rotulagem ambiental final-2005

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rotulagem publicacao CEMPRE

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  • A Rotulagem Ambientale o Consumidor no Mercado

    Brasileiro de Embalagens

  • A atividade de normalizao internacional, que comea

    aps a criao da International Electrotechnical Commission (IEC),

    no incio do sculo XX, torna-se mais intensa com a criao da ISO

    em 1947, uma federao internacional formada por organismos de

    normalizao internacionais. O objetivo da ISO desenvolver a nor-

    malizao e atividades relacionadas para facilitar as trocas de bens e

    servios no mercado internacional e a cooperao entre os pases

    nas esferas cientficas, tecnolgicas e produtivas. Historicamente, a

    ISO esteve direcionada para desenvolver normas tcnicas como pa-

    dres sobre tamanhos de roscas e parafusos, sensibilidade de filmes

    fotogrficos e formatos de folhas de papel. At o incio da dcada

    de 1980 ela no havia se preocupado com normas de carter

    gerencial, do tipo horizontal, aplicveis a qualquer organizao in-

    dependente do seu porte ou setor de atividade. O movimento da

    ISO em relao normalizao de sistemas gerenciais, inicialmente

    na rea da qualidade e depois meio ambiente, notvel porque

    marca uma alterao no foco organizacional mudando das normas

    tcnicas da engenharia para normas que possuem grande impacto e

    implicaes para a sociedade e polticas pblicas. Antes de atuar no

    campo das normas da gesto do meio ambiente, a ISO j havia se

    envolvido com essa rea produzindo diversas normas tcnicas relaci-

    onadas com a qualidade do ar, da gua, do solo etc.

    Esta guinada na concepo de normas foi viabilizada

    pelo enorme sucesso da ISO 9001 e a criao do conceito de

    certificao de sistemas da gesto, uma vez que tornou possvel

    comprovar com uma auditoria de terceira parte.

    Introduo

  • Figura 1Modelo ISO 14001e suas correlaes

    com as demaisnormas da srie

    14000

    Aps o sucesso das normas de qualidade, como j mencionado, a histria se

    repetiu. O British Standards Institution iniciou a criao de norma sobre SGA no final dos

    anos 1980s, resultando da a BS 7750 em 1992. Seguindo o exemplo desse rgo, em vrios

    pases foram criadas normas para o mesmo fim, gerando restries ao comrcio internacio-

    nal. A ISO entra em cena. Em 1992 criou um grupo de assessoria denominado Strategic

    Advisory Group on the Environment (SAGE) para estudar as questes decorrentes da diver-

    sidade crescente de normas ambientais e seus impactos sobre o comrcio internacional. O

    SAGE recomendou a criao de um comit especfico para a elaborao de normas sobre

    gesto ambiental, o Comit Tcnico 207 (TC 207). Em 1996 so editadas as primeiras normas

    sobre gesto ambiental a cargo do Subcomit 1 (SC1): a ISO 14001 e 14004, ambas sobre

    SGA. Desde ento outras foram editadas sobre outros tpicos da gesto, tais como, audito-

    ria ambiental, rotulagem ambiental, avaliao do ciclo do produto etc. Essas normas que

    em abril de 2.004 eram 25 formam um sistema de normas, de acordo com um ciclo PDCA

    ampliado, como mostra a Figura 1. O ncleo desse ciclo a ISO 14.001 (o crculo azul na

    Figura 1), uma norma tambm concebida como um ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act). Todas

    as normas da gesto tm como base o ciclo PDCA, criado na dcada de 1930 por Walter A.

    Stewart para efeito da gesto da qualidade, e que passou a ser utilizado para outros prop-

    sitos tornando-se uma espcie de modelo padro de gesto para implementar qualquer

    melhoria de modo sistemtico e contnuo. As normas citadas na Figura 1 so autnomas,

    podendo ser implementadas de modo isolado.

    As Normas ISO 14000

  • A Rotulagem AmbientalA comunicao a chave para a mudana de comportamento na sociedade

    moderna em direo ao desenvolvimento sustentvel e o setor produtivo tem dado

    importantes contribuies atravs de mecanismos os mais variados. Um exemplo a

    rotulagem ambiental de produtos que se consolidou em diversos pases atravs das

    auto-declaraes, muitas j ajustadas aos padres internacionais da ISO. Atenta ne-

    cessidade de normatizar a relao entre produtos e consumidores ou relaes B2B

    (Business to Business) a ISO criou a srie de normas 14020. No escopo da ISO, os tipos de

    rotulagem ambiental so trs, a saber:

    Rotulagem Tipo I Programas de Selo Verde

    Rotulagem Tipo II Auto-declaraes ambientais

    Rotulagem Tipo III Inclui avaliaes de Ciclo de Vida

    Rotulagem Tipo I NBR ISO 14024

    Esta Norma estabelece os princpios e procedimentos para o desenvolvimen-

    to de programas de rotulagem ambiental, incluindo a seleo de categorias de produ-

    tos, critrios ambientais dos produtos e caractersticas funcionais dos produtos, e para

    avaliar e demonstrar sua conformidade. Esta Norma tambm estabelece os procedi-

    mentos de certificao para a concesso do rtulo.

