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AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA DE CINCO NOVAS VARIEDADES DE CANA‐DE‐AÇÚCAR
Luis Eduardo Vieira Pinto1, Angela M. M. Godinho2
1Mestre em Agronomia (Produção Vegetal) – UNOESTE. [email protected]
RESUMO A grande expansão do setor sucroalcooleiro no Brasil, principalmente na região Sudeste, caracteriza‐se pelas condições edafoclimáticas existentes e pela disponibilidade de áreas para plantio. Objetivando estudar as características tecnológicas (Brix, Pol, Açúcares Redutores, Fibra e Pureza) de cinco novas variedades de cana‐de‐açúcar fornecidas pela empresa Canaoeste de Sertãozinho‐SP, foi realizado um experimento a campo na Universidade do Oeste Paulista, durante o período de 07/05/2010 a 30/08/2011. O experimento constou de linhas individuais (parcela) de cada variedade contendo 60 metros de comprimento, onde foram realizadas as amostragens em três pontos distintos para a determinação das análises tecnológicas no mês de agosto de 2011. As variedades CTC 09, IAC‐SP 963060 e IAC‐SP 955000 se destacaram em relação as demais variedades avaliadas no experimento, obtendo os valores mais representativos em relação ao Brix e Pol, porém não havendo diferença nos parâmetros de Pureza e AR. Palavras‐chave: Saccharum officinarum. Sacarose. Análises Tecnológicas. Açúcar. Álcool
INTRODUÇÃO
O setor canavieiro passa atualmente por um processo de incrível crescimento,
impulsionado principalmente pelo aumento na demanda do etanol, tanto no mercado interno, em
função do avanço da tecnologia dos veículos bicombustíveis, como por um interesse mundial
crescente na utilização do etanol, em mistura à gasolina. Para que ocorra o suprimento dessa
demanda há a necessidade da contribuição do melhoramento genético vegetal com o lançamento
de novas variedades geneticamente superiores, e do desenvolvimento e aperfeiçoamento de
técnicas, tanto fitotecnias de manejo da cultura, como industriais. (NOBREGA e DORNELAS, 2006).
O melhoramento da cana tem significativa importância no crescimento da atividade
canavieira, não apenas pelo desenvolvimento de novas variedades, que eram cinco a seis por volta
de 1970 para aproximadamente 500 atualmente, como também pelo aumento da produtividade,
que no mesmo período teve um aumento próximo de 40 toneladas por hectare (OLIVEIRA e
VASCONCELOS, 2006).
O setor sucroenergético, ao longo dos anos, investe em pesquisas e na qualidade
dos equipamentos utilizados, tanto para a produção de cana‐de‐açúcar, quanto para os processos
realizados dentro das indústrias para a obtenção de açúcar, etanol, entre outros. Segundo Silva
(2007), toda matéria‐prima que entra na empresa é submetida à quantificação de massa e as
amostragens dos caminhões são submetidas a análises para quantificação dos açúcares presentes.
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Essas análises são realizadas a partir de amostras coletadas diretamente nos caminhões, por meio
de sondas de amostragem. A análise dessas amostras é importante para cálculos de rendimentos
industriais e pagamentos aos fornecedores, obedecendo às normas da Consecana (2006).
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi avaliar as características tecnológicas de cinco novas
variedades de cana‐de‐açúcar para a região de Presidente Prudente.
METODOLOGIA
O experimento foi realizado na área experimental do campus II da Universidade
do Oeste Paulista ‐ UNOESTE, durante o período 07/05/2010 a 30/08/2011. As cinco variedades
de cana‐de‐açúcar foram dispostas em sistema de faixas em linhas individuais de 60 metros de
comprimento. As variedades avaliadas no experimento foram IACSP 96‐3060, IACSP 95‐5000, RB
93‐5744, CTC 09 e CTC 15. A adubação foi realizada no sulco de plantio, utilizando 200 Kg. ha‐1
do formulado 08‐28‐16.
O solo do experimento foi caracterizado com Argissolo Vermelho‐Amarelo
Distroférrico, típico a moderado, textura médio‐argilosa (EMBRAPA, 1999). A característica
climática de Presidente Prudente é do tipo CWa, conforme Koppen, com temperatura media
anual de 25º C e regime pluviométrico caracterizado por dois períodos distintos, um chuvoso de
outubro a março com média mensal de 158,9 mm, e outro menos chuvoso de abril a setembro
com média mensal de 66,6 mm (ALVES, 1999).
As amostras foram realizadas em cinco linhas (parcela) cada linha de (60 metros),
foram coletados três pontos de cada variedade por parcela.
