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THAÍS FATURI DA SILVEIRA
AVALIAÇÃO DOS DIZERES DE ROTULAGEM DE BARRAS DECEREAIS LIGHT E DIET COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE
PORTO ALEGRE/RS
CANOAS, 2007
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THAÍS FATURI DA SILVEIRA
AVALIAÇÃO DOS DIZERES DE ROTULAGEM DE BARRAS DECEREAIS TIPO LIGHT E DIET COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE
PORTO ALEGRE/RS
Trabalho de conclusão apresentado para a bancaexaminadora do curso de Nutrição do CentroUniversitário La Salle – Unilasalle, com exigênciaparcial para a obtenção do grau de Bacharel emNutrição, sob orientação da Prof. Rosa Paula Pires.
CANOAS, 2007
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TERMO DE APROVAÇÃO
THAÍS FATURI DA SILVEIRA
AVALIAÇÃO DOS DIZERES DE ROTULAGEM DE BARRAS DECEREAIS TIPO LIGHT E DIET COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE
PORTO ALEGRE/RS
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do graude Bacharel do Curso de Nutrição, do Centro Universitário La Salle – Unilasalle,
pela seguinte banca examinadora:
Ms. Rosa Paula PiresUnilasalle
Ms Lívia TróisUnilasalle
Esp. Carmem Kieling FrancoUnilasalle
Canoas, 07 de dezembro de 2007.
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RESUMO
As barras de cereais são produtos bastante consumidos atualmente. O mercadoestá em expansão, considerando o marketing destes alimentos e os seusaspectos nutricionais. Estes produtos são elaborados basicamente a partir decereais como aveia, flocos de arroz, flocos de cevada, além de glicose para ajunção dos ingredientes, sendo destinados a públicos bastante diversificados.Seus aspectos nutricionais estão relacionados à qualidade de seus nutrientes efibras. O trabalho realizado descreve a composição das barras de cereais,especificamente os tipos de ingredientes utilizados na elaboração, seu mercado eapresenta a legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISAreferente à rotulagem de alimentos, com o intuito de se obter parâmetros para aavaliação de cinco marcas de barras de cereais comercializadas na cidade dePorto Alegre/RS. As marcas selecionadas foram: Nutry, Trio, Mu-mu, Neston, eRitter, todas com o atributo light declarado em seu rótulo. Além destas foramavaliadas as marcas Trio e Nutry, ambas com a declaração de produto diet emseu rótulo. Foi realizada uma análise dos dizeres de rotulagens de todas as barrasselecionadas para a pesquisa, tanto as que possuem identificação de produtolight quanto às de apelo diet, considerando a legislação vigente. Na análiserealizada foram apontadas todas as desconformidades encontradas, quando danão declaração de algum dizer obrigatório de rotulagem, ou ainda declaração quenão se enquadra na legislação específica, assim como dizeres que poderiamtrazer confusão ou até mesmo engano do consumidor, tendo em vista que alegislação vigente deixa muito claro que em hipótese alguma os dizeres derotulagens dos alimentos podem gerar dúvidas, enganos ou prejuízos ao mesmo.Das marcas avaliadas com o atributo light, as marcas Trio, Mu-mu, Nutry e Ritterapresentaram inconformidades relacionadas à tabela nutricional. A marca Nutrycom o apelo diet também apresentou inconformidade na tabela nutricional. Já abarra Trio com o apelo light não é clara em seu comparativo, a marca Mu-mu lightnão declara nenhum tipo de comparativo e a marca Ritter light não é clara aodefinir a que produto realiza a comparação para respaldar o atributo utilizado.
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ABSTRACT
Slashes cereal bars products are consumed enough today. The market isexpanding, considering the marketing of those foods that there above. Theseproducts are produced from cereals such as oats, flakes, rice, barley flakes,glucose, and for a very diverse audience. His nutrition are related to quality of itsnutrients. The work describes the composition of the bars, cereals, specifically thetypes of ingredients used in the preparation, its market and presents the legislationof the National Agency of Sanitary Surveillance - ANVISA referring to the labelingof foods in order to get parameters for evaluation of five brands of cereal barsmarketed in the city of Porto Alegre / RS. The brands selected were: Nutry, Trio,Mu-mu, Neston, and Ritter, all with the light attribute declared in its label. Inaddition to these were assessed the marks Trio and Nutry, with a declaration inyour diet product label. An analysis was performed of the sayings of labeling of allbars selected for the survey, both those that possess identification of product lighton the diet of appeal, considering the legislation. The analysis identified were alldisagreement found, when no statement of any say mandatory labeling, orstatement which falls on specific legislation, as well as sayings that could bringconfusion or even deception of the consumer in order that the legislation makes itvery clear that in no event the words of labeling food may generate doubts,mistakes, or damage to the consumer. The brands evaluated with the attributelight, the marks Trio, Mu-mu, Nutry and Ritter had conformities in the tablenutritional aspect, the brand Nutry with the call diet presented inconformidade thetable nutritional aspect, the brand Trio with the call light is not clear in hiscomparison, the mark Mu-mu light nor declared any kind of comparison and themark Ritter light is not clear to define the product that performs its comparative.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 6
2 OBJETIVOS........................................ ......................................................8
2.1 Objetivo geral .........................................................................................8
2.2 Objetivos específicos ............................................................................. 8
3 REFERENCIAL TEÓRICO.............................. ..........................................9
3.1 Nutrientes..................................... .........................................................9
3.2 Barra de cereais: aspectos nutricionais ....... ......................................12
3.2.1 Ingredientes básicos ...........................................................................13
3.3 Mercado Consumidor das barras de Cereais ....... .............................17
3.4 Produtos Diet e Light ...........................................................................18
3.5 Legislação..................................... ........................................................19
3.5.1 Portaria n° 27, de 13 de janeiro de 1998..... ........................................19
3.5.2 Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003.........................23
3.5.3 Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003.........................27
3.5.4 Portaria nº 29, de 13 de janeiro de 1998 ............................................30
3.5.5 Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002..........................34
3.5.6 Resolução - RDC Nº 123, de 13 de Maio de 2004. ............................44
3.5.7 Lei nº 10.674, de 16 de Maio de 2003.................................................45
3.5.8 Portaria INMETRO nº 157, de 19 de agosto de 2002..........................45
4 METODOLOGIA ...................................... .................................................51
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................... .....................................53
6 CONCLUSÃO ....................................... ....................................................58
REFERÊNCIAS............................................................................................60
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1 INTRODUÇÃO
As barras de cereais vêm sendo associadas aos alimentos saudáveis e
estão largamente difundida entre a população. Essa associação traz benefícios ao
mercado destes produtos, o que fortalece a idéia de que seu apelo deve ser de um
alimento que beneficia a saúde de quem o consome, pois a preocupação com a
alimentação é comum em grande parte da população atualmente.
Há poucos anos as barras de cereais eram consumidas principalmente por
esportistas, agora agradam o paladar de crianças, jovens e adultos. A sua grande
inserção no mercado, para todos os tipos de consumidores, se deu a partir das
barras que possuem chocolate em sua composição e podem ser consumidas em
substituição a um doce, sem prejuízo ao paladar. (FREITAS, 2005)
O apelo de alimento saudável se insere não somente no contexto dos
ingredientes, os cereais em maioria, mas também de diferentes atributos, tais
como a declaração light e diet, que podem induzir o consumidor ao engano, como,
por exemplo, consumo excessivo de calorias.
Muitas barras de cereais são consumidas em substituição a pequenas
refeições, como é o caso dos lanches, por sua praticidade, sabor e caracterização
difundida de alimento adequado para consumo em uma dieta considerada
saudável.
A legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA referente
à rotulagem de alimentos, define que, para um alimento ser considerado light este
deve possuir uma redução parcial relativa ao seu valor energético ou de algum
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nutriente, seja ele carboidrato, açúcares, colesterol, sódio ou gordura. São aqueles
produtos que apresentam a quantidade de algum nutriente ou valor energético
reduzido, quando comparados a um alimento convencional, ou ainda no seu
conteúdo absoluto. No rótulo deve estar declarado o nutriente, ou valor calórico
que está reduzido, e ainda, a qual produto este está sendo comparado. (BRASIL,
1998)
Para receber o apelo diet, os alimentos devem ser especialmente
formulados para grupos da população que apresentam condições fisiológicas
específicas. São feitas alterações no conteúdo de nutrientes, com uma adequação
às dietas de indivíduos que pertençam a esses grupos da população. Os
alimentos diet podem apresentar na sua composição quantidades insignificantes
ou serem totalmente isentos de algum nutriente. (BRASIL, 1998)
Considerando as obrigatoriedades referentes à rotulagem e a utilização de
determinados atributos nos rótulos, verificou-se a importância de se analisar
diferentes marcas de barras de cereais comercializadas, tendo em vista a sua
crescente inserção na dieta dos consumidores e a necessidade de um maior
esclarecimento aos mesmos sobre os produtos que consomem com freqüência.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar os dizeres de rotulagem de barras de cereais light e diet,
comercializadas na cidade de Porto Alegre/RS, considerando-se a legislação de
alimentos definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
2.2 Objetivos específicos
Descrever a composição geral de barras de cereais, as características dos
diferentes ingredientes utilizados e os apelos nutricionais dos produtos
elaborados, bem como o mercado específico dos mesmos.
Pesquisar a legislação de alimentos vigente, referente aos dizeres de
rotulagem e apelos específicos para produtos como barras de cereais,
possibilitando a avaliação dos rótulos.
Selecionar barras de cereais com os apelos light e diet, de marcas
conhecidas, para a análise dos dizeres de rotulagem, do mercado consumidor,
especificamente na cidade de Porto Alegre/RS.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Nutrientes
Nutrientes são substâncias que integram os alimentos e desempenham no
organismo funções basicamente energéticas (glicídios, lipídios, proteínas); têm
função plástica ou construtora de tecidos (proteínas, minerais, água) que junto
com vitaminas têm ação reguladora de funções orgânicas e os vitagênios (ácidos
graxos essenciais e determinadas vitaminas), que preenchem as três funções.
(ORNELLAS, 2001)
Os glicídios, amplamente difundidos no reino vegetal, através dos: cereais,
leguminosas, frutas e hortaliças, têm seu principal representante no amido,
polissacarídeo que, ao se desdobrar, produz dextrinas (eritro e acrodextrinas),
maltose e glicose. A maltose é um dissacarídeo, tal como a sacarose (açúcar de
cana e de frutas) e a lactose (açúcar do leite), que , ao se desdobrarem, produzem
monossacarídeos (glicose + glicose, glicose + frutose, glicose + galactose). A
glicose é o glicídios encontrado no sangue circulante e é utilizado como fonte
imediata de energia (ORNELLAS, 2001)
Igualmente conhecidos como hidratos de carbono, os glicídios são
destinados a gerar calorias quando queimados pelo organismo, fato que ocorre,
por exemplo, durante a prática de atividades físicas. Entretanto, quando estes
glicídios não são aproveitados, acabam sendo armazenados e transformados em
gorduras.
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Os monossacarídeos, glicídios simples, possuem absorção direta pelo
organismo, no intestino, ao passo que os complexos como a sacarose, oriunda da
cana de açúcar e da beterraba, a lactose do leite e o amido da batata, trigo e
arroz, antes de ocorrer sua absorção são convertidos a monossacarídeos, pela
ação de determinados fermentos digestivos.(GONSALVES, 2001)
Ainda assim, alguns hidratos de carbono não são digeridos e não podem
ser absorvidos pelo organismo, como é o caso da celulose. Juntamente com a
lignina e outras substâncias que constituem as chamadas fibras alimentares ou
dietéticas, que possuem a função de estimular os movimentos peristálticos
intestinais, facilitando as evacuações, auxiliando também a diminuir a incidência
de patologias ano-retais e diminuir os níveis de colesterol e triglicerídeos no
sangue.(EVANGELISTA, 2005)
Seguindo a especificação dos nutrientes existem as proteínas, que são
macromoléculas, formadas a partir de substâncias mais simples, chamadas
aminoácidos ou ainda ácidos aminados. Dentre os aminoácidos, existem os
produzidos pelo próprio organismo, que são denominados não essenciais ou
dispensáveis, entretanto outros tipos necessitam obrigatoriamente de ingestão
através da alimentação, pois não são produzidos pelo organismo, sendo
chamados essenciais ou indispensáveis. Estes vão variar em quantidades de
acordo com a qualidade da proteína que se encontram. (GONSALVES, 2001)
Proteínas de origem vegetal comumente não são abundantes em
aminoácidos essenciais, porém com a combinação de diversos vegetais que
contém proteína consegue-se obter um resultado bastante satisfatório no tocante
a qualidade dos aminoácidos.(GONSALVES, 2001)
Para a síntese protéica e formação de tecidos, os aminoácidos utilizados
necessitam estar presentes nos alimentos sob forma natural e biodisponíveis, de
maneira que não podem encontrar-se quimicamente bloqueados, nem oxidados
ou modificados.
