implantaÇÃo e manejo de pomares

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1 IMPLANTAÇÃO E MANEJO DE POMARES INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor mundial de frutas in natura ou frescas, com 32 milhões de toneladas produzidas de um total de 340 milhões de toneladas colhidas em todo o mundo, anualmente. Pela diversidade de climas e solos, o Brasil apresenta condições ecológicas para produzir frutas de ótima qualidade e uma variedade de espécies que passam pelas frutas tropicais, subtropicais, e temperadas. De acordo com estudos agronômicos realizados, constatou-se que toda a Região Norte do Estado é recomendada para fruticultura. Nesta Região existe a possibilidade de implantação de uma grande gama de frutíferas, devido à ampla diversificação edafoclimática, isto é, condições de clima (desde temperado até tropical em algumas microrregiões) e solo de excelente qualidade que permitem a exploração de frutas de clima tropical, subtropical e temperado. A Região do Alto Médio Uruguai possue solo e clima que permitem o cultivo de frutíferas de caroço com a vantagem de que o inverno é ameno, o que permite a ocorrência de floração e maturação mais cedo, com entrada de frutas mais cedo nos mercados o que possibilita a obtenção de preços maiores, comparados com outras regiões produtoras de frutas do Rio Grande do Sul. Apesar deste quadro favorável, o Brasil ainda importa volumes significativos de frutas frescas e industrializadas, como acontece com a ameixa, uva, kiwi, maçã, pêra, entre outras. No Rio Grande do Sul, a situação não é diferente, trantando-se de tradicional importador de frutas de outros países e/ou estados. Mesmo no caso dos citros, o Estado só consegue atender 60 % do consumo nas épocas de maior demanda e tem dificuldade de abastecer e fornecer matéria-prima para suprir as industrias de suco instaladas. O consumo de frutas no Brasil é da ordem de 13 kg/habitante/ano, em Israel de 100, na Itália é de 130 e na Grécia de 160 kg/habitante/ano, ou seja, existe um grande potencial a ser atingido. Esta atividade poderá ser explorada com sucesso nos mercados estaduais, regionais e locais. Para tanto, além das técnicas de cultivo, o setor deverá formar parcerias entre produtores, pesquisa, extensão, distribuidores e o próprio consumidor, procurando-se obter frutas de boa qualidade, oferta regular, livre de resíduos de agrotóxicos e a preços competitivos. O plantio de um pomar bem planejado numa propriedade agrícola, grande ou pequena, traz

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IMPLANTAÇÃO E MANEJO DE POMARES

INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor mundial de frutas in natura ou frescas, com 32 milhões de

toneladas produzidas de um total de 340 milhões de toneladas colhidas em todo o mundo,

anualmente.

Pela diversidade de climas e solos, o Brasil apresenta condições ecológicas para produzir

frutas de ótima qualidade e uma variedade de espécies que passam pelas frutas tropicais,

subtropicais, e temperadas.

De acordo com estudos agronômicos realizados, constatou-se que toda a Região Norte do

Estado é recomendada para fruticultura. Nesta Região existe a possibilidade de implantação de uma

grande gama de frutíferas, devido à ampla diversificação edafoclimática, isto é, condições de clima

(desde temperado até tropical em algumas microrregiões) e solo de excelente qualidade que

permitem a exploração de frutas de clima tropical, subtropical e temperado.

A Região do Alto Médio Uruguai possue solo e clima que permitem o cultivo de frutíferas

de caroço com a vantagem de que o inverno é ameno, o que permite a ocorrência de floração e

maturação mais cedo, com entrada de frutas mais cedo nos mercados o que possibilita a obtenção de

preços maiores, comparados com outras regiões produtoras de frutas do Rio Grande do Sul.

Apesar deste quadro favorável, o Brasil ainda importa volumes significativos de frutas

frescas e industrializadas, como acontece com a ameixa, uva, kiwi, maçã, pêra, entre outras. No Rio

Grande do Sul, a situação não é diferente, trantando-se de tradicional importador de frutas de outros

países e/ou estados. Mesmo no caso dos citros, o Estado só consegue atender 60 % do consumo nas

épocas de maior demanda e tem dificuldade de abastecer e fornecer matéria-prima para suprir as

industrias de suco instaladas.

O consumo de frutas no Brasil é da ordem de 13 kg/habitante/ano, em Israel de 100, na Itália

é de 130 e na Grécia de 160 kg/habitante/ano, ou seja, existe um grande potencial a ser atingido.

Esta atividade poderá ser explorada com sucesso nos mercados estaduais, regionais e locais.

Para tanto, além das técnicas de cultivo, o setor deverá formar parcerias entre produtores, pesquisa,

extensão, distribuidores e o próprio consumidor, procurando-se obter frutas de boa qualidade, oferta

regular, livre de resíduos de agrotóxicos e a preços competitivos.

O plantio de um pomar bem planejado numa propriedade agrícola, grande ou pequena, traz

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ao lado dos benefícios inumeráveis da produção, as vantagens de abrigar pássaros, proporcionar

sombra, perfumar e embelezar o lugar. Nada mais indicado para a valorização da terra e para seu

aproveitamento rentável, ao mesmo tempo prazeroso, que o cultivo racional de um belo pomar.

O primeiro resultado é a abundância de frutas, e fruta é sinônimo de saúde porque contém

vitaminas, sais minerais, calorias e proteínas.

Sem dúvida, uma atividade gratificante, mais do que isso: muito útil e lucrativa. A

fruticultura é uma atividade que utiliza grande quantidade de mão-de-obra e atende a necessidade de

viabilizar as pequenas propriedades e a fixação do homem no meio rural. Um pomar bem planejado,

tanto na escolha das variedades como na definição da quantidade de árvores frutíferas, permitirá

que haja frutas para consumo ao natural, preparo de sucos, geléias, doces, licores e vinhos, além da

comercialização.

Mas, para que tudo isso se concretize, o pomar deve ser bem planejado, bem orientado,

levando-se em conta desde fatores técnicos, como tipo de solo e clima, até hábitos de consumo da

família e aproveitamento diversificado das frutas.

1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA

O cultivo de plantas frutíferas se caracteriza por apresentar aspectos importantes no contexto

sócio econômico de uma região, como:

a) Utilização intensiva de mão-de-obra;

b) Possibilita um grande rendimento por área, sendo por isso uma alternativa para pequenas

propriedades rurais;

c) Possibilita o desenvolvimento de agroindústrias, tanto de pequeno quanto de grande porte;

d) As frutas são de importância fundamental como complemento alimentar, sendo fonte de

vitaminas, sais minerais e fibras indispensáveis ao bom funcionamento do organismo

humano.

Nas Tabelas 1 e 2 é mostrada a rentabilidade da fruticultura no Estado do Rio Grande do Sul.

Tabela 1: Renda bruta/ha (R$) e produção por há de algumas atividades desenvolvidas no RS ATIVIDADES RENDA BRUTA/HA (R$) PRODUÇÃO/HA

Pecuária de corte Pecuária de leite

Trigo Milho

Soja Sorgo

Fruticultura

150 420

300 350

720 400

10.000

150 kg 2.000 litros

35 sacos 50 sacos

40 sacos 70 sacos

20.000 kg

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Tabela 2: Rentabilidade da Fruticultura FRUTA QUANTIDADE KG/HA VALOR em R$

Pêssego

Ameixa Amora-preta

Figo Citros de mesa

Caqui Abacaxi

Manga Abacate

15.000

12.000 14.000

12.500 25.000

25.000 30.000

20.000 15.000

7.500

18.000 14.000

8.750 5.000

12.500 18.000

10.000 10.500

2. INSTALAÇÃO DE POMARES

2.1. Requisitos básicos

Quando pensa-se em instalar um pomar, deve-se responder alguns questionamentos: O que

plantar? Onde plantar? Qual será o mercado existente ou potencial? Em quanto tempo teremos o

retorno do investimento?

Hoje, a fruticultura deve ser vista como um negócio e assim, todas as etapas que envolvem

questões técnicas, econômicas e ecológicas devem ser consideradas antes da decisão de plantar,

pois os custos são elevados, os mercados são exigentes em qualidade e muito competitivos.

Portanto, todos os riscos devem ser calculados e analisados antes da implantação do pomar.

O sucesso no cultivo de qualquer espécie frutífera deve estar fundamentado em:

a)Condições adequadas de clima e solo;

b) Plantio de espécies adaptadas;

c) Uso de técnicas apropriadas para o manejo do solo e da planta;

d) Recursos humanos e financeiros;

e) Condições de transporte e armazenamento;

f) Existência de mercado in natura e de agroindústrias;

As frutas, de uma maneira geral, são perecíveis e, portanto, devem ser consumidas ou

industrializadas tão logo sejam colhidas no pomar, ou armazenadas em ambientes apropriados, caso

contrário as perdas poderão ser totais.

Um cuidado que deve nortear o planejamento do pomar é a seleção de espécies e, para cada

espécie, as qualidades ou variedades, também chamadas de cultivares. O plano poderá ser

aperfeiçoado com a escolha de variedades que permitam prolongar o tempo de cada fruta. Basta

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plantar o que se chama de variedades precoces – que dão antes de tempo – ou de variedades tardias

– que produzem depois da estação normal da fruta.

2.2.Tamanho do pomar: Essa questão depende da área disponível. Se ela é pequena, exigirá um estudo cuidadoso para o aproveitamento adequado. Poucas plantas, mas bem selecionadas e produtivas. Quando não há problema de área, nas grandes e médias propriedades, a solução fica mais simples, plantam-se quantas espécies e cultivares se desejar. Ainda no planejamento do pomar é importante fazer o cálculo da produção média anual de cada planta, para determinar o número de plantas de cada espécie ou cultivar. Usando-se como exemplo (para um pomar familiar) a laranjeira, , cuja produção média é de quinhentas laranjas por planta adulta, e sabendo-se que o consumo diário de uma família de dez pessoas é de cinqüenta frutas, ou seja, 1.500 laranjas por mês, conclui-se que o plantio de três laranjeiras da mesma qualidade, produzindo a média mensal de quinhentas frutas por planta, bastaria para atender às necessidades. Outro exemplo: se o consumo diário de uva são 2 quilos (60 quilos por mês), plantándo-se duas qualidades de videira, com produção anual média de 10 quilos por planta, num total de doze parreiras -seis de cada qualidade – amadurecendo em meses diferentes, haverá disponibilidade de uvas maduras por dois meses. O mesmo raciocínio pode ser utilizado para o cálculo da produção de muitas espécies, procurando-se ajustar o consumo com o número de plantas do pomar numa determinada área de terreno para atender às necessidades. 2.3. Custo de implantação O pomar requer grandes investimentos no momento da implantação. Os custos envolvem o valor da terra e seu preparo, mudas, insumos, equipamentos, infra-estrutura e mão-de-obra, entre outras, fazendo com que esta atividade tenha um alto investimento inicial. Deve-se considerar o período de carência da espécie, a vida útil, o mercado e a produtividade do pomar. Com isso é possível realizar uma análise apurada da viabilidade técnica e econômica. Deve-se levar em conta todos os aspectos de ordem técnica e financierira para que o produtor tenha garantia no empreendimento, melhoria na sua condição sócio-econômica e um aproveitamento racional no uso da terra. De uma maneira geral, o custo de um hectare de pessegueiro ou amaixeira está em torno de 2.000 dólares, ao passo que para a cultura da macieira e pereira o valor sobe para 3.000 dólares. Esta diferença, em parte, é atribuída à quantidade das mudas utilizadas; para pessegueiro em torno de 400 e para macieira em torno de 1.000 mudas/ha. Estes valores não consideram o valor da terra. Normalmente, as plantas frutíferas só iniciam a produção a partir do terceiro ano e alcançam ótimos rendimentos a partir do sétimo e oitavo anos de produção. 3. MÃO-DE-OBRA As práticas realizadas no pomar necessitam de mão-de-obra qualificada e em quantidade, pois, praticamente todas as atividades que envolvem o manejo da planta, são realizadas manualmente. A fruticultura é uma atividade típica para pequenas propriedades. A mão-de-obra familiar nem sempre é suficiente e, na maioria das vezes, necessita ser complementada, especialmente no período da poda hibernal, raleio e colheita das frutas.