    Rotulagem Tipo II NBR ISO 14021

    Esta Norma especifica os requisitos para auto-declaraes ambientais, inclu-

    indo textos, smbolos e grficos, no que se refere aos produtos. Ela descreve, ainda,

    termos selecionados usados comumente em declaraes ambientais e fornece qualifica-

    es para seu uso. Esta Norma tambm descreve uma metodologia de avaliao e veri-

    ficao geral para auto-declaraes ambientais e mtodos especficos de avaliao e

    verificao para as declaraes selecionadas nesta Norma.

    Figura 2Smbolos para identificao

    de produtos Reciclveis

  • Figura 3Smbolos para identificao de produtos

    reciclados o valor % indica o contedo reciclado

    Rotulagem Tipo III ISO 14025

    Esta Norma ainda est sendo elaborada no mbito da ISO. Ela tem alto grau

    de complexidade devido incluso da ferramenta Avaliao do Ciclo de Vida. A per-

    cepo de que ainda h um longo caminho a ser percorrido para que este tipo de

    rotulagem ganhe o mercado, visto que a ferramenta de ACV ainda no est definitiva-

    mente consolidada do ponto de vista tcnico.

    A experincia brasileira com auto-declaraes

    As auto-declaraes tm ganho destaque no cenrio brasileiro para embala-

    gens em geral, consolidando-se como a melhor interface com o consumidor. Os smbo-

    los mais comuns so:

    Alumnio Reciclvel Ao Reciclvel Vidro Reciclvel

    Longa Vida Reciclvel Lixo Comum (anti-littering)

  • Para plsticos a simbologia mais utilizada segue a Norma NBR 13230 da ABNT.

    A maior parte das empresas est utilizando essa simbologia. Ela muito importante

    para orientar os programas de coleta seletiva, especialmente catadores e sucateiros.

    Para papel e papelo, os smbolos da NBR ISO 14021 (Tipo II) tm sido segui-

    dos pela maioria das empresas. importante ressaltar que o setor de papel influen-

    ciou diretamente estas normas durante sua elaborao. Os smbolos Tipo II da ISO

    foram inspirados na simbologia utilizada pelo setor, especialmente nos Estados Uni-

    dos. Como no Brasil o aspecto social relacionado coleta seletiva, atravs da insero

    dos catadores de materiais reciclveis no processo fator determinante, estes smbo-

    los tornaram-se ferramentas indispensveis no auxlio atividades desses verdadeiros

    agentes ambientais. Os smbolos so muito importantes nas etapas de coleta seleti-

    va e triagem.

  • Auto-declaraes auxiliamna etapa de coletaseletiva e triagem demateriais reciclveis

  • Bons exemplos com as auto-declaraesA seguir so apresentados bons exemplos de auto-declaraes ambientais que

    seguem os padres da ISO e da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas). O consu-

    midor atento s questes ambientais j est acostumado com este tipo de simbologia.

    Simbologia para Identificao de Plsticos (ajustados Norma ABNT)

  • Simbologia para embalagens de alumnio

    Esta simbologia apesar de no ser normatizada no Brasil j

    est consolidada no mercado e o consumidor a identifica com clareza.

    Ela til tambm na diferenciao em relao s embalagens de ao,

    auxiliando a etapa de triagem e encaminhamento s indstrias

    recicladoras.

  • Simbologia para embalagens de ao

    Tambm neste caso a simbologia apesar de no ser

    normatizada no Brasil j est consolidada no mercado e o consumi-

    dor a identifica com clareza. Ela tambm fundamental na etapa de

    triagem (diferenciao em relao s embalagens de alumnio) e en-

    caminhamento s indstrias recicladoras.

  • Simbologia para embalagens Longa-Vida

    A simbologia para as embalagens Longa-Vida est presen-

    te em quase todos os produtos envasados nessas embalagens.

    Campanha anti-littering

    Vrios produtos contm declaraes voltadas a campanhas

    anti-littering, ou seja, que chamam a ateno para a necessidade de

    se direcionar a embalagem ps-consumo para o destino adequado, a

    lata do lixo. Estas campanhas so especialmente importantes para

    produtos consumidos em trnsito.

  • Outros exemplos consagrados

    Alguns produtos so identificados com smbolos adapta-

    dos por empresas e/ou associaes setoriais. Abaixo so apresentados

    dois exemplos deste tipo de declarao que ganharam adeso do con-

    sumidor atento s questes ambientais.

    Simbologia para embalagens de vidro

  • Declaraes ajustadas Norma NBR ISO 14021

    A seguir so apresentados alguns exemplos de declaraes no

    mercado brasileiro perfeitamente ajustadas Norma ISO 14021, que j

    foi traduzida para o portugus e publicada como norma NBR. Em alguns

    casos nota-se pequena variao no design dos pictogramas que precisam

    ser ajustados mas que no comprometem o objetivo da comunicao.

