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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 236 RESUMOS EXPANDIDOS .............................................................................................. 237 RESUMOS SIMPLES ...................................................................................................... 256 RESUMOS DE PROJETOS ............................................................................................ 271 Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 236

RESUMOS EXPANDIDOS ..............................................................................................237

RESUMOS SIMPLES ......................................................................................................256

RESUMOS DE PROJETOS ............................................................................................271

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 237

RESUMOS EXPANDIDOS

CAMARINI, JÉSSICA ........................................................................................................................... 248

DOESCHER, ANDRÉA M. L................................................................................................................. 252

DOESCHER, ANDRÉA MARQUES LEÃO........................................................................................... 245

MELLO, IGOR COSTA PALO............................................................................................................... 245

MORO, MARICE................................................................................................................................... 252

NETTO, LORENA M. ............................................................................................................................ 252

RAMOS, KADIJA BRANQUINHO......................................................................................................... 248

RODRIGUES, ZILDA ............................................................................................................................ 238

ROSSETI, GISELE ............................................................................................................................... 241

RUIZ, JOSIANE M.. .............................................................................................................................. 252

RUIZ, JOSIANE MACHADO................................................................................................................. 241

RUIZ, JOSIANE MACHADO................................................................................................................. 248

SELVERIO, DAIANE A. ........................................................................................................................ 252

SHIBUYA, FRANCINE.......................................................................................................................... 252

SILVA, MAÍRA SANVEZZO SOARES DA............................................................................................ 248

SILVA, TAMARA BATATA DA.............................................................................................................. 248

TANAKA, LARISSA AKEMI .................................................................................................................. 238

VINCOLETTO, FLORISVALDA. ........................................................................................................... 252

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 238

ATENDIMENTO PSICODRAMÁTICO: UM CASO DE “FOBIA SOCIAL”

Larissa Akemi Tanaka, Zilda Rodrigues UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista Rodovia Raposo Tavares, Km 572 – Bairro Limoeiro CEP 19067-175 – Presidente Prudente - SP [email protected] [email protected] Palavras-chave: psicodrama, ansiedade, fobia social. INTRODUÇÃO

O Psicodrama é uma abordagem psicoterápica que se utiliza dos elementos do jogo e do

teatro a fim de facilitar a expressão da realidade implícita. No caso de uma fobia social, em que há

ansiedade persistente e intensa em resposta a uma situação específica, a técnica psicodramática

pode estimular a espontaneidade e assim diminuir a ansiedade. Uma vez que a espontaneidade é a

resposta adequada a uma situação nova ou a nova resposta a uma situação antiga, o psicoterapeuta

psicodramático tem como função, neste caso, auxiliar na redução da ansiedade de modo que o

paciente consiga enfrentar as situações sociais ou desempenho de situações temidas.

JUSTIFICATIVA

Este trabalho surge a partir de um atendimento clínico supervisionado decorrente do estágio

obrigatório para a conclusão do curso de Psicologia a fim de contribuir para a divulgação do método

psicodramático e, assim, estimular o aluno-estagiário no papel de pesquisador.

OBJETIVO

Tornar-se um instrumento útil à produção e ao acúmulo de conhecimento científico.

MATERIAL E MÉTODOS

O caso a ser apresentado foi entendido à luz da teoria psicodramática, utilizando-se das

técnicas de inversão de papéis (consiste em vivenciar o papel do outro), tomada de papel (consiste

em imitar o papel a partir de modelos disponíveis) e psicodrama interno (consiste em pensar,

visualizar, vivenciar a situação, mas não executar a ação dramática que é simbólica).

O processo de psicoterapia, posterior a um atendimento iniciado em 2008 com outra

estagiária, teve início em Março de 2009. Foi realizado uma vez por semana, com sessões de 50

minutos.

A paciente é do sexo feminino, tem quase 40 anos de idade e tem um emprego fixo. A

queixa apresentada foi a dificuldade de falar em público, principalmente nas apresentações de

trabalhos escolares, e a ansiedade e nervosismo diante das provas e no trabalho. Assim, o trabalho

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 239

psicoterapêutico foi direcionado à complacência ao erro, a mostrar que a paciente não é perfeita e

que ela tem seus limites.

RESULTADOS

Observa-se que a psicoterapia já está proporcionando à paciente uma capacidade de

generalização e de reflexão sobre si mesma, o que favorece a autoconfiança. A sua angústia e

ansiedade, ao invés de paralisantes, estão mobilizando-a para a produção. Com o desenvolvimento

de sua espontaneidade, consegue dar respostas adequadas frente ao contexto em que se encontra

além de ver que é capaz de produzir coisas boas e a não se exigir demais. Verifica-se que já aceita

mais os seus limites e consegue se organizar nos estudos.

DISCUSSÃO

Através dos atendimentos realizados, pôde-se perceber, já no primeiro momento, que a

paciente apresentava uma fobia social, porém sem atender todos os critérios diagnósticos

estabelecidos pelo DSM-IV para este transtorno. Esta fobia está direcionada principalmente para

duas áreas de sua vida: a faculdade e o trabalho – em que necessita mostrar suas competências e

desempenho; estas são as duas situações em que ela se vê avaliada.

A paciente apresenta uma insegurança e tem medo de avaliações de

desempenho/competência. Com relação a isso, no processo de psicoterapia foi pontuado que a

prova é uma avaliação acadêmica e não de valores da pessoa dela.

Nas sessões valorizou-se tudo o que era produzido por ela e foi apontado que ela era capaz

de muitas coisas que não se permitia enxergar. Foi pontuado que a pessoa produz muito mais

quando está tranquila do que quando está num campo tenso e isso a auxiliou na maneira de

enfrentar as provas e os seminários.

CONCLUSÃO

No decorrer da terapia, a paciente está tendo progressos significativos. Ela demonstra que

está conseguindo pensar mais em si mesma e está aprendendo a se colocar mais limites. Está

sofrendo menos por não sofrer por antecipação. Logo, a psicoterapia psicodramática neste caso vem

sendo eficiente, o que justifica a necessidade de se dar continuidade ao processo de psicoterapia no

segundo semestre de 2009.

REFERÊNCIAS

BERG, J.H.VAN DEN. O paciente psiquiátrico: esboço de psicopatologia fenomenológica. 4.ed. São Paulo: Mestre Jou, 1981. BUSTOS, D.M. Psicoterapia Psicodramática. São Paulo: Brasiliense, 1979.

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CAREZZATO, M.C. O lugar do corpo no psicodrama. Disponível em: http://www.sedes.org.br/Departamentos/Psicodrama/O%20Lugar%20do%20corpo%20no%20Psicodrama.pdf. Acesso em: Junho de 2009. CUKIER, Rosa. Psicodrama Bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo: Ágora, 1992. DSM-IV: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. Dayse Batista. 4.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. FEBRAPE: Associação Brasileira de Psicodrama. Disponível em: http://www.febrap.org.br/index.php. Acesso em: Abril de 2009. FÉO, M.S. Cadernos de Psicodrama: Psicodrama nas Instituições. In: Atendimento Conjunto Pais-Criança: Uma Proposta de Trabalho Ambulatorial. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=_MJVtPDuc0UC&pg=PA20&lpg=PA20&dq=doen%C3%A7a+e+psicodrama&source=bl&ots=M8LZxbEImV&sig=5spIo4lmGpw9LAzVWZ1fygEtt2E&hl=pt-BR&ei=XA4qSuSoIYS4zQXUiuznCg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2#PPA29,M1. Acesso em: 06/06/09. FILHO, L.M.A.S. Psiquiatria psicodramática. Disponível em: http://www.febrap.org.br/biblioteca/biblio_artigos.php?tipo_busca=geral&txt=txt_000038.php. Acesso em: Junho de 2009. KAPLAN, H.I.; SADOCK, B.J.; GREBB, J.A. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Trad. Dayse Batista. 7.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. MARTÍN, E.G. J.L. Moreno: Psicologia do Encontro. São Paulo: Duas Cidades, 1984. NARDI, A.E. Distúrbios de ansiedade. Disponível em: http://emedix.uol.com.br/doe/psi003_1f_ansiedade.php. Acesso em: Abril de 2009. PIRES, R. Psicopatologia Psicodramática. Disponível em: http://www.abps.com.br/artigos10.php. Acesso em: Abril de 2009. SABBATO, S. Psicodrama – O que é isso? Disponível em: http://www.sylviasabbato.psc.br/artigos/psicodrama---o-que-e-isso. Acesso em: 04 de Junho de 2009. SALGADO, L.M.S. Reflexões sobre as psicologias fenomenológicas existenciais: suas concepções de homem, seus modos de conceber os fenômenos ps. Disponível em: http://www.institutodepsicodrama.com.br/?page=artigos&id=9. Acesso em: Junho de 2009.

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O MENINO PICADO: UM PSICODIAGNÓSTICO NA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA.

Gisele Rosseti, Josiane Machado Ruiz Unoeste – Universidade do Oeste Paulista. FAPPP – Faculdade de Psicologia de Presidente Prudente Rua Ribeiro de Barros, 108 – Presidente Prudente-SP - [email protected] Palavras-chave: psicodiagnóstico; psicanálise; psicose

O presente trabalho foi desenvolvido junto ao Projeto de Extensão “Escutando a criança no

hospital”, no Hospital Regional de Base de Presidente Prudente, conveniado à Unoeste –

Universidade do Oeste Paulista, no período de agosto de 2008 a julho de 2009, visando conciliar os

conhecimentos teóricos adquiridos pelas disciplinas de Psicologia e a prática interdisciplinar em

Saúde Pública, realizando atendimento ambulatorial a crianças e adolescentes usuários do S.U.S. e

encaminhados por outras especialidades. Tem como objetivo o estudo da psicose de crianças e

adolescentes, numa perspectiva kleiniana, através da apresentação do caso de um menino de 12

anos, encaminhado pelo médico psiquiatra. Foi realizado psicodiagnóstico no decorrer de 15

sessões utilizando-se os seguintes procedimentos: entrevistas com os pais; hora lúdica com a

criança; aplicação do teste HTP e do Teste das Fábulas; entrevista devolutiva com os pais;

entrevista devolutiva com a criança.

Segundo os pais, com 1 ano de idade a criança teve uma convulsão e seguiu tratamento

neurológico até os 4 anos tomando Gardenal – Fernobarbital. Aos 8 anos, apresentou crises e

comportamentos regredidos (comer terra; bater-se; bater a cabeça contra a parede; medo de dormir e

ir ao banheiro sozinho), tendo iniciado tratamento psiquiátrico. No dia da primeira entrevista com

os pais, tomava os seguintes medicamentos: Risperidona 1 mg (antipsicótico) e Fluoxetina

(antidepressivo). Carbamazepina (anticonvulsivo) havia sido suspenso há um mês. No dia da

segunda entrevista com os pais, o médico suspendeu toda a medicação, e assim a criança

permaneceu por todo o processo. Durante o atendimento, foram identificadas características

psicóticas em seu funcionamento mental.

Para Melanie Klein, a psicose tem origem na relação arcaica com a mãe, ou seja, numa

relação de objeto, e é definida como um estado de fixação, num estádio primitivo ou de regressão a

ele. Segundo Roudinesco (1998), a autora elaborou o processo binário (posição esquizoparanóide /

posição depressiva) mostrando que todo sujeito atravessa forçosamente, em sua infância, por um

estado psicótico original a ser superado. A passagem da posição esquizoparanóide para a posição

depressiva corresponde à passagem desse estágio arcaico de psicose para o funcionamento normal.

