avaliaÇÃo do sistema integrado de controle interno...

24
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO NA PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI - PE Maria Elizabete de Andrade Azevedo Lins Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB Tatiana Aguiar Porfírio de Lima Professora Convidada pela UFPB Virtual do Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal RESUMO O presente trabalho constitui um estudo de caso com objetivo de avaliar as ações desempenhadas pelo órgão de controle interno por força da Resolução nº 001/2009, instituído através da Lei nº 446/ 2009 no âmbito no município de Jupi-PE. Buscou-se demonstrar à sociedade a aplicação dos normativos referenciados, a formação, a estrutura e as ações desempenhadas pelo órgão de controle interno municipal e os consequentes resultados auferidos pelas auditorias do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Espera-se propiciar uma reflexão sobre a importância dos órgãos de controle como instrumento de melhoria dos pontos críticos de controle da gestão contábil, orçamentária e de pessoal. Para tanto, utilizou-se uma pesquisa exploratória, com análise documental e de conteúdo detalhada do plano de ação proposto pelo TCE-PE, dos relatórios emitidos pela Corte de Contas nos anos de 2008, 2009 e 2010 e das entrevistas com os responsáveis pelas unidades que não cumpriram com as metas previstas no plano de ação. Observou-se que dos 45 itens estabelecidos no referido plano, apenas 03 não foram cumpridos totalmente, pois se encontram em andamento, tramitando na Câmara Municipal ou sub judice. Constatou-se também com base na comparação dos relatórios de prestação de contas do TCE/PE uma redução na quantidade de achados negativos após a implantação do sistema de controle interno municipal em Jupi/PE. Assim, infere-se que houve muitos avanços no controle da edilidade, entretanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido na busca da efetivação plena, para tanto ao final do trabalho, faz-se recomendações e sugestões. Palavras-chave: Sistema de Controle Interno. Plano de Ação. Achados Negativos. 1 - INTRODUÇÃO Um sistema de controle interno na administração pública favorece a eficiência, eficácia e transparência dos gastos públicos, previsto na legislação pátria desde a implementação da Lei 4.320 de 1964, em seus artigos 75 a 80. Com o

Upload: trinhdung

Post on 12-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO

NA PREFEITURA MUNICIPAL DE JUPI - PE

Maria Elizabete de Andrade Azevedo Lins Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

Tatiana Aguiar Porfírio de Lima

Professora Convidada pela UFPB Virtual do

Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal

RESUMO

O presente trabalho constitui um estudo de caso com objetivo de avaliar as ações

desempenhadas pelo órgão de controle interno por força da Resolução nº 001/2009, instituído

através da Lei nº 446/ 2009 no âmbito no município de Jupi-PE. Buscou-se demonstrar à

sociedade a aplicação dos normativos referenciados, a formação, a estrutura e as ações

desempenhadas pelo órgão de controle interno municipal e os consequentes resultados

auferidos pelas auditorias do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Espera-se

propiciar uma reflexão sobre a importância dos órgãos de controle como instrumento de

melhoria dos pontos críticos de controle da gestão contábil, orçamentária e de pessoal. Para

tanto, utilizou-se uma pesquisa exploratória, com análise documental e de conteúdo detalhada

do plano de ação proposto pelo TCE-PE, dos relatórios emitidos pela Corte de Contas nos

anos de 2008, 2009 e 2010 e das entrevistas com os responsáveis pelas unidades que não

cumpriram com as metas previstas no plano de ação. Observou-se que dos 45 itens

estabelecidos no referido plano, apenas 03 não foram cumpridos totalmente, pois se

encontram em andamento, tramitando na Câmara Municipal ou sub judice. Constatou-se

também com base na comparação dos relatórios de prestação de contas do TCE/PE uma

redução na quantidade de achados negativos após a implantação do sistema de controle

interno municipal em Jupi/PE. Assim, infere-se que houve muitos avanços no controle da

edilidade, entretanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido na busca da efetivação

plena, para tanto ao final do trabalho, faz-se recomendações e sugestões.

Palavras-chave: Sistema de Controle Interno. Plano de Ação. Achados Negativos.

1 - INTRODUÇÃO

Um sistema de controle interno na administração pública favorece a eficiência,

eficácia e transparência dos gastos públicos, previsto na legislação pátria desde a

implementação da Lei nº 4.320 de 1964, em seus artigos 75 a 80. Com o

Page 2: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

2

advento da Constituição de 1988 foi instituído o controle interno de forma integrada nos

Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com a atribuição de realizar a fiscalização

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial (BRASIL, 1964, 1988).

A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF), passou a exigir a instituição de um sistema de controle

interno da administração, assegurando transparência aos atos administrativos permitindo à

sociedade acesso às informações acerca da gestão dos recursos públicos (BRASIL, 2000).

Em que pesem as determinações legais supracitadas e passadas duas décadas,

averiguou-se, por meio das auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas do Estado de

Pernambuco – TCE/PE, que apenas um pequeno número de seus jurisdicionados possuía

efetivamente um sistema de controle interno. Diante de tal fato e valendo-se da competência

constitucional atribuída, o TCE/PE, editou em 01 de abril de 2009, a Resolução nº 001/2009,

que dispõe sobre a criação, a manutenção e a coordenação de Sistemas de Controle Interno

nos Poderes Municipais de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2009).

Portanto, esta pesquisa se justifica pela possibilidade de demonstrar à sociedade

Jupiense como está sendo a aplicação da Resolução nº 001/2009 publicada pelo TCE/PE no

âmbito do Poder Executivo do município de Jupi, a estrutura e as ações desempenhadas pelo

órgão de controle interno e os consequentes resultados nas auditorias.

Ademais, o estudo poderá contribuir teoricamente para o meio gerencial e

acadêmico, mostrando a importância das ações do órgão de controle interno no

acompanhamento da gestão municipal. E propiciará uma reflexão sobre a importância dos

órgãos de controle como instrumento de melhoria dos pontos críticos de controle da gestão

contábil, de orçamento e de pessoal.

O objetivo geral da pesquisa consiste em avaliar as ações desempenhadas pelo órgão

de controle interno na Prefeitura Municipal de Jupi/PE a partir da Resolução 01/2009 TCE/PE

e os reflexos nos achados nas auditorias do TCE/PE. E para alcançá-lo, estabeleceram-se os

seguintes objetivos específicos: averiguar se o Plano de Ação foi cumprido pelo Poder

Executivo do Município de Jupi/PE, conforme dispõe a Resolução TCE-PE 001/2009;

analisar as ações do órgão de controle interno no Município de Jupi/PE; e comparar os

achados negativos das auditorias do TCE/PE na Prefeitura Municipal de Jupi/PE antes e

depois da implementação do órgão de controle.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Page 3: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

3

Nesta seção, apresenta-se a conceituação e formas de controle interno, uma explanação

acerca da auditoria interna para compreender como ocorre o Controle Interno na

Administração Pública Municipal de Jupi/PE com base na Resolução n° 001/2009 do

TCE/PE.

2.1 Controle Interno

A estrutura do controle interno deve ser desempenhada em função das variáveis

derivadas pela estratégia da organização compreendendo o planejamento, salvaguardando o

patrimônio, as informações contábeis, a análise da relação custo benefício, a qualificação

adequada, o treinamento, o rodízio de pessoal, a delegação de poderes, a fixação de

responsabilidades, a segregação de funções, a elaboração de relatórios, o controle sobre as

transações.