  • Declaraes ajustadas Norma NBR ISO 14021

  • Declaraes ajustadas Norma NBR ISO 14021

  • Declaraes ajustadas Norma NBR ISO 14021

  • Declaraes ajustadas Norma NBR ISO 14021

  • Programas de Selo Verde

    Num programa de Rotulagem Tipo I outorga-se um selo ambiental a produ-

    tos que satisfazem um conjunto de requisitos pr-determinados. Dessa forma, o selo

    identifica produtos que so determinados como preferveis do ponto de vista ambiental,

    dentro de uma determinada categoria de produto especfica, com base em considera-

    es superficiais do ciclo de vida. Programas de Selo Verde no tm tido xito em diver-

    sas partes do planeta devido principalmente aos seguintes fatores:

    1. Impossibilidade de estabelecer-se critrios objetivos e cientificamen-

    te defensveis que identifiquem produtos melhores do ponto de

    vista ambiental em uma dada categoria no h mtodo cientfi-

    co que permita a integrao dos variados e complexos aspectos das

    questes ambientais para a totalidade de uma categoria de produ-

    tos ou que reconcilie os julgamentos muitas vezes conflitantes das

    partes interessadas no estabelecimento dos critrios. Em conseq-

    ncia, as entidades certificadoras no podem avaliar de forma ob-

    jetiva os aspectos ambientais dos diferentes produtos. Por exem-

    plo, um produto pode ter um baixo consumo de energia, mas uma

    emisso de resduos slidos relativamente grande. Outro pode ge-

    rar pouco resduo slido, mas causar uma maior poluio da gua,

    e assim por diante;

    2. Os Selos Verdes constituem uma barreira inovao, tanto com

    relao ao meio ambiente como com relao ao melhor desempe-

    nho dos produtos os critrios somente podem ser calcados no

    conhecimento existente, quer dos produtos, quer das tecnologias

    e das questes ambientais. Os programas de selagem ambiental

    codificam a sabedoria convencional e estabelecem fronteiras artifi-

    ciais que desencorajam os fabricantes a explorar oportunidades no

    contempladas pelos critrios de selagem ambiental;

  • 3. Os Selos Verdes treinam os consumidores a procurar smbolos, e

    no os informam a respeito dos aspectos ambientais especficos dos

    produtos que compram os programas no encorajam os consumi-

    dores a se informar a respeito das caractersticas dos produtos nem

    sobre a enorme complexidade das questes ambientais, e tampouco

    a respeito do que podem fazer, como indivduos, para melhorar

    seus hbitos de uso e disposio final dos produtos;

    4. Os Selos Verdes criam barreiras comerciais porque seus critrios con-

    templam somente as prioridades nacionais ou regionais, e no as

    que tem relevncia internacional a maioria das partes interessa-

    das vive no pas ou regio em que o programa aplicado. Por essa

    razo, o desenvolvimento dos critrios contempla polticas

    ambientais, caractersticas dos produtos, dados ambientais, gesto

    da disposio dos resduos e recursos de infra-estrutura do pas ou

    da regio. Em conseqncia, os critrios no refletem a diversida-

    de global das questes e prticas ambientais, e tendem a potenci-

    almente estimular a discriminao contra produtos de fora do pas

    ou da regio;

    A ABNT chegou a lanar um programa de Selo Verde mas este acabou no

    ganhando destaque no cenrio nacional por vrios motivos, alguns dos quais expostos

    acima.

    Selo ABNTPraticamente no

    foi utilizado no Brasil

  • Consideraes finais

    No Brasil a tendncia a de utilizao cada vez mais

    ampla das auto-declaraes ambientais, buscando oferecer

    informaes precisas, relevantes e de fcil entendimento para

    o consumidor, seja ele o consumidor final ou mesmo na rela-

    o B2B (Business to Business). No h relatos de programas

    de selo verde que tenham ganho relevncia em cenrios naci-

    onais ou mesmo regionais (ex: Mercosul) exceto no caso do

    setor de papel e celulose e suas florestas de replantio. O Brasil

    j traduziu as normas da srie ISO 14020 e trabalha na confec-

    o da Norma ISO 14025.

    O consumidor brasileiro atento s questes

    ambientais j est familiarizado com as auto-declaraes em

    vigor, bem como com programas de coleta seletiva tanto em

    nvel governamental como por parte de cooperativas e/ou as-

    sociaes de catadores que atuam tanto na coleta quanto na

    triagem dos reciclveis. No entanto, h muito o qu fazer no

    sentido da harmonizao das declaraes. Muitas empresas ain-

    da no se adequaram aos padres descritos neste documento.

    E mesmo algumas empresas ainda no harmonizaram as decla-

    raes para diferentes produtos por elas comercializados.

    Cabe ao Conselho de Metrologia, Normalizao e

    Qualidade Industrial CONMETRO, em articulao com os diver-

    sos segmentos da sociedade, representados no Comit Brasileiro

    de Avaliao da Conformidade CBAC, estabelecer a estrutura

    de avaliao da conformidade no mbito do SBAC Sistema Bra-

    sileiro de Avaliao da Conformidade, para a rea de meio am-

    biente, segundo os padres das normas ISO Srie 14000, de acor-

    do com Resoluo CONMETRO no. 3 de 04/09/1995.

    Para mais informaes consulte: www.cempre.org.br