autonomia do professor - final.docx
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Universidade do Minho
Autonomia do professor:
realidade ou ficção?
Carla Cristina Rocha Gomes Larsen
Maria Isabel Lago da Silva
Miriam Miranda Pinto
Trabalho da unidade curricular Desenvolvimento Curricular
Doutora Maria Assunção lores
Mestrado em Ensino da Matemática
no 3º ciclo do Ensino Básico e no Secundárioevereiro !"#"
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“O professor, tal como o artista,o filósofo e o poeta, só conseguedesempenhar o seu trabalho
adequadamente se se sentirdirigido por um impulso criativointerior, não dominado por umaautoridade externa.”
Bertrand Russel, npopular !ssa"s #$%%&', p. $(%.
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$ndice
)ntrodu*ão ++++++++++++++++++++++++++++....
$ - Reformas na dcada de %&/ crescente autonomia da !scola e do 0rofessor++....(
1 - 2utonomia nos discursos normativos ++++++++++..++++++...3
4 - O professor e a autonomia nas suas pr5ticas ++++++++++++...........6
- 2utonomia dos professores na !uropa/ um estudo europeu ++++..+++....7
.$- 8onte9do curricular ++++++++++++++++++..++.7
.1- :todos de ensino +++++++++++++++++++.++.%
.4- :anuais escolares ++++++++++++++++++++.....%
. - Organi;a*ão das turmas ++++++++++++++++++.$&
.( - 2valia*ão do aluno +++++++++++++++++++..+.$$
( - 2utonomia do professor versus desempenho escolar ++++++++..+...$1
3 - 2utonomia curricular na opinião dos professores ++++++++...++$4
8onclusão ++++++++++++++++++++++++.+...++...$(
Refer<ncias bibliogr5ficas +++++++++++++++++++++.+ $6
2nexos +++++++++++++++++++++++++++..+.....$7
4
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%ntrodução
2s reformas verificadas no ensino nas 9ltimas dcadas vieram tra;er altera*=es
relativamente aos anteriores documentos oficiais, remetendo para a escola e para os professores a
responsabilidade na busca de respostas adequadas aos seus alunos e aos seus contextos de trabalho,
pelo que lhes exigida uma maior capacidade de decisão face ao desenvolvimento do curr>culo. O
papel do professor ganha assim outra relev?ncia no desenvolvimento curricular. :as terão os
professores realmente assumido de forma efectiva as suas novas responsabilidades@ ! que margem
de actua*ão lhes deixada pela recente pol>tica educativa@ !stas são as quest=es sobre as quais
iremos reflectir neste trabalho.
0ara tal, recorremos A revisão bibliogr5fica e an5lise de v5rios estudos 5 existentes que, pelo
facto de utili;arem amostras suficientemente representativas, tornam as suas conclus=es mais
pass>veis de serem generali;adas.
8ome*amos pelo enquadramento pol>tico que trouxe o conceito de descentrali;a*ão e
autonomia para os discursos actuais, seguindo-se uma an5lise de como ela se reflecte nas pr5ticas
dos professores. C feita de seguida uma compara*ão com os restantes pa>ses europeus bem como o
estabelecimento de uma poss>vel liga*ão entre autonomia e desempenho escolar. Dinalmente,
interessou-nos saber como que os professores v<em essa autonomia que lhes foi atribu>da.
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# & 'eformas na d(cada de )": crescente autonomia da Escola
e do *rofessor
2s intensas transforma*=es ocorridas nas sociedades contempor?neas trouxeram novos
desafios aos sistemas educativos e levaram a sucessivas reformas em muitos pa>ses atravs das
quais os respectivos poderes pol>ticos tentam acomodar a educa*ão As novas exig<ncias/
- a heterogeneidade da popula*ão escolar que surgiu com o alargamento da escolaridade
obrigatória e a massifica*ão do ensinoE
- satisfa*ão de necessidades sociais #incluindo a integra*ão dos alunos com necessidades
educativas especiais'E
- a tentativa de melhoria do desempenho do sistema educativo causada pela publica*ão de
resultados considerados decepcionantes em avalia*=es padroni;adas, nacionais e
internacionais # exemplo o estudo 0isa' - que originaram uma intensa discussão acerca do
trabalho reali;ado pelos professores em diversos pa>ses,
são apontados como factores desencadeadores destas reformas.