Vale ressaltar ainda, que a estrutura de controle interno deve ainda ser composta

pelo: plano de organização e todos os métodos e medidas pelas quais um ente controla suas

atividades, visando assegurar a proteção do patrimônio, exatidão e fidedignidade dos dados

contábeis, e eficiência como meio para alcançar os objetivos da organização (BOTELHO,

2009).

De acordo com a Resolução nº 001/2009 do Tribunal de Contas de Pernambuco, o

controle interno compreende:

Um plano de organização e o conjunto de métodos e procedimento que asseguram

que os ativos estão devidamente protegidos, que os registros contábeis são

fidedignos e que a atividade da entidade se desenvolve eficazmente e se cumpram as

diretrizes marcadas pela direção (PERNAMBUCO, 2009).

É importante destacar que o controle interno constitui-se em uma responsabilidade

do administrador, que deriva do dever-poder que a administração detém sobre seus próprios

atos e agentes, contemplando todas as áreas, em todos os procedimentos administrativos de

uma entidade, devendo existir o controle exercido sobre todos os atos administrativos e de

acordo com as normas legais e técnicas previamente estabelecidas (BOTELHO, 2009 p. 12).

Segundo a International Organization of Supreme Audit Institutions - Intosai

(2004), o controle interno é:

Page 4: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

4

Um processo integrado efetuado pela direção e corpo de funcionários; e é

estruturado para enfrentar os riscos e fornecer razoável segurança de que na

consecução da missão da entidade os seguintes objetivos gerais serão alcançados:

execução ordenada, ética, econômica, eficiente e eficaz das operações; cumprimento

das obrigações de accountability; cumprimento das leis e regulamento aplicáveis; e

salvaguarda dos recursos para evitar perdas, mau uso e dano (INTOSAI, 2004, p.

19).

Em qualquer organização o processo gerencial compõe-se dos papéis de

planejamento, execução, direção e controle, portanto, a função administrativa de controle tem

como objetivo comparar os resultados determinados pelas organizações e avaliá-las em

relação ao que foi planejado, devendo as irregularidades serem apuradas e as medidas

corretivas recomendadas. Para as organizações que integram a administração pública não é

diferente, sendo esta atividade desenvolvida através do sistema de controle interno

(PEREIRA, 2000).

A idealização do controle na administração é caracterizada por cinco funções

administrativas: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, constituindo-se em

instrumentos indispensáveis para que sejam atingidos os objetivos previstos na administração

pública, assegurando as ações executadas de acordo com o planejamento, visando a atingir os

objetivos predeterminados (BOTELHO, 2009 p. 10 ).

Portanto, esses conceitos demonstram que o controle interno é desempenhado através

do contexto da estrutura organizacional com os mecanismos de controle constituídos pela

administração, incluindo as normas internas que determinam as responsabilidades pelas

tarefas, rotinas de trabalho e procedimentos para revisão, aprovação e registro das operações,

envolvendo aspectos contábeis e administrativos.

O controle interno além de assegurar o cumprimento à legislação e salvaguardar os

bens e recursos públicos, deve também promover a eficiência operacional, fixar o plano de

organização com clareza, garantindo que os recursos sejam aplicados eficientemente nas

operações cotidianas, visando à economicidade invocada pelo artigo 70 da Constituição

Federal (BRASIL, 1988).

2.2 Formas de controle interno

Para Botelho (2009) são diversas as formas de controle interno. A primeira seria o

controle prévio ou preventivo tido como o controle que antecede a execução de uma

determinada ação ou ato administrativo. O controle prévio deve ser exercido mediante a

emissão de parecer do Sistema de Controle Interno, através de consulta realizada acerca de

fatos concretos. Ainda dentro desta visão, de acordo com Botelho (2009) o controle pode

Page 5: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

5

atuar expedindo normas que disciplinem os procedimentos administrativos, a exemplo das

Instruções Normativas.

Uma segunda espécie de controle é destacada, o concomitante ou sucessivo, que

acompanha a realização do ato para verificar a regularidade. É o controle no momento do ato

ou fato, evitando o cometimento de falhas, desvios ou fraudes. É a forma mais presente da

atuação do Sistema de Controle Interno. O controle, durante a execução do ato, consiste no

cumprimento do princípio da publicidade e transparência que deve nortear a Administração

Pública (BOTELHO, 2009).

Por fim, tem-se o controle subsequente ou corretivo, que ocorre após a conclusão do

ato e tem como objetivo corrigir eventuais defeitos, declarar a sua nulidade ou confirmar sua

eficácia. Esta forma de controle tem um intuito punitivo, considerando que o ato já ocorreu.

Se for possível a correção, deverá ser recomendada; caso isso não seja possível, deverá

solicitar a restituição dos prejuízos provocados ao erário, mediante instauração de processo

administrativo, essa forma é bastante utilizada no modelo brasileiro (BOTELHO, 2009 p. 14).

Portanto, ao recair sobre essas formas, o controle interno objetiva em síntese,

assegurar a execução dessas atividades com observância aos princípios constitucionais que

regem a Administração Pública, garantindo assim, mais eficiência e eficácia na aplicação dos

recursos. Tais medidas podem evitar a ocorrência de erros, desperdícios ou irregularidades,

com possibilidade de verificação pela própria administração com efetiva correção na conduta

gerencial de um órgão.

A implantação do Sistema de Controle Interno não é apenas uma exigência das

Constituições Federal e Estadual de Pernambuco, mas também uma oportunidade para dotar a

administração pública de mecanismos que garantam o cumprimento das exigências legais, a

proteção de seu patrimônio e a otimização na aplicação dos recursos públicos, garantindo

maior tranquilidade aos gestores e melhores resultados à sociedade.

As atividades de controle interno se somam às do controle externo, desempenhadas

pelo Poder Legislativo e pelo Tribunal de Contas do Estado, no processo de fiscalização

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. A Lei 4.320/64 em seus artigos

75 a 80 assegura a base legal para o controle interno na administração pública no âmbito da

Legislação Federal, onde a ênfase está direcionada ao controle de execução orçamentária,

balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal (BRASIL, 1964),

compreendendo:

I – a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da

despesa, o nascimento ou extinção de direitos e obrigações;

Page 6: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

6

II – a fidelidade funcional dos agentes de administração responsáveis por bens e

valores públicos; e

III – o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em

termos de realização de obras e prestação de serviços (BRASIL, 1964).

O controle interno, para Peter e Machado (2003, p.25) possui princípios próprios que

buscam atingir aos objetivos a que se propõe que são:

Análise da relação custo-benefício; qualificação adequada, treinamento e rodízio de

pessoal; delegação de poderes e fixação de responsabilidades; segregação de

funções; instruções devidamente formalizadas; controle sobre as transações e revisão

e avaliação independentes.

Desta forma, fica evidenciado que através dos princípios de controle interno são

estabelecidas as medidas a serem tomadas pela administração, com vistas, ao seu adequado

funcionamento, salvaguardando o interesse público.

2.3 Controle Externo

O constitucionalista José Afondo da Silva (1997) entende que controle externo é

responsável pela eficácia das ações administrativas sendo exercidos pelos Tribunais de

Contas, conhecidos por órgãos controladores. O autor ainda argumenta que o exercício do

controle externo, consubstancia-se na fiscalização contábil, financeira, orçamentária,

patrimonial e operacional sendo coerente com o Estado Democrático de Direito.

Nos termos da Constituição Federal os Tribunais de Contas são órgãos responsáveis

pela fiscalização dos gastos públicos. No âmbito federal, a responsabilidade é do Tribunal de

Contas da União (TCU) e no âmbito municipal e estadual, na maioria dos casos, a

responsabilidade é dos Tribunais de Contas dos estados (TCE’s).

