avaliação nutricional de pomares cítricos na região de bebedouro

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BOLETIM CITRÍCOLA UNESP/FUNEP/EECB Junho nº 17/2001 EECB José Geraldo Baumgartner & José Ricardo Moreira Cabrita AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE POMARES CÍTRICOS DA REGIÃO DE BEBEDOURO AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE POMARES CÍTRICOS DA REGIÃO DE BEBEDOURO

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Page 1: Avaliação Nutricional de Pomares Cítricos na Região de Bebedouro

BOLETIM CITRÍCOLA

UNESP/FUNEP/EECB

Junho nº 17/2001

EECB

José Geraldo Baumgartner & José Ricardo Moreira Cabrita

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE POMARESCÍTRICOS DA REGIÃO DE BEBEDOURO

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE POMARESCÍTRICOS DA REGIÃO DE BEBEDOURO

Page 2: Avaliação Nutricional de Pomares Cítricos na Região de Bebedouro

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DEPOMARES CÍTRICOS DA REGIÃO DEBEBEDOURO, NORTE DO ESTADO

DE SÃO PAULO

José Geraldo Baumgartner eJosé Ricardo Moreira Cabrita

Jaboticabal - SPFunep

2001

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Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição eTratamento da Informação - Serviço Técnico de Biblioteca eDocumentação

2001Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão punidos na forma da lei.FUNDAÇÃO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONOMIA,

MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - FunepVia de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n

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Home Page: http://www.funep.com.br

Copyright ©: Fundação de Estudos e Pesquisas em Agronomia,

Medicina Veterinária e Zootecnia - Funep

Impressão e acabamento: Funep

Baumgartner, José GeraldoB348a Avaliação Nutricional de pomares cítricos na região

de Bebedouro/ José Ricardo Moreira Cabrita.- Jaboticabal: Funep, 2001 24p-; 21cm. -- ( Boletim Citricola)

1. Citros- Avaliação Nutricional. I. Titulo

CDU - 6343

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ÍNDICE

1. Introdução ......................................................................... 1

2. Amostras de Solo............................................................... 32.1. Critérios de Amostragem ........................................... 32.2. Análises Químicas ...................................................... 42.3. Critérios Interpretativos .............................................. 42.4. Dados Analíticos Consolidados................................. 62.5. Variações Anuais dos Teores de P, K e da

Saturação por Bases (V %)....................................... 82.5.1. Teores de Fósforo Disponível ........................ 82.5.2. Teores de Potássio Trocável ........................ 102.5.3. Índice de Saturação por Bases (V %) ......... 11

3. Amostras de Folhas ......................................................... 123.1. Critérios de Amostragem ......................................... 123.2. Análises Químicas .................................................... 133.3. Critérios Interpretativos ............................................ 143.4. Dados Analíticos Consolidados............................... 143.5. Deficiências de Boro e de Zinco ............................ 20

4. Considerações Gerais ...................................................... 22

5. Referências Bibliográficas ............................................... 23

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Avaliação Nutricional de PomaresCítricos da Região de Bebedouro

José Geraldo Baumgartner eJosé Ricardo Moreira Cabrita

1. Introdução

A região citrícola norte do Estado de São Paulo, aoredor do município de Bebedouro, representa importantepólo de produção de laranjas e de difusão de tecnologia.Abriga, desde 1982, a Estação Experimental de Citriculturade Bebedouro (EECB), que desenvolve intensa atividade depesquisa e extensão. Na área de nutrição e adubação decitros tem como suporte um moderno laboratório de análisesquímicas de solo, de folhas e análises tecnológicas de frutos,que vem mantendo excelente desempenho junto aos orgãosoficiais de controle de qualidade.

A chamada “região citrícola de Bebedouro”, a priori, éconstituída pelos municípios que se destacam em produçãode citros, localizados num raio aproximado de 80 km daquelemunicípio. O clima subtropical da região, com invernomoderado, seco e verão quente, chuvoso (Cwa), é tambémprivilegiado quanto a insolação para a citricultura. Comrelação aos solos, predominam os ARGILOSOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos e ARGISSOLOS VERMELHOSDISTRÓFICOS e Eutróficos (Podzólicos), com textura arenosa/média e média, relevo suave ondulado, bem como osLATOSSOLOS VERMELHOS (Roxos e Vermelho-Escuros),Distróficos, com texturas médias e suave ondulados(OLIVEIRA et al., 1999).

Os ARGISSOLOS são originários de arenitos, formaçãoMarília e Adamantina, enquanto os LATOSSOLOS, de partes

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de basalto e arenito. As diferentes características texturaisdos solos não chegam a recomendar variações de manejoquímico da camada arável.

A laranja Pêra é a variedade que predomina na região,com cerca de 60% da área plantada. Sua produtividade érelativamente baixa, da ordem de 80 kg por planta, ou poucomais de 20t/ha, pouco evoluindo em relação aos dados deprodutividade levantados por ROSSETO et al.(1988). Essesíndices têm sido agravados nos últimos anos por condiçõesdesfavoráveis de distribuição de chuvas, pela incidência daclorose variegada dos citros (CVC) e por manejo irregular decalagem e adubação, que é afetado pelo preço obtido peloprodutor pela caixa de laranja nos últimos anos.