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4. MERCADO Antes de instalar um pomar deve-se ter informações sobre as demandas regionais, estaduais, nacionais e internacionais; os períodos do ano que as frutas alcançam melhores preços; sobre a preferência do consumidor, principalmente com relação ao tamanho, cor e sabor das frutas. As frutas destinadas ao mercado in natura alcançam preços mais elevados do que as frutas destinadas à industria, porém requerem embalagens adequadas e maiores cuidados no manuseio por parte dos produtores. Deve-se, também, considerar a distância do pomar ao centro de consumo, a perecibilidade das frutas e a existência de agroindústrias para o aproveitamento do excedente. 5. O CLIMA E AS FRUTAS As condições de clima e solo determinam quais as árvores frutíferas que podem ser plantadas em cada região. Não se devem plantar cajueiros, coqueiros ou mangueiras em locais frios, como o Rio Grande do Sul, nem tentar o cultivo de ameixeiras, pereiras e pessegueiros – plantas típicas de lugares frios – em climas quentes como o do Nordeste. Frutíferas tropicais podem ser cultivadas em alguns microclimas do Rio Grande do Sul (locais sem geadas ou com geadas ocasionais). Conhecer as frutas de clima tropical, subtropical e temperado, é necessário na escolha correta de frutíferas ideais a cada região. Fruteiras de clima tropical são aquelas que encontram boas condições para seu crescimento e produção em regiões de clima quente, com precipitação atmosférica regular e temperatura média anual superior a 22 ºC, especialmente na faixa até 30 ºC, não toleram temperaturas baixas. Elas podem apresentar mais do que um surto de crescimento e possuem folhas persistentes. As mais importantes são: abacaxi, bananeira, cajueiro, coqueiro, goiabeira, graviola, jaqueira, mamoeiro, mangueira, maracujazeiro, sapotizeiro e tamareira. As fruteiras tropicais exigem, para seu crescimento e boa produtividade, temperatura elevada durante todo o ano, sem grandes variações, e solo sempre com água disponível. Como são muito sensíveis às baixas temperaturas, elas não resistem às geadas e, quando o fazem, estão sujeitas a grandes prejuízos no crescimento e na produção. Por essas características, as fruteiras tropicais são mais intensamente cultivadas nos Estados do Norte, Nordeste e em alguns do Centro e do Sudeste. Fruteiras subtropicais As fruteiras subtropicais têm melhores condições de crescimento e produção em zonas de temperatura média anual intermediária, que varia entre 15 e 22 ºC. Elas nem sempre são caducifólias, e apresentam mais de um surto de crescimento. As mais importantes fruteiras subtropicais cultivadas são: cítricas (laranjeira, limoeiro, tangerineira e limeira), abacateiro, cherimólia, lechieieira, jabuticabeira e nespereira. Algumas espécies exigem, além de temperatura média anual moderada, o plantio em grandes altitudes para garantir boa produção; apresentam folhas caducas (com exceção da oliveira) e um curto período de repouso vegetativo. Entre elas, o caquizeiro, a figueira, o marmeleiro, a oliveira e a nogueira-de-pecã. As frutíferas subtropicais têm melhores condições de crescimento e produção em locais de temperatura moderada, isto é, nem muito fria, nem muito quente. Sua resistência às geadas é pequena, mas as espécies de folhas caducas podem apresentar boa resistência nos períodos de repouso vegetativo, quando as folhas caem. Elas resistem por pouco tempo à exposição a temperaturas inferiores a 4 ºC. As principais fruteiras subtropicais são plantadas, no Brasil, nos Estados do Sudeste, do Centro e do Nordeste, mas as do grupo intermediário, de folhas caducas, são intensamente

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cultivadas nos Estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Fruteiras de clima temperado As fruteiras de clima temperado têm melhores condições de crescimento e produção em locais de temperatura média anual baixa (especialmente no inverno, durante o período de repouso vegetativo), variando entre 5 e 15 ºC. Elas têm hábito caducifolio, um único surto de crescimento e são mais resistentes às baixas temperaturas. As melhores condições climáticas para o cultivo destas espécies são registradas nos Estados do Sul do Brasil e em parte dos Estados do Sudeste. Nesse grupo estão as espécies que necessitam, para seu crescimento e frutificação, de determinado período de repouso fisiológico (repouso vegetativo), durante o qual apresentam grande resistência ao frio. As principais fruteiras de clima temperado são: ameixeira, cerejeira doce, damasqueiro, framboeseira, macieira, nogueira-europeia, pereira, videira-americana e videira-europeia. A classificação das frutíferas em três grandes grupos (tropicais, subtropicais e de clima temperado) serve para indicar, de maneira geral, as melhores condições para sua exploração. Entretanto, com os trabalhos de melhoramento, tem sido possível adaptar fruteiras classificadas num determinado grupo para o cultivo em locais de condições climáticas diferentes daquelas de sua origem. A videira européia (fruteira de clima temperado) e a figueira (classificada como subtropical que exige altas altitudes) estão sendo cultivadas com muito sucesso no Nordeste do Brasil, onde o período de repouso vegetativo e provocado pela falta de água no solo, enquanto nos Estados do Sul ele é provocado pela baixa temperatura durante o inverno. Fruteiras típicas de clima tropical, como abacaxi, bananeira, goiabeira e maracujazeiro, são cultivadas comercialmente em climas subtropicais e temperados, desde que protegidas contra ventos frios e cultivadas em locais sem geadas ou com ocorrência de geadas fracas. Os citros encontram melhores condições para a produção de ótimos frutos, nas regiões subtropicais, mas são cultivados também nas tropicais e temperadas, onde não ocorram geadas ou estas sejam de curta duração.

3.1.Ventos

A ação do vento, pode beneficiar ou prejudicar as fruteiras. Tudo dependerá de sua velocidade, temperatura, da época do ano e, principalmente, do estádio de desenvolvimento da planta.

Os ventos frios e intensos oriundos do Sul, prejudicam a formação de novos brotos, desidratam e podem queimar as folhas, dificultam o florescimento e a polinização. No entanto, em determinados locais, em época fria, o vento pode provocar a mistura de ar quente com ar frio e impedir a formação de geadas.

Ventos quentes e secos produzem efeitos desastrosos nas plantas, como derrubada de flores, frutas e folhas, queimaduras ou mesmo destruição. Durante o inverno, o aparecimento de ventos quentes chega a provocar o início antecipado do florescimento e da brotação das plantas. Os prejuízos podem ser maiores no caso de surgimento de geadas tardias, quando a planta está em plena brotação e florescimento. As raízes têm de fornecer maiores quantidades de água à planta e o solo resseca-se mais rapidamente.

Ventos muito violentos provocam queda de folhas, ramos, flores, fruta e da própria planta. Além disso, esses ventos podem alterar o porte e a forma da copa e ocasionar deformações e grande diminuição na produção de frutas. Observa-se em muitos locais, após a incidência de ventos fortes, que as plantas amarelecem e as frutas não atingem o tamanho normal, ficando pequenas e péssimas para consumo.

Para evitar os efeitos negativos do vento, recomenda-se instalar o pomar no local mais abrigado do terreno (face contrária à direção dos ventos fortes). Além disso, é aconselhável escolher porta-enxertos que formem plantas pequenas e poda sistêmica para diminuir a altura das plantas.

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Outra medida é colocar tutores ou estacas ao lado das mudas pequenas. Em pequenas áreas, com pomar de frutíferas pequenas, pode-se fazer a cerca viva (quebra-

vento) com uma fila de árvores apenas. O mais indicado, no entanto, é plantar de duas a três linhas com as plantas desencontradas, pois assim crescem melhor e impedem a passagem dos ventos. É importante que as mudas frutíferas fiquem distanciadas do quebra-vento (10 metros da primeira fila do pomar), para que não concorram no consumo de água, luz e nutrientes. Quando se deseja fechar a área para evitar a entrada de animais ou de pessoas, além do quebra-vento planta-se o maricá ou Poncirus trifoliata. O quebra-vento protege 4 vezes sua altura e até 15 vezes a sua área. Características do quebra-vento: De preferência plantas melíferas; Crescimento rápido; Boa ramificação; Folhas não caducas Floração não coincidente com a frutífera. O eucalipto tem crescimento rápido, é bastante rústico, alcança grande altura, fornece madeira e pode ser plantado como quebra-vento, desde que as frutíferas estejam um pouco distanciadas. Renques de bambu ou taquara também são uma boa opção, quando alinhadas à distância de 5 metros. Essas plantas podem atingir de 15 a 20 metros de altura, servido de boa proteção para o pomar.

Para locais de clima frio, o cipreste tem apresentado bons resultados como quebra-vento. A formação de cercas vivas deve ser iniciada antes de se implantarem as mudas frutíferas no

campo. As plantas escolhidas para esse fim devem ter porte elevado e possuir ramos desde a base do

tronco, além de um sistema radicular vigoroso e profundo, para resistir aos ventos e competir menos com as frutíferas. Elas devem crescer rapidamente, em qualquer solo, e apresentar resistência à seca, doenças e pragas. De quebra, podem fornecer madeira e lenha. 3.2. Exposição do terreno e topografia Além da topografia, a orientação do terreno altera as condições climáticas. Um terreno voltado para o sul tende a ser mais úmido, mais frio e menos iluminado do que aquele orientado para o norte. Então, o terreno onde será instalado o pomar deve ter orientação norte-sul, de maneira que as plantas possam ter maior aproveitamento da luz solar e, conseqüentemente, serão mais produtivas e com frutas de melhor qualidade. Os pomares devem ser instalados preferencialmente na meio encosta (em caso de terrenos declivosos), pois em noites de inverno rigoroso ocorre esfriamento da superfície do solo, fazendo com que se forme uma zona próxima ao solo com ar frio e denso, que empurra o ar mais quente para cima, favorecendo os pomares que estão na meia encosta. Inclinação do terreno

Para pomares, o ideal é que a inclinação do terreno não ultrapasse 20 %, pois terrenos declivosos apresentam facilidade de escoar o excesso de água, têm solos muito superficiais e mais pobres em elementos nutritivos. Com menor capacidade de retenção de água, esses terrenos sofrem maior erosão e vivem o período mais crítico nas secas, necessitando de medidas de controle antes da instalação do pomar, como camaleões, plantio em curvas de nível, e evitando-se a capina de plantas daninhas. Deixa-se o solo coberto de vegetação, durante a estação das chuvas, passando uma roçadeira nas entrelinhas e capinando apenas em coroa ao redor das plantas.

Os terrenos com topografia mais plana, resultarão em pomares com maior uniformidade e mais facilidade no cultivo, principalmente quanto ao emprego de máquinas; geralmente são terrenos

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mais ricos em elementos químicos e sofrem menos nos períodos secos. Mas há problemas, com o excesso de água nos períodos de chuva.

Nesse caso, a solução é a drenagem superficial ou a drenagem a uma profundidade de 1 metro e valetas com espaço de 10 a 15 metros.

Nos terrenos planos ou levemente inclinados, com declividade de até 2 %, é desnecessário o trabalho de conservação de solo, e as mudas podem ser plantadas em linha reta. Nas áreas com declividade entre 2 e 5 %, controla-se a erosão com o plantio de mudas em nível.

4. SELEÇÃO DAS ESPÉCIES A SEREM PLANTADAS Valor cultural Diz respeito à resistência das plantas a doenças, produtividade, resistência ao transporte, vigor e precocidade. Nem sempre é possível juntar todas estas características na mesma cultivar. No caso de pomares domésticos, dá-se preferência para as cultivares que sejam resistentes a doenças e pragas, em detrimento da qualidade das frutas. Valor comercial Diz respeito à preferência do mercado, tamanho, cor, aspecto da fruta e a destinação da produção. Tradicionalmente, em qualquer parte do mundo, as frutas destinadas ao consumo in natura, alcançam melhores preços que aquelas destinadas à industria. Época de amadurecimento No caso das frutas destinadas ao consumo in natura, deve-se procurar utilizar espécies que apresentem o pico de maturação em épocas diferentes das cultivares existentes na região, por exemplo, no caso de laranjas, deve-se dar preferências às cultivares tardias, como a Valência e a Pêra, pois para as cultivares precoces e de meia estação, o mercado já está saturado. Já no caso de pomares destinados à industria, que geralmente se caracterizam por serem pomares mais extensos, normalmente se recomenda utilizar cultivares com época de maturação diferente, pois com isso evita-se a concentração de atividades no mesmo período. Além disso, diminui-se o risco de grandes perdas devido à ocorrência de geadas, granizos, estiagens, entre outros. Sempre que possível, recomenda-se fazer um escalonamento da produção, plantando cultivares precoces, medianas e tardias. Lembrando sempre que as cultivares precoces, ou seja, aquelas que suas frutas amadurecem mais cedo, necessitam de menores gastos com a produção, pois geralmente escapam ao ataque das pragas e doenças. Um exemplo típico acontece com a mosca das frutas, onde as frutas das cultivares precoces de pessegueiros, de ameixeiras e de nectarineiras são pouco afetadas, pois as gerações desta praga ainda são insuficientes para um ataque mais severo, devido à baixa soma térmica que ocorre no período. O planejamento da colheita das frutas aproveita melhor o equipamento e a mão-de-obra disponível. 5. SELEÇÃO DAS MUDAS

A muda é a base de toda a fruticultura e a garantia de produção abundante e de frutas de excelente qualidade.

O dinheiro gasto na aquisição de mudas é um investimento muito baixo em comparação aos cuidados permanentes que um pomar exige, considerando-se que uma planta pode produzir frutas durante dez ou quarenta anos.

Na fase de planejar o pomar – cinco ou seis meses antes do plantio – devem-se encomendar as mudas e ter certeza de que serão entregues na época certa. Elas devem ser adquiridas diretamente

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de viveiristas idôneos, credenciados junto a órgãos oficiais e recomendados por especialistas no assunto.

Muitos pomares fracassam pelo uso de mudas doentes, com vírus, especialmente os citros, por isso, não se devem comprar mudas de intermediários ambulantes, sem endereço fixo ou tradição na produção de plantas de qualidade garantida.

Quando as mudas chegarem ao pomar, tudo já deve estar preparado, as covas prontas e adubadas. Aí é só colocar a muda na cova.

Em fruticultura, sempre que a planta permitir, devem-se utilizar mudas enxertadas em vez de mudas propagadas por sementes. Da muda enxertada obtêm-se: produção precoce, plantas de menor porte e garantia da qualidade das frutas produzidas.

As mudas previamente encomendadas podem ser transportadas do viveiro até o local de plantio na embalagem coletiva (embalagem em raiz ou lavada) ou nas embalagens individuais (bloco, torrão, cesto de taquara ou bambu, saco plástico).

Regra geral: as fruteiras de folhas caducas são transportadas em raiz nua ou lavada, durante o repouso vegetativo, e as plantas de folhas permanentes em embalagens individuais, com as raízes protegidas.