Há exceções em relação aos estados e municípios, pois em alguns estados existe um

TCE e também um Tribunal de Contas do Município (TCM), responsável pela fiscalização da

capital, ou dos Municípios (TCM), responsável pela fiscalização de todas as cidades do

estado.

2.4 Controle Social

O controle social é a atuação de setores organizados da sociedade na gestão das políticas

públicas no sentido de controlá-las para que estas atendam, cada vez mais, as demandas

sociais e aos interesses das classes subalternas (Correia 2003, p.85)

Page 7: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

7

Para Correia (2003) a participação pública se torna mais eficiente e constante porque

a sociedade brasileira está mais participativa e mais preparada para reparar os conflitos

sociais. Esta solução se torna mais rápida porque a própria sociedade que sofre com os

conflitos é a mesma que busca mecanismos para reparar essas deficiências.

Pode-se afirmar que o controle social é um instrumento democrático fruto das lutas e

conquistas da sociedade que abre espaço para a participação dos cidadãos nas ações do

Estado, permitindo a fiscalização dos atos governamentais , compartilhando responsabilidades

tornando a máquina governamental mais ágil e eficaz.

2.5 Auditoria Interna

A auditoria interna é uma peça do sistema de controle interno. O objetivo geral da

auditoria interna conforme Attie (2007, p. 205) é assessorar a administração no desempenho

eficiente de suas funções, fornecendo-lhe análise, avaliações, recomendações e comentários

sobre as atividades auditadas.

Segundo Pereira (2000), os controles se classificam quanto aos papéis que

desempenham de três formas distintas: como auditoria contábil, visando atuar sobre os dados

registros contábeis elaborados com o objetivo de atender à legislação, verificando sua

consistência, fidedignidade, veracidade, tempestividade, autenticidade, como também a

legalidade e a efetividade da despesa pública.

A segunda forma como auditoria operacional que atua diretamente ligada ao controle

tal como se conhece, verificando os métodos, rotinas, procedimentos, observando se o sistema

atende satisfatoriamente as finalidades a que se destinam especialmente os princípios de

economicidade, eficiência e eficácia.

E por fim, a auditoria de gestão que busca enfatizar de forma geral, o desempenho de

toda a gestão, confrontando-os com os objetivos e metas propostas pela administração

municipal.

Dessa maneira o profissional que trabalha com auditoria interna deve, então, utilizar

as ferramentas de controle para auxiliar na gestão dos órgãos públicos, propiciando assim a

execução de um controle interno mais eficiente.

De acordo com a Resolução nº 986/2003 do Conselho Federal de Contabilidade

(2003), a auditoria interna compreende:

Os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações,

metodologicamente estruturados para avaliação da integridade, adequação, eficácia,

Page 8: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

8

eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de

controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a

assistir a administração da entidade no cumprimento de seus objetivos (CFC, 2003,

p.135).

Dessa forma, a auditoria interna consiste em métodos para a avaliação do

funcionamento de uma organização, assim não existe o controle interno sem os procedimentos

de auditoria interna, já que estes garantem o bom funcionamento dos controles internos.

2.6 O controle interno na Administração Pública Municipal de Jupi com base na

Resolução n° 001/2009 do TCE/PE

Pode-se dizer que a função de controle está intensamente relacionada com a

Administração, onde analisa e avalia os resultados obtidos, comparando-os com os que foram

planejados ou, averiguando os resultados detectando ocasionais desvios ou problemas que

podem incidir no momento da execução de um trabalho,

A adoção possibilitando de tais medidas corretivas é fundamental para que o

processo administrativo se reorganize na direção dos objetivos traçados pela organização,

assim sendo, não causando falhas na administração, atingindo assim as metas com a máxima

eficiência, eficácia e economicidade.

O Sistema de Controle Interno dos Estados abrangerá os Poderes Executivo,

Legislativo e Judiciário, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, nos Municípios, os

Poderes Legislativo e Executivo, deverão ter lei própria aprovada para cada ente instituir o

seu Sistema de Controle Interno, que será responsável pela coordenação das atividades de

controle interno no âmbito de cada um deles (BRASIL, 1988).

Nesse contexto, está incluída a administração direta e indireta, não existindo

subordinação dos Poderes e Órgãos a um controle único no Município, resguardando a

autonomia de cada um deles, sendo assim, instituindo suas próprias normas de rotinas e

procedimentos de controle, observando a legislação aplicável a cada normatização (BRASIL

1988).

O Sistema de Controle Interno institui informações adequadas no processo de tomada

de decisão da gestão pública para comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à

eficácia, eficiência e economicidade da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e

operacional nos órgão e entidades da administração pública (BOTELHO, 2009).

Page 9: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

9

A Constituição Federal de 1988 faz referência ao sistema de controle interno, que

deve ser institucionalizado, mediante lei, em cada esfera de governo: União, Estados e

Municípios um conjunto de controle exercido internamente em toda unidade organizacional,

sob a coordenação de um órgão central de controle, com o objetivo de orientar e acompanhar

o sistema de controle interno, exercer controles essenciais e avaliar a eficiência e eficácias dos

demais controles (BRASIL, 1988).

Segundo o artigo 1º, III da Resolução 001/2009 do TCE/PE, as unidades executoras

são “as diversas unidades da estrutura organizacional, no exercício das atividades de controle

interno inerentes às suas funções finalística ou de caráter administrativo” (PERNAMBUCO,

2009).

Assim, os princípios da administração pública rezam que os administradores públicos

tenham uma boa dinâmica na forma de gerenciar os bens comuns a sociedade. O art. 37 de

Constituição Federal relata tais princípios da seguinte forma:

Eficiência: Esse princípio consiste no dever poder de bem administrar a coisa

pública, através da rapidez e rendimento. É o dever que todo administrador tem a

realizar a maior quantidade de bens públicos, com a melhor qualidade possível ao

menor custo empregado. É uma relação direta de custo/beneficio.

Eficácia: Este princípio consiste no dever de todo administrador agir com base em

ações planejadas. Assim, utilizando-se o principio da eficácia, mede-se o grau de

atingimento dos objetivos e das metas estabelecidas pela administração.

Efetividade: Este princípio determina ao administrador o atingimento em grau

máximo de toda a demanda. Cabe ainda, ao administrador da continuidade de forma

efetiva de tudo aquilo que vem de encontro aos anseios da sociedade, independente

de ser ou não, suas ações, somente decisões políticas (BRASIL, 1988. p 17).

Assim, a eficiência de um controle interno poderá ser medida com a implantação de

procedimentos de auditoria interna. Ainda percebe-se que a realização de controles depende

intimamente dos anseios dos administradores públicos. Portanto, controle interno faz parte

das atividades normais da administração pública tendo como função acompanhar a execução

dos atos, indicando em caráter preventivo, concomitante e corretivo, as ações desempenhadas

pelos gestores.

Especificamente, o objeto de estudo, o Controle Interno de Jupi/PE foi instituído por

força da Lei Municipal nº 446/2009 de 30 de junho de 2009, que instituiu o Sistema Integrado

de Controle Interno do Município de Jupi - SICOJ, órgão vinculado ao Gabinete do Prefeito

que exercerá a coordenação e supervisão do Controle Interno do Município de Jupi (JUPI/PE

2009).

