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CURSO OON N-LINE E D DIRE EITO O CIVI IL REGULA AR PRO OFE ESSOR R: :LA AURO O ESCOBAR R www w. p pon nt o odo osc con ncu ursos s. c com m. br . br 1 1 AULA 13 DIREITO DAS SUCESSÕES SUCESSÃO EM GERAL: LEGÍTIMA E TESTAMENTÁRIA INTRODUÇÃO Meus Amigos e Alunos. Esta é a nossa última aula. Trata-se da etapa final de nossos estudos. Recapitulando... nas primeiras aulas falamos sobre a Parte Geral do Código Civil (Pessoas, Bens e Fatos/Atos Jurídicos). Passamos então pelo Direito das Obrigações, a Parte Geral dos Contratos e os Contratos em Espécie. Depois ingressamos Direito das Coisas. Foram duas aulas sobre este importante e extenso tema. Na aula passada vimos o Direito de Família e hoje veremos o Direito das Sucessões, elencado no Livro V da Parte Especial do Código Civil. Na aula de hoje vamos falar sobre as Espécies de Sucessão (Legítima e Testamentária). Com esta aula completamos todo o programa de Direito Civil que é visto em uma Faculdade de Direito. Após a aula de hoje vocês terão uma visão completa do Direito Civil. Agora é ficar atento aos editais. Cada vez que um edital for publicado, verifiquem item por item do mesmo, cotejando com o conteúdo de nossas aulas. Como estas aulas formam um curso completo, vá eliminado do centro do estudo, aquilo que o edital não se refere (“o que não está no edital não está no mundo”). Mais uma vez, aproveito a oportunidade para enviar a todos um grande abraço, como se eu estivesse aí com vocês, e um grande beijo no coração. Mais uma vez desejo tudo de bom para vocês. Muitas ALEGRIAS e SUCESSO nesta empreitada que vocês se propuseram. Alguns Avisos Importantes: o Direito de Sucessões (assim como o Direito de Família) mudou muito do Código Civil anterior para o atual. Muita coisa, mas muita coisa mesmo mudou. Portanto cuidado ao estudar por algum livro antigo... ou fazer algum exercício antigo... estão todos superados. Mas como já disse, nossas aulas estão totalmente atualizadas, inclusive quanto aos exercícios. Todos eles estão de acordo com o novo Código Civil, bem como com a legislação complementar sobre o tema. Sempre que uma lei nova altera algo da matéria, faço uma revisão geral das aulas. E em especial nos testes, para

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AULA 13

DIREITO DAS SUCESSÕES

SUCESSÃO EM GERAL:

LEGÍTIMA E TESTAMENTÁRIA

INTRODUÇÃO

Meus Amigos e Alunos. Esta é a nossa última aula. Trata-se da etapafinal de nossos estudos. Recapitulando... nas primeiras aulas falamos sobre aParte Geral do Código Civil (Pessoas, Bens e Fatos/Atos Jurídicos). Passamosentão pelo Direito das Obrigações, a Parte Geral dos Contratos e os Contratosem Espécie. Depois ingressamos Direito das Coisas. Foram duas aulas sobreeste importante e extenso tema. Na aula passada vimos o Direito de Família ehoje veremos o Direito das Sucessões, elencado no Livro V da Parte Especialdo Código Civil.

Na aula de hoje vamos falar sobre as Espécies de Sucessão (Legítima eTestamentária). Com esta aula completamos todo o programa de Direito Civilque é visto em uma Faculdade de Direito. Após a aula de hoje vocês terão umavisão completa do Direito Civil. Agora é ficar atento aos editais. Cada vezque um edital for publicado, verifiquem item por item do mesmo, cotejando como conteúdo de nossas aulas. Como estas aulas formam um curso completo, váeliminado do centro do estudo, aquilo que o edital não se refere (“o que nãoestá no edital não está no mundo”).

Mais uma vez, aproveito a oportunidade para enviar a todos umgrande abraço, como se eu estivesse aí com vocês, e um grande beijo nocoração. Mais uma vez desejo tudo de bom para vocês. Muitas ALEGRIAS eSUCESSO nesta empreitada que vocês se propuseram.

Alguns Avisos Importantes: o Direito de Sucessões (assim como oDireito de Família) mudou muito do Código Civil anterior para o atual. Muitacoisa, mas muita coisa mesmo mudou. Portanto cuidado ao estudar por algumlivro antigo... ou fazer algum exercício antigo... estão todos superados. Mascomo já disse, nossas aulas estão totalmente atualizadas, inclusive quanto aosexercícios. Todos eles estão de acordo com o novo Código Civil, bem como coma legislação complementar sobre o tema. Sempre que uma lei nova altera algoda matéria, faço uma revisão geral das aulas. E em especial nos testes, para

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que fiquem de acordo com as novas disposições legais. Outra coisa: este temaficou agora mais complexo. Não diria difícil. Ficou complexo. Principalmente emrelação aos direitos do cônjuge sobrevivente e do convivente (união estável).Darei muitos exemplos em aula. Mas é interessante que todos observem osexemplos com lápis e papel na mão, para poder acompanhar melhor asequência do raciocínio, principalmente quanto à divisão dos bens. Finalmente:Como sabemos, a presente aula foi dirigida para exames e concursos públicos.Mas eu diria que ela pode ajudar a esclarecer casos particulares que algumaluno possa ter em sua família ou com algum amigo. Por isso ela é muitointeressante e atual. Tenho certeza que muitos alunos vão se identificar comalguns exemplos dados nesta aula e terão esclarecidas muitas dúvidas pessoaissobre o assunto. Mas cuidado para não se dispersar em detalhes que não têmimportância para concursos.

COMECEMOS ENTÃO...

CONCEITO

Sucessão, de uma forma geral, significa transmissão de direitos e/ouencargos respeitando-se determinadas normas (do latim sucedere = uns depoisdos outros). Na sucessão em geral uma pessoa assume o lugar de outra,substituindo-a na titularidade de determinadas situações. Esta transmissão podese dar entre pessoas vivas (inter vivos) ou quando houver o falecimento dealguém (causa mortis). No entanto, quando se fala em Direito das Sucessõesestamos nos referindo à transmissão em sentido estrito, ou seja, decorrente dofator morte. Daí Sucessão hereditária. Isto é, todas as regras que disciplinamas consequências derivadas do falecimento de certa pessoa, seja quanto a seupatrimônio, seja quanto a outros fatos ligados ao evento. O Direito Sucessórioremonta à antiguidade, sempre ligado à ideia de continuidade da religião e dafamília. Em Roma antiga o culto dos antepassados se dava diante do altardoméstico e não havia castigo maior do que falecer sem deixar alguém que lhecultuasse a memória, de modo a ficar seu túmulo abandonado.

Pela atual legislação podemos conceituar o Direito das Sucessões comosendo o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio(ativo e passivo – ou seja, créditos e débitos) de alguém, depois de suamorte, em virtude de lei (sucessão legítima) ou disposição de última vontade(testamentária). Está regulado nos arts. 1.784 até 2.027 do Código Civil. Alémdisso, o Código de Processo Civil também apresenta regas referentes aoinventário e à partilha (arts. 982 até 1.045, CPC). E lembrem-se que aConstituição Federal assegura o Direito de Herança (art. 5o, XXX); trata-se,portanto, de uma garantia constitucional. E o seu fundamento repousa napropriedade, conjugada ou não com o Direito de Família (art. 5o, XXII, CF).

CONTEÚDO

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Pelo nosso atual Código Civil podemos dividir o Direito das Sucessões emquatro partes:

• Sucessão em Geral (arts. 1.784/1.828, CC) – trata das regras geraisaplicáveis a todas as espécies de sucessões, para que possamos aplicar osdemais dispositivos (ex: momento de abertura da sucessão, capacidade parasuceder, aceitação e renúncia da herança, etc.).

• Sucessão Legítima (arts. 1.729/1.756, CC) – é a hipótese maiscomum em nossa vida prática; ocorre quando a pessoa morre sem deixar umtestamento ou quando este é julgado nulo ou ineficaz.

• Sucessão Testamentária (arts. 1.757/1.990, CC) – é a transmissãosegundo a manifestação de última vontade do falecido.

• Inventário e Partilha (arts. 1.991/2.027, CC) – esta parte envolvequestões processuais que devem ser analisadas em conjunto com o Código de Processo Civil.

Após esta visão geral da matéria que iremos estudar, vamos, de umaforma lógica e sequencial, desenvolver e analisar cada um destes tópicosisoladamente.

ABERTURA DA SUCESSÃO – REGRAS

A Abertura da Sucessão se dá no momento da constatação da mortecomprovada do “de cujus”. Esta é uma expressão latina abreviada da frase‘de cujus successione agitur’ ou ‘de cujus hereditatis agitur’ – ou seja, aquele decuja sucessão se trata. O “de cujus” também é chamado de: autor da herança(mais comum), sucedendo, falecido, antecessor, inventariado ou finado. Nestaaula vamos usar muito a expressão “de cujus” para nos referirmos à pessoaque faleceu. Já a Lei de Introdução ao Código Civil (vejam o seu art. 10) usa aexpressão “defunto” (pessoalmente - não sei explicar o porquê - costumo evitaresta expressão... defunto... não me soa bem... prefiro falar em de cujus... mastecnicamente defunto não está errado).