Como os solos da região, sob um mesmo clima,não apresentam muitas variações, por origem, em suascaracterísticas químicas da camada arável e como as práticasde calagem e adubação sofrem influências semelhantes, pode-se inferir que, ao longo do tempo, os pomares desenvolverampadrões de fertilidade do solo, que afetam a nutrição eadubação das plantas, característicos da região. Com basenisso, pensou-se em utilizar o banco de dados de análisesde solo e de folhas dos pomares da região, obtidos noslaboratórios da Estação Experimental de Citricultura deBebedouro, SP, com a finalidade de estimar a atual situaçãonutricional média dos pomares, proporcionando assim aosprodutores uma visão regional que possa orientá-los nomanejo nutricional de suas respectivas glebas. Para representara região foram selecionados dezessete municípios peloscritérios geográficos, de produção de laranjas e pelo númerode amostras de solo e de folhas encaminhadas ao referidolaboratório do ano de 1993 a 2000, os quais são os seguintes,em ordem alfabética: Barretos, Bebedouro, Colina, Colômbia,Itápolis, Jaborandi, Matão, Monte Azul Paulista, Olímpia,Pirangi, Severínea, Taiaçú, Taiuva, Tabapuã, Taquaritinga,Terra Roxa e Viradouro.

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2. Amostras de Solo

2.1. Critérios de Amostragem

As raízes das laranjeiras apresentam maior atividadede absorção de água e nutrientes em área situada entre 0,5 e2,0 m de distância do tronco (MALAVOLTA e VIOLANTENETTO, 1989). Em decorrência disso, a adubação é feita,preferencialmente, numa faixa lateral à planta, de larguraigual ao raio da copa, localizada 2/3 para dentro e 1/3 parafora da linha de projeção da copa. Entretanto há tambémrecomendação de adubação em área total para pomares emprodução, o que, em princípio, levaria a um menoraproveitamento do adubo, na safra em curso.

Em função da localização adotada para o adubo, deve-se estabelecer o critério de amostragem do solo, que visa,essencialmente, a reposição de fósforo e potássio viafertilizantes. A localização sistemática do adubo em faixaslaterais às plantas cria padrões distintos de fertilidade emrelação à região das entrelinhas (meio das ruas).

As faixas adubadas são, no geral, mais ácidas e maisricas em fósforo e potássio. Como a análise do solo visatambém a correção de acidez, com aplicação de calcárioque geralmente é feita em área total, pode-se recomendaruma segunda amostragem de solo a ser feita na entrelinha.Em resumo, para um pomar em produção, é aconselhávelefetuar duas amostragens de solo a 0-20 cm de profundidade:uma no meio da faixa adubada, a mais ou menos 20 cm dalinha de projeção da copa, e outra no meio da entrelinha.Cada amostra deve ser composta pelo solo retirado de pelomenos 20 pontos por área uniforme (quanto ao solo e àplanta) do pomar. A recomendação de adubação deve serfeita com base na amostra de solo da faixa adubada, e paraa dose de calcário consideram-se ambas as amostras. Parapomares em plena produção podem-se fazer análises

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periódicas de fertilidade do solo com intervalos de 3 anos,monitorando-se as plantas com análises foliares feitas comfreqüência de 1-2 anos.

2.2. Análises Químicas

As análises de rotina de fertilidade do solo feitas pelolaboratório da E.E.C.B. seguem a metodologia oficial adotadapelo Sistema de Controle de Qualidade coordenado peloInstituto Agronômico de Campinas, SP. Em resumo, osmétodos analíticos, conforme RAIJ e QUAGGIO, 1983, sãoos seguintes:

pH: Extração do H+ com solução de CaCl2 0,01 M e

relação solo:solução extratora de 1:2,5.Matéria Orgânica: Oxidação por Na

2Cr

2O

7 4N em

H2SO

4 10 N e quantificação colorimétrica.

Fósforo: Extração por mistura de resinas (tipos base

forte e ácido forte) e quantificação por colorimetria docomplexo fosfomolíbdico (molibdato de amônio).

Cálcio e Magnésio: Extração por mistura de resinas equantificação pelo método complexométrico do EDTA.

Potássio: Extração por mistura de resinas equantificação por fotometria de chama de emissão.

H + Al: Calculado a partir da leitura do pH em soluçãotampão SMP.

2.3. Critérios Interpretativos

As classes de teores para interpretação de análisesrotineiras de fertilidade do solo, propostas por QUAGGIO,1996, são apresentadas na Tabela 1.

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Tabela 1. Classes de interpretação de resultados de análises desolo para citros no Estado de São Paulo.