Ameixeira, caquizeiro, figueira, laranjeira, limeira, limoeiro, macieira, marmeleiro, nectarineira, nogueira-de-pecã, nogueira-européia, pereira, pessegueiro, tangerineira e videira são fruteiras que podem ser transportadas sem folhas, durante o repouso vegetativo (fim do outono e inverno), na embalagem coletiva com raiz nua ou lavada.

As mudas de abacaxi, coqueiro, figueira-da-índia e tamareira podem ser transportadas em embalagens individuais e sem proteção.

As mudas com folhas permanentes – como abacateiro, cherimólia, goiabeira, lechieira, macadâmia, maracujazeiro, nespereira e romãzeira – devem ser transportadas nas embalagens individuais, com as raízes protegidas, durante o período de crescimento vegetativo.

Durante o transporte do viveirista ao local de plantio, as mudas não devem ficar expostas ao sol e/ou ao vento, e o plantio deve ocorrer assim que elas cheguem. 6. SOLO O pomar deve ser considerado e tratado como uma cultura permanente. Ou seja: ele permanecerá sempre naquele chão, por dez ou vinte anos. Por isso é importante escolher um solo de boa qualidade ou prepará-lo devidamente.

O primeiro passo para fazer um pomar é o estudo tanto das condições gerais do terreno quanto da sua constituição (argila, limo, areia grossa ou fina) e também de seus componentes químicos (pH, fósforo, nitrogênio, potássio, matéria orgânica, cálcio e magnésio). É fundamental também conhecer as qualidades e defeitos da estrutura física do solo, se é permeável, bem arejado, sua declividade e se conta com boa disponibilidade de água. Todos esses fatores devem existir em equilíbrio, para que o pomar vingue.

Há outro detalhe do solo que não pode ser desconhecido. Uma árvore frutífera tem suas raízes a uma profundidade de 30 cm e, em casos excepcionais, de 60 cm. Há necessidade, portanto, de que as qualidades nutritivas do solo estejam também nessa camada, ao alcance das raízes.

Para a instalação de pomares deve-se dar preferência para solos francos, profundos e bem drenados, evitando-se solos encharcados ou que estejam sujeitos ao encharcamento ou que possuam alguma camada que impeça a drenagem da água.

Para que possamos obter resultados satisfatórios na produção de frutas, é necessário que se conheça o histórico da área onde o pomar será instalado, ou seja, saber o tipo de vegetação que se encontrava naquele local, outras culturas, tipo de maquinário utilizado, etc. O conhecimento prévio da área permitirá estimar problemas que podem ser encontrados, como camada compactada, presença de nematóides, problemas de alelopatia, bem como planejar as atividades que deverão ser desenvolvidas. Em terrenos que anterior mente abrigavam mata, deve-se fazer destoca, subsolagem,

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retirada de raízes e pedras, lavração profunda e incorporação de corretivos até 40 cm de profundidade, adubação e gradagem, cultivo de uma gramínea anual por um período de 1 a 2 anos antes da instalação. Em terras que já foram cultivadas deve-se fazer subsolagem, lavração profunda e incorporação de corretivos até 40 cm de profundidade e adubação de base e gradagem.

Em regiões onde as propriedades rurais são relativamente pequenas, o replantio na mesma área é uma questão de sobrevivência, porém vale lembrar que para frutíferas, o replantio da mesma espécie ou espécies afins pode acarretar desenvolvimento reduzido das plantas. Os principais sintomas observados são parte aérea pouco desenvolvida, sistema radicular fraco e com raízes esbranquiçadas. Estes sintomas caracterizam o que se chama de doença do solo ou problemas de replantio.

Os problemas de replantio são mais severos para macieiras, cerejeiras, pessegueiros e plantas cítricas e, em menor grau ocorrem em ameixeiras e pereiras. As possíveis explicações são patôgenos, nutrição e fatores físicos e químicos ou a liberação de substâncias no solo pelo sistema radicular que inibem o crescimento das novas plantas, conhecido como alelopatia. Outro cuidado, na preparação de um solo, refere-se à eliminação de pedras e tocos de plantas. As pedras constituem um obstáculo ao trabalho e ao manejo do pomar, já os tocos, além de constituírem uma barreira mecânica, são também hospedeiros de fungos de raízes, que podem atacar o sistema radicular das plantas frutíferas.

Antes da instalação do pomar, é necessário que se faça a análise de solo, para corrigir as deficiências nutricionais de acordo com as exigências da cultura que se deseja implantar. A análise de solo deve ser feita, pelo menos 6 meses antes da implantação do pomar.

Para a análise do solo, as amostras devem ser coletadas em duas profundidades, de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, pois é onde se encontra a maior parte do sistema radicular das frutíferas. O número de coletas varia de acordo com a uniformidade do terreno, ou seja, o terreno é dividido de acordo com suas características e, de cada área deve ser coletada uma amostra, que será composta de pelo menos 10 sub-amostras homogeneizadas, representativas da área. As amostras serão encaminhadas a um laboratório de análise. Com o resultado da análise do solo, recomenda-se consultar um técnico da Emater, que fará as recomendações do adubo e tonelagem de calcário a utilizar. Correção do solo Faz-se a correção da acidez do solo com a prática denominada calagem, que consiste na aplicação de calcário dolomítico. Esse procedimento serve também para incorporar cálcio e magnésio ao solo.

É preciso aplicar calcário de preferência de dois a três meses antes do plantio, espalhando-o sobre a área que será utilizada. Depois da aplicação, se possível, deve-se arar o terreno ou passar a enxada rotativa a 10 cm de profundidade para facilitar a incorporação ao solo.

É necessário analisar o solo no intervalo de 4 a 5 anos e aplicar calcário, de acordo com as recomendações oficiais.

Distribuição dos fertilizantes

Em pomares com menos de 5 metros de distância entre as linhas de plantio, os adubos devem ser espalhados em toda superfície. No entanto, onde essa distância for superior e não houver interesse em se estabelecer cultura intercalar, a adubação poderá ser executada somente numa faixa de 3 metros de largura ao longo da linha de plantio.

Os adubos fosfatados e potássicos, usados antes do plantio devem ser aplicados por ocasião da instalação do pomar, preferentemente a lanço, e incorporados no mínimo da camada arável.

A adubação de um pomar é prática rotineira e obrigatória na fruticultura. Inicia-se

corrigindo o solo e adubando a muda ainda pequena. Sua base são a fertilidade do solo, a idade da

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planta, as espécies e os recursos disponíveis. Num pomar comercial, onde o número de espécies cultivadas é menor, geralmente, a adubação é simples. A dificuldade aumenta no caso de pomar doméstico, diante da diversidade de espécies, exigindo diferentes receitas e nutrientes.

Mas, quer seja um pomar comercial ou doméstico, a adubação é medida indispensável para assegurar rápido crescimento, maior resistência às doenças e pragas, grande produção, boa qualidade, vigor e longevidade das fruteiras.

As árvores frutíferas – em função de suas diferentes maneiras de crescimento, precocidade ou demora na frutificação, pouca ou grande longevidade, demanda de podas e, principalmente, pelas diferentes qualidades de frutas produzidas – não têm as mesmas exigências de fertilizantes.

Normalmente, a planta em formação necessita de maiores quantidades de nitrogênio e depois, na época de frutificação, aumentam as retiradas de fósforo e, principalmente, potássio. Deve-ser manter o equilíbrio entre as quantidades existentes no solo, retiradas pela planta, e as quantidades aplicadas por ocasião das adubações.

Na ocasião do plantio, no fundo do sulco colocam-se misturados à terra da superfície, adubo fosfatado e matéria orgânica bem curtida (esterco de bovinos ou de aves). Para as frutíferas de ciclo curto (produção de frutas no primeiro ou segundo ano), pode-se também depositar adubo potássico na cova, enquanto para as frutíferas de produção mais tardia não é recomendável o adubo potássico, sendo preferível sua aplicação posterior, em cobertura, em pequenas quantidades com o adubo nitrogenado durante a fase de crescimento.

Após a adubação da cova ou sulco, aplicam-se adubos fosfatado e potássico por três vezes em toda a área do solo coberta pela copa, durante a época de crescimento vegetativo e em cobertura ao redor da planta. Aqui, um cuidado é muito importante: manter o adubo afastado do tronco a uma distância de 40 a 60 centímetros, pois o esterco ainda não totalmente curtido e o adubo químico podem queimar a casca da muda. Para o Rio Grande do Sul, sugere-se a fórmula 20-0-15, na seguinte quantidade por ano:

Idade das plantas Fórmula 20-0-15 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano 8º ano

200 g 400 g 800 g

1.200 g 1.600 g 2.000 g 2.500 g 3.000 g

Adubam-se as plantas em fase de crescimento na projeção da sua saia ou copa, isto é, na

periferia ou parte externa, incorporando levemente os adubos ao solo. A aplicação de esterco bem curtido melhora consideravelmente as condições de crescimento

e produção do pomar. De preferência deve-se aplicar o esterco bem curtido com os adubos químicos. Segundo estudos realizados, as quantidades de esterco bovino ou de aves indicadas por idade das plantas no Rio Grande do Sul são:

Idade das plantas Quantidade (Kg por planta) Esterco de bovinos Esterco de aves

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano 8º ano

10 a 15 2 a 4 10 a 15 3 a 4 15 a 20 4 a 6 20 a 25 6 a 8

30 a 35 8 a 10 40 a 50 10 a 12 50 a 60 12 a 15 60 a 80 15 a 20

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Na fase de crescimento das plantas, os adubos orgânicos podem ser aplicados em sulco, na projeção da saia ou copa, isto é, na periferia ou parte externa. Em pomar adulto, os adubos podem ser espalhados em toda a área e depois incorporados levemente ao solo. O mais recomendável seria fazer duas ou três aplicações anuais, nos períodos de grande crescimento, florescimento e produção de frutas. 7. IMPLEMENTOS Os implementos básicos para implantação de pomares são: Subsolador com grampos com no mínimo 60 cm de comprimento, destinado a solos profundos. Tem a função de romper camadas compactadas. A subsolagem deve ser realizada após a correção do solo com calcário, para que este atinja profundidades maiores. Para solos rasos, o uso deste implemento deve ser melhor avaliado. O preparo do solo através de subsolagem e/ou lavração profunda propicia uma distribuição mais uniforme do sistema radicular no perfil do solo.

Arado de disco utilizado para revolvimento da camada superficial e incorporação dos fertilizantes, além de auxiliar na marcação das linhas de plantio;

Grade de arrasto utilizado para destorroar porções de solo e uniformizar a área de plantio. Utilizada depois do arado;

Sulcador serve para abrir sulcos de plantio, facilitando a implantação do pomar.

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Broca é utilizada para abertura de covas de plantio circulares. Deve-se tomar o cuidado de raspar as paredes da cova de plantio, pois o solo naquela região fica compactado, dificultando a penetração das raízes das plantas. 8. SISTEMAS DE ALINHAMENTO E MARCAÇÃO DO POMAR A disposição das plantas frutíferas no pomar está basicamente relacionada com a topografia do terreno, densidade de plantio, tipo de mecanização, porte do porta-enxerto e cultivar copa e a necessidade de aproveitamento da área disponível. 8.1. Formas Geométricas São utilizadas em solos planos, onde não existe o risco de erosão. As principais são: Retângulo: atualmente é o mais utilizado pois facilita o trânsito de máquinas e, com isto, os tratos culturais mecanizados. A determinação do número de plantas é feita pela seguinte fórmula:

Nº de plantas = S/L x l S = área a ser plantada l = lado menor L = lado maior

Quadrado: esta disposição mantém a mesma distância entre plantas e filas. É pouco empregado nos pomares comerciais pois diminui a área útil do terreno. O número de plantas é determinado pela fórmula:

Nº de plantas = S/L x L S = área a ser plantada L = lado do quadrado

Triângulo: esta disposição também é pouco utilizada. Utiliza o terreno de uma maneira bastante uniforme e permite um aumento de aproximadamente 15 % no número de plantas por área, em relação ao sistema quadrado.

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Quincôncio: este sistema pode ser empregado na implantação de pomares em que se consorcia duas espécies frutíferas. Tem o inconveniente de dificultar o trânsito de implementos pela proximidade das fileiras.

8.2. Disposição das plantas em contorno A construção de terraços é uma das práticas mais eficientes para controlar a erosão nas terras cultivadas. A finalidade é de diminuir o comprimento dos lançantes, reduzindo a formação de sulcos. Nesta situação, deve-se combinar as práticas de conservação incluindo a cobertura permanente do solo. Plantio em fileiras paralelas entre os terraços Permite manter constante a distância entre fileiras, evitando a ocorrência de linhas mortas. As fileiras de plantas devem ser marcadas a partir de um determinado terraço, em ambas s direções, ou seja, para cima e para baixo.

Plantio em fileiras em nível entre os terraços As fileiras obedecem ao declive do terreno. Dependendo do espaçamento entre terraços poderão ocorrer linhas mortas que podem ser evitadas impedindo a aproximação das filas além do permitido (20 %).

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Plantio das mudas em curva de nível Não é muito utilizado em pomares comerciais. Apresenta a inconveniência da variabilidade do afastamento das fileiras de plantas, o que faz surgir fileiras mortas. Para evitar este tipo de problema, pode-se aproximar as plantas nas fileiras próximas quando estas se afastam.