!ssas reformas t<m incidido em tem5ticas como a autonomia e a descentrali;a*ão
educativas, o novo modelo de gestão escolar, a gestão flex>vel do curr>culo, a integra*ão curricular,
a abertura das escolas ao meio e sobretudo a mudan*a das pr5ticas curriculares dos professores.
!spera-se que esta recente autonomia e a liberdade que em princ>pio a acompanha condu;am os
professores a desenvolverem a sua criatividade e capacidade de inovar e que activamente se tornem
mais interligados e mais motivados, envolvendo-se no desenvolvimento curricular de uma forma
mais efica;.
!sta autonomia dos professores parece ser então o resultado da crescente autonomia escolar
e, de um modo mais amplo, da descentrali;a*ão.
! como se processou essa descentrali;a*ão em 0ortugal@
(
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! & Autonomia nos discursos normativos
Fambm em 0ortugal, o conceito de autonomia, a par de outros como participa*ão,
territoriali;a*ão, proecto educativo, entraram no discurso, quer da administra*ão, quer das escolas,
sobretudo a partir de $%73 com a publica*ão da Gei de Bases do Histema !ducativo. !stes conceitosencerram altera*=es significativas no plano de desenvolvimento organi;acional da escola pois
caminham no sentido de transferirem os poderes e as decis=es tomadas a n>vel nacional para o n>vel
local, de forma a que se reconhe*a a escola como fulcro de decis=es e a comunidade escolar como
parceira fundamental na tomada de decis=es, cabendo A administra*ão central o papel de apoiar e
regular esse processo.
Iecreto de lei 2 salientar Iecreto-lei nJ 4K7%, de 4 de Devereiro • Regime ur>dico de autonomia, gestão e administra*ão das
escolas oficiais dos 1J e 4J 8iclos do !nsino B5sico e do
!nsino Hecund5rio
• 0roecto educativo Iecreto Gei n.J $$(-2K%7, de de :aio
e alterado pela Gei nJ 1K%%, de 11 de
2bril
• Regime ur>dico de autonomia, gestão e administra*ão que
se estende aos estabelecimentos p9blicos de !duca*ão
0r-!scolar e do $J 8iclo do !nsino B5sico
Iecreto-lei n.J 3K1&&$, de $7 de Laneiro • Reorgani;a*ão 8urricular do !nsino B5sico•
0roecto curricular de escola #onde a escola convidada aapresentar um proecto de gestão flex>vel do curr>culo'
• 0roecto curricular de escola e de turma
Iecreto-lei n.J 6(K1&&7, de 11 de 2bril • Revisão do regime ur>dico da autonomia, administra*ão e
gestão das escolas no sentido do refor*o da participa*ão
das fam>lias e comunidades na direc*ão estratgica dos
estabelecimentos de ensino
• 8ria*ão do cargo de director e extin*ão do conselho
directivo
Mimos portanto que a questão da autonomia não aparece assim de repente, antes surge como
resultado de todo um percurso em que se verificou que o modelo centralista não respondia
cabalmente As quest=es colocadas pelos novos tempos. ! note-se tambm que este processo não
surgiu por pressão dos professores ou das suas estruturas representativas, mas antes como uma
necessidade pol>tica e por iniciativa do poder central. Falve; isso ustifique muita coisa+
! como se tradu; essa autonomia nas pr5ticas dos professores@
3 + , professor e a autonomia nas suas práticas
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2nalisando cada um dos elementos de operacionali;a*ão do curr>culo A lu; das pr5ticas
curriculares dos professores, verifica-se que o professor go;a de diferentes graus de autonomia, de
acordo com as fun*=es #0acheco, 1&&$'/
- relativamente aos obectivos, o professor go;a de uma autonomia colegial, trocada com osoutros professores, na formula*ão de obectivos de aprendi;agem ao n>vel da turmaE
- quanto aos conte9dos, não tem autonomia para os seleccionar e organi;ar devido A
exist<ncia de programas a n>vel nacional, mas disp=e de autonomia total na sua transforma*ão
did5ctica, isto , sequenciali;a*ão e extensão de modo a que seam compreendidos pelos alunosE
- no tocante As actividades e recursos did5cticos, go;a de uma ampla autonomia. Os
programas cont<m sugest=es metodológicas que são meras recomenda*=es e o tempo de
aprendi;agem tambm gerido pelo professor, primeiro em grupo e depois individualmenteE- autonomia partilhada na escolha dos manuais e liberdade na produ*ão própria de outros
materiaisE
- quanto A avalia*ão dos alunos, o professor disp=e tanto de uma autonomia colegial nas
modalidades e procedimentos avaliativos como de uma autonomia subectiva na aplica*ão dos
critrios pelos quais avalia.