Como se observa, a Tabela 1 não apresenta classes deteores para interpretação das análises de cálcio. SegundoRAIJ, 1991, para o Estado de São Paulo não foram encontradoscritérios lógicos, em termos de fertilidade do solo, querelacionem teores de cálcio, bem como de matéria orgânica,acidez potencial (H + Al) e capacidade de troca de cátions(CTC) com produtividade ou diferenciação de manejo. Emrazão disso, optou-se, neste trabalho, por não apresentar osdados de matéria orgânica e acidez potencial, mas, dada aimportância do cálcio e conseqüentemente da calagem paraa citricultura, decidiu-se pela avaliação dos teores de cálciodas análises, bem como os de CTC, necessários ao cálculode doses de calcário. Para tanto, optou-se, como classesinterpretativas para teores de cálcio, pelas adotadas por outrosautores para outros estados brasileiros (SIQUEIRA et al., 1987)que são:

Baixo: < 20; Médio: 21 - 40 e Alto: > 40, teoresexpressos em m mol

c.dm-3

É importante salientar também que o banco de dadosdo laboratório da E.E.C.B. não tem representatividade paraos micronutrientes, muito pouco solicitados pelos agricultorese em fase de estudo na citricultura. Por isso, as análises demicronutrientes em solo não constam deste trabalho, bemcomo os de enxofre. Este último não tem mostrado efeito nacitricultura em virtude da elevada utilização de defensivosque o contêm.

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2.4. Dados Analíticos Consolidados

No período de 1993 a 2000 foram processadas 15.534amostras de solo, provenientes dos dezessete municípios maisrepresentativos desta região citrícola. Essas amostras foramsubmetidas às análises químicas rotineiras de fertilidade dosolo e os dados analíticos médios, entre municípios e anossão apresentados na Tabela 2.

Além dos índices de fertilidade do solo foramcalculados índices de porcentagem de pomares deficientes(% Deficientes) tomando-se como referência os valoresinferiores a:

PH= 5; P= 13 mg.dm-3; K= 1,3 mmolc.dm-3; Ca= 20

mmolc.dm-3; Mg= 4 mmol

c.dm-3 e V%=50.

Tabela 2. Índices mínimos, médios, máximos e de pomaresdeficientes, das análises de fertilidade do solo,efetuadas no laboratório da E.E.C.B. Médias de 8 anos(1993-2000), da região citrícola de Bebedouro.

De início, os valores da Tabela 2 mostram amplitudeslargas entre os valores mínimos e máximos para os diferentesdados analíticos indicando significativa diversidade no usode calcário e adubos. Os valores de fósforo, potássio e cálcioestão variando de muito baixos a altos enquanto os valoresde magnésio entre médios e altos. A saturação por base (V%) média, entretanto, não chega a atingir níveis muito baixos.Esses valores de saturação por bases combinados com oíndice de 51 % dos pomares deficientes em cálcio dificultaminferências com relação à calagem em termos de frequência

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freqüência e doses necessárias. Entre as porcentagens depomares deficientes verifica-se que o destaque é para o cálcio(51 % com teores inferiores a 20 m mol

c. dm-3), estando a

deficiência de fósforo em segundo lugar (32 %). O cálcio é oelemento que predomina destacadamente entre as basestrocáveis do solo e, dessa forma, comanda a reação domesmo, indicada pelo pH. Neste aspecto há uma discrepânciaentre os dados, pois, enquanto 51 % dos pomares seriamdeficientes em cálcio, apenas 24 % seriam ácidos, isto é, comvalores baixos de pH e V %. Esses dados sugerem que oíndice de 20 m mol

c. dm-3 de cálcio parece superestimado

como limite entre adequado e deficiente. Por outro lado háconsistência entre os dados de pH e V %, ambos indicando,igualmente, uma média de 24 % de solos ácidos.

Vale a pena lembrar que a calagem para citros emgeral é recomendada para a elevação da saturação por basesa 70 % (V %). O valor médio, portanto mais representativoda região, neste período de 8 anos foi de V % = 58, sugerindoque o uso de calcário deveria ser incentivado. Há, contudo,a questão referente à V % adequada aos citros. BOARETTOet al., 1996, com base em minuciosa revisão bibliográficaconcluiram que a pesquisa não indica aumentos deprodutividade quando a V % é igual a 60.

Ainda em relação à calagem há a questão do magnésio.Predominam na região os teores altos de magnésio nos solos(Mg > 8 m mol

c. dm-3), com apenas 4 % de pomares

deficientes nesse nutriente. É difícil compreender por que 51% dos pomares apresentam teores baixos de Ca e apenas 4%, teores baixos de Mg, uma vez que os calcários utilizadosna região, predominantemente, são os dolomíticos com médiade 24 % de CaO, 15 % de MgO e PRNT de 70 %, e osmagnesianos com 30 % de CaO, 10 % de MgO e PRNT de90,1 %.

Apesar dos dados indicarem índices elevados de pobrezaem cálcio e riqueza em magnésio, não há ainda justificativa

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para indicação de uso de calcário calcítico. As plantas emgeral, inclusive citros, apresentam alta tolerância ao magnésio,apesar deste ser um competidor na absorção e utilização demanganês. Estando o micronutriente adequadamente suprido,pode-se usar, na região, qualquer tipo de calcário,prevalecendo na escolha o preço e sua eficiência relativa(PRNT). Entretanto, para os poucos pomares que apresentamteores baixos de magnésio (< 4 mmol

c. dm-3), recomenda-se o

calcário dolomítico, pois a deficiência de magnésio pode serinduzida por altas doses de potássio às vezes empregadas.