As análises tecnológicas foram realizadas na usina USALPA (Usina Alta Paulista),
situada no municipio de Junqueiropolis ‐ SP. Os equipamentos utilizados para a realização das
análises tecnológicas de Brix, Pol, Pureza e Açúcares redutores foram o desfribrador, balança
analítica, prensa hidráulica, refratômetro digital, funil de filtragem e sacarímetro digital. Foram
coletadas 3 amostras de três pontos diferentes por parcelas e sendo cada parcela uma variedade
gerando três amostras de 500g de cana de açúcar por parcela para a verificação das características
através das análises tecnológicas. Estas foram devidamente identificadas e levadas ao laboratório
da usina USALPA onde foram trituradas pelo desfribrador ao ser triturada e homogeneizada a cana
foi levada para o laboratório (PCTS) onde foi pesada na balança analítica 500g por amostra de cada
de cada parcela, após a pesagem a amostra foi prensada pela prensa hidráulica por um minuto
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com pressão de 250 kg/cm2. Após isso retirou‐se da prensa o bolo úmido, que é pesado para
obtenção da fibra da cana, o caldo extraído da prensagem foi utilizado para medir o brix através
do refratômetro digital, ao realizar a leitura refratômetrica 100 ml do caldo extraído da prensa
hidráulica foi adicionado 100 ml de água destilada e feita uma homogeneização ele é clarificado
com 8 g de octapol que é um clarificante que melhora a visualização do caldo para fazer a leitura
sacarimetrica através do sacarimetro digital, é utilizado 8 gramas de octapol (clarificante). Através
das leituras realizadas os valores das leituras foi adicionado em um modelo matemático segundo
CONSECANA, (2011) já obtendo assim os resultados das analises tecnológicas Brix, Pol, Pu e AR.
As análises estatísticas das variáveis estudadas foram realizadas segundo Gomes
(1992), o contraste entre médias utilizado foi Scott‐Knott, que segundo Silva et al., (1999), é uma
metodologia estatística com baixa taxa de erro e não apresenta ambigüidade nos resultados.
RESULTADOS
Tabela 1. Resultados de análises estatísticas da variável analisada, “Pol do caldo (%)” em relação as
variedades analisadas.
VARIEDADE POL CALDO
RB 935744 21.08 B CTC 15 21.42 B IACSP 963060 22.57 A IACSP 955000 22.62 A CTC 09 22.91 A
CV (%) = 3.49
MÉDIA GERAL = 22.12 Letras diferentes na coluna, para cada variedade, indicam diferenças estatísticas ao nível de 5%.
Tabela 2. Resultados de análises estatísticas da variável analisada, “Brix do caldo (%)” em relação
as variedades analisadas.
VARIEDADE BRIX CALDO
RB 935744 23.44 B CTC 15 23.78 B CTC 09 24.90 A IACSP 963060 24.91 A IACSP 955000 25.08 A
CV (%) = 2.79
MÉDIA GERAL = 24.42 Letras diferentes na coluna, para cada variedade, indicam diferenças estatísticas ao nível de 5%.
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Tabela 3. Resultados de análises estatísticas da variável analisada, “Pureza do caldo (%)” em
relação as variedades analisadas.
VARIEDADE PUREZA
IACSP 955000 87.22 A
RB 935744 89.96 A
CTC 15 90.04 A
IACSP 963060 90.59 A
CTC 09 91.99 A
CV (%) = 3.26
MÉDIA GERAL = 89.96
Letras diferentes na coluna, para cada variedade, indicam diferenças estatísticas ao nível de 5%.
Tabela 4. Resultados de análises estatísticas da variável analisada, “Açúcares Redutores do caldo
(%)” em relação as variedades analisadas.
VARIEDADE AR
RB 935744 0.47 A CTC 15 0.45 A IACSP 963060 0.44 A IACSP 955000 0.44 A CTC 09 0.40 A
CV (%) = 18.67
MÉDIA GERAL = 0.44 Letras diferentes na coluna, para cada variedade, indicam diferenças estatísticas ao nível de 5%.
DISCUSSÃO
Houve diferença significativa em relação a produção de Pol e Brix (Tabela 1 e 2)
para as variedades avaliadas no experimento, onde destacaram‐se a IACSP 963060, IACSP 955000
e CTC 09 com um valor médio superior as demais. A média geral de Pol encontrada no
experimento foi superior a descrita por Marques et. al (2008) quando trabalhou com a avaliação
de 6 variedades de cana‐de‐açúcar, onde a média de Pol obtida no experimento foi de (20,01), já a
média de Brix descrita por Marques foi superior a encontrada no experimento com o valor de
(25,27).
Para os parâmetros Pureza e Açúcares Redutores (Tabela 3 e 4), não houve
diferença estatistítica significativa, mostrando assim que para todas as variedades foram
representativamente iguais. A média geral de Pureza foi maior do que a descrita por Marques et.
al (2008) no qual encontrou um valor de (79,39), para a variável AR do caldo os resultados
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encontrados no experimento foram inferiores aos descritos por Marques, pois o mesmo cita uma
média de (0,9) quando os encontrados no experimento foram de 0,44 isso é positivo pois quanto
menor os valores de açúcares redutores no caldo, maior é a concentração de sacarose contida no
mesmo.
CONCLUSÃO
As variedades CTC 09, IAC‐SP 963060 e RB 955000 se destacaram em relação as
demais variedades avaliadas no experimento, obtendo os valores mais representativos em relação
ao Brix e Pol, porém não havendo diferença nos parâmetros de Pureza e AR.
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