a informÁtica como estratÉgia governamental de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
A INFORMÁTICA COMO ESTRATÉGIA GOVERNAMENTAL
DE INCLUSÃO E COMBATE À EVASÃO NA ESCOLA
MUNICIPAL LUIZ IGNÁCIO RIBEIRO COUTINHO
Jorge Galdino de Almeida
Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB
Edmery Tavares Barbosa
Professora-Orientadora do Departamento de Finanças e Contabilidade - UFPB
RESUMO
Este artigo apresenta, inicialmente, algumas reflexões sobre a utilização da
informática na educação, analisando a utilização de ferramentas tecnológicas como
estratégia governamental de inclusão e combate à evasão educacional; a formatação
de políticas públicas direcionadas à inclusão digital; o aprimoramento de
metodologias e o aperfeiçoamento dos conteúdos curriculares, principalmente no
enfrentamento do problema da evasão de crianças e jovens na Educação Básica. A
pesquisa consiste no estudo de caso de uma escola da rede pública municipal de
ensino do município de Sapé-PB, procurando identificar como se dá a integração da
ludicidade, tecnologia, estratégias pedagógicas e as políticas governamentais,
apresentando parâmetros para o desenvolvimento de atividades interativas que
promovam a inclusão, o desenvolvimento intelectual, o pensamento simbólico e o
aprofundamento dos conteúdos curriculares da Educação Básica. Os resultados
revelam que, mesmo diante das mais diversificadas ferramentas tecnológicas, existe
uma subutilização destes recursos, principalmente na área pedagógica e na
formatação de políticas públicas que utilizem este aparato tecnológico no
enfrentamento da evasão escolar, na inclusão digital e no aprimoramento e
diversificação do aprendizado.
Palavras-chave: Informática. Ludicidade. Inclusão. Evasão. Políticas Públicas.
1 INTRODUÇÃO
A tecnologia pode ser utilizada na educação como forma de combater a evasão
escolar, promover a inclusão e criar mecanismos pedagógicos para aprofundar
2
conteúdos curriculares em qualquer série ou nível de ensino. Usar o computador
somente para ensinar planilhas ou edição de textos é desperdício e nem sempre os
professores sabem como usar esta ferramenta ou tampouco como adequar softwares
para ajudar na ludicidade das disciplinas.
Ter apenas equipamentos na escola não basta, o desafio é utilizar bem a
tecnologia. Porém, o desafio maior é transformar os conteúdos em atividades lúdicas,
agradáveis e que despertem o interesse de crianças e jovens, desmistificando a ideia de
que o computador é para adultos e que as crianças podem “quebrar” a máquina, pois
não são capazes de utilizá-la.
Outro desafio é posto aos gestores, pois o computador e os softwares nem
sempre são utilizados como atrativos para que os alunos despertem o interesse pela
escola, para que passem a ver o ambiente escolar como um lugar onde se aprende
coisas úteis, contemporâneas e contextualizadas com a realidade e com o mundo em
que vivem.
A existência de computadores e seu uso por parte de educadores e alunos se
constitui em uma realidade em expansão. Na era da informação, em um mundo
globalizado, seria impensável uma ação educativa separada do conhecimento e do uso
da informática. Nesse contexto, o computador deve ser apresentado como uma
ferramenta educativa, contemporânea e divertida, ampliando essa visão para o
ambiente escolar, mostrando ao aluno que a escola disponibiliza várias formas de
brincar e de aprender.
A escola pública é, em sua grande maioria, sem atrativos. Muitas delas sequer
disponibilizam área de lazer, biblioteca ou sala de leitura, contudo, programas
governamentais têm inserido computadores e acesso a internet na maioria das escolas,
mudando a realidade e disponibilizando ferramentas poderosas no combate à evasão e
no despertar do interesse dos alunos em uma nova metodologia de ensino, um contexto
onde a internet e o computador são vistos como revolucionários nesse processo,
contudo, observa-se que só as ferramentas não resolvem o problema, pois falta
estratégia, adequação e preparo da equipe pedagógica, do professor e do gestor público
na hora de utilizar estes recursos.
Nesse sentido, o presente estudo busca responder a seguinte questão-problema:
Como as escolas municipais da cidade de Sapé podem diminuir a evasão escolar por
meio da inclusão digital? Para responder essa questão, tem-se como objetivo verificar
como as escolas do município de Sapé utilizam a informática para dinamizar o
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processo de ensino-aprendizagem na educação básica de forma lúdica. Para alcançar
esse objetivo, fazem-se necessárias ações específicas para verificar como os recursos
tecnológicos são utilizados nas salas de aula, observando as estratégias estabelecidas
para a execução do trabalho com a informática e como docentes e discentes usufruem
desse processo de utilização da tecnologia na ludicidade dos conteúdos curriculares.
Desenvolver atividades utilizando computadores, internet e softwares
educacionais em uma metodologia que congrega os conteúdos curriculares de forma
paralela às atividades escolares tradicionais, é saber utilizar as ferramentas virtuais
para dar ludicidade a conteúdos de ciências, português, matemática, artes e demais
componentes curriculares, tornando os assuntos vistos em sala de aula mais
interessantes, servindo como uma revisão e ampliação do conhecimento, propiciando
uma visão diferenciada, lúdica e agradável aos temas abordados e, consequentemente,
promovendo a inclusão digital, mantendo os alunos interessados pela escola e
minimizando o problema da evasão escolar principalmente nas primeiras séries do
ensino fundamental.
É fato que boa parte dos alunos da rede pública nas séries iniciais advém de
famílias carentes, que encontram na merenda escolar e no Programa Bolsa Família os
motivos para manter os filhos na escola. Estratégias como a utilização do computador
não só para pesquisa ou jogos eletrônicos, mas de forma permanente e ativa nos
conteúdos curriculares, podem contribuir para mudar esta realidade, ao mesmo tempo
em que a gestão pública pode conter a evasão escolar, estimular o aprendizado e
promover a inclusão digital de milhões de estudantes da rede pública.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Evasão escolar e políticas públicas
A problemática envolvendo a evasão escolar é um desafio para a gestão pública
em todas as esferas de governo. Os recursos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) advêm do número de alunos matriculados no ano letivo anterior, tendo como
fonte as informações do censo escolar, o que força a gestão pública a trabalhar com
dados e recursos de um ano base com aplicabilidade no ano subsequente.