A primeira caracteriza-se pela relação com objetos parciais e por um estado persecutório derivado

da experiência de perda da mãe, estendendo-se até os 4 meses de vida quando começa a entrar em

cena a posição depressiva. Durante toda a vida do indivíduo, as duas posições continuam presentes

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no funcionamento mental, sendo que nos paranóicos e esquizofrênicos, há uma predominância da

posição esquizoparanóide. Conforme Cunha e Figueiredo (2004), o estado de desintegração e

fragmentação da posição esquizoparanóide favorece o enfraquecimento do ego, que destituído de

alguns aspectos pulsionais, permitem o medo de solidão e de separar-se das pessoas. Com parte do

ego transferida para outras pessoas, o indivíduo desenvolve um sentimento agudo de dependência e

desamparo, que é vivido como desesperador.

É o mais novo de quatro filhos. Quando aconteceu a gravidez, a mãe tinha 39 anos de idade

e o pai 38 anos. Os irmãos contavam com 18, 15 e 7 anos. A mãe relatou que não aceitava a

gravidez e que foi um período muito difícil. Havia muitas brigas e agressões verbais do pai a ela.

Segundo o casal, o casamento sempre foi em meio a discussões. Já o pai, assim como os três

irmãos, sonhavam com uma menina e lamentaram a notícia de que seria um menino. Ao nascer, a

mãe não quis vê-lo e concluiu que teve depressão pós-parto. No entanto, assim que viu o filho pela

primeira vez e o tocou, o amou e aceitou. Tendo aspirado líquido, ficou 8 dias na incubadora. A

mãe afirmou que os meses sequentes ao nascimento foram tumultuados, pois os adultos da casa não

respeitaram os limites do bebê. Ela sempre falou sobre a gravidez e sua rejeição ao filho para as

pessoas, mesmo em sua presença, até que as professoras da escola a alertaram de que tais histórias

eram prejudiciais para ele. Durante uma das entrevistas, a mãe relatou que procura deixar o filho

resolver seus problemas sozinho, e quando ele lhe pede alguma coisa, manda procurar o pai. “Ele

está se assumindo, se ele continuar assim, pra mim já tá ótimo”. Esta fala da mãe demonstra um

possível desejo que o filho se afaste. Tendo sofrido dificuldades não superadas em nível mais

precoce do seu desenvolvimento, a criança assumiu um funcionamento bastante desajustado. A

ausência de um clima favorável e de cuidados maternos satisfatórios deu origem a medos muito

arcaicos e paralisantes, os quais a criança não consegue nomear. Muito cedo, já fazia intensos

esforços para conseguir a atenção da mãe, o que se estende à sua conduta atual. Mantém com esta

uma relação imatura, de dependência, sob constante ameaça de perdê-la. A criança verbalizou

durante as sessões a falta que sente da atenção da mãe. Demonstrou sentir forte ansiedade no plano

consciente e sua busca por ajuda para aliviar o sofrimento. Mostrou-se deprimido e enfatizou que

carrega muito peso para sua idade. No primeiro contato, expôs todas as suas dificuldades no âmbito

familiar e demonstrou seu sentimento de ser “usado”, mas nas sessões seguintes, evidenciou uma

relutância em estabelecer contato mais íntimo, desejo de evitar revelar seus sentimentos de

inadequação, e uma crescente persecutoriedade. Sob tais situações de conflito e sentimentos de

rejeição e inadequação, resiste e luta para manter o equilíbrio, tendo assumido, precocemente, uma

postura adulta, excessivamente responsável. Sente a necessidade de manter o seu verdadeiro self

afastado e inacessível, apresentando para isso uma falsa autonomia. Na verdade, sente-se

desprotegido e carente de afeto e cuidados. Apesar de todo esforço para manter o controle frente a

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fantasias perturbadoras e ideações alucinatórias, sente que as pessoas e sua história lhe escapam.

Enfatizou suas derrotas e a perda de pessoas importantes. Na segunda sessão, a criança se interessou

pelo jogo de quebra-cabeças. Havia 3 conjuntos de peças misturadas, cada um com uma cor

diferente nas costas. Teve uma ação de separá-las por cor, no entanto, apresentou alguns enganos,

misturando-as nos montinhos de peças que iam se formando. Sua escolha por um jogo que tem

como característica a fragmentação, demonstrou sua tentativa de organizar o que está despedaçado e

misturado dentro de si e sua dificuldade em fazê-lo.

Segundo Cintra e Figueiredo (2004), neste estado arcaico, ocorre uma dinâmica evacuativa a

fim de encontrar um alívio imediato para a intensa angústia, nomeada medo de aniquilação, que

deriva de fontes internas e é intensificada pelas experiências externas dolorosas já nos primeiros

dias de vida, pois a frustração e o desconforto do nascimento e da adaptação ao meio despertam no

bebê a sensação de ser atacado por forças hostis. Para lutar contra estas ansiedades psicóticas, o ego

utiliza alguns mecanismos de defesa. O mais primitivo deles é a cisão, quando o objeto é dividido

entre bom e mau e os impulsos entre amor e ódio. Há ainda a negação da realidade psíquica que

provocam grande excitação, a idealização do objeto bom para combater os objetos persecutórios e o

abafamento das emoções como estratégia para tornar-se insensível. A projeção e a identificação

projetiva também são mecanismos de defesa predominantes na posição esquizoparanóide, e que são

essenciais para o desenvolvimento da pessoa. Através da identificação projetiva, partes do self são

projetadas para dentro de outras pessoas ou também para dentro de um objeto interno, e pode fazer

com que as características do indivíduo sejam atribuídas a outro, ou que o indivíduo tome para si as

características alheias. Esta dinâmica pode ser fonte de ansiedades paranóides, pois a parte

agressiva projetada para dentro de outras pessoas gera o medo. Outras modalidades, não

classificadas como mecanismo de defesa, podem exercer uma função defensiva nesta luta contra a

ansiedade, como a racionalização (DUBINSKY, 2000). Segundo Laplanche (1986), o indivíduo

busca uma explicação coerente para uma atitude, ideia, sentimento, disfarçando os verdadeiros

motivos de sua ocorrência. Para isso, ele utiliza as ideologias constituídas, a moral comum,

religiões, convicções políticas, etc., já que a ação do superego reforça as defesas do ego. Há

também o exercício do controle, que, conforme Cintra e Figueiredo (2004), funciona como uma

estratégia imaginária de imobilizar e dominar a “maldade” que produz ameaça.

A criança demonstrou por muitos momentos que a sua busca por satisfação tem sido através

de uma ênfase indevida na inteligência e fantasia, e falha patológica no contato com a realidade, a

qual evita numa tentativa de refúgio. Grande parte das sessões foi dedicada a explicações sobre

jogos de xadrez, futebol, videogame, e sobre técnicas e peças de teatro. Mesmo com toda tensão e

irritabilidade em relação ao ambiente, tende a não dar vazão à agressão mobilizada e a assumir uma

conduta socialmente esperada. Falou sobre suas preocupações com o futuro, o sacrifício para ter o

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que se quer, o desejo de trabalhar e sua preocupação com o irmão que é “usuário” de drogas. Os

resultados dos testes apontam indicadores de patologia, deterioração psicótica, tendência a regredir

sob pressões ambientais, pensamentos esquizóides, sentimento de inadequação e tendências

obsessivo-compulsivas.

Cintra e Figueiredo (2004) explicam que o núcleo da posição depressiva é elaborar angústias

psicóticas através da introjeção no eu de um objeto bom e total. Isto requer um árduo trabalho

psíquico que leva toda a infância e ainda deixa parte da tarefa para o resto da vida. Quando os

medos persecutórios são muito intensos, não é possível passar da posição esquizoparanóide para a

posição depressiva e todo o desenvolvimento da capacidade afetiva fica interrompido, correndo-se o

risco de uma evolução para a psicose.

Durante as sessões a criança mostrou disponibilidade para receber uma ajuda externa, e,

apesar de toda a pressão sentida e um estado depressivo com sentimentos de impotência, manifestou

que vem conseguindo certa tolerância às frustrações, empenho para preservar a sanidade, e,

portanto, condições positivas na superação de dificuldades. Julgando-se que há boas possibilidades

para um trabalho terapêutico, foi feito o encaminhamento.

REFERÊNCIA BUCK, J. N. H-T-P: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva do desenho: manual e guia de interpretação. 1ed. São Paulo: Vetor, 2003. CINTRA, E. M. U.; FIGUEIREDO, L. C. Melanie Klein: estilo e pensamento. São Paulo: Escuta, 2004. CUNHA, J. A.; NUNES, M. L. T. Teste das fábulas: forma verbal e pictórica. São Paulo: Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia, 1993. KLEIN, M. Inveja e Gratidão e outros trabalhos (1946-1963). Rio de Janeiro: Imago, 1991. KLEIN, M. Amor, culpa e reparação e outros trabalhos (1921-1945). Rio de Janeiro: Imago, 1996. LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J-B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1986. ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. RUSTIN, M; RHODE, M; DUBINSKY, A; DUBINSKY, H. Estados psicóticos em crianças. Rio de Janeiro: Imago, 2000.

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ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS EM PESSOAS COM

DIAGNÓSTICO DE BRUXISMO E EM TRATAMENTO ODONTOLÓGICO

DOESCHER, Andréa Marques Leão (1) ; MELLO, Igor Costa Palo (2). Discente (1) e docente (2)/Unoeste- Probic – email: [email protected].

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho caracteriza-se por ser um estudo de natureza metodológica qualiquantitativa,

que tem por objetivo produzir uma visão geral e compreensiva da relação entre o bruxismo e

síndromes psicológicas como estresse, ansiedade e depressão.

2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVO DA PESQUISA

De acordo com Rodrigues et al. (2006), o bruxismo é definido como o contato estático ou

dinâmico da oclusão dos dentes em momentos outros que não aqueles que ocorrem durante as

funções normais da mastigação ou deglutição, manifestando-se sob a forma de “apertamento” ou

“ranger” de dentes.

Ressalta-se que, embora a literatura sobre o Bruxismo aponte a importância da Psicologia no

seu tratamento, são poucos os estudos na área de Psicologia, especificamente na Avaliação

Psicológica, abordando tal temática. Considerando que a prevalência do Brusxismo na população

varia de 15 a 90% em adultos e de 7 a 88% em crianças (RODRIGUES et al., 2006), acreditamos

ser importante a realização de pesquisas que abordem a Avaliação Psicológica em adultos que

tenham o hábito parafuncional de ranger os dentes.

O objetivo desta pesquisa foi verificar a relação entre transtornos psicológicos (estresse e

depressão) e a ocorrência de bruxismo em adultos

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada para a coleta de informações constou na aplicação dos seguintes testes

psicológicos: Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), que visa identificar de

modo objetivo se o indivíduo possui sintomas de estresse e a fase em que se encontra (LIPP, 2000);

Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), Inventário de Depressão de Beck (BDI), que medem a

intensidade da ansiedade e da depressão, respectivamente.

O ISSL permite um diagnóstico que avalia se a pessoa tem estresse, em qual fase se encontra e

se o estresse manifesta-se por meio de sintomatologia na área física ou psicológica. O ISSL

apresenta um modelo quadrifásico do estresse e, embora tenha identificado três fases, (alerta,

resistência e exaustão), no decorrer da avaliação do presente instrumento, Lipp ponderou uma nova

fase, à qual deu o nome de "quase-exaustão" (LIPP, 2000).

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 246

O BAI é uma escala de auto-relato, que mede a intensidade de sintomas de ansiedade. O

inventário é constituído por 21 itens, que são afirmações descritivas de sintomas de ansiedade, e

devem ser avaliados pelo sujeito com referência a si mesmo, numa escala de quatro pontos, que

refletem níveis de gravidade crescente de cada sintoma: 1) Absolutamente não; 2) Levemente: não

me incomodou muito; 3) Moderadamente: foi muito desagradável, mas pude suportar; 4)

Gravemente: dificilmente pude suportar (CUNHA, 2001). O BDI, por sua vez, é uma escala de

auto-avaliação amplamente utilizada que permite acessar a intensidade do transtorno depressivo

(BECK et al., 1961). É uma escala de auto-relato composta por 21 itens, cada um com quatro

alternativas com escores de zero (0) a 3 (três), que subentendem graus crescentes da depressão. O

escore total permite a classificação dos níveis de intensidade da depressão, que varia entre

depressão mínima (0-9), depressão leve (10-16), depressão moderada (17-29) e depressão severa

(30-63).