O momento da morte precisa ser devidamente comprovado. No planobiológico, pelos recursos empregados na medicina legal. No plano jurídico, pelacertidão passada pelo oficial do Registro Civil. A fixação deste momento é muitoimportante, pois é a partir dele que se estabelece a abertura da sucessão, suasregras, a transmissão da herança aos herdeiros legítimos e testamentários, bemcomo se verifica a capacidade para suceder. No dizer de Caio Mário “este é ofator genético da aquisição do direito pelos herdeiros”, pois não existe herançade pessoa viva (viventis nulla hereditas). Neste sentido, os pactos sucessóriossão proibidos (reparem que o art. 426, CC proíbe ser objeto de contrato aherança de pessoa viva), tratando-se de uma norma de ordem pública.

Antes da morte biológica comprovada ou da morte presumida (com ousem declaração de ausência) não há direito à herança, mas somente umaexpectativa de recebê-la. Opera-se o direito somente com a morte.

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Uma pessoa faleceu em determinado momento, mas o inventário somentefoi aberto posteriormente. Que lei deve se aplicada? Resposta: – A vigenteno momento da abertura da sucessão, ou seja, a vigente no momento damorte do de cujus. Exemplo: Uma pessoa faleceu em meados de dezembro de2002. Porém o processo de inventário somente foi aberto em fevereiro de 2.003(quando o novo Código Civil já estava vigorando). Neste caso a sucessão seráregulada pelo Código anterior (de 1916), pois era esta a lei vigente ao tempoda morte. É isto o que determina o art. 1.787, CC. Portanto não devemosconfundir abertura da sucessão (que se dá com a morte do de cujus) comabertura do inventário (que se dá quando se ingressa com o processo, a açãojudicial propriamente dita).

O Princípio Básico do Direito das Sucessões é conhecido como Droit deSaisine (trata-se de uma expressão francesa, que pronunciamos “druá dêcesíni”). Saisine em francês significa posse de bens; deriva do verbo saisir, quesignifica agarrar, prender, apoderar-se.

Trata-se do direito de posse imediata (também chamado de “saesinajuris”), ou seja, transmite-se automaticamente e imediatamente o domínio e aposse da herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, semsolução de continuidade (ou seja, sem interrupção) e ainda que estes (osherdeiros) ignorem tal fato. Trata-se da denominada posse indireta (a possedireta cabe a um administrador provisório). Na prática não necessita dequalquer outro ato. No entanto, para se estabelecer a exata divisão dos bens,deve-se proceder a um inventário (do qual falaremos mais adiante, ao finaldesta aula, em tópico autônomo). Por meio deste processo, onde se efetua adescrição dos bens da herança, iremos verificar o que exatamente foi deixadopelo de cujus e o que será transmitido para os seus herdeiros. No entanto a leiautoriza que os herdeiros do de cujus podem defender a posse dos bens daherança, através de medidas protetivas, independentemente de abertura deinventário.

Embora em uma aula preparatória para concursos públicos devemos evitaras inúmeras citações de autores, ou fazer comparações com o direito de outrospaíses, ou mesmo fornecer a origem histórica de todos os institutos, penso queaqui cabe uma exceção. Trata-se de uma importante curiosidade cultural. OPrincípio da Saisine surgiu na Idade Média como uma reação ao sistema doregime feudal. Todas as terras pertenciam a um senhor feudal. E este asarrendava a seus servos. Com a morte destes, a terra devia ser devolvida aosenhor e os herdeiros do falecido deveriam pedir a imissão na posse. Mas comisso deveria-se pagar mais uma “contribuição” (ou seja, um imposto). Para seevitar este pagamento, passou-se a adotar a ficção de que o falecido haviatransmitido, no momento de sua morte, a posse de todos os seus bens edireitos a seus herdeiros. Assim, os sucessores tomavam posse dos bens semqualquer formalidade (le serf mort saisit le vif, son hoir de plus proche – o servomorto transmite a posse ao vivo, por ser seu herdeiro mais próximo). O Brasilacolheu tal princípio no art. 1.784, CC:

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“Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aosherdeiros legítimos e testamentários”.

Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. Sobrevivendo,ainda que por um só instante, herda os bens por ele deixados e os transmite aosseus sucessores, mesmo que faleça logo em seguida. Daí a importância de senascer com vida, como vimos no início de nosso curso. No entanto há anecessidade de apuração da capacidade sucessória, conforme veremos adiante.

Comoriência – Presunção de simultaneidade de óbitos - art. 8o, CC: “Sedois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguarse algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ãosimultaneamente mortos”. A presunção é relativa (juris tantum), pois admiteprova em contrário. A regra é que um não herda do ao outro. Recomendo quefaçam uma recordação desta matéria na Aula sobre as Pessoas Naturais.

ESPÉCIES DE SUCESSÃO

Podemos classificar a sucessão em:

• Legítima (ou ab intestato) → decorre da lei; morrendo uma pessoa semtestamento, transmite-se a herança aos herdeiros legítimos indicados pelalei, conforme veremos mais adiante. Também será legítima se o testamentofor declarado nulo ou caducar. Esta última expressão será muito usada naaula de hoje. Por isso vamos defini-la agora, com as palavras de SílvioRodrigues, como sendo “a perda, por razão superveniente, da razão de existirde um ato determinado, que foi feito de maneira válida”. Exemplo: testadordeixa parte de seus bens para “A”; no entanto este falece antes do testador → o testamento caducou.

• Testamentária → ocorre por disposição de última vontade(testamento). Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentesou cônjuge sobrevivente), o testador só poderá dispor de metade da herança(art. 1.789, CC). A outra metade constitui a “legítima”, que é asseguradaaos herdeiros necessários (alguns autores chamam a legítima de “quotareservatária”). Não havendo esta categoria de herdeiros, a pessoa poderádeixar todos seus bens por testamento livremente. Neste caso ela terá plenaliberdade para testar. Se o de cujus for casado sob o regime da comunhãouniversal de bens (art. 1.667, CC) o patrimônio do casal será dividido emduas meações e a pessoa só poderá dispor da sua meação. Explicaremos istomelhor mais adiante. Observem também que havendo herdeiros necessários,a sucessão poderá ser mista: uma parte por sucessão testamentária e aoutra parte por sucessão legítima.

Como já sabemos, nosso ordenamento proíbe qualquer outraforma de sucessão, especialmente a contratual. São proibidos ospactos sucessórios, não podendo ser objeto de contrato a herança depessoa viva (art. 426, CC – chamamos isso de pacta corvina –

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“acordo do corvo”). No entanto admite-se a cessão de direitos, comoveremos mais adiante.

• A título universal → o herdeiro é chamado para suceder a totalidade daherança ou a fração ideal (parte) dela, assumindo também aresponsabilidade relativamente ao passivo. Pode ocorrer tanto na sucessãolegítima como na testamentária.

• A título singular → o testador deixa ao beneficiário uma coisa ou um direitocerto e determinado (legado). Neste caso o herdeiro não responde poreventuais dívidas da herança.

O herdeiro sucede a título universal. Já o legatário (veremosmelhor esta expressão mais adiante) sucede a título singular.

HERANÇA

O objeto da sucessão causa mortis (em razão da morte) é a herança.Com a abertura da sucessão (morte do autor da herança), transfere-se oconjunto patrimonial do de cujus, aos seus herdeiros. Estes se sub-rogam nasrelações jurídicas do morto. Lembrando que as relações personalíssimas não setransmitem e se extinguem com a morte.

A herança também é chamada de: espólio, monte, massa ou acervohereditário. Trata-se do conjunto patrimonial transmitido causa mortis, por issoela se constitui em uma universalidade (de direito) de bens sempersonalidade jurídica (a doutrina costuma usar a seguinte expressão para sereferir a ela: “entidade de personalidade anômala”).

Trata-se de um patrimônio único (ficção da lei) até que se efetue apartilha. É o conjunto de direitos (trata-se da parte ativa, dos bens, doscréditos, etc.) e obrigações (trata-se da parte passiva, das dívidas, etc.),representado pelo inventariante, até a homologação da partilha. Para os efeitoslegais a sucessão aberta é tida como um bem imóvel (art. 80, II, CC), aindaque composta exclusivamente de bens móveis. Lembrem-se que existemdireitos que não são transmitidos pela sucessão (como os direitospersonalíssimos, o usufruto, etc.). No tocante às dívidas, os herdeiros sórespondem até os limites da herança.

A herança, considerada abstratamente, é indivisível (art. 1.791, caput eparágrafo único, CC). Trata-se, portanto, de um “condomínio forçado”, quesomente é dissolvido com a sentença de partilha. Por isso qualquer um dosherdeiros poderá reclamar a herança das mãos de quem injustamente possua.Cada coerdeiro possui uma parte ideal da herança, exercendo os mesmo direitossobre o patrimônio do falecido. Após a partilha os herdeiros podem manter ounão eventual indivisibilidade (passa a ser um condomínio voluntário).

O coerdeiro não pode vender ou hipotecar parte determinada de coisacomum ao espólio, mas pode ceder os direitos hereditários concernentes àsua parte ideal (veremos isso melhor adiante). No entanto é necessária a prévia

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autorização do Juiz da sucessão (art. 1.793, §3°, CC). Além disso, os demaiscoerdeiros possuem direito de preferência.

TRANSMISSÃO DA HERANÇA

• Momento – como vimos, a transmissão ocorre com a abertura da sucessão,ou seja, na data da morte física do de cujus (fixação do dia e hora nacertidão de óbito). É evidente que estamos falando da morte da pessoanatural (ser humano) que tenha nascido com vida e não da pessoa jurídica.É a partir deste momento que passa existir herança e esta se transfere,mesmo que de forma abstrata, aos herdeiros. Estes, ainda que não osaibam, já se tornam “donos” da herança, podendo defender estes benscomo se sempre tivessem sido proprietários. A doutrina costuma citar trêsfases distintas: a) abertura da sucessão (morte do autor da herança); b)delação (que é o momento em que se oferece o acervo aos herdeiros,operando-se juntamente com a fase anterior); c) aceitação (o fato jurídicodo ingresso dos bens no patrimônio dos herdeiros). Assim, a aquisição daherança não se dá quando da abertura do processo de inventário, nemquando o Juiz homologa a partilha de bens, e nem quando o respectivoformal é levado a registro, mas sim no momento da morte (lembrem-se:Princípio da Saisine).