Plantio sobre camalhões É um sistema de plantio amplamente utilizado por oferecer benefícios como efetivo controle da erosão e a planta torna-se mais produtiva por ter à disposição, sobre o terraço, maior volume de solo fértil, constituído pela camada superficial que foi amontoada. A construção é feita marcando-se uma linha base perpendicular à declividade média da área e, nesta, marca-se os espaçamentos entre curvas. Com o auxilio de aparelho de nível, determina-se os pontos com o desnível desejado, 0,5 a 08 %, dependendo do tipo de solo, identificando-os com estacas. Não é necessário marcar todas as curvas individualmente, ou seja, pode-se marcar a primeira no ponto mais alto do terreno e, as demais, a cada 20 ou 30 metros. Entre elas, intercalam-se as curvas, com auxilio de trena, no espaçamento desejado. O camalhão é construído sobre a curva demarcada, deixando-se 2 ou 3 m de base. Normalmente, isto é realizado com 4 passadas de arado de disco reversível, duas de cada lado da linha.

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Plantio em patamar É empregado quando a declividade do terreno for superior a 20 %. A base do patamar deve ter inclinação contrária a do terreno, para propiciar a infiltração da água da chuva, evitando o escorrimento. Recomenda-se que a superfície vertical do patamar seja protegida, com pedras se viável, ou por vegetação, evitando o desmoronamento. Os patamares podem ser contínuos, descontínuos (banquetas) e patamares de irrigação.

9. ESPAÇAMENTO O espaçamento é a distância existente entre plantas da mesma fileira (espaçamento entre plantas) ou entre plantas de fileiras diferentes (espaçamento entre linhas). Os espaçamentos recomendados para as principais culturas são apresentados na Tabela 3.

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Tabela 3: Espaçamentos recomendados para as principais espécies frutíferas. CULTURA DISTÂNCIA

ENTRE PLANTAS (m)

DISTÂNCIA ENTRE

LINHAS (m)

ESPAÇAMENTO MAIS UTILIZADO

(m) Abacaxieiro Ameixeira Bananeira Citros Figueira Goiabeira Kiwi Macieira Mamoeiro Mangueira Maracujazeiro Marmeleiro Pereira Pessegueiro Videira

0,3 3,0 a 4,0

2,5 2,0 a 7,0 2,0 a 3,0

3,0 a 11,0 4,0 a 6,0 1,2 a 5,0

2,0 8,0 a 12,0

2,5 3,0

4,0 a 10,0 1,0 a 4,0 1,0 a 2,5

0,8 a 1,0 5,0 a 7,0

3,0 5,0 a 8,0 3,0 a 5,0 6,0 a 11,0 4,0 a 6,0 4,0 a 7,0

3,0 8,0 a 12,0

3,0 4,0

5,0 a 10,0 5,0 a 7,0 2,5 a 3,0

0,3 x 0,9 4,0 x 6,0 2,5 x 3,0 4,0 x 6,0 3,0 x 5,0 5,0 x 7,0 5,0 x 5,0 2,0 x 5,0 2,0 x 3,0

10,0 x 10,0 2,5 x 3,0 3,0 x 4,0 4,0 x 6,0 4,0 x 6,0

2,5 x 3,0 e 2,0 x 3,0 O espaçamento é bastante variável entre as espécies e, mesmo para uma mesma espécie, entre as cultivares. Esta também relacionado com fatores como tecnologia adotada, maquinário disponível, vigor do porta-enxerto e da cultivar-copa, disponibilidade de área, entre outros. 10. DENSIDADE DE PLANTIO A utilização de maiores ou menores espaçamentos irá resultar em diferentes densidades de plantio. Para classificação dos pomares quanto à densidade são estabelecidos parâmetros para definir baixa, média e alta densidade. Tabela 4: Número de plantas por hectare em função do espaçamento entre filas e entre plantas na fila.

Espaçamento entre filas (m) Espaçamento entre plantas na fila (m) 2,0 2,5 3,0

1,5 2,0 2,5 3,0

3.333 2.500 2.000 1.666

2.666 2.000 1.600 1.333

2.222 1.666 1.333 1.111

Baixa densidade: tem as seguintes vantagens: menor custo de implantação; maior longevidade do pomar; melhores condições de luminosidade e arejamento; condução da planta mais livre, menos mão-de-obra. Alta densidade: Tem as seguintes vantagens: melhor aproveitamento da área, fertilizações, mão-de-obra; maior produção por unidade de área; facilidade de manejo pelo porte reduzido das plantas; diminuição da infestação de plantas invasoras devido ao maior sombreamento; torna viável o uso de técnicas como irrigação, controle de granizo e sombreamento;

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maior precocidade As desvantagens do sistema de alta densidade são o alto custo de implantação e adoção de

técnicas mais apuradas para o seu manejo e controle fitossanitário mais rigoroso. Apesar destas desvantagens, o sistema mais adotado atualmente, tanto em nível mundial

como nacional é o de alta densidade, porque comparativamente suas vantagens superam os outros sistemas de condução.

11. PREPARO DA COVA

A época de preparo das covas deve anteceder de 2 a 3 meses o plantio. A abertura pode ser feita manualmente ou com broca. O tamanho da cova varia de acordo com a espécie e o tipo de solo. Na maioria dos casos, as covas variam de 60 x 60 x 60 cm a 40 x 40 x 40 cm. No caso das videiras, se dá preferência a valetas.

Quando se faz abertura manual, deve-se tomar o cuidado de separar o sub-solo, e no momento de recolocar o solo obedecer à distribuição natural do solo. 12. ÉPOCA DE IMPLANTAÇÃO O plantio das mudas pode-se tornar uma prática muito traumática para certas espécies devido a condições especiais de luminosidade ou umidade que as mudas recebem nos viveiros. Por isso, a época de plantio depende de alguns fatores como a biologia da planta, do tipo de muda utilizada e da região. Mudas de raiz nua devem ser plantadas preferencialmente no período de repouso vegetativo, que corresponde ao período de fim do outono e inverno. Para mudas produzidas em embalagens, o plantio pode ser realizado em qualquer período do ano, desde que haja irrigação freqüente. Espécies de folhas persistentes (citros, abacate) podem ser plantadas no inverno desde que não seja rigoroso ou que haja proteção contra as baixas temperaturas e geadas. A alteração da época de plantio só é indicada quando as mudas se encontram envasadas, ou seja, com seu sistema radicular protegido. 13. PLANTIO DAS MUDAS

Para plantar a muda de raiz nua, no sulco ou na cova, retira-se parte da terra e coloca-se a muda normalmente, sem amontoar as raízes. A cova deve ser preenchida, então, com a terra da superfície. É necessário também fazer uma bacia ao redor da muda e colocar de 15 a 20 litros de água, mesmo que o solo esteja úmido, porque a água aproxima a terra das raízes e facilita o seu pegamento.

Terminado esse trabalho, coloca-se um tutor ou estaca vertical (de taquara ou bambu) ao lado da muda, amarrando-a, para que permaneça em posição vertical e o sistema radicular não se desloque.

Depois do plantio, com pouca ou nenhuma chuva, deve-se irrigar a muda cada três dias, até o completo pegamento.

Para plantar a muda com embalagem individual, coloca-se a muda na cova ou no sulco, corta-se ou retira-se a embalagem, lenta e cuidadosamente, começando pela parte inferior da planta. À medida que se retira a embalagem, coloca-se a terra, tendo todo o cuidado para não desfazer o torrão, o que pode prejudicar o pegamento. Retirada a embalagem protetora, procede-se como no plantio da muda de raiz nua.

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14. CUIDADOS PÓS-PLANTIO As mudas devem ser tutoradas e receber irrigação permanente, conforme forem as condições de umidade do solo. Outro cuidado que deve ser tomado é o de eliminar os ramos ladrões, principalmente os originados do porta-enxerto, e dar uma condução de planta conforme desejado. No início da brotação, deve-se ter cuidado com o controle de formigas, plantas daninhas no pomar e alguns roedores que poderão causar danos na casca das mudas. Normalmente, a percentagem de reposição das mudas é da ordem de 5 %. Este percentual deve ser adquirido com antecedência para reposição em ocasião oportuna. 15. IRRIGAÇÃO A propriedade deve possuir água de qualidade e em quantidade para realização de irrigações e tratamentos fitossanitários.

A água é um dos elementos-chave para que o pomar tenha bom crescimento e frutificação. A dose adequada de umidade garante muitas frutas e de bom tamanho, principalmente nos

períodos de crescimento e frutificação. A falta de água provoca inúmeros prejuízos: diminui a quantidade de raízes, folhas, ramos, flores e frutas, o crescimento é limitado e a longevidade da planta é reduzida.

A instalação do pomar pode ser feita em qualquer época do ano, quando a propriedade possui sistema de irrigação. A produção de uma mesma fruteira aumenta, como é o caso da jabuticabeira, onde a irrigação e a adubação proporcionam de três a quatro colheitas anuais em climas tropicais e subtropicais.

A safra também pode ser antecipada ou prolongada, como acontece com a figueira, sempre que a irrigação for complementada com adubação correta e controle de doenças e pragas. A colheita das frutas pode ser feita na época desejada, em qualquer mês, mesmo nas culturas que exigem repouso vegetativo, através do controle da dosagem de água.

De maneira geral, a necessidade de água durante os meses de inverno – principalmente para fruteiras de clima temperado ou subtropical de folhas caducas – é muito pequena. A exigência de umidade cresce durante a primavera e o verão, quando há pleno crescimento vegetativo, florescimento e desenvolvimento das frutas.

Quanto mais chove, menor será a necessidade de irrigação. Mas o que conta é a chuva que cai mês a mês. Não o total anual. A bananeira, por exemplo, uma planta tropical de crescimento quase contínuo, quando cultivada em climas subtropicais, apresenta uma necessidade de água em torno de 80 a 100 milímetros mensais, durante a época mais fria do ano. No verão, a exigência de água aumenta para 240 a 320 mm mensais. Portanto, chuvas acima de 100 mm são excessivas durante o inverno para a bananeira plantada em clima subtropical, mas escassas no período de verão.

A irrigação no pomar deve iniciar no momento do plantio da muda no campo. Pomares adultos ou em formação precisam ser irrigados principalmente durante as fases de intenso crescimento vegetativo e de frutificação.

Na época de amadurecimento das frutas, o excesso de chuvas provoca doenças e queda da qualidade. Esse problema é comum em regiões do Rio Grande do Sul, nas plantações de uva, figo e pêssego, nos meses de janeiro e fevereiro. Para pequenos pomares, a irrigação pode ser feita com baldes ou com mangueira, molhando a terra próxima à planta. Para áreas médias, podem-se instalar pequenos aspersores de jardim, regando abaixo da copa das fruteiras. Quando o terreno é inclinado, abrem-se sulcos e a água chega à planta seguindo as curvas de nível do terreno. Em áreas maiores, dispondo de recursos e desejando uma irrigação com melhores resultados, pode-se instalar o sistema de irrigação por gotejamento, que, além de água, pode fornecer ao mesmo tempo fertilizantes às plantas.

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16. CONTROLE DAS PLANTAS INVASORAS

As plantas invasoras ou daninhas disputam, com as frutíferas, água, luz e nutrientes do solo. Por isso, precisam ser eliminadas no início da formação do pomar, antes que se tornem excessivas, principalmente na época seca do ano.

Ao eliminar as plantas invasoras, por capinas, roçagem, grade de discos, enxada rotativa, cobertura vegetal ou cobertura morta, reduzem-se também os focos de doenças e pragas. As plantas daninhas, depois de capinadas e secas, podem ser incorporadas ao solo como matéria orgânica, nutrindo e aumentando a capacidade de armazenamento de água pelo solo. Porém, há o risco de a eliminação de plantas daninhas, em terrenos inclinados, aumentar a erosão do solo na época de chuvas.

As gramíneas são as que mais prejudicam as frutíferas novas. A concorrência por água e nutrientes atrasa o desenvolvimento da frutífera, diminui o número de folhas, o comprimento dos ramos e o diâmetro do caule. Por fim, reduz o vigor da planta, o número e o peso das frutas. Como acabar com as invasoras

A retirada manual das plantas invasoras próximas das mudas frutíferas, dentro das linhas ou nas entrelinhas, pode resolver o problema de um pequeno pomar; pode ser feito com a utilização da enxada manual, cortando-as alguns centímetros abaixo do solo. Em pomares de área média, o sistema de retirada manual e capinas, dentro da linha de plantio, e o uso de cultivadores de tração animal, nas entrelinhas, dão bom resultado.

No período de muita chuva, ou em locais acidentados, com terrenos pedregosos, as plantas daninhas podem ser roçadas ou ceifadas a 5 cm do nível do solo e deixadas para secar no terreno, formando uma cobertura morta. Além de diminuir o nascimento de novas plantas daninhas, essa prática ajuda a controlar a erosão e a melhorar a estrutura do solo.

A grade de discos pode ser usada em terrenos planos ou levemente inclinados, somente na fase inicial da formação do pomar, da instalação até uns noventa dias após o plantio das mudas. A grade deve ser regulada para atingir somente 10 cm de profundidade máxima. A enxada rotativa também pode ser usada, quando regulada até uma profundidade de 5 cm. Existem enxadas rotativas com braço móvel, que permitem controlar as invasoras bem próximo do tronco.

Outra prática preconizada é a cobertura vegetal para o solo, na área livre de plantas frutíferas, durante o ano todo ou por alguns meses. Depois a cobertura é cortada e incorporada ao solo, sendo considerada um adubo verde. Essa prática melhora a estrutura do solo, previne a erosão, aumenta as condições de nutrição das plantas frutíferas, porque há disponibilidade de nutrientes no solo, e ajuda a eliminar o excesso de água nos solos argilosos.

