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Fatores terapêuticos Profa. Dra. Laura Vilela e Souza

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Page 1: Aula Fatores terapêuticos

Fatores terapêuticosProfa. Dra. Laura Vilela e Souza

Page 2: Aula Fatores terapêuticos

Fonte do material

• SANTOS, M. A. (2004). Fatores terapêuticos: conceituação e aplicação à psicoterapia de grupo. Apostila de estudos, Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo.

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Para Bloch (1986) e MacKenzie (1997) merecem destaque os seguintes fatores terapêuticos:

• universalidade;• instilação de esperança;• altruísmo;• aceitação (coesão);• auto-revelação;• catarse;• aconselhamento;• aprendizado por intermédio do outro;• aprendizado interpessoal;• autocompreensão (insight).

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Universalidade

• No grupo, o paciente toma conhecimento de que não é o único a ter determinados impulsos, comportamentos, problemas ou conflitos.

• Outros pacientes compartilham de condições semelhantes ou viveram experiências análogas.

• O resultado é certa sensação de alívio, melhora da auto-estima e redução de estigma, – devido às idéias negativas que fazia de si próprio

(censura, culpa e vergonha), desligando-se desses pensamentos, saindo do isolamento e reintegrando-se no meio familiar e social.

• O senso de universalidade é conseqüência do processo de comparação social que ocorre naturalmente em grupos.

Page 5: Aula Fatores terapêuticos

Instilação da esperança

• A sensação de que existe alguma possibilidade de alívio e melhora e que possa atingir seu objetivo desperta senso de otimismo e confiança quanto ao seu potencial e ao seu futuro.

• Com isso, o indivíduo predispõe-se a maior participação e esforço no tratamento. Nesse sentido, reforça a resolução de prosseguir a psicoterapia, reduzindo, conseqüentemente, o risco de interrupção prematura.

• Via de regra, o paciente não irá permanecer e obter beneficio do tratamento se este não corresponder às suas expectativas.

Page 6: Aula Fatores terapêuticos

• O paciente pode sentir-se estimulado não somente pelo seu progresso mas, também, observando a melhora obtida pelos outros participantes e considerar:

• “se os demais conseguem, eu também posso conseguir!”

• Esta observação reduz a ansiedade e auxilia o paciente a enfrentar suas dificuldades com menor desconforto.

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• A aceitação do tratamento, incluindo-se:– o terapeuta – o método adotado, – as regras – combinações que visam estabilizar o setting, – a expectativa – e a esperança de melhora,

exercem influência no estado subjetivo do paciente, com probabilidade de despertar resposta emocional positiva, contribuindo favoravelmente no desfecho.

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Altruísmo

• Sentimento de ser útil aos outros.

• É a satisfação e o prazer de fazer o bem.

• Os participantes oferecem mutuamente apoio, confiança, sugestões e esclarecimentos.

• Este processo de auxílio recíproco proporciona benefício às duas partes

• E melhora a auto-estima tanto de quem está oferecendo suporte, como de quem está recebendo apoio.

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Aceitação (coesão)

• Sentimento agradável

• É despertado no paciente ao se integrar no grupo, de ter sido bem acolhido, aceito, valorizado e respeitado.

• Muitos iniciam a psicoterapia sentindo-se desmoralizados e com a idéia de não ter nada a oferecer.

• Na verdade, todos têm muito a contribuir e a aprender uns com os outros.

• O alívio de ter sido aceito, o apoio e o relacionamento estabelecido em uma base de confiança, ajudam a desenvolver o senso de esperança, segurança íntima e melhor auto-estima.

Page 10: Aula Fatores terapêuticos

• A sensação de ser aceito e o ato de compartilhar dificuldades e sofrimento estabelecem elevado nível de coesão.

• Proporcionam um clima de confiança e permissividade, fundamental para o andamento do processo terapêutico.

• Fortalecem a motivação dos participantes a permanecer e frequentar regularmente as reuniões, com elevado nível de envolvimento entre si, participação, auto-revelação, colaboração e apoio mútuo.

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• Um grupo coeso aumenta a auto-estima de seus membros,

• Oferece segurança para que possam:– assumir riscos dentro e fora do grupo, – revelar-se intimamente, – resolver seus conflitos, – expressar livremente suas ideias – confrontar-se com os colegas de terapia que

sustentam opiniões e pontos de vista divergentes.

• A coesão promove um ambiente de motivação adequado ao desenvolvimento de habilidades para que os participantes venham alcançar e consolidar as mudanças de comportamento ou atitude.

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Auto-revelação

• É fundamental para o desenvolvimento do grupo.

• O paciente revela informações pessoais e íntimas de maneira aberta e franca, – o que lhe permite aprofundar ainda mais na

descoberta e compreensão de sua pessoa.

• Estimula outros participantes a compartilharem o processo

• Ao compartilhar informações pessoais, o paciente consolida a confiança no grupo e o compromisso no processo terapêutico.

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Aconselhamento

• O grupo oferece diferentes formas de aconselhamento que não necessariamente devem ser seguidas.

• Mas é importante considerá-las, pois servem para cada um avaliar o que está sendo discutido e proposto, tanto para aquele que as oferece quanto para os integrantes que as recebem.

• Muitas vezes, as sugestões refletem aspectos importantes e mesmo dificuldades da própria pessoa que as oferece.

