a corrupÇÃo governamental no brasil

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ADMINISTRAO, CONTABILIDADE E ECONOMIA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ECONOMIA MESTRADO EM ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO

JOS LUIS SERAFINI BOLL

A CORRUPO GOVERNAMENTAL NO BRASIL: CONSTRUO DE INDICADORES E ANLISE DA SUA INCIDNCIA RELATIVA NOS ESTADOS BRASILEIROS

Porto Alegre 2010

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JOS LUIS SERAFINI BOLL

A CORRUPO GOVERNAMENTAL NO BRASIL: CONSTRUO DE INDICADORES E ANLISE DA SUA INCIDNCIA RELATIVA NOS ESTADOS BRASILEIROS

Dissertao apresentada ao Programa de Ps Graduao em Economia da Faculdade de Administrao, Contabilidade e Economia como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Economia do Desenvolvimento na Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof. Dr. Adelar Fochezatto.

Porto Alegre 2010

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DEDICATRIA

Este trabalho dedicado aos meus amores Cntia, Helosa, Antnio e especialmente Dolly (in memorian), nossa grande companheira que partiu antes da concluso desta obra.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Adelar Fochezatto, pelas sugestes precisas e objetivas, principalmente na elaborao dos indicadores.

Ao Prof. Andr Carraro, pelo companheirismo e pela pacincia dedicada nos nossos quase infindveis debates sobre o tema.

Ao meu colega Eduardo Jos Costa Mello por sua valorosa contribuio e apoio.

A todos aqueles que colaboraram e me incentivaram na realizao deste trabalho.

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RESUMO

O tema estudado no presente trabalho a corrupo governamental, tendo como objetivo geral mensur-la no Brasil e nos estados brasileiros por meio de indicadores objetivos. As principais pesquisas sobre corrupo tm dado nfase s suas causas, ao comportamento dos agentes envolvidos e a como ela pode afetar os investimentos pblico, privado e o desenvolvimento econmico. H, contudo, uma lacuna na forma de medi-la, especialmente no caso brasileiro, pois as medidas existentes fornecem um indicador nico para o Pas no levando em conta as diferenas regionais. Para efetuar a anlise, foram desenvolvidos indicadores compostos objetivos, os quais possibilitam compreender melhor o comportamento da corrupo governamental nos estados brasileiros e, por conseqncia, no Brasil utilizando como fonte principal de dados o Cadastro de Contas Irregulares do Tribunal de Contas da Unio Cadirreg. Alm de prover matria-prima essencial para a anlise da corrupo governamental pela comunidade acadmica, a disponibilidade de um conjunto de indicadores estaduais possibilita que os rgos de controle dos gastos pblicos possam desenvolver aes localizadas visando reduzir sua ocorrncia.

Palavras-chave: corrupo; corrupo governamental; indicadores de corrupo, mensurar corrupo; Cadirreg-TCU.

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ABSTRACT

The subject studied in this work was government corruption and aimed to measure corruption in Brazil and the Brazilian states by objective indicators. The main research on corruption has stressed in its causes, the behavior of the agents involved and how it may affect the investment public, private and economic development. However, there is a gap in the way of measuring it, especially for the Brazilian case, because the existing measures provide a single indicator for the country not taking into account regional differences. To perform this analysis, composite indicators were developed which allowed goals to better understand the behavior of government corruption in the Brazilian states and consequently in Brazil using data as the main source of the Cadastro de Contas Irregulares do Tribunal de Contas da Unio - Cadirreg. Besides providing essential raw material for the analysis of government corruption by the academic community, the availability of a set of indicators allows the state organs of control of public spending to develop local actions to reduce their occurrence.

Key words: corruption, government corruption, indicators for corruption, measures for Corruption, Cadirreg-TCU.

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LISTA DE ABREVIATURAS ABI Associao Brasileira de Imprensa Cadirreg Cadastro de Irregularidades do Tribunal de Contas da Unio CGU Controladoria Geral da Unio CNBB Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil CNUCC Conveno das Naes Unidas Contra a Corrupo ENCCLA Estratgia Nacional de Combate Corrupo e a Lavagem de Dinheiro ICB Indicador de Corrupo Governamental no Brasil ICE Indicador de Corrupo Governamental Estadual ICRG International Country Risk Guide IDH ndice de Desenvolvimento Humano IPC-TI ndice de Corrupo Percebida da Transparncia Internacional IPEA Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas LDO Lei de Diretrizes Oramentrias LOA Lei Oramentria Anual OAB Ordem dos Advogados do Brasil OEA Organizao dos Estados Americanos ONU Organizao das Naes Unidas OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico OGU Oramento Geral da Unio PG Pacto Global PIB Produto Interno Bruto PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PPA Plano Plurianual SGCEx Secretaria Geral de Controle Externo TCU Tribunal de Contas da Unio TI Transparncia Internacional UF Unidade da Federao UNODC Escritrio das Naes Unidas Sobre Drogas e Crime

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SUMRIOINTRODUO 1. REVISO DA LITERATURA 1.1 CONCEITUANDO CORRUPO GOVERNAMENTAL 1.2 O COMBATE A CORRUPO GOVERNAMENTAL 1.3 O DEBATE ACADMICO SOBRE CORRUPO E ECONOMIA 1.3.1 A CORRUPO E O CRESCIMENTO ECONMICO 1.3.2 A CORRUPO E O INVESTIMENTO PBLICO 1.3.3 A CORRUPO E A INFLAO 1.3.4 A CORRUPO E OS INDICADORES SOCIAIS 1.3.5 AS RECENTES PESQUISAS SOBRE CORRUPO NO BRASIL 2. METODOLOGIA 2.1 AS SRIES DE DADOS UTILIZADAS 2.1.1 O NDICE DE CORRUPO PERCEBIDA DA TRANSPARNCIA INTERNACIONAL 2.1.2 O CADASTRO DE CONTAS JULGADAS IRREGULARES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO 2.1.3 A LEI ORAMENTRIA ANUAL FEDERAL 2.1.4 A POPULAO POR ESTADOS 2.1.5 O PRODUTO INTERNO BRUTO POR ESTADOS 2.2 OS INDICADORES SIMPLES E COMPOSTOS 2.2.1 A NORMALIZAO DOS INDICADORES SIMPLES 3. A CONSTRUO DOS INDICADORES DE CORRUPO GOVERNAMENTAL E SUA ANLISE DE ACORDO COM OS OBJETIVOS PROPOSTOS 3.1 O INDICADOR DE CORRUPO GOVERNAMENTAL ESTADUAL 3.2 O INDICADOR DE CORRUPO GOVERNAMENTAL NO BRASIL 4. CONSIDERAES FINAIS REFERNCIAS APNDICE 1 APNDICE 2 APNDICE 3 APNDICE 4 APNDICE 5 44 44 48 51 53 58 63 64 68 72 25 30 33 35 37 43 22 9 13 13 15 17 17 18 19 19 20 22 22

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INTRODUO

A corrupo um fenmeno intrnseco s relaes sociais e sua origem data dos primrdios da humanidade. Nas ultimas dcadas, o seu estudo tem despertado interesse nos meios acadmicos e tambm em instituies pblicas e privadas, com o objetivo de compreender quais os motivos que levam os agentes envolvidos a cometerem tais delitos, analisar seu comportamento e tambm medir os danos causados por essas prticas ilcitas no mbito econmico, no poltico e no social. Por se tratar, geralmente, de atos criminosos praticados em carter sigiloso, medir a corrupo sempre foi um obstculo quase intransponvel para os pesquisadores, tanto pela dificuldade de acesso como pela indisponibilidade de informaes necessrias para a aferio. Atualmente, no Brasil, os recursos pblicos tm sido o principal alvo do crime organizado, juntamente com o trfico de entorpecentes e a sonegao fiscal, por envolver, principalmente, grandes volumes de recursos, proporcionando um retorno financeiro considervel aos agentes envolvidos. Os avanos proporcionados pela informtica tm possibilitado o desenvolvimento de ferramentas de controle e maior transparncia com relao aos gastos pblicos, possibilitando, dessa forma, medir a corrupo praticada com recursos pblicos de maneira objetiva, ou seja, sem o acrscimo de impresses pessoais ao indicador.

Dentre as medidas de corrupo disponveis, a mais conhecida e utilizada para estudos sobre corrupo o ndice de Corrupo Percebida da Transparncia Internacional (IPC-TI). Esse ndice usado para comparar o nvel de corrupo percebida em cerca de 130 pases por meio de um ranking. subjetivo e elaborado com base em opinies expressas em questionrios que so aplicados nos pases estudados e tambm com informaes fornecidas por institutos de pesquisas. Por tratar de corrupo percebida, o IPC-TI tem sido alvo de crticas por parte de instituies pblicas e privadas que atuam no combate corrupo, no Brasil, especialmente pela relao existente entre a sua percepo pela populao e as aes para seu combate desenvolvidas no Pas, na ltima dcada, no sentido de que, quanto mais se a combate, maior a exposio do tema na mdia e mais a populao tem a percepo de que ela aumenta, fato que justificaria um possvel viesamento do IPC-TI.

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Ora, bvio ululante que a percepo sobre a corrupo aumenta quando se ouve falar mais do assunto. E, no Brasil, foi nos ltimos anos que mais se falou no assunto, exatamente porque o combate corrupo passou a ser uma meta e uma prioridade de Governo. 1 (Comentrios do Ministro do Controle e da Transparncia, Dr. Jorge Hage, sobre o ndice de Corrupo Percebida da Transparncia Internacional, em 24/9/08).

Alm disso, Abramo (2005), que tambm diretor executivo da Transparncia Brasil, ONG dedicada ao combate corrupo no Pas, afirma que existem dvidas sobre a consistncia das pesquisas disponveis que utilizam o IPC-TI, enfatizando a impreciso e a dificuldade de se constituir uma correlao efetiva entre a corrupo existente num pas e sua percepo pela populao.

Diante das crticas e dos questionamentos referentes ao IPC-TI, pode-se afirmar a necessidade de se desenvolver um indicador de corrupo direto e objetivo para o Brasil, com metodologia diferenciada da utilizada pela TI, o que constitui o principal objetivo desta pesquisa. Alm disso, o IPC-TI nico para o pas, no considerando as diferenas regionais existentes, sendo tambm objeto de investigao com a finalidade de identificar a incidncia da corrupo nos estados brasileiros, fato que pode ser considerado relevante para o estudo de polticas pblicas e finanas governamentais, para a elaborao de estratgias visando o combate corrupo governamental no Brasil e tambm como contribuio para a discusso desenvolvida na linha de pesquisa de Economia Regional da Pontifcia Universidade Catlica (PUCRS) qual este mestrando est vinculado, surgindo da os problemas de pesquisa a serem solucionados:

- a elaborao de indicadores de corrupo governamental objetivos para os estados brasileiros; e, - a elaborao de um indicador de corrupo governamental objetivo para o Brasil.

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Disponvel em www.cgu.gov.br, acessado em setembro/2009.

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Com isso pretende-se, inicialmente, respaldar as respostas aos seguintes questionamentos:

- a incidncia da corrupo governamental nos estados brasileiros uniforme de acordo com o ndice fornecido pela TI, ou apresenta diferenas? - quais estados brasileiros podem ter o comportamento da corrupo governamental explicado pelo IPC-TI? - o ndice subjetivo elaborado pela TI para o Brasil reflete o comportamento da corrupo governamental aferida por um indicador objetivo?

Conforme Reinikka e Svenson (2003), existem trs maneiras para medir a corrupo no nvel microeconmico: por meio do rastreamento dos gastos pblicos, por meio da avaliao da eficincia dos servios pblicos prestados e pela avaliao da conduta individual dos responsveis pelas empresas que fornecem bens e servios ao setor pblico.

A maneira adotada na presente pesquisa para mensurar a corrupo governamental foi o rastreamento dos gastos pblicos, atravs da anlise das irregularidades praticadas por agentes responsveis pela execuo dos gastos pblicos federais disponveis no Cadastro de Contas Irregulares do Tribunal de Contas da Unio (Cadirreg).

A escolha do tema deve-se ao fato de se acreditar ser interessante e oportuno abordar academicamente um assunto que est na pauta diria das aes de controle que visam boa aplicao dos recursos pblicos no Brasil. Alm de prover matria prima essencial para a anlise da corrupo governamental, a

disponibilidade de um conjunto de indicadores estaduais possibilita que os rgos de controle dos gastos pblicos possam desenvolver aes localizadas visando reduzir a sua ocorrncia. A construo dos indicadores teve o objetivo de possibilitar a anlise e a interpretao das informaes com maior facilidade, tornando-as compreensveis aos usurios, especialmente comunidade acadmica e aos que atuam no controle dos gastos pblicos no Brasil.

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O trabalho est estruturado em quatro partes, alm desta introduo, contendo a reviso da literatura sobre corrupo, a apresentao da metodologia, a construo dos indicadores e as consideraes finais. A reviso da literatura sobre corrupo aborda a conceituao da corrupo governamental e os principais trabalhos acadmicos sobre o tema. Na metodologia, so apresentadas as sries de dados e as tcnicas utilizadas para a elaborao dos indicadores simples e compostos que constituram o Indicador de Corrupo Governamental por Estados (ICE) e o Indicador de Corrupo Governamental Brasil (ICB) cuja construo se apresenta na parte seguinte; e nas consideraes finais, encontram-se observaes relevantes e propostas de encaminhamentos.

