio de valorização da carreira. Continuare-mos pressionando pela anulação dessa política absurda de contratar professo-res substitutos e de trocar salário por gratificações. É preciso denunciar que

a planilha de salários que o governo impôs para o funcio-nalismo em 2009 não compensa perdas salariais anteriores, nem deverá compensar sequer a inflação projetada até 2010. Essas planilhas desconstroem as carreiras e continuam tra-tando o vencimento básico apenas como uma pequena par-cela dentro de uma remuneração mensal que contempla uma série de gratificações. Essa situação só gera injustiça, instabilidade e uma quebra de isonomia com os aposenta-dos. Sempre lutamos contra isso. Acredito que com o Plano de Lutas aprovado no Congresso aumentaremos as possibi-lidades de mudarmos esse quadro.

Entrevista por Elizângela Araújo

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