Na escolha das plantas para cobertura vegetal, recomenda-se o exame da quantidade de matéria verde que a planta selecionada pode fornecer por unidade de área, sua adaptabilidade ao local, clima, hábitos de crescimento e facilidade de controle. 17. MANEJO DO SOLO O manejo do solo envolve todos os tratos culturais aplicados à camada de solo utilizada pelas plantas frutíferas, desde o momento do plantio até a colheita. Deve ser o mais eficiente possível quanto ao controle da erosão do solo; regulação da disponibilidade de água, manutenção de um bom nível de matéria orgânica; redução da competição com ervas daninhas; manutenção da fertilidade do solo; facilidade no trânsito do homem e de máquinas no pomar, levando em consideração a economicidade, equipamentos e máquinas disponíveis na propriedade. O manejo do solo esta intimamente ligado ao sistema de plantio, espaçamento adotado, dimensão da área, espécie cultivada, clima e topografia.

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Características do uso de máquinas no pomar A utilização de equipamentos com tração mecânica permite grande rendimento do trabalho e a execução das atividades dentro do menor espaço de tempo. Para que as máquinas diminuam os riscos de erosão, adensamento do solo e danos sobre as plantas, recomenda-se: *Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam adensamento no solo e danificam as plantas; *Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as enxadas rotativas, pois contribuem para aumentar a erosão do solo; *O trabalho no solo com arados e grades deve ser superficial e realizados nas épocas adequadas para cada cultura; *Os equipamentos devem ser apropriados para as atividades dentro do pomar. Sistemas de cultivo do pomar depois do plantio das mudas O sistema de cultivo ou manejo do solo refere-se às práticas culturais aplicadas à superfície do solo: 17.1. Pomar em formação:

Nos primeiros anos de vida do pomar, recomenda-se manter uma faixa de solo limpa periodicamente ao longo da linha das plantas. Esta faixa deve ser um pouco maior que a projeção da copa das plantas. A área entre as filas de plantas é mantida com cobertura vegetal nativa ceifada ou, com culturas intercalares de porte baixo, tais como: feijão, soja, amendoim, trevos, entre outras.

Este cultivo intercalar deve receber adubação apropriada e não deve competir com a muda em luz, umidade e nutrientes.

O cultivo intercalar mantém uma cobertura do solo, evitando problemas de erosão e propiciando melhorias nas condições físicas e químicas do solo, além de custear as despesas do pomar na fase de implantação. 17.2. Pomar em produção

As plantas frutíferas para se desenvolverem necessitam encontrar, no solo, água, ar e nutrientes minerais. Estas condições são básicas e precisam ser consideradas quando se pretende estabelecer um bom sistema de manejo do solo.

Em locais onde ocorre déficit hídrico por longos períodos é necessário prever práticas de irrigação. Já em solos com excesso de água, é necessário executar um sistema de drenagem eficiente, pois as plantas frutíferas não toleram solos encharcados ou com um lençol freático muito próximo à superfície. Pomar permanentemente limpo

Neste sistema toda área do pomar é mantida livre de vegetação nativa ou invasora, por meio de mobilizações periódicas e superficiais ou mesmo com uso de herbicidas.

Apesar desta forma de manejo evitar a concorrência das plantas daninhas, facilitar a incorporação de nutrientes e demais tratos culturais, expõe o solo à erosão; provoca compactação, pelo trânsito de máquinas e implementos agrícolas; além de diminuir a matéria orgânica, deixando o solo mais sujeito às variações de temperatura durante o dia e a noite.

As aplicações sucessivas de herbicidas, provocam um endurecimento na camada superficial, contribuem para aumentar os riscos de intoxicação dos aplicadores e podem poluir os mananciais de água. Pomar com cultivo intercalar

Neste sistema, o pomar é mantido na entrelinha com um cultivo intercalar, que pode ter um caráter temporário ou permanente.

As espécies cultivadas devem ser de porte baixo e, normalmente, leguminosas e têm o

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objetivo de melhorar as propriedades físicas e químicas do solo, porém deve-se considerar que, em períodos de seca, as leguminosas causam maiores prejuízos às plantas do que as gramíneas, pois apresentam sistema radicular mais desenvolvido e, com isso, uma maior capacidade de absorção de água do solo. Quando se mantém a vegetação espontânea, a mesma é ceifada periodicamente.

Ao longo das filas é mantida uma faixa limpa, do tamanho ou um pouco maior do que a projeção da copa das plantas, através do uso de capinas ou aplicações de herbicidas.

Este sistema combina as vantagens que mantém o solo limpo na linha da planta e da cobertura vegetal na entrelinha com auxilio no controle da erosão.

No caso especifico das frutíferas de clima temperado, depois que as frutas foram colhidas pode-se deixar a vegetação espontânea crescer também ao longo da linha de plantas, até o inicio da primavera seguinte.

Se for utilizada uma planta intercalar para exploração econômica, deve-se realizar a adubação da planta independente da adubação da planta frutífera. Pomar com cobertura vegetal permanente

O solo todo do pomar é mantido com uma cobertura vegetal rasteira, nativa ou cultivada de forma permanente. Oferece vantagens para a proteção do solo no que diz respeito à melhoria na estrutura, proteção contra erosão, transito de maquinas e diminui a compactação.

Entretanto, é um sistema que a vegetação dentro do pomar concorre com a frutífera em água e nutrientes, podendo causar graves prejuízos em épocas de estiagem, além de dificultar a incorporação de fertilizantes.

Este sistema pode ser utilizado em solos com grande declividade, apenas realizando um pequeno coroamento na projeção da copa durante o ciclo vegetativo da planta, através do uso de capinas ou herbicidas. Pode ser utilizado em plantas que apresentem um sistema radicular profundo, como é o caso da nogueira pecã. Pomar com cobertura morta permanente

O solo é mantido com uma cobertura de restos vegetais, cortados de espécies forrageiras, palha ou casca de arroz, serragem, palha de leguminosas, entre outras.

A espessura da cobertura varia de 10 a 20 cm, conforme o material utilizado. Apesar deste sistema ser oneroso e limitado a pequenas áreas, traz vantagens para o

desenvolvimento das plantas, tais como: redução das perdas de água, aumenta as taxas de nutrientes no solo, contribui para o controle das ervas daninhas.

As limitações deste sistema seriam: em solos mal drenados os problemas de aeração são acentuados; em pomares conduzidos com cobertura morta por alguns anos, o abandono da prática pode trazer sérias conseqüências, pois o sistema mantém as raízes da planta na superfície do solo; a cobertura morta aumenta o risco de geadas por impedir a irradiação do calor do solo para o ar; favorece o risco de incêndio e o ataque de roedores; o custo é significativo, pois se necessita adicionar matéria seca anualmente; não deve ser estabelecido antes de três anos de vida da planta, pois estimula o desenvolvimento superficial das raízes. Variantes para combinar sistemas de cultivo do pomar

Na prática os sistemas de cultivo citados anteriormente são pouco utilizados isoladamente, o que se utiliza são as combinações deles, baseadas na espécie vegetal, regime hídrico, declividade, disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e custos. Em algumas situações, pode-se utilizar: * Cobertura vegetal permanente e cobertura morta na linha das plantas; * Cobertura com vegetal ceifado na entrelinha e limpo na projeção da copa, através de herbicidas e/ou capinas periódicas; * Cultivo do solo com planta leguminosa durante parte do ano para posterior incorporação ao solo; * Vegetação nativa na entrelinha, mantida rasteira através do uso de grades que atingem pequenas profundidades do solo; * Vegetação natural ceifada no período das chuvas e limpo, na época da seca, com máquinas ou

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herbicidas; * Vegetação natural ceifada quando necessário e plantas coroadas com herbicidas. Escolha do sistema de cultivo

É difícil recomendar um ou outro sistema de cultivo apenas a partir de considerações teóricas, pois a escolha do sistema deverá levar em conta: * Aspectos relativos à planta; * Aspectos relativos ao solo (profundidade, textura, estrutura, topografia); * Aspectos relativos ao clima (chuvas, geadas); * Aspectos econômicos (custo operacional, equipamentos disponíveis). 18. DOENÇAS

O plantio de grande número de espécies facilita a entrada, o crescimento e a propagação de muitas doenças comuns a diversas fruteiras. Mas em um pomar doméstico, onde as frutas são colhidas e consumidas imediatamente no próprio local, não ocorrem doenças e perdas depois da colheita.

Nesse ponto, volta-se à questão básica inicial: as mudas para o plantio devem ser obtidas em viveiros registrados. Essa é a melhor medida para controlar as doenças.

Somente os pomares comerciais exigem a aplicação de produtos químicos preventivos, para garantir a conservação das frutas após a colheita, durante o período de transporte, armazenamento e comercialização até chegar ao consumidor final.

Sistematicamente, o pomar deve ser controlado: todos os ramos secos, frutos secos e caídos e mudas doentes devem ser cortados ou recolhidos, enterrados ou queimados.

As plantas daninhas do pomar são hospedeiras de doenças e pragas e devem ser eliminadas ainda pequenas.

Outra prática preventiva é eliminar os ramos localizados na parte mais interna da planta, permitindo melhor insolação e arejamento em seu interior. Assim, diminuirá a ocorrência de doenças no pomar.

As medidas preventivas funcionam melhor na fruticultura do que as práticas curativas. Formação de plantas bem nutridas (adubadas), irrigação na época da seca, matéria orgânica

anual, solos bem drenados ou terrenos pouco inclinados são medidas auxiliares no controle de doenças do pomar.

A calda bordalesa, a calda sulfocálcica e fungicidas são empregados no controle de doenças na fruticultura. 19. PRAGAS

O controle de pragas é das práticas mais difíceis no pomar doméstico. O número e a diversidade de pragas são grandes. E o controle, através de produtos químicos, traz sérios riscos quando usado de maneira incorreta, seja na forma ou no volume aplicado, por causa dos resíduos que ficam na planta.

A consulta a um técnico especializado no assunto, para dar a orientação necessária, é imprescindível para que o fruticultor não jogue com sua própria saúde, a de sua família e a de outros. E para que não se repitam os acidentes sérios já registrados pelo uso indevido de produtos violentos, contra-indicados para fruticultura e em doses e épocas não recomendadas.

O ponto de partida para evitar problemas é a cuidadosa seleção da muda, porque ela pode introduzir no pomar pragas e doenças, inviabilizando qualquer controle posterior. Vale a pena repetir que é primordial a aquisição de mudas sadias e de excelente qualidade para a formação de um bom pomar.

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Mudas de figueira ou de abacaxi podem chegar ao pomar já portando nematóides. Citros, macieiras e videiras – quando não se utiliza o porta-enxerto indicado- levam junto as pragas, que permanecem no pomar durante o ciclo de crescimento e produção da planta. Para evitar surpresas, as frutíferas que podem ser transportadas e transplantadas com raiz nua, e em especial as qu têm repouso vegetativo, devem ter as raízes descobertas, o que permite examinar seu estado na ocasião do plantio.

A mosca-das-frutas é uma presença constante em pomares domésticos, principalmente quando se cultiva grande número de espécies susceptíveis a essa praga. Nesse caso, muitas vezes o melhor é evitar a contínua produção de frutas maduras durante todos os meses do ano, deixa-se um intervalo de alguns meses para dificultar o ciclo contínuo de propagação da mosca-das-frutas.

Para controlar com eficiência a mosca-das-frutas, ensacam-se as frutas ainda pequenas, trabalho que pode ser executado quando o pomar é pequeno. Em área maior, as frutas temporãs, doentes ou caídas são coletas e enterradas profundamente. Lavrar o pomar e colocar galinhas, gansos ou patos para comerem larvas e pupas também auxilia no combate.

Para detectar o início do ataque da mosca-das-frutas, instalam-se iscas caça-moscas, que permitem identificar a época propícia para o controle com produtos químicos. Colocar iscas é medida eficiente e não apresenta riscos.

Mudas de bananeira devem proceder, de preferência de um viveiro ou de um bananal em plena produção, livre da broca-da-bananeira.

No controle de pragas de um pomar doméstico é importante que se adote o mesmo princípio que para a poda de frutíferas: “é muito melhor não usar nenhum inseticida para controlar pragas do que utilizá-lo de qualquer jeito, desconhecendo seu efeito sobre a saúde do aplicador e do consumidor”. 20. MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS

A estrutura de uma planta frutífera é composta pelo sistema radicular e pela parte aérea. Na parte aérea encontramos o tronco, ramos, gemas, folhas, flores e frutas e, no sistema radicular, as raízes que garantem a sustentação e a nutrição das plantas.

O tronco e os ramos formam o esqueleto que sustenta as folhas, órgãos de frutificação, gemas e frutas.

Em plantas frutíferas, as gemas se constituem no órgão vegetativo por excelência, pois delas depende todo o crescimento e o desenvolvimento das frutas.

De acordo com sua posição na planta, as gemas podem ser classificadas em terminais, axilares, secundárias (segurança) e basais. Já pela sua estrutura, elas podem ser classificadas em vegetativas, floríferas e mistas.

O processo de formação das gemas inicia com a brotação e, de forma evolutiva durante o período vegetativo, parte delas permanecem vegetativas, enquanto as demais se diferenciam em gemas floríferas.

Segundo as espécies, as gemas floríferas podem ser formadas antes da brotação, durante a brotação ou posterior a abertura das gemas vegetativas.

Geralmente, em plantas frutíferas de clima temperado, o processo de diferenciação de gemas ocorre no final da primavera ou no verão, ou seja 6 a 8 meses antes da abertura na primavera seguinte.

Algumas práticas culturais, tais como o anelamento de ramos, estimula a indução floral. Ao passo que a presença de frutas em quantidades elevadas concorrem com a indução floral, estabelecendo-se, em muitas safras, o que se chama de alternância de produção. A poda e o raleio de frutos podem ajudar a diminuir este problema.