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1 REVISO DA LITERATURA 1.1 Conceituando Corrupo Governamental

A corrupo considerada um fenmeno que afeta todos os pases, cuja causa, conforme definida por Treisman (2000), est associada a aspectos histricos, culturais, a instituies polticas e a polticas governamentais, por tradies e nveis de desenvolvimento econmico.

A palavra corrupo reporta ruptura, e esta acontece quando um indivduo rompe ou quebra regras que regem a sua insero no coletivo para obter algum tipo de vantagem individual. Segundo a definio da Transparncia International, A Corrupo operacionalmente definida como o abuso de poder utilizado para obter benefcios em fins privados 2. Na mesma linha, Tanzi (1998) afirma que a corrupo indica o rompimento de um cdigo de conduta moral, social ou regra administrativa, e, para haver tal rompimento, tambm necessrio que os agentes envolvidos consigam algum tipo de benefcio para si prprio, ou seja, uma compensao pelo ato de corrupo, mais conhecida como propina. As formas de propina tm evoludo exigindo dos agentes corruptos um maior grau de especializao para que possam cometer seus delitos, especialmente com recursos pblicos, que atualmente tambm um ramo de atuao do crime organizado.

Silva et al (2001) afirmam que a corrupo no apenas uma questo a ser tratada pela polcia, mas um fenmeno cientfico, passvel de ser abordado academicamente. Nesse sentido, diversas reas do conhecimento, conforme Andwig et al (2000) tm desenvolvido estudos sobre o fenmeno da corrupo, como as Cincias Polticas, a Antropologia, o Direito e a Economia.

Por ser um tema amplo e para possibilitar seu estudo, Del Monte e Papagni (2001) dividiram as causas da corrupo em trs grandes categorias: econmicas, polticas e culturais. As econmicas esto vinculadas principalmente obteno de2

Texto elaborado com base nas informaes http://www.transparency.org, em setembro de 2009.

disponveis

em

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vantagens financeiras ilegais por parte dos agentes envolvidos. As causas polticas esto diretamente associadas ao poder poltico dos agentes envolvidos e sua influncia para a alocao dos recursos pblicos na regio de sua base eleitoral com a finalidade de obteno de apoio (votos). J nas causas culturais, a corrupo est ligada a crenas, religio predominante, idias, influncia dos meios de comunicao e comportamento social, ou, ainda, ao modo como uma sociedade tolera tanto ela como os agentes corruptos.

A forma de corrupo investigada na presente pesquisa a governamental ou aquela que ocorre quando os agentes envolvidos rompem os cdigos de conduta que regulamentam sua atuao no setor pblico para obterem ilicitamente a sua recompensa financeira com o desvio de recursos pblicos. A abordagem sobre corrupo governamental, por vezes, confunde-se com a de corrupo burocrtica, mas a principal diferena que a governamental ocorre exclusivamente no setor pblico, enquanto a burocrtica est voltada principalmente para o estudo do comportamento dos agentes e dos cenrios possveis para a sua prtica nos setores pblico e privado, tendo como base principal a anlise microeconmica.

Diversos autores elaboraram definies para a corrupo burocrtica que tambm se aplicam corrupo governamental, e, dentre eles, destacam-se:

- Macrae (1982), que define o ato como sendo uma troca particular de favores, na qual existe a influncia dos agentes envolvidos na alocao dos recursos pblicos, caracterizando abuso no uso de responsabilidades pblicas para fins privados; - Shleifer e Vishny (1993) que a definem como venda ilegal de propriedade pblica para a obteno de vantagens particulares; e - Andwig (2000) que a caracteriza como sendo aquela em que o comportamento do agente pblico se desvia das obrigaes formais do cargo para obter de vantagens pessoais, como recursos financeiros, ou status.

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O Cdigo Penal Brasileiro3 tambm classifica a corrupo governamental como delito no ttulo XI - Dos Crimes Contra a Administrao Pblica, que podem ocorrer de duas formas:

- crimes cometidos por funcionrio pblico contra a administrao em geral, que configuram a corrupo passiva; e, - crimes cometidos por particular contra a administrao em geral, que caracterizam a corrupo ativa. De acordo com os conceitos e definies apresentadas, pode-se definir a corrupo governamental como o uso ilegal, por parte de governantes, funcionrios pblicos e agentes privados, do poder discricionrio, poltico e financeiro de organismos ou agncias governamentais. Esse uso ilegal tem por objetivo transferir de maneira criminosa pblica ou privada para determinados indivduos ou grupos ligados por laos de interesse comum. O resultado desse ato ilcito pode ser medido pelo dano causado ao Errio com a m aplicao, desvio ou apropriao indevida de recursos pblicos. 1.2 O Combate Corrupo Governamental Jain (2001) refere-se corrupo governamental como uma transgresso de regras por parte dos agentes envolvidos, na qual o poder do cargo pblico usado para a obteno de ganhos pessoais, ocorrendo quando existe a juno de trs fatores: - existncia de poderes discricionrios4 para a alocao de recursos; - volume considervel de recursos envolvidos; e - baixa probabilidade de deteco da fraude associada ao baixo nvel de punies aplicadas.

3 4

Decreto-Lei n. 2.848, de 7/12/1940. Conforme definio apresentada pelo jurista Hely Lopes Meirelles, o Poder Discricionrio aquele que o Direito concede Administrao, de modo explcito ou implcito, para a prtica de atos administrativos, com liberdade na escolha de sua convenincia, oportunidade e contedo (2003, p.114).

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As principais aes de combate corrupo governamental desenvolvidas pelo Brasil na ltima dcada tm atacado especificamente esses trs fatores, com a participao em estratgias nacionais e internacionais, conforme detalhado no Apndice 1.

As aes que visam ao aperfeioamento da legislao vigente tm por objetivo reduzir os poderes discricionrios dos agentes responsveis pela aplicao dos recursos pblicos e tambm tipificar os atos corruptos como crimes, possibilitando a aplicao de penas. Por se tratar de um grande volume de recursos pblicos, o aperfeioamento dos mecanismos de controle essencial para a deteco de fraudes, como a transparncia pblica com relao aos gastos, o fomento ao controle social e a criao de estratgias de controle baseadas em informaes produzidas por setores de inteligncia que possibilitem melhor controle dos gastos. O desencadeamento de aes especficas, como operaes especiais de combate ao crime organizado desenvolvidas pelos rgos de controle interno e externo, Polcia Federal e demais instituies envolvidas no combate corrupo governamental, assim como a integrao desses rgos, tem sido prioridade do Governo Federal na ltima dcada.

Com relao s punies, a Controladoria-Geral da Unio (CGU), como rgo central de correio do Poder Executivo Federal, j exonerou do servio pblico, mediante Processo Disciplinar, 2.3985 servidores pblicos estatutrios at o final de 2009.

importante compreender as aes de combate corrupo governamental no Brasil, pois seguidamente so objeto de divulgao na mdia, podendo afetar a percepo da corrupo por parte da populao, influenciando o comportamento do ndice elaborado pela Transparncia Internacional, apresentado no tpico 2.1.1.

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Relatrio de acompanhamento das punies expulsivas aplicadas a estatutrios no mbito da administrao pblica federal Controladoria-Geral da Unio, acessado em www.cgu.gov.br, em janeiro/2010.

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1.3 O Debate Acadmico sobre Corrupo e Economia

O debate acadmico sobre os efeitos da corrupo na economia teve incio com Leff (1964), tendo seqncia com Huntington (1968). O resultado dos estudos de ambos os autores indicava que a corrupo poderia contribuir positivamente para a eficincia econmica, pois a propina seria um fator que agilizaria os trmites burocrticos, evitando aos indivduos a demora ao acesso a servios pblicos e servindo, ainda, como incentivo para que os funcionrios pblicos trabalhassem mais, aumentando sua produtividade. Conforme Abramo (2005), antes de 1978, a corrupo era tratada na literatura acadmica como uma acidentalidade, pouco importante e at benfica para a eficincia econmica. A partir de 1978, RoseAckerman (1978) verificou que o impacto da corrupo sobre a economia e as organizaes pblicas e polticas era mais danoso do que at ento se afirmava, e, a partir desse estudo, declinou a popularidade da interpretao da corrupo como lubrificante benfico para a eficincia econmica.

Ades e Di Tella (1997) concluram que a corrupo estaria mais prxima de areia nas engrenagens do que de lubrificante, pois, se a corrupo agisse como tal, altos ndices de suborno estariam diretamente relacionados a altos ndices de eficincia burocrtica, fato que no foi confirmado. Ao longo dos anos 90, foram desenvolvidos diversos trabalhos empricos sobre a corrupo e a sua relao com outros fenmenos econmicos, como crescimento, investimento pblico, inflao, indicadores sociais e sua anlise no mbito microeconmico, os quais sero apresentados a seguir. 1.3.1 A Corrupo e o Crescimento Econmico

Paolo Mauro foi pioneiro no uso de anlise tipo cross-section para estimar os efeitos de como o crescimento econmico afetado pela corrupo. Da sua pesquisa, podem-se destacar os seguintes resultados:

- reduo dos incentivos ao investimento - os empreendedores tm cincia de que, com a corrupo, parte dos lucros de seus investimentos futuros pode ser reivindicada por funcionrios pblicos corruptos (Mauro, 1997);

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- reduo da eficincia dos fluxos de auxlio - o desvio de recursos pblicos destinados a projetos sociais leva a uma diminuio no volume de recursos dos fundos de auxlio, pois muitos doadores desistem de realizar doaes (Mauro, 1997); - perdas de arrecadao tributria ocorrem quando existe corrupo pelo uso indevido de isenes arbitrrias na tributao, ou evaso fiscal (Mauro, 1997); - m alocao de recursos em contratos de licitao pblica ocorre nos casos de fraudes praticadas em licitaes, levando o setor pblico contratao de servios com qualidade inferior, ou pago e no executado (Mauro, 1998); - efeito negativo da corrupo na composio das despesas do governo. Mauro (1998) verificou que corrupo e gastos governamentais com educao se relacionam negativamente. Os agentes pblicos corruptos preferem executar tipos de despesas por meio das quais possam coletar subornos, portanto, os gastos com educao e sade so preteridos com relao aos destinados a grandes obras, onde mais fcil desviar verbas e coletar propinas.

Silva et al (2001), por meio de estimativas economtricas, tambm avaliaram o impacto da corrupo no crescimento econmico de uma nao e verificaram que ela um fenmeno que reduz a produtividade do capital, implicando na reduo do produto por trabalhador na economia e apresentando impacto negativo direto na taxa de juros de longo prazo.

Carraro (2003) desenvolveu em sua tese de doutorado, um modelo de equilbrio geral para avaliar o impacto da corrupo sobre o crescimento econmico e estimou que o custo da corrupo no Brasil, em 1998, representou 11,36% do Produto Interno Bruto (PIB). 1.3.2 A corrupo e o investimento pblico

Os autores Tanzi e Davoodi (1997), em sua pesquisa, concluram que a corrupo distorce as decises com relao ao investimento pblico. O grau de distoro ainda maior quando as instituies pblicas carecem de controle, principalmente de auditoria. Os estudos indicam que a corrupo est associada diretamente ao aumento do investimento pblico, diminuio da receita do

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governo, reduo de gastos em operaes e manuteno e baixa qualidade das infraestruturas pblicas. A evidncia emprica tambm mostra que a corrupo incentiva o aumento do investimento pblico e reduz a sua produtividade. A

concluso dos autores induz ao fato de que, quanto mais recursos estiverem disponveis aos agentes corruptos, maior a possibilidade de desvi-los e, com isso, maior a necessidade de aumentar o volume de recursos disponveis atravs dos investimentos pblicos. 1.3.3 A corrupo e a inflao

Al-Marhubi (2000) estudou a relao entre corrupo e inflao e concluiu que, em governos com elevada evaso fiscal, os altos custos para recolhimento de impostos atuam como incentivo para buscar receita atravs da cobrana de propina. Os negcios reagem corrupo com a informalidade e, por conseqncia, recebem os efeitos negativos da inflao. A corrupo pode levar fuga de capitais do Pas, reduzindo o volume de ativos taxveis, com reduo das receitas e elevao dos gastos pblicos, contribuindo tambm para o aumento dos dficits fiscais e desencadeando conseqncias inflacionrias em naes com mercados financeiros menos desenvolvidos. O autor verificou ainda que um nvel elevado de corrupo est diretamente associado alta da inflao. 1.3.4 A corrupo e os indicadores sociais

Akay (2006), em seu estudo, explorou a relao entre corrupo e ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) em uma amostra de 63 pases. A fim de testar o impacto da corrupo sobre o desenvolvimento humano, trs diferentes ndices de corrupo foram utilizados. Os resultados dos testes revelaram que existe uma relao estatstica negativa e significativa entre os IDH e a corrupo. A evidncia emprica do estudo sugeriu que pases mais corruptos tendem a ter nveis mais baixos de desenvolvimento humano. O estudo ampliou a lista das consequncias negativas da corrupo, com o argumento de que ela, em todos os seus aspectos, retarda o desenvolvimento humano. 1.3.5 As recentes pesquisas sobre corrupo no Brasil

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As recentes pesquisas efetuadas no Brasil sobre corrupo tm buscado analisar seu comportamento especialmente no mbito microeconmico. Tais pesquisas integram uma nova tendncia de abordagem econmica desse problema. Os economistas esto buscando entender suas causas e consequncias e de que forma ela se relaciona e afeta outros fenmenos econmicos. Em Carraro e Hillbrecht (2003) so desenvolvidos modelos microeconmicos de corrupo burocrtica, revelando caractersticas, padres e como a sociedade brasileira reage a ela. Em outro trabalho realizado por Carraro e Dame (2007), so avaliados os efeitos da educao com relao corrupo, apresentando-se resultados surpreendentes. Segundo os autores, a educao afeta diretamente a corrupo, isto , quanto mais instrudas so as pessoas, maior a tendncia de que elas se aproveitem das falhas e no as combatam. Os indivduos percebem que podem maximizar seus ganhos se forem atrs de oportunidades ilcitas junto ao setor pblico, exatamente o comportamento oposto ao esperado de agentes com melhor grau de formao.