Page 10: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

10

Compõem o Sistema Integrado de Controle Interno, - SGCI , a Secretaria Geral de

Controle Interno (Gabinete do Secretário), o Departamento de Operações de Controle e a

Ouvidoria Geral. Ao Gabinete do Secretário cabe assistir ao Secretário no âmbito de sua

atuação, inclusive em sua representação funcional, no preparo e elaboração de despachos do

expediente, no recebimento e controle de correspondências, no cerimonial e na organização

da pauta de audiências (JUPI/PE, 2009).

Cabe ao Departamento de Operações de Controle exercer as atividades de controle

interno, normatização e padronização dos procedimentos operacionais, coordenar as ações

relacionadas ao planejamento operacional, elaborar relatórios, realizar auditorias (JUPI/PE,

2009).

A Ouvidoria Geral tem a atribuição de atender ao público quanto à apresentação de

reclamações e denúncias, elaborar relatório sobre o atendimento ao público, examinar

manifestações referentes à prestação dos serviços públicos, e por fim, realizar estatísticas

indicando o nível de satisfação dos usuários com serviços públicos prestados a população

(JUPI/PE, 2009).

O quadro atual da Secretaria Geral de Controle Interno - SGCI é constituído da

seguinte forma: um Secretário de Controle Interno, cargo de provimento em comissão

declarado de livre nomeação e exoneração, dois Agentes de Controle Interno, cargo de

provimento efetivo e investidura através de concurso de provas e título, dois cargos de

auxiliar de Controle Interno, cargo de provimento efetivo e investidura através de concurso

público (JUPI/PE, 2009).

Por força do que está previsto na Lei Municipal nº446/2009, o Secretário de Controle

Interno deve ter nível superior e demonstrar conhecimento sobre orçamento, finanças e

contabilidade pública. A citada legislação ainda prevê que os integrantes do controle interno

não podem exercer atividade político partidária, patrocinar causas contra a administração

pública municipal, prestar informações sobre o resultado das auditorias, exceto aquelas

solicitadas pelas autoridades superiores e relacionadas com a matéria (JUPI/PE. 2009).

Ainda por força da Lei Municipal nº446/2009, em seu art. 23 não podem ser

designados para o cargo de Secretário de Controle Interno servidores que tenham contas

consideradas irregulares, tenham sido condenados por ato lesivo ao patrimônio público,

parentes até 3º grau ou cônjuges dos dirigentes de órgãos e entidades integrantes da

administração municipal (JUPI/PE, 2009).

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Page 11: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

11

A metodologia científica torna possível a procura pela resolução do problema

apresentado na pesquisa, com a finalidade de alcançar os objetivos delineados. Os

procedimentos metodológicos trazem os meios que se deve seguir para a realização de um

trabalho cientifico. Para Gil (2002, p. 41), “podemos classificar as pesquisas com base em

seus objetivos e com base nos procedimentos técnicos utilizados”.

Quanto aos objetivos essa pesquisa é exploratória (GIL, 2002), que tem neste estudo o

objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, como vista a torná-lo mais

explicito, buscando maiores informações e mais contribuições sobre o comportamento da

Prefeitura Municipal de Jupi quanto a Resolução 001/2009 do TCE/PE.

A presente investigação é ainda um estudo de caso (BEUREN, 2006), pois a pesquisa

foi concentrada e realizada em um único local, no Controle Interno na Prefeitura Municipal de

Jupi/PE.

Para a coleta dos dados, realizou-se pesquisa documental e leitura detalhada do Plano

de Ação anexo II, contido na Resolução nº 001/2009 do Tribunal de Contas do Estado de

Pernambuco, a Lei Municipal nº 446/2009, o Decreto nº 072/2009 e os Relatórios de

Auditoria TCE-PE, exercícios 2008, 2009 e 2010, como instrumentos a serem utilizados para

apontar os achados negativos e averiguar se reduziram por ocasião da Auditoria. Além da

aplicação de entrevistas com os responsáveis por cada item não cumprido no prazo

determinado, analisando o conteúdo detalhadamente.

E para a análise dos dados, elaborou-se um Quadro 1 referente aos itens contidos na

Resolução nº 001/2009, apontando se os mesmos foram cumpridos no prazo estabelecido ou

estão em andamento. Formulou-se a Quadro 1 trazendo os achados negativos apontados pelas

Auditorias do TCE-PE, exercício 2008, 2009 e 2010. Apresentou-se o levantamento anual do

cumprimento ou não dos percentuais constitucionais considerados pela auditoria nos três

exercícios estudados, sintetizou-se e analisou-se os percentuais não cumpridos com base na

entrevista com os responsáveis.

4 - ANÁLISE DE RESULTADOS

Esta seção tem por finalidade apresentar e discutir os resultados da pesquisa,

buscando avaliar as ações desempenhadas pelo órgão de sistema integrado de controle interno

Page 12: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

12

na Prefeitura Municipal de Jupi/PE, a partir da Resolução 01/2009 TCE/PE e o reflexo nos

achados nas auditorias do TCE/PE.

A análise se baseou nos dados coletados pela análise legal, das prestações de contas e

através de entrevistas, fundamentando-se na base teórica já explanada. Em termos estruturais

os resultados são apresentados em três etapas, em conformidade com os objetivos específicos

da pesquisa: averiguação do cumprimento do Plano de Ação pelo Poder Executivo do

Município de Jupi/PE; ações do órgão de controle interno no Município de Jupi/PE; e

comparação dos achados negativos das auditorias do TCE/PE na Prefeitura Municipal de

Jupi/PE antes e depois da implementação do órgão de controle.

O Plano de Ação traz um perfil dos aspectos propostos por força da Resolução nº

001/2009, no qual realizou- se um estudo para detecção sobre os itens propostos por tal

norma, observando se os mesmos foram cumpridos ou não pela instituição pública estudada,

lembrando ainda que o cumprimento do citado Plano traz reflexos sobre a análise da prestação

de contas anual se constituindo em um dos elementos a serem observados na análise das

contas.

Avaliando o Plano de Ação pactuado pelo município e o TCE/PE, averigua-se o

cumprimento ou não das ações estabelecidas, conforme dispõe o Quadro 1:

Quadro 1- Análise do cumprimento da Resolução nº 001/2009 do TCE/PE

Item de Estruturação Data limite para cumprimento

do item de estruturação Cumprimento

I – ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

1. Estruturar o Órgão Central responsável pelo sistema

de controle interno, dotando-o de condições físicas e de

quadro de pessoal necessário ao seu funcionamento,

levando em consideração as orientações contidas na

seção I, do Capítulo I, desta Resolução;

30/06/2009

Cumprido

2. Definir ou atualizar a estrutura organizacional da

secretaria de Saúde ou entidades da administração

indireta responsáveis por atividades de saúde (ou

órgãos equivalentes), detalhando as atribuições e

competências nos diversos níveis de gerência.

30/06/2010

Não cumprido

II – PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

1. Realizar audiências públicas para discussão sobre

PPA e LDO; 30/09/2010 Cumprido

2. Realizar audiências públicas para discussão sobre

LOA; 30/07/2010 Cumprido

3. Adotar mecanismos para acompanhamento das

metas fiscais e das prioridades definidas na LDO. 31/07/2009 Cumprido

III – AQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS

1. Expedir normas definindo procedimentos para o 30/04/2010 Cumprido

Page 13: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

13

Item de Estruturação Data limite para cumprimento

do item de estruturação Cumprimento

processamento de despesas com a aquisição de bens e

serviços;

2. Expedir normas definindo procedimentos de controle

para recebimento, armazenamento, guarda e

distribuição de materiais de consumo e permanente.