As proteínas desempenham importantes papéis em todas as fases da vida
do indivíduo, são determinantes no crescimento e desenvolvimento do organismo
e, associadas aos lipídeos, formam as membranas celulares, asseguram funções
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de defesa do organismo, através das imunoglobulinas, atuam no transporte interno
do organismo e ainda possuem função catalisadora, através das enzimas.
A exemplo das principais fontes protéicas tem-se o leito, a carne, os ovos,
os queijos, os grãos leguminosos, as algas, os cogumelos, os cereais integrais e
frutas oleaginosas (GONSALVES, 2001)
Dentre os nutrientes encontram-se ainda os lipídeos, ou gorduras, estes
fazem parte dos alimentos naturais, tanto os de origem animal, como por exemplo,
gorduras de carnes, manteiga do leite, lecitina da gema do ovo etc., quanto os de
origem vegetal, como, por exemplo, os óleos e azeites de sementes de frutas, que
são também representados por uma larga variedade de produtos comerciais. As
gorduras animais são abundantes em ácidos graxos saturados, ao passo que os
lipídeos de origem vegetal já possuem maior teor de ácidos graxos insaturados,
como por exemplo, o ácido linoléico. Assim como os aminoácidos, alguns ácidos
graxos são essenciais. (ORNELLAS, 2001)
Os nutrientes, substâncias transportadas pelos alimentos ao meio interno,
têm ação decisiva para a realização dos processos que condicionam a vida e a
saúde do indivíduo. A quebra, por várias razões, da harmonia fisiológica que rege
as funções orgânicas, em geral é responsável pelas situações biológicas
anormais.
No organismo, os nutrientes, por suas atividades específicas (energéticas,
plasmáticas e reguladoras), asseguram a temperatura corpórea, a formação e a
reparação de tecidos, a sucessão de processos vitais; sua presença, portanto, em
perfeita ligação e equilíbrio entre si, é condição da qual depende a matéria viva.
Além de suas funções como agentes nutritivos, os nutrientes exercem, em
quantidades especiais, atividade terapêutica; isso acontece em regime
dietoterápico por exigências de reposições de nutrientes carentes e de sua
diminuição ou restrição em processos clínicos ou metabólicos.
A utilização inadequada de drogas, interferindo na atividade dos nutrientes,
constitui uma das causas de alteração de seu desempenho.
Sabendo o indivíduo o valor de cada tipo de nutriente e as fontes onde são
encontrados, o rendimento dos alimentos pode ser aumentado, pela oportunidade
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de poderem ser escolhidos os de melhores expressões nutritivas.
É importante distinguir a procedência do alimento. Segundo sua origem, ele
pode ter maior ou menor valor nutritivo; é o que ocorre com o ferro e a proteína
animal, que são mais eficientes que as oriundas de vegetais; como o cálcio do
leite que tem melhor índice de absorção; e com as gorduras emulsionadas, que
são de mais rápida digestibilidade. (EVANGELISTA , 2005)
O conhecimento dos nutrientes contidos nos diversos alimentos é de
importância básica para a boa nutrição, mas é preciso também saber se tais
nutrientes têm condições de ser absorvidos e utilizados pelo organismo, ou seja,
se são biodisponíveis.
A biodisponibilidade de um nutriente depende de numerosos fatores, entre
os quais podemos citar: tratamento térmico sofrido pelo alimento, presença de
inibidores de absorção (ácido fítico, fitatos) e inibidores de fermentos digestivos
(encontrados, por exemplo, na soja), formação de quelatos ou complexos com
elementos metálicos etc. (GONSALVES, 2001)
3.2 Barra de cereais: aspectos nutricionais
A barra de cereal é um alimento nutritivo de sabor adocicado e agradável,
fonte de vitaminas, sais minerais, fibras, proteínas e carboidratos complexos.
Os principais aspectos considerados na elaboração desse produto incluem:
a escolha do cereal, a seleção do carboidrato apropriado (de forma a manter o
equilíbrio entre o sabor e a vida de prateleira), o enriquecimento com vários
nutrientes e sua estabilidade no processamento. Também tem sido considerado o
valor nutricional, sendo preferidos os com alto conteúdo de fibras e baixo teor ou
isentos de gordura, porém com alto aporte energético. A associação entre barra
de cereais e alimentos saudáveis é uma tendência no setor de alimentos, o que
beneficia o mercado destes produtos.
As barras atualmente comercializadas possuem semelhanças na
composição nutricional de uma maneira geral, sem desconsiderar as possíveis
variações das quantidades de cada nutriente, tendo em vista que as barras podem
dispor de predominância de determinados nutrientes para ter uma utilização
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específica por alguns consumidores. Como exemplo, existem as barras
predominantemente calóricas, ou fibrosas, ou protéicas, ou ainda as diet e light.
A tendência de consumir mais alimentos nutritivos ao invés de doces e
guloseimas tem levado ao aparecimento de novos tipos de produtos, tais como
barras de cereais diversificadas, com variações diversas, tais como cobertura de
chocolate ou incorporação de diferentes frutas e castanhas. Como o consumo de
cereais vem se expandindo além do café da manhã para qualquer hora do dia,
estes produtos vêm se tornando um excelente veículo para se incluir ingredientes
com alegação funcional no mercado consumidor.
3.2.1 Ingredientes básicos
A aveia é um ingrediente presente quase na totalidade das barras de
cereais, sendo um dos cereais mais completos em nutrientes, contém proteínas,
minerais, vitaminas e fibras. Além das fibras insolúveis, que promovem
funcionamento do aparelho digestivo, a aveia também possui o betaglucano, que é
uma fibra solúvel responsável pela redução do colesterol total e do LDL no
sangue. (ORDOÑES, 2005)
A composição química e a qualidade nutricional da aveia são relativamente
altas e superiores a dos demais cereais. Estes indicadores, no entanto, variam
com o local de cultivo, clima e genótipo. Em função dos maiores teores de
proteínas e lipídios, a aveia tem, comparativamente, menor concentração de
carboidratos. Entre os carboidratos, o maior constituinte é o amido, com
concentrações entre 43,7 e 61%. A fibra alimentar total de aveia varia entre 7,1 e
12,1%. Esta variação é devido aos métodos de determinação utilizados e às
diferenças entre cultivos. (FREITAS, 2005)
Assim como a aveia, os flocos de cevada são largamente utilizados para
confecção das barras de cereais, estes são resultado do processo de cozimento
dos grãos selecionados, prensados e secos. Contém: carboidrato complexo,
fibras, vitaminas do complexo B e minerais como: magnésio, fósforo, ferro, cálcio.
Também é utilizado no enriquecimento de sopas, cozidos, mistura de cereais
(granolas), iogurtes, vitaminas e biscoitos.
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Nessa mesma linha de ingredientes das barras salientam-se os flocos de
arroz, que são resultado do processo de cozimento dos grãos selecionados,
prensados e secos. Contém: carboidrato complexo, gordura, fibras, vitaminas do
complexo B e minerais.
As barras de cereais estão crescentemente exercendo papel vital no estilo
de vida moderno, considerando a conveniente forma com que podem ser
utilizados, principalmente por ser um produto nutritivo e possuir uma prática
maneira de consumo.
O’neill e colaboradores. (2001) verificaram que barras de cereais
administradas para pacientes hipercolesterolêmicos ajudam a reduzir os níveis do
LDL-colesterol, reforçando o apelo de produto saudável que possuem as barras de
cereais.
Os principais aspectos considerados na elaboração desse produto incluem
a escolha do cereal (aveia, trigo, arroz, cevada, milho), a seleção do carboidrato
apropriado de forma a manter o equilíbrio entre o sabor e a vida de prateleira, o
enriquecimento com vários nutrientes e sua estabilidade no processamento, o uso
de fibra dietética e o papel de isoflavonas como ingrediente funcional, quando da
utilização da soja.(FREITAS, 2005)
Atualmente, vários produtos comerciais aproveitam as características
oferecidas pela proteína de soja. Processadores de alimentos voltados para
nutrição esportiva desenvolvem seus produtos diante do desafio de proporcionar
combinações adequadas de seus ingredientes, enquanto que ao mesmo tempo o
produto apresente sabor, textura e aparência atrativos. A adição de proteínas na
dieta é utilizada freqüentemente devido à necessidade de aminoácidos essenciais
não produzidos pelo corpo, que devem ser supridos pela dieta. Além disso, a soja
possui isoflavonas e outras substâncias capazes de atuar na prevenção de
doenças crônico-degenerativas. (FREITAS, 2005)
Os concentrados texturizados de soja são utilizados em uma variedade de
extrusados de formas, tamanhos e cores que podem ser adaptados a muitos tipos
de alimentos processados.
As isoflavonas podem também agir na redução da incidência de doenças do
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coração e nas disfunções das taxas colesterolêmicas.
Para os processadores de alimentos e suplementos esportivos, a proteína
de soja contribui de maneira viável nas características funcionais em
processamentos, oferecendo também completa digestibilidade. Os isolados e
concentrados de proteína de soja são facilmente digeridos pelos humanos e
equivalem na qualidade das proteínas do leite, carnes e ovos.
Também presente em grande parte das receitas de barras de cereais o
Leite em pó é uma forma moderna de consumo de leite, que, uma vez
desidratado, tem sua longevidade estendida. O leite em pó é feito a partir da
secagem do leite integral. Para extrair a água, que compõe cerca de 90% da
massa do leite, as fábricas fazem-na evaporar num processo lento, que não altera
as proteínas do produto. Primeiro, o leite escorre em paredes metálicas verticais
aquecidas a 77 °C, processo denominado concentração , porque o líquido não
pode ser fervido. Nessa etapa evapora até 50% da água, e o leite fica pastoso. O
produto concentrado segue então para uma máquina que borrifa minúsculas
gotículas contra um jato de ar quente a 180 °C. Um rápido contato é o suficiente
para fazer com que o restante da água evapore, e as gotículas de leite se
transformem em grãos de leite seco. Então o leite é separado em diferentes fases:
flocos, granulado e pulverizado. (ORDÓÑEZ, 2005).
Um ingrediente largamente utilizado na produção das barras de cereais é a
gordura vegetal hidrogenada, onde encontram-se os polêmicos ácidos graxos
trans. Os ácidos graxos trans são formados através da hidrogenação dos óleos
vegetais. Suas importantes fontes na dieta são principalmente os óleos vegetais
parcialmente hidrogenados, que são utilizados pela indústria de alimentos e, em
menor escala, produtos originados de animais ruminantes (POKORNÝ, 2000).
O desempenho dos ácidos graxos trans no metabolismo dos seres
humanos ainda não está plenamente esclarecido. Todavia, evidências
experimentais e estudos epidemiológicos não eliminam a possibilidade de um
impacto negativo para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, sugeridas
pelo consumo elevado de tais substâncias através da dieta (MEIJER, 2001).
Alguns estudos clínicos apontaram que os ácidos graxos trans atuam sobre
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as lipoproteínas, elevando os teores de LDL e reduzindo a HDL; tais efeitos são
importantes fatores de risco para a saúde cardiovascular (RUDGINS, 1991).
Uma alternativa de substituição para a gordura vegetal hidrogenada é a
gordura de palma, que é um óleo extraído da polpa do fruto da palmeira
oleaginosa Elaeis guineensis, por métodos físicos (prensagem mecânica) sem uso
de solventes ou outras substâncias químicas. O refino deste óleo é feito de
maneira natural (fisicamente), somente produtos naturais são utilizados em seu
processamento (ácido cítrico e terra não ativada). Dessa maneira, se diferencia
dos processos convencionais de refino químico que usam soda cáustica para a
neutralização dos ácidos graxos livres. No refino físico do óleo de palma os ácidos
graxos livres são removidos por destilação.