Garcia (2003) avaliou a corrupo no setor de obras rodovirias por meio de um questionrio aplicado junto s empresas de engenharia no Estado do Rio Grande do Sul, em 2002. Os questionrios buscaram identificar a fora do sindicato das empresas do setor, a oferta de propinas, o poder discricionrio dos agentes pblicos e como estes afetam o comportamento da corrupo especificamente nesse setor. A metodologia utilizada no trabalho desenvolvido assemelha-se do ndice de Percepo da Corrupo elaborado pela Transparncia Internacional, podendo apresentar inconsistncias de carter metodolgico especialmente sobre a confiabilidade dos resultados obtidos atravs da aplicao de questionrios junto s empresas de engenharia. Conforme Mauro (1997), sendo a corrupo um fenmeno praticado de maneira ilegal e clandestina, impossvel sua medio por meio de estatsticas oficiais ou entrevistas, pelo simples fato de que, se os agentes envolvidos praticam atos corruptos dificilmente os revelaro em questionrios ou pesquisas de opinio. Outro aspecto a ser levantado o escopo limitado de aplicao dos questionrios, pois as maiores empresas de engenharia que atuam no setor de obras rodovirias esto sediadas no Estado de So Paulo, e, atualmente, as maiores obras esto localizadas no eixo centro-oeste norte do Brasil.

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Cabe ainda destacarem-se os trabalhos realizados por Cludio Ferraz, pois foram os primeiros no Brasil a abordar a corrupo utilizando bases de dados municipais. Em Ferraz e Finan (2008), avaliado o efeito da corrupo nas eleies, com base em uma amostra de 493 municpios de menos de 450.000 habitantes do Programa de Fiscalizao a partir de Sorteios Pblicos, lanado em 2003 pela Controladoria Geral da Unio. O estudo mostra que a divulgao dos resultados do Programa de Fiscalizao da CGU proporcionou uma reduo mdia de 20% nas chances de os prefeitos serem reeleitos. Em cidades com rdio local, a reduo foi de 40%, e as cidades com prefeitos reeleitos tiveram perdas por corrupo cerca de 57% maiores do que as com prefeitos em primeiro mandato.

Em outra pesquisa, Ferraz, Finan e Moreira (2009) analisam o resultado da auditoria realizada pela CGU em 365 municpios, entre 2001 e 2004, verificando que a nota dos alunos que estudavam nos municpios onde houve m aplicao ou desvio de recursos foi menor do que a daqueles em outras localidades onde isso no ocorreu. Eles concluram que o desvio e a m gesto dos recursos repassados para as escolas pblicas brasileiras tm gerado efeitos colaterais danosos para alunos e professores, alm de prejudicar diretamente o potencial de crescimento econmico do Pas.

A principal crtica que se pode fazer com relao aos trabalhos desenvolvidos pelos autores reside na base de dados utilizada, pois os dados referentes aos sorteios realizados pela CGU contm as concluses dos auditores antes da instncia final de julgamento, podendo sofrer alteraes posteriores, o que pode afetar os resultados obtidos nas pesquisas.

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2. METODOLOGIA 2.1 As sries de dados utilizadas

Sendo um dos objetivos desta pesquisa responder se o ndice subjetivo elaborado pela TI para o Brasil reflete o comportamento da corrupo governamental aferida por um indicador objetivo, cabe apresentar-se

preliminarmente aos dados, a metodologia adotada para seu clculo e as principais crticas feitas ao ndice de Corrupo Percebida da Transparncia Internacional.

Para a construo dos indicadores, utilizou-se como fonte principal, o Cadastro de Contas Irregulares do Tribunal de Contas da Unio. Foram tambm aplicadas as sries de dados da Lei Oramentria Anual (LOA), da populao dos estados e do Produto Interno Bruto estadual, cuja apresentao ser feita em tpicos especficos a seguir. 2.1.1 O ndice de Corrupo Percebida da Transparncia Internacional

O ndice elaborado pela Transparncia Internacional utiliza como base as percepes sociais ou de que forma a sociedade percebe a corrupo, sendo uma medida indireta que espera avaliar se uma populao em confronto com a corrupo na sua vida diria tem a percepo de que existe corrupo numa determinada dimenso.

A percepo social varia ao longo do tempo e pode sofrer influncia da mdia por meio da divulgao dos escndalos do momento ou mesmo das prprias aes desenvolvidas no combate corrupo, refletindo que se houver muitos casos de corrupo, haver igualmente a divulgao de muitos escndalos, e, por sua vez, o ndice tender a se reduzir (aumento da corrupo percebida), mesmo se essa divulgao for decorrente do esforo para combat-la.

Dessa forma, parece indiscutvel que essa metodologia sendo baseada na percepo contm o risco de que o resultado seja influenciado por razes subjetivas mais do que pela participao do indivduo, direta, ou no, em uma experincia de

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corrupo. Esse ndice foi construdo por pesquisadores da Universidade de Gottingen e calculado desde 1995. Pode-se dizer que o indicador mais utilizado internacionalmente em pesquisas sobre corrupo. Ele construdo com base em 17 inquritos realizados por 13 instituies independentes (como Banco Mundial, Gallup, Columbia University, Economist Intelligence Unit, etc.) em 133 pases. 6 Os dados harmonizados so transformados numa escala de 10 (totalmente honesto) a zero (totalmente corrupto), de acordo com o nvel de percepo dos respondentes de cada pas (gestores, acadmicos, analistas de risco) em relao corrupo de polticos e funcionrios pblicos. Como esse estudo restrito ao caso brasileiro, apresentam-se a seguir o IPC-TI e a posio ocupada pelo Brasil no ranking de corrupo percebida, no perodo 1998 a 2008, na tabela 1 e nos grficos 1 e 2. Tabela 1 ndice de Corrupo Percebida e posio do Brasil no ranking da Transparncia Internacional 1998-08Discriminao ndice TI Posio TI 1998 4,0 46 1999 4,1 45 2000 3,9 49 2001 4,0 46 2002 4,0 45 2003 3,9 54 2004 3,9 59 2005 3,7 63 2006 3,3 70 2007 3,5 72 2008 3,5 80

FONTE: Transparncia Internacional7 Grfico 1 ndice de Corrupo Percebida da Transparncia Internacional para o Brasil - 1998-08IPC-TI4,2 4,1 4,0 3,8 3,7 3,6 3,5 3,4 3,3 3,2 3,0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 3,5 4,0 3,9 4,0 4,0 3,9 3,9

FONTE: Transparncia Internacional86

LAMBSDORFF, Johann Graf, Background Paper to the 2003 Corruption Perceptions Index, Transparency International (TI) and University of Passau, September 2003 7 Em www.transparency.org, acessado em setembro 2009. 8 Em www.transparency.org, acessado em setembro 2009.

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O IPC-TI varia em uma escala de zero a 10, sendo que zero indica a maior corrupo percebida, e 10, a menor. Conforme observado no Grfico 1, a percepo de corrupo para o Brasil aumentou no perodo 1998-08, avanando de 4,0 para 3,5, o que tambm se refletiu numa pior classificao no ranking da TI, conforme observado no Grfico 2, passando da 40 posio em 1998 para a 80 em 2008. Grfico 2 Posio do Brasil no ranking da Transparncia Internacional

Posio90 80 70 60 50 40 30 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 54 46 45 49 46 45 59 63 70 72 80

FONTE: Transparncia Internacional9.

As principais crticas com relao ao IPC-TI so:

- a Transparncia Internacional justifica ter optado por um ndice composto, pois os estudos feitos nacionalmente no possibilitam a comparao entre pases. No entanto, a TI utiliza, para a elaborao do ndice, estudos independentes realizados nos pases que compem o ranking, adotando amostras e metodologias distintas entre eles; - a definio de corrupo varia nos pases pesquisados, sendo questionado, inclusive, se os fenmenos medidos so semelhantes para permitir a sua comparao. Embora questionada qual a definio utilizada para o crime de corrupo, no feita distino entre corrupo governamental, poltica e social nos pases pesquisados; - as tcnicas de amostragem so diferentes, o que pode originar inconsistncias com relao s respostas apresentadas, pois podem variar

9

Em www.transparency.org, acessado em setembro 2009.

25

dependendo do conhecimento do entrevistado sobre o assunto, seu nvel de renda, formao cultural, etc.; - o IPC-TI classifica a corrupo como sendo um fenmeno unidimensional que varia ao longo do tempo, sem distino dos tipos de corrupo existentes.

O IPC-TI no foi utilizado na elaborao dos indicadores propostos como problema de pesquisa, mas como parmetro de comparao dos mesmos, a fim de responder s questes investigadas para se atingirem-se os objetivos propostos. 2.1.2 O Cadastro de Contas Julgadas Irregulares pelo Tribunal de Contas da Unio

Preliminarmente, necessrio analisar-se a forma de atuao do Tribunal de Contas da Unio (TCU)10, sua competncia e funcionamento, para compreender-se o contedo da base de dados do Cadirreg. As atribuies do TCU esto previstas no artigo n. 71 da Constituio de 1988. Essas atribuies, associadas s inspees e auditorias, fazem com que o TCU atue de maneira preventiva, inibindo a prtica de irregularidades. Ele tambm busca atuar de maneira repressiva, combatendo os abusos, as fraudes, as irregularidades ou atos de improbidade, podendo condenar os responsveis a pagarem seus dbitos e/ou multas por ocasio do julgamento das contas. O TCU um rgo colegiado, e suas deliberaes so proferidas em plenrio ou em suas cmaras, em sesses ordinrias e extraordinrias. O Tribunal recebe, periodicamente, as tomadas e prestaes de contas de suas unidades jurisdicionadas, que so os rgos da administrao pblica federal e de todos aqueles responsveis pela gesto de recursos pblicos federais. As contas apresentadas so analisadas a posteriori, sob os aspectos de legalidade, legitimidade, economicidade, eficincia e eficcia, e, aps sua apreciao, so julgadas:

10

Texto elaborado com base nas informaes disponveis em http://daleth.cjf.jus.br/revista/seriepesquisas10.pdf, acessado em setembro/2009.

