biosseguranÇa À luz da ergologia: possibilidades...

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215 Revista Baiana de Saúde Pública 215 v.34, n.2, p. 215-226 abr./jun. 2010 ARTIGO ORIGINAL BIOSSEGURANÇA À LUZ DA ERGOLOGIA: POSSIBILIDADES PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR a Tatiana Pereira das Neves b Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Lima c Resumo Estudo de natureza teórico-conceitual, que discute como os aportes da abordagem ergológica podem contribuir para uma compreensão mais ampliada da biossegurança. Como tal abordagem francesa considera o trabalho como “uso de si”, isto é, compreende que trabalhar nunca se resume a repetir normas preestabelecidas, no presente estudo argumenta-se que somente pela participação dos trabalhadores é possível construir estratégias de prevenção de riscos adequadas. Conclui-se que os saberes científicos ou aqueles construídos na prática são sempre incompletos; portanto é fundamental que tais saberes sejam constantemente aproximados e articulados para que se aperfeiçoem mutuamente, produzindo, assim, estratégias de biossegurança realmente efetivas que considerem os trabalhadores como reais sujeitos da aprendizagem, com suas diferenças e particularidades. Palavras-chave: Biossegurança. Ergologia. Saúde do trabalhador. BIOSAFETY IN LIGHT OF ERGOLOGY: POSSIBILITIES FOR THE WORKERS’ HEALTH Abstract This is a conceptual-theoretical study that aims to discuss how the ergological approach may contribute to a broader understanding of biosafety. Since this French approach considers the work as a “use of oneself”, i.e. , it understands that working is never resumed to repeating pre-established rules, in this study infers that only through the workers’ participation that it is possible to build suitable risk prevention strategies. It was concluded that scientific knowledge and those deriving from practice are always imcomplete, therefore, it is essential that these different types of be constantly close and coordinated so that improve upon one a Este artigo é baseado em trabalho de conclusão do curso de Especialização em Biossegurança nas Instituições de Saúde (IPEC-FIOCRUZ). b Biomédica (UNI-RIO). Especialista em Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ). Mestre em Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ). Doutoranda em Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ). Professora colaboradora do Curso de Especialização em Biosseguran- ça nas Instituições de Saúde (IPEC-FIOCRUZ). c Enfermeira (UERJ). Possui Residência em Nefrologia – Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ). Especialista em Bios- segurança nas Instituições de Saúde (IPEC-FIOCRUZ). Enfermeira chefe do serviço de Emergência do Instituto de Pueri- cultura e Pediatria Martagão Gesteira (UFRJ). Endereço para correspondência: Rua Tirol, 123, apto. 101, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 22750-008. [email protected] Rev Baiana Saude Publica Miolo.indd 215 Rev Baiana Saude Publica Miolo.indd 215 15/12/2010 11:49:23 15/12/2010 11:49:23

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Revista Baiana

de Saúde Pública

215v.34, n.2, p. 215-226

abr./jun. 2010

ARTIGO ORIGINAL

BIOSSEGURANÇA À LUZ DA ERGOLOGIA: POSSIBILIDADES PARA A SAÚDEDO TRABALHADORa

Tatiana Pereira das Nevesb Roberta de Oliveira Jaime Ferreira Limac

ResumoEstudo de natureza teórico-conceitual, que discute como os aportes da abordagem

ergológica podem contribuir para uma compreensão mais ampliada da biossegurança. Como tal abordagem francesa considera o trabalho como “uso de si”, isto é, compreende que trabalhar nunca se resume a repetir normas preestabelecidas, no presente estudo argumenta-se que somente pela participação dos trabalhadores é possível construir estratégias de prevenção de riscos adequadas. Conclui-se que os saberes científicos ou aqueles construídos na prática são sempre incompletos; portanto é fundamental que tais saberes sejam constantemente aproximados e articulados para que se aperfeiçoem mutuamente, produzindo, assim, estratégias de biossegurança realmente efetivas que considerem os trabalhadores como reais sujeitos da aprendizagem, com suas diferenças e particularidades.