Lugar (art. 1.785, CC) – é o último domicílio do falecido. É neste local quedeve ser proposto o processo de inventário. Na falta de domicílio certo será oda situação dos bens ou do lugar do óbito. Se o falecido tinha mais de umdomicílio, o inventário será feito em qualquer deles. O prazo é de 30 dias acontar da morte do de cujus. Neste tópico as regras do Direito Civil devemser completadas com as normas processuais (art. 96, do Código de ProcessoCivil).

• Inventariança – é um munus público, submetido ao controle e fiscalizaçãojudicial, sendo função auxiliar da justiça. O inventariante é a pessoanomeada pelo Juiz a quem cabe a administração e a representação daherança. Há uma ordem para sua nomeação, prevista no art. 990, doCódigo de Processo Civil: cônjuge sobrevivente casado sob o regime dacomunhão, herdeiro que se ache na posse do espólio, ou qualquer outroherdeiro. Pode ser até um estranho à sucessão, desde que tenha a confiançado Juiz.

• Regras

a) na sucessão legítima são chamadas a suceder as pessoas já nascidas eas já concebidas no momento da abertura da sucessão.

b) na sucessão testamentária, ainda podem ser nomeados comoherdeiros ou legatários: os filhos, ainda que não concebidos, de pessoasindicadas pelo testador (prole eventual), desde que vivas estas quando daabertura da sucessão; pessoas jurídicas; pessoas jurídicas cuja organizaçãofor determinada pelo testador, sob forma de fundação, etc.

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CAPACIDADE SUCESSÓRIA

Capacidade (ou legitimação) sucessória é a capacidade da pessoapara receber os bens deixados pelo de cujus no tempo da abertura dasucessão (art. 1.787, CC). Não confundir com a capacidade civil. Uma pessoamenor de 16 anos é absolutamente incapaz de praticar pessoalmente os atos davida civil (art. 3o, CC); no entanto pode ter capacidade sucessória.

São pressupostos para haver capacidade sucessória: morte do autor daherança, sobrevivência do sucessor (observada a capacidade sucessória donascituro) e herdeiro humano. A pessoa jurídica de direito privado não herda abintestato (sem testamento), mas tem capacidade para suceder por testamento(art. 1.799, I, do CC).

O nascituro (aquele que está para nascer – revejam a matéria na aulareferente a Pessoas Físicas ou Naturais), apesar de ainda não ser pessoa física,tem direito à herança. Ele tem uma expectativa de vida, portanto tambémtem expectativa de direitos, que estão em estado potencial, sob condiçãosuspensiva; só terá eficácia se nascer com vida. Se isso ocorrer adquire aposse e a propriedade da herança, como se já houvesse nascido desde omomento da abertura da sucessão. Se nascer morto, deve ser considerado“como se nunca tivesse existido” (e, juridicamente, não existiu mesmo).Durante a gravidez pode ser nomeado um curador para zelar por seusinteresses (é chamado de “curador ao ventre” – normalmente a curatela éexercida pela própria mãe). Mesmo que a mãe faleça antes do nascimento dacriança, esta terá legitimidade sucessória.

É possível a sucessão condicional, subordinada a um evento futuro eincerto (prole eventual), desde que tenha sido feita por disposiçãotestamentária.

Os herdeiros podem ser classificados em legítimos, necessários etestamentários. Vejamos cada uma dessas classificações:

A) Legítimos → são aqueles que recebem uma herança de acordocom uma ordem preferencial disposta pela lei (sucessão legítima). Podem sernecessários ou facultativos (art. 1.829, CC). Analisaremos esta ordem, uma auma, com detalhes, logo adiante.

B) Testamentários → são os que foram contemplados ounomeados por um testamento, ainda que não façam parte do rol do art. 1.829,CC. Pode ser a título universal (herdeiro – quando recebe uma parte datotalidade da herança) ou a título singular (legatário – quando recebe um ouvários bens determinados – veremos isso mais adiante também). Portanto, umapessoa sem qualquer relação de parentesco com o de cujus pode ser instituídacomo herdeiro testamentário.

C) Necessários → são aqueles em que a lei lhes assegura umaquota certa do monte hereditário. Pela atual legislação são os descendentes(filhos, netos, bisnetos, etc.), os ascendentes (pais, avós, bisavós, etc.) e ocônjuge sobrevivente (art. 1.845, CC). Os herdeiros necessários também são

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chamados de herdeiros legitimários ou reservatários. Receberão,necessariamente, pelo menos a metade dos bens do de cujus com preferênciaexcludente para os primeiros (ou seja, se houver descendentes e ascendentes,os primeiros excluem os segundos – veremos isso melhor adiante). Essa metadedestinada aos herdeiros necessários é chamada de legítima (ou quotareservatária). A lei assegura aos herdeiros necessários o direito à legítima, ouseja, a metade dos bens do testador (salvo se ocorrer a indignidade ou adeserdação). A outra parte, denominada parte disponível, pode ser deixadalivremente pelo testador. Se não houver descendentes, ascendentes ou cônjugeo testador pode transmitir todo o seu patrimônio livremente. Os demaisherdeiros podem ser excluídos da sucessão, sem maiores formalidades. Bastadispor do patrimônio sem contemplá-los. Já os herdeiros necessários podem serdeclarados indignos e também deserdados (também veremos isso melhor logoadiante).

Indaga-se: um herdeiro necessário só pode receber a legítima? Ou podeser contemplado também com a parte disponível? Pelo art. 1.849, CC umherdeiro necessário poderá receber a parte disponível, sem prejuízo de suaparte na legítima.

Cálculo para a Legítima e a Parte Disponível – para este cálculodevemos observar a seguintes regras referentes à pessoa que faleceu:

1) Inicialmente indagamos se o de cujus era casado. Se a respostafor positiva e dependendo do regime de bens que vigorava entre o casal,devemos separar a meação. Lembrem-se que a meação se refere ao Direito deFamília (aula anterior) e não ao Direito das Sucessões.

Recordando: Na meação o fato gerador é o casamento. Leva-se emconsideração a escolha do regime de bens, mais a aquisição dos bens. Os bensjá pertencem ao cônjuge. Por isso a meação pode ser pedida em vida, com aseparação judicial ou o divórcio. Na herança o fato gerador é a morte. Os benspertenciam ao autor da herança. A herança só pode ser pedida após a morte.

Uma pessoa pode ser herdeira e meeira ao mesmo tempo? Sobre o temaforneço, mais abaixo, uma tabela muito interessante analisando os Regimes deBens e os eventuais Direitos de Meação, Herança e Direito Real de Habitação.Esta tabela será de grande valia. Principalmente para não confundir herançacom meação. Como já sabemos, a meação não entra na sucessão, pois ocônjuge já tem esse direito, mesmo antes da morte do de cujus. Vejamosalgumas situações:

a) O de cujus, casado sob o regime da comunhão universal, tinha umpatrimônio de 100. Meação do cônjuge sobrevivente → 50. Herança do de cujusa ser partilhada → 50.

b) O de cujus, casado sob o regime da comunhão parcial, tinha umpatrimônio de 100, sendo que todos os bens foram adquiridos na constância dasociedade conjugal – situação idêntica acima.

c) O de cujus tinha um patrimônio de 100; era casado sob o regime dacomunhão parcial, sendo que 20 foi adquirido quando solteiro e 80 durante a

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sociedade conjugal. Meação do cônjuge sobrevivente → 40 (metade de 80).Herança do de cujus a ser partilhada → 60 (40+20).

d) O de cujus tinha um patrimônio de 100; era casado sob o regime daseparação total de bens. Herança do de cujus a ser partilhada → 100 (não hámeação).

2) Separada a meação (se for o caso), devemos abater do monte asdívidas do de cujus e as despesas funerárias, que são chamadas de passivo daherança.

3) A parte que sobrou é a herança propriamente dita. Mas aindadevemos fazer outro procedimento: dividir este valor ao meio. Metadechamamos de legítima (que necessariamente deve pertencer aos herdeirosnecessários, salvo se ocorrer uma deserdação, etc.). E a outra metadechamamos de parte disponível. Exemplo: Vamos aproveitar a situação “a”acima. Patrimônio de 100: meação de 50 e herança de 50. Se a pessoa quiserelaborar um testamento, somente poderá dispor de 25 (metade da herança),pois a outra parte (legítima) será dos herdeiros necessários (se houver).

Redução das Disposições Testamentárias – se a quota disponíveldeixada a terceiros ultrapassar o limite de 50%, afetando a legítima, poderão osherdeiros necessários, por meio de ação própria, pleitear a redução dasdisposições testamentárias e das doações feitas em vida. Chamamos dedoações inoficiosas as doações que à época de sua feitura excederam ametade dos bens do testador, sendo nula apenas a parte que excedeu.Observem: não se anula o testamento ou a doação, mas procede-se a umatransferência de bens da quota disponível para a legítima, reintegrando-se o quefoi desfalcado. Ou seja, haverá um reequilíbrio das doações testamentárias. Istoserá feito por meio da colação, que também veremos mais adiante.