Por possuir antioxidantes naturais (tocotrienóis) e pelo seu baixo teor de
ácido linolênico (C18:3), este óleo é altamente estável a oxidação. Seu estado
físico semi-sólido à temperatura ambiente ou em alguns casos com separação de
fases se deve a sua composição peculiar de ácidos graxos com cerca de 50% de
ácidos graxos saturados, 40% de mono-insaturados e 10% de poliinsaturados. Por
não ter sido submetido a processos de hidrogenação artificial é livre de ácidos
graxos trans.
Um ingrediente que aparece tanto nas barras de cereais artesanais quanto
nas que são produzidas industrialmente é a glicose, sendo normalmente utilizada
a glicose de milho, produzida a partir da hidrólise ácida ou enzimática do amido de
milho, quebrando a cadeia em açúcares (SOLER, 2001).
De acordo com a diversificação e a textura dos outros ingredientes
presentes, a presença da glicose vai conferir aos produtos uma quantidade de
calorias que dificilmente pode ser reduzida, pois o poder de união dessa glicose se
faz necessário para a confecção das barras de cereais de uma maneira geral
(denominada “liga” da massa).
Muitas marcas comerciais disponibilizam barras de cereais com outros
ingredientes como chocolate, ou ainda pedaços de frutas, estes ingredientes
incrementam nutricionalmente as barras, e conferem ao produto um sabor mais
atrativo para os consumidores.
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As barras de cereais, por suas características e apelos nutricionais,
somados à sua enorme praticidade de armazenamento e consumo, tornaram-se
uma alternativa de refeição que na rotina da vida moderna.
3.3 Mercado Consumidor das barras de Cereais
A popularidade de barra de cereais está agora entre os mais sofisticados
consumidores através de apelos como "ingredientes naturais" e "saúde".
Segundo Hollingsworth (2002), a categoria destes produtos teve um
crescimento fenomenal, de 25%, entre os anos de 1999 e 2002. Portabilidade,
sabor e valor nutricional são partes da equação de sucesso neste competitivo
mercado.
A expansão do mercado de barra de cereais vem se mostrando favorável
até agora, mas desde que inovações como produtos saudáveis, de alto teor de
fibras e baixo teor de gorduras expandiram, uma maior competição vem se
destacando. Um trabalho de Boustani e Mitchell (1990) examinou a opinião de
consumidores de barra de cereais e constatou que respostas associadas com
alimento saudável, e apelos relacionando "saúde" e "sabor", são as razões de
compra do produto. Estes produtos continuam fazendo parte de uma fatia
dominante na dieta desses consumidores, ancorados, ambos, processadores e
consumidores, na imagem saudável destes produtos.
Alguns estudos sobre barra de cereais vêm reportando características e
preferências dos consumidores em aspectos sensoriais e crescimento do
mercado. O crescimento do segmento de barra de cereais nos Estados Unidos foi
catalisado por produtos inovadores focados em saúde e conveniência, conforme o
relato de Boustani e Mitchell (1990), que investigaram os apelos envolvidos no
marketing de barra de cereais. A partir de 2003, o consumo americano aumentou
cerca de 40%, o equivalente a US$ 2,9 bilhões. No Brasil, em 2005, consumiu-se
US$ 4 milhões de barras de cereais no ano. (FREITAS, 2005).
As barras de cereais foram introduzidas há cerca de uma década como
uma alternativa "saudável" de confeito, quando consumidores se mostraram mais
interessados em saúde e dietas. Alternativa saudável às barras de chocolate, o
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produto foi direcionado no Brasil inicialmente aos adeptos de esportes radicais e,
com o tempo, conquistou até executivos de banco. (BARBOSA, 2003).
Segundo Palazzolo (2003), o catalisador para o crescimento no segmento
de barra de cereais nos Estados Unidos, a partir da última década, foram produtos
inovadores e um foco em conveniência e saúde. Pehanich (2003) afirmou que
barras nutricionais e energéticas vêm ganhando o mercado consumidor nos
segmentos diet, "para mulheres", "atletas de fim de semana", "esportistas" e
outros.
A associação entre barra de cereais e alimentos saudáveis é uma tendência
já documentada no setor de alimentos, o que beneficia o mercado destes produtos
(BOUSTANI, 1990).
Esta crescente preocupação por uma alimentação saudável que, além de
alimentar promova a saúde, coloca alguns alimentos e ingredientes na lista de
preferência de um número cada vez maior de consumidores brasileiros, como a
soja, lecitina de soja, gérmen de trigo e antioxidantes. (FREITAS, 2005).
3.4 Produtos Diet e Light
Os consumidores, em função de necessidades específicas, muitas vezes
procuram por alimentos diet e light. Porém, é sabido que não sabem ao certo o
que essa denominação quer dizer, muitas vezes nem possuem conhecimento que
a rotulagem nutricional é obrigatória. Esta deve ser aplicada a todos os alimentos
produzidos, comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para
serem oferecidos aos consumidores.
Um produto com o atributo light é aquele que possui uma redução parcial
relativa ao seu valor energético ou de algum nutriente, seja ele carboidrato,
açúcares, colesterol, sódio ou gordura. São aqueles produtos que apresentam a
quantidade de algum nutriente ou valor energético reduzido, quando comparados
a um alimento convencional, ou ainda no seu conteúdo absoluto. São definidos os
teores de cada nutriente e/ou valor energético para que o alimento seja
considerado light. (BRASIL,1998).
Estes alimentos possuem a porção (utilizada para a informação nutricional)
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definida pela legislação, considerando a finalidade a que se destina o referido
produto. (BRASIL, 2003).
Existe ainda uma variação admitida pela legislação vigente de 20% para
mais com relação aos valores de nutrientes declarados. Tal legislação se aplica
aos alimentos light (BRASIL, 1998).
Já os alimentos diet são os alimentos especialmente formulados para
grupos da população que apresentam condições fisiológicas específicas. São
feitas alterações no conteúdo de nutrientes, com uma adequação às dietas de
indivíduos que pertençam a esses grupos da população. Os alimentos diet devem
apresentar na sua composição quantidades insignificantes ou serem totalmente
isentos de algum nutriente (BRASIL, 1998).
Contudo, tanto os alimentos diet quanto light não têm obrigatoriamente o
conteúdo de açúcares ou energia reduzido. Podem ser modificadas as
quantidades de gorduras, proteínas, sódio entre outros, sem que,
necessariamente, haja um reflexo nestes parâmetros.
3.5 Legislação
3.5.1 Portaria n° 27, de 13 de janeiro de 1998.
Os alimentos com informação nutricional complementar, onde enquadram-
se os alimentos light, estão submetidos à portaria n° 27, de 13 de janei ro de 1998
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Esta portaria aprovou o
regulamento técnico referente à informação nutricional complementar, referentes
às declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes.
Sendo assim, a informação nutricional complementar é qualquer
representação que diga, sugira ou implique que um alimento possui uma ou mais
propriedades nutricionais diferenciadas, relativas ao seu valor energético e o seu
conteúdo de proteínas, gorduras, carboidratos, fibras alimentares, vitaminas e ou
minerais.
Algumas observações não devem ser consideradas informação nutricional
complementar, como é o caso da descrição de substâncias na lista de
20
ingredientes, ou ainda, a menção de nutrientes como parte obrigatória da
rotulagem nutricional, e também, uma declaração quantitativa ou qualitativa de
alguns nutrientes ou componentes ou do valor energético na rotulagem, quando
esta for exigida por uma legislação específica.
A informação nutricional complementar deve descrever o nível ou
quantidade de nutriente ou valor energético contido no alimento, para que o
consumidor saiba definir o diferencial do produto especificamente. Esta deve ser
comparativa, significando que terá que comparar os níveis de nutrientes ou valor
energético de dois ou mais alimentos e é permitida em caráter opcional nos
alimentos. A Informação Nutricional complementar necessita referir-se ao alimento
pronto para o consumo, elaborado, quando for o caso, e de acordo com as
instruções do rótulo. (BRASIL, 1998)
A Informação Nutricional Complementar necessita ser expressa por 100g
ou por 100 ml do alimento pronto para consumo, e de nenhuma maneira deve
ocasionar interpretações errôneas ou engano do consumidor. Quando a
Informação Nutricional Complementar for embasada em características
pertencentes ao alimento, necessita haver um esclarecimento em algum local
próximo à declaração, com caracteres de mesmo realce e visibilidade,
esclarecendo que todos os alimentos daquele tipo também possuem essas
características.(BRASIL, 1998)
Para que se possa utilizar a informação nutricional complementar se faz
necessário que os alimentos a serem comparados devem ser versões
diferenciadas do mesmo alimento ou alimento similar, também é preciso uma
declaração sobre a diferença na quantidade do valor energético e ou conteúdo de
nutrientes. Esta declaração da diferença deve ser expressa em percentagem,
fração ou quantidade absoluta. Quando as quantidades de alimentos comparados
não forem idênticas, as mesmas devem ser expressas. A identidade dos alimentos
ao qual o produto está sendo comparado deve ser identificada. Os alimentos
necessitam ser descritos de modo que o consumidor não possua dúvidas. O
conteúdo de nutriente e ou valor energético do alimento com o que se compara
deve ser calculado a partir de um produto parecido do mesmo fabricante; ou do
21
valor médio do conteúdo de três produtos similares conhecidos que sejam
comercializados na região; ou de uma base de dados de valor reconhecido. A
identidade dos alimentos que são utilizados para comparação deve ser
apresentada no pedido de registro do produto e ainda estar disponível para
autoridades competentes e também para atender solicitações dos consumidores.
A comparação deve apontar uma diferença relativa mínima de 25%, para mais e
ou para menos (dependendo do atributo a ser utilizado). Esta diferença pode ser
tanto no valor energético quanto no conteúdo de nutrientes, ou ainda referir-se ao
valor absoluto (alimento como é na íntegra). No caso de ser utilizado o conteúdo
absoluto, para um alimento ser chamado de light, este deve possuir, no máximo,
40kcal em 100g de sólidos ou no máximo 20kcal em 100ml de líquidos. Ainda, no
tocante ao valor energético, pode-se declarar que um alimento não contém
calorias quando o mesmo apresentar no máximo 4 kcal em 100g para sólidos ou
em 100ml, para líquidos. (BRASIL, 1998)
Para a informação nutricional complementar referente aos teores de
açúcares, quando referentes ao valor absoluto do alimento, ou seja, sem
modificações, o alimento em questão deve, em condições próprias para o
consumo, apresentar no máximo 5 g de açúcares em 100g de sólidos ou 100ml de
líquidos para que se possa declarar light ou termos equivalentes (baixo, leve, low,
pobre), mesmas condições exigidas para os atributos: reduzido ou baixo valor
energético, ou frase "este não é um alimento com valor energético reduzido" ou
frase equivalente. Para que possa ser declarado que um alimento não contém
açúcares, o mesmo deve apresentar no máximo 0,5g de açúcares para cada 100g
de sólidos ou pra cada 100ml de líquidos e as mesmas condições exigidas para os
atributos reduzido ou baixo valor energético, para que não ocasione confusão do
consumidor, ou frase "este não é um alimento com valor energético reduzido" ou
frase equivalente. Existe ainda a possibilidade de se expressar que o alimento é
produzido sem adição de açúcares, desde que açúcares não tenham sido
adicionados durante o processo de produção ou embalagem do referido produto, e
não contém ingredientes em que açúcares tenham sido adicionados e idênticas
condições exigidas para os atributos reduzido ou baixo valor energético, ou frase
22
"este não é um alimento com valor energético reduzido", ou frase que possa ser
considerada equivalente.
Na informação nutricional complementar, relacionada ao conteúdo absoluto,
para as gorduras totais, pode ser utilizado o termo baixo ou equivalente (low,
pobre, light, leve) quando o alimento apresentar no máximo de 3 g de gorduras em
100 g de sólidos ou, no máximo, 1,5 g de gorduras em 100ml de líquidos. Quando
se declarar que o produto não contém gorduras totais, este pode possuir, no
máximo, 0,5 de gorduras para cada 100 ml líquidos ou para cada 100g de sólidos.