Com relação à escolha dos sujeitos participantes desta pesquisa, estes foram selecionados pelo

critério de intencionalidade com base em certas características tidas como relevantes para a

realização da pesquisa, as quais foram: adultos, de ambos os sexos, com diagnostico de bruxismo

dado por um profissional da Odontologia. Sendo assim, participaram deste trabalho, após o

esclarecimento da pesquisa e a concordância com o termo de consentimento livre e esclarecido, seis

(6) pessoas com bruxismo indicadas por Cirurgiões Dentistas de clínicas particulares da cidade de

Presidente Prudente, interior de São Paulo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no ISSL mostram que todos os seis (6) participantes têm Estresse nas

seguintes fases: Resistência: 3 participantes; Quase Exaustão: 2; Exaustão:1. Com relação à

predominância dos sintomas, estes são: Físicos: 2 participantes; Psicológicos: 4 participantes. Estes

resultados apontam que 100% do total dos participantes deste trabalho apresentam Estresse, sendo

que 66,7% destes têm prevalência de sintomas psicológicos. Quanto aos resultados obtidos no BAI,

estes mostram que o nível de ansiedade são evidenciados nos seguintes níveis: Mínimo: 2

participantes (considerado sem ansiedade); Leve: 3 participantes; Moderado: 1 participante. Estes

dados indicam que quatro (4) participantes, 66,7% do total dos participantes apresentam ansiedade,

sendo que 25% destes apresentam ansiedade em um nível significativo à saúde física e emocional,

os quais requerem cuidados médicos e ou psicológicos. No Inventário de Depressão Beck (BDI), os

resultados obtidos indicam os seguintes níveis de depressão: Mínimo: 1 participante (considerado

sem depressão); Leve: 2 participantes; Moderado: 3 participantes.

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 247

Tais dados mostram que cinco (5) participantes, 83,3% do total dos participantes desta

pesquisa, apresentam Depressão, sendo que três (3), isto é, 50% do total dos participantes

apresentam depressão a um nível que requer cuidados médicos e psicológicos.

5. CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa apontam a ocorrência do estresse (100% dos participantes),

ansiedade (66,7% dos participantes) e depressão (83,3% dos participantes) em pessoas

diagnosticadas com bruxismo – um dos objetivos deste trabalho. Desta forma, estes resultados

corroboram com outros trabalhos (CARVALHO et al, 2008; INOCENTE, 2002; BIONDI;

PICARDI, 1993), os quais indicam uma significativa relação entre o bruxismo e o estresse,

ansiedade e depressão. Conforme apontado por vários autores (CARVALHO et al., 2008; JORGIC;

BOSNJAK, 1998; DAWSON, 1993;) a depressão, a ansiedade e o estresse emocional

desempenham um importante papel na iniciação, na perpetuação, no tratamento, na freqüência, na

duração e na severidade do bruxismo. Desta forma, é importante que no tratamento do bruxismo a

saúde psicológica do sujeito, concernente aos aspectos da ansiedade, estresse e depressão, seja

avaliada e acompanhada por profissionais da saúde mental (médicos psiquiátricos e psicólogos),

para que melhores resultados sejam alcançados neste tratamento. Concluindo, através dos resultados

deste trabalho, acreditamos ser importante investigar a evolução do tratamento do bruxismo em

pessoas submetidas a psicoterapia e ou tratamento psiquiátrico, sendo este um tema de futuras

investigações científicas.

REFERÊNCIAS

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 248

OFICINAS NA BRINQUEDOTECA PEDIÁTRICA: UMA TENTATIVA DE

HUMANIZAÇÃO

1. Jéssica Camarini; 2. Josiane Machado Ruiz; 3. Kadija Branquinho Ramos; 4. Maíra Sanvezzo Soares da Silva; 5. Tamara Batata da Silva 1. Acadêmica do 8º termo de Psicologia da Universidade do Oeste Paulista; 2. Docente e supervisora do curso de Psicologia da Universidade do Oeste Paulista; 3. Acadêmica do 8º termo de Psicologia da Universidade do Oeste Paulista. E-mail: [email protected]; 4. Acadêmica do 8º termo de Psicologia da Universidade do Oeste Paulista; 5. Acadêmica do 8º termo de Psicologia da Universidade do Oeste Paulista.

Palavras-chave: Hospitalização Infantil; Brinquedoteca; Humanização.

O presente projeto é resultado do trabalho desenvolvido por estagiárias do curso de

Psicologia no Projeto de Extensão “Brinquedoteca”, realizado no Hospital Regional de Base de

Pres. Prudente – SP. O Projeto de Extensão tem como objetivo viabilizar a humanização do espaço

hospitalar buscando a recuperação dos pacientes da pediatria de forma integrada, contemplando os

aspectos biopsicossociais.

Inicialmente, foi realizada uma observação na brinquedoteca por um período de

aproximadamente três meses com o intuito de fazer um levantamento de dados para o planejamento

de um projeto de intervenção na mesma. Ficou evidenciada a necessidade de práticas que

proporcionassem uma humanização no ambiente pediátrico. Foi possível observar que a pediatria

não apresentava diferenças em relação aos outros setores do hospital, o que demonstra uma

incapacidade de compreender a quem está se atendendo e quais as implicações necessárias para o

atendimento desse tipo de paciente. A criança e o adolescente precisam de um atendimento

diferenciado do adulto, são pacientes que se encontram em desenvolvimento emocional, biológico e

intelectual.

Dentre as várias precariedades de humanização no local, o que mais se destacava era a

inadaptação do ambiente físico para as crianças como pacientes, pois o ambiente era praticamente

isento de qualquer menção do mundo infanto-juvenil, as paredes e os quartos eram frios com cores

pálidas e os profissionais pouco interagiam com as crianças e suas famílias para além dos cuidados

paliativos. D’Alcântara (2008) afirma que a criança ao ser hospitalizada é inserida em um ambiente

hostil deixando para trás o seu ambiente familiar, escola, amigos e brincadeiras, podendo gerar no

desenvolvimento cognitivo, psíquico e até mesmo biológico da criança possíveis quebras

significativas.

Baseando-se nesses aspectos observados, viu-se a necessidade de utilizar a Brinquedoteca

como um instrumento facilitador da humanização, questionando: as oficinas lúdicas e artesanais,

realizadas na Brinquedoteca, podem ser facilitadoras para promover a humanização hospitalar? A

amostra estudada se refere a todos os pacientes, acompanhantes e profissionais da pediatria, de

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 249

ambos os sexos com idade indeterminada, que estiveram envolvidos nas oficinas direta ou

indiretamente. Para a realização deste projeto, participaram quatro brinquedistas que permaneceram

em dupla na brinquedoteca, às terças e quintas feiras, por um período de três horas. As supervisões

ocorriam todas às quintas-feiras.

Os objetivos compreendiam: (1) proporcionar um ambiente físico que resgatasse o mundo

infantil; (2) promover uma interação positiva entre a tríade, paciente - equipe - família, pautada na

integridade do indivíduo; (3) garantir a interação positiva do paciente com os outros pacientes e dos

acompanhantes para com os outros acompanhantes; (4) proporcionar o resgate da identidade de

cada paciente e da sua condição de criança; (5) promover um resgate do ambiente familiar e da

visão holística do paciente; (6) e viabilizar uma melhor internação, amenizando os efeitos negativos

da hospitalização na criança.

Foi elaborado um cronograma de atividades vinculado com as datas comemorativas, para

que a criança se contextualizasse no tempo e no espaço extra hospitalar, a saber: painel do Dia das

Crianças, árvores de natal, placas de identificação, máscaras de carnaval, portas retratos, máscaras

de coelhos, painel de Páscoa, cocares de índio, cartões do dia das mães, folhetos do dia do

enfermeiro e bandeiras de Festa Junina. Vários materiais gráficos e reutilizáveis foram usados na

confecção desses objetos.

Os pacientes e seus acompanhantes eram convidados a participar e na brinquedoteca era

apresentado o modelo da atividade programada. Era proposto que a atividade poderia ser realizada

no próprio leito. A criança tinha a liberdade de desenvolver a atividade proposta como também de

realizar outras atividades. As estagiárias levavam o material de confecção correspondente à

atividade e auxiliavam quando necessário. Quando finalizadas, cada atividade tinha um destino:

fazer parte da atividade lúdica dos pacientes, ser anexada nos leitos, nos corredores da pediatria ou

na brinquedoteca ou levar consigo.

Em todas as oficinas, as crianças convidadas não aderiam de imediato, resistindo; quando

confeccionada uma primeira atividade e apresentada, estes passavam a aderir à oficina, o que

proporcionou uma interação das crianças, saindo dos leitos, percorrendo os corredores e

estimulando a participação dos acompanhantes, que na grande maioria eram as mães. As crianças

que ali permaneciam por um período mais longo, mostravam interesse por continuar as atividades

durante os outros dias da semana, relatando estar ansiosos com a chegada das terças e quintas feiras.

As mães passaram a frequentar a brinquedoteca não mais como acompanhantes de quem brinca,

mas sim como produtoras de algo que ali era proposto. Dessa forma, interagiam melhor com os seus

filhos e faziam daquele momento, um momento de descontração, onde conseguiam focalizar em

algo positivo e não na doença, que neste ambiente é tão evidente. Com isto, a brinquedoteca deixou

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 250

de ser um local onde as mães deixavam seus filhos para poderem realizar outras atividades,

passando a ter o desejo de estarem ali presentes e não mais de se ausentarem.

Em todas as oficinas realizadas, o ambiente físico ficou mais humanizado, tornando-se mais

familiar aos pacientes, já que foram eles que construíram a própria decoração, permanecendo mais

colorido e condizente com a faixa etária dos pacientes. Os pacientes interagiram tanto com os outros

pacientes, quanto com os outros acompanhantes. O ambiente da pediatria permaneceu sem

características de um ambiente onde a dor muitas vezes prevalece.

As oficinas de painel do dia das crianças, cocar de índio, placa de identificação, porta-retrato

e máscara de coelhos foram as que os profissionais de saúde mais interagiram com os pacientes para

além dos cuidados médicos, manifestando interesse pela atividade executada do paciente e pela sua

história de vida. Ao iniciar as oficinas, foi observado que muitos profissionais, principalmente os

auxiliares de enfermagem, incentivavam os pacientes a irem à brinquedoteca, alguns até contavam o

que estava sendo desenvolvido, motivando o paciente a sair do leito. Nas outras oficinas, pode-se

observar uma interação dos profissionais de saúde com os pacientes e acompanhantes, mas não de

modo significativo. A comunicação entre o profissional de saúde e paciente/acompanhante foi

melhorada apenas momentaneamente, não foi possível verificar a mudança de hábitos. Ainda que

de maneira restrita as atividades conseguiam proporcionar esse diálogo que é tão importante no

processo de humanização.

Enquanto os acompanhantes produziam as placas de identificação, ouviam-se

agradecimentos por ter a oportunidade de confeccionar algo, também ressaltavam que as atividades

desenvolvidas faziam com que o tempo passasse mais rápido. Muitos acompanhantes realizavam

placas de identificação para outros pacientes que não estavam acompanhando, o que demonstra o

grande interesse despertado principalmente nos acompanhantes e a interação entre todos que

permaneciam hospitalizados.