30/07/2010 Cumprido

IV – COMUNICAÇÃO

1. Estruturar os serviços de protocolo central e, quando

houver, os setoriais; 31/07/2009 Cumprido

2. Publicar os atos oficiais do Poder Executivo (leis,

decretos, portarias, avisos de licitação, extratos de

convênios, contratos, etc.) com todas as informações

necessárias ao conhecimento do ato administrativo, nos

veículos de comunicação legalmente exigidos,

inclusive em sítio na internet;

26/02/2010 Cumprido

3. Publicar as justificativas das dispensas e

inexigibilidades de licitação e evidenciar de forma

clara o preço e as condições de pagamento, a razão da

escolha do fornecedor ou executante, os dados do

contratado (razão social, endereço e CNPJ) e a

descrição precisa do objeto a ser executado.

A partir da publicação desta

Resolução Cumprido

V – TRIBUTAÇÃO

1. Encaminhar proposta de atualização do Código

Tributário Municipal ao Poder Legislativo, com ênfase

na Lei Complementar nº 116/2003;

31/12/2009 Cumprido

2. Atualizar e manter o cadastro imobiliário; 31/12/2010 Cumprido

3. Atualizar o cadastro de prestadores de serviço do

município (empresas, profissionais autônomos e

sociedades de serviços);

30/11/2010 Em andamento

4. Definir os procedimentos para a previsão, o

lançamento, a arrecadação e o recolhimento do ISS,

ITBI, IPTU e dos demais tributos municipais;

31/05/2010 Cumprido

VI – FINANÇAS

1. Implantar controle rígido sobre as retenções de ISS e

de Imposto de Renda Retido na fonte, referentes aos

serviços prestados ao município;

30/07/2010 Cumprido

2. Expedir normas definindo regras de acesso à

Tesouraria; 31/08/2010 Cumprido

3. Adequar o processo de pagamentos e recebimentos

da Tesouraria, de modo que não se realize

movimentação de recursos em espécie, ou se reduza,

dando preferência ao uso de transações via cheque

nominal ou através de depósitos bancários.

30/09/2010 Em andamento

VII – CONTABILIDADE

1. Manter atualizados os registros contábeis,

promovendo o fechamento da movimentação mensal,

até o último dia útil do mês seguinte;

A partir da publicação desta

Resolução Em andamento

2. Elaborar e divulgar os demonstrativos da LRF (RGF

e RREO) em consonância com as regras estabelecidas;

A partir da publicação desta

Resolução Cumprido

3. Elaborar e divulgar os demonstrativos referentes à

aplicação dos recursos na área de saúde e educação.

A partir da publicação desta

Resolução Cumprido

VIII – GESTÃO DE PESSOAL

Page 14: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

14

Item de Estruturação Data limite para cumprimento

do item de estruturação Cumprimento

1. Propor e fazer gestões para que a Câmara aprove

instrumento legal que defina as atribuições de cada

cargo efetivo existente, no âmbito dos órgãos da área

de Saúde do Município;

29/10/2010 Não cumprido

2. Propor e fazer gestões para que a Câmara aprove

instrumento legal que fixe não só o quantitativo, como

também os vencimentos básicos de cada cargo efetivo

existente no âmbito dos órgãos da área de Saúde do

Município, ou providenciar a sua atualização, caso já o

possua;

31/12/2010 Não cumprido

3. Segregar as funções relativas ao controle dos

documentos e informações cadastrais dos servidores e à

elaboração da folha de pagamento;

31/08/2010 Cumprido

4. Centralizar, organizar e manter atualizado o cadastro

de pessoal (efetivos, à disposição, cedidos,

comissionados, contratados temporariamente e outros);

30/06/2010 Cumprido

5. Organizar arquivo próprio da legislação que

regulamenta a concessão de vantagens (gratificações,

horas extras e outras).

30/04/2010 Cumprido

IX – PATRIMÔNIO

1. Manter arquivo próprio da documentação pertinente

aos bens móveis existentes no âmbito dos órgãos da

área de Saúde do Município, ou providenciar a sua

atualização, caso já a possua;

30/09/2010 Cumprido

2. Manter arquivo próprio da documentação pertinente

aos bens imóveis (escrituras, plantas, etc.) existente no

âmbito dos órgãos da área de Saúde do Município, ou

providenciar a sua atualização, caso já a possua;

31/03/2010 Cumprido

3. Realizar Inventário de bens existente no âmbito dos

órgãos da área de Saúde do Município, pelo menos

uma vez por ano;

31/12/2010 Cumprido

4. Aprovar norma disciplinando a utilização de Termos

de Guarda e Responsabilidade para os bens de natureza

móvel.

30/11/2010 Em discussão na

Câmara

X – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

1. Expedir normas definindo procedimentos que

garantam a segurança física e lógica do ambiente de

tecnologia de informação do Poder Executivo ,

especialmente nos sistemas de Folha de Pagamento e

Contabilidade.

30/11/2010 Cumprido

XI – OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

1. Adotar procedimentos relativos ao licenciamento,

contratação, execução, fiscalização e recebimento de

obras e serviços de engenharia, com base em resolução

específica deste Tribunal.

30/06/2010 Cumprido

XII – EDUCAÇÃO

1. Elaborar o Plano Municipal de Educação em

conformidade com as normas expedidas; 31/03/2010 Em andamento

2. Adotar acompanhamento periódico das ações

previstas no plano municipal de educação; 29/01/2010 Cumprido

3. Definir norma prevendo os procedimentos a serem

adotados pela prefeitura para a contratação (com

destaque para os elementos mínimos que devem

31/03/2010 Cumprido

Page 15: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

15

Item de Estruturação Data limite para cumprimento

do item de estruturação Cumprimento

constar do projeto básico), a medição dos serviços

prestados e o pagamento dos serviços de transporte

escolar, enfatizando os responsáveis por cada uma

destas fases;

4. Definir norma prevendo procedimentos para

aquisição, recebimento, armazenamento e distribuição

de itens relacionados com a merenda escolar.

31/05/2010 Cumprido

XIII – SAÚDE PÚBLICA

1. Elaborar o Plano Municipal de Saúde para o

quadriênio 2010-2013, em conformidade com as

normas expedidas;

31/03/2010 Cumprido

2. Elaborar programação anual das ações de saúde; 26/02/2010 Cumprido

3. Elaborar anualmente o relatório de gestão,

enfatizando as ações planejadas em confronto com as

executadas e a realização das metas previstas;

31/05/2010 Cumprido

4. Adotar acompanhamento periódico das ações

previstas no plano municipal de saúde vigente; 29/01/2010 Em andamento

5. Definir norma prevendo procedimentos para

aquisição, recebimento, armazenamento e distribuição

de medicamentos e material penso.

29/10/2010 Cumprido

XIV – REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA

SOCIAL (RPPS)

1. Realizar a avaliação atuarial anualmente; 31/12/2009 Cumprido

2. Propor e fazer gestões para que a Câmara aprove lei

com a definição das alíquotas de contribuição

necessárias para a cobertura de seu plano de benefícios;

31/12/2010 Cumprido

3. Manter atualizada a base cadastral dos segurados,

com as informações mínimas exigidas em leis e

regulamentos emanados do Ministério da Previdência

Social para, entre outras finalidades, dar suporte à

avaliação atuarial;

31/12/2010 Cumprido

4. Repassar integral e pontualmente as contribuições

previdenciárias à unidade gestora do RPPS,

observando-se quanto a isso, as alíquotas previstas em

lei e as parcelas remuneratórias sobre as quais elas

incidem;

A partir da publicação desta

Resolução Sub –judice

5. Utilizar os recursos previdenciários exclusivamente

para o pagamento dos benefícios do RPPS,

excetuando-se a possibilidade do estabelecimento de

taxa de administração, através de lei municipal, para o

custeio das despesas administrativas do regime, no

limite e condições estabelecidos pelo Ministério da

Previdência Social.