Palavras-chave: Biossegurança. Ergologia. Saúde do trabalhador.

BIOSAFETY IN LIGHT OF ERGOLOGY: POSSIBILITIES FOR THE WORKERS’ HEALTH

AbstractThis is a conceptual-theoretical study that aims to discuss how the ergological

approach may contribute to a broader understanding of biosafety. Since this French approach considers the work as a “use of oneself”, i.e. , it understands that working is never resumed to repeating pre-established rules, in this study infers that only through the workers’ participation that it is possible to build suitable risk prevention strategies. It was concluded that scientific knowledge and those deriving from practice are always imcomplete, therefore, it is essential that these different types of be constantly close and coordinated so that improve upon one

a Este artigo é baseado em trabalho de conclusão do curso de Especialização em Biossegurança nas Instituições de Saúde (IPEC-FIOCRUZ).

b Biomédica (UNI-RIO). Especialista em Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ). Mestre em Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ). Doutoranda em Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ). Professora colaboradora do Curso de Especialização em Biosseguran-ça nas Instituições de Saúde (IPEC-FIOCRUZ).

c Enfermeira (UERJ). Possui Residência em Nefrologia – Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ). Especialista em Bios-segurança nas Instituições de Saúde (IPEC-FIOCRUZ). Enfermeira chefe do serviço de Emergência do Instituto de Pueri-cultura e Pediatria Martagão Gesteira (UFRJ).

Endereço para correspondência: Rua Tirol, 123, apto. 101, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 22750-008. [email protected]

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another, thus producing effective biosafety strategies, that consider the workers as real subjects of learning, with their differences and particularities.

Key words: Biosafety. Ergology. Worker’s health.

BIOSEGURIDAD A LA LUZ DE LA ERGOLOGÍA: POSIBILIDADES PARA LA SALUD DEL TRABAJADOR

Resumen

Estudio teórico-conceptual que discute como las aportaciones de la ergología

pueden contribuir para una comprensión más amplia de la bioseguridad. Como ese abordaje

francés considera el trabajo como “el uso de si”, es decir, entiende que trabajar nunca se

resume a repetir normas preestablecidas, en el presente estudio se argumenta que sólo a través

de la participación de los trabajadores es posible construir estrategias de prevención de riesgos

adecuadas. Se concluye que los saberes científicos o auqellos construidos en la práctica son

siempre incompletos, por lo tanto es fundamental que tales saberes sean constantemente

aproximados y articulados para que se perfeccionen mutuamente, produciendo, así, estrategias

de bioseguridad realmente efectivas, que consideren a los trabajadores como sujetos del

aprendizaje, con sus diferencias, y particularidades

Palabras clave: Bioseguridad. Ergología. Salud del trabajador.

INTRODUÇÃO

As unidades de serviço de saúde são marcadas como lugares de exercício de um

conjunto de práticas em saúde, configurando uma tecnologia do processo laboral que, em

sua singularidade, exige do trabalhador respostas individuais e coletivas ao lidar diariamente

com uma tomada de posição antecipada diante da possibilidade de ocorrência de acidentes e

doenças.1

Dentro deste contexto, o local no qual se presta serviços específicos à população

apresenta uma variedade de ações de saúde e também expõe seus trabalhadores a vários tipos

de riscos, dentre os quais destacam-se a exposição a doenças infecto-contagiosas e àquelas

relacionadas ao contato direto com pacientes e/ou com artigos e equipamentos contaminados

com material orgânico. Assim, para minimizar tais riscos, faz-se necessário que se utilizem

medidas de biossegurança.

Compreende-se por biossegurança o conjunto de medidas técnicas, administrativas

e normativas com a finalidade de preservar a saúde pública e o meio ambiente.2 Tal conjunto

de normas é bastante importante para o entendimento da dinâmica de trabalho em unidades

de saúde, no que se refere à segurança biológica. Entretanto é importante que se interrogue

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se apenas normas técnico-administrativas são suficientes para que as ações de trabalho sejam

realizadas de modo seguro. Deve-se considerar que a ação tem início e fim determinados, sendo

inerente a tal ação uma decisão que é sujeita à razão, compreendendo-se que o trabalhador

possui prolongamentos que ultrapassam a pessoa física.3 Desse modo, pensar no sujeito que

desenvolve ações como participante peculiar no processo da realização de trabalho, torna-se

essencial.