– Guanaes (2000) categorizou um fator equivalente ao aconselhamento, denominando-o de orientação. • Segundo a autora, esta categoria contemplou aquelas

respostas em que o paciente considerava importante ter recebido tanto do terapeuta quanto de outros pacientes do grupo algumas orientações, conselhos e sugestões sobre seus problemas.

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Aprendizado por intermédio do outro

• O mecanismo de identificação é o aspecto principal que opera nesse fator. O paciente aprende sobre sua pessoa observando e analisando um conjunto de problemas ou comportamentos semelhantes aos seus. É mais fácil ver nos outros o que não se consegue reconhecer em si próprio (fenômeno do espelho).

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• Guanaes (1999) encontrou um fator terapêutico equivalente, nomeado de aprendizagem vicária.

• Considerou como aprendizagem vicária “quando o paciente refere vivenciar algo de valor para si mesmo, através da observação de outros membros do grupo ou do terapeuta” (p. 86), o que pode se dar pela identificação com a experiência terapêutica de outro paciente ou por meio do reconhecimento de modelos de comportamento do terapeuta ou de outros componentes do grupo que se deseja imitar.

• Também pode se dar no sentido inverso, isto é, na medida em que percebe algumas atitudes ou comportamentos negativos em outros integrantes que não deseja reproduzir.

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Aprendizado interpessoal

• Corresponde ao aprendizado que o participante desenvolve pelas informações recebidas de modo compartilhado com os colegas de grupo.

• Gradualmente, o paciente começa a interagir no grupo.– Seus traços de personalidade e padrões de

comportamento (arrogância, timidez, narcisismo, impaciência, impulsividade, entre outros) tornam-se evidentes na arena grupal.

• Pela participação no grupo, avaliando-se e recebendo feedback dos colegas, o paciente aprende, conscientiza-se e responsabiliza-se pelo seu comportamento e relacionamento social inadequado, permitindo correção de interações mal adaptadas. E

• Expressão de afeto pode ser ajustada, a assertividade melhorada, atitudes defensivas abrandadas, críticas aceitas com aproveitamento de seus aspectos construtivos.

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Autocompreensão (insight)

• Autoconhecimento, conscientização ou compreensão sobre sua própria pessoa refletem o processo intelectual ou cognitivo.

• Mas o insight pressupõe também a integração entre a percepção intelectual e a emoção associada.

• É necessário que o pensar e o sentir se vinculem intimamente, do contrário a compreensão será apenas racional e reforçará a intelectualização, favorecendo uma atitude defensiva e não a compreensão profunda baseada em conscientização genuína.

• Reconhecimento de defesas, fantasias e raízes psicodinâmicas dos problemas atuais, e a possível ligação destes com as dificuldades do passado, percepção das causas emocionais dos sintomas, consciência do impacto do seu comportamento nos outros participantes.

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Os significados que os pacientes atribuem aos fatores terapêuticos

1. universalidade: “todos nós temos problemas”.2. instilação de esperança: “se os outros membros podem

mudar, eu também posso”.3. altruísmo: “o auxílio aos colegas proporcionou-me auto-

respeito”.4. aceitação (coesão): “o grupo me aceita e me compreende”.5. auto-revelação: “sinto-me melhor por poder compartilhar

particularidades que mantive em segredo por tanto tempo”.6. catarse: “sinto-me bem em eliminar particularidades de

dentro de mim”.7. aconselhamento: “os colegas do grupo me deram boas

sugestões”.8. aprendizado por intermédio do outro: “observar os outros

falarem sobre seus problemas incentivou-me a falar também dos meus”.

9. aprendizado interpessoal: “estou aprendendo a me relacionar melhor”.

10. insight: “aprendi bastante sobre minha pessoa”.

(FORSYTH; CORAZZINI, 2000).

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Fatores não terapêuticos

• O distanciamento foi um fator não terapêutico encontrado no estudo de Guanaes (2000) e corresponde ao distanciamento afetivo.

• Em seu grupo de pacientes psiquiátricos ambulatoriais a autora encontrou distanciamento afetivo, considerado como sendo as respostas “em que o paciente denotou não ter sido envolvido com o material abordado no grupo”.

• O paciente expressava, por exemplo, que sentia que o grupo não lhe dava importância ou manifestava reações negativas diante da forma com a qual o grupo respondeu às suas demandas, sentindo-se não compreendido.

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Fatores não terapêuticos

• A categoria desesperança também emergiu no grupo de Guanaes (2000) e agrupou as respostas em que os pacientes referiram um sentimento de angústia a partir da participação no grupo.

• A autora explica que os pacientes apontaram sentimentos de que seus problemas não tinham solução ou manifestaram sentimentos de impotência frente ao quadro clínico em que se encontravam naquele momento.

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Referências bibliográficas

• BLOCH, S. (1986). Therapeutic factors in group psychotherapy. In: Frances, A.J.; Hales, R.E.; editors. Psychiatric Update Annual Review: Volume 5. Washington, DC: American Psychiatric Press, p. 678-698.

• GUANAES, C. (2000). Grupo de apoio com pacientes psiquiátricos ambulatoriais: exploração de alguns limites e possibilidades. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

• MACKENZIE, K.R. (1997). Time-Managed Group Psychotherapy: Effective Clinical Applications. Washington, DC: American Psychiatric Press.