O abandono dos estudos e da evasão escolar preocupa a sociedade e os
governos, esses responsáveis pelas políticas públicas. De acordo com o Ministério da
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Educação (MEC), a evasão atinge 6,9% no Ensino Fundamental e 10% no Ensino
Médio. Além da evasão, outro problema preocupante é a distorção idade e série. Mais
2,9 milhões de alunos - dados de 2007 - abandonam as aulas em um ano e retornam no
ano seguinte.
A evasão nos anos iniciais da Educação Básica, modalidade da educação que
está sob a responsabilidade dos municípios, desafia a gestão pública no combate ao
problema da evasão escolar, „boicotando‟ muitos programas educacionais, frustrando
os objetivos de manter a criança na escola e, principalmente, o de incluí-la numa
rotina que desperte interesse, participação e aprendizagem.
Mesmo com a entrada de novos alunos a cada ano, o problema da evasão
escolar persiste, pois o problema atualmente não é colocar as crianças na escola, mas
fazer com que elas permaneçam na sala de aula, o que remete a reflexão dos porquês
da evasão, já que tanto tem se investido em merenda escolar, melhoria das instalações
físicas, distribuição de livros didáticos, Programa Bolsa Família, além de outras
políticas e ações locais colocadas em prática.
É evidente que tais atrativos têm surtido efeito na captação de alunos, sem,
contudo, ter eficácia na manutenção dessas crianças e jovens nas unidades de ensino, o
que remete ao questionamento de que tais assuntos “captação e manutenção” não
deveriam ser trabalhados de forma distinta, com ações específicas, mas de forma
estruturada em uma mesma política.
Além da questão educacional, o abandono da escola traz consequências sociais
e financeiras para o município. Quando a criança abandona a sala de aula o destino
dela é a marginalização na rua ou o trabalho infantil. Se não bastasse o problema
social causado, os recursos do Fundeb, que são destinados aos municípios, são
reduzidos drasticamente, já que os repasses do fundo são calculados pelo número de
alunos matriculados. Estes recursos são rateados na proporção de, no mínimo, 60%
para o pagamento de salários do magistério e o máximo de 40% para a manutenção da
educação no município, que inclui a logística do sistema e a mão de obra dos demais
funcionários que atuam diretamente no processo educacional.
Os caminhos para a inovação da grade curricular, inserindo ferramentas
tecnológicas, desperta o interesse do aluno, atuando na “raiz” do problema através da
ludicidade dos conteúdos e em uma nova proposta para a escola pública. De acordo
com Fichtner (1998, apud Martins, Filho e Stahalin, 2007),
5
O desenvolvimento desenfreado de novas tecnologias está
gerando mudanças nas funções sociais do conhecimento, das
comunicações e no modo de vida das pessoas. A escola sendo
uma instituição responsável pela universalização do
conhecimento, nem sempre consegue cumprir sua função de
garantir a apropriação do conhecimento científico como forma de
inserção social e cultural do sujeito no mundo. (FISHTNER 1998
apud Martins, Filho e Stahalin, 2007, p. 25)
É a partir desta concepção que os governos devem atuar para adequar as
políticas públicas educacionais para garantir a formação de cidadãos mais conscientes
e uma sociedade mais justa e desenvolvida.
A informática desponta neste contexto como uma forte ferramenta de
interação, ludicidade e transformação desta realidade. A política social deve ser
antecedida de uma política educacional voltada para o mundo atual, para as novas
concepções do processo de ensino-aprendizagem, adequando ferramentas
informatizadas ao contexto escolar para garantir o sucesso de toda a cadeia de
produção do conhecimento. Encarar o desafio e se adequar a essa nova realidade é ter
como perspectiva cidadãos abertos e conscientes, cidadãos que sejam capazes de
aprender a aprender e a utilizar a tecnologia para construir e reconstruir continuamente
os seus conhecimentos. Segundo Silveira,
A sociedade é cada vez mais a sociedade da informação e os
agrupamentos sociais que não souberem manipular, reunir,
desagregar, processar e analisar informações ficarão distantes da
produção do conhecimento, estagnados ou vendo se agravar sua
condição de miséria. (SILVEIRA, 2001, p. 21)
É evidente que a transformação da escola também passa pelo professor, que é
parte integrante e agente desse processo de mudança, ou de ampliação, já que a
informática já está incorporada à escola de forma transversal, observada nas pesquisas
dos alunos, nos computadores na biblioteca, nos celulares dos próprios alunos.
Contudo, essa ferramenta ainda não está sendo usada como política de combate à
evasão e no despertar do interesse do aluno pelos conteúdos aplicados em sala de aula.
Neste contexto, Fichtner salienta:
Repensar a escola não é um jogo intelectual, não é tarefa, nem
um dever que tenha que ser intelectualmente ou conceitualmente
resolvido por solitários teóricos e estudiosos. Repensar a escola
só poderá ser realizado quando ela já tiver na prática novas
funções. E este repensar a escola dependerá fundamentalmente
da postura dos professores que na lida diária com o aluno
incorporem ao processo de ensino o desenvolvimento do novo,
porém, de forma construtiva para a construção do cidadão.
(FISHTNER 1998 apud Martins, Filho e Stahalin, 2007, p. 25).
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Não dá para tratar a evasão, o desinteresse do aluno pela escola e demais
problemas educacionais como problemas pedagógicos apenas. O enfrentamento desses
e de outros desafios devem ser encarados num contexto de uma política de governo,
ciente de que a solução, ou amenização destes percalços, terão reflexos em várias
outras áreas sociais.
Todos concordam que a utilização de computadores nas escolas vai contribuir
de maneira importante para o aprendizado, qualificando o ensino por meio de muitos
recursos, utilizando ferramentas de colaboração e interação, mas a proposta vai mais
além. Não é só a presença da máquina no ambiente, mas a interação da ferramenta
com os conteúdos curriculares, expandindo a compreensão e injetando ludicidade às
aulas.