A formação da fruta se dá por fecundação. As plantas frutíferas, salvo no caso do de serem autoférteis, como o pessegueiro, necessitam de polinização cruzada como forma de garantir uma boa produção do pomar. Particularmente no caso de macieiras, pereiras e ameixeiras é necessário o

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plantio intercalado de plantas polinizadoras, numa proporção de 10 a 20 %, para garantir uma boa produção do pomar.

A presença de insetos polinizadores ajuda a diminuir os riscos na produção. Assim, o uso de abelhas, no período de floração, é uma prática bastante recomendada. 21. PODAS

Plantas sadias, vigorosas, em condições de suportar a carga das frutas e resistir aos ventos fortes. Para obter frutíferas desse quilate, além dos cuidados já citados, é necessário poda-las adequadamente desde a meda até a árvore em frutificação.

A poda, no entanto, é uma técnica que exige conhecimento, e é preferível nunca podar uma planta do que poda-la mal. O corte e a retirada de parte de uma frutífera têm como finalidade melhorar algum aspecto da planta. E como cada espécie cresce e frutifica de modos diferentes, é necessário conhecer bem a planta antes de iniciar a poda.

Além de adequar as plantas ao seu espaço disponível, a poda controla e equilibra a circulação da seiva em toda a árvore frutífera. A poda produz também copas bem formadas, equilibradas, e distribui a área de frutificação por toda sua extensão. Com isso, aumenta a produção de frutas de boa qualidade e de maior tamanho.

A poda regula também a sucessão anual de safras e evita a alternância de produção. Estabelece ainda um equilíbrio entre o crescimento vegetativo, o sistema radicular e a frutificação. Em plantas fracas, ela serve para estimular o crescimento vegetativo.

A muda frutífera, que depois do plantio recebe podas obrigatórias de formação e frutificação, necessita ter uma boa estrutura para garantir muita produção e frutos de qualidade. Ao ser adquirida, a muda deve ter de três a quatro pernadas ou ramos, bem distribuídos no tronco. Entre as espécies de mudas assim formadas estão ameixeira, caquizeiro, figueira, goiabeira, laranjeira, limeira, limoeiro, nogueira-de-pecã, nogueira-européia, pereira, pessegueiro e tangerineira.

Outras frutíferas são adquiridas com haste única e têm crescimento apical: abacateiro, cherimólia, jabuticabeira, lechieira, macadâmia, mamoeiro e maracujazeiro. 21.1. Conceitos e importância da poda

Existem diversos conceitos para o termo poda dentre os quais: É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção,

aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal;

É a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo compatível com o fim que se tem em vista;

É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação.

É a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-la em algum aspecto de interesse do fruticultor.

Poderíamos continuar com vários conceitos, mas como podemos notar, tudo se resume em cortar para direcionar e equilibrar. Com uma boa filosofia de interpretação, podemos até considerar a poda como uma autêntica cirurgia. Quando a decisão foi de podar, é porque todos os parâmetros indicaram que ela é necessária. Mas qual é a importância de se podar ?

A importância de se podar varia de espécie para espécie, assim poderá ser decisiva para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância, as espécies podem ser agrupadas em: Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira. Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro. Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira.

O podador, deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde um gesto seguro

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reflete a convicção de quem acredita que a interferência humana é imprescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas crescem sem qualquer modelamento, buscam sempre a tendência natural de crescerem em direção à luz, tomando a forma vertical, e com isso perdem a regularidade de produção.

Toda a importância da arte de usar a tesoura, não está em simplesmente cortar esse ou aquele ramo, dessa ou com aquela espécie. Cada fruteira tem o seu hábito específico de frutificação, tendo conseqüentemente, exigência muito diversa quanto à poda. E quanto a isso, devemos então entender o básico de como funciona a planta frutífera, para adaptarmos a cada espécie que pretendemos podar. Com citamos anteriormente, o podador assemelha-se a um cirurgião, e como tal, não opera sem entender como funciona o organismo que ele está lidando. 21.2. Fundamentos e princípios da poda

A poda não é uma ação unilateral. Ela ensina quem faz. Mas, para isso, é preciso respeitar seu ritmo, entender e conhecer sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial a qualidade da colheita. Assim, conseguimos entender que a poda, visa justamente estabelecer um equilíbrio entre esses extremos. Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de forma incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa enorme, causando um problema ainda maior para o agricultor. Seiva

As raízes das fruteiras extraem do solo a água, contendo em solução, os sais nutritivos que alimentarão a planta. Essa solução constitui a SEIVA BRUTA, que sobe pelos vasos condutores localizados no interior do tronco e se dirige até as folhas. Nestas e em presença de luz e perdendo água por transpiração, a seiva bruta passa por diversas transformações, tornando-se SEIVA ELABORADA.

A seiva sempre flui para as partes mais altas e mais iluminadas da árvore, razão pela qual os galhos mais vigorosos são aqueles que conseguem se posicionar melhor na copa e têm uma estrutura mais retilínea, o que favorece sua circulação. É por isso também que, o crescimento da planta tende sempre a se concentrar nos ponteiros dos ramos, o que se denomina de Dominância Apical. Quando eliminada, através da poda, ocorre uma melhor redistribuição da seiva, favorecendo a brotação lateral da gemas.

A circulação rápida da seiva tende a favorecer desenvolvimento vegetativo, enquanto que a lenta, o desenvolvimento de ramos frutíferos e essa circulação é em função da estrutura da planta. Quanto mais retilínea, mais rápida a seiva circulará.

Gemas

Outro aspecto importante é sobre a formação das gemas. Em geral, são formadas com a mesma estrutura. O que vai torná-las vegetativas ou frutíferas é o vigor do seu desenvolvimento, decorrente da quantidade de seiva que recebem. Nos primeiros anos de vida, as jovens fruteiras gastam toda a seiva elaborada no seu próprio crescimento. Depois que a planta atingiu um tronco forte, copa expandida e raízes amplas, começa a aparecer sobras de seiva elaborada, que são armazenadas na planta As reservas de seiva elaborada quando atingem uma suficiente quantidade, tem começo a frutificação.

As reservas de seiva elaborada são invertidas ou gastas na transformação das gemas vegetativas em gemas frutíferas, futuras flores e frutos. Essa quantidade excedente de seiva acumulada é conseguida diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre no período após a maturação das frutas, com uma correspondente maturação de ramos e folhas.

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Em princípio, gemas mais vigorosas e mais pontiagudas irão se transformar em ramos vegetativos. As floríferas, têm uma forma mais arredondada e devem ser preservadas.

As gemas localizadas na parte superior dos ramos, brotam antecipadamente e com maior vigor que as laterais, prolongando o ramo devido sua abertura lateral ser bem menor. Baseado nesta lógica, pode-se dizer que ramos verticais tendem a serem mais vegetativos, e os inclinados, por onde a seiva circula de forma mais lenta, possuem maior potencial frutífero. Equilíbrio Vegetativo-Produtivo

A folha é o laboratório da planta, sua fábrica de energia. Por isso é necessário estabelecer uma relação de equilíbrio entre o número de frutos e o de folhas. Um excesso de frutos frente ao total de folhas conduz à uma produção qualitativamente inferior, bem como depauperamento da árvore. Existe uma relação correta para os dois. Um exemplo seria o pessegueiro. Essa relação é de 1 por 40, ou seja, para cada fruto, 40 folhas. Desse modo, uma planta de pessegueiro adulta, perde através da poda 60% de seus ramos e 70% de seus frutos, que devem respeitar uma distância média de 10 a 12 cm entre frutos. Podada, de maneira ideal, o pessegueiro permanecerá com cerca de 1.000 frutos e 30.000 a 40.000 folhas. Frutificação

A frutificação é também, uma conseqüência do acúmulo de carboidratos. Na relação C/N, quando o C é maior do que o N, há boa produção de frutos e massa verde. Quando a produção de ramos vegetativos é muito grande, é alto o N e baixa a produção de gemas floríferas.

Cada fruteira, entretanto, possui um hábito de frutificação específico, tendo assim, exigências diversas quanto à poda. 21.3. Hábitos de frutificação de algumas espécies

Ao podador é indispensável saber que parte da planta está cortando, pois, ele em conformidade com cada planta em particular, há ramos cuja supressão é indispensável, mas em outros, sua eliminação redundaria em grave prejuízo para a produção, porque neles encerram a própria safra de frutos dentro de suas gemas. A fim de compreender e entender as necessidades de poda das plantas sem comprometer a produção, é necessário um conhecimento prático dos seus hábitos de frutificação. Conforme a natureza dos ramos que possuem, as plantas frutíferas podem ser divididas em três grupos: Plantas com ramos especializados

Só produzem nestes ramos. Os demais ramos dessas plantas produzem brotos vegetativos e folhas. Ex.: macieiras e pereiras.

São ramos geralmente curtos e muitos deles denominados esporões, com as seguintes denominações:

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Dardos: são estruturas pequenas e pontiagudas, com entrenós muito curtos. Apresentam uma roseta de folhas na extremidade, sendo pouco maior que uma gema. Lamburda: ramo curto com nodosidades na base, sem gemas laterais, podendo terminar em gemas vegetativas ou floríferas (coroadas). Bolsa: parte curta, inchada, com enorme quantidade de substâncias nutritivas, que formam-se no ponto de união da fruta colhida com o ramo. Pode dar origem a novas gemas florais, dardos, lamburdas, brindilas ou vários deles de cada vez. Geralmente, são originadas a partir de um esporão depois de vários anos. Brindilas: são ramos finos, com diâmetro de 3 a 5mm e 20 cm de comprimento. Em sua ponta, podem apresentar um dardo, uma gema vegetativa ou floral. Botão floral: forma arredondada e destacada, em geral, apresenta um volume maior que as gemas vegetativas.

Plantas com ramos mistos Além de frutificarem sobre os esporões, frutificam também sobre os ramos do ano anterior.

Essas fruteiras possuem, conseqüentemente, crescimento vegetativo e produção de flores, já que os seus ramos possuem gemas vegetativas e floríferas. Ex.: ameixeira, pessegueiro. Plantas com produção em ramos do ano

Frutificam em flores que surgem sobre os ramos da brotação nova. O ramo frutífero, ao invés de ser formado no inverno, aparece na primavera e floresce abundantemente. Ex.: Plantas cítricas, caquizeiro, figueira, goiabeira.

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21.4. Época da poda

Basicamente, a poda, pode ser executada em duas épocas. No inverno, é chamada de poda em seco e recomendada para frutíferas que perdem as folhas (caducifólias), como pessegueiro, macieira, ameixeira, figueira. Mas o inverno é uma referência muito teórica e pode induzir alguns erros. Existe um momento ótimo para iniciá-la. É quando os primeiros botões florais surgirem nas pontas dos ramos, indicando que a seiva começou a circular de novo pela planta. Se a poda for feita antes, estimulará a brotação na hora errada. Se efetuada depois, forçará a brotação vegetativa, exigindo mais tarde uma nova poda.

A poda verde ou de verão, por outro lado, é realizada quando a planta está vegetando e destina-se a arejar a copa, melhorar a insolação e a coloração dos frutos e diminuir a intensidade de cortes na poda de inverno. É também executada em plantas perenifólias (com folhas permanentes) como as cítricas, abacateiro, mangueira.

Por ocasião da poda seca ou de inverno, deve-se considerar a localização do pomar, as condições climáticas e o perigo de geadas tardias antes da operação. A poda deve ser iniciada pelas cultivares precoces, passando as de brotação normal e finalizando pelas tardias. Em regiões sujeitas a geadas tardias, deve-se atrasar o início da poda o máximo possível, até mesmo quando as plantas já apresentaram uma considerável brotação, normalmente as de ponteiros. 21.5. Tipos de poda

A poda é executada na planta desde o seu plantio, ainda no viveiro, formando sua copa, até o momento do corte total, ou de rejuvenescimento. Em cada etapa de desenvolvimento, a planta frutífera sofre um tipo de poda adequado ao estágio de desenvolvimento que se encontra, e a época do ano.

Poda de educação É executada normalmente no viveiro objetivando formar mudas com porte, altura e

brotações bem distribuídas. As mudas poderão ser formadas em haste única, comum em macieira e pereira, onde todas as brotações laterias são eliminadas no viveiro. Outra opção é a formação da muda com uma copa distribuída no tronco em três a quatro brotações espaçadas entre si em 3 a 5 cm, como no caso das mudas cítricas, goiabeira e caquizeiro.

Poda de transplantação É feita por ocasião do plantio. Eliminam-se brotações excessivas, deixando, quando for o

caso, três a quatro ramos bem distribuídos e fazendo o desponte de ramos longos, com o cuidado de executar o corte deixando uma gema vegetativa volta para fora da copa inicial. Cortam-se também as raízes muito longas, quebradas e tortas, buscando o equilíbrio entre a copa e o sistema radicular.

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Poda de formação Como a muda já sofreu uma poda de educação, essa poda de formação será efetuada após o

estabelecimento da planta no pomar. Prossegue até o terceiro ou quarto ano de vida da planta. Visa garantir uma estrutura forte e equilibrada, com ramos bem distribuídos, para sustentar as safras e facilitar o manejo e a colheita. Como uma regra geral, deve-se manter as três ou quatro pernadas formadas, desbrotadas até a planta atingir um metro de altura. A partir daí, permite-se a brotação de gemas laterais que vão preencher os vazios da copa, sempre voltadas para o lado de fora e assumindo as formas de vaso ou de taça. Ultimamente, já existem outras formações, mas dependem muito de clima, espaço físico no pomar, etc.