Com relação aos teores de fósforo e potássioencontrados, observa-se claramente que o problema maioré a deficiência de fósforo, presente em 32 % dos pomares,enquanto a de potássio situa-se na faixa dos 15 %. Os dadossugerem cuidados nos programas de adubação com uso defórmulas contendo baixas proporções de fósforo, tipo 20-05-20 que, feito sistematicamente, poderá agravar adeficiência do nutriente para um número representativo depomares.

2.5. Variações Anuais dos Teores de P, K e daSaturação por Bases (V %)

A análise do solo é básica para a recomendação dacalagem, através da V % e da adubação fosfatada e potássica,já que a adubação nitrogenada é indicada com base na análisefoliar. Em vista disso, resolveu-se detalhar as variações anuaisdesses parâmetros, isto é, teores disponíveis de fósforo e potássioalém da V %, para visualizar os efeitos recentes da calagem eda adubação na fertilidade dos solos dos pomares da região.

2.5.1. Teores de Fósforo Disponível

Na Figura 1 são representadas as variações anuais dosteores máximos, médios e mínimos de fósforo no período 1993a 2000, como médias de todos os municípios da região coletar

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Figura 1. Teores de fósforo solúvel (mg.dm-3) no período de1993 a 2000. Médias de 17 municípios da região deBebedouro, SP.

A Figura 1 mostra oscilação nos teores máximos, médiose mínimos de fósforo solúvel das amostras, indicando quenão há tendência de enriquecimento progressivo ou deempobrecimento dos solos em função da adubação fosfatadaque vem sendo praticada. Verifica-se um contraste entre oano de 1995 (valores mais baixos) e o de 1997 (valores maisaltos), com posição intermediária para o ano de 1996,sugerindo que, nesse período, pode ter havido incrementono uso do nutriente por meio de doses e/ou freqüência deaplicação. As fórmulas e doses de adubos flutuam em funçãode diversas variáveis como produtividade, preço do produto,mudanças de critérios de recomendação, etc. Os dados médiosdas análises mostraram variação, no período, entre 19 mg.dm-

3 de P (1994) e 29 mg.dm-3 de P (1997). Esses valores estãodentro da classe considerada média de teores de fósforo,portanto com baixa probabilidade de resposta à adubação.O Grupo Paulista, 1994, recomenda a eliminação de fósforona adubação quando o teor no solo estiver acima de 30mg.dm-3, enquanto QUAGGIO, 1996, verificou que acima de20 mg.dm-3 não foi obtida resposta à adubação

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63

3

19

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6

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0

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60

70

80

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100

P so

lúve

l mg.

dm-³

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Anos

Teores Mínimos

Teores Médios

Teores Máximos

Faixa Adequada

30

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fosfatada dos citros.Dessa forma, as oscilações de teor de fósforo nas

análises da região, no período, justificam o decréscimo deuso de fósforo na adubação, mas os dados da Tabela 2indicam necessidade de cautela nessa prática, pois um númerosignificativo de amostras (32 %) apresentou valores abaixode 13 mg.dm-3, que é considerado o valor limiar entreadequado e deficiente.

2.5.2. Teores de Potássio Trocável

Na Figura 2 são apresentadas as variações dos teoresmáximos, médios e mínimos de potássio trocável no doperíodo de 1993 a 2000, como médias de todos os municípiosda região.

Figura 2. Teores de K trocável (mmolc.dm-3) no período de1993 a 2000. Médias de 17 municípios da região deBebedouro, SP.

A Figura 2 mostra que os teores médios anuais de potássiotrocável estão todos dentro de faixa adequada, indicando baixaprobabilidade de resposta à adubação potássica, no geral.

As adubações fosfatadas e potássicas, na maioria doscasos, são feitas simultaneamente e guardando certa relação

0,8

2,6

6,5

0,8

2,8

10,3

0,8

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0,7

2,6

5,4

0,7

2,7

6,6

0,6

2,1

5,8

0,8

2,3

6,1

0

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4

6

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10

12

K tr

ocáv

el m

mol

c.dm

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Anos

Teores Mínimos

Teores Médios

Teores Máximos

3,0

1,6

Faixa Adequada

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entre as doses de cada nutriente. Entretanto a distribuiçãoanual de teores disponíveis, entre esses nutrientes, é distinta.Para o fósforo, no período de 1995 a 1997 houve acréscimogradativo de teores solúveis nas amostras analisadas,enquanto, para o potássio houve estabilização e com teoresmáximos, inferiores aos valores registrados nos demais anosdo período, ocorrendo um destaque para o ano de 1994,com o registro de teores muito altos do nutriente.

De forma semelhante ao critério para a adubaçãofosfatada, no caso do potássio recomenda-se suprimir aadubação quando os teores no solo atingem valores iguaisou superiores a 3 mmol

c. dm-3.