2.2 Informática e educação
A informática e a educação transcendem o espaço físico da sala de aula, rompe
fronteiras e amplia percepções, e é exatamente esta concepção e conexão que se
procura. Contudo não se busca a inclusão digital nas escolas com finalidades
meramente recreativas, para fins de pesquisa escolar ou para o aprendizado de
utilização de planilhas ou formatação de texto em editores.
Segundo Pretto,
Quando se reduz as características fundamentais das tecnologias
educacionais, elas se esvaziam, convertendo-se em meras
animadoras da educação, o que se desfaz rapidamente, tão logo
passe o encanto da novidade. A educação continua como está, só que
com novos e avançados recursos tecnológicos (PRETTO, 1996,
p.112).
Busca-se a integração da informática aos conteúdos escolares, às tarefas
cotidianas e à ampliação do conhecimento integrado com a grade curricular, para que a
informatização seja uma ferramenta a serviço da escola e do processo de ensino-
aprendizagem, revigorando a metodologia, oferecendo sons, imagens, movimento,
interação, sofisticação e principalmente resultados. Segundo Demo (2006, p. 24), “na
sociedade crescente movida por conhecimento, cada vez mais pessoas procuram a
educação como esperança para um futuro melhor.”.
Segundo Silveira,
A Educação que cultiva a ideia do saber consolidado deve ser
substituída pela que ensina e prepara a pessoa para o aprendizado
permanente. Agora a escola é apenas um polo de orientação
diante do dilúvio de informações gerado e constantemente
alimentado pela rede mundial de computadores. A política
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educacional deve ser formulada para absorver e utilizar as
tecnologias intelectuais que amplificaram a inteligência humana
e suas funções cognitivas. (SILVEIRA, 2001, p.28)
2.3 Inclusão digital
A inclusão digital se dá pelo processo de democratização do acesso às
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), permitindo a entrada de todos na
sociedade da informação. Incluir é simplificar processos e rotinas, disponibilizar
acesso à tecnologia, maximizar o tempo e potencializar resultados, utilizando a
linguagem do “mundo digital”, para o acesso à informação e à comunicação, fazendo
uso desse suporte tecnológico para melhorar as condições de vida de cada um.
O processo de inclusão deve ter início pela escola, atraindo os alunos para esse
novo padrão de acesso ao conhecimento e a gestão pública participa disponibilizando
recursos financeiros, tecnológicos e pedagógicos para esse processo, tornando a escola
mais moderna e contemporânea e a aprendizagem mais dinâmica, lúdica e eficaz,
ajudando na captação de novos alunos e na contenção da evasão escolar.
Contudo, é importante ressaltar que captar não é incluir, o ato em si de trazer o
aluno à escola com atrativos eficientes, não o inclui no processo de ensino-
aprendizagem de forma efetiva, nem tampouco o leva à inclusão digital, faltando
assim a atuação do gestor público também nas concepções pedagógicas, na
valorização e qualificação do magistério, na aquisição e adaptação de softwares
educacionais e principalmente na pesquisa e investimento de novas metodologias e
ferramentas a serem usadas de forma lúdica, contemporânea e que seja aplicável e
reconhecida pelo aluno no contexto do mundo em que ele realmente está inserido.
O ensino básico requer mudanças, passando da perspectiva meramente
disciplinar para uma ótica transdisciplinar, que promova o desenvolvimento do
educando nos aspectos físico, motor, cognitivo, fazendo-se necessário uma postura de
inclusão onde a utilização de ferramentas de integração, interação e comunicação
global sejam disponibilizadas de forma igualitária, independente da condição social,
racial ou orientação sexual de cada um.
Não é exagero afirmar que qualquer inclusão tem que contemplar o uso da
tecnologia e de ferramentas informatizadas. A inclusão digital é uma questão de
cidadania, de oferecer igualdades de condições ao desenvolvimento intelectual, social
e cultural, propiciando uma verdadeira revolução na área educacional quando
direcionada ao aprendizado de forma planejada, articulada e avaliada, voltada à
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autonomia, cidadania e igualdade social, e essa revolução deve ser iniciada nos
primeiros anos da vida escolar, de forma lúdica e prazerosa, desmistificando a
tecnologia e integrando-a ao cotidiano dos alunos, preservando valores, crenças,
modos de vida, atitudes, em uma perspectiva multicultural, incorporando
comportamentos socialmente relevantes, em um espaço de vivência dos direitos
humanos e de interação entre culturas e conhecimentos.
Segundo Gonçalves (2005),
A Tecnologia da Informação oferece um enorme leque de
possibilidades para o armazenamento, processamento e
veiculação do conhecimento e traduz o saber a partir de um
método reducionista, onde jogos de linguagem passam a ter
papel fundamental: é preciso dominar novas técnicas e formatos
para decodificar mensagens e usufruir dos benefícios. Trata-se de
um processo dinâmico que, sutil ou violentamente, vem
produzindo grandes mudanças no cotidiano das pessoas e das
organizações. (GONÇALVES, 2005, p.355).
Diante dessa necessidade lúdica e da utilização de ferramentas modernas para a
efetivação dessa inclusão ao mundo globalizado, o computador representa um
importante instrumento de inclusão digital e que pode ser utilizado de forma lúdica
para que o aluno aprenda brincando, permitindo que, paralelamente, os objetivos
pedagógicos sejam alcançados. Na introdução de computadores no processo
educacional, é preciso considerar que “as novas práticas são inventadas,
conquistadas, construídas coletivamente, e não no isolamento individual”.
(HUTMACHER, 1995 apud ALMEIDA, 2007, p.123).