Seguindo nas declarações referentes ao conteúdo absoluto, para o caso
das gorduras saturadas, é necessário que o alimento apresente no máximo de 1,5
g de gordura saturada a cada 100 g de sólidos ou, no máximo, 0,75 de gordura
saturada a cada 100 ml de líquidos, para que este possa ser declarado como
“baixo” ou termo equivalente. Para o atributo "não contém", as gorduras saturadas
dos alimentos devem ser quantificadas em, no máximo, 0,1 g em 100 g de sólidos
ou para 100 ml de líquidos. (BRASIL, 1998)
Para a informação nutricional complementar, relativa ao conteúdo absoluto
de colesterol no atributo “baixo”, é preciso que o alimento apresente até 20 mg
colesterol a cada 100 g de sólidos ou no máximo 10 mg colesterol a cada 100 ml
de líquidos, sendo que o referido alimento deve apresentar, no máximo, 1,5 de
gordura saturada a cada 100 g sólidos ou um máximo de 0,75 g de gordura
saturada em 100 ml, para o caso dos líquidos. Também se faz necessário que o
alimento possua no máximo 10% de seu valor energético oriundo da energia
fornecida pelas gorduras saturadas. Entretanto, se o alimento apresentar, no
máximo, 5 mg de colesterol a cada 100 g sólidos ou, no máximo, 5 mg de
colesterol a cada 100 ml de líquidos, este pode ser declarado como "não contém",
e, no máximo, 1,5 gordura saturada para 100 g sólidos e, no máximo, 0,75 g
gordura saturada em 100 ml líquidos. A energia oriunda das gorduras saturadas
necessita ser igual ou inferior a 10% do Valor Energético Total. (BRASIL, 1998)
Quando a informação nutricional complementar relativa ao conteúdo
absoluto do produto refere-se ao sódio, deve-se declarar como "baixo" quando o
alimento possuir no máximo 120 mg para cada 100 g de sólidos ou 100 ml de
23
líquidos. Para o atributo “muito baixo”, a quantidade máxima passa a ser de 40 mg
para 100 g se sólido ou 100 ml para o caso dos líquidos. Para declarar que “não
contém” sódio o alimento pode ter, no máximo, 5 mg de sódio para 100 g no caso
dos sólidos e as mesmas 5 mg em 100 ml para o caso dos líquidos.
As proteínas, quando aparecem nas informações nutricionais
complementares, devem possuir um mínimo de 10% da IDR (Ingestão Diária
Recomendada) de referência por 100g de sólido ou 5% da IDR de referência para
o caso dos líquidos, para se dizer que o alimento é considerado “fonte” deste
nutriente. Para alimentos com a indicação de “alto teor” de proteínas, se faz
necessário um mínimo de 20% da IDR de referência para 100 g de sólidos ou 10%
da IDR de referência para 100 ml de líquidos.
A informação nutricional complementar para conteúdo absoluto de fibras
exige um mínimo de 3 g de fibras para 100 g de sólidos e 1,5g de fibras para 100
ml de líquidos para a declaração de “fonte de fibras”. Para declarar “alto teor de
fibras”, ou “rico em fibras”, se faz necessário que o alimento possua um mínimo de
6 g de fibras para 100 g de sólidos e 3 g de fibras para 100 ml de líquidos.
Para um alimento ser considerado “fonte” de vitaminas e ou minerais se faz
necessário um mínimo de 15% da IDR de referência a cada 100 g de sólidos e
para o caso dos alimentos líquidos 7,5% da IDR de referência para cada 100 ml.
Para a declaração de “alto teor” de vitaminas e ou minerais o alimento deve conter
um teor mínimo de 30% da IDR de referência por 100 g de sólidos e, para o caso
dos líquidos, 15% da IDR de referência para cada 100 ml.
Toda a informação nutricional complementar é referente ao alimento pronto
e próprio para o consumo. Esta, quando não é referente ao conteúdo absoluto do
alimento, deve ser de conteúdo comparativo, e os alimentos a serem comparados
devem ser versões diferentes do mesmo alimento ou alimento similar, atingindo no
mínimo 25% para mais ou para menos, dependendo do atributo (fonte, baixo, light,
etc) em questão.
3.5.2 Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003
Seguindo a legislação vigente para a rotulagem de alimentos encontra-se a
24
Resolução número 360, de 23 de dezembro de 2003 da ANVISA, que aprovou o
regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados,
tornando obrigatória a rotulagem nutricional. Esta resolução tornou obrigatória a
rotulagem de todos os alimentos embalados fora da presença do consumidor.
Nesta rotulagem nutricional devem ser declarados valor energético, proteínas,
carboidratos, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio.
O regulamento desta rotulagem nutricional não se aplica às bebidas
alcoólicas, aos aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia, as especiarias,
as águas minerais naturais e demais águas de consumo humano, aos vinagres, ao
sal (cloreto de sódio), ao café, erva mate, chás e outras ervas, sem adições de
outros ingredientes. Os alimentos preparados em restaurantes, estabelecimentos
comerciais prontos para consumo, assim como os embalados, também não são
aplicáveis a este regulamento técnico, assim como as frutas, vegetais e carnes in
natura (os refrigerados e os congelados) (BRASIL, 2003).
É considerada rotulagem nutricional toda descrição destinada a informar ao
consumidor sobre as propriedades nutricionais de um determinado
alimento.(BRASIL, 2003)
A rotulagem nutricional abrange as declarações de valor energético e
nutrientes e a declaração de propriedades nutricionais, no caso, informação
nutricional complementar.
A informação nutricional necessita ser declarada agrupada em um mesmo
lugar, sua estrutura deve ser em forma de tabela e seus valores e unidades em
colunas. Caso o espaço não seja o suficiente, poderá ser utilizada a forma linear.
As unidades para declaração do valor energético devem ser quilocalorias
(kcal) e quilojoules (kJ). Para as proteínas, carboidratos, gorduras e fibras
alimentares a unidade deve ser gramas (g), para sódio e colesterol miligramas
(mg), para vitaminas e minerais deve ser utilizados miligramas (mg) ou ainda
microgramas (µg). Para as porções devem ser utilizados gramas (g), mililitros (ml)
e medidas caseiras.
Devem ser declarados números inteiros para o valor energético e o
percentual de valor diário (%VD). Já os nutrientes serão declarados de acordo
25
com os itens abaixo:
•Valores maiores ou iguais a 100: números inteiros com três cifras;
•Valores menores que 100 e maiores ou iguais a 10: números inteiros com
duas cifras;
•Valores menores que 10 e maiores ou iguais a 1: uma cifra decimal;
•Valores menores que 1: Vitaminas e minerais (cifras decimais) e demais
nutrientes (uma cifra decimal).
Para que a informação nutricional do parâmetro seja declarada como “zero”
ou “0” ou ainda “não contém” para valor energético e/ou nutrientes, devem ser
obedecidas as regras da tabela 1, pois estas quantidades são consideradas “não
significativas”.
Tabela 1 – Quantidades não significativas por porção
Valor
energético/nutrientes
Quantidades não significativas por
porção (expressas em g ou ml)
Valor energético Menor ou igual a 4 kcal e menor que 17 kJ
Carboidratos Menor ou igual a 0,5 g
Gorduras totais* Menor ou igual a 0,5 g
Gorduras saturadas Menor ou igual a 0,5 g
Gorduras trans Menor ou igual a 0,2 g
Fibra alimentar Menor ou igual a 0,5 g
Sódio Menor ou igual a 5 mg
*Para as gorduras totais será declarado como “zero” ou “0” ou ainda “não contém”
quando as quantidades de gorduras trans e saturadas e ainda as totais atendam
as quantidades da tabela acima. Nenhum outro tipo de gordura deve ser superior
a “zero”.
Fonte: BRASIL, 2003.
Para o calculo da informação nutricional em relação a porcentagem do valor
diário do valor energético e de cada nutriente, necessita-se utilizar os valores
diários de referência (VD) conforme tabela 2:
26
Tabela 2 – Valores Diários de Referência de Nutrientes de Declaração Obrigatória
VALORES DIÁRIOS DE REFERÊNCIA DE NUTRIENTES (VD) DEDECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA (1)
Valor energético 2000 kcal - 8400kJ
Carboidratos 300 gramas
Proteínas 75 gramas
Gorduras totais 55 gramas
Gorduras saturadas 22 gramas
Fibra alimenta 25 gramas
Sódio 2400 miligramas
NOTA: Não existe base recomendada para gordura trans
Fonte: BRASIL, 2003.
Também é utilizada a (IDR) Ingestão diária recomendada para fins de cálculo
de valor diário, conforme tabela 3:
Tabela 3 –Valores de Ingestão Diária Recomendada de Nutrientes (IDR) -
Vitaminas E Minerais
Nutriente Valor Nutriente Valor
Vitamina A (2) 600 µg Ferro (2) (*) 14 mg
Vitamina D (2) 5 µg Magnésio (2) 260 mg
Vitamina C (2) 45 mg Zinco (2) (**) 7 mg
Vitamina E (2) 10 mg Iodo (2) 130 µg
Tiamina (2) 1,2 mg Vitamina K (2) 65 µg
Riboflavina (2) 1,3 mg Fósforo (3) 700 mg
27
Niacina (2) 16 mg Flúor (3) 4 mg
Vitamina B6 (2) 1,3 mg Cobre (3) 900 µg
Ácido fólico (2) 400 µg Selênio (2) 34 µg
Vitamina B12 (2) 2,4 µg Molibdênio (3) 45 µg
Biotina (2) 30 µg Cromo (3) 35 µg
Ácido pantotênico (2) 5 mg Manganês (3) 2,3 mg
Cálcio (2) 1000 mg Colina (3) 550 mg
(*) 10% de biodisponibilidade
(**) Biodisponibilidade moderada
NOTAS:
(2) Human Vitamin and Mineral Requirements, Report 7ª Joint FAO/OMS Expert ConsultationBangkok, Thailand, 2001.
(3) Dietary Reference Intake, Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. 1999-2001.
Fonte: BRASIL, 2003.
Em relação às quantidades mencionadas na rotulagem, devem ser
correspondentes ao alimento da maneira como ele é oferecido ao consumidor.
Também podem ser declaradas informações do alimento já preparado com a
condição de que se indiquem as instruções de preparo e que as informações
sejam referentes ao alimento próprio para consumo.
Existe uma tolerância admitida de mais 20% em relação aos valores de
nutrientes que são declarados nos rótulos dos alimentos.
3.5.3 Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003
As porções para rotulagem nutricional dos alimentos são definidas de
acordo com a Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003 da ANVISA,
que aprovou o regulamento técnico de porções de alimentos embalados para fins
de rotulagem nutricional.
Esta resolução se aplica aos alimentos comercializados, que foram
28
embalados fora da presença do consumidor.
Esta resolução define como:
• Porção: é a quantia média do alimento que deveria ser consumida por
indivíduos sadios, maiores de 36 meses de idade em cada ocasião de
consumo, com a finalidade de promover uma alimentação saudável;
• Medida Caseira: é um utensílio comumente utilizado pelo consumidor para
medir alimentos;
• Unidade: cada um dos produtos alimentícios iguais ou similares contidos
em uma mesma embalagem;
• Fração: parte de um todo;
• Fatia ou rodela: fração de espessura uniforme que se obtém de um
alimento;
• Prato preparado semi-pronto ou pronto: alimento preparado, cozido ou
pré-cozido que não requer adição de ingredientes para seu consumo.
As medidas caseiras devem ser declaradas em gramas (g) ou mililitros (ml)
e os utensílios devem ser especificados. As capacidades e dimensões dos
utensílios mais utilizados estão listadas na tabela 4:
Tabela 4 – Tabela de medidas caseiras
Medida caseira Capacidade ou dimensão
Xícara de chá 200cm³ ou ml
Copo 200 cm³ ou ml
Colher de sopa 10 cm³ ou ml
Colher de chá 5 cm³ ou ml
Prato raso 22 cm de diâmetro
Prato fundo 250 cm³ ou ml
Fonte: BRASIL, 2003
Para se estabelecer o tamanho das porções deve-se considerar o grupo
alimentar a que o alimento pertence, conforme tabela 5.
29
Para os alimentos de eventual consumo de uma alimentação saudável não
se considera o valor energético para estabelecimento da porção, como no Grupo
VII.
Os produtos que não possuem classificação devem ser incluídos no Grupo
VIII.