Em relação aos pacientes, muitos demonstraram algumas dificuldades pelo o soro que estava

preso à mão, ou pela tala que o apoiava, fazendo com que alguns desistissem de confeccionar as

atividades, mas insistindo para que as brinquedistas ou o seu acompanhante os auxiliassem.

Enquanto confeccionavam, os pacientes trocavam idéias entre si sobre maneira de como realizar as

atividades. Os pacientes demonstraram-se muito interessados, principalmente porque colocavam

algo de si no hospital.

Quando se trata de humanização, trata-se de relacionar-se com um outro, um outro ser

humano, considerando a sua subjetividade, personalidade e história de vida. Algumas implicações

poderiam ser direcionadas por uma equipe, que implantasse um projeto, como o que foi realizado,

mas outros aspectos da humanização dependem exclusivamente de cada participante desse contexto

hospitalar, da sua dedicação e desejo de tornar aquele ambiente mais humanizado, um fato que não

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pode ser imposto pelo outro, devendo partir de cada um. É desse modo que ficou evidente a prática

do projeto, por mais que houvesse estímulos, através das oficinas, que proporcionavam um

momento de humanização, os profissionais que ali se encontravam deveriam estar dispostos a

proporcionar um ambiente humanizado, o que nem sempre de fato se concretizava.

Muitos profissionais ainda assim não interagiam com os pacientes, procurando apenas os

cuidados médicos e não demonstrando interesse pelo que cada criança ali estava realizando.

Diferentemente do que acontecia com os acompanhantes, que através das oficinas se mostravam

cada vez mais participativos, como resultado tinha-se uma melhor adesão ao tratamento por parte

dos pacientes, que por inúmeras vezes pediam para ali permanecerem enquanto tomavam

medicamentos.

Ficou evidente o quão importante é a humanização e independentemente da adesão ou não

desse processo é importante que permaneça, lembrando que esta deva se estender para além da

pediatria, afinal não são só as crianças e seus acompanhantes que necessitam de cuidados, de

respeito e atenção.

REFERÊNCIAS

ALAMY, Suzana. HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR (?). Psicópio: Revista Virtual de Psicologia Hospitalar e da Saúde. Ano 1, Vol. 1, n.2. p.5 – 12. Belo Horizonte, Jul-Dez 2005 CHIATTONE, H.B.C. A criança e a hospitalização. p. 40-130. In: CAMON, V. A. A. A Psicologia no Hospital. São Paulo: Traço Editora, 1988. D’Alcântara, E. B. Criança hospitalizada: o impacto do ambiente hospitalar no seu equilíbrio emocional. In: Psicópio: Revista Virtual de Psicologia Hospitalar e da Saúde. Ano 3, n.6. p. 38 – 55. Belo Horizonte, ago 2007-jan 2008. Disponível em: <http://alamysusana.sites.uol.com.br/>. Acesso em: jan 2009. Ministério da Saúde. BRASIL. Programa Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar. Secretaria de Assistência à Saúde. Brasília, 2001.

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BRINCADEIRAS NO HOSPITAL: POSSIBILIDADES DE EXTERNALIZAÇÃO DAS

SITUAÇÕES VIVIDAS PELAS CRIANÇAS NA ENFERMARIA PEDIÁTRICA

DOESCHER, Andréa M. L.1; RUIZ, Josiane M.2; NETTO, Lorena M.2; SELVERIO, Daiane A.2; VINCOLETTO, Florisvalda2; SHIBUYA, Francine2; MORO, Marice2. 1. Universidade de Mogi das Cruzes (UMC); 2. Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE)

Em 21 de março de 2005, a Lei nº 11.104 (BRASIL, 2005), tornou obrigatória a instalação

de brinquedoteca nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de

internação, sendo esta parte integrante do processo de humanização hospitalar. A brinquedoteca

proporciona um incentivo às atividades lúdicas, permitindo que a criança passe a conviver melhor

com a doença. Levando em consideração o alívio que a brincadeira pode proporcionar ao medo e

ansiedade conseqüentes da internação, observamos a importância da brincadeira de médico, em que

a criança reproduz toda angústia trazida pela hospitalização através de instrumentos (brinquedos) e

falas utilizados pelos médicos.

Neste contexto, este trabalho, através do relato de casos, analisará e discutirá as

possibilidades das crianças hospitalizadas, no brincar de médico, expressarem e elaborarem seus

sentimentos e as novas situações que o adoecer e a internação lhe impõem.

Desenvolver um projeto de intervenção que visa propiciar um ambiente para a compreensão

dos sentimentos gerados pelo processo do adoecimento e de internação, bem como identificar,

avaliar e analisar os fatores de sofrimento da criança nesta situação, não apenas é relevante do ponto

de vista científico, como também social e pessoal.

O principal objetivo é o de investigar e analisar a ocorrência da externalização do adoecer da

criança, bem como dos procedimentos médicos realizados nesta em função de sua internação,

através do brincar de médico.

Os indivíduos foram selecionados com base em certas características tidas como relevantes

para a realização da pesquisa, as quais são: crianças internadas no setor de enfermaria pediátrica do

Hospital Regional Estadual de Presidente Prudente (SP); de ambos os sexos; na faixa etária dos dois

(2) anos a oito (8) anos de idade; que se utilizaram do espaço da brinquedoteca e brincaram de

“médico”.

As sessões de observação tiveram a duração média de três horas, três vezes por semana, e a

coleta de dados foi realizada em duplas, utilizando-se a técnica de sujeito focal associada à

varredura com registro cursivo tipo lápis e papel. Foram utilizados como recursos materiais duas (2)

“maletas de médico” contendo utensílios utilizados por este profissional, como estetoscópios,

otoscópio, termômetro, seringas etc. Ressaltamos que os brinquedos de médico ficaram expostos na

mesa para a livre utilização da criança.

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 253

Para a análise dos dados relativos às observações das atividades lúdicas, utilizou-se como

referencial o recorte dos episódios de brincar de médico. A sistematização e análise dos dados

coletados, aliada ao estudo teórico, foram fontes para o processo de avaliação e validação da

pesquisa, isto é, foram utilizadas para análise das situações a fim de verificar se os objetivos da

pesquisa foram alcançados (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Foram recolhidos para o projeto 5 (cinco) relatos e análises de caso, mas somente um será

apresentado e discutido no presente texto, que segue abaixo. Observamos que os nomes das

crianças, para resguardar o anonimato, são fictícios.

Guilherme, 7 anos, internado com o braço fraturado. Guilherme pega a pinça, leva ao peito e

diz “vou arrancar meu coração fora, não mereço viver, eu sou muito bagunceiro” (sic). Guilherme

deixa a pinça sobre a mesa, pega uma seringa, leva ao peito e diz “tenho que levar uma injeção para

tirar um pouco de sangue” (sic); o mesmo pega a seringa, leva até a boca e diz “vou beber o sangue

que é para ficar no lugar do coração” (sic). Guilherme pega o martelo, bate na própria cabeça e diz

“estou perdendo a memória porque não quero saber do meu nome, meu nome é muito feio” (sic).

Guilherme pega a tesoura e passa pelo abdômen, diz estar tirando as costelas fora. Francine

pergunta “por que arrancar as costelas, não dói?”; Guilherme diz “dói, eu gosto de sentir dor” (sic).

Guilherme pega uma raquete e bate na própria cabeça dizendo “quero perder a memória”(sic).

Guilherme pega o estetoscópio e ausculta o próprio coração, dizendo “uhuu, meu coração ta

batendo” (sic). O mesmo pega a pinça, leva ao peito e diz “acabei de tirar meu coração, agora vou

comer. Credo tem gosto ruim! Agora vou arrancar meus dedos fora. Você não tem uma tesoura de

verdade?” (sic), Francine pergunta para quê e Guilherme responde “para arrancar meus dedos fora”

(sic). Guilherme pega a pinça e prende a boca com a mesma, pega a tesoura e prende o nariz, diz

querer morrer sufocado. Pega a balança e diz “vou me pesar porque preciso perder peso, meu

coração está muito pesado” (sic). Guilherme olha-se no espelho e diz “nossa, como estou feio e

gordo” (sic). Guilherme pega o frasco de remédio e diz “ai que gosto amargo” (sic); Francine

pergunta o que ele tomou, Guilherme responde “é veneno” (sic).

Guilherme diz que não merece viver porque é muito bagunceiro, parece que ele apresenta

um sentimento de perseguição, já que estava sob constante observação de sua mãe, que não podia

permitir que o mesmo bebesse água ou se alimentasse, pois passaria por uma cirurgia, há ai uma

hipótese de que Guilherme sente-se culpado por infligir danos à sua mãe, seu objeto de amor, a

mesma deve permanecer no hospital enquanto for necessário e dirigir total atenção a Guilherme. O

ato de infligir danos a si mesmo, realizar em si procedimentos invasivos, serve como uma forma de

autopunição, já que diz ser bagunceiro. Nota-se a presença de ansiedade persecutória, que ocorre

por que seu ego está impossibilitado de lidar com os sentimentos hostis. Há na fala de Guilherme,

“meu coração está muito pesado”, uma amostra nítida de seu sofrimento, de suas angústias, através

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dessa fala Guilherme demonstra sentir-se angustiado, com seu coração carregado de sentimentos

ruins, de medo.

Guilherme pega uma seringa, retira sangue de Francine, coloca na travessa e dá para

Francine beber, Guilherme diz à Francine que lhe dará cinco injeções iguais a que ele tomou.

Francine pega uma boneca, olha para Guilherme e diz “doutor, estou com dor, preciso de uma

consulta”; Guilherme diz “você vai tomar injeção” (sic). Guilherme aplica uma injeção em

Francine, a mesma diz “ai”. Guilherme diz “ah, você disse ai, então vai ter que tomar outra injeção”

(sic). Guilherme diz a Francine “você vai ter que comer um cavalo, por que ‘jabuli’ você não pode

comer” (sic); Francine diz “ah, jabuli eu não vou comer, o que é isso?” (sic); Guilherme responde

“é um bicho que vive na água. Francine pega uma seringa e aplica uma injeção em Guilherme, o

mesmo diz “não sinto dor, eu não choro quando levo injeção” (sic); Francine pergunta por quê, e ele

responde “porque eu não sou chorão de mamãe” (sic). Guilherme pega a seringa e aplica três

injeções em Francine ao mesmo tempo; pega as mesmas seringas, aplica três injeções em Daiane e

diz que tem que ser na veia. Daiane grita de dor, Guilherme diz “não dói, pode aplicar em mim, na

veia” (sic). Daiane aplica a injeção e Guilherme diz não sentir dor. Guilherme pega seis seringas,

aplica seis injeções em Francine e diz “não vai doer por que eu apliquei anestesia” (sic).

Com o decorrer da brincadeira, Guilherme passou a minimizar seu sofrimento, deixa de

infligir danos a si mesmo e passa a aplicar os procedimentos nas brinquedistas, o mesmo passa a

dirigir a agressividade “para fora”, ao outro. Ou seja, Guilherme passa a realizar o que Melanie

Klein chama de identificação projetiva, Guilherme projeta no outro aquilo que seu ego não

consegue suportar, projeta nas brinquedistas sua ansiedade, sua dor, com o intuito de compreender

essa ansiedade. Através do brincar, Guilherme põe em prática a formação simbólica, ele consegue

compreender a situação desagregadora pela qual está passando, o mesmo recria e restaura os

objetos, permitindo distinguir seus impulsos e fantasias da realidade externa.

A brincadeira de Guilherme teve a duração de aproximadamente duas horas, o mesmo

passaria por uma cirurgia no braço às 15:30. Guilherme chegou à brinquedoteca quieto, sentou-se

em uma cadeira e debruçou-se, de cabeça baixa, sobre a mesa, mas após iniciar a brincadeira,

descontraiu-se, passou a ser mais comunicativo.