A freqüência de dados nessa faixa (> 3 mmolc. dm-3) é

relativamente alta, indicando que, em muitos casos, o maisrazoável é a adubação individualizada com fósforo e potássio,em detrimento das fórmulas tradicionais de fertilizantes.

2.5.3. Índice de Saturação por Bases (V %)

Na Figura 3 são representadas as variações anuais dosteores máximos, médios e mínimos de saturação por basesno período de 1993 a 2000, para toda a região.

Os dados da Figura 3 mostram que os valores médiosobtidos para saturação por bases (V %) estão situados acimade 50 e abaixo de 70, com pequenas variações entre osdiferentes anos. Isso indica que a maioria dos pomaresdemanda calagem, mas que a probabilidade de resposta aessa prática, em produção, é pequena, como foi discutidoanteriormente. O V % abaixo de 50 representa apenas 24 %dos pomares (Tabela 2), e para esses valores a calagem éindispensável. Pressupõe-se que a maioria, se não atotalidade, das amostras encaminhadas tenham sido retiradasda faixa adubada que sofre processo de acidificação devidoàs reações dos adubos, no solo, principalmente. Nesta situaçãocausam surpresa os valores máximos encontrados no diferentes

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Page 17: Avaliação Nutricional de Pomares Cítricos na Região de Bebedouro

anos, que giram em torno de V % = 80 % e indicam excessode calcário, por tratar-se de faixa adubada. É possível que ocritério para calcular doses de calcário que utiliza a saturaçãopor bases deva ser repensado para citros, pois as doses assimcalculadas estabelecem a necessidade do corretivo paraneutralizar a acidez da camada arável (0-20 cm), e nos pomareso calcário é aplicado em superfície.

Figura 3. Índices de saturação por base (V%) no período de1993 a 2000. Médias de 17 municípios da região deBebedouro, SP.

3. Amostras de Folhas

3.1. Critérios de Amostragem

Os teores de nutrientes nas folhas variam em funçãode múltiplos fatores como a idade da folha, localização destaem ramo frutífero ou não frutífero, altura do ramo na planta,exposição ao sol, entre outros. Assim, para evitar erros

= 2,0; 2) Micronutrientes (mg.kg-1): B = 36,0; Cu = 4,0;Fe = 50,0; Mn = 35,0; e Zn = 35,0.

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80

90

V%

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Anos

Mínimos

Médios

Máximos

50

70

Faixa de Referência

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exposição ao solo, entre outros. Assim, para evitar errossistemáticos de amostragem, recomenda-se, para citros,as 3as ou 4as folhas de ramos frutíferos, com 6 meses de idade,da brotação da primavera anterior, tendo o fruto diâmetro má-ximo de 4 cm.

Coletam-se 4 folhas por planta, uma em cada quadrante(norte, sul, leste, oeste), na altura média da copa, em númerode 25 plantas por área uniforme, totalizando 100 folhas poramostra. Na região de Bebedouro, SP, a amostragem, como éindicada, coincidirá no período de meados de fevereiro a meadosde março de cada ano, variando um pouco em função doinício das chuvas e da brotação da primavera. Deve-se observarum mês de intervalo entre a última adubação via solo ou foliare a coleta das amostras.

3.2. Análises Químicas

As análises foliares de teores totais de macro emicronutrientes nas folhas feitas pelo laboratório da E.E.C.B.seguem a metodologia indicada por BATAGLIA et al., 1983.

A amostra, depois de lavada, seca, moída e peneirada, ésubmetida à digestão para extração dos diferentes nutrientes.Usa-se mistura digestora à base de ácido sulfúrico para extraçãodo nitrogênio, mistura de ácidos nítrico e perclórico para extraçãode fósforo, potássio, cálcio, magnésio, cobre, ferro, manganês ezinco, e finalmente a incineração para extração de boro emolibdênio.

A análise de nitrogênio é feita por destilação, as de fósforo,enxofre e boro, por colorimetria, e as de potássio, cálcio,magnésio, cobre, ferro, manganês e zinco, por espectrofotometriade absorção atômica.

As análises foliares, no Estado de São Paulo, sãosubmetidas ao Programa de Controle de Qualidade coordenadopela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - USP.

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Page 19: Avaliação Nutricional de Pomares Cítricos na Região de Bebedouro

3.3. Critérios Interpretativos

Os teores de nutrientes nas folhas são interpretados maiscomumente por meio das “faixas de suficiência,” embora jáexistam programas de computação para avaliação pelo sistemaintegrado de diagnóstico e recomendação (índices DRIS).

Na Tabela 3 são apresentadas as faixas de suficiênciaatualmente em uso, propostas pelo GRUPO PAULISTA, 1994,para citros.

Tabela 3. Faixas de teores adequados para macro e micronutrientesem amostras de terceira ou quarta folhas de ramosfrutíferos de citros.