Tabela 5 – Tabela de Porções
GRUPOS DEALIMENTOS
VALORENERGÉTICOMÉDIO (VE)
NÚMERO DEPORÇÕES
VALORENERGÉTICOMÉDIO POR
PORÇÃO
kcal kJ kcal kJ
1 I - Produtos depanificação, cereais,leguminosas, raízes,tubérculos e seusderivados
900 3800 6 150 630
2 II - Verduras, hortaliçase conservas vegetais
3 30 125
III - Frutas, sucos,néctares e refrescos defrutas
300 1260
3 70 295
3 IV - Leite e derivados 2 125 525
V - Carnes e ovos
500 2100
2 125 525
4 VI - Óleos, gorduras, esementes oleaginosas
2 100 420
VII - Açúcares eprodutos que fornecemenergia provenientesde carboidratos egorduras
300 1260
1 100 420
-- VIII - Molhos, temperosprontos, caldos, sopase pratos preparados
--------- ------- --------
Fonte: BRASIL, 2003
30
Define-se como embalagem individual aquela cujo produto total
corresponde a uma porção comumente consumida, podendo ter uma variação de
30% em suas gramas (g) ou mililitros (ml).
3.5.4 Portaria nº 29, de 13 de janeiro de 1998
Os alimentos para fins especiais são os processados especialmente para
satisfazer necessidades particulares de uma alimentação condicionada a
condições físicas ou fisiológicas peculiares ou ainda transtornos do metabolismo.
Pode-se incluir os alimentos destinados aos lactentes e ainda crianças de primeira
infância.
Esta portaria aprovou o regulamento técnico referente a alimentos para fins
especiais, não se aplicando aos seguintes itens:
• Alimentos acrescentados de nutrientes essenciais;
• bebidas dietéticas e ou de baixas calorias e ou que contenham álcool;
• suplementos vitamínicos e ou de minerais;
• produtos que possuam substâncias medicamentosas ou indicações
terapêuticas;
• aminoácidos de forma isolada e ainda combinada.
São definidos como alimentos especialmente formulados ou processados,
nos quais se incluem alterações no conteúdo de nutrientes, adequados ao uso em
dietas, distintas e/ou opcionais, suprindo as necessidades de indivíduos em
condições metabólicas e fisiológicas particulares. São classificadas em três
classes, conforme tabela 6:
Tabela 6 – Grupos de Alimentos Especialmente Formulados
Alimentos para dietascom restrição de
nutrientes
Alimentos paraingestão controlada de
nutrientes
Alimentos para grupospopulacionais
específicos
Alimentos para dietascom restrição de
Alimentos para controlede peso
Alimentos de transiçãopara lactentes e crianças
31
carboidratos de primeira infância
Alimentos para dietascom restrição degorduras
Alimentos parapraticantes de atividadefísica
Alimentos para gestantese nutrizes
Alimentos para dietascom restrição deproteínas
Alimentos para dietaspara nutrição enteral
Alimentos à base decereais para alimentaçãoinfantil
Alimentos para dietascom restrição de sódio
Alimentos para dietas deingestão controlada deaçúcares
Fórmulas infantis
Outros alimentosdestinados a finsespecíficos
Outros alimentosdestinados a finsespecíficos
Alimentos para idosos
Outros alimentosdestinados aos demaisgrupos populacionaisespecíficos
Fonte: BRASIL, 1998
Para alimentos com restrição de carboidratos, quando estes forem
sacarose, frutose ou glicose, o alimento pode conter, no máximo, 0,5 g de do
mesmo por 100g ou 100 mL do produto final a ser consumido. Alimentos com
restrição de mono e/ou dissacarídeos são destinados a portadores de intolerância
a ingestão de dissacarídeos e/ou portadores de erros inatos do metabolismo de
carboidratos. Podem possuir, no máximo, 0,5g deste nutriente por 100g ou 100mL
do produto final a ser consumido. Adoçantes com restrição de sacarose, frutose
e/ou glicose (adoçante dietético) são destinados a pessoas sujeitas a restrição
deste tipo de carboidrato. Logo, estas matérias primas não podem ser utilizadas
na formulação desses produtos alimentícios.
Alimentos para dietas com restrição em gorduras são formulados para
pessoas que necessitam de dietas com restrição de gorduras. Podem conter, no
máximo, 0,5g de gordura total por 100g ou 100ml do produto final a ser
consumido.
32
Alimentos para dietas com restrição de proteínas são especialmente
elaborados para suprir as necessidades de portadores de erros inatos do
metabolismo, intolerâncias, síndromes de má absorção entre outros distúrbios
relacionados à ingestão de aminoácidos e ou proteínas. Estes produtos devem ser
completamente isentos do componente associado ao distúrbio.
Alimentos para dietas com restrição de sódio são alimentos especialmente
elaborados para pessoas que necessitem de dietas com restrição de sódio, cujo
valor dietético especial é o resultado da redução ou restrição de sódio.
Em relação aos alimentos para dietas de ingestão limitada de açúcares são,
sobretudo, formulados para atender as necessidades de pessoas que apresentem
distúrbios do metabolismo de açúcares, estes não devem ser adicionados de
açúcares. Somente é permitida a presença dos açúcares naturalmente existentes
nas matérias utilizadas.
Os auxiliares de tecnologia e os aditivos possuem limites e condições de
emprego citados nos seus padrões específicos, ou seja:
• permite-se a utilização de aditivos e coadjuvantes de tecnologia nos
mesmos limites previstos para os alimentos tradicionais semelhantes, desde que
não venham modificar a finalidade a que o alimento se destina;
• é permitida a utilização de aditivos e coadjuvantes de tecnologia não
previstos nos alimentos convencionais semelhantes, desde que apresentada a
comprovação técnico-científica dos grau de segurança toxicológica dos aditivos e
coadjuvantes de tecnologia e justificativa tecnológica de uso, acrescidas da
proposta para inclusão ou extensão de uso, para que sejam analisadas pelo órgão
responsável;
• é aceita a utilização de matérias-primas não freqüentemente
empregadas nos alimentos convencionais, porém tecnologicamente necessárias.
O termo diet pode, opcionalmente, ser utilizado para os alimentos
classificados como “Alimentos para dietas com restrição de nutrientes”, e para os
alimentos exclusivamente empregados para controle de peso, classificados em
Alimentos para ingestão controlada de nutrientes para controle de peso, e
33
alimentos para dieta de ingestão controlada de açúcares, classificados como
“alimentos para dietas de ingestão controlada de açúcares”.
As informações seguintes devem constar em destaque e em negrito:
• "Diabéticos: contém (especificar o mono e ou dissacarídio)", quando os
alimentos para fins especiais, contiverem mono e ou dissacarídios (glicose,
frutose, e ou sacarose, conforme o caso);
• A informação: “Contém fenilalanina", para os alimentos nos quais houver
adição de aspartame;
• A informação: "Este produto pode ter efeito laxativo", para os alimentos
cuja previsão razoável de consumo resulte na ingestão diária superior a 20g de
manitol, 50g de sorbitol, 90g de pelidextrose ou de outros polióis que possam ter
efeito laxativo;
• A orientação: "Consumir preferencialmente sob orientação nutricional ou
médica". A orientação constante dos regulamentos específicos das classificações
dos alimentos para fins especiais deve prevalecer quanto diferir desta orientação.
Os alimentos classificados nos itens “Alimentos para dietas com restrição
de nutrientes destinados a fins específicos”, “Alimentos para ingestão controlada
de nutrientes destinados a fins específicos”, “Alimentos para grupos populacionais
específicos”, devem apresentar comprovação técnico-científica da eficácia da
adequação para a finalidade a que se propõem, acrescidos da proposta de Padrão
de Identidade e Qualidade (PIQ), para que sejam avaliados pelo órgão
competente, além da indicação da metodologia analítica utilizada pela empresa
para dosagem do(s) componente(s) ligado(s) ao(s) atributo(s).
Os alimentos para fins especiais podem ser comercializados fracionados ou
a granel, desde que no ponto de venda ao consumidor final sejam afixadas, em
lugar visível, as exigências de rotulagem constantes deste regulamento.
As embalagens ou rótulos dos alimentos classificados no item “Alimentos
para dietas com restrição de nutrientes” e “Alimentos para ingestão controlada de
nutrientes” devem diferenciar-se das embalagens ou rótulos dos alimentos
convencionais ou similares correspondentes da mesma empresa.
34
3.5.5 Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002
Esta resolução aprovou o regulamento técnico sobre rotulagem de
alimentos embalados e se aplica a todos os alimentos que sejam embalados sem
a presença do consumidor.
Considera-se rotulagem toda inscrição, legenda, imagem ou toda matéria
descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo
ou litografada ou colada sobre a embalagem do alimento comercializado. Define-
se como sendo embalagem o recipiente, o pacote ou a embalagem destinada a
garantir a conservação e facilitar o transporte e manuseio dos alimentos. As
embalagens podem ser divididas em:
• a embalagem primária ou envoltório primário é toda a embalagem que
está em contato direto com os alimentos.
• a embalagem secundária ou pacote é toda a embalagem destinada a
conter a(s) embalagem (ns) primária(s).
• embalagem terciária ou embalagem é toda a embalagem destinada a
conter uma ou várias embalagens secundárias.
Para alimento embalado considera-se todo o alimento que está contido em
uma embalagem pronta para ser comercializada e entende-se por consumidor
toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza os alimentos.
Os ingredientes são definidos como toda a substância, incluídos os aditivos
alimentares, que se utiliza na fabricação ou preparo de alimentos, e que está
presente no produto final em sua forma original ou modificada.
Entende-se por matéria prima toda substância que, para ser utilizada como
alimento, necessita sofrer tratamento e ou transformação de natureza física,
química ou biológica.
Conceitua-se aditivo alimentar todo e qualquer ingrediente adicionado
propositadamente aos alimentos, contudo, sem intenção de nutrir, mas com o
objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais,
no período da fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem,
acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento.
35
Desta maneira, direta ou indiretamente, o próprio aditivo, ou seus produtos, se
tornam componentes do alimento. Para esta definição não se aceita os
contaminantes ou substâncias nutritivas que sejam incorporadas ao alimento para
manter ou melhorar suas propriedades nutricionais. (BRASIL, 2002)
Define-se como sendo alimento: toda substância que se pode ingerir no
estado natural, semi-elaborada ou elaborada, que for destinada ao consumo
humano, estando incluídas as bebidas e qualquer outra substância utilizada para a
sua elaboração, preparo ou tratamento, estando excluídos os cosméticos, o
tabaco e as substâncias utilizadas somente como medicamentos.
• O fracionamento de alimento: é toda a operação pela qual o alimento
é dividido e acondicionado, com o intuito de atender a sua
distribuição, comercialização e disponibilização ao consumidor.
• Considera-se lote todo o conjunto de produtos de um mesmo tipo,
processados pelo mesmo fabricante ou fracionador, em um espaço
de tempo determinado, sob condições essencialmente iguais.
• O País de origem: é aquele onde o alimento foi produzido ou, se for
elaborado em mais de um país, o país de origem passa a ser onde o
alimento recebeu o último processo substancial de transformação.
• Painel principal é a parte da rotulagem onde se apresenta, de forma
mais relevante, a denominação de venda e marca ou o logotipo, caso
seja presente no alimento.
Seguem abaixo os itens que não devem ser descritos e ou sugeridos nos
rótulos dos alimentos:
• a utilização vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas,
ilustrações ou outras representações gráficas que possam tornar a
informação falsa, incorreta, insuficiente, ou que possa induzir o consumidor
a equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira natureza,
composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento
ou forma de uso do alimento;
• dizeres ou qualquer tipo de ilustração que atribuam efeitos ou
propriedades que não possuam ou não possam ser demonstradas;
36
• façam destaque a presença ou ausência de componentes que sejam
intrínsecos ou próprios de alimentos de igual natureza, exceto para os
casos previstos em Regulamentos Técnicos específicos;
• ressaltem em certos tipos de alimentos processados a presença de
componentes que sejam comumente adicionados como ingredientes em
todos os alimentos com tecnologia de fabricação semelhante;
• destaque qualidades que possam induzir a um engano com relação a
reais ou supostas propriedades terapêuticas que alguns componentes ou
ingredientes tenham ou possam vir a ter quando consumidos em
quantidades diferentes daquelas que se encontram no alimento ou quando
consumidos sob forma farmacêutica;
• afirme que o alimento possui propriedades medicinais ou terapêuticas;
• recomende o seu consumo como estimulante, com finalidade de melhorar
a saúde, para prevenir doenças ou com ação curativa.
Não podem ser usadas na rotulagem ou na propaganda de alimentos
fabricados em outros lugares, as denominações geográficas de um país, de uma
região ou de uma população, reconhecidas como lugares onde são fabricados
alimentos quando possam induzir o consumidor a erro, equívoco ou engano.