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- regulares, quando expressam a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gesto do responsvel; - regulares com ressalvas, quando detectada a existncia de impropriedades ou faltas de natureza formal que no resultem em danos ao errio; - irregulares quando caracterizadas a omisso no dever de prest-las, a prtica de ato de gesto ilegal, ilegtimo, antieconmico, a infrao norma legal ou regulamentar de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional ou patrimonial, a ocorrncia de dano ao errio decorrente de ato de gesto ilegtimo ou antieconmico, quando apurado desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores pblicos e a reincidncia no descumprimento de

determinaes do Tribunal; e - iliquidveis, quando for impossvel o julgamento de mrito. Quando as contas so julgadas irregulares, as penalidades mais comumente aplicadas, de acordo com o caso, so:

- multa, para os casos de infrao norma legal ou regulamentar de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional ou patrimonial e de reincidncia no descumprimento de determinaes do Tribunal; - multa e recolhimento do valor do dbito apurado, quando caracterizada omisso no dever de prestar contas; verificada ocorrncia de dano ao Errio decorrente de ato de gesto ilegtimo ou antieconmico e quando apurado desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores pblicos. O resultado financeiro das contas julgadas irregulares encontra-se registrado no Cadirreg. O cadastro histrico rene o nome de todas as pessoas, fsicas ou jurdicas, vivas ou falecidas, detentoras, ou no, de cargo e/ou funo pblica, que tiveram suas contas julgadas irregulares, esgotadas todas as fases do processo, no cabendo recurso administrativo e abrangendo os trs Poderes da Repblica. Para a realizao desta pesquisa, foram excludas da base Cadirreg os processos referentes s multas aplicadas e os valores em duplicidade dos dbitos solidrios, restando apenas aqueles dos dbitos apurados, os quais podem ser considerados como casos de corrupo governamental. O Cadirreg foi utilizado para quantificar o nmero de processos e os valores referentes s irregularidades praticadas com

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recursos da Unio nos estados. A base do Cadirreg com valores registrados e atualizados pelo sistema Dbito-TCU at 30.6.09 foi obtida junto ao TCU mediante solicitao formalizada por meio do processo TC 010.536/2009-8, datado de 21.11.08, tendo ingressado na Secretaria Geral de Controle Externo (SGCex), em Braslia-DF, em 8.5.09. Os dados foram disponibilizados e entregues em 31.7.09, contendo as seguintes informaes referentes ao perodo de 1986-09: nome do responsvel, n. do processo, CPF ou CNPJ, rgo, funo, julgamento, origem dos recursos, UF, data, n. deliberao, colegiado, ata, data de publicao no DOU, observao, data, situao, observao e valor do dbito contra o responsvel. 11 O critrio adotado para quantificar os valores e o nmero de processos foi a data de ingresso do Processo de Contas no TCU e como o Tribunal julga as contas a posteriori; na maioria dos processos que constam na base de dados, existe a defasagem de um ano entre o fato que lhe deu origem e a sua formalizao, ajuste que tambm foi considerado na determinao dos valores e quantidades anuais. Aps efetuados os ajustes, a base de dados foi convertida em planilha eletrnica, onde, por meio de tabelas dinmicas, foram consolidados os valores e o nmero de processos julgados irregulares por estado e ano, os quais esto apresentados nas Tabelas 2 e 3. Tabela 2 Valor do dbito dos processos julgados irregulares, no Cadirreg 1998-08 (R$ 1.000)ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE 1998 386 3.118 9.394 1.741 91.559 7.390 135.307 19.206 8.707 6.112 4.714 5.749 87 1.903 5.160 1.735 1999 3.589 4.486 5.058 759 15.132 3.932 2.990 2.281 6.499 7.264 8.462 3.787 85.544 27.927 5.153 19.778 2000 1.295 4.819 7.843 3.122 32.290 15.458 4.947 4.578 17.319 11.385 5.932 6.541 2.192 42.495 9.493 19.150 2001 222 1.441 3.154 932 19.422 16.393 33.920 2.480 8.029 18.454 12.534 4.926 10.167 6.147 6.957 28.906 2002 910 4.028 10.374 8.304 42.487 30.249 33.497 23.025 6.459 22.953 2.573 8.658 2.967 3.701 4.368 6.399 2003 697 3.836 7.046 14.174 29.480 11.374 8.219 3.980 8.534 21.074 13.014 11.099 7.620 12.974 4.540 25.379 2004 631 7.791 26.661 17.091 49.167 7.189 6.915 20.123 9.421 36.342 56.505 1.237 33.147 44.651 18.710 20.265 2005 3.717 7.487 11.090 8.218 15.752 17.273 15.555 7.913 8.058 47.712 22.878 6.323 8.596 26.935 7.095 7.617 2006 1.688 8.448 16.580 3.010 78.160 9.180 5.375 4.111 9.198 30.354 14.359 3.091 6.570 25.012 7.192 10.269 2007 0 4.054 5.435 736 7.666 4.399 2.893 1.319 3.354 11.072 3.381 3.142 4.499 5.270 2.106 1.921 2008 206 4.468 5.787 2.592 4.025 2.349 6.083 6.836 2.709 4.524 6.116 1.467 2.174 11.376 1.808 3.613

11

As movimentaes do processo de requisio da base CADIRREG junto ao TCU e o recibo de entrega dos dados constam no anexo 4, p.74.

28

ESTADOS PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Total

1998 5.217 11.032 50.911 5.202 24.318 1.342 3.256 6.768 706

1999 9.750 854 70.919 3.861 58.031 1.169 10.466 326 374

2000 15.892 1.595 33.398 1.611 2.306 7.375 7.607 1.101 1.851 17.343 12.825

2001 11.696 4.015 19.951 3.788 2.956 303 8.401 1.115 4.456 2.911 4.121

2002 9.862 2.812 22.773 5.133 651 54.864 14.493 19.226 4.390 6.841 478

2003 4.163 6.146 18.991 9.202 2.349 21.243 9.750 7.736 7.267 6.369 20.300

2004 12.594 10.872 16.924 14.471 597 3.751 8.661 6.654 3.818 13.058 3.908

2005 6.240 12.878 62.794 8.068 3.173 10.609 8.987 4.104 29.506 12.574 14.008

2006 11.015 6.323 23.953 14.882 1.721 636 6.644 1.901 762

2007 5.876 3.566 5.222 3.300 1.093 2.195 362 1.137 4.872

2008 6.270 2.105 747 3.623 263 0 369 0 2.112 40.485 647 122.751

17.593 1.462.475 746 8.834

13.642 164.012 2.489 1.864

429.360 1.829.698 291.761 237.796 352.477 296.556 451.154 395.159 316.563 254.745

FONTE: Tribunal de Contas da Unio Cadirreg. NOTAS: dbitos apurados, tendo sido excludas as multas aplicadas e os dbitos solidrios, com a defasagem de um ano. Tabela 3 Nmero de processos julgados irregulares, por Estados, registrados no Cadirreg 1998-08ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Total 1998 3 12 20 4 56 15 14 7 23 16 23 9 1 9 120 6 20 17 40 12 9 4 12 5 5 19 5 486 1999 6 17 9 5 37 17 16 3 9 21 25 1 32 33 11 23 28 6 78 16 14 2 6 4 3 22 15 459 2000 4 14 18 8 58 28 22 4 20 18 23 10 13 43 23 30 51 9 21 15 5 7 12 3 7 33 7 506 2001 2 7 9 2 31 21 22 6 12 30 29 5 22 20 21 27 35 9 13 15 3 2 7 2 5 19 16 392 2002 5 12 15 16 37 23 21 5 9 36 10 13 7 7 13 14 34 11 15 6 3 3 4 3 7 11 5 345 2003 4 12 18 31 69 30 22 7 18 48 34 6 26 42 19 30 17 16 11 22 9 1 14 10 17 22 21 576 2004 4 27 41 20 125 31 16 10 29 109 65 5 38 95 35 45 57 24 10 26 3 4 20 13 14 41 32 939 2005 8 17 29 17 58 32 28 14 17 86 87 17 16 50 36 25 33 24 37 32 13 2 15 7 8 32 14 754 2006 9 24 52 13 127 41 17 7 27 105 69 12 33 67 41 46 53 32 30 65 8 4 17 3 7 38 17 964 2007 0 14 22 3 26 13 14 2 15 41 22 7 11 20 13 12 24 10 19 18 8 6 3 3 8 81 9 424 2008 Total 1 23 20 5 18 9 37 9 11 18 26 2 2 36 11 18 24 6 4 12 2 0 2 0 7 29 3 335 46 179 253 124 642 260 229 74 190 528 413 87 201 422 343 276 376 164 278 239 77 35 112 53 88 347 144 6180

FONTE: Tribunal de Contas da Unio - Cadirreg

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Anlise do volume de recursos e quantidade de processos apurados no CADIRREG para o perodo de 1998 a 2008.

A soma do valor das irregularidades apuradas na Tabela 2 para o perodo 1998-08 est demonstrado no grfico 3. Grfico 3 Soma do valor das irregularidades por estados, registradas no Cadirreg 1998-08.%40 35 30 25 20 15 10 5 0

FONTE: Tabela 2. Conforme apresentado no Grfico 3, o Estado de So Paulo foi responsvel por 35,3% do volume de recursos julgados irregulares pelo TCU no perodo em pauta, seguido por Bahia, com 7,7%, Rio de Janeiro, com 6,6%, Distrito Federal, com 5,1%, Maranho, com 4,4%, e Par com 4,2%. Os demais estados ficaram com um percentual abaixo de 4%, conforme demonstrado no Quadro 1. Quadro 1 Nmero de processos julgados irregulares, por estados e faixas percentuais, registrados no Cadirreg- 1998-08FAIXAS PERCENTUAIS Acima de 4 De 3 a 4 De 2 a 3 De 1 a 2 De 0 a 1 SP, BA, RJ, DF, MA, PA MT, MG PE, CE, AM, RR, PI, RO ES, GO, RS RN, PB, TO, PR, AP, SE, MS, AL, SC, AC 6 2 6 11 2 ESTADOS QUANTIDADE

FONTE: Grfico 3.

SP BA RJ DF MA PA MT MG PE CE AM RR PI RO ES GO RS RN PB TO PR AP SE MS AL SC AC

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2.1.3 A Lei Oramentria Anual Da mesma forma que a anlise da atuao do Tribunal de Contas da Unio, sua competncia e seu funcionamento possibilitam compreender o contedo da base de dados do Cadirreg, faz-se necessrio tecerem-se esclarecimentos preliminares sobre a Lei Oramentria Anual. Conforme SantAnna (2004), o oramento pblico um documento aprovado por lei prpria que contm a previso de receitas e a estimativa de despesas pblicas a serem realizadas em um exerccio financeiro. Os primeiros oramentos pblicos eram instrumentos de previso de receitas e autorizao de despesas sem nenhum vnculo com um sistema de planejamento governamental. O oramento pblico tradicional evoluiu para o oramento-programa, que contm programas e aes vinculados a um processo de planejamento pblico, com objetivos e metas a serem executados no exerccio financeiro. O processo para a elaborao do Oramento Geral da Unio (OGU) inicia-se com uma proposta elaborada pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo para discusso, aprovao e converso em lei. O OGU constitudo de trs peas em sua composio: o Oramento Fiscal, o Oramento da Seguridade Social e o Oramento de Investimento das Empresas Estatais Federais. A Constituio Federal prev o OGU na Lei n. 4.320/64, no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Oramentrias e na Lei de Responsabilidade Fiscal. O Poder Executivo, por atribuio da Constituio Federal, responsvel pelos Sistemas de Planejamento e Oramento, e pela elaborao do Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) e Lei de Oramento Anual (LOA).

O Plano Plurianual a lei que contm as diretrizes, os objetivos e as metas da Administrao Pblica Federal para as despesas de capital e para as despesas relativas aos programas de durao continuada. A LDO define as metas e prioridades em termos de programas a executar pelo Governo, as estabelece para o exerccio financeiro seguinte e orienta a elaborao da Lei Oramentria Anual. Com base na LDO aprovada, feito o Projeto de LOA, que, aps aprovado e sancionado, se transforma na Lei Oramentria Anual, a qual disciplina todos os programas e aes do Governo Federal a serem executados no exerccio financeiro. As despesas so autorizadas na LOA de acordo com a previso de arrecadao, e, se, durante o exerccio financeiro, houver necessidade da execuo de despesas acima do limite

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previsto, o Poder Executivo submete ao Congresso Nacional a solicitao de crditos adicionais.

A srie de dados da LOA contm as informaes sobre a execuo das despesas anuais da Unio abrangendo os trs Poderes da Repblica (Executivo, Judicirio e Legislativo). Tais despesas anuais da Unio podem ser consideradas como a origem dos dbitos julgados irregulares pelo TCU e registrados no Cadirreg. A base de dados da LOA foi obtida junto Cmara do Deputados Federal12, contendo os valores executados das despesas correntes e de capital, classificados conforme a Lei n. 4.320, de 17.03.64, nas suas respectivas categorias econmicas demonstradas no Apndice 2.

Foram excludos da base da LOA os valores referentes s transferncias de capital e os recursos especficos destinados s regies do Pas, com o objetivo de refletir com maior fidedignidade os gastos estaduais com recursos da Unio. Logo aps o ajuste, a base foi convertida em planilha eletrnica, e, por meio de tabelas dinmicas, foram consolidados os valores da execuo oramentria anual por estados, demonstrados na tabela 4. Tabela 4 Valor dos recursos da LOA por estados 1998-08 (R$ 1.000)ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ 1998 182.553 486.765 355.988 132.537 1.426.398 1.129.896 6.505.319 438.629 664.792 654.852 2.896.963 387.057 563.430 768.088 654.688 1.316.578 431.623 1.581.193 4.218.725 1999 160.319 477.449 334.238 116.444 1.263.716 921.868 6.819.886 380.693 545.782 478.827 2.416.525 312.875 404.703 660.417 597.011 1.051.770 334.525 1.469.923 3.567.809 2000 192.394 452.353 301.163 352.727 1.666.330 1.198.287 4.767.339 435.344 689.319 785.681 2.731.429 335.964 423.773 840.742 810.357 1.211.679 422.028 1.302.919 3.497.274 2001 235.333 539.221 360.629 383.333 1.926.900 1.367.151 5.484.684 466.782 802.719 889.984 3.075.964 394.944 493.314 1.073.476 864.734 1.457.736 508.346 1.372.467 3.589.313 2002 268.988 636.385 420.724 483.545 2.070.295 1.532.238 4.360.996 537.385 841.152 1.005.361 3.465.083 417.541 494.344 1.134.876 914.520 1.642.554 591.223 1.566.291 4.322.706 2003 291.632 602.032 460.497 503.873 2.167.304 1.456.707 4.961.372 572.242 885.443 1.077.084 3.695.854 436.902 519.616 1.079.050 958.545 1.651.651 617.386 1.691.461 4.588.438 2004 303.101 678.675 555.954 556.730 2.209.483 1.664.655 5.829.472 665.768 1.018.478 1.154.465 4.245.334 509.723 588.189 1.228.449 1.066.084 1.776.000 673.424 1.882.592 5.222.847 2005 399.001 712.536 630.086 550.902 2.334.022 1.663.621 6.495.629 702.083 1.185.290 1.253.578 4.720.240 566.457 641.048 1.290.257 1.139.231 1.883.899 728.935 2.050.426 5.559.184 2006 476.283 770.110 740.883 653.688 2.737.139 1.876.279 7.391.601 847.048 1.348.121 1.441.623 5.348.062 671.296 851.929 1.504.629 1.346.441 2.213.890 799.505 2.337.409 6.664.214 2007 605.457 982.722 861.037 804.633 3.543.714 2.383.494 8.472.619 968.167 1.505.724 2.028.366 5.963.737 891.406 920.036 2.101.392 1.575.404 2.448.000 1.000.054 2.676.050 8.206.455 2008 627.778 1.098.434 1.010.083 822.522 4.245.502 2.795.628 9.185.863 1.097.710 1.721.097 2.445.583 6.477.865 853.241 996.205 2.758.827 1.855.075 2.976.794 1.120.878 2.978.261 8.118.130

12

Base de dados obtida em www.camara.gov.br, acessada em novembro de 2009.