Boa formação de uma Frutífera Poda de frutificação É realizada após a formação da copa. É essencial para as fruteiras temperadas, que brotam

abundantemente, precisam de um período de dormência para frutificar e possuem ramos que produzem uma única vez, onde seu corte é recomendado logo em seguida. As fruteiras tropicais e subtropicais, ao contrário, crescem, florescem e frutificam de forma contínua na parte terminal dos ramos. O cuidado aqui é manter o arejamento no interior da copa para evitar doenças ou a frutificação exclusivamente periférica. A poda de frutificação tem o propósito básico de manter o equilíbrio da produção e vegetação, através do desponte ou desbaste de ramos, assim como pela eliminação sistemática de ramos doentes, quebrados e mal colocados. É sempre bom lembrar que nunca devemos esquecer a relação determinante entre o vigor e produção. A intensidade desta poda depende da espécie, idade, vigor, número de pernadas ou ramificações existentes e do sistema de condução da planta. Podas energéticas aceleram a circulação da seiva e provocam excesso de crescimento vegetativo, com redução de flores e frutos. Esta poda deve ser acompanhada de uma adubação equilibrada e manutenção de água disponível no solo. Mas uma poda mais leve, pode gerar excesso de frutos, com uma safra de má qualidade. Como citado anteriormente, o ideal é a busca de seu equilíbrio.

Poda de limpeza É recomendada para as fruteiras que requerem pouca poda, como as cítricas,

jaboticabeiras, mangueiras e outras tropicais. Executada normalmente em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como nas cítricas, logo após sua colheita. É uma poda leve, constituindo-se na retirada de ramos secos, doentes, praguejados ou mal localizados.

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Poda de rejuvenescimento ou regeneração

Recomendada para livrar as plantas frutíferas de ramos doentes, com pragas ou renovar a copa através do corte total da mesma, deixando-se apenas as ramificações principais. Também é indicada para pomares velhos ou abandonados, mas com plantas que ainda apresentem troncos íntegros e vigorosos. Normalmente, são cortadas as pernadas principais, a 40 cm do solo e com isso, deve-se iniciar o processo de formação da planta novamente. Esses cortes são maiores no inverno, e logo após, recomenda-se a aplicação de uma pasta fungicida, normalmente cúprica, no local do corte o que facilita a cicatrização e evita o ataque de fungos

Anelamento A flor que nasce na ponta dos ramos produz um hormônio inibidor que desce e

impede o desenvolvimento de gemas floríferas anteriores. Isso ocorre em especial com macieira e videira, especialmente a cultivar Niagara. Com um canivete, faz-se uma incisão anelar abaixo da flor, para impedir a descida do hormônio. Essas incisões de 2 a 3 mm de profundidade, regulam também a circulação da seiva, incentivando ou inibindo o desenvolvimento de brotos no ramo.

Desnetamento É a retirada de brotações secundárias que surgem nas axilas das folhas da figueira

e videira, devendo ser arrancados manualmente durante o desenvolvimento da planta, seguindo-se sua formação. Encurtamento

Consiste em diminuir o tamanho dos ramos mais promissores, de modo reduza assim a quantidade de frutos a serem produzidos. Ou no caso do pessegueiro, forçar a brotação de gemas que irão produzir os ramos de substituição dos que estão no ano produzindo, preparando assim a planta para a próxima safra. Esse encurtamento reduz de 1/3 a 2/3 o tamanho normal do ramo.

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21.6. Instrumentos para poda

Inúmeros são os instrumentos e ferramentas utilizadas na execução das diferentes modalidades de poda. Até mesmo o machado, a foice e a serra grande ou trançadeira podem, algumas vezes, entrar na relação das ferramentas do podador.

Não existe bom podador sem boa ferramenta, isto é apropriada, limpa, afiada e lubrificada. Não considerando os casos especiais e raros, três ferramentas são indispensáveis ao podador: tesoura de poda, serrote de podar (reto e curvo) e a decotadeira. Existem também instrumentos especializados como tesouras para desbaste de cachos de uva, alicate para incisão anelar, entre outros mais. Um corte ideal e preciso, realizado de uma só vez, deve observar uma inclinação de 45 graus aproximadamente, no sentido oposto ao da gema mais próxima, o que evita o acúmulo de água, onde pode causar o apodrecimento do ramo e aparecimento de fungos. Cortes de espessura maior que 3,0 cm devem ser protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre.

Na supressão de galhos grossos, feita naturalmente com o serrote, o corte deve

ser bem rente à base do galho e bem inclinado. "Ainda que executada pelo mais genial podador, a pode não socorre às

deficiências alimentares do solo, não contrabalanceia a influência da umidade e de outras condições adversas do meio, não dispensa o controle fitossanitário dos pomares, não elimina problemas de polinização, mas ajuda o fruticultor a resolver certas questões, proporcionando à planta porte, disposição dos ramos e equilíbrio vegetativo adequados a uma vida vegetal mais fecunda."

22. PRINCIPAIS SISTEMAS DE FORMAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Vários são os sistemas e suas derivações empregados na formação de plantas frutíferas em função de sua fisiologia, necessidades práticas ou de ambas, sendo atualmente os mais utilizados; 22.1. Sistema em Formas Piramidais ou fuso Consiste basicamente no crescimento de um eixo principal (tronco) como estrutura única de sustentação da planta, sobre este eixo se distribuem os ramos principais e a partir destes os ramos secundários, ambos com vigor decrescente até o ápice da planta, de maneira que esta adquire uma aparência piramidal.

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Considerações sobre o sistema: - Permite o aproveitamento do hábito de crescimento natural da espécie e/ou cultivar; - Permite na maioria das vezes uma rápida entrada em produção; - Permite obter qualidade e uniformidade de produção; - Por serem utilizados normalmente em alta densidade, requerem mão de obra intensiva, oportuna e semi-especializada na formação e condução da planta; - Em solos de alta fertilidade e inexistência de porta-enxerto ananizante, torna-se difícil manter o equilíbrio e controle do vigor da planta, podendo ocorrer sombreamento da parte inferior e interna.

A B C Formas piramidais: A) tradicional com ramos em espiral, B) sistema Mckenzie, com pisos de 4 ramos bem separados em cruz e identicamente orientados, C) líder modificado ou pirâmide truncada.

A B

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C D 22.2. Sistema em Formas de vaso

Sistema de formação muito antigo e de ampla utilização para quase todas as espécies especialmente para frutas de caroço, constituído normalmente de 3 a 5 pernadas de acordo com a condição e o propósito, dispostas radialmente com ângulo de 30 a 60º em relação ao prolongamento do tronco.

O interior da copa deve ser mantido livre de ramos para facilitar a aeração e insolação. Este sistema é mais utilizado para a implantação de pomares em baixa e média densidade.

Existem algumas alterações no sistema, como o vaso retardado desenvolvido na Itália com o objetivo de obter uma rápida iniciação da produção com médias densidades e copa aberta, busca-se um desenvolvimento rápido e livre nos primeiros anos e promove-se o rebaixamento do eixo até a primeira camada de 4 ramos que possuem um ângulo de inserção aberto, isto no momento em que a planta está em produção e seu vigor controlado. Considerações sobre o sistema:

- Maior facilidade na formação das plantas; - Qualidade e uniformidade da fruta depende da localização na planta; - Maior longevidade do pomar; - Menor densidade de plantio e maior demora da entrada em produção; - Maior custo de mão de obra devido ao vigor das plantas.

A B C

Figura: Vaso comum (A), vaso estreito (B) e vaso retardado (C). 22.3. Sistema em Formas de Y ou V

Possibilita o aumento da densidade de plantio permitindo obter boas produções e qualidade de frutos já nos primeiros anos de implantação. A planta é conduzida com dois ramos principais a partir de 40 a 60 cm do solo, com ângulo de 45 a 60º orientado de forma transversal a entre fila em

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forma de Y ou V, sobre estes ramos principais se distribuem os ramos secundários, produtivos e espaçados entre si evitando a sobreposição.

Este tipo de condução se formado adequadamente facilita a mecanização por tratar-se de forma semiplana. O maior inconveniente do sistema pode ser o sombreamento dos ramos basais.

Considerações sobre o sistema: - Permite maior densidade de plantio; - Permite precocidade e aumento de produção; - Abertura excessiva entre as pernadas aumenta o aparecimento dos ramos ladrões, reduzindo o desenvolvimento dos ramos principais; - Abertura insuficiente dificulta a penetração da luz, diminui os ramos basais, produção e qualidade do fruto; - vigor excessivo dos ramos secundários competem com os principais;

A B Figura: Ipsilon transversal (A) e forma de “V” (B). 22.4. Sistema em Forma “Y” duplo É usado em pomares de média densidade apresenta facilidade de formação da copa e permite eventualmente chegar a um Y perpendicular. É muito utilizado em pomares da Califórnia/USA com bons resultados. A planta é conduzida com 4 pernadas com volume mais plano sobre a fila. 22.5. Sistema em Formas apoiadas (Espaldeira ou Palmeta e latada) Constitui o sistema de condução mais representativo das formas planas de árvores frutíferas, as plantas são apoiadas sobre um tutor ou armação de arame. Sendo utilizado principalmente para a produção de uva e Quivi.

22.5.1. Sistema de espaldeira ou palmeta Caracteriza-se pela condução de um líder central até a altura desejada para a emissão dos

ramos secundários no sentido da fileira e eliminação ou inibição dos brotos e ramos na entre fila, as plantas são conduzidas na forma vertical de condução simples, utiliza 3 a 4 fios de arames, sendo o primeiro colocado a 1,0 metro do solo e os demais distanciados entre 20 a 40 cm. Sustentados mediante a utilização de postes distantes entre si com 6 metros. O sistema normalmente é menos produtivo que o latado, devido a menor área de copa, no entanto facilita a realização dos tratos culturais, aumenta a insolação e ventilação produzindo frutas de melhor qualidade. É recomendado para produção de uvas finas.

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Figura: Sistemas de condução em espaldeiras.

Figura: Ipsilon transversal: A) vista lateral e B) frontal.

22.5.2. Sistema de latada Também conhecido como caramanchão ou pérgula, a copa das plantas desenvolve-se num

plano horizontal, apoiada numa rede de fios de arame sustentada por postes ou moirões. Proporciona uma maior produtividade, porém dificulta a realização dos tratos culturais, os frutos são mais sombreados favorecendo a ocorrência de doenças fúngicas. As formas mais conhecidas são: Latada, Pérgula ou caramanchão continua, Latada descontínua, Parreiral ou T Bar.

A

B

C

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Figura: Tipo latada contínua, A) linha mestra ou cordão primário, B) cantoneira, C) postes externos, D) rabichos, E) postes internos F) cordões secundários e G) fio simples.

A B C Figura 18: Estrutura de latada descontínua. 23. Noções sucintas sobre poda em pomares domésticos Ameixeira Para podar uma ameixeira usa-se o mesmo sistema de poda de um pessegueiro. Bananeira Após o plantio da muda, eliminam-se todos os rebentos e deixa-se sair, com intervalo de quatro a cinco meses, a segunda muda na mesma cova. Depois, com oito ou dez meses, a terceira muda, ficando cada com três plantas (matriz, filha e neta). Todas as outras mudas devem ser eliminadas. Quando for realizada a colheita da planta matriz, deixa-se outra muda (planta bisneta), permanecendo outra vez a mesma com três plantas em estádios diferentes de desenvolvimento. Caquizeiro Deve-se utilizar no plantio mudas formadas com três ou quatro pernadas, inseridas em pontos diferentes do tronco, de 15 a 20 cm de comprimento, bem distribuídas na copa. Eliminam-se toda brotação que aparecer no porta-enxerto e os ramos mal colocados ou encostados no solo. Deve-se poda-los, para evitar o excessivo crescimento apical, eliminar parte dos ramos internos e equilibrar melhor a produção. Nos primeiros anos de frutificação é aconselhável desbastar as frutas para evitar quebra dos ramos frutíferos, garantir melhor crescimento da planta e aumentar o tamanho médio das frutas.