A rotulagem dos alimentos necessita ser feita somente nos
estabelecimentos processadores, habilitados pela autoridade competente do país
de origem, para elaboração ou fracionamento. Se a rotulagem não estiver redigida
no idioma do país de destino deverá ser afixada uma etiqueta complementar, onde
contenha a informação obrigatória no idioma correspondente com caracteres de
tamanho, realce e visibilidade adequados. A colocação da etiqueta poderá ser
feita tanto na origem como no destino. Em último caso, a aplicação deverá ser
efetuada antes da comercialização. A informação obrigatória deverá ser feita no
idioma oficial do país, quando existir textos em outros idiomas estes não podem
prejudicar a nitidez da informação obrigatória.
Seguem abaixo as informações obrigatórias, exceto quando algum
regulamento técnico específico tiver determinações diferentes:
• Denominação de venda do alimento;
37
• lista de ingredientes;
• conteúdos líquidos;
• identificação da origem;
• nome ou razão social e endereço do importador, no caso de alimentos
importados;
• identificação do lote;
• prazo de validade;
• instruções sobre o preparo e uso do alimento, quando necessário.
• Apresentação da informação obrigatória.
A denominação e a marca do alimento devem estar de acordo com os
seguintes requisitos abaixo:
• Quando em um Regulamento Técnico específico for estabelecido uma ou
mais denominações para um alimento deve ser utilizado pelo menos uma
dessas denominações;
• pode ser utilizada uma denominação consagrada, de fantasia, de fábrica
ou uma marca registrada, sempre que seja acompanhada de uma das
denominações indicadas no item anterior;
• podem constar palavras ou frases adicionais, necessárias para que o
consumidor não seja induzido a erro ou engano com respeito a natureza e
condições físicas próprias do alimento, as quais devem estar junto ou
próximas da denominação do alimento.
Com exceção de alimentos com um único ingrediente, deve estar presente
no rótulo do alimento uma lista de ingredientes. Esta lista deve constar no rótulo,
precedida da expressão "ingredientes" ou "ingr.", de acordo com o especificado
abaixo:
• todos os ingredientes devem constar em ordem decrescente, da
respectiva proporção; ou seja, inicia-se pelo de maior quantidade;
• se um ingrediente for um alimento elaborado com dois ou mais
ingredientes, este será denominado ingrediente composto, e pode ser
declarado como tal na lista de ingredientes, sempre que venha
acompanhado imediatamente de uma lista, entre parênteses, de seus
38
próprios ingredientes e deve apresentar-se em ordem decrescente de
proporção;
• para o caso de um ingrediente composto ter se estabelecido um nome em
uma norma do CODEX ALIMENTARIUS FAO/OMS ou em um Regulamento
Técnico específico, e este participe em menos de 25% do alimento, não há
necessidade de declarar os seus ingredientes, exceto os aditivos
alimentares que desempenhem uma função tecnológica no produto
acabado;
• a água necessita ser declarada na lista de ingredientes, exceto quando
fizer parte de salmoras, xaropes, caldas, molhos ou outros similares, e
estes ingredientes compostos forem declarados como tais na lista de
ingredientes não será necessário declarar a água e outros componentes
voláteis que se evaporem durante a fabricação;
• para o caso de alimentos desidratados, concentrados, condensados ou
evaporados, que necessitam de reconstituição para seu consumo, através
da adição de água, os ingredientes podem ser enumerados em ordem de
proporção (m/m) no alimento reconstituído. E para estes casos, deve ser
incluída a seguinte expressão: "Ingredientes do produto preparado
segundo as indicações do rótulo";
• quando se tratar de misturas de frutas, de hortaliças, de especiarias ou de
plantas aromáticas e que não houver predominância significativa de
nenhuma delas (em peso), estas podem ser enumeradas seguindo uma
ordem diferente, sempre que a lista desses ingredientes venha
acompanhada da expressão: " em proporção variável";
Pode ser utilizado o empregado do nome genérico para os ingredientes que
pertencem à classe correspondente, de acordo com a Tabela 7.
Tabela 7: Classes e nomes genéricos dos ingredientes
Classes de ingredientes Nomes genéricos
Óleos refinados diferentes do azeite deoliva
Óleo de. completar com:
- a qualificação de "vegetal" ou
39
"animal", de acordo com o caso
- a indicação da origem específicavegetal ou animal
A qualificação hidrogenado ouparcialmente hidrogenado, de acordocom o caso, deve acompanhar adenominação de óleo cuja origemvegetal ou origem específica vegetalou animal, venha indicado.
Gorduras refinadas, exceto a manteiga "Gorduras" juntamente com o termo"vegetal" ou "animal" de acordo com ocaso.
Amidos e amidos modificados por açãoenzimática ou física
"Amido"
Amidos modificados quimicamente "Amido modificado"
Todas as espécies de pescado quandoo pescado constitua um ingrediente deoutro alimento e sempre que no rótulo ena apresentação deste alimento nãofaça referência a uma determinadaespécie de pescado
"Pescado"
Todos os tipos de carne de avesquando constitua um ingrediente deoutro alimento e sempre que no rótulo ena apresentação deste alimento nãofaça referência a nenhum tipo específicode carne de aves
"Carne de ave"
Todos os tipos de queijo, quando oqueijo ou uma mistura de queijosconstitua um ingrediente de outroalimento e sempre que no rótulo e naapresentação deste alimento não façareferência a um tipo específico dequeijo
"Queijo"
Todas as especiarias e extratos deespeciarias isoladas ou misturadas noalimento
"Especiaria", "especiarias", ou "misturade especiarias", de acordo com ocaso.
Todas as ervas aromáticas ou partes de"Ervas aromáticas" ou "misturas de
40
ervas aromáticas isoladas oumisturadas no alimento
ervas aromáticas", de acordo com ocaso.
Todos os tipos de preparados de gomautilizados na fabricação da goma basepara a goma de mascar.
"Goma base"
Todos os tipos de sacarose "Açúcar"
Dextrose anidra e dextrosemonohidratada
"Dextrose ou glicose"
Todos os tipos de caseinatos "Caseinato"
Manteiga de cacau obtida por pressão,extração ou refinada
"Manteiga de cacau"
Todas as frutas cristalizadas, semexceder 30% do peso do alimento
"Frutas cristalizadas"
Fonte: BRASIL, 2002
Para a declaração de aditivos alimentares na lista de ingredientes, esta
declaração deve constar de:
• A função principal ou fundamental do aditivo no alimento; e seu nome
completo ou seu número INS (Sistema Internacional de Numeração, Codex
Alimentarius FAO/OMS), ou ambos;
• Para o caso de haver mais de um aditivo alimentar com a mesma função,
pode ser mencionado um em continuação ao outro, agrupando-os por
função.
A declaração dos aditivos alimentares deve ser feita depois da declaração
dos ingredientes.
Quando houver aromas/aromatizantes declara-se somente a função e,
optativamente sua classificação, conforme estabelecido em Regulamentos
Técnicos sobre Aromas/Aromatizantes.
Existem alguns alimentos que devem mencionar em sua lista de
ingredientes o nome completo do aditivo utilizado. Para esta situação necessita
ser indicada em regulamentos técnicos específicos.
41
Os conteúdos líquidos devem atender o estabelecido nos Regulamentos
Técnicos específicos.
Necessita ser declarada a identificação de origem e, para tal, deve constar
no rótulo os seguintes itens:
• Nome (razão social) do fabricante ou produtor ou fracionador ou titular
(proprietário) da marca;
• endereço completo;
• país de origem e município;
• número de registro ou código de identificação do estabelecimento
fabricante junto ao órgão competente;
• para identificar a origem deve ser utilizada uma das seguintes expressões:
"fabricado em... ", "produto ..." ou "indústria ...".
Para a identificação do Lote todo rótulo, obrigatoriamente, necessita ter
impresso, gravado ou marcado de qualquer outra maneira, uma indicação em
código ou linguagem clara, que permita identificar o Lote a que o alimento
pertence, de forma que seja visível, legível e indelével.
O fabricante, produtor, ou ainda o fracionador é que determina o lote de
acordo com seus critérios. Para a indicação do lote pode ser utilizado: um código
chave precedido da letra "L". Este código deve estar à disposição da autoridade
competente e constar da documentação comercial quando ocorrer o intercâmbio
entre os países; ou a data de fabricação, embalagem ou de prazo de validade,
sempre que a(s) mesma(s) indique(m), pelo menos, o dia e o mês ou o mês e o
ano (nesta ordem) e conter prazo de validade.
Para a indicação do prazo de validade, este deve dispor de pelo menos: o
dia e o mês para produtos que tenham prazo de validade não superior a três
meses;o mês e o ano para produtos que tenham prazo de validade superior a três
meses. Quando o mês de vencimento for dezembro, basta indicar o ano, com a
expressão "fim de...... " (ano);
As expressões que devem ser utilizadas são:
• consumir antes de;
• válido até;
42
• validade;
• “val.”;
• vence;
• vencimento;
• "vto”;
• “venc.”;
• consumir preferencialmente antes de.
Todas as expressões acima devem ser acompanhadas do prazo de
validade; ou de uma indicação nítida do local onde consta o prazo de validade;
ou ainda, de uma impressão através de perfurações ou marcas indeléveis do dia e
do mês ou do mês e do ano.
O dia, o mês e o ano necessitam ser expressos em algarismos, em ordem
numérica não codificada, com a ressalva de que o mês pode ser indicado com
letras nos países onde este uso não induza o consumidor a erro. Para este último
caso, é permitido abreviar o nome do mês por meio das três primeiras letras do
mesmo;
Não se exige informação de prazo de validade para os seguintes itens:
• frutas e hortaliças frescas, estando incluídas as batatas não descascadas,
cortadas ou tratadas de outra forma análoga;
• os vinhos, vinhos licorosos, vinhos espumantes, vinhos aromatizados,
vinhos de frutas e vinhos espumantes de frutas;
• as bebidas alcoólicas que contenham 10% (v/v) ou mais de álcool;
• produtos de panificação e confeitaria que, pela natureza de conteúdo,
sejam em geral consumidos dentro de 24 horas seguintes à sua
fabricação;
• o vinagre;
• açúcar sólido;
• os produtos de confeitaria à base de açúcar, aromatizados e ou coloridos,
tais como: balas, caramelos, confeitos, pastilhas e similares;
• a goma de mascar;
• sal de qualidade alimentar (não se aplica para sal enriquecido);
43
• os alimentos que estão isentos por Regulamentos Técnicos específicos.
Quando os alimentos exigirem condições especiais para sua conservação,
em seu rótulo, deve ser incluída uma legenda com caracteres bem legíveis,
indicando quais as precauções necessárias para a manutenção de suas
características normais, devendo ser indicadas as temperaturas máximas e
mínimas para a conservação do alimento e o tempo que o fabricante, produtor ou
fracionador garante sua durabilidade sob essas condições. O mesmo dispositivo
serve para os alimentos que podem se alterar depois de abertas suas
embalagens.
Particularmente, para os alimentos congelados, cujo prazo de validade varia
segundo a temperatura de conservação, deve ser declarada esta característica.
Para estes casos, pode ser indicado o prazo de validade para cada temperatura,
indicando o dia, o mês e o ano de fabricação.
Para que se declare o prazo de validade, podem ser utilizadas as seguintes
expressões:
• validade a - 18º C (freezer);
• validade a - 4º C (congelador);
• validade a 4º C (refrigerador);
Em relação ao preparo e instruções de uso do produto, quando houver
necessidade, o rótulo deve conter as instruções sobre o modo adequado de uso,
incluídos a reconstituição, o descongelamento ou o tratamento que deve ser dado
pelo consumidor para o uso correto do produto. As instruções não podem ser
ambíguas, nem dar margem para interpretações errôneas, a fim de garantir a
utilização correta do alimento.
Para a rotulagem facultativa aceita-se qualquer informação ou
representação gráfica, assim como matéria escrita, impressa ou gravada, sempre
que não estejam em contradição com nenhum dos requisitos obrigatórios dos
regulamentos técnicos para a rotulagem.
As denominações de qualidade unicamente podem ser utilizadas quando
tenham sido estabelecidas as especificações que se enquadrem a um
determinado alimento, por meio de um regulamento técnico específico. E estas
44
devem ser claras e de fácil compreensão a fim de que não gerem engano do
consumidor.