Este projeto mostrou que o brincar de médico, no contexto de uma brinquedoteca hospitalar,

é um veículo rico a ser utilizado com funções potencializadoras para crianças em situação de

hospitalização simbolizarem seus sentimentos e vivências do seu processo de adoecimento e

internação. Pôde-se notar que as crianças, mesmo não sabendo nomear sua enfermidade, sabem que

estão doentes e que há algo de errado, expressando isto através da brincadeira.

Durante as brincadeiras, a criança deixa de ser passiva e passa para uma posição ativa,

deixando de ser impotente diante da doença e passando a ser onipotente e controlando, através da

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brincadeira, a situação. Isto pode ser observado no relato de número quatro (4), em que Guilherme

mostrou-se ativo e onipotente, como um meio de controlar a situação, já que passaria por uma

cirurgia e estava ansioso.

No decorrer do projeto de extensão, que teve a duração de um ano, foi possível observar que

a brinquedoteca dentro do contexto hospitalar tem função terapêutica, já que as crianças buscam a

brinquedoteca como um meio de externalizar o sofrimento. Foi observado, também, o quanto este

espaço contribui para o processo de recuperação da criança, como pode ser notado nos relatos

supracitados.

REFERÊNCIAS

ABERASTURY, A. A criança e seus jogos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. Barcelona: Toray-Masson, 1973. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Política nacional de humanização: humaniza SUS. Documento base para gestores e trabalhadores do SUS, 2004. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/doc_base.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2009. ________. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Leis Ordinárias de 2005. Lei Federal nº 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. Brasília: Diário Oficial da União, 2005. GUEDENEY, A.; LEBOVICI, S. Intervenções psicoterápicas pais/bebê. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo e a educação. São Paulo: Cortez, 1997. LEPRI, P. M. F. A criança e a doença: da fantasia à realidade. Rev. SBPH, v.11, n.2, p. 15-26, dez. 2008. Disponível em: < http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582008000200003&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 28 abr. 2009. LINDQUIST, I. A criança no hospital: terapia pelo brinquedo. São Paulo: S Scritta, 1993. SIMON, R. Introdução à psicanálise: Melaine Klein. São Paulo: EPU, 1986. VIEGAS, D. (org.). Brinquedoteca hospitalar: isto é humanização. São Paulo: Associação Brasileira de Brinquedotecas, Wak Editora, 2007, p. 33-51.

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

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RESUMOS SIMPLES

ALVES HERRERIA, ANA LUCIA ..................................................................................................... 267

AREDES SOARES DOS SANTOS, GISLAINE ............................................................................... 265

ASSEF, ELLEN CAROLINA DOS SANTOS .................................................................................... 259

BALESTRA, DAIANI......................................................................................................................... 258

BICEGLIA, ILZA LÍGIA ..................................................................................................................... 259

CHAVES SANTOS, CAROLINA....................................................................................................... 267

COSTACURTA, BIANCA ................................................................................................................. 260

DE SOUZA, ELISANA MARTA MACHADO..................................................................................... 258

EVANGELISTA, ARIADNE DE SOUSA........................................................................................... 264

FUNES LUZIO, ALICIA GISSELLE.................................................................................................. 269

GAVA SCHMIDT, MARIA LUIZA...................................................................................................... 266

MIELKE, ROBERTO......................................................................................................................... 269

NETTO, LORENA MADEIRAL ......................................................................................................... 267

NUNES, EDUARDO FERNANDO.................................................................................................... 257

PRANDINI, JÉSSICA CAMARINI..................................................................................................... 269

RAMOS, KADIJA BRANQUINHO .................................................................................................... 269

RAMOS, KADIJA BRANQUINHO .................................................................................................... 270

SACCHETIN, DEUCY MARIA FERRUZZI....................................................................................... 260

SACCHETIN, DEUCY MARIA FERRUZZI....................................................................................... 267

SANTOS, FERNANDA MONTEIRO ALVES DOS .......................................................................... 263

SANTOS, FERNANDA MONTEIRO ALVES DOS........................................................................... 261

SANTOS, FERNANDA MONTEIRO ALVES DOS........................................................................... 262

SOBRAL DIAS, RENATA CRISTINA ............................................................................................... 266

VILLELA, FABIO CAMARGO BANDEIRA ....................................................................................... 264

WIEZZEL, ANDREIA CRISTIANE SILVA ........................................................................................ 265

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 257

ENAPI 2009 COMUNICAÇÃO ORAL

UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA - UNOESTECIÊNCIAS HUMANAS

PSICOLOGIA

A QUESTÃO DO ATENDIMENTO PSICOTERAPÊUTICO MEDIADO POR COMPUTADOR

NUNES, EDUARDO FERNANDO (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

Busca-se proporcionar uma reflexão sobre um novo modelo de aplicação das teorias psicológicas: a prática de terapia online.Em 13 de Agosto de 2005,o Conselho regulamentou o atendimento psicoterapêutico e outrosserviços mediados por computador,pela Resolução Nº012/2005.Enfatiza-se que todos os movimentos teóricos que foram construídos e aceitos pela Psicologia tiveram um alicerce presencial,de intimidade entre o teórico esua doutrina; e o Enquadre que tem por objetivo manter o processo e a relação psicoterapeuta com a menorperturbação possível.A definição de “atendimentos psicoterapêuticos” se revela um tanto obscura,considerandoas diferentes técnicas em diferentes abordagens dentro da Psicologia.Assim sendo,propõe-se uma reflexão para argumentar a relevância da prática de uma psicoterapia on-line. Como objetivo geral, propõe-se investigar as práticas psicoterapêuticas mediadas por computador,questionando suas especificações,delimitações e aestruturação de uma situação psicoterápica.Refletir o papel do Conselho Federal de Psicologia na definição doconceito de psicoterapia.E averiguar as definições existentes na comunidade científica e de psicólogos atuantesacerca do termo "psicoterapia". Utiliza-se para conduzir a coleta de dados a entrevista semi-aberta de modo individual que está sendo gravada e/ou transcrita.Pretende-se entrevistar 10 psicólogos que estejam na prática clínica por no mínimo 5 anos.A coleta de dados está sendo realizada no consultório dos entrevistados.Paraanálise dos dados, será utilizada uma perspectiva dialética e para proceder nesta análise,construirá-se categorias que servirão de comparação para relacionar os discursos.As seguintes forampropostas:a)espaço/tempo;b)teoria/prática;c)sujeito/objeto;d)ético/não-ético;e)social/mercado. Os resultados apresentados são apenas parciais,todavia,de maneira geral, com as entrevistas até o momento realizadaspermite-se inferir que referente a primeira categoria proposta "espaço/tempo" os entrevistados destacam apeculiaridade de individuo que busca o atendimento clínico,sendo que nem sempre este é atravessado pelo imediatismo de nossa época.Concernente a categoria "teoria/prática",revela-se uma clarificação dos diversos modelos de atendimento,posto que com algumas semelhanças.Acerca da terceira categoria "sujeito/objeto" éunânime a preferência por um modelo relacional,fundada na propriedade desta relação.Quanto a categoria"ético/não-ético",há preferência a orientar-se pela conduta do profissional,independendo de sua modalidade deatendimento. Por fim,no que tange a quinta categoria "social/mercado",há um consentimento de que é preciso uma atenção aos programas sociais,contudo no sentido de complementação e apoio ao trabalho clínico, nãotornando este dispensável. Por hora,não é possível apresentar respostas conclusivas para as hipótesescolocadas,não obstante,pode-se infer que os entrevistados têm uma visão assertiva do modelo de atendimentopsicoterapêutico mediado por computador.

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 258

ENAPI 2009 COMUNICAÇÃO ORAL

UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA - UNOESTECIÊNCIAS HUMANAS

PSICOLOGIA

INCLUSÃO SOCIAL DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS: O CASO DE UMA CLÍNICA-ESCOLA

DE SOUZA, ELISANA MARTA MACHADO (Docente - FACULDADES DE DRACENA - FADRA)

BALESTRA, DAIANI (Discente de curso de graduação - FACULDADES DE DRACENA - FADRA)

A inclusão social consiste em possibilitar que pessoas com necessidades especiais também tenham o direito àconvivência e à interação com os outros, comunicando-se com independência e autonomia. A inclusão socialbusca minimizar o processo de exclusão, maximizando a participação de todos e produzindo, desta maneira, uma educação que possa agir de forma consciente e levar em consideração quaisquer que sejam as barreiraspara o processo educacional dos indivíduos de uma mesma sociedade, oferecendo condições de participaçãosocial e exercício da cidadania (Santos e Paulino, 2006). A partir disso, este trabalho, que resultou de umaexperiência de estágio de observação em Psicologia Escolar, teve por objetivo verificar as práticas de inclusãosocial de pessoas com necessidades especiais promovidas por uma instituição de educação especial localizadaem uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Utilizamos a técnica da observação-participante; da análise de documentos, como textos de apresentação da instituição, relatórios acerca da história escolar dos alunos; além da entrevista semi-dirigida com os profissionais da instituição, a saber: três psicólogas, duasfonoaudiólogas, uma terapeuta ocupacional, duas assistentes sociais, quatro professores, além da coordenadorapedagógica e da diretora. O roteiro da entrevista foi elaborado a fim de compreender quais e como são aspráticas de inclusão social promovidas pela instituição, bem como as especificidades do trabalho com os alunose os resultados de tais práticas. Os resultados demonstram que, apesar da inclusão social ser uma necessidadeapontada pela literatura, as práticas ainda são restritas e são obstaculizadas pela falta de informação edesinteresse da esfera social, cuja base reside no preconceito que, de certa maneira é o causador de pré-conceitos em relação às limitações das pessoas com necessidades especiais. Os resultados são discutidosconsiderando que as práticas da inclusão social devem consistir em modificações no âmbito social a fim de queseja possível acolher todas as pessoas que apresentem alguma diversidade, portanto, estamos falando de umasociedade de direito para todos. Incluir não é uniformizar as diferenças, mas, pelo contrário, em vez dasdiferenças serem inibidas, elas são valorizadas (Santos e Paulino, 2006). De acordo com Blanco (2001), tanto no Brasil como em muitos países a inclusão social constitui uma das mais recentes práticas sociais e, aospoucos, vem substituindo a prática da integração social, que previa a adaptação do sujeito às normas dasociedade. Desse modo, a superação de preconceitos apresenta-se como um desafio às práticas de inclusão social em uma sociedade na qual a diversidade está se tornando mais norma do que exceção (Stainback, 1999).