É interessante frisar que em relação às doações, o cálculo deve serrealizado tendo-se em vista o momento da liberalidade. Exemplo: digamosque uma pessoa seja muito rica, possuindo 20 imóveis e por isso resolve doarum destes para uma amiga. No decorrer da vida, por algum motivo qualquer,acabou perdendo toda a sua fortuna. Quando se abre a sucessão nota-se adoação, mas neste caso a doação foi válida, pois na ocasião da doação foirespeitada a parte disponível.

A doutrina suscita um problema: Qual o momento para se propor a Açãode Redução? A resposta é controvertida! Não há uma disposição expressa na lei!Por isso, parece-me que a posição adotada por Sílvio Rodrigues é a maiscoerente. Vejamos. Inicialmente ele distingue a ação de redução das doaçõesinoficiosas, da ação de redução das disposições testamentárias (ou seja:devemos diferenciar doação e testamento). No caso de redução da liberalidadetestamentária excessiva a ação somente pode ser proposta após a aberturada sucessão, uma vez que somente neste instante o testamento é suscetível deser cumprido. No entanto, em caso de doação inoficiosa (liberalidade feita emvida), a ação pode (e deve) ser proposta desde logo, prescrevendo em 04(quatro) anos o direito do autor ajuizá-la.

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INDIGNIDADE (arts. 1.814/1.818, CC)

Trata-se de uma espécie de incapacidade sucessória que priva umapessoa de receber a herança. A pessoa é afastada, destituída da herança, pornão ser digna de recebê-la, por ter se portado mal em relação ao falecido. Aindignidade, na verdade é uma pena (ou sanção) civil, criada pelo legislador,atingindo os herdeiros necessários, os legítimos e os testamentários.

Fundamenta-se esta pena em dois aspectos: a) subjetivo – presume-seque o falecido não gostaria que seu patrimônio fosse transferido para quem otenha ofendido; b) objetivo – a indignidade ofende princípios referentes àordem pública, amparada pelo interesse social.

A pena de indignidade só alcança o indigno, sendo que ele serárepresentado por seus sucessores, como se morto fosse.

O art. 1.814, CC enumera três hipóteses taxativas (numerus clausus) deindignidade. Somente estes casos previstos na lei autorizam a exclusão. Assim,são excluídos por indignidade os herdeiros ou legatários que:

a) foram autores, coautores ou partícipes em crime de homicídio doloso(quando há a intenção de matar), tentado ou consumado, contra apessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,ascendente ou descendente. Não é hipótese de indignidade o homicídioculposo (quando não há a intenção de matar, mas o evento morteocorre por imprudência, negligência ou imperícia). Dispensa-se a préviacondenação, mas é imprescindível prova irrefutável do evento.

b) acusaram caluniosamente em juízo o autor da herança (trata-se do crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339, do Código Penal – crime contra a administração da justiça), ou incorreram emcrime contra a honra (calúnia, difamação e injúria – arts. 138, 139 e140, do Código Penal), contra o autor da herança ou de seu cônjuge oucompanheira(o).

c) empregaram violência ou meios fraudulentos, inibindo ou obstando oautor da herança de livremente dispor dos seus bens por ato de últimavontade – visa preservar a liberdade de testar.

É importante notar que os efeitos da indignidade são pessoais. Portantonão podem passar da pessoa do indigno. Isto quer dizer que se o indigno tiverherdeiros, estes receberão a herança como se o indigno fosse falecido (trata-sedo direito de representação). Assim, uma vez declarada a indignidade, afasta-seapenas indigno da sucessão. Porém os sucessores do indigno não são afastados.

Exemplo: A possui dois filhos (B e C) e um acervo hereditário de 100.Digamos que A declare C como indigno. C possui dois filhos. Quando A falecersua herança será dividida em duas partes. A primeira (50) irá para B. A outrairia para o outro filho, C. Mas como este foi declarado indigno, a herança irápara os filhos de C (que são netos de A: 25 para cada). Assim, para a sucessão

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de A, é como se C (declarado indigno) estivesse morto, mas os herdeiros doindigno recebem o acervo.

Chamamos de bens ereptícios os bens que o indigno deixou de receber(do latim ereptus – eripire = tirar, tomar). A princípio a pessoa herda e retém osbens (saisine); julgada a indignidade os bens são tomados do herdeiro que sedeclara indigno. Em relação a estes bens o indigno não terá direito ao usufrutonem à administração dos bens que seus filhos menores herdaram. E mais: oindigno não poderá suceder quanto a estes bens. Exemplo: uma pessoa foiconsiderada indigna; os bens irão para seu filho; este falece algum tempodepois; os bens não podem retornar ao indigno.

É interessante acrescentar que se o indigno era herdeiro testamentário oulegatário, os seus herdeiros (do indigno) nada receberão (não há direito derepresentação em testamento), sendo que o bem retorna ao monte para serpartilhado entre os herdeiros legítimos.

A exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos deindignidade, será declarada por sentença judicial em ação ordinária autônoma(não pode ser declarada de forma incidental no inventário), movida por quemtenha interesse na sucessão (art. 1.815, CC). O Ministério Público não podeingressar com esta ação. O prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena dedecadência, contados da abertura da sucessão. Os efeitos da sentençadeclaratória de indignidade retroagem (ex tunc) à data da abertura da sucessão,considerando o indigno como pré-morto ao de cujus. O efeito principal daindignidade é que o indigno deve devolver o que recebeu, tendo direito apenas àindenização pela sua conservação.

Reabilitação – O art. 1.818, CC permite ao ofendido reabilitar o indigno,desde que o faça de forma expressa (não há perdão tácito) em testamento ououtro documento autêntico (ex: escritura pública). Esta reabilitação, naverdade, trata-se do perdão fornecido ao indigno.

Importante - Não confundir

a) Incapacidade e Indignidade – No primeiro caso ocorre a falta deaptidão de uma pessoa para adquirir direitos; no segundo caso a perda destaaptidão ocorre por culpa do próprio beneficiário.

b) Indignidade e Deserdação – Veremos isso mais adiante.

ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA – arts. 1.804 a 1.812, CC

A) ACEITAÇÃO OU ADIÇÃO

Ninguém pode ser herdeiro contra a vontade. Portanto, após a abertura dasucessão é feita a delação, que é o oferecimento da herança. Aceitação é o atojurídico unilateral pelo qual o herdeiro (legítimo ou testamentário) manifestalivremente o desejo de receber a herança que lhe é transmitida. A aceitação

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consolida os direitos do herdeiro, tornando-se definitiva a transmissão dos bens,desde a abertura da sucessão (art. 1.804, CC). Na realidade não se podeafirmar que o momento da aquisição do patrimônio se verifica com a aceitação.A aquisição se dá no momento da abertura da sucessão (é automática). Já aaceitação é a confirmação da aquisição. Isto porque os “direitos daherança” não nascem com a aceitação, mas sim retroagem à data da morte. Aaceitação produz um efeito retro-operante, encerrando a situação de pendênciacriada com a abertura da sucessão.

Com a aceitação o herdeiro está assumindo também os encargos do decujus. Ou seja, para receber a parte ativa (o crédito), o herdeiro deve pagar opassivo (as dívidas). No entanto isso somente ocorre até o limite das forças daherança. Porém, nada impede que o herdeiro assuma todos os débitos dofalecido, ainda que superiores ao acervo hereditário.

A aceitação é indivisível e incondicional porque não se pode aceitar ourenunciar a herança em parte. A aceitação também não pode ser feita sobcondição ou a termo. Isto para se preservar a segurança nas relações jurídicas.Ela deve ser pura e simples. Também não pode haver retratação da aceitaçãoda herança. No entanto pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrênciase verificar que o aceitante não era herdeiro.

Podemos classificar a aceitação da seguinte forma (art. 1.805, CC):

• Expressa – é aquela em que há uma declaração escrita, pública ouparticular neste sentido (na prática é raro).

• Tácita – é aquela que ocorre quando se praticam atos compatíveis com aaceitação da qualidade de herdeiro (ex: cobrança de dívidas referentesao espólio, pagamento de impostos atrasados, fazer-se representar poradvogado no processo de inventário, etc.).

• Presumida – é aquela em que o herdeiro permanece silente, depois queé notificado para que declare se aceita ou não a herança (o seu silêncio,a sua omissão é interpretada como uma forma de aceitação).

Observação – Há atos que embora praticados pelo herdeiro não revelam aintenção de aceitar a herança como os atos meramente conservatórios, ofuneral do de cujus, a guarda provisória dos bens e a cessão gratuita da herançaaos demais coerdeiros (art. 1.805, §§1o e 2o, CC).

B) RENÚNCIA DA HERANÇA

Como vimos, uma pessoa não é obrigada a receber a herança, podendorepudiar o que está sendo transmitido. Assim a renúncia consiste no ato jurídicounilateral pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita aherança a que tem direito, abrindo mão de sua titularidade. Trata-se de um atosolene, devendo ser feito por escritura pública (perante o tabelião) ou portermo nos autos (perante o Juiz).

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Se o herdeiro “renunciar em favor de outrem”, isto não se configura emuma renúncia propriamente dita. Na verdade trata-se de uma aceitação comuma imediata transmissão dos bens, havendo a incidência de tributação causamortis e também inter vivos. Esta hipótese também é chamada de renúnciatranslativa. A renúncia válida e correta como tal é a abdicativa, isto é, a cessãogratuita, pura e simples, sem indicar quem irá substituí-lo, ficando os bens paraquem a lei (sucessão legítima) ou o próprio de cujus determinar (no caso de tersido nomeado um substituto).