:as ser5 esta a realidade noutros pa>ses@ 0ara responder a esta questão, nada melhor que a
an5lise do estudo reali;ado pela !ur"dice N 2 Rede de )nforma*ão sobre !duca*ão na !uropa, em
1&&7.
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- & Autonomia dos professores na Europa: um estudo
comparativo
!ste estudo apresenta uma imagem comparativa da autonomia nas tarefas reali;adas pelos professores nos diferentes pa>ses da rede !ur"dice, com excep*ão da Furquia. !ngloba a educa*ão
escolar nos n>veis do 8)F! $ e 1 #ver anexo' e refere-se a escolas p9blicas de todos os pa>ses . O
sector privado subsidiado pelo !stado tambm tido em considera*ão no caso da Blgica, da
)rlanda e da olanda. O ano de refer<ncia dos dados 1&&3K&6, mas tambm são consideradas as
reformas futuras.
-.# & /onte0do curricular!m geral, os professores t<m pouco a di;er na determina*ão do conte9do do curr>culo
m>nimo obrigatório, quer pelo facto de esta não ocorrer nas escolas #Digura 1.$a', quer porque,
quando ocorre, a tarefa fa; parte da responsabilidade principal do director da escola #Digura 1.$b'.
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-.! & M(todos de ensino
Po que se refere aos mtodos de ensino, os professores são, acima de tudo, livres de
escolher os mtodos que desearem. Fodos os pa>ses dão As escolas liberdade para decidir os seus
mtodos de ensino, mesmo que muitas ve;es seam estabelecidos mecanismos de vigil?ncia, como
por exemplo, as inspec*=es. Os professores decidem os mtodos de ensino que devem ser
utili;ados, a n>vel individual ou colectivo sem ter que consultar a autoridade ou o órgão
administrativo externo A escola.
-.3 & Manuais escolares Pa grande maioria dos pa>ses, as escolas tambm escolhem os seus próprios manuais
escolares e os professores tanto podem ser inteiramente livres de escolherem os seus manuais
preferidos, como poderão fa;<-lo a partir de uma lista pr-determinada 2 pesquisa revela que,
apesar das oportunidades para o fa;er, na pr5tica, os professores tendem a não se desviar do
conte9do dos manuais seleccionados, os quais muitas ve;es descrevem em detalhe o curr>culo
m>nimo obrigatório definido a n>vel central.
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-.- & ,r1ani2ação das turmas
2s escolas recebem geralmente maior autonomia na determina*ão dos critrios pelos quais
os alunos devem ser organi;ados em grupos para ensinar e aprender. Ie facto, todos os pa>ses
concedem alguma liberdade As escolas a este n>vel. !m muitos pa>ses, os professores e os directores
decidem em conunto como organi;ar os alunos em grupos e, apesar de noutros pa>ses os
professores não estarem directamente envolvidos porque esta tarefa levada a cabo pelo director da
escola eKou pelo órgão gestor escolar, a sua opinião pode ser solicitada numa determinada fase do
processo de tomada de decisão.
$&
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-. & Avaliação do aluno
Os professores são detentores de uma forte autonomia na decisão de outra 5rea importante
da sua actividade, nomeadamente na avalia*ão dos alunos. Pa grande maioria dos pa>ses !uropeus,
os professores determinam os critrios pelos quais os alunos devem ser avaliados, actuando quer de
forma independente quer de forma conunta com o director da escola.