O computador é o “brinquedo” mais desejado pelas crianças e jovens
atualmente. Apesar da necessidade de mantermos as brincadeiras tradicionais, no
resgate e manutenção da cultura, e da importância dos brinquedos educativos
tradicionais, é inegável a rápida e irreversível inserção da tecnologia no ato de brincar
e da preferência pela informática na hora de escolher o brinquedo. Diante dessa
realidade, sem, contudo, querer substituir os brinquedos e brincadeiras tradicionais
pelos brinquedos eletrônicos e informatizados, faz-se necessário adequar ferramentas
computadorizadas ao universo educacional, direcionado, potencializando e adequando
a tecnologia aos componentes curriculares, aproveitando a forte característica lúdica
do computador e de seus componentes para o processo de ensino-aprendizagem
voltado aos novos tempos e como estratégia governamental de contenção da evasão
escolar.
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A dificuldade de adequar as novas Tecnologias da Informação e Comunicação
aos conteúdos curriculares representa um desafio para os governos, professores e
equipe pedagógica. A dificuldade na escolha e disponibilidade de softwares
educacionais adequados aos conteúdos escolares dificulta o processo ensino-
aprendizagem utilizando a computação, relegando a informática apenas a simples
atividades de digitação de trabalhos, pesquisa na internet, jogos ou operacionalização
de programas de forma técnica, sem, contudo, explorar a principal função dessa
tecnologia na educação: melhorar o aprendizado de forma lúdica, inclusiva,
interdisciplinar e transdisciplinar, daí a importância da informática como estratégia
governamental de inclusão e combate à evasão no ensino básico.
Para os professores Fernando José de Almeida e Maria Elizabeth Bianconcini
de Almeida da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
Enfrentar essa nova realidade significa ter como perspectiva
cidadãos abertos e conscientes, que saibam tomar decisões e
trabalhar em equipe. Cidadãos que tenham capacidade de
aprender a aprender e de utilizar a tecnologia para a busca, a
seleção, a análise e a articulação entre informações e, dessa
forma, construir e reconstruir continuamente os conhecimentos,
utilizando-se de todos os meios disponíveis, em especial dos
recursos do computador. Pessoas que atuem em sua realidade
tendo em vista a construção de uma sociedade mais humana e
menos desigual. (MEC – SALTO PARA O FUTURO, 1998,
p.50).
A escola não pode perder a oportunidade de promover a inclusão digital de
forma orientada e voltada ao conhecimento, mesmo porque é notório que crianças,
jovens e a adultos já usufruem da tecnologia em suas casas, nas repartições, nos
bancos, e por toda a parte é visível a crescente utilização da tecnologia em celulares,
computadores portáteis, brinquedos, jogos, eletrodomésticos, meios de comunicação,
além dos ambientes virtuais que disponibilizam conteúdos, interação, comunicação e
até formas de relacionamento através das redes sociais. Diante desta realidade, é
fundamental o papel da escola nesse novo padrão de vida, orientando à correta
utilização destes recursos com a finalidade de promover a expansão e acesso ao
conhecimento em benefício da sociedade.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi realizada através de embasamentos teóricos e estudo de caso,
quando foram distribuídos dez questionários entre os professores e um questionário foi
entregue à Secretária Municipal e Educação, Maria América Assis de Castro. Dos
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onze questionários, apenas cinco foram respondidos pelos professores e um
respondido pela secretária. Os demais questionários não foram entregues pelos
professores, alguns alegaram esquecimento e outros não foram encontrados na escola
nas datas combinadas.
Nos procedimentos adotados na coleta de dados, foi utilizado o estudo de caso,
tendo como fonte a aplicação de questionários com perguntas objetivas e abertas,
procurando levantar dados advindos de pessoas que vivem a realidade da escola. Na
definição de Robert K. YIN (2001, p. 32), o estudo de caso tem por objetivo
“investigar um fenômeno contemporâneo, no contexto da vida real, especialmente
quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão perfeitamente
delimitadas”.
O local escolhido foi o município de Sapé-PB. Distante 55 quilômetros da
capital paraibana João Pessoa, o município possui uma área territorial com 316,33 km²
e uma população aproximada de 50.151 habitantes. Situada na Microrregião de Sapé,
Mesorregião da Mata Paraibana, Sapé apresenta um Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) de 0,556 médio (PNUD/2000), Produto Interno Bruto (PIB) de R$
214.536,661 mil (IBGE/2008) e PIB per capita de R$ 4.498,57 (IBGE/2008). A rede
pública municipal é composta de 40 unidades de ensino, sendo elas 18 na cidade e 22
na Zona Rural do Município. O município apresenta um bom desenvolvimento no
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), antecipando em 2009 a meta
proposta para este ano (2011) que é de 3.2 (três, ponto, dois).
Segundo informações da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e
Desportos de Sapé, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Luiz Ignácio Ribeiro
Coutinho é a maior escola, em número de alunos, da rede pública municipal de Sapé,
com 1.560 alunos matriculados, sendo 838 no Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) e
722 na Educação de Jovens e Adultos (EJA), distribuídos em 13 salas de aula,
funcionando nos três turnos. A escola possui um laboratório de informática com 27
computadores, sendo um para uso administrativo e 26 para uso dos alunos, todos
conectados à internet, com recursos do Projeto Banda Larga na Escola, instalada em
2009. Estas características contribuíram na escolha da Unidade de Ensino para a
realização da pesquisa e estudo de caso, apresentando um ambiente bem representativo
da realidade das demais escolas da rede pública municipal de ensino de Sapé.
A pesquisa também utilizou mecanismos complementares como consultas
bibliográficas, pesquisas na internet e publicações especializadas, para ressaltar através
11
desta amostragem a realidade do uso da informática na educação, as estratégias
utilizadas para a contenção da evasão escolar e a forma como os recursos tecnológicos
são aplicados nos conteúdos curriculares no dia a dia dos alunos da rede pública
municipal.
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
Realizada a coleta e tratamento de dados dos questionários aplicados aos
professores e à secretária de Educação, podemos apresentar uma análise consistente da
realidade investigada, municiada de dados estatísticos e referencial teórico que
permitem traçar um retrato do caso em estudo, salientando a importância dos dados
coletados, demonstrando as principais causas da evasão escolar, os atrativos oferecidos
pela escola, a opinião de professores e da secretária municipal de educação, as
dificuldades e falta de planejamento da gestão pública em lidar com o problema e
principalmente a subutilização dos recursos da informática no combate a evasão
escolar, na aplicabilidade desses recursos nos conteúdos curriculares e na ludicidade
desses conteúdos, tão necessária para o despertar do interesse dos alunos pela escola.