Requisitos da Renúncia

• Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não podem renunciar,senão por seu representante legal, devidamente autorizado pelo Juiz.Entende-se que pode ser feita por mandatário com poderes especiais eexpressos para isso.

• Forma solene prescrita em lei; sempre por escrito (escritura pública ouato judicial); não existe a renúncia tácita nem a presumida. Não énecessária a homologação judicial da renúncia.

• Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Como a herança éindivisível até a partilha, a renúncia (ou a aceitação) também seráindivisível: ou se renuncia tudo ou se aceita tudo.

• Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia prejudicacredores, estes podem aceitar a herança. Exemplo: “A” recebeu umaherança; mas ele está muito endividado. Ele sabe que assim que receber asua parte na herança, seus credores irão ficar com seus bens. Desta formaele renuncia à herança (que poderá ir para seus filhos ou irmãos). Estaconduta evidentemente prejudica seus credores. Por isso admite-se que ospróprios credores aceitem a herança em nome do renunciante, comautorização judicial (art. 1.813, CC), evitando assim, fraudes e simulaçõesmaliciosas. Após pagas as dívidas do renunciante, prevalecerá a renúnciaquanto aos bens remanescentes (se houver), devendo ser devolvidos aosdemais herdeiros.

• Se o renunciante for casado, a renúncia depende de outorga (uxória oumarital), exceto se foi adotado o regime da separação total de bens (art. 1.647, CC). Isto porque o direito à sucessão é considerado como sendoum bem imóvel (art. 80, II, CC).

Efeitos da Renúncia

• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão;seus efeitos retroagem à data da abertura da sucessão. É interessantenotar que a pessoa que repudia uma herança não está impedida de aceitarum legado (e vice-versa).

• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-sede imediato aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer).Os descendentes do renunciante não herdam por representação. No

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entanto se ele for o único da classe seus, filhos herdam por direito próprioe por cabeça.

• O renunciante não perde o direito ao usufruto e nem a administração dosbens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores.

• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável (art. 1.812, CC). Noentanto pode ser anulável quando proveniente de vício de vontade (dolo,coação, etc.), como todo e qualquer ato jurídico.

CESSÃO DE HERANÇA (art. 1793 e parágrafos, CC)

É a transferência que o herdeiro (legítimo ou testamentário) faz aoutrem do quinhão hereditário que lhe compete (no todo ou parte dele), após aabertura da sucessão, ou seja, após a morte do autor da herança. Assim, nãopode haver cessão de herança de pessoa estiver viva. Até porque o art. 426, CCproíbe que a herança de pessoa viva seja objeto de contrato. Abrindo-se asucessão (morte) a herança transmite-se de imediato aos herdeiros,permanecendo em estado de indivisão até a partilha final. Durante este período(entre a abertura da sucessão e a partilha final) um herdeiro pode ceder seusdireitos hereditários a terceiros. A cessão de herança pode ser gratuita ouonerosa. É necessária a prévia autorização do Juiz da sucessão.

Regras

• o cedente deve ter capacidade para alienar.

• a cessão somente terá validade após a abertura da sucessão e antes dapartilha.

• ato solene, formalizado por meio de uma escritura pública (1.793, CC)posteriormente registrada no registro imobiliário.

• se o cedente for casado necessita a outorga conjugal, exceto se o regimede bens for o da separação total de bens (como vimos a herança é bemimóvel – art. 80, II, CC).

• há transferência da parte ideal da massa hereditária, não havendoindividualização dos bens (pois deve ser anterior à partilha).

• o cessionário assume a mesma condição jurídica do cedente (1.793, §1o

CC).

• em regra o cedente não responde pela evicção (perda da propriedade emvirtude de sentença judicial e ato jurídico anterior), nem por eventual vícioredibitório (defeito oculto na coisa). Se for o caso, reveja a aula sobreContratos – Parte Geral, que melhor disciplina estes temas.

• o credor do espólio pode acionar o cedente.

• nos termos do art. 1.805, §2o, CC, não importa em aceitação a cessãogratuita, pura e simples da herança aos demais coerdeiros.

• na cessão onerosa feita a estranhos, deve-se oferecer oportunidade aosdemais herdeiros para que estes exerçam o direito de preferência. O

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preço será “tanto por tanto” (art. 1.794, CC), ou seja, o mesmo preço queo terceiro iria pagar. Caso não seja dado conhecimento da cessão aocoerdeiro, ele pode requerer ao Juiz, no prazo de até 180 dias após atransmissão, depositando o preço e haver para si a quota cedida a estranho(art. 1.795, CC).

HERDEIRO APARENTE E PETIÇÃO DE HERANÇA – arts. 1.824 a 1.828, CC

Herdeiro aparente é aquele que embora não tenha tal condição, seapresenta aos olhos de todos como se fosse herdeiro, criando a impressão deser o sucessor do de cujus. Exemplos em que isto pode ocorrer:

a) herdeiro testamentário que entrou na posse da herança, sendo queposteriormente se descobriu um novo testamento, instituindo outro herdeiro.

b) testador deixa todos os seus bens a uma pessoa, sendo queposteriormente se descobre que ele tinha um herdeiro necessário (ex: um filhoque teve fora do casamento).

c) herdeiro legítimo de todos os bens descobre posteriormente que o decujus deixou um testamento beneficiando, também uma terceira pessoa.

Teoria do Herdeiro Aparente

Pelo parágrafo único do art. 1.827, CC as alienações feitas, a títulooneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé são eficazes. Nossalegislação premia a boa-fé. Evidente que o herdeiro aparente beneficiado natransação ficará responsável pelo valor dos bens alienados.

Petição de Herança

Se porventura for realizado um inventário e eventualmente um sucessorfoi deixado de fora, este herdeiro não perde seu direito sucessório. Ele podeingressar com Ação de Petição de Herança. Desta forma, petição de herança é aação pela qual um herdeiro esquecido ou desconhecido (situações descritasacima) reclama sua parte da herança, antes ou depois da partilha (os bens jáestavam na posse de terceiros e deverão ser restituídos). Pode compreendertodos os bens hereditários. Deve ser instruída com prova da qualidade deherdeiro. Pode haver cumulação com outras ações como: investigação depaternidade, reconhecimento da condição de companheiro, etc.

Observação – Até aqui estamos falando sobre a Sucessão de uma formageral. As regras vistas até aqui se aplicam a qualquer espécie de Sucessão.Vamos agora fazer uma divisão neste tema entre: Sucessão Legítima eSucessão Testamentária. Vamos analisar cada uma delas, com suas regras eparticularidades.

I. SUCESSÃO LEGÍTIMA (arts. 1.829 a 1.856, CC)

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Sucessão Legítima é aquela em que o de cujus faleceu semtestamento (ab intestato), ou o testamento deixado caducou, ou ainda foijulgado ineficaz. Neste caso os bens serão distribuídos seguindo uma ordemestabelecida pela lei. Baseia-se no vínculo de família (sangue e afinidade).

Embora a Sucessão Legítima seja mais comum no Brasil, na verdade aSucessão Testamentária é a principal. Isto porque a Sucessão Legítima ésubsidiária, somente sendo aplicada se não houver um testamento válido. Há,também a possibilidade de ocorrerem as duas espécies de sucessão(testamentária e legítima) de forma simultânea em relação a uma pessoa, comoa existência de um testamento para parte dos bens, ficando os demais a cargodas regras da Sucessão Legítima.

Há uma relação preferencial prevista na lei das pessoas que sãochamadas a suceder o finado, como se esta fosse a sua última vontade. Se eledeixou testamento, mas havia herdeiro necessário, é possível que ocorra umaredução das disposições testamentárias para que seja respeitada a quota dosmesmos, prevista em lei.

É importante reforçar que segundo o art. 2.041, CC (disposições finais etransitórias), as disposições relativas à ordem de sucessão não se aplicam àsucessão aberta antes de sua vigência (ou seja, se uma pessoa morreu antes davigência do atual Código, mesmo que o processo de inventário seja abertoagora, as regras que serão aplicadas para a divisão dos bens será a do CódigoCivil de 1916).

ORDEM DE SUCESSÃO LEGÍTIMA

O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma sequênciadenominada ordem de vocação hereditária, que é uma relação preferencial,estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas para suceder o de cujus.Trata-se de uma vontade presumida do falecido.

De início, vamos apenas fornecer a ordem estabelecida na lei (art. 1.829,CC). Depois vamos analisar item por item desta ordem. Vejamos:

1) Descendentes (filhos, netos, bisnetos, etc.), em concorrência com ocônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime dacomunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens; ou se, noregime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixadobens particulares.

2) Ascendentes (pai, avô, bisavô, etc.) também em concorrência comeventual cônjuge sobrevivente.

3) Cônjuge Sobrevivente (ou cônjuge supérstite).

4) Colaterais (somente até o 4° grau). - ordem preferencial

• irmão - 2° grau • sobrinho – 3° grau • tio – 3° grau • sobrinho-neto – 4° grau

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• tio-avô – 4° grau • primo-irmão – 4° grau

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

1. Não há limitação de grau na linha reta (descendentes e ascendentes).

2. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classeprecedente. Ex: os ascendentes só serão chamados na sucessão se nãohouver descendentes; os colaterais somente serão chamados se nãohouver descendentes, ascendentes e cônjuge, etc.

3. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o maisremoto. Ex: o de cujus deixou um filho vivo e este, por sua vez, possuidois filhos (que são netos do de cujus). Tanto o filho, como os netos estãona mesma classe – são descendentes. No entanto, neste caso a herançairá somente para o filho, pois embora estejam na mesma classe (dosdescendentes) o filho está no primeiro grau e os netos estão no segundograu (portanto os filhos estão mais próximos).

4. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente sãoconsiderados herdeiros necessários; neste caso o testador só poderádispor por testamento de metade da herança. Isto é, metade de seusbens (já descontada eventual meação do cônjuge) irá obrigatoriamentepara os herdeiros necessários (salvo alguma hipótese de deserdação).

5. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (art. 227, §6°,CF/88: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou poradoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquerdesignações discriminatórias relativas à filiação”). Assim, um filho nãopode ser chamado de adulterino ou bastardo. São expressõesconsideradas preconceituosas. Para efeitos sucessórios, tanto faz que ofilho seja proveniente de um casamento ou de uma relação extraconjugal:é filho do mesmo jeito e terá direito a herança.

6. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamentedesta forma, ou seja, pode haver algumas modificações, conformeveremos adiante.

7. Notem que a Administração Pública (Município, Distrito Federal e União) eo convivente não constam da relação do art. 1.829, CC, embora tenhamdireitos sucessórios. Há regras especiais sobre eles que também veremosadiante.

8. A afinidade (sogro/sogra, genro/nora, cunhada) não gera direitossucessórios. A simples dependência econômica de uma pessoa tambémnão gera direitos sucessórios.

A) SUCESSÃO DOS DESCENDENTES

Com a abertura da sucessão, os descendentes do de cujus são chamadospara receber a herança em primeiro lugar, adquirindo os bens por direito

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próprio. Os filhos são chamados à sucessão do pai, recebendo cada um(sucessão por cabeça – in capita) quota igual da herança (art. 1.834, CC),excluindo-se os demais descendentes (embora possa haver o direito derepresentação, conforme veremos adiante).

Reforçando: não se pode fazer qualquer distinção entre osfilhos, sejam eles havidos ou não durante o casamento, adotivos,etc., sendo que todos eles possuem os mesmos direitos.

Se todos os descendentes estiverem no mesmo grau, a sucessão serápor direito próprio e por cabeça; a herança é dividida em tantas partesiguais quantos forem os herdeiros. Exemplos: pessoa faleceu e deixou doisfilhos → a herança será dividida em duas partes iguais; pessoa faleceu e nãodeixou filhos vivos (todos eles eram pré-mortos), porém deixou cinco netos → oacervo será dividido em cinco partes iguais, não importando se eram filhos domesmo pai ou pais diferentes.

Se à herança concorrem descendentes de graus diferentes (descendentede grau inferior – neto – concorrendo com o de grau superior - filho) a sucessãose dá por cabeça e por representação (também chamada por estirpe). Exemplo: o de cujus tinha dois filhos vivos e três netos, sendo que estes sãofilhos de um terceiro filho pré-morto → neste caso a herança será dividida emtrês partes iguais: as duas primeiras serão destinadas aos filhos vivos e aterceira (que pertenceria ao outro filho) será destinada aos três netos quedividirão o quinhão entre si – neste caso chamamos de sucessão porrepresentação ou por estirpe. Os netos (filhos do filho pré-morto) recebem oque o pai (filho do de cujus) receberia. Falaremos mais sobre a representaçãoem um tópico específico, logo adiante.

Observações Importantes

Havendo cônjuge sobrevivente, este, em algumas situações,pode concorrer com seus descendentes. Mas em primeiro lugar estecônjuge não pode estar separado judicialmente e nem separado de fato há maisde dois anos do de cujus. Se estiver em alguma destas situações não terádireito à herança. Até aí sem problemas. Não há dificuldades. Resolvida estaquestão, devemos saber agora qual o regime de bens que vigorava entre ocasal. Segundo a lei o cônjuge concorrerá com o descendente se: a) não forcasado sob o regime da comunhão universal ou da separação obrigatória debens; b) haja bens particulares do de cujus, se casado sob o regime dacomunhão parcial.

É possível que a matéria agora tenha ficado um pouco confusa. Porisso elaboramos um quadro que visa facilitar o estudo desta matéria.Tenho certeza que depois de ser lido, a matéria ficará muito mais fácil. Ele serveaté para ser usado em nosso dia-a-dia. Não só para concursos, mas também emsituações particulares, que pode ocorrer com qualquer um de nós.

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REGIME DEBENS

HÁ DIREITO ÀMEAÇÃO?

HÁ DIREITO ÀHERANÇA?

HÁ DIREITOREAL DE

HABITAÇÃO?

COMUNHÃO UNIVERSAL(TOTAL) DE

BENS

SIM NÃO SIM

COMUNHÃOPARCIAL COM

BENSPARTICULARES

SIM SIM (sobre os bens

particulares)

SIM

COMUNHÃOPARCIAL SEM

BENSPARTICULARES

SIM NÃO SIM

PARTICIPAÇÃOFINAL NOS AQUESTOS

SIM SIM SIM

SEPARAÇÃOTOTAL

(CONVENCIO-NAL)

NÃO SIM SIM

SEPARAÇÃOOBRIGATÓRIA

(LEGAL) DE BENS

NÃO (SÚMULA 377

STF = SIM)

NÃO SIM

Observem que o quadro também fala sobre o direito real dehabitação. Também falaremos sobre ele mais abaixo.

Depois de analisar o quadro acima que informa em que hipóteses(trata-se do “quando”) o cônjuge concorre com o descendente, há uma outraindagação: qual a parte do cônjuge nesta herança (trata-se do “quanto”)?

Segundo o atual Código Civil, o cônjuge sobrevivente terá direito aum quinhão igual aos dos que sucederem por cabeça, não podendo sua quotaser inferior à quarta parte (25%) da herança se for ascendente dos herdeiros

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com que concorre (art. 1.832, CC). Isto também é um pouco confuso. Por isso éinteressante analisar diversas situações:

Situação 01 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e um filho que teve com ele(filho comum) → neste caso o cônjuge recebe metade da herança e o filho aoutra metade (notem que estamos falando somente da herança; a meação jáé um fato superado, que vai depender do regime de bens).

Situação 02 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e dois filhos que teve comele (filhos comuns) → cônjuge recebe um terço, o primeiro filho um terço e ooutro filho o outro terço da herança.

Situação 03 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e cinco filhos que teve comele (filhos comuns) → cônjuge recebe um quarto e os filhos repartirão osoutros três quartos da herança.

Situação 04 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e dez filhos que teve com ele(filhos comuns) → o cônjuge recebe o mesmo um quarto e os dez filhosrepartirão os outros três quartos da herança.

Situação 05 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e três filhos tidos em outrarelação matrimonial (não são do cônjuge sobrevivente – filhos exclusivos) →aplica-se a regra geral; divide-se a herança em quatro partes iguais. Cônjugee filhos terão direito à mesma porcentagem.

Situação 06 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e nove filhos de outrarelação matrimonial (filhos exclusivos) → aplica-se a regra geral; divide-se aherança em dez partes iguais. Cônjuge e filhos terão direito à mesmaporcentagem.

Não havendo cônjuge, mas um companheiro ou convivente (ou seja, o de cujus não era casado, porém vivia em uma união estável) esteparticipará da sucessão apenas no que concerne aos bens adquiridos na vigênciada união estável. Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quotaequivalente à que por lei for atribuída ao filho. Se concorrer com descendentessó do autor da herança terá direito à metade do que couber a cada umdaqueles. Veremos isso melhor adiante.

B) SUCESSÃO DOS ASCENDENTES

Não havendo descendentes, serão chamados os ascendentes do de cujus.Se houver cônjuge sobrevivente, estes também concorrerão com osascendentes. Novamente o grau mais próximo exclui o mais remoto. Exemplo:Se o de cujus deixou pai e mãe vivos (sem cônjuge), a herança será entregue aeles em partes iguais (50% para o pai e 50% para a mãe).

Se apenas um dos genitores for vivo a ele será transmitida toda aherança, ainda que sobrevivam os ascendentes do outro. Exemplo: o de cujusdeixou mãe e dois avós, que eram pais de seu pai. A herança toda irá para amãe, excluindo-se os avós paternos. Observem que os avós paternos nãoherdam por representação.

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Na falta de ambos os pais do autor da herança, herdarão os avós.Exemplo: o de cujus deixou três avós – dois maternos e um paterno – aherança será dividida em duas partes, metade para os avós maternos e a outrametade para o avô paterno (neste caso a divisão da herança será feita porlinha e não por cabeça).

É muito importante reforçar que, diferentemente da sucessão dosdescendentes, em relação aos ascendentes não há direito derepresentação. O ascendente de grau mais próximo afasta (exclui) o de graumais remoto (art. 1.836, §1°, CC).

Se o de cujus deixou ascendentes e cônjuge, a situação também difereum pouco. Primeiramente porque nesta situação independe o regime debens. Ou seja, não havendo descendentes, qualquer que seja o regime de benso cônjuge sobrevivente tem o direito de receber a herança juntamente com osascendentes. O problema é saber o quanto fará jus. Vejamos:

Situação 01 – Pessoa faleceu deixando ascendentes de primeiro grau (pai emãe) e cônjuge → o pai terá direito a um terço da herança, a mãe terá direitoa um terço e o cônjuge o outro terço.

Situação 02 – Pessoa faleceu deixando mãe (somente um ascendente deprimeiro grau) e o cônjuge → a mãe terá direito a metade da herança e ocônjuge a outra metade.

Situação 03 – Pessoa faleceu deixando ascendentes de segundo ou maisgraus (avós, bisavós) e cônjuge → os ascendentes terão direito à metade daherança (que deverá ser partilhada entre todos os sobreviventes do mesmograu) e o cônjuge a outra metade.