A partir da publicação desta

Resolução Cumprido

Fonte: adaptado do Plano de Ação Anexo da Resolução 001/2009.

Observa-se que dos 45 itens, 35 (77%) foram cumpridos, 03 não foram cumpridos,

01 está em andamento, 01 está em discussão na Câmara e 01 está em análise na esfera judicial

e aguarda decisão, portanto, apenas 23% dos itens não foram cumpridos por motivos

diversos.

Os resultados corroboram com o entendimento de Botelho (2009) acerca da função

informacional do Sistema de Controle Interno e consequentemente a influência positiva na

Page 16: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

16

tomada de decisão pelo gestor público e nos resultados das prestações de contas aos órgãos

externos.

Para comparar o cumprimento das ações desempenhadas pelo órgão de controle

interno na Prefeitura Município de Jupi/PE a partir da Resolução 01/2009 TCE/PE e a

influência nos achados negativos nas auditorias subsequentes, extraíram-se também os

achados negativos das prestações de contas de 2008, 2009 e 2010 do Município do Jupi/PE,

conforme Tabela 1.

Tabela 1- Síntese dos Achados Negativos das Prestações de Contas 2008, 2009 e 2010 no Município de Jupi/PE

ACHADOS NEGATIVOS 2008 2009 2010

Ausência de documentos na prestação de contas; X X

Repassar integral e pontualmente as contribuições previdenciárias à unidade gestora do

RPPS, observando-se quanto a isso, as alíquotas previstas em lei e as parcelas

remuneratórias sobre as quais elas incidem;

X

X

X

Despesas prescritas e pagas indevidamente a servidores; X

Despesas com combustível sem qualquer espécie de controle X

Despesas sem licitação X

Inconsistências nas informações contábeis; X X

Contratações irregulares de bandas e artistas mediante inexigibilidade de licitações. X

Pagamento dos subsídios dos agentes políticos do Poder Executivo sem amparo legal; X

Estruturação parcial do Sistema de Controle Interno; X

Ausência de Atualização do Código Tributário Municipal; X

Realização de despesas em recursos do FUNDEB sem lastro financeiro; X

Elaboração de Plano Municipal de Educação com vigência divergente da prevista em Lei; X

Elaboração deficiente do PPA, LDO e LOA X

Envio da LOA ao Poder Legislativo após o prazo previsto da legislação; X

Receita tributária própria inferior a 2% ( dois por cento ) do total da receitas

orçamentárias, impossibilitando o Município de receber transferências voluntárias

oriundas do tesouro estadual;

X

Fonte : adaptado do Relatório de Prestação de Contas 2008, 2009 e 2010 do Município do Jupi/PE.

Ao observar o Relatório de Prestação de Contas 2008, percebe-se que foram

detectadas diversas falhas de controle, a exemplo de combustível, despesa com pessoal e

principalmente no tocante a procedimentos licitatórios, no qual se sabe que há um

escoamento de recursos público significativo, servindo de base legal para a maioria dos

gastos públicos.

Durante o segundo semestre de 2009, a Secretaria de Controle Interno passou a

produzir uma série de Recomendações e Instruções Normativas com intuito de normatizar os

Page 17: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

17

procedimentos administrativos, além da criação de planilhas de controle diário de

combustível, merenda, medicamentos, entre outros.

Nos exercícios 2009 e 2010 percebe-se que não foram apontados nos relatórios da

Prestação de Contas aspectos referentes ao controle propriamente dito, principalmente em

aspectos ligados aos processos licitatórios. De acordo com experiência da pesquisadora, falhas

nos processos de licitação se constituem, sem dúvida, em um dos grandes problemas da

gestão municipal, principalmente pela formação deficitária das Comissões de Licitação, assim

como, pela forte ingerência dos gestores.

Entretanto, constata-se que em todos os relatórios há a presença de achados negativos

referentes a registros contábeis, como inconsistências contábeis, falha na elaboração do PPA,

LOA, LDO e outras falhas que expõem fragilidade no sistema de registro contábil que mesmo

com implantação do controle ainda persistem.

É importante ressaltar que tais itens servem de parâmetro base para a emissão ou não

de parecer favorável à aprovação das contas da gestão municipal, dependendo do

entendimento majoritário da Corte de Contas. Em caso de descumprimento de determinados

itens podem ser aplicadas multas pessoais no valor de até R$ 7.000,00 (sete mil reais), em

caso de danos ao erário, sonegação de documentos, entre outros nos termos da Lei Orgânica

do TCE-PE. Podendo ainda aplicar, na hipótese de ausência de divulgação e de remessa do

relatório de gestão fiscal, ao Tribunal nos prazos definidos, multa de 30% (trinta por cento)

dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa (PERNAMBUCO, 2004).

Após apontar e acompanhar todos os achados negativos antes e depois da

implementação do órgão de controle na Prefeitura Municipal de Jupi/PE. Verificou-se

também se houve o cumprimento dos percentuais legais, de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2- Síntese do relatório das prestações de contas no Município de Jupi/PE

Área

Especificação

Limite Legal

Fundamentação

Legal

Percentual/

Valor

Aplicado

Situação

Educação

Aplicação na manutenção

e desenvolvimento de

ensino.

25% da receita

vinculável na

manutenção e

desenvolvimento

do ensino.

CF/88- Art.202

25,73%

Cumprimento

Aplicação na

renumeração dos

profissionais do

magistério da educação

básica.

60% os recursos

do FUNDEB.

Lei Federal nº

12.494/2007

68,82%

Cumprimento

Saldo de conta do

FUNDEB ao final do

exercício.

Até 5% das

receitas recebidas

pelo FUNDEB

Lei Federal n°

12.494/2007

-1,10%

Cumprimento

Saúde

Aplicação nas ações e

serviços públicos de

15% da receita

ADCT da CF/88

Art.77, § 3º (

Page 18: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

18

saúde. vinculável em

saúde.

redação acrescida

pelo EC 29/2000

19,06% Cumprimento

Pessoal Despesa total com pessoal 54% do RCL. Lei

complementada

n° 101/2000, Art.

20

51,24%

Cumprimento

Duodécimo

Repasse do duodécimo a

Câmara de Vereadores

Menor dos

Limites. (R$

644.689,08 )

CF/ 88, caput do

Art. 29-A (

redação dada pela

EC nº 25).

R$

526.761,31

Descumprimento

Subsídio

Renumeração dos agentes

políticos – Prefeito.

Art. 29, § V, da

Constituição

Federal.

Art. 29, § V da

Constituição

Federal

R$ 6.700,00

Cumprimento

Renumeração dos agentes

políticos – Vice Prefeito

Art. 29, § V, da

Constituição

Federal.

Art. 29, § V da

Constituição

Federal

R$ 3.600,00

Cumprimento

Dívida Dívida consolidada

líquida – DCL.

1,2 vez a RCL Resolução nº

40/2001

4.62%

Cumprimento

Fonte: Adaptado do Relatório de Auditoria Prestação de Contas Anual 2008 do Município do Jupi/PE.