Tabela 01 – Utilização dos Computadores da Escola
UTILIZAÇÃO DOS COMPUTADORES DA ESCOLA
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
Alunos 5 1 6
Professores 5 1 6
Funcionários 5 1 6
OBS. A questão permitia marcar mais de uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
A escola investigada é munida de um laboratório de informática. Segundo
informações fornecidas pelos professores, os computadores do laboratório podem ser
utilizados por professores, alunos e funcionários, informação ratificada também pela
secretária de educação. A questão respondida dava a possibilidade de múltiplas
escolhas, assim, todos os entrevistados marcaram as três alternativas disponíveis.
As informações da Tabela 1 remetem aos conceitos já abordados na
fundamentação teórica, demonstrando que a tecnologia da informação já está
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disponível nas escolas e o acesso muitas vezes é livre para funcionários, professores e
alunos, contudo para finalidades meramente recreativas, de pesquisa e instrução básica
de informática.
Tabela 02 – Utilização dos Computadores no Dia a Dia dos Alunos
Nas respostas ao segundo quesito do questionário, os seis entrevistados
(professores e a secretária) ressaltam que as aulas de informática são basicamente
voltadas à edição de textos, elaboração de planilhas, técnicas de digitação e instruções
de pesquisas na internet, respostas correspondentes à primeira e segunda alternativas,
já que a questão também permitia a possibilidade de escolha de mais de uma opção, e
os entrevistados fizeram uso deste recurso para ampliarem suas respostas. A secretária
de educação também apontou a terceira e quarta alternativas como as correspondentes
à utilização dos computadores no dia a dia dos alunos, destacando que o laboratório
também é utilizado para exibição de vídeos, jogos, atividades recreativas e em
atividades complementares, inclusive na revisão e aperfeiçoamento dos assuntos
curriculares ministrados em sala de aula.
Os dados coletados neste quesito comprovam o conteúdo abordado no tópico
2.3 da fundamentação teórica que trata da inclusão digital, demonstrando que faltam
políticas que atuem nas concepções pedagógicas e nas metodologias que ampliem a
utilização dos recursos tecnológicos em uma ótica transdisciplinar, contextualizada aos
UTILIZAÇÃO DOS COMPUTADORES NO DIA A DIA DOS ALUNOS
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
Para pesquisas escolares e edição
de textos;
5 1 6
Para aulas de informática
tradicionais Para jogos e atividades
recreativas;
3 1 4
Para aulas complementares,
laboratório, exibição de vídeos e
outros assuntos relacionados ao
complemento e aperfeiçoamento
dos assuntos curriculares
ministrados em sala de aula.
0 1 1
Para pesquisas escolares e edição
de textos;
0 1 1
OBS. A questão permitia marcar mais de uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
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conteúdos curriculares, ao mundo contemporâneo e principalmente voltada à efetiva
inclusão digital.
Tabela 03 – Relação dos Alunos com os Computadores
RELAÇÃO DOS ALUNOS COM OS COMPUTADORES
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
Eles são monitorados por adultos
no momento da utilização dos
computadores para evitar que os
computadores sejam danificados;
4 0 4
Professores e/ou monitores
ajudam os alunos para que eles
aprendam a usar os computares de
forma orientada para os estudos;
4 1 5
Os alunos são impedidos de usar
os computadores, pois as
máquinas só são utilizadas por
professores e funcionários da
escola;
0 0 0
Os alunos utilizam os
computadores para pesquisas,
entretenimento e aulas de
informática sem qualquer
monitoramento de professores
e/ou funcionários.
0 0 0
OBS. A questão permitia marcar mais de uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
No quesito três, os professores responderam que os alunos são monitorados por
adultos no momento a utilização dos computadores para evitar que as máquinas sejam
danificadas e que os professores e monitores também ajudam os alunos na
aprendizagem, de forma orientada, no momento da utilização dos computadores. A
secretária de educação optou pela segunda alternativa e ainda informou que as aulas de
informática são ministradas por um instrutor contratado pela prefeitura, que ministra
cursos básicos de informática para professores, alunos e funcionários. Este quesito
também permitia que os entrevistados marcassem mais de uma alternativa.
Os dados coletados nesta tabela enfatizam as concepções de Pretto (1996, p.
112) de que “a educação continua como está, só que com novos e avançados recursos
tecnológicos”. A presença no laboratório de informática de um instrutor de
informática ao invés de um professor demonstra que o computador e seus
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componentes são utilizados para fins meramente técnicos, recreativos e de pesquisa,
sem a ênfase nas disciplinas, nos conteúdos abordados em sala de aula, sem a
dinamização do processo de ensino aprendizagem.
Tabela 04 – Desenvolvimento das Atividades Ministradas com Ajuda do Computador
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES
MINISTRADAS COM AJUDA DO COMPUTADOR
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
De forma planejada, quando
professores, técnicos e a equipe
pedagógica elaboram atividades
educativas voltadas aos conteúdos
trabalhados em sala de aula;
0 0 0
São utilizados apenas jogos
educativos e incentivo à pesquisa
escolar em sites de busca;
5 1 6
As atividades são relacionadas
apenas a utilização do computador
como cuidados básicos, edição de
textos, pintura, desenho e
planilhas;
0 0 0
As atividades não são planejadas
e os computadores são utilizados
pelos alunos de forma aleatória.
0 0 0
OBS. A questão permitia APENAS uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
A partir do quesito quatro, as questões permitem a escolha de apenas uma
alternativa, requerendo dos entrevistados mais objetividade nas respostas. Os
entrevistados, de forma unânime, ressaltam que as atividades ministradas com ajuda
do computador são desenvolvidas apenas no sentido de se utilizar o computador para
pesquisa escolar em sites de busca e jogos educativos.