A

B D

E

C

F

G

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Citros Deve-se iniciar a plantação com muda bem formada, com três ou quatro ramos distribuídos regularmente na copa. Sistematicamente são eliminados os ramos secos, doentes, encurvados e os mal localizados ou que encostem no solo. Para abrir um pouco a copa, podem-se cortar alguns ramos do centro da planta, o que permite melhor penetração do sol e diminui os problemas de doenças e pragas. Para as plantas que frutificam em excesso como a bergamoteira comum, montenegrina e a murcote, pode-se realizar desbaste de frutas para aumentar o tamanho e não esgotar a planta, provocando produções alternadas. Figueira No plantio, utilizam-se mudas com três ou quatro pernadas e bem distribuídas na copa. Eliminam-se todas as brotações que aparecem durante o período de crescimento vegetativo, mas deixa-se desenvolver em cada ramo dois novos ramos, totalizando seis brotações durante o primeiro ano de crescimento. Esses seis ou oito ramos são podados, ficando com 20 a 30 cm no final do primeiro ano (no inverno) e deixam-se crescer duas novas brotações, perfazendo doze ou dezesseis ramos no final do segundo ano. No final do terceiro ano deixam-se doze ou dezesseis ramos ou 24 a 32 ramos, dependendo da finalidade. Um número menor de ramos resulta em frutas de melhor qualidade e em produções mais abundantes. Goiabeira

Faz-se o plantio da muda de boa qualidade com três ou quatro ramos bem distribuídos na copa. Sistematicamente são eliminados os ramos secos, doentes e os nascidos abaixo do enxerto e encurtam-se os ramos muito baixos e mal localizados na planta. A poda de frutificação, para eliminar um terço do ramo terminal, permite prolongar por um mês, aproximadamente, a colheita das frutas. No caso de plantas mais baixas, para facilitar os tratos culturais e a colheita das frutas, os ramos terminais são sistematicamente podados. Jabuticabeira Normalmente não se faz nenhum tipo de poda. Em plantas enxertadas, eliminam-se as brotações nascidas abaixo do ponto de enxertia e os ramos secos e doentes. Macadâmia Pode-se adotar o mesmo tipo de poda aplicado na nogueira-de-pecã. Mamoeiro O mamoeiro não requer nenhum tipo de poda. Em plantas com frutas muito apertadas, pode-se realizar o desbaste de frutas, aumentando o espaço entre as restantes e aproveitando as frutas verdes para fazer doces. Quando o mamoeiro perde a brotação apical, por causa de doenças, pragas ou frio, nascendo nova brotação, deve-se deixar apenas um broto lateral. Eliminam-se todos os demais, que são focos permanentes de ácaros e podem dificultar os tratos culturais. A colheita é reduzida e as frutas são geralmente pequenas quando há muitos ramos originados de diferentes pontos de crescimento da mesma planta. Maracujazeiro A muda de maracujá é conduzida tanto no sistema de espaldeira como no tipo latada, com apenas um broto terminal de crescimento até atingir o segundo fio mais alto na espaldeira ou a superior da latada. Depois, deixa-se crescer livremente. Pode-se despontar o crescimento terminal do ramo, quando atingir a planta seguinte. Durante o período de repouso vegetativo, eliminam-se todos os ramos secos, doentes ou aqueles que estejam abaixo do segundo fio de arame e junto ao solo. Devem ser cortados também os ramos até a altura do primeiro fio, no sistema de condução em espaldeira.

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Nespereira No momento do plantio, escolhem-se mudas com três a cinco ramos bem distribuídos ao longo do tronco e cortam-se os demais pela base. No primeiro ano, deixa-se a muda crescer naturalmente, fazendo desbrotas do tronco e de alguns ramos da copa, quando em excesso. A partir do segundo ano, selecionam-se de três a cinco ramos bem distribuídos ao longo do tronco e os demais são eliminados pela base. Esses ramos do tronco ficam apoiados por estacas de bambu, fios de arame ou cordão, num ângulo de inclinação de 55º da horizontal. Os ramos devem ficar nessa posição durante um ou dois anos, período em que devem ser eliminados os ramos secundários, ao longo das pernadas principais, e todos os ramos que tendem para o centro da planta. Nesse período, o crescimento terminal corre verticalmente, tomando uma forma de taça. Então deve se provocar, novamente o arqueamento das pernadas principais junto às ramificações, forçando-as para uma inclinação de uns 40º horizontais. Os ramos devem ser mantidos assim seguros durante dois anos. Com a planta já adulta, em novembro ou dezembro, são eliminados todos os ramos supérfluos, ladrões e fracos, para permitir a penetração de luz na parte interna da copa. Despontam-se somente os ramos grossos e demasiado longos. Ocorre, com freqüência, o aparecimento de brotos a partir da extremidade dos ramos. Por ocasião do desbaste das frutas pequenas, deixa-se apenas um ou dois brotos e eliminam-se manualmente todos os outros. Também após a colheita das frutas aparecem, em cada ramo, de dois a três brotos. Deve-se eliminar, novamente, um ou dois brotos, ficando apenas um por ramo. O desbaste de flores e frutas é necessário na nespereira para melhorar a qualidade. Elimina-se parte dos botões florais e, para cada botão floral, faz-se a desponta restando apenas três ramificações. Quando as frutas estão com diâmetro aproximado de 1,5 cm, eliminam-se as frutas defeituosas, praguejadas e em excesso, ficando apenas três ou quatro frutas sadias e de igual tamanho em cada botão floral. Nogueira-de-pecã A muda usada no plantio deve ser formada por três ou quatro pernadas, saindo de pontos diferentes do tronco e bem distribuídos na copa, com comprimento de 15 a 25 cm. Dos três ou quatro ramos iniciais, brotam seis ou oito ramos, dos quais, no final do primeiro ano, são podados 50 a 60 cm de comprimento. Desses seis a oito ramos, controla-se a saída de doze a dezesseis ramos novos, que continuam crescendo até o final do segundo ano, quando são podados 50 a 60 cm de comprimento novamente, e eliminam-se todos os outros ramos em excesso e mal localizados. Com o novo crescimento, eleva-se o número de ramos para 24 a 32, que crescem livremente até o final do terceiro ano, e eliminam-se todos os outros. Considera-se a muda formada depois de três anos no campo, quando então, anualmente, no período do inverno, podam-se os ramos defeituosos, fracos, cruzados, muito baixos e aqueles dirigidos para o centro da planta. Pessegueiro No momento do plantio poda-se a muda, que fica com 0,80 m de comprimento aproximadamente, com quatro ou cinco pernadas de 10 cm de comprimento, saindo de diferentes pontos do tronco. A pernada mais baixa deve ficar de 25 a 30 cm do solo. Com o plantio da muda no inverno, em outubro ou novembro, quando as brotações alcançam10 a 20 cm, seis a sete ramos bem distribuídos são selecionados para formar a ramificação principal da copa. No inverno seguinte, eliminam-se todas as brotações que não foram previamente selecionadas. Deve-se fazer uma poda intensiva para dar origem a uma copa em forma de cone invertido. Os ramos principais selecionados devem ser reduzidos – em até um terço do seu comprimento – e cortados logo acima de um ramo lateral que se dirige para fora, para abrir a copa. Na poda de frutificação, cortam-se os ramos quebrados, doentes, secos e os mal localizados; eliminam-se os ramos paralelos muito próximos entre si; os ramos ladrões, os ramos dirigidos diretamente para cima ou para baixo (verticais) e todos aqueles que têm um ponto de inserção muito fraco (ângulo muito fechado).

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Videira

No caso de muda plantada no sistema do tipo latada, coloca-se a planta na cova, e conduz-se verticalmente o ramo de crescimento em direção ao fio da latada. No primeiro ano, deixa-se crescer livremente o ramo principal e eliminam-se os ramos secundários e ladrões. No final do primeiro ano, podam-se as mudas pouco vigorosas, permanecendo três gemas no ramo. Nas plantas vigorosas – em que o crescimento terminal ultrapassa a parte superior da latada – poda-se na altura da latada, aproveitando duas gemas imediatamente inferiores a esse nível. Os sarmentos (ramos) das duas gemas abaixo da latada são conservados para que cresçam, e os outros ramos nascidos das gemas inferiores são eliminados durante o crescimento (poda verde). Depois de crescidos, os sarmentos devem ser podados anualmente, ficando a 50 cm de distancia dos ramos da outra planta.

O sistema de poda anual desses sarmentos dependerá do vigor da planta e da variedade: na poda curta convém deixar um até três olhos ou gemas; na poda longa, de sete a dez gemas ou olhos. Plantas fracas recebem poda curta e plantas vigorosas, poda longa. Os cultivares Isabel, Moscatel italiano e Niágara branca recebem poda curta; a Itália e Moscatel-de-hamburgo, poda longa. 24.PONTO DE COLHEITA

Decorrido determinado número de dias ou meses, após o florescimento, pode-se estimar a época de maturação dos frutos e o ponto de colheita.

O momento ideal para apanhar a fruta ocorre em três condições, dependendo da variedade. Uva, manga, figo, lima, laranja, tangerina e bergamota têm de ser colhidas quando completamente desenvolvidas, no ponto de consumo. Outras frutas como abacate, goiaba, manga e nêspera também devem ser colhidas completamente desenvolvidas, mas ainda a dois ou três dias do ponto ideal de consumo, embora já estejam com a polpa mais mole e doce. Frutas como pêra, ameixa, banana e caqui são colhidas quando bem desenvolvidas, mas ainda impróprias para o consumo imediato. Depois de maduras ou amadurecidas artificialmente, podem ser consumidas. O ponto ótimo de colheita das frutas é quando apresentam excelente sabor, aroma, bom teor de açúcar, grande porcentagem de suco e menor concentração de ácidos. No Quadro há exemplos do ponto de colheita de frutas: prontas para o consumo (maduras); completamente desenvolvidas, mas aguardando alguns dias para consumo (frutas de “vez”); ou frutas fisiologicamente desenvolvidas, mas necessitando de transformações antes do consumo (frutas amadurecidas artificialmente ou ao natural). Quadro: Pontos ideais de colheita Frutas colhidas maduras prontas para o consumo ou uso.

Frutas de “vez”, alguns dias antes de comer ou usar.

Frutas desenvolvidas, ainda verdes para o consumo imediato (amadurecimento natural ou artificial)

abacaxi – ameixa – bergamota -cherimólia – figo – goiaba –jabuticaba – laranja – lechia –lima – limão – macadâmia –maçã – manga – maracujá –nêspera – noz – nectarina –pêssego – romã - uva

abacaxi – ameixa – abacate –banana – caqui – laranja azeda –limão – maçã – manga – nêspera – nectarina – pêra - pêssego

ameixa – banana – caqui – pêra –noz-de-pecã

Durante a colheita e o manuseio das frutas, convém evitar golpes, batidas e pressões, que

podem prejudicar a qualidade, a maturação natural depois da colheita ou abreviar seu armazenamento.

As frutas perecíveis devem ser acondicionadas em caixas de plástico ou madeira, lisas,

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secas, isentas de pontas e quinas, totalmente fechadas no fundo e nas laterais. Ou em cestos, sem quinas ou cantos, lisos e pequenos para facilitar o manuseio e evitar que as frutas colocadas na base sejam pressionadas por aquelas das camadas superiores.

Para colher frutas de plantas altas, podem-se escadas retas, tipo encosto, de madeira leve e resistente, com comprimento variável. No caso de plantas de altura média, as escadas simples de abrir são mais apropriadas.

Sacolas de lona resistente, com capacidade para meia caixa, ajudam na colheita de frutas de casca mais grossa e dura. Abre-se a parte superior da sacola e o fundo falso fica preso por ganchos, o que permite regular o volume da sacola e facilitar a descarga das frutas da sacola para as caixas.

Para frutas de casca mais sensível (manga, pêssego, ameixa), regula-se a sacola para um volume menor, evitando-se a pressão entre as frutas e um eventual amassamento.

Além das escadas, quando se colhem frutas de plantas muito altas, pode-se usar um coletor com vara comprida, do tipo doméstico, tendo na extremidade superior uma abertura. Essa abertura é formada por uma armação de arame grosso, rodeada por um tecido de diâmetro um pouco superior ao da fruta. A armação é ligada a uma bolsa, para onde a fruta desce lentamente depois de solta da planta.

Tesouras especiais de colheita – diferentes das tesouras de poda, pequenas e com pontas arredondadas para evitar o ferimento das frutas – são utilizadas durante a colheita para separar a fruta da planta. As tesouras são indicadas e muito práticas na colheita de laranja, bergamota, uva, pêra, caqui e abacaxi. Seqüência da colheita

São muito importantes algumas regras básicas na realização da colheita, que deve ser executada quando as plantas estiverem com pouca umidade e, de preferência, com temperatura mais baixa, o que permite melhor conservação das frutas.

Aconselha-se que o colhedor corte as unhas para evitar ferimentos nas cascas das frutas sensíveis ou use luvas e tenha as mãos livres para fazer a colheita. A sacola de colheita, quando utilizada, é colocada a tiracolo, regulada ao seu menor volume para frutas mais sensíveis. Nas plantas altas, as frutas da parte mais baixa são colhidas primeiro.

Com o corte do pedúnculo feito com a tesoura especial de colheita, separam-se as frutas da planta e colocam-se na sacola. Quando a sacola estiver cheia, o apanhador coloca a sacola no fundo da caixa de colheita, solta o gancho e abre o fundo da sacola, depositando as frutas na caixa.

Na colheita de ameixa, nectarina, goiaba, figo, nêspera ou manga, o fruto pode ser separado da planta por simples torção manual e colocado dentro da caixa ou cesto. Nesse caso, deve-se evitar o uso de sacolas de colheita.

As pencas de um cacho de banana têm diferentes idades. Não é necessário apanhar o cacho inteiro. Podem-se colher as pencas mais próximas do pseudocaule da planta (pencas mais altas) em dias diferentes, e depois colher as mais próximas do solo de acordo com o consumo.

Em pomar doméstico, muitas frutas amadurecem antes da necessidade de consumo e precisam ser colhidas e armazenadas, em condições controladas, para melhor aproveitamento. Essas condições oscilam de acordo com as diferentes espécies de frutas e variedades que necessitam temperatura e umidade específicas para sua conservação e aproveitamento posterior. O Quadro mostra uma relação de diferentes espécies de frutas, temperatura de armazenamento e temperatura de amadurecimento natural e artificial. Quadro: Condições de armazenamento.

Espécies de frutas

Temperatura (ºC) Umidade relativa (%) Dias de armazenamento

Amadurecimento (temp. ºC)

abacaxi 7 (maduro) 12 (fruto verde)

- 21 -

banana 13 - 14 90 verdes 21 a 28 18

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85 maduras caqui -1 90 90 - 120 18 - 20 figo -0,5 a 0 85 - 90 10 -

goiaba 7 a 10 85 - 90 14 - 21 - laranja 0 (Valência) 85 - 90 42 a 56 -

limão-taiti 9 a 10 85 a 90 72-96 - maçã -1 a 5 90 60 a 90 -

mamão 7 85-90 7 a 21 21 a 26 pêssego -1,5 a 0 90 14 18

uva -1 a –0,5 (viníferas) -0,5 a 0 (americanas)

90-95 85

- -