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PSICOLOGIA

PSICOLOGIA DO ESPORTE: PERFIL PSICOLÓGICO DE NADADORES

BICEGLIA, ILZA LÍGIA (Docente - UNOESTE)

ASSEF, ELLEN CAROLINA DOS SANTOS (Docente - UNOESTE)

É consensual a representatividade do esporte, seu potencial de mobilização, frente às diferenças de etnias,gêneros, classes sociais, credos religiosos, seja entre participantes ou entre espectadores. Há mais de umséculo surgiram estudos e pesquisas que buscavam a compreensão psicofisiológica no esporte (Samulski, 2002) que na passagem temporal da cultura, da economia e da sociedade foi fundamentando e direcionado aformação de uma área denominada de Psicologia do Esporte. Em 1986, American Psychological Associationreconhece a Psicologia do Esporte como especialidade da Psicologia visando à compreensão científica dasdimensões psicológicas da conduta humana no contexto do esporte (Becker, 2000). Dentre os campos deaplicação da psicologia do esporte, se destaca o esporte de rendimento, tendo como proposta o aprimoramento da performance do atleta considerando os fatores psíquicos como interferentes no rendimento. Sob essaperspectiva caracterizar, analisar os aspectos psicológicos e potencialidades comuns entre atletas seusdesempenhos configuram-se como exigência precedente a qualquer iniciativa de investigação e intervençãosingular no campo psicológico dentro do esporte. Esse estudo tem como objetivo principal analisar o perfilpsicológico de atletas competitivos da modalidade da natação e verificar se há diferenças e correlações entre características de personalidade, níveis de estresse, tipos de raciocínio e atenção e o desempenho competitivodesses atletas. Participam da pesquisa 15 atletas, de ambos os sexos, com idades entre 13 e 27 anos, da modalidade esportiva da natação de um projeto de treinamento esportivo do Município de Presidente Prudente.Os instrumentos utilizados para investigação serão: Inventário Fatorial de Personalidade (IFP), Teste de AtençãoConcentrada (AC), Bateria de provas de raciocínio (BPR-5), Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Os resultados dos testes serão analisados conforme os critérios fornecidos pelos autores eposteriormente correlacionadas com o desempenho, conforme avaliação do técnico responsável pela equipe de nadadores. A análise parcial da avaliação do grupo sinaliza processos de desestabilização emocional dos atletase que influencia o desempenho antes, durante e após as competições, fator de relevância quanto aos resultadosobtidos até agora. O grupo revela que há problemas na comunicação e barreiras pessoais entre treinador eatletas gerando problemas na disciplina dos treinamentos e, consequentemente, resultando em sentimentos demedo, comportamentos de desmotivação, estados de ansiedade, tensão, estresse, insegurança e conflitos intrae interpessoais ao lidarem com essas emoções . A pesquisa está em fase de conclusão.

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PSICOLOGIA

A DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO ENTRE PACIENTE E EQUIPE DE SAÚDE EM ENFERMARIA DE

CLÍNICA CIRÚRGICA

COSTACURTA, BIANCA (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

SACCHETIN, DEUCY MARIA FERRUZZI (Docente - UNOESTE)

Introdução e Justificativa: No atendimento realizado pela psicologia na enfermaria de clínica cirúrgica, pudemosidentificar que muitos pacientes apresentavam dificuldades em compreender seu quadro clínico e osprocedimentos necessários no seu tratamento. Foi identificado que havia um problema de comunicação, havendo necessidade de pensar nos dois interlocutores, isto é, na equipe e no paciente. A obrigatoriedade deinformar os clientes sobre o diagnóstico e o tratamento, permite que este decida com mais propriedade sobre oque deseja seguir. Segundo Fighera e Viero (2005, pg.7), no momento em que o paciente vê o seu problema, éque aquilo passa a tornar-se realidade pra ele. Enxergando o problema fica mais fácil assimilar o que estáacontecendo e dificulta o uso da negação, na medida em que fornece menos espaço para o surgimento defantasias. Objetivo: Identificar fatores que dificultam a comunicação entre paciente e equipe na enfermaria declínica cirúrgica. Metodologia: No primeiro semestre de 2009, foram realizadas entrevistas de triagem pela Psicologia com os pacientes que estavam internados na Clínica Cirúrgica do HR de Presidente Prudente. Foramselecionadas as entrevistas dos pacientes que apresentaram dificuldades de comunicação com a equipe,considerando o conhecimento da patologia apresentada e procedimentos realizados durante a hospitalização.Posteriormente foi feito análise de conteúdo dos relatos. Resultados: Foram triados trinta pacientes, dos quais,doze apresentaram dificuldades em compreender seu quadro clínico (40% dos pacientes). Destes, 33,33% relataram que não obtiveram informações, com afirmações como: “Não explicaram nada; os médicos não falamnada; não sei ao certo o que tenho; estou fazendo exames e não sei os resultados”, e 66,66% relataram queobtiveram informações parciais, dizendo “sei que tenho uma fratura e preciso fazer cirurgia; tenho uma massa nabarriga; tenho infecção e por isso fico mais tempo internada; é grave e precisa operar”. Discussão: Através daanálise do conteúdo das entrevistas, encontramos dificuldade dos pacientes em se comunicar com a equipe desaúde causada muitas vezes pelo comprometimento na relação médico cliente, por não haver umrelacionamento de confiança; também foi identificada a diferença na linguagem menos culta e menos técnica do paciente divergindo da linguagem médica; e ainda encontramos o medo e a negação da doença, que faz comque ocorra uma resistência por parte do paciente para lidar com sua nova situação de vida causando assim umimpedimento na comunicação. Conclusão: Encontramos realmente uma dificuldade de comunicação entre aequipe e pacientes, e os fatores que levam a essa dificuldade não são percebidos por ambas as partes, havendoassim a necessidade do desenvolvimento de um trabalho com a equipe, para que haja uma mudança nestas relações.

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PSICOLOGIA

CARACTERÍSTICAS DAS MÃES ACOMPANHANTES NUMA UTI NEONATAL E SUA RELAÇÃO COM AS

ESTRATÉGIAS PARA A INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO

SANTOS, FERNANDA MONTEIRO ALVES DOS (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

Antigamente, gravidez e parto transcorriam em ambiente acolhedor, em uma atmosfera doméstica familiar econtinente. Com o advento da tecnologia e dos profissionais especializados, tornou-se indispensável que o bebênasça protegido por estes, especialmente nas situações onde há riscos para a saúde da mulher ou da criança.Nestas condições o psicólogo passou a ter ampla atuação junto aos pais e corpo técnico para prevenir o surgimento de sofrimentos mentais decorrentes dos processos de hospitalização e para tratamento dedisfunções e patologias já existentes. Apresentar algumas características observadas nas acompanhantes dosbebês internados na UTI Neonatal do Hospital Regional de Presidente Prudente. Pensar estratégias eficazespara minimizar o possível sofrimento que a internação de um RN pode causar na acompanhante e nos familiaresdesta. Foram analisadas 34 entrevistas de triagem, aplicadas durante atividades de estágio supervisionado em Processos Clínicos, no período de março a maio de 2009, na enfermaria de UTI Neonatal. Considerou-se informações referentes à idade, profissão, município de origem, uso de método anticoncepcional, desejomanifesto de engravidar e número de consultas pré-natal realizadas. Na maioria dos casos as acompanhantesdeclaravam que seus companheiros proviam a casa financeiramente. Cerca de 61% delas possuía entre 15 e 20anos de idade e residia nas cidades próximas a que se localizava o hospital, o que requeria que se deslocassem de suas casas para estarem presentes na enfermaria. Embora 57% declarassem não terem desejadoengravidar, 40% relataram não utilizar nenhum método preventivo na ocasião em que engravidaram. Emboravivesse em relacionamento marital, apenas metade das mães declararam ser financeiramente providas peloscompanheiros. Segundo as acompanhantes, residir em outras cidades dificultava a ida e a permanência dasmesmas no hospital, porém, nem sempre isto era considerado relevante pela equipe médica ou mesmo para as outras acompanhantes, causando desconforto nesses relacionamentos. Um dado importante é o fato de quemesmo entre as mulheres que relataram não desejar engravidar observou-se que uma parcela significativa não utilizava nenhum método anticonceptivo. Como motivos de não adesão a prevenção, alegavam que omedicamento “fazia mal”(sic). Uma parcela significativa das mulheres iniciou acompanhamento pré-natal tardiamente, o que se considera um risco tanto para a saúde da mãe quanto do bebê. O atendimento psicológico mostra-se vital, principalmente em casos onde há doença do RN que pode ocasionar a morte do mesmo, ouquando o tratamento é mais demorado, angustiando os familiares. Grupos de orientação aos acompanhantes etrabalhos terapêuticos ocupacionais vêem sendo estudados como técnicas produtivas para minimização dosofrimento.

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PSICOLOGIA

A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO PARA O FAVORECIMENTO DO VÍNCULO MÃE-BEBÊ EM SITUAÇÃO DE UTI NEONATAL

SANTOS, FERNANDA MONTEIRO ALVES DOS (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

WINNICOTT (1988) chama atenção para a capacidade das mães em dedicar-se aos bebês, desde que não lhes falte a característica intitulada por ele de “mãe dedicada comum”. O apoio familiar é vital no processo, tanto dagestação quanto no desenvolvimento do vínculo entre a mãe e o recém-nascido, fortalecendo mãe para lidar com as dificuldades que podem ocorrer na maternidade. Segundo BRAZELTON (1988) há 5 estágios para odesenvolvimento do apego dos pais a seus bebês quando esses necessitam de cuidados especiais logo após onascimento. A falta de apoio familiar podem dificultar a vinculação entre a mãe e o recém-nascido, afetando diretamente o desenvolvimento deste bebê. Relatar os aspectos mais significativos observados durante asatividades de estágio supervisionado em Processos Clínicos desenvolvidos na enfermaria de UTI Neonatal doHospital Regional de Presidente Prudente. Refletir sobre a importância do trabalho do psicólogo realizado juntoaos bebês e suas mães para favorecer a formação do vínculo e auxiliar na minimização dos traumas que ainternação do recém-nascido podem causar a ambos. Foram utilizados registros sobre às atividades de atendimento realizadas durante Estágio Supervisionado em Processos Clínicos desenvolvidos na enfermaria deUTI Neonatal, entre Fevereiro e Maio de 2009. Foram analisadas 34 entrevistas de triagem e relatos dos acompanhamentos realizados de acordo com o método da escuta analítica das acompanhantes durante operíodo de internação de seus bebês. Metade das mães a princípio alegava que estava tudo bem e que suapreocupação era a saúde do recém-nascido;ou/e preocupações com outro(s) filho(s). Num segundo momento,essas mães relataram problemas familiares e um intenso sentimento de culpa por não terem desejado o bebê. Anegação das mães, em um primeiro momento,sugere a dificuldade das mesmas em lidar com estes. É possível observar que estas imaginavam a situação de maternidade como algo extremamente positivo, de modo que asituação real enfrentada confronta-se com os pensamentos idealizados. Quando a dificuldade pareceintransponível a ajuda do psicologo é vital. O sentimento de “estranhamento” ao hospital pode ser averiguadonas acompanhantes primíparas. Quando o vínculo que a mãe estabelece com seu bebê durante a gestação enas primeiras semanas após o parto é comprometido, o desenvolvimento deste bebê também pode ser. Ajudar na mobilização dos recursos internos da acompanhante para lidar com situação difícil é vital, pois além dacondição delicada do bebê,estas podem ser alvo de pressão social que as rotula de insensíveis por evitarem ovínculo com seu bebê.Quando há dificuldade no desenvolvimento do apego,pode restar apenas a alternativa deevitá-lo. Por isto é importante tentar minimizar o stress causado pelo nascimento prematuro, ou que não ésaudável e necessita internação, de modo a evitar que se desencadeiem características patológicas no estabelecimento do vínculo. .