15
Tabela 05 – As Atividades no Laboratório de Informática e o Desenvolvimento do
Aluno
AS ATIVIDADES NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
E O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
Não vejo qualquer contribuição
dessas atividades na sala de aula;
0 0 0
Ajudam pouco, pois as atividades
utilizando a informática pouco têm
a ver com os conteúdos
curriculares aplicados na sala de
aula;
2 0 2
As atividades informatizadas são
muito importantes, pois
complementam de forma lúdica os
conteúdos curriculares;
2 0 2
Existe um intercâmbio de
conhecimento, pois estas
atividades são trabalhadas de
forma planejada para ajudar os
alunos nos conteúdos curriculares
aplicados em sala de aula.
1 1 2
OBS. A questão permitia APENAS uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
Na questão cinco, os dados levantados, baseados nas respostas de professores e
da secretária, são bastante dispersos, quando a secretária e um dos professores
entrevistados afirmam que existe um intercâmbio de conhecimento para um trabalho
planejado como forma de ajudar os alunos nos conteúdos curriculares. Na mesma
linha de pensamento, dois professores respondem que as atividades informatizadas são
muito importantes, complementam, de forma lúdica, os conteúdos curriculares.
Complementado a tabela, dois professores afirmam que as atividades informatizadas
pouco ajudam, pois o conteúdo aplicado não tem relação com os conteúdos
curriculares aplicados em sala de aula.
A falta de planejamento e de uma visão voltada à utilização os recursos
informatizados de forma pedagógica causam dispersão e contradições nas opiniões dos
professores, divergindo sobre as formas, a importância e a relevância de desses
recursos na ludicidade e na aplicabilidade interdisciplinar nos componentes
curriculares, contudo, todos reconhecem que de alguma forma a informática contribui
para o processo de ensino aprendizagem.
16
Tabela 06 – Reação dos Alunos Diante das Aulas no Laboratório de Informática
REAÇÃO DOS ALUNOS DIANTE DAS AULAS NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
Contam as horas para começar as
aulas com computadores;
2 0 2
Já „enjoaram‟ essas aulas e
reclamam da mesmice das
atividades;
1 0 1
Eles consideram as aulas com
computadores a principal razão de
permanecerem na escola;
0 0 0
Querem que todas as aulas sejam
iguais as aulas com
computadores: dinâmicas,
interessantes e lúdicas.
2 1 3
OBS. A questão permitia APENAS uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
Questionados sobre a reação dos alunos diante das aulas no laboratório ou sala
de informática, cinco dos entrevistados se distribuem na primeira e quarta alternativa,
que enfatizam a aceitação dos alunos por este tipo de aula. Dois professores destacam
na primeira alternativa que os alunos contam as horas para começar as aulas nos
computadores. Outros dois professores optam por marcar a quarta alternativa,
destacando que os alunos querem que todas as aulas sejam iguais às aulas com
computadores: dinâmicas, interessantes e lúdicas, opção também escolhida pela
secretária de educação. Apenas um dos professores entrevistados optou pela
alternativa dois, afirmando que os alunos já „enjoaram‟ este tipo de aula e reclamam da
mesmice das atividades.
Tabela 07 – Capacitação dos Professores para o Trabalho de Conteúdos
CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES PARA O TRABALHO DE CONTEÚDOS
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
Sim 2 1 3
Não 3 0 3
OBS. A questão permitia APENAS uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
Na questão sete, a pergunta permitia uma resposta escolhida entre as
alternativas „SIM‟ ou „NÃO‟. Neste quesito, os entrevistados se dividiram diante do
17
questionamento sobre a capacitação dos professores para trabalhar conteúdos
utilizando computadores. Metade dos entrevistados respondeu SIM e outra metade
respondeu NÃO, destacando que a secretária de educação afirma haver capacitação do
corpo docente através do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo).
Alguns professores informaram que a capacitação é meramente técnica, sem uma
orientação para a utilização pedagógica da informática.
Tabela 08 – Relação da Informática com o Combate à Evasão Escolar
RELAÇÃO DA INFORMÁTICA COM O COMBATE À EVASÃO ESCOLAR
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
A utilização dos computadores
pelos alunos mudou
consideravelmente as Estatísticas
da evasão escola, causando
interesse nos alunos pela a escola
e pelos estudos
0 0 0
O uso da informática nas escolas
não tem qualquer relação com a
evasão, pois nada mudou com a
implantação dos computadores
na escola
0 0 0
Os alunos se mantêm na escola
mais pelo fato da distribuição da
merenda escolar que pelo uso dos
computadores
0 0 0
A informática nas escolas é mais
um incentivo para o aluno
permanecer em sala de aula, pois
além de combater a evasão, atrai
mais alunos e ajuda no
desenvolvimento geral dos
estudos
5 1 6
OBS. A questão permitia APENAS uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
A pesquisa apontou que existe um consenso de que a informática é um
importante instrumento no combate à evasão escolar. Na questão oito, houve a
unanimidade na escolha da quarta alternativa, que confirma que a informática nas
escolas é mais um incentivo para o aluno permanecer em sala de aula, pois além de
combater a evasão escolar, atrai mais alunos e ajuda no desenvolvimento geral dos
estudos.
18
Tabela 09 – Existência de Políticas Públicas no Incentivo à Utilização da Informática
EXISTÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO
INCENTIVO Á UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA
ALTERNATIVAS PROFESSORES SECRETÁRIA TOTAL:
Sim 2 1 3
Não 3 0 3
OBS. A questão permitia APENAS uma alternativa
Fonte: Pesquisa de Campo (2011)
O quesito nove fez uma junção de perguntas de escolha entre duas opções e
uma questão aberta relacionada com a opção marcada, que poderia variar entre o SIM
e o NÃO. Perguntados da existência de políticas públicas para incentivar a utilização
da informática como ferramenta pedagógica de inclusão, combate à evasão e
desenvolvimento intelectual do aluno, mais uma vez ocorreu a divergência entre os
entrevistados, quando cinquenta por cento (50%), respondeu SIM e a outra metade do
número de entrevistados optou pelo NÃO. Nas justificativas das respostas, os
entrevistados apontaram o Proinfo como principal política pública de incentivo à
utilização da informática como ferramenta pedagógica, contudo ressaltaram que o
programa não atende às necessidades didáticas relacionadas aos conteúdos
curriculares, por capacitar os professores apenas para as práticas mais técnicas do
computador.