Em relação a apresentação e distribuição da informação obrigatória esta
deve constar no painel principal, a denominação de venda do alimento, sua
qualidade, pureza ou mistura, quando regulamentada, a quantidade nominal do
conteúdo do produto, em sua forma mais relevante em conjunto com o desenho,
se houver, e em contraste de cores que garanta sua correta visibilidade para o
consumidor. E o tamanho das letras e números da rotulagem obrigatória, com
exceção da indicação dos conteúdos líquidos, não pode ser inferior a
1mm (BRASIL, 2002).
3.5.6 Resolução - RDC Nº 123, de 13 de Maio de 2004
Esta resolução define que, quando os alimentos são fabricados segundo
tecnologias características de diferentes lugares geográficos, para que se
obtenham alimentos com propriedades sensoriais semelhantes ou parecidas com
aquelas que são típicas de determinadas zonas reconhecidas, na denominação do
alimento deve figurar a expressão "tipo", com letras de mesmo tamanho, realce e
visibilidade que as correspondentes à denominação aprovada no regulamento
vigente no país de consumo. A expressão "tipo" não pode ser utilizada para
denominar vinhos e bebidas alcoólicas com estas características (BRASIL, 2004).
3.5.7 Lei nº 10.674, de 16 de Maio de 2003
Esta lei define que os produtos alimentícios comercializados declarem a
presença ou ausência de glúten, como medida preventiva e de controle da doença
celíaca.
Dessa maneira, todos os alimentos industrializados deverão conter em seu
rótulo e bula, obrigatoriamente, as inscrições "contém Glúten" ou "não contém
Glúten", conforme o caso do alimento. Esta advertência deve ser impressa nos
rótulos e embalagens dos produtos respectivos bem como em cartazes e materiais
45
de divulgação em caracteres com destaque, nítidos e de fácil leitura. (BRASIL,
2003).
3.5.8 Portaria Inmetro nº 157, de 19 de agosto de 2002
Esta portaria define o Regulamento Técnico Metrológico estabelecendo a
forma de expressar o conteúdo líquido a ser utilizado nos produtos pré-medidos,
ou seja, aqueles produtos embalado e medidos sem a presença do consumidor e
em condições de comercialização.
Considera-se conteúdo nominal ou conteúdo Líquido (Qn) a quantidade do
produto declarada na rotulagem da embalagem, excluindo a mesma e qualquer
outro objeto acondicionado com esse produto e entende-se por indicação
quantitativa o número do conteúdo líquido nominal acompanhado da unidade de
medida correspondente de acordo com este regulamento.
O peso drenado é a quantidade do produto informada na rotulagem da
embalagem, excluindo a mesma e qualquer líquido, solução, caldo, vinagres,
azeites, óleos e sucos de frutas e hortaliças, conforme com a regulamentação
vigente.
Conceitua-se rotulagem toda a inscrição, legenda, imagem ou toda matéria
descritiva ou gráfica que seja escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em
relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem. A vista principal é a área
visível em condições usuais de exposição onde está escrito em sua forma mais
relevante a denominação de venda, a marca e/ou o logotipo se houver.
Nos alimentos comercializados a indicação quantitativa do conteúdo líquido
dos produtos pré-medidos necessita aparecer na rotulagem da embalagem, ou no
corpo dos produtos, na vista principal, e precisa ser de uma cor que contraste com
o fundo onde estiver impressa, de maneira a transmitir ao consumidor uma fácil,
clara, fiel e satisfatória declaração da quantidade comercializada.
Para embalagens transparentes a indicação quantitativa deve ser de cor
que contraste com a do produto. Se a indicação quantitativa estiver no próprio
46
corpo do produto e não puder ser impressa em cor contrastante, deverá ser
superior em 2 mm ao estabelecido na tabela correspondente ao tipo de produto.
Nas embalagens que contenham agrupamento de unidades de um produto,
não é obrigatória a indicação quantitativa nas mesmas, desde que o material de
tais embalagens seja transparente e incolor, possibilitando a perfeita visualização
da indicação quantitativa individual.
Para o caso dos acondicionamentos múltiplos, promocionais ou não, de
produtos de natureza diferente e/ou quantidade nominal diferente, apresentados
sob a forma de conjunto, necessitam trazer a indicação quantitativa descritiva dos
produtos nelas contidos, em caracteres legíveis e precedidos pela palavra
"CONTÉM" ou "CONTEÚDO" ou "CONT.".
Quando existir a necessidade de constar na embalagem alguma indicação
adicional relativa à quantidade nominal do produto, esta unicamente poderá ser
efetuada com caracteres de menor ou igual tamanho e destaque que o da
indicação quantitativa (Qn) definida por este regulamento. E a indicação
quantitativa dos produtos pré-medidos sempre deve ser expressa no Sistema
Internacional de Unidades (SI), de acordo com os itens abaixo:
• os produtos pré-medidos que se sejam de forma sólida ou granulada ou
em gel devem ser comercializados em unidades de massa;
• os produtos pré-medidos que são disponibilizados de forma líquida devem
ser comercializados em unidades de volume;
• os produtos pré-medidos que se apresentam na forma semi-sólida ou
semi-líquida devem ser comercializados em unidades de massa ou volume,
em conformidade com a Legislação Metrológica em vigor;
• nos produtos pré-medidos que por suas características principais se
apresentam em quantidade de unidades devem ter a indicação quantitativa
correspondente ao número de unidades que contém a embalagem;
• no caso dos produtos pré-medidos que por suas características principais
se comercializem em unidades de comprimento ou largura devem ter a
indicação quantitativa expressa em unidades de comprimento;
47
• para os produtos pré-medidos que se apresentarem sob a forma pastosa,
mas se vulcanizam à temperatura ambiente, devem ser comercializados em
unidades de massa.
A determinação da unidade a ser utilizada irá depender do tipo de medida e
da quantidade líquida do produto conforme a tabela abaixo:
Tabela 8 - Tabela de unidades para declaração de conteúdo líquido
Tipo de Medida
(grandeza)
Quantidade líquida doProduto
(q)
Unidades
(símbolos)
Volume (líquidos) q < 1000ml
q ³ 1000ml
mL ou ml ou cL ou cl ou cm3
L (l)
Massa q £ 1g
1g £ q £ 1000g
q ³ 1000 g
mg
g
kg
Comprimento q < 1mm
1mm £ q £ 100cm
q ³ 100cm
mm
mm ou cm
m
Fonte: Brasil, 2002.
Para o caso, da indicação quantitativa não puder constar na vista principal,
por motivo de natureza técnica e devidamente justificada, o tamanho dos
caracteres utilizados deve ser, no mínimo, 2 (duas) vezes superior ao estabelecido
nas tabelas 9 e 10.
As dimensões mínimas dos caracteres alfanuméricos das indicações
quantitativas do conteúdo líquidos para produtos pré-medidos comercializados em
unidades de massa ou volume têm sua altura mínima dos algarismos da indicação
quantitativa do conteúdo líquido definida pela tabela 9.
Tabela 9 – Tabela de altura mínima para algarismos
48
Conteúdo líquido em gramas oumililitros
Altura mínima dos algarismos emmilímetros
Menor ou igual a 50 2
Maior que 50 e menor ou igual a 200 3
Maior que 200 e menor ou igual a 1000 4
Maior que 1000 6
Fonte: Brasil, 2002.
Para os produtos comercializados em unidades de comprimento e número
de unidades a altura mínima dos algarismos da indicação quantitativa do conteúdo
líquido deve estar de acordo com o estabelecido na Tabela 10.
Para a determinação da área da vista principal deve ser realizada a
multiplicação da maior dimensão de largura pela maior altura da face determinada
como sendo vista principal, estando a embalagem fechada, incluindo a tampa,
quando possuir.
Tabela 10 – Tabela de altura mínima para algarismos
Área da vista principal (cm²) Altura mínima dos algarismos (mm)
Menor que 40 2,0
Maior ou igual a 40 e menor que 170 3,0
Maior ou igual a 170 e menor que 650 4,5
Maior ou igual a 650 e menor que2600
6,0
Maior ou igual a 2600 10,0
Fonte: Brasil, 2002.
49
Os caracteres a serem utilizados para a grafia dos símbolos das unidades
de medida devem ter a altura mínima de 2/3 (dois terços) da altura dos
algarismos.
Para a largura dos caracteres alfanuméricos da indicação quantitativa do
conteúdo líquido não poderá ser inferior a 2/3 (dois terços) de sua altura.
Expressões que precedem a indicação quantitativa, no caso de utilizar-se
indicações precedentes à indicação quantitativa, podem-se usar algumas das
seguintes expressões ou palavras:
• para produtos comercializados em unidades legais de massa - "PESO
LÍQUIDO" ou "CONTEÚDO LÍQUIDO" ou "PESO LÍQ." ou "Peso Líquido"
ou "Peso Líq.";
• para produtos comercializados em unidades legais de volume -
"CONTEÚDO" ou "Conteúdo" ou "Volume Líquido";
• para produtos comercializados em número ou unidades -"CONTÉM" ou
"CONTEÚDO" ou "Contém";
• para produtos comercializados em unidades legais de comprimento -
"COMPRIMENTO" ou "Comprimento" e/ou "LARGURA" ou "Largura".
Produtos pré-medidos que apresentam duas fases (uma sólida e outra
líquida) separáveis por filtragem simples, deverão indicar, impressas em sua vista
principal da embalagem, as declarações quantitativas que se referem ao conteúdo
(Qn) e o conteúdo drenado precedidos das expressões: "PESO LÍQUIDO" e
"PESO DRENADO", em caracteres iguais em dimensão e destaque.
50
4 METODOLOGIA
A pesquisa realizada define-se, quanto aos fins, como uma pesquisa
aplicada, sendo fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver
51
problemas concretos. Tem, dessa maneira, finalidade prática, sendo motivada
basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador e situada, sobretudo, no
nível da especulação. (VERGARA,1998)
Quanto aos meios, segundo Vergara (1998), a pesquisa realizada pode ser
definida como pesquisa bibliográfica, já que realizou-se um estudo sistematizado
com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto
é, material acessível ao público em geral. Assim, considerando-se principalmente
a legislação Brasileira vigente para alimentos, foi possível avaliar a adequação de
diferentes barras de cereais comercializadas no município de Porto Alegre, RS,
especificamente aquelas com atributos light e diet.
Para a realização da pesquisa foram coletadas 5 (cinco) barras de cereais
das seguintes marcas comerciais: Nutry, Ritter, Mu-mu, Trio e Neston, com o
atributo light. Além destas, foram analisadas duas barras de cereais das seguintes
marcas comerciais: Nutry e Trio, com o atributo diet. A coleta foi realizada durante
o mês de outubro de 2007,em supermercados de Porto Alegre/RS.
As embalagens foram avaliadas considerando-se a legislação de Alimentos
definida pela ANVISA, sendo as mesmas: Portaria n° 27, de 13 de janeiro de
1998; Portaria nº 29, de 13 de janeiro de 1998; Resolução RDC nº 360, de 23 de
dezembro de 2003; Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003;
Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002; Resolução - RDC Nº 123, de
13 de Maio de 2004; Lei nº 10.674, de 16 de Maio de 2003; Portaria Inmetro nº
157, de 19 de agosto de 2002; nos seguintes parâmetros:
• Adequação dos atributos declarados à legislação vigente;
• Existência ou não de registro na ANVISA (quando pertinente);
• Existência e atualização da tabela nutricional, bem como todas as
informações obrigatórias e a sua correção;
• Existência da declaração de: “contém glúten” ou “não contém glúten”;
• Adequação dos dizeres de rotulagem (nome, peso líquido, declaração de
indústria brasileira, lista de ingredientes, dados do fabricante, etc).