Partindo dessa premissa, deve-se considerar que o trabalhador é um sujeito ativo

no processo de trabalho, com capacidade de antecipação, isto é, habilidade de formar conceitos

que possibilitem captar o inesperado do trabalho.4 Torna-se pertinente, dessa forma, questionar

se o profissional é realmente responsável pelos acidentes ocorridos, como destacam diversos

estudos que abordam a biossegurança.5-8

Mediante o exposto, o presente artigo tem por objetivo compreender as questões

que perpassam o desenvolver da atividade laboral do trabalhador em saúde, no que tange

a sua relação com a biossegurança, utilizando a abordagem ergológica como referencial

teórico. Para a referida abordagem não é possível viver sob total “heterodeterminação”, por

isso, os trabalhadores fazem um uso de si por si, além de um uso de si pelo outro. Em outras

palavras, para viver e trabalhar, buscam recriar o meio, elaborando novas normas.4 Acredita-se

que as reflexões contidas neste estudo possam contribuir para um olhar diferenciado sobre os

profissionais de saúde no que se refere ao trabalho e ao trabalhador, visando compreender a

atividade de trabalho de uma maneira mais ampla.

BREVE HISTÓRICO SOBRE BIOSSEGURANÇA

A preocupação com o desenvolvimento de atividades que produzem riscos à

saúde é uma característica antiga da humanidade e é neste contexto que surge a biossegurança.

Esta expressão engloba a tentativa de controlar riscos relacionados ao trabalhador de unidades

de saúde quer seja em laboratórios ou em instituições assistenciais, uma vez que define as

condições sobre as quais os agentes infecciosos podem ser manipulados e contidos de forma

segura.9

O conceito de biossegurança começou a ser usado na década de 1970, na

reunião de Asilomar, ocorrida na Califórnia, na qual a comunidade científica iniciou a discussão

a respeito de impactos da engenharia genética na sociedade. O encontro foi caracterizado

como uma tentativa de discutir e apresentar propostas para minimizar e controlar os riscos

relacionados ao progresso científico.10 É importante ressaltar que, nessa discussão, não estavam

presentes representantes dos trabalhadores.

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Ainda na década de 1970, surgiram os primeiros manuais da Organização

Mundial de Saúde (OMS) sobre Biossegurança, abordando as práticas preventivas no trabalho

de laboratório com agentes patogênicos para os seres humanos. Somente a partir da década

de 1980 houve um enfoque analítico e preventivo global, com a associação de programas de

qualidade em laboratórios com a saúde do trabalhador, como, por exemplo, o lançamento

do Manual de Biossegurança da (OMS) e a primeira edição do Manual de Biossegurança do

Centers for Disease Control (CDC).2

Atualmente, existe uma tendência cultural mundial com relação à obtenção de

novos padrões de comportamento direcionados à preservação do meio ambiente e da própria

vida.9 No Brasil, embora recentemente, esta temática tem sido abordada com mais frequencia,

principalmente após a vigência de dispositivos legais como a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro

de 1995,11 e o Decreto nº 1.752, de 20 de dezembro de 1995,12 que regulamenta tal lei.

Surgiu, então, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) vinculada ao Ministério

da Ciência e Tecnologia que, dentre outras coisas, estabelece o funcionamento de Comissões

Internas de Biossegurança (CIBio). Destaca-se que esta comissão, inicialmente, estava diretamente

voltada para as ações ligadas aos organismos geneticamente modificados (OGMs), como se

pode perceber ao analisar a Lei nº 8.974.13 Contudo, em fevereiro de 2002, foi instituída no