C) SUCESSÃO DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE (SUPÉRSTITE)

Como vimos no gráfico mais acima, se o regime de bens for o dacomunhão universal ou da comunhão parcial, o cônjuge terá metade dos benscomuns do casal. Trata-se da meação, que (vamos reforçar) não pode serconfundida com a herança. Na meação os bens comuns são divididos; a porçãoideal dos bens já lhe pertencia mesmo antes da morte do de cujus. Chamamosde herança somente a parte de seu cônjuge falecido. Lembrando que a pessoaé afastada da sucessão (herança) se estiver separada judicialmente ou separadade fato há mais de dois anos (salvo prova de que essa convivência se tornaraimpossível sem culpa do sobrevivente – art. 1.830, CC). A doutrina critica muitoa parte referente à separação de fato, pois esta situação não extingue asociedade conjugal e, portanto, não deveria ser causa de extinção dos direitosconjugais.

Hipóteses Interessantes:

1) Homem está se separando de sua esposa e durante o processo elemorre. Neste caso a mulher herda? Sim, porque no caso concreto ainda nãohouve a decisão final com trânsito em julgado.

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2) Uma pessoa casada de boa-fé (casamento putativo) que teve ocasamento anulado pode herdar? Depende... para herdar deveria ser cônjugeainda no tempo da morte do autor da herança. Se a anulação se deu após amorte ela herda. Se a anulação se deu antes da morte ela não herdará.

Além da meação (que, repita-se já era dele, mesmo antes da morte do decujus), o cônjuge ainda terá direito à herança, que pode se dar:

1. Sucessão Testamentária (ou legitimária) – por ser herdeiro necessário,tem direito à metade da herança, se não houver descendentes ou ascendentes;o testador só poderá dispor de metade dos bens da herança. Assim, além dereceber a meação, se o de cujus não tiver descendentes ou ascendentes, ocônjuge receberá a totalidade dos bens. Além disso, mesmo o de cujus tendooutros herdeiros, o cônjuge sobrevivente ainda pode receber mais alguma coisapor testamento.

2. Sucessão Legal ou Legítima

a) Em concorrência com descendentes – neste caso aplica-se oart. 1.829, inciso I, CC. Convém reforçar a análise deste dispositivo. Vejamosas situações: 1) Se o regime for da comunhão universal, o consorte não seráherdeiro em concorrência com os descendentes, mas tem assegurada a suameação (recebendo metade de tudo, o cônjuge não teria motivos para concorrerà sucessão dos descendentes). 2) O mesmo ocorre se o casamento se der sob oregime da comunhão parcial e o falecido não possuía bens particulares (tambémneste caso o cônjuge sobrevivente terá direito à meação de tudo). 3) Se oregime for da comunhão parcial, mas havendo patrimônio particular, o cônjugesobrevivente receberá sua meação, mais uma parcela sobre todo o acervohereditário. O cônjuge sobrevivente terá direito a um quinhão igual aos dos quesucederem por cabeça, não podendo sua quota ser inferior à quarta parte daherança se for ascendente dos herdeiros com que concorre (art. 1.832, CC).Exemplo: A faleceu deixando esposa e cinco filhos que não são do cônjugesobrevivente; neste caso a herança será dividida em seis partes iguais, cada umdos filhos e a esposa receberão um sexto da herança. Se estes filhos foremtambém do cônjuge sobrevivo, a participação deles ficará reduzida diante dolimite da quota mínima estabelecida pela lei: o cônjuge ficará com um quarto eos demais três quartos serão partilhados entre os seus cinco filhos. 4) Se ocônjuge for casado sob o regime da participação final nos aquestos também terádireito à herança (além de eventual meação) em concorrência com osdescendentes. 5) Se o cônjuge for casado sob o regime da separação total(convencional) de bens não terá direito à meação, mas fará jus à herança emconcorrência com os descendentes. 6) Finalmente, se o casamento for sob oregime da separação total (legal) de bens, não haverá direito à herança, nem àmeação (embora a Súmula 377 STF permita a meação).

b) Em concorrência com os ascendentes – Neste tópico a lei nãofaz qualquer distinção em relação ao regime de bens adotado pelo casal; ocônjuge sobrevivente tem direito à concorrência, qualquer que seja o regimeadotado. Situações: 1) Reserva-se um terço da herança se concorrer com pai

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e mãe do finado (ascendentes em primeiro grau), ficando estes com dois terços. 2) Se concorrer com apenas um dos genitores, receberá metade da herança. 3) Se concorrer com ascendentes de segundo grau (avós) ou graus superiores,independentemente da quantidade, também lhe tocará metade da herança(reparem que já analisamos esta situação mais acima).

c) Pura e simples – na falta de descendentes e ascendentes, seráchamado, por inteiro, o cônjuge sobrevivente, desde que ao tempo da mortenão estivesse separado judicialmente nem de fato há mais de dois anos.Lembrando e reforçando que o cônjuge é herdeiro necessário, não podendomais ser afastado de uma sucessão por mero capricho do de cujus.Anteriormente, não tendo descendentes e ascendentes, o testador poderiadeixar todos os seus bens a um terceiro. Agora tal situação não é mais possível.

Mas agora surge um problema. Os herdeiros necessários somentepodem ser afastados da sucessão na hipótese de uma deserdação. Pergunta-se:o cônjuge pode ser deserdado? A posição majoritária da doutrina tementendido que não pode! Isto porque os artigos que tratam do assunto (1.962 e 1.963 CC) mencionam apenas a deserdação de descendentes e ascendentes,nada se referindo as causas de deserdação do cônjuge. E não é possível aaplicação de analogia em matéria restritiva de direitos. Portanto o cônjuge,mesmo sendo herdeiro necessário não pode ser deserdado, ao menos até que alei seja modificada. Foi um “cochilo” do legislador? Têm-se entendido que não.Isto porque se a pessoa quisesse “deserdar” o cônjuge, bastaria se separarjudicialmente do mesmo.

3. Sucessão no Direito Real de Habitação – Direito Real de Habitaçãoé o direito que uma pessoa tem em relação ao imóvel destinado à residência, seeste for o único do gênero a inventariar. Na sucessão esse direito ocorre,qualquer que seja o regime de bens adotado entre os cônjuges e semprejuízo da participação que lhe caiba na herança (art. 1.831, CC).

Exemplo: Pessoa morreu deixando um filho de outro casamento e a atualesposa. Esta pessoa era casada pelo regime da separação parcial e possuíaapenas a casa onde moravam, sendo que a mesma foi comprada antes docasamento (bem particular do de cujus). O filho (descendente) terá direito àmetade da casa e a esposa a outra metade (vejam o gráfico inicial). Porém,além da propriedade de 50% da casa, o cônjuge sobrevivente ainda terá direitoreal de habitação; isto é, terá o direito de morar nesta casa. Morrendo o decujus, transmite-se a nua propriedade do imóvel aos sucessores legítimos declasse preferencial (no caso o descendente e o cônjuge), mas ao cônjugesobrevivente ainda outorga-se o direito real de habitação.

O direito real de habitação só existe enquanto viver o cônjuge beneficiário,não sendo transmissível com sua morte. Mas há um problema: e se este secasar novamente? O direito real de habitação permanece? O Código atual éomisso, daí parte da doutrina entender que o mesmo continua. Mas outracorrente doutrinária pondera que este instituto tem um caráter assistencial. E seo beneficiado se casou novamente, é inconveniente que o imóvel permaneçagravado, onerando os herdeiros.

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4. Sucessão no Usufruto – se o casamento foi com cônjugeestrangeiro em regime que exclua a comunhão universal: terá direito à quartaparte dos bens em usufruto se houver filhos brasileiros do casal ou do outroconsorte; metade dos bens em usufruto se não houver filhos (art. 17 doDecreto-lei n° 3.200/41).

Observações:

1. O regime da separação de bens e a existência de cláusula deincomunicabilidade no pacto antenupcial não interferem na ordem de vocaçãohereditária do cônjuge sobrevivente. Assim, mesmo casando pelo regime daseparação total de bens, o cônjuge tem direito à herança (ele pode não terdireito à meação, mas terá direito à herança).

2. Não há mais o chamado direito ao usufruto vidual (que era o concedidoà pessoa que se tornava viúva). Antigamente o cônjuge não herdava de formaconcorrente com os descendentes ou ascendentes, por isso tinha direito aousufruto de uma parte dos bens do seu ex-marido. Como atualmente o cônjugeé considerado como herdeiro necessário (concorrendo inclusive com os filhos erecebendo a propriedade dos bens, além do direito real de habitação), não fazmais sentido receber também o usufruto sobre estes bens.

D) DIREITOS DA(O) CONVIVENTE OU COMPANHEIRA(O)

O Código Civil anterior não contemplava a situação de companherismo ouconvivência. A Constituição Federal de 1988 reconheceu a união estável entre ohomem e a mulher (art. 226, §3o “Para efeito de proteção do Estado, éreconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidadefamiliar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”). Mas somentecom a Lei n° 8.971/94 reconheceu-se o direito sucessório aos companheiros. E aLei n° 9.278/96 acrescentou outros direitos. Atualmente o Código Civil tentoupadronizar o assunto. Mas criou muita polêmica e retrocessos. A principal críticaque se faz é que a lei distanciou muito o cônjuge do convivente. Ampliou-semuito o direito dos cônjuges (o que é correto). Mas quanto aos conviventes,além de não acompanhar os avanços em relação ao cônjuge, retrocedeu emalguns aspectos. Prova disso é que o convivente sequer consta da ordem devocação hereditária do art. 1.829, CC.