Deita uma observa*ão atenta destes gr5ficos, verifica-se que a autonomia dos professores em
0ortugal não muito diferente da da maior parte dos colegas europeus. ! tambm em quase todos
os pa>ses deste estudo h5 um curr>culo m>nimo obrigatório definido centralmente.
5 no entanto alguns pa>ses onde a autonomia dos professores mais notória,
nomeadamente na defini*ão desse curr>culo m>nimo. C o caso da olanda e da Dinl?ndia.
Paturalmente surge a questão “Fer5 isso influ<ncia no desempenho escolar@”
$$
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& Autonomia do professor versus desempenho escolar
Estudo *%SA !""4
5esempenho/i6ncias 7eitura Matemática
Fonte: OCDE (2007), PISA 2006 - Science competencies for tomorrows wor!", P#ris: OCDE
2nalisando estes dados do relatório 0isa de 1&&3, podemos verificar que a olanda e a
Dinl?ndia foram os 9nicos pa>ses com os mais altos desempenhos em todas as compet<ncias.
!stabelecendo a ponte com o estudo !ur"dice, poss>vel verificar que tambm eles apresentam os
maiores graus de autonomia bem como uma mais longa tradi*ão de autonomia curricular. Her5
apenas uma coincid<ncia@
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Resta-nos agora dar vo; aos professores, saber a sua opinião e envolvimento nesta questão
da autonomia curricular, pois deles depende o resultado de qualquer reforma+
& A autonomia curricular na opinião dos professoresOs resultados que a seguir se apresentam fa;em parte de um proecto de investiga*ão
#:orgado, 1&&4' centrado nos 0rocessos e pr5ticas de #re'constru*ão da autonomia curricular dos
professores. 2 popula*ão em estudo reporta-se A totalidade dos professores que, no ano lectivo de
1&&&-1&&$, leccionaram em escolas oficiais dos 1J e 4J ciclos do ensino B5sico e do !nsino
Hecund5rio, no distrito de Braga, num total de 6(& professores. 2 amostra representativa foi de
433 indiv>duos. O estudo teve os seguintes obectivos/- conhecer as percep*=es dos professores relativamente A autonomia da escolaE- interpretar de que modo valori;am as suas compet<ncias curriculares, quer a n>vel
individual, quer colectivoE- averiguar como prospectivam a operacionali;a*ão das componentes curriculares, em
particular as componentes regionais e locais e da 5rea de proectoE- identificar expectativas em rela*ão As altera*=es curriculares nos !nsino B5sico e do
!nsino Hecund5rio, nomeadamente no que se refere A gestão flex>vel do curr>culo, cria*ão de
estruturas de coordena*ão e articula*ão curricular e mudan*a das pr5ticas curricularesE- verificar se os docentes consideram pertinente a redefini*ão de compet<ncias a n>vel
central, com a consequente atribui*ão de maior poder As escolas e aos professores.
Fendo em conta estes obectivos, transcrevemos os resultados mais relevantes deste estudo.