3.4. Dados Analíticos Consolidados

No período de 1994 a 2000 foram processadas 1.749amostras de folhas de citros pelo laboratório da E.E.C.B.provenientes dos dezessete municípios representativos daregião. Os dados analíticos médios, dos teores totais demacro e micronutrientes, entre municípios e anos, sãoapresentados na Tabela 4. Além das análises rotineiras dediagnose foliar, foram calculados índices de pomaresdeficientes tomando-se como referência os valores inferioresa: 1) Macronutrientes (g.kg-1): N = 23,0; P = 1,2; K = 10,0;Ca = 35,0; Mg = 2,5; S = 2,0;2) Micronutrientes (mg.kg-1): B =36,0; Cu = 4,0; Fe = 50,0; Mn = 35,0; e Zn = 35,0.

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Tabela 4. Índices mínimos, médios e máximos de teores totaisde macro e micronutrientes nas 3as ou 4as folhas deramos frutiferos de citros e de porcentagens depomares deficientes. Médias de 7 anos (1994 a 2000),da região de Bebedouro.

Os dados da Tabela 4 mostram que, em termos defreqüência de pomares deficientes, os problemas nutricionaisde citros da região podem ser ordenados da seguinte forma: P > B > Zn > Ca > Mg > N > Mn > K > S > Cu > Fe.

Entretanto, considerando os valores médios (Tabela 4) que sãoos mais representativos, em comparação com as “faixas adequadas”(Tabela 3), verifica-se que os teores de N, K, Mg, S e Zn estão dentrodessas faixas, os teores de Cu, Fe e Mn, acima da faixa adequada, eapenas os teores médios de P, Ca e B situam-se abaixo da mesma.

Combinando-se então freqüência de pomares deficientes comos índices médios de teores foliares, pode-se concluir que os problemasnutricionais mais importantes são os de deficiência de fósforo e deboro.

Para auxiliar na interpretação desses dados de análises foliares,recorreu-se ao sistema DRIS, disponibilizado em caráter experimentalpela Potafós (Piracicaba, SP). Os valores médios da Tabela 4 foramencaminhados, via Internet, a essa Entidade, recebendo a interpretaçãoconstante da Figura 4.

Os índices DRIS obtidos (Figura 4) destacam a deficiência deboro em primeiro plano, seguida da deficiência de fósforo. Por outrolado, há um destaque para excesso de magnésio, superando inclusiveo índice obtido para o ferro, freqüentemente presente em níveisaltos nas análises foliares.

Índices Macronutrientes (g.kg-1) Micronutrientes (mg.kg-1)

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

Mínimos 20 0,7 7,2 21 2,2 1,6 24 5 90 29 18

Médios 25 0,9 12,8 32 3,8 2,4 35 14 148 54 44

Máximos 33 1,3 20,6 47 5,9 3,2 55 38 222 101 97

% Deficientes 28 % 78 % 22 % 38 % 30 % 10 % 56 % 9 % 1 % 23 % 49%

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Fonte: Potafós, Piracicaba-SP

Figura 4. Diagnóstico nutricional DRIS para citros, para os valoresmédios regionais, período de 1994 a 2000.

As análises de solo (Tabela 2) já haviam destacado os mesmosproblemas relativos aos macronutrientes P e Mg, mas, infelizmente,não foram requisitadas análises de B pelos produtores. Assim sendo,para uma observação comparada dos diagnósticos via análises desolo e foliares, entre municípios, nos períodos de 1994 a 2000,foram preparadas as Figuras 5 (fósforo) e 6 (magnésio), relativasaos índices de pomares deficientes.

Embora os índices DRIS não tenham evidenciado problemasde deficiência de potássio, mas apenas ligeiro excesso, optou-sepor comparar as análises de solo e de folhas também para essenutriente, considerando a importância dessas análises narecomendação anual das doses de NPK (Figura 7).

A Figura 5 mostra que há significativa discrepância entre osdiagnósticos de deficiência via análise de solo ou análise foliarpara o fósforo. Na média entre os 15 municípios considerados, asanálises de solo indicam 33 % de pomares deficientes, enquantoas análises foliares, 84 %. É preciso destacar aqui que esses valoresdiferem um pouco dos apresentados nas Tabelas 2 e 4, pois para aelaboração das figuras foram omitidos os dados de análise desolo do ano de 1993, quando não havia ainda condições de

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laboratório para a execução de análises foliares. Tambémnão constam os dados dos municípios de Taiaçu e Taiúva,pois não foram recebidas amostras de folhas dos mesmos,ao longo de todo o período considerado.

Figura 5. Porcentagens de pomares deficientes em fósforo,conforme análises de solo e de folhas, por município,no período de 1994 a 2000.