âmbito do Ministério da Saúde a Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), que possui

como uma de suas atribuições participar e acompanhar, nos âmbitos nacional e internacional, a

elaboração e a reformulação de normas de biossegurança; proceder ao levantamento e à análise

das questões referentes a biossegurança, visando identificar seus impactos e suas correlações

com a saúde humana.2

Pode-se então perceber que, embora exista a regulamentação da CBS, a

biossegurança no Brasil está em desenvolvimento, visto que ainda está diretamente relacionada

com manipulação de OGM ou com questões éticas em torno das pesquisas com células tronco,

tendo em vista, na revisão da Lei nº 8.974, realizada em 2005, permanecer uma lacuna

em relação ao trabalhador.2 Nesse sentido, pode-se afirmar que Biossegurança é um termo

polissêmico, uma vez que são encontradas várias definições na literatura, também sendo

caracterizada como um campo novo de conhecimento.14

CONTRIBUIÇÕES DA ERGOLOGIA

A ergologia foi criada na França, inserida no contexto social e econômico de

modificações do mundo do trabalho no continente europeu. Dentre tais transformações, devem

ser destacados o declínio do taylorismo, o aparecimento de novas técnicas e tecnologias e a

redução no tamanho das empresas, com a resultante retração no mercado de trabalho.15

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Naquele contexto, configurava-se um desafio político-epistemológico a busca por

respostas aos questionamentos feitos pelos operários ao modelo taylorista-fordista de organização

do trabalho e gestão da produção. Em torno dessa demanda, reuniram-se pesquisadores

de vários campos do saber – Filosofia, Linguística, Sociologia, Ergonomia, Economia –, em

colaboração com trabalhadores assalariados que se defrontavam com novas questões postas

pelas estratégias de racionalização do trabalho. Assim, a abordagem ergológica nasceu desse

encontro de saberes.3

Escolheu-se o termo ergologia, pois se refere à problemática da atividade.

Contudo tal expressão não possui um histórico filosófico, como as noções e conceitos de

práxis, prática, ação e produção. Em grego, ergasesthai indica o termo mais geral e ergon é o

produto desse fazer. A Ergologia, desse modo, consiste na palavra com maior neutralidade e

generalidade e com menor marca histórica. Tal generalidade é fundamental, porque se refere

a uma estrutura gerada pela atividade humana que ocorre pelas histórias do uso de si, pelas

distâncias entre normas antecedentes e renormalizações, trazendo, ao mesmo tempo, todas os

condicionamentos históricos.16

A Ergologia considera como trabalho o que sistematicamente é desprezado pelas

organizações. Busca encontrar a vida, o trabalho vivo e procura descobrir as possibilidades

existentes nas atividades, que são sempre enigmáticas e não podem ser determinadas a

princípio. Identificar a vida que há no processo de trabalho é fundamental, quando se busca

produzir estratégias – em conjunto com os protagonistas da atividade, os trabalhadores – que

melhorem as condições de saúde dos grupos envolvidos. O enfoque ergológico implica, assim,

um modo de saber, uma inteligência forjada na prática, que não deve ser ignorada.4

Toda situação de trabalho requer que o trabalhador faça escolhas e análises em

seu cotidiano. O trabalhador escolhe e analisa para gerir, como, por exemplo, sua realização

individual de objetivos em contrapartida com a realização coletiva do trabalho.

De acordo com a abordagem ergológica, trabalhar implica fazer uso de si, isto

é, o trabalho é o lugar de uma tensão constante, de um espaço de possibilidades no qual

sempre se está negociando conflitos. Dessa forma, não existe execução de tarefas, mas uso de

si, pois é o trabalhador como ser vivo que é convocado para gerir as situações, mesmo que de

forma não aparente, já que as tarefas cotidianas necessitam de capacidades mais amplas que as

explicitadas a princípio.15

Assim, o trabalho sempre envolve o “uso de si”, que pode ser de duas maneiras:

o uso de si pelos outros, pois o trabalho, em parte, é determinado por um conjunto de normas,

prescrições e valores históricos; e o uso de si por si próprio, já que a todo tempo os trabalhadores