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PSICOLOGIA

REPENSANDO SOBRE A VELHICE E AS INSTITUIÇÕES ASILARES

SANTOS, FERNANDA MONTEIRO ALVES DOS (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

O referido trabalho pretende abordar do ponto de vista teórico a relação entre Idoso e Asilo. Utiliza o termo Idososegundo o estabelecido no Estatuto do Idoso (2003) e é destinado a todas as pessoas com idade igual ousuperior a 60 (sessenta) anos. Uma das características marcantes da população que envelhece no Brasil é apobreza. Aposentadorias e pensões constituem a principal fonte de rendimentos da população idosa. Se por umlado o número de benefícios concedidos a cada ano é crescente, por outro, as despesas médias com opagamento desses benefícios pela Previdência vêm apresentando, com raras exceções, variações negativas. OsAsilos surgiram como resposta orgânica da sociedade a este problema. . O trabalho propõe uma reflexão sobre idosos e as instituições de caráter asilar tendo como base as concepções de alguns autores sobre o tema. Oreferido trabalho utiliza como método a pesquisa bibliográfica que; partindo de uma leitura inicial superficial do material bibliográfico, aprofunda a compreensão do mesmo relacionando-os com as vivências de estágio e supervisão. Os resultados apontam para duas principais posições sobre a problemática: a primeira parte de umaconcepção idealista, onde o idoso viva de forma digna tendo plena condição de sobrevivência através deaposentadoria e benefícios, mantendo um convívio social e familiar; a segunda posição parte de uma concepçãoonde a realidade socioeconômica do país é intensamente considerada, e defende a idéia que para os idosos que vivem em situação de miséria social, o asilamento é muitas vezes a única forma de sobrevivência digna possível.Em uma sociedade em que o respeito para com o Idoso fosse regra, as instituições asilares perderiam a funçãoque hoje executam. Porém, quando se considera a atual dinâmica social, pode-se concordar que os asilospossuem função “positiva” a idosos em situação de vulnerabilidade social. . Com base nas pesquisas realizadas,foi possível constatar a necessidade de material empírico sobre o tema em questão, já que este é escasso. Estaconstatação se fundamenta considerando a importância do tema; pois segundo o IBGE (Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística) o número de pessoas com mais de 60 anos cresce no mundo todo, sendo que no Brasil, os mais velhos soma hoje cerca de 14 milhões de pessoas. No ano de 2025, este numero subirá para 33milhões de brasileiros, o que gerará uma modificação no perfil populacional. .

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PSICOLOGIA

INSTITUIÇÃO PARA CRIANÇAS CUJOS PAIS PERDERAM A GUARDA, SEGUNDO WINNICOTT

VILLELA, FABIO CAMARGO BANDEIRA (Docente - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE

MESQUITA FILHO - UNESP)

EVANGELISTA, ARIADNE DE SOUSA (Discente de curso de graduação - UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO - UNESP)

A teoria psicanalítica winnicottiana não trata especificamente da questão de instituições totais, para criançascujos pais perderam a guarda. Contudo, da experiência de Winnicott durante a segunda guerra mundial, comopsiquiatra responsável por alguns alojamentos para crianças desajustadas, surgiram muitas contribuiçõesvaliosas para pensá-las, que estão reunidas em seu livro Privação e delinquência. O presente trabalho tem por objetivos discutir as necessidades emocionais das crianças, de forma geral, e, assim, identificar algumasconseqüências para o desenvolvimento emocional na ausência do atendimento dessas necessidades. Winnicottconsidera uma das maiores necessidades para o bom desenvolvimento emocional de uma criança a presençade uma mãe (ou substituta) suficientemente boa, pronta para atender suas necessidades físicas e emocionais,afirmando que a ausência dela pode acarretar prejuízos. Para ele, depois de estabelecida uma boa relaçãoobjetal, esta precisa ser mantida, pois a privação dos pais antes dos cinco anos pode ser muito prejudicial àcriança e acarretar graves conseqüências detectadas em anos posteriores, entre elas os distúrbios de comportamento ou de caráter, que podem ir da simples enurese noturna até as psicopatias. A metodologiautilizada inicia-se com um levantamento bibliográfico sobre as necessidades da criança pequena de modo gerale alguns dados de crianças que foram retiradas dos pais por algum motivo específico. Até o presente momento,estão sendo estudadas as idéias de Winnicott, para compreender melhor quais as necessidades das criançaspara um bom desenvolvimento emocional. O livro de Goffman também é estudado, com o propósito de compreender melhor o conceito e as caracteristicas de uma instituição total. Segundo a psicanálise, essa criançaestá sendo privada de um bem necessário para desenvolvimento emocional saudável e isso pode terconseqüências presentes e futuras. Se nenhum familiar assumir a guarda dessa criança, provavelmente estaserá encaminhada a uma instituição de acolhimento. Se adequada, esta pode fazer o papel de um lar substitutosem maiores danos e os cuidadores podem representar o papel dos pais, em alguns casos de melhor maneira que os próprios pais biológicos, embora isso seja raro e a institucionalização costume acarretar gravesproblemas. Em uma analise preliminar, pode-se concluir que a familia e o lar são as melhores oportunidades deuma criança se desenvolver de forma saudável. E que uma instituição adequada seria aquela que se aproximaao máximo desse formato, ou seja, de preferência poucas crianças por alojamentos, com um casal decuidadores, bem estruturados emocionalmente, onde um fizesse o papel do pai e outro da mãe, um assistente social e um psiquiatra para dar orientação aos cuidadores. A terapia individual só seria aplicada se observadauma especial necessidade por parte da criança.

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PSICOLOGIA

UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO COMPORTAMENTO AGRESSIVO DE CRIANÇAS

DENOMINADAS DIFÍCEIS

AREDES SOARES DOS SANTOS, GISLAINE (Discente de curso de graduação - UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO - UNESP)

WIEZZEL, ANDREIA CRISTIANE SILVA (Docente - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE

MESQUITA FILHO - UNESP)

Desde o início de seu desenvolvimento tanto motor como psicológico, a criança precisa de cuidados que muitas vezes só podem ser proporcionados por sua mãe ou seus cuidadores. O vínculo de afetividade familiar é umadecorrente que caracteriza esse processo, onde a criança forma suas características mais importantes, que porvezes passam despercebidas a nós, mas ao decorrer dos anos se evidencia através de suas atitudescomportamentais. A crescente de ocorrências de ações agressivas de crianças ainda na pré-escola, atenta- nos aos possíveis motivos da ação de tais crianças e nos volta ao momento de reestruturação da base do bom desenvolvimento de uma criança: A família. Este trabalho se estrutura a partir da análise de pontos que indicama influência familiar na ação agressiva de crianças, objetivando-se a proporcionar a compreensão de pais e professores de tais atitudes acéticas e visando a contribuição para um melhor desempenho nas relaçõesinterpessoais da vida infantil. Através de uma metodologia psicanalítica observa-se algumas crianças em uma brinquedoteca, montada em escolas da rede municipal de ensino na cidade de Presidente Prudente. Com o brinquedo proporciona-se à criança a oportunidade de expressar seus anseios e angustias, e assim é feita aanálise das possíveis ligações com traumas familiares. Reuniões mensais, para a fundamentação teórica doprojeto e outros assuntos que vierem a ser necessários, também vêm para somar como uma fonte para oalcance de melhores resultados. O presente trabalho está em processo de realização, e através de uma vastaliteratura percorrida e observação de tais crianças, vê- se na expressão das crianças com os brinquedos, aligação que é feita pela própria criança entre a relação com sua família e suas ações agressivas explicitadas aobrincar, denotando-se a grande interferência na sua ação anti-social desde o inicio de seu desenvolvimento. Alguns fatos como rejeição, abandono, morte da mãe, ausência do pai como porto seguro em um lar,desestrutura psicológica da própria mãe ao lidar com seu filho, podem ser fatores cruciais determinantes nasatitudes anti-sociais dessas crianças, e mostram como uma criança que tenha sofrido privação pode apresentaratitudes anti-sociais e sinais claros de relações com o universo da delinqüência. A criança é um ser especial quenecessita de cuidados essenciais para viver fraternalmente e adequadamente em um determinado ambiente. É dever dos pais e professores buscar propiciar esse ambiente e solucionar problemas que muitas vezes está noâmbito familiar e são desconsiderados por todos. Com uma atenção um pouco mais rigorosa à essa área, pode-se causar diferenças agradabilíssimas para a criança, no que tange à ampliação de afeto familiar e melhordesempenho sócio-escolar.

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PSICOLOGIA

CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR E GESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

SOBRAL DIAS, RENATA CRISTINA (Discente de programa de Pós-Graduação - UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO - UNESP)

GAVA SCHMIDT, MARIA LUIZA (Docente - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA

FILHO - UNESP)

Idealizado pela Constituição de 88 o Sistema Único de Saúde, completou 20 anos como um ambicioso programasocial destinado a atacar a histórica desigualdade nacional, ao estabelecer a saúde como um direito do cidadãoe um dever do Estado. Na mesma direção, regulamentou-se a Lei Federal 8080/90, dispositivos constitucionais sobre Saúde do Trabalhador. Entra em vigor desde 2004, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador, que visaà redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução de ações de promoção,reabilitação e vigilância na área de saúde. Suas diretrizes, descritas na Portaria nº 1.125 de 6/07/2005,compreendem: a atenção integral à saúde, a articulação intra e intersetorial, a estruturação da Rede Nacional deAtenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), o apoio a estudos e pesquisas, a capacitação de recursoshumanos e a participação da comunidade na gestão dessas ações. A RENAST composta por 161 Centros deReferência em Saúde do Trabalhador, preconiza que eles realizem ações de prevenção, promoção, diagnóstico,tratamento, reabilitação e vigilância em saúde dos trabalhadores urbanos e rurais, independentemente dovínculo empregatício e do tipo de inserção no mercado de trabalho. Nesse sentido, o CEREST de nossa região, tem um papel fundamental no sentido de contribuir para mudar e melhorar o perfil da saúde do trabalhador nasua área de abrangência, uma vez que a instituição é resultado de uma política sanitária governamental,decorrente de um processo reivindicatório entre diferentes atores: trabalhadores, sindicalistas, profissionaisinteressados na preservação da saúde. Para tanto, objetiva-se com a pesquisa verificar a concepção dos gestores de saúde da área de abrangência do CEREST - PP sobre a importância deste para região, enquanto ator do processo saúde do trabalhador. Sobre as questões metodológicas optou-se pela abordagem quantitativa e qualitativa, onde os dados serão coletados por intermédio de dois instrumentos: questionário auto-aplicável em todos os gestores (chefia, supervisão, coordenação) vinculados às Instâncias que se articula com o CEREST-PP; e, entrevista semi-dirigida com os secretários de Saúde das respectivas instâncias. Os dados serãoanalisados categoricamente, cada qual em seu tempo e especificidade, considerando o escopo teórico utilizadona pesquisa. A pesquisa está em andamento, portanto, não apresentaremos conclusões. No entanto, refletirsobre a percepção dos gestores envolvidos na atenção e vigilância da saúde no trabalho contempla a conscientização das ações que podem ser incrementadas ou corrigidas.

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ENAEXT 2009 POSTER

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PSICOLOGIA

ANÁLISE DA ADMISSÃO DOS PACIENTES NO AMBULATÓRIO DE PSICOLOGIA DO HOSPITAL

REGIONAL DE PRESIDENTE PEUDENTE

CHAVES SANTOS, CAROLINA (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

ALVES HERRERIA, ANA LUCIA (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

SACCHETIN, DEUCY MARIA FERRUZZI (Docente - UNOESTE)

NETTO, LORENA MADEIRAL (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

Após análise da entrada do paciente no Ambulatório de Psicologia do HUDLC em 2007, foi implantado o serviçode triagem para melhor funcionamento do serviço. Com um ano e meio de funcionamento, ainda encontramos dificuldades em atender a demanda encaminhada. Este trabalho pretende analisar as condições atuais dorecebimento do paciente no ambulatório de psicologia do Hospital Regional de Presidente Prudente. Ospacientes atendidos têm acima de 18 anos, são moradores de Presidente Prudente e região, e foramencaminhados por diferentes especialidades da área da saúde. Depois de recebido o encaminhamento, ospacientes são contactados via telefone para o agendamento de uma triagem. Após a triagem, os pacientes aguardam o atendimento em uma lista de espera. Para realização do trabalho foram analisadas pastas queconstam arquivos dos encaminhamentos recebidos e registros dos pacientes atendidos. Foram tabulados todosos encaminhamentos recebidos no período de janeiro a junho de 2009; posteriormente contados os números depacientes: agendados; que compareceram a triagem; que aguardam na lista de espera; e que entraram noprocesso de psicoterapia. Como resultados, encontramos que foram recebidos 83 encaminhamentos de diversas especialidades da área da saúde. Dos encaminhamentos recebidos, 60 foram agendados por telefone, 20pacientes não foram localizados e 3 pacientes não tinham interesse no agendamento da triagem. Dos 60pacientes agendados, 37 (62%) comparecerem à triagem e 23 faltaram (32%). Dos 37 pacientes triados, 3 nãotiveram interesse no acompanhamento psicológico. Portanto, da população inicialmente encaminhada, 34pacientes (41%) ficaram na lista de espera, e destes, 10 pacientes (12%) iniciaram acompanhamento ainda no primeiro semestre. Analisando os dados coletados, podemos identificar uma grande dificuldade na comunicaçãoinicial com o paciente, pois o horário de funcionamento do ambulatório muitas vezes não corresponde ao horáriode acesso do paciente aos telefonemas. Outro aspecto considerado é ao elevado número de faltas na entrevistade triagem, no qual podemos levantar algumas hipóteses: a falta de orientação sobre o encaminhamento quandooferecido pelo profissional da saúde, pois no contato telefônico, muitos pacientes não sabiam que tinham sidoencaminhados para atendimento psicológico, mas aceitavam o agendamento; a limitação do horário defuncionamento do ambulatório, apenas às 6ªfeiras; a dificuldade de transporte até o hospital. Identificamos que menos da metade dos pacientes encaminhados tem interesse no acompanhamento psicológico, mas aindaassim o serviço prestado à população não tem capacidade de atender a demanda existente. Quanto à triagem,percebemos que contribui para melhor eficiência do atendimento ambulatorial já que melhora a organização noatendimento dos pacientes e também proporciona o direcionamento dos pacientes que realmente querem seratendidos.