32

ESTADOS RN RO RR RS SC SE SP TO Total

1998 639.142 495.733 272.925 2.256.776 962.537 390.868 4.798.176 185.910

1999 447.055 416.632 258.076 2.155.980 812.531 242.473 4.643.824 105.123

2000 583.523 428.413 256.894 2.229.539 894.058 273.654 3.841.617 163.762

2001 665.204 484.754 285.970 2.383.680 895.585 324.744 4.127.718 303.123

2002 746.990 485.911 358.016 2.618.616 973.221 362.749 4.640.080 301.645

2003 764.212 531.501 382.018 2.859.971 1.028.155 369.094 5.081.490 309.611

2004 945.031 565.061 414.736 3.236.516 1.207.690 419.849 5.927.109 359.268

2005 962.961 558.761 407.854 3.456.201 1.361.354 446.464 6.125.850 417.242

2006 1.053.727 693.916 508.198 4.117.877 1.566.500 508.306 7.158.715 542.805

2007 1.230.431 814.842 574.727 4.643.579 1.865.259 627.356 8.096.727 753.252

2008 1.376.356 841.057 679.687 5.145.228 1.988.836 693.135 8.966.002 549.497

34.798.140 31.396.474 31.088.562 34.757.809 37.193.433 39.543.139 44.904.683 48.243.113 56.170.195 66.544.640 73.425.273

FONTE: Lei Oramentria Anual LOA. Anlise do volume de recursos aplicados nos estados, no perodo 1998-08, com origem na LOA Utilizando-se a Tabela 4, elaborou-se o Grfico 4, com o objetivo de se verificar o percentual correspondente a cada estado com relao ao total de recursos. Grfico 4 Percentual dos recursos da LOA por estados 1998-08%16 14 12 10 8 6 4 2 0

FONTE: Tabela 4. Conforme demonstrado no grfico 4, o Distrito Federal foi beneficiado com o maior volume de recursos da LOA no perodo 199-08, correspondendo a 14,1%, seguido dos Estados de So Paulo, com 12,7%, Rio de Janeiro, com 11,6% e Minas Gerais, com 9%. Os demais estados ficaram situados nas faixas abaixo de 6%, como se v no Quadro 2.

DF SP RJ MG RS BA PR PE CE PA SC MA PB GO RN AL PI ES MT RO AM MS AP SE RR TO AC

33

Quadro 2 Volume de Recursos da LOA por estados e faixas percentuais 1998-08FAIXAS PERCENTUAIS Acima de 8% De 6% a 8% De 4% a 6% De 2% a 4% De 0 a 2% ESTADOS DF, SP, RJ, MG RS BA, PR PE, CE, PA, SC, MA, PB, GO RN, AL, PI, ES, MT, RO, AM, MS, AP, SE, RR, TO, AC QUANTIDADE 4 1 2 7 13

FONTE: Grfico 4. 2.1.4 A populao por estados

A populao por estados utilizada no clculo dos indicadores de corrupo governamental teve a base de dados obtida junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)13, e apresentada na Tabela 5. Tabela 5 Populao, por estados, em milhares de pessoas 1998-08ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS 13 1998 533 2.767 2.686 443 12.855 7.240 1.971 3.008 4.827 5.522 17.507 2.025 2.419 5.970 3.400 7.777 2.797 9.364 14.108 2.712 1.336 305 10.000 1999 546 2.797 2.754 462 12.971 7.343 2.014 3.056 4.922 5.592 17.715 2.054 2.465 6.090 3.424 7.853 2.822 9.472 14.261 2.747 1.359 316 10.102 2000 560 2.827 2.823 480 13.088 7.447 2.058 3.105 5.018 5.662 17.924 2.082 2.511 6.211 3.447 7.930 2.847 9.580 14.415 2.782 1.383 326 10.204 2001 573 2.857 2.892 498 13.206 7.550 2.102 3.153 5.114 5.733 18.133 2.112 2.558 6.332 3.471 8.007 2.873 9.689 14.570 2.817 1.408 336 10.306 2002 587 2.888 2.962 517 13.323 7.655 2.146 3.202 5.210 5.803 18.344 2.141 2.605 6.454 3.495 8.085 2.898 9.798 14.724 2.853 1.432 347 10.409 2003 601 2.918 3.031 535 13.441 7.758 2.190 3.250 5.306 5.874 18.553 2.170 2.651 6.575 3.519 8.162 2.924 9.907 14.879 2.888 1.456 357 10.511 2004 614 2.948 3.100 553 13.558 7.862 2.234 3.299 5.402 5.944 18.763 2.199 2.698 6.696 3.542 8.239 2.949 10.015 15.033 2.923 1.480 368 10.613 2005 628 2.978 3.169 571 13.674 7.965 2.277 3.347 5.498 6.014 18.971 2.228 2.744 6.816 3.566 8.315 2.974 10.124 15.187 2.958 1.504 378 10.715 2006 641 3.007 3.237 589 13.790 8.068 2.321 3.395 5.593 6.083 19.178 2.256 2.790 6.936 3.589 8.392 3.000 10.231 15.339 2.993 1.528 388 10.816 2007 655 3.037 3.305 607 13.904 8.169 2.363 3.442 5.686 6.152 19.382 2.284 2.835 7.054 3.612 8.467 3.024 10.337 15.490 3.027 1.551 399 10.916 2008 668 3.066 3.371 625 14.017 8.268 2.405 3.488 5.778 6.219 19.583 2.312 2.880 7.170 3.635 8.541 3.049 10.441 15.638 3.061 1.574 408 11.014

Base de dados obtida em www.ibge.gov.br, acessada em novembro de 2009.

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ESTADOS SC SE SP TO Total

1998 5.211 1.732 36.058 1.115

1999 5.289 1.760 36.585 1.138

2000 5.369 1.789 37.114 1.161

2001 5.448 1.817 37.645 1.184

2002 5.528 1.846 38.178 1.207

2003 5.607 1.875 38.709 1.230

2004 5.687 1.903 39.239 1.253

2005 5.766 1.931 39.767 1.276

2006 5.844 1.960 40.292 1.299

2007 5.921 1.987 40.809 1.322

2008 5.997 2.015 41.318 1.344

165.688 167.910 170.143 172.386 174.633 176.876 179.114 181.341 183.554 185.738 187.886

FONTE: IBGE Para analisar como a populao brasileira est distribuda nos estados, foi calculada a sua mdia no perodo de 1998 a 2008 e elaborado o grfico 6. Grfico 5 Percentual da populao por estados, em relao populao total do Brasil 1998-08%25 20 15 10 5 0

FONTE: Tabela 5. De acordo com o Grfico 5, o estado mais populoso do Brasil So Paulo, com 21,9% da mdia da populao no perodo, seguido de Minas Gerais, com 10,5%, Rio de Janeiro, com 8,4%, Bahia, com 7,6%, Rio Grande do Sul, com 5,9% e Paran, com 5,6%. A populao mdia dos demais estados ficou situada na faixa abaixo de 5%, conforme demonstrado no Quadro 3. Quadro 3 Populao mdia por estados e faixas percentuais 1998-08FAIXAS PERCENTUAIS Acima de 15% De 10% a 15% De 5% a 10% De 0 a 5% SP MG RJ, BA, RS, PR PE, CE, PA, MA, SC, GO, PB, ES, AM, PI, AL, RN, MT, DF, MS, SE, RO, TO, AC, AP, RR 1 1 4 21 ESTADOS QUANTIDADE

FONTE: Grfico 5

SP M RJ BA RS PR PE CE PA MA SC G PB ES AM PI AL RN MT DF MS SE RO TO AC AP RR

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2.1.5 O Produto Interno Bruto Estadual

O Produto Interno Bruto dos estados utilizado no clculo dos indicadores de corrupo governamental teve a sua base de dados obtida junto ao Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas (IPEA)14, estando o mesmo demonstrado na tabela 6.

Tabela 6 Produto Interno Bruto, a preos correntes, por estados 1998-08 (R$ 1.000)Estado AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO 1998 1.454 6.141 15.107 1.501 38.759 18.836 25.119 17.369 17.428 7.224 89.490 10.050 9.901 15.572 7.262 24.810 4.413 56.798 100.651 6.844 4.611 746 70.542 32.434 5.031 324.152 1.941 1999 1.557 6.429 15.555 1.584 42.040 19.511 22.256 18.772 17.920 7.918 93.748 10.901 11.701 16.674 7.937 26.021 4.734 61.724 114.419 7.648 5.023 817 75.450 35.682 5.434 340.281 2.106 2000 1.703 7.023 18.873 1.968 48.197 20.800 29.587 21.530 21.665 9.207 106.169 11.861 13.428 18.914 9.238 29.127 5.330 65.969 137.877 9.293 5.625 1.117 85.138 42.428 5.921 370.819 2.450 2001 1.921 7.569 20.736 2.253 52.249 21.581 33.051 22.538 25.048 10.293 113.530 13.736 14.453 21.748 10.272 31.725 5.575 72.770 148.033 9.834 6.083 1.219 94.084 46.535 8.204 400.629 3.067 2002 2.868 9.812 21.791 3.292 60.672 28.896 56.138 26.756 37.416 15.449 127.782 15.154 20.941 25.659 12.434 35.251 7.425 88.407 171.372 12.198 7.780 2.313 105.487 55.732 9.454 511.736 5.607 2003 3.305 11.210 24.977 3.434 68.147 32.565 63.105 31.064 42.836 18.483 148.823 19.274 27.889 29.755 14.158 39.308 8.777 109.459 188.015 13.515 9.751 2.737 124.551 66.849 10.874 579.847 7.241 2004 3.940 12.891 30.314 3.846 79.083 36.866 70.724 40.217 48.021 21.605 177.325 21.105 36.961 35.563 15.022 44.011 9.817 122.434 222.945 15.580 11.260 2.811 137.831 77.393 12.167 643.487 8.278 2005 4.483 14.139 33.352 4.361 90.919 40.935 80.527 47.223 50.534 25.335 192.639 21.651 37.466 39.121 16.869 49.922 11.129 126.677 247.018 17.870 12.884 3.179 144.218 85.316 13.427 726.984 9.061 2006 4.835 15.748 39.157 5.260 96.521 46.303 89.629 52.778 57.057 28.620 214.754 24.341 35.258 44.370 19.951 55.493 12.788 136.615 275.327 20.555 13.107 3.660 156.827 93.147 15.124 802.655 9.605 2007 5.761 17.793 42.023 6.022 109.652 50.331 99.946 60.340 65.210 31.606 241.293 28.121 42.687 49.507 22.202 62.256 14.136 161.582 296.768 22.926 15.003 4.169 176.615 104.623 16.896 902.784 11.094 2008 5.895 19.210 47.759 6.414 117.744 56.470 109.295 64.362 69.616 34.901 261.943 29.699 43.026 54.112 24.331 67.682 15.597 166.668 335.776 25.067 15.986 4.463 191.302 113.615 18.444 978.628 11.714

FONTE: IPEA. Para se analisar como o volume correspondente aos PIBs estaduais est distribudo, foi calculado o PIB mdio por estado no perodo 1998-08, demonstrado no Grfico 6.

14

Base de dados obtida em www.ipeadata.gov.br, acessada em maro de 2010.