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estão criando estratégias singulares e modificando as normas e as prescrições para conseguirem

superar os desafios do trabalho.16

O trabalhador está o tempo todo gerindo os conflitos do uso de si por si e do

uso de si pelos outros. Assim, o termo gerir também deve ser estendido para a condução da

vida subjetiva do trabalhador e não deve ser apenas um atributo do corpo gerencial de uma

empresa. Todos os trabalhadores, pertencentes a funções técnicas ou gerenciais, são gestores

nesse processo. Eles fazem, a todo tempo, gestão de suas contradições e de suas relações com

os outros. Como o trabalho real jamais se restringe à aplicação do trabalho prescrito, a dimensão

subjetiva de microdecisões sobre o uso de si por si e o uso de si pelos outros permeia toda a

atividade do trabalho.

BIOSSEGURANÇA E ERGOLOGIA: UMA INTEGRAÇÃO FUNDAMENTAL

De acordo com a Ergologia, trabalhar significa gerir-se em um meio circunscrito

por normas de ordens técnica, organizacional e gerencial entre as estru turas produtivas que

heterodeterminam os objetivos do tra balho humano, seus instrumentos, seu tempo e seu

espaço.15 No entanto, tais níveis de heteroderminação, isto é, de “uso de si pelos outros”

não retiram a ativi dade humana em sua mobilização de saberes e valores incor porados nas

práticas, e esta é condição essencial para a ação competente em um meio produtivo que está

se modificando constantemente.

É importante destacar que a compreensão sobre a relação saúde-trabalho em

diversos estudos que abordam a biossegurança encontra-se relacionada à abordagem da saúde

ocupacional. Esse fato é justificado, uma vez que o conceito de biossegurança é proveniente

de tal abordagem, que tem por objetivo contextualizar o ambiente de trabalho em relação a

riscos específicos, tendo como uma de suas preocupações fundamentais a contaminação por

agentes biológicos. Outras situações de risco são incorporadas de forma secundária e estão

associadas aos riscos definidos pela potencial exposição aos agentes biológicos, que classificam

os ambientes em um grau de risco ocupacional, populacional e ambiental, com normas e

procedimentos correspondentes.17

Na perspectiva da saúde ocupacional, o entendimento da relação saúde-doença

e trabalho contido no conceito de biossegurança traduz-se em uma valorização dos ambientes,

dos espaços e dos agentes neles presentes, com o trabalhador sendo visto como simples meio

de produção, desprezando-se suas possibilidades de compreensão e interferência no processo

produtivo. Nesta abordagem da relação saúde-trabalho, o trabalho não é compreendido como

atividade e relação social, sendo relevantes apenas os objetos, como fatos e dados não-históricos.

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Uma importante consequência deste enfoque constitui-se na perda da noção de trabalho como

processo e transformação, tornando-se coerente avaliar o trabalho como uma sucessão de

lugares que não se articulam claramente, impedindo que a lógica global do processo produtivo

seja incorporada.18

Esse enfoque da saúde ocupacional valoriza normas e regulamentos genéricos

de segurança que são elaborados, desconsiderando os saberes dos trabalhadores, sendo, dessa

maneira, insuficientes na proteção à saúde dos profissionais. Procedimentos e normas partem de

conhecimentos estáveis (sobre materiais, substâncias e técnicas) e são expressos por prescrições,

que muito raramente apreendem os riscos produzidos na atividade de trabalho.19

Nesse sentido, a compreensão do significado da atividade de trabalho é bastante

útil, pois a compreensão de tal conceito, bastante utilizado na abordagem ergológica, possibilita

uma aproximação com o caráter não padronizável, mutável e variável da vida e das situações

de trabalho. A atividade assume, assim, o lugar de uma dialética, na qual é necessário articular

os conflitos do sujeito com todos os tipos de normas apreendidas no horizonte histórico-social.