Na Tabela 2, bem como nas Tabelas 3 e 4 são apresentados os índices

constitucionais, no qual as equipes de auditorias verificam o cumprimento ou não desses

indicadores através das informações repassadas pela contabilidade, neste sentido são

analisados os seguintes itens: saúde, educação, pessoal, duodécimo, subsídio e dívida para

averiguar o não cumprimento dos limites constitucionais.

Tabela 3- Síntese do relatório das prestações de contas no Município de Jupi/PE

Área

Especificação

Limite Legal

Fundamentação

Legal

Percentual

Valor

Aplicado

Situação

Educação

Aplicação na

manutenção e

desenvolvimento de

ensino.

25% da receita

vinculável na

manutenção e

desenvolvimento do

ensino.

CF/88- Art.202

26,99%

Cumprimento

Aplicação na

renumeração dos

profissionais do

magistério da

educação básica.

60% os recursos do

FUNDEB.

Lei Federal nº

12.494/2007

61,22%

Cumprimento

Saldo de conta do

FUNDEB ao final

do exercício.

Até 5% das receitas

recebidas pelo

FUNDEB

Lei Federal n°

12.494/2007

4,78%

Cumprimento

Saúde

Aplicação nas ações

e serviços públicos

de saúde.

15% da receita

vinculável em saúde.

ADCT da CF/88

Art.77, § 3º (

redação acrescida

pelo EC 29/2000

18,67%

Cumprimento

Pessoal Despesa total com

pessoal

54% do RCL. Lei complementada

n° 101/2000, Art.

20

57,82%

Descumprimento

Duodécimo

Repasse do

duodécimo a

Câmara de

Vereadores

Menor dos Limites.

(R$ 729.708,50 )

CF/ 88, caput do

Art. 29-A ( redação

dada pela EC nº

25).

R$

729.280,32

Cumprimento

Subsídio

Renumeração dos

agentes políticos –

Prefeito.

Art. 29, § V, da

Constituição Federal.

Art. 29, § V da

Constituição

Federal

R$

9.100,00

Cumprimento

Renumeração dos

agentes políticos –

Vice Prefeito

Art. 29, § V, da

Constituição Federal.

Art. 29, § V da

Constituição

Federal

R$ 4.550,00

Cumprimento

Page 19: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

19

Dívida Dívida consolidada

líquida – DCL.

1,2 vez a RCL Resolução nº

40/2001

18,96 %

Cumprimento

Fonte: adaptado do Relatório de Auditoria Prestação de Contas Anual 2009 do Município do Jupi/PE

Neste diapasão, ao observar o conteúdo dos relatórios 2009 e 2010, percebe-se que os

itens relativos à despesa com pessoal e o repasse do duodécimo a Câmara de Vereadores

foram desrespeitados, portanto, descumprindo o que estabelece a Lei de Responsabilidade

Fiscal, conforme Tabela 4:

Tabela 4- Síntese do relatório das prestações de contas no Município de Jupi/PE

Área

Especificação

Limite Legal

Fundamentação

Legal

Percentual

Valor

Aplicado

Situação

Educação

Aplicação na

manutenção e

desenvolviment

o de ensino.

25% da receita vinculável

na manutenção e

desenvolvimento do ensino.

CF/88- Art.202

25,02

Cumprimento

Aplicação na

renumeração

dos

profissionais do

magistério da

educação

básica.

60% os recursos do

FUNDEB.

Lei Federal nº

12.494/2007

61,87 Cumprimento

Saldo de conta

do FUNDEB ao

final do

exercício.

Até 5% das receitas

recebidas pelo FUNDEB

Lei Federal n°

12.494/2007

-1,47 Cumprimento

Saúde

Aplicação nas

ações e serviços

públicos de

saúde.

15% da receita vinculável

em saúde.

ADCT da CF/88

Art.77, § 3º (

redação acrescida

pelo EC 29/2000

19,09 Cumprimento

Pessoal Despesa total

com pessoal

54% do RCL. Lei

complementada

n° 101/2000, Art.

20

58,18 Descumprimento

Duodécimo

Repasse do

duodécimo a

Câmara de

Vereadores

Menor dos Limites. (R$

644.689,08 )

CF/ 88, caput do

Art. 29-A (

redação dada pela

EC nº 25).

706.088,04 Descumprimento

Sub- judice

Subsídio

Renumeração

dos agentes

políticos –

Prefeito.

Art. 29, § V, da

Constituição Federal.

Art. 29, § V da

Constituição

Federal

9.100,00 Cumprimento

Renumeração

dos agentes

políticos – Vice

Prefeito

Art. 29, § V, da

Constituição Federal.

Art. 29, § V da

Constituição

Federal

4.550,00 Cumprimento

Dívida Dívida

consolidada

líquida – DCL.

1,2 vez a RCL Resolução nº

40/2001

5,60 Cumprimento

Fonte: adaptado do Relatório de Auditoria Prestação de Contas Anual 2010 do Município do Jupi/PE

Apesar dos percentuais referentes ao exercício 2010, no tocante ao repasse do

duodécimo à Câmara de Vereadores ainda estarem sendo discutido no âmbito judicial,

Page 20: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

20

constata-se a partir daí que medidas administrativas devem ser tomadas no sentido de cumprir

os percentuais estabelecidos.

E para compreender o não cumprimento do Repasse do duodécimo a Câmara de

Vereadores e da Despesa total com pessoal, realizou-se uma entrevista com membros do

controle interno em busca de esclarecimentos, conforme Tabela 5.

Tabela 5- Síntese dos itens com limites legais não cumpridos nos anos de 2008, 2009 e 2010.

Especificação 2008 2009 2010

Repasse do duodécimo a Câmara de Vereadores R$ 526.761,31 --- 706.088,04

Despesa total com pessoal --- 57,82% 58,18 %

Fonte: elaboração própria, 2011.

Com base nas entrevistas com os responsáveis pelas ações realizadas, a Procuradora

Jurídica do Município informou que o descumprimento do item relativo ao repasse do

duodécimo para a Câmara Municipal, deu-se em virtude de mudanças das alíquotas antes

fixadas em 8% das receitas tributárias e das transferências previstas nos termos do Art. 158 e

159 da Constituição Federal.

De acordo com a Procuradora Jurídica Municipal, com a entrada em vigor da

Emenda 58/09 a alíquota de repasse ficou fixada em 7%, entretanto, travou-se uma batalha

judicial entre o Poder Legislativo e o Executivo, uma vez que havia inúmeras controvérsias

quanto à aplicabilidade da norma durante o exercício 2010.

Em sede de liminar (Mandado de Segurança nº 0000123-73.2010.8.17.0850) foi

determinado o repasse com a alíquota de 8%, cumprida pelo município, em seguida, julgando

o mérito da ação publicada em 21 de dezembro de 2010, o judiciário revogou a liminar

anteriormente concedida alterando para 7%, sendo os valores devolvidos aos cofres do

município antes do encerramento do exercício financeiro.

Desta forma, durante a visita da auditoria do TCE- PE realizada em setembro 2010,

o percentual fixado por força da liminar era de 8% gerando tal descumprimento dos limites

quando da emissão do relatório de auditoria, de acordo com a entrevista com a Procuradora

Municipal.

Quanto ao descumprimento dos percentuais com a folha de pessoal, a Secretária de

Administração informou na entrevista que a implantação do plano de cargo e carreira da

educação, bem como, a contratação através de concurso realizado no final da gestão anterior,

Page 21: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

21

constitui-se um grande desafio ao cumprimento dos percentuais previsto na LRF, para atender

ao que preceitua a norma corte de despesas com pessoal estão sendo realizados.