Há poucos trabalhos na literatura que visam acomparação entre análises de solo e de folhas para citros,mas estes mostram, em geral, baixa correlação entre asmesmas. Du PLESSIS, 1977, comparou análises de solo e defolhas para citros na África do Sul, e suas conclusões têmencontrado apoio em outros trabalhos de diferentes países.No caso do fósforo, os trabalhos de pesquisa sugerem que odiagnóstico via solo é mais eficiente que o via foliar, e autilização conjunta pouco acrescenta à avaliação feita apenasvia solo. No geral, teores altos de fósforo no solo nãocorrespondem a aumentos do mesmo nas folhas, pois asplantas em deficiência respondem com emissão de ramos efolhas, diluindo os teores foliares, além do que nem tudo

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30%100%

38%57%

25%90%

35%97%

16%97%

48%56%

32%89%

36%93%

38%96%

22% 71%32%

91%23%

84%38%

96%39%

47%7

7

3

8

%

%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

%

Viradouro

Terra Roxa

Taquaritinga

Tabapuã

Severínia

Pirangi

Olímpia

Monte Azul Pta.

Matão

Jaborandi

Itápolis

Colômbia

Colina

Bebedouro

Barretos

Mun

icíp

ios

Análises de Folha

Análises de Solo

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que é disponível no solo é acessível às raízes. Isso é válidopara os diferentes nutrientes, mas tem importânciarelativamente maior para o fósforo.

O ideal para comparar as análises de solo e de folhasque as amostras sejam provenientes da mesma área, o quenão ocorre neste trabalho, em que se tem número muitomaior de amostras de solo.

Levando-se em conta essas considerações e limitaçõespode-se, pela análise de solo, admitir que cerca de 33 % dospomares da região apresentaram-se deficientes em fósforo(teores disponíveis inferiores a 13 mg.kg-1). A avaliação de84 % de pomares deficientes, via análise foliar (teores inferioresa 1,2 (g.kg-1), parece exagerada, mas reforça a idéia de quea omissão do nutriente na adubação, que já vem sendoaplicada em alguns casos, exige cautela.

Figura 6. Porcentagens de pomares deficientes em magnésio,conforme análises de solo e de folhas, por município,no período e 1994 a 2000

A Figura 6 mostra alta divergência entre análises desolo e de folhas na identificação dos pomares deficientesem magnésio. As análises de solo mostram, em média, apenas2 % dos pomares deficientes em magnésio, o que deixamargem para alta porcentagem com teores adequados e altos.

18

1%35%

5%28%

2%49%

3%44%

1%36%

1%60%

2%19%

1%48%

1%61%

1%26%

5%21%

1%12%

2%44%

2%20%

4% 18%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%%

Viradouro

Terra Roxa

Taquaritinga

Tabapuã

Severínia

Pirangi

Olímpia

Monte Azul Pta.

Matão

Jaborandi

Itápolis

Colômbia

Colina

Bebedouro

Barretos

Mun

icíp

ios

Análises de Folha

Análises de Solo

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Ë bom lembrar que os índices DRIS, aplicados aosvalores médios das análises foliares, também apontam paraexcesso de magnésio. No entanto a avaliação feita pelas“faixas de suficiência” nas folhas mostra que, dos 15municípios avaliados, 6 apresentam porcentagensrelativamente altas (entre 44 % e 61 %) de pomares deficientes(teores inferiores a 2,5 g.kg-1) e, na média geral, 35 % depomares deficientes.

Du PLESSIS, 1977, e outros consideram que para odiagnóstico de magnésio em citros têm-se usadopreferentemente as análises foliares em relação às de solodevido à interferência de outros cátions trocáveis do solo,Ca2+ e K+, especialmente esse último, na absorção de Mg2+

pelas plantas. Isso dificulta o estabelecimento dos índicesinterpretativos de Mg2+ disponível no solo, isoladamente. Assimsendo, é preferível optar pela avaliação de 35 % de pomaresdeficientes em magnésio, das análises foliares, o que amenizaa pressão de recomendação de calcários calcíticos para aregião.

Figura 7. Porcentagens de pomares deficientes em potássio,conforme análises de solo e de folhas, por município,no período de 1994 a 2000

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22%14% 27%28%

7%20%

4%50%

3%17%

7%6% 15%

39%3%

12%15%

40%13%

45%27%14%

31%27%

16%31%

10%31%

24%30%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

%

Viradouro

Terra Roxa

Taquaritinga

Tabapuã

Severínia

Pirangi

Olímpia

Monte Azul Pta.

Matão

Jaborandi

Itápolis

Colômbia

Colina

Bebedouro

Barretos

Mun

icíp

ios

Análises de Folha

Análises de Solo

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A Figura 7 relaciona os dados de análises de solo e defolhas para o potássio nos diversos municípios.Diferentemente do que se observou em relação aos dadosde fósforo (Figura 5) e magnésio (Figura 6), em que asanálises foliares, mais rigorosas, indicaram porcentagens depomares deficientes bem mais altas que as de solo, para opotássio (Figura 7) as avaliações de ambas as análisespraticamente se equivalem. Observa-se em alguns municípiosque as análises de solo indicam maiores porcentagens depomares deficientes, e em outros essa indicação é feita pelasanálises foliares. Os trabalhos de Du PLESSIS (1977) indicamque para o potássio há um ganho no diagnóstico nutricionalquando são combinadas as duas análises. Seguindo essecritério, a média entre análises de solo (15 %) e de folhas(25 %) será de 20% de pomares deficientes em potássioentre os municípios da região. Esse índice recomendatambém cautela na retirada do potássio da adubação,devendo-se, para isso, combinar os diagnósticos das análisesde solo e de folhas e levar em conta a alta exportação donutriente através dos frutos.