36

Grfico 6 PIB mdio por estados 1998-08

%40 35 30 25 20 15 10 5 0

FONTE: Tabela 6. Conforme demonstrado no Grfico 6, o estado com maior PIB mdio no perodo foi So Paulo, com 34,0% do total, seguido do Rio de Janeiro, com 11,6%, Minas Gerais, com 9,1%, Rio Grande do Sul, com 7,0%, e Paran, com 6,0%. Os PIBs mdios dos demais estados ficaram situados na faixa abaixo de 5%, do total dos estados, conforme demonstrado no Quadro 4. Quadro 4 PIB mdio por estados, e faixas percentuais 1998-08FAIXAS PERCENTUAIS Acima de 15% De 10% a 15% De 5% a 10% De 0 a 5% SP RJ MG, RS, PR BA, SC, DF, PE, GO, ES, CE, PA, AM, MT, MA, MS, RN, PB, AL, SE, RO, PI, TO, AP, AC, RR 1 1 3 22 ESTADOS QUANTIDADE

FONTE: Grfico 6.

SP RJ MG RS PR BA SC DF PE GO ES CE PA AM MT MA MS RN PB AL SE RO PI TO AP AC RR

37

2.2 Os Indicadores simples e compostos Os indicadores compostos apresentam de forma sinttica um conjunto de aspectos da realidade agrupado em um nico nmero resultante de indicadores simples, depois de estabelecido algum tipo de relao entre eles com a definio de uma forma de ponderao, ou seja, uma importncia diferenciada (peso) para a determinao do resultado final. J os Indicadores Simples medem as relaes diretas ou de proporo entre os fatores. Para a elaborao do Indicador de Corrupo Governamental, foram utilizadas as bases de dados Cadirreg, LOA, Populao e PIB, tendo sido construdos preliminarmente os seguintes indicadores simples:

- valor Cadirreg/populao; - valor Cadirreg/PIB; - valor Cadirreg/LOA; e, - quantidade anual de processos irregulares registrados no Cadirreg por estados/quantidade total anual de processos irregulares registrados no Cadirreg.

necessrio esclarecer-se que os indicadores compostos desenvolvidos so objetivos, pois, de acordo com a definio de Rua (1998), no contm qualquer tipo de avaliao pessoal em seus componentes, ao contrrio dos subjetivos, que levam em considerao as percepes individuais dos participantes da avaliao. A seguir apresentam-se os resultados obtidos para cada um dos indicadores simples. Indicadores simples (valor Cadirreg/populao) - o componente indica o valor das irregularidades per capita para cada estado, como se apresenta na Tabela 7. Tabela 7 Indicadores simples (valor Cadirreg/populao), por estados 199808 (%)ESTADOS AC AL AM AP BA CE 1998 0,725 1,127 3,498 3,926 7,122 1,021 1999 6,572 1,604 1,836 1,644 1,167 0,535 2000 2,313 1,704 2,778 6,506 2,467 2,076 2001 0,387 0,504 1,090 1,870 1,471 2,171 2002 1,551 1,395 3,503 16,077 3,189 3,952 2003 1,161 1,315 2,325 26,502 2,193 1,466 2004 1,028 2,643 8,600 30,901 3,627 0,914 2005 5,921 2,514 3,500 14,385 1,152 2,169 2006 2,632 2,809 5,122 5,107 5,668 1,138 2007 0,000 1,335 1,645 1,211 0,551 0,538 2008 0,308 1,457 1,717 4,148 0,287 0,284

38

ESTADOS DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1998 68,663 6,384 1,804 1,107 0,269 2,839 0,036 0,319 1,518 0,223 1,866 1,178 3,609 1,918 18,208 4,397 0,326 1,299 0,408 0,488 0,669

1999 1,485 0,746 1,320 1,299 0,478 1,844 34,702 4,586 1,505 2,518 3,455 0,090 4,973 1,405 42,687 3,703 1,036 0,062 0,213 39,975 7,765

2000 2,404 1,474 3,451 2,011 0,331 3,141 0,873 6,842 2,754 2,415 5,582 0,167 2,317 0,579 1,667 22,623 0,745 0,205 1,035 0,467 11,050

2001 16,139 0,787 1,570 3,219 0,691 2,333 3,974 0,971 2,004 3,610 4,071 0,414 1,369 1,344 2,100 0,901 0,815 0,205 2,452 0,077 3,481

2002 15,610 7,191 1,240 3,955 0,140 4,045 1,139 0,573 1,250 0,791 3,403 0,287 1,547 1,799 0,455 158,169 1,392 3,478 2,378 0,179 0,396

2003 3,753 1,225 1,608 3,588 0,701 5,115 2,874 1,973 1,290 3,109 1,424 0,620 1,276 3,186 1,613 59,454 0,928 1,380 3,876 0,165 16,501

2004 3,096 6,100 1,744 6,114 3,012 0,562 12,287 6,668 5,282 2,460 4,271 1,086 1,126 4,950 0,403 10,202 0,816 1,170 2,006 0,333 3,118

2005 6,830 2,364 1,466 7,934 1,206 2,839 3,133 3,952 1,990 0,916 2,098 1,272 4,135 2,727 2,110 28,061 0,839 0,712 15,276 0,316 10,976

2006 2,316 1,211 1,645 4,990 0,749 1,370 2,355 3,606 2,004 1,224 3,672 0,618 1,562 4,972 1,127 1,637 0,614 0,325 0,389 0,339 1,916

2007 1,224 0,383 0,590 1,800 0,174 1,375 1,587 0,747 0,583 0,227 1,943 0,345 0,337 1,090 0,705 5,507 0,033 0,192 2,451 4,019 1,410

2008 2,529 1,960 0,469 0,727 0,312 0,634 0,755 1,587 0,497 0,423 2,057 0,202 0,048 1,184 0,167 0,000 0,033 0,000 1,048 0,980 0,482

FONTE: Tabelas 2 e 5. Observando-se os maiores valores anuais de irregularidades per capita demonstrados na Tabela 7, constata-se que no ano de 2002, as irregularidades cometidas no Estado de Roraima representaram R$158,17 por cidado, sendo o maior ndice verificado no perodo. Ele foi o que figurou com maior irregularidade per capita nos anos de 2000, 2002, 2003, 2005 e 2007, conforme demonstrado no Quadro 5. Quadro 5 Valores mximos (Cadirreg/populao) 1998-08Anos Estados

anuais

dos

indicadores

simples

Valor mximo per capita (Cadirreg/populao) (R$)

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

DF RO RR DF RR RR AP RR BA

68,66 42,68 22,62 16,13 158,17 59,45 30,90 28,06 5,67

39

2007 2008

RR AP

5,51 4,15

FONTE: Tabela 7. Indicador simples (valor Cadirreg/PIB) - o componente indica o valor das irregularidades com relao ao PIB de cada estado, como se v na tabela 8. Tabela 8 Indicador simples (Valor Cadirreg/PIB), por estados 1998-08 (%)ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 0,00027 0,00230 0,00076 0,00012 0,00032 0,00021 0,00016 0,00083 0,00035 0,00000 0,00003 0,00051 0,00070 0,00069 0,00019 0,00041 0,00034 0,00060 0,00053 0,00054 0,00023 0,00023 0,00062 0,00033 0,00042 0,00015 0,00048 0,00028 0,00088 0,00033 0,00042 0,00013 0,00012 0,00116 0,00048 0,00159 0,00041 0,00252 0,00413 0,00444 0,00188 0,00057 0,00012 0,00040 0,00236 0,00036 0,00067 0,00037 0,00070 0,00043 0,00062 0,00017 0,00081 0,00007 0,00003 0,00039 0,00020 0,00074 0,00076 0,00105 0,00035 0,00020 0,00042 0,00020 0,00009 0,00004 0,00539 0,00013 0,00017 0,00103 0,00060 0,00013 0,00010 0,00019 0,00006 0,00003 0,00006 0,00111 0,00012 0,00021 0,00011 0,00086 0,00013 0,00050 0,00017 0,00008 0,00002 0,00011 0,00050 0,00036 0,00080 0,00032 0,00017 0,00020 0,00020 0,00016 0,00016 0,00005 0,00004 0,00085 0,00092 0,00124 0,00179 0,00149 0,00114 0,00168 0,00188 0,00106 0,00035 0,00013 0,00005 0,00009 0,00006 0,00011 0,00002 0,00009 0,00032 0,00012 0,00007 0,00001 0,00002 0,00057 0,00035 0,00055 0,00036 0,00057 0,00058 0,00006 0,00029 0,00013 0,00011 0,00005 0,00001 0,00731 0,00016 0,00070 0,00014 0,00027 0,00090 0,00023 0,00019 0,00011 0,00005 0,00012 0,00167 0,00225 0,00028 0,00014 0,00044 0,00126 0,00069 0,00056 0,00011 0,00021 0,00071 0,00065 0,00103 0,00068 0,00035 0,00032 0,00125 0,00042 0,00036 0,00009 0,00007 0,00007 0,00076 0,00066 0,00091 0,00018 0,00065 0,00046 0,00015 0,00019 0,00003 0,00005 0,00118 0,00206 0,00298 0,00210 0,00133 0,00047 0,00128 0,00056 0,00086 0,00042 0,00040 0,00019 0,00001 0,00002 0,00006 0,00003 0,00006 0,00009 0,00010 0,00005 0,00002 0,00001 0,00051 0,00062 0,00024 0,00013 0,00013 0,00010 0,00008 0,00025 0,00009 0,00002 0,00000 0,00076 0,00050 0,00017 0,00039 0,00042 0,00068 0,00093 0,00045 0,00072 0,00014 0,00014 0,00527 0,01155 0,00041 0,00049 0,00008 0,00024 0,00005 0,00025 0,00013 0,00007 0,00002 0,00180 0,00143 0,00661 0,00025 0,02372 0,00776 0,00133 0,00334 0,00017 0,00053 0,00000 0,00005 0,00014 0,00009 0,00009 0,00014 0,00008 0,00006 0,00006 0,00004 0,00000 0,00000 0,00021 0,00001 0,00003 0,00002 0,00034 0,00012 0,00009 0,00005 0,00002 0,00001 0,00000 0,00014 0,00007 0,00031 0,00054 0,00046 0,00067 0,00031 0,00220 0,00005 0,00029 0,00011 0,00005 0,00430 0,00005 0,00001 0,00001 0,00001 0,00002 0,00002 0,00002 0,00018 0,00004 0,00038 0,00419 0,00523 0,00134 0,00009 0,00280 0,00047 0,00155 0,00026 0,00017 0,00006

FONTE: Tabelas 2 e 6.

Constata-se na Tabela 8, que, em 2002, as irregularidades cometidas no Estado de Roraima representaram 2,37% do seu PIB, sendo o maior ndice no perodo 1998-08. Esse estado tambm figurou com o maior ndice nos anos 2000, 2002, 2003, 2005 e 2007, conforme demonstrado no Quadro 6.

40

Quadro 6 Percentual dos valores mximos anuais (Cadirreg/PIB) por estados1998-08 (%)ANOS 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 ESTADOS DF RO RR PI RR RR AP RR MA RR PI VALOR MXIMO (CADIRREG/PIB) 0,54 1,16 0,66 0,21 2,37 0,78 0,44 0,33 0,11 0,05 0,04

FONTE: Tabela 8. Indicador simples (Valor Cadirreg/LOA) - o componente indica o valor das irregularidades com relao ao volume de recursos da LOA aplicados em cada estado, conforme a Tabela 9. Tabela 9 Indicador simples (Valor Cadirreg/LOA), por estados 1998-08 (%)ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO 1998 0,0021 0,0064 0,0264 0,0131 0,0642 0,0065 0,0208 0,0438 0,0131 0,0093 0,0016 0,0149 0,0002 0,0025 0,0079 0,0013 0,0121 0,0070 0,0121 0,0081 0,0491 1999 0,0224 0,0094 0,0151 0,0065 0,0120 0,0043 0,0004 0,0060 0,0119 0,0152 0,0035 0,0121 0,2114 0,0423 0,0086 0,0188 0,0291 0,0006 0,0199 0,0086 0,1393 2000 0,0067 0,0107 0,0260 0,0089 0,0194 0,0129 0,0010 0,0105 0,0251 0,0145 0,0022 0,0195 0,0052 0,0505 0,0117 0,0158 0,0377 0,0012 0,0095 0,0028 0,0054 2001 0,0009 0,0027 0,0087 0,0024 0,0101 0,0120 0,0062 0,0053 0,0100 0,0207 0,0041 0,0125 0,0206 0,0057 0,0080 0,0198 0,0230 0,0029 0,0056 0,0057 0,0061 2002 0,0034 0,0063 0,0247 0,0172 0,0205 0,0197 0,0077 0,0428 0,0077 0,0228 0,0007 0,0207 0,0060 0,0033 0,0048 0,0039 0,0167 0,0018 0,0053 0,0069 0,0013 2003 0,0024 0,0064 0,0153 0,0281 0,0136 0,0078 0,0017 0,0070 0,0096 0,0196 0,0035 0,0254 0,0147 0,0120 0,0047 0,0154 0,0067 0,0036 0,0041 0,0120 0,0044 2004 0,0021 0,0115 0,0480 0,0307 0,0223 0,0043 0,0012 0,0302 0,0093 0,0315 0,0133 0,0024 0,0564 0,0363 0,0176 0,0114 0,0187 0,0058 0,0032 0,0153 0,0011 2005 0,0093 0,0105 0,0176 0,0149 0,0067 0,0104 0,0024 0,0113 0,0068 0,0381 0,0048 0,0112 0,0134 0,0209 0,0062 0,0040 0,0086 0,0063 0,0113 0,0084 0,0057 2006 0,0035 0,0110 0,0224 0,0046 0,0286 0,0049 0,0007 0,0049 0,0068 0,0211 0,0027 0,0046 0,0077 0,0166 0,0053 0,0046 0,0138 0,0027 0,0036 0,0141 0,0025 2007 0,0000 0,0041 0,0063 0,0009 0,0022 0,0018 0,0003 0,0014 0,0022 0,0055 0,0006 0,0035 0,0049 0,0025 0,0013 0,0008 0,0059 0,0013 0,0006 0,0027 0,0013 2008 0,0003 0,0041 0,0057 0,0032 0,0009 0,0008 0,0007 0,0062 0,0016 0,0018 0,0009 0,0017 0,0022 0,0041 0,0010 0,0012 0,0056 0,0007 0,0001 0,0026 0,0003