Após verificação dos parâmetros citados anteriormente, foi possível discutir
as adequações e inadequações encontradas, considerando a importância das
52
mesmas para o mercado consumidor.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após análise da legislação vigente, que foi descrita no presente trabalho,
53
considerando a rotulagem declarada nas barras de cereais selecionadas no
município de Porto Alegre foi verificado:
Quanto à barra de cereais marca Trio sabor morango com chocolate,
considerando os parâmetros da legislação em questão, verificou-se a existência
do apelo light e declaração “Fonte de Fibras”, além da frase “Quando comparado a
uma barra de cereal existente no mercado nacional, este produto apresenta 26%
de redução de gordura total”. Esta não está adequada ao que exige a Portaria n°
27, de 13 de janeiro de 1998. Esta portaria define que, para o atributo light estar
declarado como informação nutricional complementar, que não é obrigatória, este
atributo deve estar relacionado, ou ao conteúdo absoluto do alimento, o mesmo na
íntegra, e para tal enquadramento se faz necessário que o alimento tenha no
máximo 40kcal para cada 100g de sólidos, e este não é o caso da barra Trio,
tendo em vista que a mesma possui 99 kcal em 25g, ou ainda justificar o apelo
light da barra em questão como informação complementar comparativa, mas para
tal a identidade do produto com o qual a barra trio está sendo comparada deveria
estar definida na rotulagem. Pela legislação se faz necessário uma comparação
de um produto similar do mesmo fabricante ou, ainda, uma comparação com valor
médio entre três produtos similares reconhecidos e comercializados na região.
Esta comparação deve resultar em uma diminuição de 25% referente ao atributo
de comparação e, no caso da barra avaliada, esta declaração está correta, pois é
apontada como 26% de redução relacionada à gordura total, entretanto existe uma
clara inadequação referente à identidade do produto comparado.
Em relação à Lei nº 10.674, de 16 de Maio de 2003, referente a declaração
de “contém” ou “não contém glúten”, a barra trio encontra-se em conformidade,
pois aponta de maneira clara que o produto possui glúten em sua composição.
Em relação à Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003, a barra
de cereal da marca Trio utiliza a porção de 25g, que é todo o conteúdo da
embalagem, para sua porção, atendendo a legislação, pois o produto é
comumente consumido desta maneira.
Considerando a Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002, a barra
da marca Trio avaliada atende as identificações de lote, validade, peso líquido,
54
lista de ingredientes, identificação da origem, identificação e endereço de
fabricante e modo de conservação.
As unidades utilizadas para a rotulagem, foram as definidas segundo a
Portaria Inmetro nº 157, de 19 de agosto de 2002.
As declarações nutricionais obrigatórias informadas estão em harmonia com
a redação da Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003; e Portaria
Inmetro nº 157, de 19 de agosto de 2002 para a barra Trio sabor morango com
chocolate.
Todas as barras analisadas estão em conformidade nos aspectos: dados do
fabricante e origem lote e validades do produto, modo de conservação, alerta para
a presença de glúten, porção individual do produto e declaração dos ingredientes
contidos nos produtos.
Além da barra Trio, a barra Ritter sabor morango com chocolate também não
deixa claro o produto com o qual está sendo comparado. Esta barra apenas
declara “Este produto tem 25% menos calorias e 30% menos gorduras totais,
quando comparado a uma barra de cereais existente no mercado nacional”, porém
estes dizeres não informam ao consumidor com clareza o produto utilizado no
comparativo. Em relação à análise da tabela nutricional da barra Ritter, esta
encontra-se em desconformidade, pois apresenta 86kcal e não 80kcal como está
declarado em seu rótulo. Esta análise foi realizada mediante cálculo de energia de
seus macro nutrientes conforme os dados declarados pelo fabricante em sua
tabela nutricional. Tendo em vista a desconformidade da tabela, torna-se ainda
mais desconfiável a declaração de redução de gorduras e calorias da barra, pois
quando ela se compara com outros produtos considera 80kcal, quando na verdade
possui 7,72% de calorias a mais. Este fato entra em desconformidade com a
legislação vigente, pois a tolerância é de 20% a mais, e nada pode ser declarado a
menos. No caso da barra Ritter, esta declaração errônea pode estar sendo
utilizada para reforçar o marketing de produto light, o que pode levar a um engano
do consumidor, estando em desconformidade com a legislação vigente.
A barra Mu-mu light sabor banana foi a que mais evidenciou
desconformidade para a declaração do atributo light. Esta não apresenta nenhuma
55
menção comparativa, mesmo que confusa, como no caso das barras Trio e Ritter,
em nenhuma declaração na embalagem. Pelo conteúdo absoluto nenhuma barra
no mercado pode ser considerada light, tendo em vista que para tal uma barra
deveria possuir 10kcal, considerando uma porção de 25g. Dessa maneira conclui-
se que a barra da mu-mu sabor banana, não é uma barra de cereal light, de
acordo com a legislação vigente. Outra desconformidade da barra de cereal mu-
mu é relacionada à declaração de calorias na tabela nutricional. Segundo cálculos
realizados pela energia dos nutrientes declarados, esta barra possui 88,1kcal e
não 84kcal como está declarado na tabela, e esta declaração aparece de maneira
errada, pois a informação é de “84gKcal”, unidade que não existe. Logo, conclui-
se que esta barra declara 4,55% a menos das calorias que possui, entrando
novamente em desconformidade com a legislação vigente. Outro erro de dizeres
de rotulagem da barra mu-mu é a ausência dos dizeres de valores diários não
estabelecidos para as gorduras trans.
Já a barra de cereal Nutry light, sabor avelã e castanha com chocolate,
demonstra desconformidade em sua tabela nutricional. Segundo cálculos
realizados com base nos nutrientes informados na embalagem, esta apresenta
3,5% a menos na declaração das suas calorias. A barra declara possuir 80kcal e
os cálculos apontam 82,9kcal. Esta diferença pode ser oriunda de
arredondamentos, porém a legislação vigente é clara quando define que a
tolerância de erros de declaração é de 20% para mais e nada para menos. Em
relação ao apelo light, a barra da Nutry encontra-se em conformidade, pois declara
que: “Cada barra contém 27% menos calorias comparada ao Nutry castanha-do-
pará com chocolate” o que atende a legislação vigente, tendo em vista que o
produto está sendo comparado a outro produto de mesmo fabricante na versão
tradicional.
A barra de cereal Neston, sabor frutas vermelhas com chocolate, com o
apelo light, encontra-se em conformidade em sua declaração de tabela nutricional,
pois a única desarmonia encontrada foi uma diferença de 3,15% a mais em seu
valor calórico, possivelmente oriunda dos arredondamentos, mas como a
legislação possui tolerância de até 20% a mais, este fato não gera
56
desconformidade com a legislação vigente. Em relação à declaração do atributo
light, a barra de cereais da Neston atende a legislação, pois declara que: “Quando
comparadas às barras de cereal banana com chocolate existentes no mercado
brasileiro, este produto apresenta 27% de redução de gorduras totais”.
Para as declarações de: alto teor de fibras e rico em fibras, todas as barras
que foram analisadas atendem a legislação, pois tais declarações levaram em
consideração o conteúdo absoluto do produto, e dessa maneira todas as barras
encontram-se em conformidade. Apenas a barra de ceral mu-mu light não fez
menção ao teor de fibras.
A barra de cereal Trio Diet, sabor morango com iogurte, declara em sua
tabela nutricional 77kcal, mas os cálculos realizados apontam 65kcal, fato que
gera uma diferença de 18,46%, estando ainda assim em conformidade pelo fato
da diferença ser positiva (inferior a 20 %). A barra possui registro no ministério da
saúde, que é exigido para os produtos diet. Sua declaração aponta: “Barra de
cereais com morango, chocolate branco e iogurte para dietas com ingestão
controlada de açúcares”.
Além disso, é declarado na embalagem “sem açúcar” e “Low Carb”, e os
dizeres "Consumir preferencialmente sob orientação nutricional ou médica", o que
é exigido pela legislação para este tipo de produto.
Porém, a embalagem do Trio diet não declara: "Diabéticos: contém
(especificar o mono e ou dissacarídio)", que deve ser citada quando os alimentos
para fins especiais contiverem mono e ou dissacarídios (glicose, frutose, e ou
sacarose, conforme o caso). Desta forma, por ser um alimento que contém polpa
de morango, possivelmente possua frutose e glicose naturalmente em sua
composição.
A barra nutry diet sabor banana encontra-se em desconformidade em sua
tabela nutricional, pois esta declara possuir 70kcal por porção, porém os cálculos
realizados a partir dos nutrientes demonstram que o produto possui 77,6kcal, ou
seja, 9,79% a mais do que foi declarado na tabela nutricional. A declaração
"Consumir preferencialmente sob orientação nutricional ou médica" encontra-se
em conformidade com a legislação, assim como a declaração: "Diabéticos: contém
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(especificar o mono e ou dissacarídio)", quando os alimentos para fins especiais
contiverem mono e ou dissacarídios (glicose, frutose, e ou sacarose, conforme o
caso). Esta barra possui registro no ministério da saúde, conforme a exigência
para o referido produto.
A tabela 11 resume os itens avaliados nos rótulos e os respectivos
resultados obtidos.
Tabela 11 – Resultados da análise das barras.
Dados do
fabricante/origem
Trio
light
Mu-mu
light
Nutry
light
Neston light Ritter
light
Trio diet Nutry diet
Lote/ validade ok ok ok ok ok ok ok
Modo de
conservação
ok ok ok ok ok ok ok
Alerta para
glúten
ok ok ok ok ok ok ok
Porção ok ok ok ok ok ok ok
Tabela
nutricional
não
atende
não
atende
não
atende
ok não
atende
ok não atende
Ingredientes ok ok ok ok ok ok ok
Atributos não
atende
não
atende
ok ok não
atende
ok ok
Fonte: Autoria própria, 2007.
6 CONCLUSÃO
Após a realização do presente trabalho pode-se concluir que, das marcas
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analisadas com o atributo light, apenas 40% encontram-se em conformidade em
relação a este atributo, e apenas 20% estão com sua tabela nutricional correta.
Este fato é preocupante, tendo em vista que, quando a declaração de calorias do
produto encontra-se alterada para menos, além de estar em desacordo com a
legislação vigente, o consumidor propriamente dito é lesado, pois muitos deles
escolhem as barras de cereais pelas quantidades de calorias declaradas.
A marca mu-mu certamente foi a que mais deixou a desejar na análise
realizada, pois além de ter sua tabela nutricional incorreta, não existe em nenhum
local do rótulo a comparação com outro produto. Esse fato sugere que o fabricante
não consultou a legislação vigente para disponibilizar o produto no mercado, ou
menosprezou as obrigatoriedades provenientes da legislação.
Ainda no tocante às barras light, as marcas Nutry e Neston foram as que
apresentaram um maior número de itens em conformidade. Isso certamente
ocorreu pelo fato desses produtos estarem há mais tempo no mercado, com uma
marca já consolidada. A marca mu-mu é a marca que está há menos tempo no
mercado.
Um ponto muito importante a ser salientado em relação às barras light é a
forte tendência, dos fabricantes, de declarar que os produtos possuem calorias em
quantidade inferior ao que se evidencia na própria composição de nutrientes
impressa no rótulo, afirmando que estes são light, sem que o pudessem fazê-lo,
pois não se respaldam da legislação vigente.
Na análise das barras diet foram encontradas menos desconformidades
quando comparadas às barras light, esse fato pode estar relacionado à
obrigatoriedade de registro que estes produtos possuem. Ainda assim foram
encontradas desconformidades na tabela nutricional da marca Nutry, e a falta
declaração do alerta obrigatório aos diabéticos na marca Trio não é menos
preocupante.
Entretanto, além do fato dos dizeres de rotulagem nem sempre se
adequarem à legislação, outro ponto importante de se ressaltar é a falta de
conhecimento do consumidor referente às definições para um produto ser
considerado diet ou light, pois muitos consumidores pensam que, para o produto
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ser light, sua redução é baseada em calorias, e para os produtos diet a isenção
deve ser de açúcar.
Isso pode contribuir para que os fabricantes utilizem os dizeres de
rotulagem de forma errônea, muitas vezes considerando o próprio marketing do
produto em detrimento da ética, tendo em vista as restrições de conhecimento dos
atributos light e diet por parte do consumidor.
Cabe ainda salientar o fato de alimentos com informação nutricional
complementar (light) não terem obrigatoriedade de registro, ou seja, tais produtos
não precisam passar pelo crivo da vigilância sanitária (ANVISA) quando da sua
produção e disponibilização para o mercado consumidor.
Desta forma, sugere-se que a ANVISA intensifique os programas de
fiscalização das barras de cereais, os tipos de cálculos realizados para os dizeres
de rotulagem, considerando o mercado em expansão destes produtos e a falta de
conhecimento do consumidor para avaliar de forma adequada a rotulagem dos
alimentos. Além disso, os profissionais da área de nutrição devem contribuir para
um maior esclarecimento da população em geral, já que esta pode estar sendo
“manipulada” com informações enganosas, com o intuito único de incrementar
vendas utilizando atributos indevidamente.
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