3.5. Deficiências de Boro e de Zinco

As avaliações para os micronutrientes foram feitasapenas por meio das análises foliares. Também via foliarsão feitas aplicações rotineiras de boro, manganês e zinco,embora a deficiência de boro possa ser corrigida maiseficientemente via solo. Os dados da Tabela 4 mostramque a deficiência de manganês é de ocorrênciasignificativamente menor que as de boro e zinco, em média,na região, e por isso resolveu-se detalhar a distribuiçãodesse último por município (Figura 8).

Os dados da Figura 8 mostram larga amplitude deporcentagens de deficiência para boro, desde zero (Tabapuã)até 86 % dos pomares (Matão), e também para zinco, desde

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Page 26: Avaliação Nutricional de Pomares Cítricos na Região de Bebedouro

18 % (Matão) até 95 % (Jaborandi). Na média geral adeficiência de boro predomina, com 56 % dos pomaresapresentando teores foliares abaixo de 36 mg.kg-1. Mastambém a porcentagem de pomares deficientes em zinco éexpressiva, com 49 % dos mesmos apresentando teoresabaixo de 35 mg.kg-1. Entretanto, os valores médios maisfreqüentes, para o zinco situam-se em 44 mg.kg-1, dentroda faixa adequada. Esses valores médios relativamente altossão favorecidos pelos teores máximos encontrados, daordem de 97 mg.kg,-1 que refletem, provavelmente,contaminação das amostras, decorrente das pulverizaçõesrotineiras. Isso ocorre também para o manganês, pondoem evidência a importância de respeitar um intervalo mínimode 30 dias entre uma pulverização foliar e a amostragemde folhas. É sabido que a lavagem das folhas, feita noslaboratórios, não permite a descontaminação de nutrientesrecentemente pulverizados.

4Figura 8. Porcentagens de pomares deficientes em boro e emzinco, conforme análises foliares. Médias de 7 anos(1994-2000), para os diferentes municípios da regiãode Bebedouro, SP.

54%28%

54%47%

69%33%0%

45%

58%55%

34%65%

42%53%

68%19%

86%18%

55%95%

61%42%

74%32%

62%40%

62%56%

51%40%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

%

Viradouro

Terra Roxa

Taquaritinga

Tabapuã

Severínia

Pirangi

Olímpia

Monte Azul Pta.

Matão

Jaborandi

Itápolis

Colômbia

Colina

Bebedouro

Barretos

Mu

nic

ípio

s

Deficiência em Zinco

Deficiência em Boro

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Page 27: Avaliação Nutricional de Pomares Cítricos na Região de Bebedouro

4. Considerações Gerais

As análises de solo (15.534 amostras) tiveram amplapreferência em relação às de folhas (1.749 amostras) paraavaliação do estado nutricional dos pomares, na região deBebedouro, no período considerado (1993 a 2000). Essasanálises se complementam, e o ideal seria que se tivesse, nomínimo, um número igual delas.

Além do monitoramento anual do desempenho doprograma de adubação, as análises foliares são indispensáveispara avaliar o estado nutricional em relação ao nitrogênio eaos micronutrientes, enquanto as análises de solo são asúnicas ferramentas disponíveis para quantificar a acidez dossolos e as doses de corretivos.

As análises de solo, isoladamente, indicaram comoprincipais problemas da região a deficiência de fósforo e aacidez. Além disso, indicaram, na média, teores altos demagnésio e um número relativamente baixo de pomaresdeficientes em potássio (15 %).

As análises de folhas, isoladamente, indicaram a seguintesequência de problemas nutricionais em termos deporcentagens de pomares deficientes:

P > B > Zn > Ca > Mg > N > Mn > K > S > Cu > Fe.Entretanto a avaliação pelos índices DRIS dos teores

médios regionais mostraram a seguinte ordem de problemas:deficiência de boro > excesso de magnésio > deficiência defósforo.

Confrontando-se as análises de solo com as de folhas,em relação ao magnésio, concluiu-se que 30 % dos pomaressão deficientes no nutriente, apesar dos teores elevadosencontrados nas análises de solo, indicando que, em muitassituações, se não no todo, não há motivos ainda para sepensar em substituir os calcários dolomíticos ou magnesianos.

Combinando-se os dados de análises de solo e defolhas, concluiu-se que 20 % dos pomares analisados

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deficiência de potássio, e esse número, apesar de baixo,recomenda cautela na retirada desse nutriente da adubação.

Para essa arriscada decisão, devem-se combinar asinformações dos dois tipos de diagnóstico.Com relação aos micronutrientes, avaliados apenas peladiagnose foliar, concluiu-se que os problemas podem serassim representados: (B > Zn) >> Mn, isto é, os problemasrelativos ao manganês são bastante inferiores aos de boro ezinco. A deficiência de cobre pode ocorrer esporadicamente,e a de ferro é nula.

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