41

ESTADOS RR RS SC SE SP TO

1998 0,0049 0,0014 0,0070 0,0018 0,0037 0,0040

1999 0,0045 0,0049 0,0004 0,0015 0,3149 0,0840

2000 0,0287 0,0034 0,0012 0,0068 0,0045 0,0783

2001 0,0011 0,0035 0,0012 0,0137 0,0007 0,0136

2002 0,1532 0,0055 0,0198 0,0121 0,0015 0,0016

2003 0,0556 0,0034 0,0075 0,0197 0,0013 0,0656

2004 0,0090 0,0027 0,0055 0,0091 0,0022 0,0109

2005 0,0260 0,0026 0,0030 0,0661 0,0021 0,0336

2006 0,0013 0,0016 0,0012 0,0015 0,0019 0,0046

2007 0,0038 0,0001 0,0006 0,0078 0,0203 0,0025

2008 0,0000 0,0001 0,0000 0,0030 0,0045 0,0012

FONTE: Tabelas 2 e 4. De acordo com as informaes apresentadas na Tabela 9, no ano de 1999, as irregularidades cometidas no Estado de So Paulo representaram 31,49% do total de recursos da LOA l aplicados, sendo o maior ndice verificado no perodo 199808. Em segundo lugar, aparece o Estado de Roraima, com 15,32% em 2002, seguido de Tocantins, com 7,83% em 2000. Os valores referentes aos demais anos podem ser verificados no Quadro 7. Quadro 7 Percentual dos mximos anuais (Cadirreg/LOA), por estados 1998-08 (%)ANOS 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 ESTADOS BA SP TO PI RR TO MT SE BA SP ES VALOR MXIMO (CADIRREG/LOA) 6,42 31,49 7,83 2,30 15,32 6,56 5,64 6,61 2,86 2,03 0,62

FONTE: Tabela 9. Indicador simples (nmero de anual de processos irregulares registrados no Cadirreg por estados/nmero total anual de processos irregulares registrados no Cadirreg por estados), 1998-08 - o componente indica o percentual correspondente ao nmero de processos irregulares no CADIRREG por estados. O valor obtido representa a probabilidade finita dos espaos amostrais finitos,

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conforme definido em Fonseca (1990, p.13), para a ocorrncia de processos irregulares nos estados, os quais esto demonstrados na Tabela 10. Tabela 10 Indicador simples (nmero de anual de processos irregulares registrados no Cadirreg por estados/nmero total anual de processos irregulares registrados no Cadirreg por estados), 1998-08ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO 1998 0,006 0,025 0,041 0,008 0,115 0,031 0,029 0,014 0,047 0,033 0,047 0,019 0,002 0,019 0,247 0,012 0,041 0,035 0,082 0,025 0,019 0,008 0,025 0,010 0,010 0,039 0,010 1999 0,013 0,037 0,020 0,011 0,081 0,037 0,035 0,007 0,020 0,046 0,054 0,002 0,070 0,072 0,024 0,050 0,061 0,013 0,170 0,035 0,031 0,004 0,013 0,009 0,007 0,048 0,033 2000 0,008 0,028 0,036 0,016 0,115 0,055 0,043 0,008 0,040 0,036 0,045 0,020 0,026 0,085 0,045 0,059 0,101 0,018 0,042 0,030 0,010 0,014 0,024 0,006 0,014 0,065 0,014 2001 0,005 0,018 0,023 0,005 0,079 0,054 0,056 0,015 0,031 0,077 0,074 0,013 0,056 0,051 0,054 0,069 0,089 0,023 0,033 0,038 0,008 0,005 0,018 0,005 0,013 0,048 0,041 2002 0,014 0,035 0,043 0,046 0,107 0,067 0,061 0,014 0,026 0,104 0,029 0,038 0,020 0,020 0,038 0,041 0,099 0,032 0,043 0,017 0,009 0,009 0,012 0,009 0,020 0,032 0,014 2003 0,007 0,021 0,031 0,054 0,120 0,052 0,038 0,012 0,031 0,083 0,059 0,010 0,045 0,073 0,033 0,052 0,030 0,028 0,019 0,038 0,016 0,002 0,024 0,017 0,030 0,038 0,036 2004 0,004 0,029 0,044 0,021 0,133 0,033 0,017 0,011 0,031 0,116 0,069 0,005 0,040 0,101 0,037 0,048 0,061 0,026 0,011 0,028 0,003 0,004 0,021 0,014 0,015 0,044 0,034 2005 0,011 0,023 0,038 0,023 0,077 0,042 0,037 0,019 0,023 0,114 0,115 0,023 0,021 0,066 0,048 0,033 0,044 0,032 0,049 0,042 0,017 0,003 0,020 0,009 0,011 0,042 0,019 2006 0,009 0,025 0,054 0,013 0,132 0,043 0,018 0,007 0,028 0,109 0,072 0,012 0,034 0,070 0,043 0,048 0,055 0,033 0,031 0,067 0,008 0,004 0,018 0,003 0,007 0,039 0,018 2007 0,000 0,033 0,052 0,007 0,061 0,031 0,033 0,005 0,035 0,097 0,052 0,017 0,026 0,047 0,031 0,028 0,057 0,024 0,045 0,042 0,019 0,014 0,007 0,007 0,019 0,191 0,021 2008 0,003 0,069 0,060 0,015 0,054 0,027 0,110 0,027 0,033 0,054 0,078 0,006 0,006 0,107 0,033 0,054 0,072 0,018 0,012 0,036 0,006 0,000 0,006 0,000 0,021 0,087 0,009

FONTE: Tabela 3.

Com as informaes da Tabela 10, pode-se identificar que, no ano de 1998, o nmero de processos irregulares na Paraba representou 24,7% do total de processos irregulares instaurados pelo TCU naquele ano, sendo o maior ndice verificado no perodo. Em segundo lugar, aparece So Paulo, com 19,1% em 2007, seguido do Rio de Janeiro, com 16,99% em 1999, e da Bahia, com 13,31% em 2004. Os valores mximos referentes aos demais anos esto demonstrados no Quadro 8.

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Quadro 8 Percentual dos valores mximos anuais do Indicador simples (nmero de anual de processos irregulares registrados no Cadirreg por estados/nmero total anual de processos irregulares registrados no Cadirreg por estados), 1998-08.ANOS ESTADOS PROCESSOS IRREGULARES

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

PB RJ BA PI BA BA BA MG BA SP DF

24,69 16,99 11,46 8,93 10,72 11,98 13,31 11,54 13,17 19,10 11,04

FONTE: Tabela 10.

2.2.1 A Normalizao dos indicadores simples

Depois de elaborados os indicadores simples, por utilizarem bases de dados com diferentes escalas de medida, foi necessrio efetuar-se a normalizao dos dados obtidos para posterior aplicao no indicador composto ICE. O mtodo de normalizao adotado foi o do tipo Re-Scaling anual, conforme previsto em OECD (2005, p.61), com a seguinte equao: Normalizao por Re-Scaling = [(Valor observado)-(Valor mnimo)] / [(Valor mximo)-(Valor Mnimo)] Aps a normalizao, os dados anuais so convertidos para uma mesma escala anual que varia no intervalo (0,1), sendo obtido o valor zero para o mnimo e 1 para o mximo do perodo. Os valores normalizados dos indicadores simples elaborados nas Tabelas 7 a 10 esto apresentados nas tabelas 1 a 4 do Apndice 3.

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3. A CONSTRUO DOS INDICADORES DE CORRUPO GOVERNAMENTAL E SUA ANLISE DE ACORDO COM OS OBJETIVOS PROPOSTOS

3.1 O Indicador de Corrupo Governamental Estadual

Para a construo do ICE, foram testados trs modelos com diferentes ponderaes, tendo sido escolhida a equao correspondente ao modelo B, por entender-se que apresenta maior equilbrio na ponderao dos indicadores simples utilizados. Nela, foi atribudo peso de 0,33 s variveis socioeconmicas (populao e PIB estadual) e de 0,66 s que envolvem a LOA e a quantidade de processos irregulares, privilegiando, dessa forma, os atos de corrupo governamental ou as irregularidades praticadas com recursos pblicos. Apesar das trs diferentes ponderaes aplicadas, o resultado obtido no apresentou diferenas significativas tendo figurado nas trs primeiras posies os Estados do Maranho, da Bahia e do Piau e, nas trs ltimas posies, os de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Acre. O resultado dos modelos A e C, que foram descartados, encontram-se disponveis no Apndice 5. A seguir, apresenta-se a equao adotada para o clculo do ICE (referente ao modelo B): Indicador de Corrupo Governamental Estadual (ICE) = 0,33* {[(valor Cadirreg/populao normalizado) + (valor Cadirreg/PIB) normalizado]/2} + 0,33* (valor Cadirreg/LOA normalizado) + 0,33* (nmero anual de processos irregulares no Cadirreg por estados/nmero total anual de processos irregulares no Cadirreg)

Aplicando-se a ponderao proposta no modelo acima, nos indicadores simples normalizados conforme as tabelas 1 a 4 do Apndice 5, foi obtido o ICE, que encontra-se demonstrado na tabela 11.

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Tabela 11 Indicador de Corrupo Governamental por Estados 1998-08ESTADOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO 1998 0,025 0,081 0,215 0,120 0,572 0,086 0,472 0,290 0,147 0,117 0,071 0,122 0,000 0,038 0,395 0,022 0,155 0,088 0,193 0,099 0,479 0,098 0,039 0,056 0,025 0,071 0,044 1999 0,103 0,094 0,061 0,036 0,176 0,077 0,072 0,019 0,056 0,119 0,109 0,024 0,593 0,222 0,066 0,134 0,188 0,022 0,378 0,085 0,531 0,043 0,032 0,013 0,011 0,636 0,237 2000 0,065 0,135 0,226 0,149 0,441 0,233 0,134 0,061 0,248 0,191 0,127 0,156 0,086 0,556 0,210 0,257 0,558 0,037 0,166 0,086 0,051 0,472 0,070 0,001 0,062 0,198 0,565 2001 0,015 0,098 0,211 0,076 0,472 0,438 0,526 0,124 0,278 0,750 0,334 0,255 0,589 0,285 0,371 0,641 0,866 0,110 0,205 0,247 0,148 0,033 0,106 0,011 0,289 0,170 0,471 2002 0,029 0,104 0,175 0,196 0,381 0,246 0,210 0,124 0,076 0,382 0,068 0,148 0,052 0,046 0,109 0,115 0,348 0,080 0,129 0,047 0,002 0,660 0,022 0,047 0,069 0,079 0,022 2003 0,027 0,090 0,166 0,444 0,408 0,185 0,117 0,064 0,134 0,356 0,175 0,174 0,203 0,268 0,115 0,235 0,119 0,087 0,068 0,180 0,064 0,609 0,078 0,081 0,197 0,102 0,532 2004 0,018 0,161 0,459 0,553 0,497 0,105 0,054 0,242 0,133 0,561 0,266 0,016 0,522 0,540 0,257 0,203 0,320 0,092 0,038 0,206 0,002 0,153 0,060 0,061 0,098 0,110 0,169 2005 0,134 0,140 0,220 0,301 0,254 0,191 0,150 0,114 0,097 0,650 0,355 0,134 0,140 0,338 0,184 0,110 0,191 0,117 0,218 0,185 0,083 0,453 0,059 0,028 0,551 0,116 0,348 2006 0,173 0,336 0,600 0,308 0,950 0,204 0,106 0,097 0,200 0,822 0,220 0,120 0,252 0,547 0,262 0,215 0,525 0,114 0,155 0,579 0,077 0,074 0,061 0,006 0,027 0,108 0,170 2007 0,000 0,236 0,282 0,102 0,180 0,127 0,108 0,049 0,131 0,420 0,108 0,162 0,205 0,178 0,122 0,078 0,382 0,080 0,103 0,195 0,098 0,417 0,015 0,031 0,323 0,837 0,172 2008 Media 0,053 0,574 0,600 0,542 0,236 0,153 0,488 0,532 0,216 0,340 0,304 0,154 0,184 0,689 0,200 0,263 0,756 0,104 0,043 0,353 0,048 0,000 0,024 0,000 0,312 0,554 0,131 0,058 0,186 0,292 0,257 0,415 0,186 0,222 0,156 0,156 0,428 0,194 0,133 0,257 0,337 0,208 0,207 0,401 0,085 0,154 0,206 0,144 0,274 0,051 0,030 0,178 0,271 0,260

FONTE: Tabelas 1, 2, 3 e 4 do Apndice 3. Anlise do indicador de corrupo por estados

Questo 1 A incidncia da corrupo governamental nos estados brasileiros uniforme, de acordo com o ndice fornecido pela TI, ou apresenta diferenas?