Estas normas devem ser analisadas como anteriores aos sujeitos que devem lidar com tais

regras, contudo, simultaneamente, constituem-se em história destes sujeitos, que é anterior a

estas normas. Por outro lado, a atividade também permite abordar localmente o resultado das

negociações, das quais resulta, a cada vez, a reconfiguração do meio. Com este reposicionamento,

a atividade sai das disciplinas apenas do sujeito para ser um caldeirão enigmático da história,

que perpassa os campos disciplinares.20

Em todas as situações, haverá uma diferença entre o trabalho prescrito nas regras/

procedimentos e o trabalho em situações reais, uma vez que não é possível conhecer a atividade

de trabalho a priori, pois é sempre enigmática.3 Assim, é fundamental considerar o caráter

imprevisível e variável da atividade de trabalho.

A tensão existente entre as prescrições técnicas relativas às normas de biossegurança

e o sentido atribuído ao trabalho podem também ser observados no confronto entre o trabalho

prescrito, tecnicamente correto, e o trabalho real, a atividade. Na atividade de trabalho,

interpõe-se o que o profissional denomina de “hábito”: o trabalhador age de acordo com algo

aprendido, automatizado. Esta automatização, por sua vez, economiza o planejamento dos atos

futuros.21

Nesse sentido é importante a compreensão do conceito de normas antecedentes

oriundo da ergologia. Tal noção, tanto quanto o conceito de trabalho prescrito, remete ao que

é fornecido e exigido do trabalhador, antes do trabalho ser realizado.3 Entretanto, a noção de

normas antecedentes evidencia certos elementos que estão geralmente ausentes nas definições

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de trabalho prescrito, tais como envolver restrições de execução determinadas à distância da

atividade de trabalho, possuir caráter de construção histórica e englobar valores não apenas

monetários, mas também aqueles de bem comum.22

As normas antecedentes relacionam-se a um patrimônio científico, conceitual e

cultural próprio de cada época, contribuindo para a análise das renormalizações realizadas

durante a atividade de trabalho, isto é, o processo de retrabalho das normas antecedentes

que ocorre em qualquer atividade de trabalho. Além disso, se em grande parte das situações

de trabalho não houvesse o descumprimento da norma, a atividade de trabalho não seria

concretizada, uma vez que a infração seguida de um processo de renormatização é fundamental

para que se produza o saber-fazer de prudência, útil para a eficácia e saúde no trabalho.19

Não se trata de negar a importância das normas antecedentes e, dentro deste

contexto, as normas de biossegurança, mas de destacar que as normas permitem resolver

apenas parte dos riscos no trabalho, pois tendem a desconsiderar o gradiente que não pode

ser estabilizado: o humano. Desse modo, a relação de causa-efeito entre risco, consciência

deste, correr risco e irracionalidade deve ser relativizada pela consideração da pluralidade de

racionalidades dos trabalhadores. Estes são os protagonistas da atividade de trabalho, entretanto

realizam suas atividades com base em dispositivos e regras que não lhes são próprios, utilizam

meios de trabalho que não são seus, além de se encontrar inseridos em uma organização do

trabalho não concebida por eles. Portanto, é essencial que tais fatores sejam considerados antes

da culpabilização do trabalhador por um acidente ou por uma infração à norma.19

A não-utilização de equipamento de proteção individual (EPI) não deve ser

considerada sinal de negligência, como muitos estudos que abordam a biossegurança enfatizam,5-8

pois, embora seu uso seja uma norma de segurança, nem sempre é possível trabalhar com os

EPI, como por exemplo, luvas e máscaras, uma vez que estes equipamentos restringem os

movimentos dos trabalhadores. Cabe salientar também que o EPI representa um símbolo de

imposição; assim, não usá-lo pode refletir uma reação às imposições e regras estabelecidas ou

significar a renormatização, com o trabalhador assumindo as regras da situação.23 A dinâmica

das renormatizações está permanentemente em curso nos processos de trabalho, embora seja

frequentemente desconsiderada em grande parte dos estudos sobre o trabalho.4

O principal problema da prevenção prescritiva, na qual estão incluídas as normas

de biossegurança, é a limitação da liberdade do trabalhador pelos dispositivos normalizadores

e reguladores. Tais prescrições são instrumentos formalizados necessários à gestão da saúde

e segurança no trabalho, mas, por serem elaboradas sem participação daqueles que deverão

cumpri-las, muitas vezes são rejeitadas por eles. É comum a incompreensão desta rejeição por

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parte dos responsáveis pela segurança e saúde no trabalho, sendo a resposta para isto a redução

da liberdade dos trabalhadores “insensatos” por meio de regulações cada vez mais restritivas.