Neste estudo optou-se por analisar os dados com base nos nas informações trazidas

nos relatórios das Auditorias do TCE- PE para manter a isenção fundamental a toda pesquisa

cientifica. Assim, percebe-se que grande parte dos componentes propostos foi cumprida,

embora ainda existam itens que ou não foram cumpridos ou ainda estão em fase de

implantação.

No tocante a implantação do Controle Interno no Estado de Pernambuco percebe-se

uma exigência de eficiência por parte do TCE-PE, visto que as ações do controle interno

constituem em instrumento a ser auferido no momento da construção dos relatórios de

prestação de contas e no momento das auditorias.

Vale lembrar que o controle interno dos atos da gestão municipal, ainda trilhará

longos caminhos, tendo em vista, a cultura desenvolvida ao longo dos tempos principalmente

na gestão municipal que envolve pequenos municípios.

O aspecto mais relevante adotado pelo TCE-PE diz respeito à obrigatoriedade não só

da implantação dos órgãos de controle nos municípios, independente do porte, mas

principalmente do estabelecimento de sanções administrativas e pecuniárias ao gestor, em

caso de descumprimento da Resolução, assim percebe-se que a Resolução nº 001/2009 não

ficará apenas no papel.

Em 2011, o TCE/PE passou a exigir nas auditorias internas a serem realizadas pelo

órgão de controle municipal a implantação total do plano de ação e o controle efetivo do

sistema de controle interno em cada município pernambucano, no qual os pareceres do

sistema de controle interno deverão compor as peças obrigatórias na prestação de contas

anual, determinação já prevista na Resolução nº 005/2011, que estabelece inclusive o

conteúdo mínimo dos pareceres emitidos pelo Órgão de Controle, evitando que os pareceres

se constituam em meras peças de ficção (PERNAMBUCO, 2011).

5 - CONCLUSÕES

O alvo do presente estudo foi verificar se o Plano de Ação que compõe a Resolução

001/2009 foi cumprido pela Prefeitura Municipal de Jupi/PE, bem como se a implantação do

Órgão de Controle diminuiu os achados negativos quando da análise das prestações de contas

anuais. Para tanto, foi verificado junto aos responsáveis pelo controle de cada ponto, proposto

no plano de ação como estava o cumprimento das metas do item sob sua responsabilidade.

Page 22: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

22

Por fim, foram analisados os relatórios de prestação de contas anuais emitidos pelo

Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Tal evidência mostrou que a maioria dos itens

propostos foram cumprida, muito embora ainda haja um número muito reduzido que ainda

não foram atingidos e outros que estão sendo analisados pela justiça.

Pode-se verificar a importância de se realizar tais tipos de estudos, para observar como

está o andamento do dispositivo normativo proposto pelo TCE/PE, bem como, sua

contribuição para a diminuição dos achados negativos quando das auditorias realizadas pelo

TCE.

Através do presente estudo, infere-se que a efetiva implantação dos órgãos de controle

no âmbito dos municípios é uma tarefa que exige uma profunda mudança na prática político-

administrativa. Ao gestor restam dois caminhos a ser seguidos: atender às recomendações

técnicas ou ao final do exercício responder na forma da legislação.

Cabe salientar a importância de fixar critérios sérios na escolha da equipe de controle

internos, que as leis devem prever a existência de um corpo técnico robusto com

conhecimento sólido em administração pública, na qual a forma e a escolha devem primar

pela seleção mediante concurso público.

Recomenda-se ao órgão de controle interno estudado a ampliação da fiscalização dos

gastos com pessoal, buscando a conscientização dos gestores, assim como, capacitando o

quadro efetivo, de forma a dinamizar a gestão de pessoal, e estruturar as carreiras no serviço

público municipal, diminuindo os custos.

Por fim, é sugerida para estudos futuros abranger um número significativo de

municípios pernambucanos, visando obter uma visão mais ampliada da implementação da

Resolução nº 001/2009, bem como, auferir os seus frutos.

Maria Elizabete de Andrade Azevedo Lins

Graduação em Direito- Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas- FACISA

Pós Graduação em Direito Público – Centro Universitário Leonardo da Vinci- São PauloEmprego

Atual: Assessora Jurídica com atuação em diversos municípios paraibanos.

Contato: [email protected]

6 -REFERÊNCIAS

Page 23: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

23

ATTIE, Willian. Auditoria Interna. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade – teoria

e prática. Editora Atlas, 2006.

BOTELHO, Milton Mendes. Manual de Controle Interno – Teoria e Pratica. Editora

Juruá, 2009.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro 1988.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em 10 de out. de 2011.

______. Lei 4.320 de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro

para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios

e do Distrito Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br Acesso em 10 de out. de

2010.

______. Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças

públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível

em:

COMPARATO, F. K. A nova cidadania. São Paulo: Cedec, Revista Lua Nova, 1993, nº

28/29.

CORREIA, Maria Valéria Costa. A Relação Estado e Sociedade e o Controle Social:

fundamentos para o debate. In: Serviço Social & Sociedade, Ano XXIV n. 77. São Paulo:

Cortez, 2004.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

INTERNATIONAL ORGANIZATION OF SUPREME AUDIT INSTITUTIONS –

INTOSAI. Guia para normas de controle interno. Trad. Heloísa Garcia Vidal Pinto.

Brasília: Revista do Tribunal de Contas do Distrito Federal, 1993. p.19.

JUPI (Pernambuco) Lei nº 446/2009 de 30 de junho de 2009, que instituiu o Sistema

Integrado de Controle Interno do Município de Jupi - SICOJ. D. O. M nº 345 de 02/07/2009.

PEREIRA, Ricardo Martins. FERNANDES, Maria Luciene Cartaxo. Controle Interno –

Enfoque Municipal. Recife: Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, 2000.

PERNAMBUCO. Resolução 001/2009 de 01 de abril de 2009 do Tribunal de Contas do

Estado de Pernambuco. Dispõe sobre a criação, a implantação, a manutenção e a

coordenação de Sistemas de Controle Interno nos Poderes Municipais e dá outras

providências. Disponível em:http://www.tce.pe.gov.br/resolucaovirtual/2009/r012009.htm.

Acesso em 03 de out. de 2011.

PERNAMBUCO. Resolução 005/2011 de 01 de abril de 2009 do Tribunal de Contas do

Estado de Pernambuco. Estabelece normas relativas à composição das contas anuais das

Prefeituras Municipais, das entidades da Administração Indireta Municipal e Fundos

Especiais Municipais e dá outras providências. Disponível em:

http://www.tce.pe.gov.br/resolucao-virtual/2011/r012011.htm. Acesso em 07 de nov. de 2011.

Page 24: AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/avaliaaao_do_sistema_integrado_de... · propiciar uma reflexão sobre a importância dos

24

PERNAMBUCO. Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas do Estado de

Pernambuco. Relatório de Prestação de Contas Exercício 2008, 2009 e 2010.

PERNAMBUCO. Lei nº 12.600, de 14 de junho de 2004. Dispõe sobre a Lei Orgânica

do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Disponível em

http://www.tce.pe.gov.br/html/lei-org. Acesso em 26 de novembro de 2011.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13ª ed. São Paulo:

Malheiros, 1997.

PETER, Maria da Glória Arrais; MACHADO, Marcus Vinícius Veras. Manual de

Auditoria Governamental. São Paulo: Atlas, 2003.