A partir da mdia do ICE por estados apresentada na Tabela 11, foi elaborado o ranking estadual do perodo 1998-08, demonstrado no Grfico 7.

46

Grfico 7 Ranking do Indicador de Corrupo por Estados 1998-08Mdia do ICE 0,450 0,400 0,350 0,300 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000

FONTE: Tabela 11. Esse ranking permitiu constatar-se que os Estados do Maranho, da Bahia, do Piau e do Par, figuram com os maiores ndices, sendo que Paran, Acre, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tm os mais baixos. Com o objetivo de analisar a incidncia relativa da corrupo governamental nos estados, foi elaborada a Tabela 12, que contm a anlise de tendncias do ICE com relao sua mdia no perodo. Tabela 12 Anlise das tendncias do ICE com relao sua mdia, por estados 1998-08ESTADOS MA BA PI PA AM RR SP TO MT AP DF PB PE RN MG AL CE SE 1998 0,117 0,572 0,155 0,038 0,215 0,098 0,071 0,044 0,000 0,120 0,472 0,395 0,022 0,099 0,071 0,081 0,086 0,025 1999 0,119 0,176 0,188 0,222 0,061 0,043 0,636 0,237 0,593 0,036 0,072 0,066 0,134 0,085 0,109 0,094 0,077 0,011 2000 0,191 0,441 0,558 0,556 0,226 0,472 0,198 0,565 0,086 0,149 0,134 0,210 0,257 0,086 0,127 0,135 0,233 0,062 2001 0,750 0,472 0,866 0,285 0,211 0,033 0,170 0,471 0,589 0,076 0,526 0,371 0,641 0,247 0,334 0,098 0,438 0,289 2002 0,382 0,381 0,348 0,046 0,175 0,660 0,079 0,022 0,052 0,196 0,210 0,109 0,115 0,047 0,068 0,104 0,246 0,069 2003 0,356 0,408 0,119 0,268 0,166 0,609 0,102 0,532 0,203 0,444 0,117 0,115 0,235 0,180 0,175 0,090 0,185 0,197 2004 0,561 0,497 0,320 0,540 0,459 0,153 0,110 0,169 0,522 0,553 0,054 0,257 0,203 0,206 0,266 0,161 0,105 0,098 2005 0,650 0,254 0,191 0,338 0,220 0,453 0,116 0,348 0,140 0,301 0,150 0,184 0,110 0,185 0,355 0,140 0,191 0,551 2006 0,822 0,950 0,525 0,547 0,600 0,074 0,108 0,170 0,252 0,308 0,106 0,262 0,215 0,579 0,220 0,336 0,204 0,027 2007 0,420 0,180 0,382 0,178 0,282 0,417 0,837 0,172 0,205 0,102 0,108 0,122 0,078 0,195 0,108 0,236 0,127 0,323 2008 Media Tendncia 0,340 0,428 0,238 0,236 0,415 0,436 0,756 0,401 0,296 0,689 0,337 0,171 0,600 0,292 0,100 0,000 0,274 0,267 0,554 0,271 0,140 0,131 0,260 0,311 0,184 0,257 0,283 0,542 0,257 0,091 0,488 0,222 0,256 0,200 0,208 0,246 0,263 0,207 0,212 0,353 0,206 0,059 0,304 0,194 0,118 0,574 0,186 0,014 0,153 0,186 0,194 0,312 0,178 0,036

MA BA PI PA AM RR SP TO MT AP DF PB PE RN MG AL CE SE GO ES RJ RO MS PR AC RS SC

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ESTADOS GO ES RJ RO MS PR AC RS SC

1998 0,147 0,290 0,193 0,479 0,122 0,088 0,025 0,039 0,056

1999 0,056 0,019 0,378 0,531 0,024 0,022 0,103 0,032 0,013

2000 0,248 0,061 0,166 0,051 0,156 0,037 0,065 0,070 0,001

2001 0,278 0,124 0,205 0,148 0,255 0,110 0,015 0,106 0,011

2002 0,076 0,124 0,129 0,002 0,148 0,080 0,029 0,022 0,047

2003 0,134 0,064 0,068 0,064 0,174 0,087 0,027 0,078 0,081

2004 0,133 0,242 0,038 0,002 0,016 0,092 0,018 0,060 0,061

2005 0,097 0,114 0,218 0,083 0,134 0,117 0,134 0,059 0,028

2006 0,200 0,097 0,155 0,077 0,120 0,114 0,173 0,061 0,006

2007 0,131 0,049 0,103 0,098 0,162 0,080 0,000 0,015 0,031

2008 Media Tendncia 0,216 0,156 0,147 0,532 0,156 0,086 0,043 0,154 0,243 0,048 0,144 0,323 0,154 0,133 0,123 0,104 0,085 0,059 0,053 0,058 0,046 0,024 0,051 0,062 0,000 0,030 0,037

FONTE: Tabela 11. NOTA: Na faixa de zero a 0,330, a incidncia da corrupo governamental considerada baixa (transparente); na faixa de 0,331 a 0,660, a incidncia mdia(cinza mdio); e na faixa de 0,661 a 1, a incidncia alta(cinza escuro). Concluso 1 A elaborao do ranking com o ICE leva concluso de que a incidncia da corrupo governamental no perodo em anlise, no uniforme nos estados brasileiros, sendo considerada alta nos anos de 2001, no Maranho e no Piau; em 2006, no Maranho e na Bahia; em 2007, em So Paulo; e em 2008, no Piau e no Par. Identifica-se tambm que a incidncia da corrupo governamental foi alta nos Estados do Maranho e Piau, em 2002; no Maranho e na Bahia, em 2006; em So Paulo, em 2007; e no Piau e no Par em 2008. Questo 2 Quais estados brasileiros podem ter o comportamento da corrupo governamental explicado pelo IPC-TI? Para isso foi elaborada a Tabela 13, onde foi calculada a correlao existente entre o ICE por estados e o IPC-TI e a posio ocupada pelo Brasil no ranking da TI, demonstrado na Tabela 13. Tabela 13 Anlise de correlao entre o ICE e o IPC-TI por estados 1998-08CORREL. CORREL. NDICE POSIO -0,416 -0,564 -0,692 -0,273 -0,367 0,241 0,015 -0,235 -0,115 -0,470 -0,213 0,226 0,624 0,690 0,461 0,087 -0,414 0,062 0,462 0,020 0,325 0,319

ESTADOS 1998 AC BA PI PA AM RR SP TO MT AP DF 0,025 0,415 0,401 0,337 0,292 0,274 0,271 0,260 0,257 0,257 0,222

1999 0,103 0,094 0,061 0,036 0,176 0,077 0,072 0,019 0,056 0,119 0,109

2000 0,065 0,135 0,226 0,149 0,441 0,233 0,134 0,061 0,248 0,191 0,127

2001 0,015 0,098 0,211 0,076 0,472 0,438 0,526 0,124 0,278 0,750 0,334

2002 0,029 0,104 0,175 0,196 0,381 0,246 0,210 0,124 0,076 0,382 0,068

2003 0,027 0,090 0,166 0,444 0,408 0,185 0,117 0,064 0,134 0,356 0,175

2004 0,018 0,161 0,459 0,553 0,497 0,105 0,054 0,242 0,133 0,561 0,266

2005 0,134 0,140 0,220 0,301 0,254 0,191 0,150 0,114 0,097 0,650 0,355

2006 0,173 0,336 0,600 0,308 0,950 0,204 0,106 0,097 0,200 0,822 0,220

2007 0,000 0,236 0,282 0,102 0,180 0,127 0,108 0,049 0,131 0,420 0,108

2008 0,053 0,574 0,600 0,542 0,236 0,153 0,488 0,532 0,216 0,340 0,304

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CORREL. CORREL. ESTADOS 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 NDICE POSIO PB 0,208 0,024 0,156 0,255 0,148 0,174 0,016 0,134 0,120 0,162 0,154 -0,022 -0,096 PE 0,207 0,593 0,086 0,589 0,052 0,203 0,522 0,140 0,252 0,205 0,184 0,335 -0,238 RN 0,206 0,222 0,556 0,285 0,046 0,268 0,540 0,338 0,547 0,178 0,689 -0,491 0,564 MG 0,194 0,066 0,210 0,371 0,109 0,115 0,257 0,184 0,262 0,122 0,200 -0,145 0,066 AL 0,186 0,134 0,257 0,641 0,115 0,235 0,203 0,110 0,215 0,078 0,263 0,194 -0,220 CE 0,186 0,188 0,558 0,866 0,348 0,119 0,320 0,191 0,525 0,382 0,756 -0,291 0,263 SE 0,178 0,022 0,037 0,110 0,080 0,087 0,092 0,117 0,114 0,080 0,104 -0,204 0,158 GO 0,156 0,378 0,166 0,205 0,129 0,068 0,038 0,218 0,155 0,103 0,043 0,378 -0,491 ES 0,156 0,085 0,086 0,247 0,047 0,180 0,206 0,185 0,579 0,195 0,353 -0,800 0,669 RJ 0,154 0,531 0,051 0,148 0,002 0,064 0,002 0,083 0,077 0,098 0,048 0,369 -0,353 RO 0,144 0,043 0,472 0,033 0,660 0,609 0,153 0,453 0,074 0,417 0,000 0,149 -0,204 MS 0,133 0,032 0,070 0,106 0,022 0,078 0,060 0,059 0,061 0,015 0,024 0,363 -0,470 PR 0,085 0,013 0,001 0,011 0,047 0,081 0,061 0,028 0,006 0,031 0,000 0,384 -0,319 AC 0,058 0,011 0,062 0,289 0,069 0,197 0,098 0,551 0,027 0,323 0,312 -0,310 0,455 RS 0,051 0,636 0,198 0,170 0,079 0,102 0,110 0,116 0,108 0,837 0,554 -0,269 0,417 SC 0,030 0,237 0,565 0,471 0,022 0,532 0,169 0,348 0,170 0,172 0,131 0,183 -0,209

FONTE: Tabelas 1, 2 e 11. NOTA: Na faixa de zero a 0,330, a incidncia da corrupo governamental considerada baixa (transparente); na faixa de 0,331 a 0,660, a incidncia mdia(cinza mdio); e na faixa de 0,661 a 1, a incidncia alta(cinza escuro). Concluso 2 Os Estados do Piau e do Esprito Santo apresentam alto grau de correlao com o IPC-TI e com a evoluo da posio ocupada pelo Brasil no Ranking da TI, enquanto Bahia, Rio Grande do Norte, Gois, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, tiveram correlao mdia, e os demais Estados apresentaram baixa ou nenhuma correlao com os nmeros da TI. Portanto, o uso do indicador da TI ou da posio ocupada pelo Brasil no seu ranking no apropriado para uma aplicao uniforme nos estados brasileiros, especialmente no que diz respeito aos estudos sobre polticas pblicas, finanas estaduais e na rea de Economia Regional em geral. 3.2 O Indicador de Corrupo Governamental no Brasil ICB

O ICB foi elaborado com a ponderao do ICE anual pela populao dos estados, considerando-se o seguinte modelo: Indicador de Corrupo Governamental no Brasil (ICB) = [(populao do estado/total da populao dos estados) * ICE por estado]

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Desse modelo, foram obtidos os valores anuais referentes corrupo governamental para o Brasil, conforme demonstrado na Tabela 14. Tabela 14 Indicador de Corrupo Governamental no Brasil 1998-08Discriminao ICB 1998 0,142 1999 0,248 2000 0,200 2001 0,291 2002 0,128 2003 0,163 2004 0,202 2005 0,197 2006 0,265 2007 0,292 2008 0,314

FONTE: Tabelas 5 e 11.

Anlise do Indicador de Corrupo no Brasil com relao ao ndice de Corrupo Percebida da Transparncia Internacional

Questo 3 O ndice subjetivo elaborado pela TI para o Brasil reflete o comportamento da corrupo governamental aferida pelo indicador objetivo ICB?

Para responder ao questionamento, analisa-se, inicialmente, o Indicador de Corrupo Governamental no Brasil. O ICB varia em uma escala de zero a 1, sendo que zero indica o menor grau de corrupo governamental e, 1, o maior. O comportamento do ICB no perodo de 1998-08 pode ser observado no Grfico 8. Grfico 8 - Indicador de Corrupo Governamental no Brasil ICBICB 0,350 0,300 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

FONTE: Tabela 14. De acordo com o comportamento verificado no Grfico 8, o ICB apresentou alta entre os anos de 1998 e 2001, retrocedendo em 2002 e voltando a crescer at 2008.

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Ao se analisar a tendncia do ICB com relao sua media no perodo, v