Quanto a- autonomia da escola/ a maioria dos docentes continua a centr5-la no dom>nio da gestão do
estabelecimento relegando para segundo plano a dimensão curricularE- componentes curriculares/ relevante o facto de concordarem com a exist<ncia de um
curr>culo comum definido pelo :. !. para todos os alunos do ensino b5sico ainda que,
simultaneamente, considerem que a escola deve ter compet<ncia para introdu;ir tem5ticas eKou
5reas disciplinares nos planos curriculares deste n>vel de ensinoE- import?ncia atribu>da pelos docentes A 5rea de proecto/ embora se trate de uma 5rea
curricular definida e implementada a n>vel nacional pelo :. !., os docentes consideram-na umespa*o integrador das v5rias componentes curriculares e como possibilidade de inserir a escola no
meio. 0orm, em muitos casos, e contrariamente ao discurso dos professores, a 5rea de proecto
não tem cumprido os obectivos que presidiram A sua defini*ão. Fem sido usada mais como um
espa*o disciplinar do que como uma 5rea de trabalho por proectoE
- forma como valori;am as suas compet<ncias curriculares, tanto a n>vel individual como de
grupo disciplinar/ os professores revelam posi*=es pouco claras/ afirmam que go;am de
expressiva autonomia na gestão dos programas que leccionam e que a programa*ão reali;ada a
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n>vel de grupo disciplinar uma pr5tica que concorre para a constru*ão da autonomia curricular e
para coordenar os programas e as actividades ao longo do ano. Po entanto, consideram
fundamentais as orienta*=es do :. !. para esse efeito e reconhecem a exist<ncia de exames
nacionais como uma estratgia efica; para o cumprimento dos programasE- utili;a*ão dos manuais escolares/ um n9mero significativo de professores continua a
depender excessivamente deles o que torna vis>vel a falta de autonomia eKou empenhamento em
termos de concep*ão de materiais e de comportamentos did5cticosE- constru*ão de proectos curriculares/ consideram-na uma pr5tica que facilita a gestão
flex>vel do curr>culo e que permite diversificar e melhorar as aprendi;agens dos alunos mas, ao
mesmo tempo, defendem que o manual escolar, enquanto instrumento did5ctico de uso frequente,
não impede a concreti;a*ão de tais propósitos. Habe-se que o manual concebido para um
determinado aluno-tipo e veicula uma constru*ão espec>fica do conhecimento, com uma
determinada lógica de sequenciali;a*ão, o que contraria tal possibilidadeE- avalia*ão das aprendi;agens N as posi*=es assumidas são amb>guas/ assumem que devem
dispor de ampla autonomia em todo esse processo mas, em simult?neo, concordam que as normas
de progressão nos ensinos b5sico e secund5rio seam definidas pelo :.!., viabili;ando mesmo a
exist<ncia de exames nacionais, sobretudo no ensino secund5rio.
“!m suma, os professores reclamam mais autonomia mas, na pr5tica, abrem
mão de decis=es importantes e pactuam com aspectos que os afasta dela. !m termos
de compet<ncias curriculares, evidenciam uma opinião claramente favor5vel As
compet<ncias curriculares do :.!., não sendo tão categóricos no que se refere As
suas próprias compet<ncias ou As compet<ncias curriculares ao n>vel da escola, o
que, em nosso entender, revela uma n>tida falta de maturidade curricular. Pa verdade, embora os professores seam receptivos aos discursos de mudan*a
e assimilem com relativa facilidade conceitos potencialmente v5lidos, não
conseguem, em igual medida, utili;5-los para transformar as suas pr5ticas
pedagógicas. :uito h5 a fa;er nesse dom>nio, sobretudo ao n>vel da forma*ão inicial
e da forma*ão cont>nua” #:orgado, 1&&6, pp.$6-$6('.
/onclusão
2pesar das sucessivas reformas e consequente aumento da autonomia atribu>da aos
professores, os resultados não foram os esperados. 2nalisando os resultados dos estudos 0isa dos
9ltimos anos, 0ortugal continua com um desempenho abaixo da mdia dos pa>ses da O8I!. !ste
panorama pode ser indiciador da persist<ncia de pr5ticas tradicionais, revelando uma dist?ncia entre
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as orienta*=es curriculares e a situa*ão real, podendo ser sintoma da inefic5cia do professor no uso
do protagonismo que os documentos oficiais lhe trouxeram. ! porqu<@ 0orque essa autonomia surge
mais como uma imposi*ão normativa #autonomia decretada' do que como uma necessidade sentida
pelos professores #:orgado, :artins, 1&&7', da> a pouca motiva*ão. Hegundo #2lves, 1&&1', uma
autonomia limitada e concedida, por isso não constitui um direito adquirido. 2 piorar a situa*ão,
acontece muitas ve;es que essa autonomia reconhecida no plano das ideias não passa de uma
autonomia retórica negada no contexto das escolas, como afirma #0acheco, 1&&&', devido As
condi*=es de trabalho, A insufici<ncia dos recursos e materiais curriculares e subfinanciamento das
escolas.