Além disso, grande investimento em campanhas de educação, informação e sensibilização

é efetuado, para que os trabalhadores adotem comportamentos considerados “ideais” pelos

especialistas e, assim, se garanta a segurança no trabalho.24

Muitas estratégias de prevenção provavelmente não são bem-sucedidas

por dificuldade de comunicação ou por incompreensão de situações e comportamentos

considerados de modo precipitado como incoerentes pelos especialistas.25 A incorporação do

saber dos trabalhadores, resultante de suas experiências com os riscos no cotidiano, permite

processos legítimos de aprendizagem coletiva com intercâmbios de informações, expectativas

e perspectivas. Assim, abordagens preventivas para a minimização dos riscos necessitam ser

contextualizadas com análises/diagnósticos situacionais e uso de metodologias participativas

para que sejam realmente exitosas.25

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em diversos estudos que tratam da biossegurança, o “trabalho” é abordado

sob uma concepção de reconhecimento de atos inseguros e consequente culpabilização

do trabalhador, responsabilizando-o por possíveis contaminações em casos de acidentes de

trabalho com material biológico. Tais estudos desconsideram, fundamentalmente, o processo

de trabalho como fator fundamental para a análise e compreensão da relação saúde-trabalho.

O destaque na exigência de cumprimento das normas de biossegurança menospreza o fato

de tais normas, que são elaboradas sem participação dos trabalhadores, serem insuficientes na

proteção à saúde dos protagonistas da atividade de trabalho.

A ênfase na prevenção prescritiva baseada em instrumentos formalizados é

recorrente em diversos estudos sobre a biossegurança, no entanto a grande maioria também

reconhece a rejeição, por parte dos trabalhadores, a este tipo de prevenção. Como solução,

propõem a realização de campanhas de educação, informação e sensibilização para os

trabalhadores.26 Se for considerada, porém, a atividade humana de trabalho como uma constante

gestão de si, referenciada no agir competente em um meio produtivo, a única pos sibilidade

de encontrar a mencionada solução é pela descoberta das singularidades dos trabalhadores,

tornando-os sujeitos ativos no processo decisório no que diz respeito ao cumprimento de

normas.

A integração entre a abordagem ergológica e a biossegurança proposta neste

artigo não nega a importância das normas de biossegurança, mas enfatiza que a obediência

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irrestrita a normativos preestabelecidos sem a participação dos trabalhadores é praticamente

impossível. Assim, a principal contribuição do presente ensaio consiste no reconhecimento

do caráter sempre incompleto dos saberes, seja científicos, seja construídos na prática, sendo

fundamental, portanto, que tais saberes sejam constantemente aproximados e articulados para

que se aperfeiçoem mutuamente.14

Mais que educar, informar e sensibilizar, faz-se necessária, primeiramente, a

compreensão dos valores de cada sujeito envolvidos no processo de trabalho, considerando os

agentes como reais sujeitos da aprendizagem, tendo em vista suas diferenças e particularidades.27

Desse modo, o objetivo final da promoção da biossegurança será alcançado pela valorização

substancial da vida do outro e não pela irrestrita imposição normativa de ordens prescritas.

REFERÊNCIAS

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Revista Baiana

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12. Brasil. Decreto nº 1.752, de 20 de dezembro de 1995. Regulamenta a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, dispõe sobre a vinculação, competência e composição da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio,

e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 21 de dezembro de 1995.

13. Marinho CLC, Minayo-Gomez C. Decisões conflitivas na liberação dos transgênicos no Brasil. São Paulo em Perspectiva 2004;18(3):96-102.

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Recebido em 4/12/2008 e aprovado em 18/1/2010.

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