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

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RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

FUNES LUZIO, ALICIA GISSELLE.................................................................................................. 269

MIELKE, ROBERTO......................................................................................................................... 269

PRANDINI, JÉSSICA CAMARINI..................................................................................................... 269

RAMOS, KADIJA BRANQUINHO .................................................................................................... 269

RAMOS, KADIJA BRANQUINHO .................................................................................................... 270

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 269

ENAEXT 2009 COMUNICAÇÃO ORAL

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PSICOLOGIA

UMA LEITURA PSICANALÍTICA SOBRE O ADOECER DE PACIENTES DA CLÍNICA ESCOLA DE

FISIOTERAPIA

RAMOS, KADIJA BRANQUINHO (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

FUNES LUZIO, ALICIA GISSELLE (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

MIELKE, ROBERTO (Docente - UNOESTE)

PRANDINI, JÉSSICA CAMARINI (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

O Projeto de Extensão “Acompanhamento psicológico aos pacientes da Clínica Escola de Fisioterapia” daUNOESTE é desenvolvido por estagiárias do curso de Psicologia e ocorre na Clínica Escola de Fisioterapia. Oprojeto surgiu através da solicitação da coordenação da Clínica de Fisioterapia, devido à observação de quefatores psicológicos interferem no tratamento fisioterápico. Muitos pacientes apresentavam resistência aotratamento, estados emocionais alterados em decorrência do adoecimento e suas limitações, com dificuldadesde aceitação e adaptabilidade. Os atendimentos psicoterápicos foram embasados na abordagem Psicanalítica enquanto método e explicação teórica para compreender os agravamentos emocionais decorrentes do adoecer.Visando: proporcionar uma escuta psicanalítica aos afetos e emoções do paciente ou de seus familiares quandonecessário; proporcionar um espaço que ofereça condições para que o paciente, através da verbalização, possaresignificar as suas perdas; buscar um deslocamento da história da doença para a história do doente; e destinarum olhar sobre as condições subjetivas, familiares e sociais do paciente, como aspectos importantes da organização psíquica e no processo do adoecer. O indivíduo ao ser acometido de um mal estar físico ésurpreendido por um mal estar emocional, um desprazer que é advindo da percepção interna da suaincapacidade física, das conseqüências do adoecer e da perda do ideal de si mesmo. É a castração quenovamente se impõe, pois sua doença é uma interrupção do fluxo natural de seus investimentos libidinais. Oindivíduo que normalmente tem seu investimento libidinal voltado para o mundo externo, com a realidade da enfermidade retira suas catexias libidinais dos objetos e direciona-as para seu próprio ego, ocorrendo uma introversão da libido. A doença como centro de sua vida impede o sujeito de amar e trabalhar normalmente,devido a sua própria dificuldade de elaborar as perdas. Essa perda se remete a sua imagem do eu narcísico eda sua onipotência, ocorrendo um estado de luto ou melancolia. A subjetividade é o modo particular com quecada indivíduo compreende sua enfermidade. É a partir de suas vivências que o paciente pode transformar oobjeto bom em ruim ou vice-versa. A doença não é o aspecto mais significativo numa frustração e sim o que elarepresenta a partir de seu mundo interno. Acreditamos que é através da maneira de como o indivíduo pode resignificar as suas perdas que ele consegue conscientizar-se da percepção dos seus limites a fim de que possa contorná-los e até mesmo para que haja assim um equilíbrio do sujeito. Entendemos que uma das maneirasmais eficazes para essa resiginificação é através do atendimento psicoterápico.

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009

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ENAEXT 2009 COMUNICAÇÃO ORAL

UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA - UNOESTECIÊNCIAS HUMANAS

PSICOLOGIA

PROJETO PILOTO: IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE CARRINHOTECA NA UNIDADE DO PRONTO-

SOCORRO INFANTIL

RAMOS, KADIJA BRANQUINHO (Discente de curso de graduação - UNOESTE)

PROJETO PILOTO: IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE CARRINHOTECA NA UNIDADE DO PRONTO-SOCORRO INFANTIL. Andrea Nunes Barroso Docente do curso de Psicologia da UNOESTE Kadija BranquinhoRamos Discente do curso de Psicologia da UNOESTE O presente trabalho é baseado no desenvolvimento doprojeto de extensão “Grupo de Apoio Psicológico”. Foi realizado um período de observação na Unidade doPronto-Socorro Infantil para compreender a dinâmica do setor. Compreendeu-se o quanto o ambiente é angustiante para os acompanhantes e pacientes, a incapacidade dos profissionais em atender crianças eadolescentes, a precariedade de humanização e a emergente necessidade de minimizar o sofrimento de umaemergência médica, auxiliando no entendimento do adoecer e suas conseqüências. Um estudo aprofundado foirealizado sobre a hospitalização infantil via pronto-socorro, demonstrando as implicações, os cuidados e osfatores psicológicos envolvidos. Uma proposta de intervenção foi elaborada, buscava-se humanizar o local, oferecer a escuta aos acompanhantes e pacientes, fornecer atividades lúdicas durante o tratamento hospitalar eproporcionar um atendimento holístico. O trabalho teve duração de três meses, ocorrendo por três horas durante dois dias da semana. Os brinquedos eram colocados em um carrinho de metal, sendo decorado e denominadode “carrinhoteca”, passando por todas as salas no Pronto-Socorro Infantil. O enfoque de atenção era realizado conforme a demanda percebida ou ocorrendo através da solicitação da equipe de saúde. Entre as implicações eos fatores psicológicos observados no Pronto–Socorro Infantil os mais relevantes foram de que o tempo deespera para que os resultados da medicação possam fazer efeito é um fator que causava angústia, despertando muitas fantasias. A equipe de saúde apresentava algumas dificuldades quando a dor não era aliviada,ocasionando um desentendimento entre paciente-profissional. Durante os primeiros procedimentos médicos,ocorria falta de diálogo entre a criança e aquele que realizava os cuidados médicos, muitos procedimentossendo realizados à força. A espera pelo resultado de exames era gerador de muita ansiedade. O tempo deespera para o conhecimento de uma possível internação também provocava intranquilidade, tanto na criançacomo na mãe. A reação frente a uma possível cirurgia era algo que ocasionava desespero e medo. Quanto maisprecoce as intervenções, menores as possibilidades de agravamento e maiores as expectativas de recuperação psíquica dos pacientes, através da atuação do psicólogo pode-se proporcionar um atendimento holístico e a garantia que o mundo da criança possa ser respeitado. A escuta psicológica e o brincar surgem como técnicaspara intervir nas demandas provenientes, proporcionando uma redução da ansiedade presente nosacompanhantes das crianças que chegam ao hospital, o que contribuem de maneira significativa para o nãoagravamento dos sintomas da criança.

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 271

RESUMOS DE PROJETOS

BICEGLIA, ILZA LÍGIA ..................................................................................................................... 272

MELLO, IGOR COSTA PALO ......................................................................................................... 272

YOSHIMOTO, AYAKO ..................................................................................................................... 272

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, 2009 272

ENAPI 2009 COMUNICAÇÃO ORAL

UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA - UNOESTECIÊNCIAS HUMANAS

PSICOLOGIA

COMPARATIVO DOS FATORES DE ESTRESSE CRÔNICO OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DA

ENFERMAGEM QUE ATUAM NOS CONTEXTOS AMBULATORIAL, DE PRONTO-ATENDIMENTO E EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE

YOSHIMOTO, AYAKO (Discente de curso de graduação - UNOESTE) BICEGLIA, ILZA LÍGIA (Docente - UNOESTE)

MELLO, IGOR COSTA PALO (Docente - UNOESTE)

O trabalhar é um ato imprescindível para as pessoas, pois este, dentre outros aspectos, se refere à própria sobrevivência e ao condicionamento social do indivíduo. É através do trabalho que o indivíduo pode criar acultura, a linguagem, a história e a si mesmo. No entanto, a atividade laboral é uma prática que pode ocupar grande parcela do tempo de cada indivíduo, bem como do seu convívio social. Dejours (1991) afirma que otrabalho pode causar problemas e ou prejuízos à vida do indivíduo que vão desde uma insatisfação até oaparecimento de doenças físicas e ou psicológicas, como o estresse e a síndrome do Burnout, por exemplo. Naatualidade, as atividades laborais reforçam a necessidade que os profissionais, e em específico os da saúde,tem em se dedicarem exaustivamente pela vida de outras. Desta forma, a investigação da saúde mental do profissional da enfermagem em contextos diferenciados (Pronto-atendimento, Unidades Básicas de Saúde e Ambulatórios), poderá demonstrar como estes profissionais respondem às exigências e expectativas geradaspela profissão no contexto de sua atuação, pois a saúde física e mental do profissional da saúde éimprescindível para a qualidade do atendimento prestado aos usuários destes serviços. Este estudo tem comoobjetivo investigar a ocorrência de estresse crônico em profissionais de enfermagem nas modalidades de serviço de saúde em que atuam - Pronto-Socorro, em ambulatórios de especialidades e unidades básicas de saúde dePresidente Prudente/SP, fazendo uma análise comparativa com o contexto de atuação. Para a pesquisa serãoutilizados os seguintes instrumentos: Inventário Síndrome de Burnout de Maslach (MBI) que visa identificar apresença de exaustão emocional, desumanização e reduzida realização pessoal no trabalho; Questionário deSaúde Geral de Goldberg (QSG), que visa avaliar a saúde mental das pessoas por meio de itens que indicam a presença ou ausência de sintomas ou distúrbios clínicos não-psicóticos ou transtornos mentais comuns; e Roteiro de Entrevista que norteará a entrevista a ser realizada para obter dados subjetivos relacionados com trabalho. A seleção dos sujeitos da pesquisa obedecerá aos critérios de acessibilidade e intencionalidade, numtotal de 30 sujeitos, que atuam em Pronto-Socorro, em ambulatórios de especialidades e unidades básicas desaúde de Presidente Prudente/SP, sendo 10 de cada “locus” de atuação, de ambos os sexos. A fala doentrevistado será analisada através do método da análise de conteúdo, construindo categorias de significadosdas respostas por semelhança.

Colloquium Humanarum, vol. 5, n. Especial, 2009