Alguns professores responderam que não existe qualquer política pública
voltada para esta demanda, resposta contestada pela secretária de educação, que afirma
existirem vários incentivos para a utilização da informatização como ferramenta
pedagógica, desde a distribuição de laboratórios de informática pelo MEC, a
computadores portáteis para alunos e professores através do Projeto „Um Computador
Por Aluno‟ (UCA), e que alguns destes projetos já estão disponíveis no município.
A décima e décima primeira questão são abertas, onde os entrevistados são
instigados a propor uma forma de utilizar as aulas nos laboratórios de informática para
ajudar nos conteúdos aplicados na sala de aula tradicional, e na última questão, os
entrevistados são questionados quanto a preparação docente para a utilização dos
recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação.
Nas propostas de utilização do laboratório de informática, foram apresentadas
estratégias como a utilização de softwares educativos, planejamento de atividades
19
interdisciplinares e a criação da disciplina de Informática na grade curricular,
destacando sempre a forma lúdica que a tecnologia pode atuar nos conteúdos.
No último questionamento, a maioria dos entrevistados se declarou preparada
para utilizar a informática e os meios de comunicação em sala de aula. Alguns
relataram que mesmo tendo recebido capacitação do Proinfo, não se sentem aptos ao
trabalho pedagógico com a utilização dos recursos da Tecnologia da Informação e
Comunicação aplicados aos conteúdos curriculares.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo sobre a utilização da tecnologia em sala de aula como mecanismo
de inclusão digital, ludicidade dos conteúdos e estratégias governamentais na política
de contenção da evasão escolar dá ênfase a questões conjunturais, relacionadas com o
nível de aproveitamento dos investimentos governamentais em recursos tecnológicos
voltados à área pedagógica. Por sua vez, a utilização destas ferramentas informatizadas
necessita da intervenção do governo, no sentido de direcioná-las, de forma sistemática,
à capacitação dos professores, à dinâmica pedagógica e às políticas de inclusão e
contenção da evasão escolar. O governo, principalmente através de seus investimentos
nesse setor essencial à estruturação social, é um elemento fundamental para esta nova
concepção, mas deve também se munir de estratégias pedagógicas para obter sucesso
nesta empreitada.
A questão é ampla e também é bastante complexa e importante, pois acarreta
discussões sobre a finalidade do computador na escola, reavaliando os objetivos e
estratégias dessa política, ampliando sua atuação e resultados num contexto mais
diversificado, abrangendo outras áreas da administração pública pelas múltiplas
possibilidades de utilização que a tecnologia pode oferecer.
Um imenso investimento tem sido disponibilizado na aquisição de
computadores, mobiliário e equipamentos para prover internet e edificação de
laboratórios de informática, sem, contudo, definir estratégias de utilização deste
„arsenal‟, subutilizando estes recursos e desperdiçando verbas, já que nas escolas
públicas acumulam-se laboratórios de informática sem qualquer ligação com o
contexto pedagógico ou encantamento do alunado por essa tecnologia ou pela própria
escola.
20
A escola analisada apresentou uma realidade recorrente no setor público de
ensino, demonstrando que os recursos destinados a muitas políticas públicas são
suficientes, o que está em falta são direcionamentos, parâmetros, planejamento e a
efetiva destinação destas verbas aos seus objetivos, de forma monitorada, avaliada e
contextualizada às demandas que originam os projetos.
O estudo mostrou que os investimentos existem, e no caso enfocado falta
convergência entre o setor pedagógico e o setor político, voltando à comunidade
escolar e o governo a objetivos comuns: combater a evasão e tornar a escola mais
lúdica com a utilização das ferramentas tecnológicas.
Minicurrículo
Jorge Galdino de Almeida
Graduado em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Pós
Graduando em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), Estudante de Pedagogia na UFPB e do Curso Técnico em Administração
na Escola Técnica do Brasil (Etebrax).
Atualmente atua como Chefe de Gabinete da Prefeitura de Sapé-PB, Agente
de Desenvolvimento do Município e responsável pela Comunicação Institucional da
Prefeitura. Na iniciativa privada é diretor do Instituto de Ensino de Sapé (IES). No
setor sindical, foi presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Sapé e vice-presidente da Federação dos Servidores Públicos Municipais do Estado
da Paraíba (FESPM-PB). Sócio Fundador da Ong – Memorial das Ligas
Camponesas, onde atualmente exerce a função de assessor de comunicação.
E-mails: [email protected] / [email protected]
21
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. E. ProInfo – Informática e Formação de Professores. Secretaria de
Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2000.
DEMO, Pedro. Formação permanente e tecnologias. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 09-
31.
FICHTNER, Berndt. A Psicologia Histórico-Cultural – Contribuições para a
educação do Terceiro Milênio: In Anais do II Congresso Internacional de Educação de
Santa Catarina. Florianópolis,SC. SED, 1998.
GONÇALVES, Marcos Flávio R. Manual do Prefeito. 12.Ed. revista, aum. e atual.
Rio de Janeiro: IBAM, 2005.
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Disponível em:
<http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultado.seam?cid=221749>. Acesso em:
10 nov. 2008.
MARTINS, Claudia; FILHO, Eloy João Losso; STAHELIN , Josemar. As demandas
sócio-educacionais para o Proeja na Região Metropolitana de Florianópolis e a
oferta no Cefet-SC. Disponível em: <http://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/4/40/
CLAUDIA_MARTINS_-_ELOY_JOAO_LOSSO_FILHO_-
_JOSEMAR_STAHBBELIN.pdf> Acesso em: 12 nov. 2008.
MEC – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Salto para o futuro - TV e Informática na
Educação/Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação e
Desporto, SEED, 1998.
PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro. Coleção magistério:
formação e trabalho pedagógico Campinas: PAPIRUS, 1996.
SILVEIRA, S. A. Exclusão Digital – A miséria na era da informação: Fundação
Perseu Abramo, São Paulo, 2001.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. Ed. Porto Alegre:
Brookman, 2001.
WIKIPÉDIA – A enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Sap%C3%A9 >. Acesso em: 03 nov. 2008.
ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia do estudo e de pesquisa em
administração – Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC;
[Brasília]: CAPES: UAB, 2009.
22
APÊNDICE A - Questionário
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL
___________________________________________________________________
PESQUISA SOBRE A UTILIZAÇÃO DA
INFORMÁTICA NO CONTEÚDO CURRICULAR
Caro(a) Professor(a),
Estamos realizando uma pesquisa para avaliarmos de que forma a informática é
utilizada na área pedagógica nas escolas públicas e privadas. Sua colaboração nesta
pesquisa é muito importante na indicação de parâmetros para políticas públicas
relacionadas à utilização da informática na dinamização, ludicidade e complementação
dos conteúdos curriculares ministrados em sala de aula.
Agradecemos sua colaboração neste importante diagnóstico da realidade de
nossas escolas.
1 – Quem utiliza os computadores da sua escola? (pode marcar mais de uma
alternativa).
( ) Alunos;
( ) Professores;
( ) Funcionários.
2 – De que forma esses computadores são utilizados no dia a dia dos alunos e
professores? (pode marcar mais de uma alternativa).
( ) Para pesquisas escolares e edição de textos;
( ) Para aulas de informática tradicionais (digitação, edição de textos, planilhas
eletrônicas, etc.);
( ) Para jogos e atividades recreativas;
( ) Para aulas complementares, laboratório, exibição de vídeos e outros assuntos
relacionados ao complemento e aperfeiçoamento dos assuntos curriculares ministrados
em sala de aula.
3 – Como é a relação dos alunos com os computadores? (pode marcar mais de uma
alternativa).
( ) Eles são monitorados por adultos no momento da utilização dos computadores
para evitar que os computadores sejam danificados;
( ) Professores e/ou monitores ajudam os alunos para que eles aprendam a usar os
computares de forma orientada para os estudos;
( ) Os alunos são impedidos de usar os computadores, pois as máquinas só são
utilizadas por professores e funcionários da escola;
( ) Os alunos utilizam os computadores para pesquisas, entretenimento e aulas de
informática sem qualquer monitoramento de professores e/ou funcionários.
23
4 – Como são desenvolvidas as atividades que são ministradas com a ajuda do
computador?
( ) De forma planejada, quando professores, técnicos e a equipe pedagógica elaboram
atividades educativas voltadas aos conteúdos trabalhados em sala de aula;
( ) São utilizados apenas jogos educativos e incentivo à pesquisa escolar em sites de
busca;
( ) As atividades são relacionadas apenas a utilização do computador como cuidados
básicos, edição de textos, pintura, desenho e planilhas;
( ) As atividades não são planejadas e os computadores são utilizados pelos alunos de
forma aleatória.
5 – Em sua opinião, de que forma as atividades ministradas no laboratório ou sala de
informática ajudam no desenvolvimento do aluno em sala de aula?
( ) Não vejo qualquer contribuição dessas atividades na sala de aula;
( ) Ajudam pouco, pois as atividades utilizando a informática pouco têm a ver com os
conteúdos curriculares aplicados na sala de aula;
( ) As atividades informatizadas são muito importantes, pois complementam de forma
lúdica os conteúdos curriculares;
( ) Existe um intercâmbio de conhecimento, pois estas atividades são trabalhadas de
forma planejada para ajudar os alunos nos conteúdos curriculares aplicados em sala de
aula.
6 – Qual a reação dos alunos diante das aulas no laboratório ou sala de informática.
( ) Contam as horas para começar as aulas com computadores;
( ) Já „enjoaram‟ essas aulas e reclamam da mesmice das atividades;
( ) Eles consideram as aulas com computadores a principal razão de permanecerem
na escola;
( ) Querem que todas as aulas sejam iguais as aulas com computadores: dinâmicas,
interessantes e lúdicas.
7 – Os professores são capacitados para trabalhar conteúdos utilizando computadores?
( ) Sim ( ) Não
8 – De que forma você avalia a relação do uso da informática nas escolas e o combate
à evasão escolar?
( ) A utilização dos computadores pelos alunos mudou consideravelmente as
Estatísticas da evasão escola, causando interesse nos alunos pela a escola e pelos
estudos;
( ) O uso da informática nas escolas não tem qualquer relação com a evasão, pois
nada mudou com a implantação dos computadores na escola;
( ) Os alunos se mantêm na escola mais pelo fato da distribuição da merenda escolar
que pelo uso dos computadores;
( ) A informática nas escolas é mais um incentivo para o aluno permanecer em sala
de aula, pois além de combater a evasão, atrai mais alunos e ajuda no desenvolvimento
geral dos estudos;
9 – Existem políticas públicas para incentivar a utilização da informática como
ferramenta pedagógica de inclusão, combate à evasão e desenvolvimento intelectual
do aluno? Comente sua resposta.
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( ) Sim ( ) Não
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10 – Proponha uma forma de utilizar as aulas nos laboratórios ou sala de informática
para ajudar nos conteúdos que você aplica na sala de aula tradicional.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
11 – Como professor(a), como você se vê diante da utilização de recursos da TIC –
Tecnologia da Informação e Comunicação? Você está preparado para utilizar a
informática e os meios de comunicação em sala de aula?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Nome Completo:
___________________________________________________________________
Professor(a) ( )
Orientador(a) ( )
Coordenador(a) ( )
Supervisor(a) ( )
Outro: _______________________________________
Repartição ou Instituição de Ensino:
___________________________________________________________________
Rede de Ensino: ( ) Pública ( ) Privada
Série(s)/Ano(s) que leciona:
___________________________________________________________________
Disciplina(s) que leciona:
___________________________________________________________________
___________________________________________________
ASSINATURA