2pesar da exist<ncia de um curr>culo m>nimo obrigatório, os sucessivos normativos vieram
tra;er flexibilidade A escola e professores para a sua adequa*ão ao contexto escolar, sob a forma da
elabora*ão de proectos curriculares, mas na pr5tica são vistos pelos professores como rotinas
burocr5ticas, desperdi*ando o instrumento que lhes dado para fa;er valer a sua autonomia no
conte9do do curr>culo #uma ve; que na forma 5 a t<m N autonomia did5ctica'.
2 agravar, o excessivo controlo por parte da 2dministra*ão 8entral. “8omo se flexibili;a o
curr>culo se as pr5ticas curriculares são definidas e reguladas pela administra*ão@” #0acheco, 1&&&,
p.6('. Iescentrali;a-se mas+regressa-se a pr5ticas de recentrali;a*ão.
C preciso pois reflectir sobre como motivar os professores para se envolverem activamente
nestas reformas #que at agora parecem andar mais nos normativos do que na pr5tica dos
professores'. 2 forma*ão, inicial e cont>nua, de professores poder5 ser uma grande aliada nesta
conquista efectiva de autonomia. 8onvm lembrar a import?ncia crucial que a adesão e ac*ão dos
professores t<m para o sucesso de qualquer reforma.
“ 2 melhoria da educa*ão depende dos professores quererem #ou não' fa;er a diferen*a.
Iepende da forma como eles se sentem #ou não' profissionais. Pem elevar os standards
atravs da regulamenta*ão nem profissionali;ar atravs da prescri*ão resultam. Os
professores t<m poder no sentido em que eles t<m de querer melhorar as coisas paraque a melhoria aconte*a”
:c8ulloch, elsb" e night #1&&&, p.$$7'
'efer6ncias 8i8lio1ráficas
2GM!H, :. 0. #1&&1'. 2utonomia curricular/ a face oculta da #re'centrali;a*ão@, in :OR!)R2, 2.
D. E 028!8O, L. 2.E :ORS2IO, L. 8. E :28!IO, !. E 82H):)RO, :. 2. #org.'. Curr!culo e
$(
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Produção de Identidades" 2ctas do M 8olóquio sobre quest=es 8urriculares. Braga/ niversidade
do :inho.
:ORS2IO, L. 8. #1&&4'. Processos e #r$ticas de %re&construção da autonomia curricular . Fese de
doutoramento. Braga/ niversidade do :inho.
:ORS2IO, L. 8. #1&&6'. 2 autonomia 8urricular na opinião dos professores. m estudo
exploratório, in DGOR!H, :. 2.E M)2P2, ). 8. #orgs.' . Pro'issionalismo Docente em Transição(
As Identidades dos Pro'essores em tem#os de Mudança. Braga/ 8entro de )nvestiga*ão em
!duca*ão da niversidade do :inho
:ORS2IO, L. 8.E :2RF)PH, D. B. #1&&7'. Pro)ecto curricular ( mudança de #r$ticas ou
o#ortunidade #erdida* Braga/ 2ssocia*ão 0ortuguesa de estudos curriculares.
028!8O, L. 2. #1&&&'. 2 flexibili;a*ão das pol>ticas curriculares. 2ctas do semin5rio +
#a#el do diversos actores na construção de uma escola democr$tica. Suimarães/ 8entro de
Dorma*ão Drancisco de olanda, pp. 6$-67.
028!8O, L. 2. #1&&$'. Curr!culo( Teoria e Pr$,is. 0orto/ 0orto !ditora.
,utras refer6ncias
!RTI)8! #1&&7'. Relatório -!veis de autonomia e de res#onsabilidade dos #ro'essores na
.uro#a" Bruxelas/ !ur"dice !uropean nit
O8I! #1&&6', PISA /001 2 Science com#etencies 'or tomorro34s 3orld . 0aris/ O8I!
Ane9os
$3
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/%E ;/lassificação %nternacional ipo da Educação< N 8orrespond<ncias nacionais/
8)F! & N !duca*ão 0r-escolar,8)F! $ N $.J e 1.J ciclos do !nsino B5sico,8)F! 1 N 4.J ciclo do !nsino B5sicoE8)F! 4 N !nsino Hecund5rioE8)F! N !nsino 0ós-secund5rio não superiorE8)F! ( e 3 N !nsino Huperior.
$6