O tema está previsto no art. 1.790, CC. Tratando-se de união estável (ouconcubinato puro) o convivente, além de eventual meação, participa também dasucessão do de cujus, mas apenas quanto aos bens adquiridosonerosamente na vigência do estado convivencial, nas seguintescondições:

• Situação 01 – Se concorrer com filhos comuns, fará jus a uma quotaequivalente à que legalmente couber a eles.

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Exemplo: A tinha um patrimônio individual de 100; uniu-se com B, sendo quedurante a convivência os dois tiveram dois filhos e formaram um patrimônio demais 600. A morreu. B, portanto, tem direito à meação (300). A herança de Bserá de 400 (100 individual e 300 em comum). O patrimônio individual (100)será partilhado apenas entre seus dois filhos. Já a sua meação (300) serádividida em 3 partes iguais: 1/3 para a convivente e 1/3 para cada um de seusdois filhos. Portanto o convivente ainda terá direito a mais 100.

• Situação 02 – Se concorrer com descendentes só do de cujus, terádireito à metade do que couber a cada um deles.

Exemplo: Aproveitando o exemplo acima, suponha-se que os filhos são apenasde A com outra pessoa. O patrimônio particular (100) será partilhado entre seusdois filhos (como na situação anterior). O convivente continuará tendo a meação(300). Já a sua parte na herança (300 - meação do de cujus) será dividida deforma que B receberá somente metade do valor dos filhos de A (assim,dividimos 300 por 2,5 = 120; portanto cada filho receberá 120 e o companheiro60; total 300).

• Situação 03 – Se concorrer com outros parentes sucessíveis(ascendentes ou colaterais) terá direito a 1/3 (um terço) datotalidade da herança. Observem que nesta hipótese o companheiro podeser preterido inclusive pelos colaterais do de cujus (irmãos, sobrinhos, tios eprimos), o que em minha opinião é um absurdo!!

Exemplo: O de cujus deixou pais vivos. O convivente terá direito a sua meação(300), mais um terço da totalidade da herança (um terço de 400 = 133,33).Lembrem-se que neste caso, para o cálculo da herança total, soma-se a meaçãodo de cujus com a parte que ele tinha antes de contrair a convivência(patrimônio particular). A situação é a mesma se o de cujus não deixouascendente, porém deixou colaterais (irmãos, tios, sobrinhos, primos, etc.).

• Situação 03 - Não havendo parentes sucessíveis, terá direito àtotalidade da herança. Ou seja, receberá 300 como meação e os outros400 como herança.

Observações:

01) Há uma crítica muito grande da doutrina a toda esta forma de secalcular os direitos do convivente. Cita-se, como exemplo a seguinte situação:Pessoa faleceu deixando filhos havidos antes da convivência e filhos tidos com oconvivente. Como realizar a divisão? Esta é uma conta que “não fecha”. Éimpossível ao convivente receber parte igual à dos filhos comuns e metade daparte que couber aos filhos só do falecido sem que haja um tratamento desigualentre os filhos. Haverá uma notória desigualdade entre os filhos do de cujus,transgredindo a previsão constitucional de que não pode haver desigualdadeentre qualquer espécie de filhos. E ainda pode ocorrer o seguinte: o filho comumA recebe $ e o filho não-comum B também recebe $. Agora, como pode oconvivente receber o mesmo que o filho A ($) e a metade de B ($/2)?? A

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sugestão, enquanto não houver alteração neste texto legal, é de que oconvivente receberá metade do que couber a qualquer um dos filhos.

02) O concubinato impuro (também chamado de concubinato adulterinoou relação extramatrimonial ou simplesmente de “amante”) não estabelecequalquer direito hereditário entre os concubinos. No entanto, na prática,nossos Tribunais reconhecem alguns direitos em determinadas situaçõesespeciais. Exemplo: Uma pessoa é casada há 20 (vinte) anos, vivendo comnormalmente com sua esposa e tendo dois filhos. No entanto tem uma“amante”. Prova-se que ele convive com ela há 10 (dez) anos, sendo queinclusive compraram uma casa juntos. A “amante” tem direito à parte queajudou a comprar na vigência desta “relação” (ou seja, tem direito ao valor demetade da casa comprada).

03) Percebe-se também que atualmente há uma grande desigualdadeno tratamento entre o cônjuge e o convivente sobrevivente (união estável),sendo que este possui menos direitos que os outorgados ao cônjuge. Ou seja: alegislação anterior equiparava o convivente (ou companheiro) ao cônjugecasado em comunhão parcial. O atual Código estabeleceu novos e inúmerosdireitos ao cônjuge (mesmo que adotado o regime da separação total de bens) enão os estendeu ao convivente. Exemplo disso é que atualmente o cônjuge foielevado à categoria de herdeiro necessário (e o convivente não possui estasituação). Por outro lado o atual Código ainda reduziu os direitos doconvivente. Por isso, na prática, muitos juízes ainda conferem os mesmosdireitos que o convivente tinha antes da vigência do atual Código. Ou seja, osjuízes não estão conferindo ao convivente todos os novos direitos estabelecidosem favor do cônjuge (exemplo: o convivente não foi elevado à categoria deherdeiro necessário), mas, por outro lado não estão piorando a sua situação emrelação à legislação anterior. No entanto, alertamos que sobre este tema, oaluno que se prepara visando um concurso público deve observar o que estáexpresso na lei (e não a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, a nãoser quando expressamente consignado na questão). É assim que vem caindonas provas: o texto legal, principalmente em provas objetivas. Quando a provaé dissertativa, aconselhamos após citar a lei, apontar as lacunas e falhas desta.Mas “muita água ainda vai rolar” sobre este assunto e com certeza o Códigoainda vai mudar muito. O jeito, por ora, é aguardar. Mas insisto: em relação aeste assunto, o aluno deve se preocupar mais com o texto legal.

04) Pergunta-se: O convivente tem direito real de habitação,relativamente ao imóvel destinado à residência da família, enquanto viver ounão constituir nova união ou casamento? Tal benefício foi inserido em nossoordenamento por força do art. 7°, parágrafo único da Lei n° 9.278/96. O atualCódigo não traz previsão alguma sobre este tema. Por tal motivo tem-seentendido que, por se tratar de uma norma especial que não foi revogada,continua prevalecendo a aplicabilidade do dispositivo. Tal direito termina com amorte do convivente ou da constituição de nova entidade familiar.

E) SUCESSÃO DOS COLATERAIS

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Na falta de descendentes, ascendentes, cônjuge e de convivente, sãochamados a suceder, na totalidade, os colaterais até o quarto grau (art. 1.839, CC). Lembrem-se do princípio de que os mais próximos excluem osmais remotos (art. 1.840, CC). Exemplo: se o de cujus deixou apenas irmãose sobrinhos, herdam os irmãos que são colaterais em segundo grau, enquantoos irmãos são colaterais em quarto grau. Se tiver alguma dúvida sobre acontagem de graus, revejam a aula anterior.

Como regra, não há o direito de representação.

Mas... como sempre... há uma exceção. Ressalva-se o direito derepresentação (ou por estirpe) apenas no caso de filhos de irmão falecido dode cujus (ou seja, os sobrinhos), em concorrência com irmão vivo deste.Exemplo: o de cujus deixou dois irmãos e dois sobrinhos, filhos de um terceiroirmão pré-morto: a herança será dividida em três partes iguais (os três irmãos),cabendo as duas primeiras aos irmãos sobreviventes e a terceira aos sobrinhos,que a dividirão entre si a parte que caberia ao irmão pré-morto. Os dois irmãosvivos recebem por direito próprio e os sobrinhos representam o irmão morto. Seum dos filhos do irmão pré-morto também for falecido, o neto do irmão pré-morto nada herdará, pois o art. 1.840, CC menciona o direito de representaçãosomente aos filhos do irmão pré-morto (sobrinhos), e não a seus netos (queseriam os sobrinhos-neto do autor da herança). Falaremos sobre arepresentação em tópico mais adiante.

Concorrendo à herança do falecido, irmãos bilaterais (tambémchamados de irmãos germanos, ou seja, mesmo pai e mesma mãe) comirmãos unilaterais (mesmo pai → irmãos consanguíneos; ou mesma mãe →irmãos uterinos), cada um destes herdará metade do que cada um daquelesherdar. Em outras palavras: os irmãos bilaterais herdam o dobro dos irmãosunilaterais (art. 1.841, CC).

Ordem dos Colaterais – Na falta de irmãos (colateral em segundo grau),os sobrinhos (terceiro grau) serão chamados à sucessão. Observem que os tiostambém são colaterais em terceiro grau, mas a lei (art. 1.843, CC) dápreferência aos sobrinhos. Após os tios são chamados, pela ordem: sobrinho-neto, tio-avô e primo-irmão do autor da herança (embora todos estes colateraissejam de quarto grau).

F) SUCESSÃO DO MUNICÍPIO, DISTRITO FEDERAL E UNIÃO

Na verdade a Administração Pública não é herdeira propriamente dita;não está na ordem de vocação hereditária do art. 1.829, CC. Desta forma, nãolhe é dado o direito de saisine, isto é, não se torna possuidora ou proprietáriados bens da herança no momento da morte do de cujus, como acontece com osdemais herdeiros.

Quando o falecido não deixar testamento nem herdeiros conhecidos ouquando estes repudiarem a herança, os bens irão para o Município ou para oDistrito Federal (se localizados nas respectivas circunscrições) ou para a

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União (se situados em Território Federal). Mas eles não vão de imediato. Há umprocedimento legal para tanto (arts. 1.819 a 1.823, CC). Vejamos:

1) Herança Jacente

Herança Jacente é aquela cujos herdeiros ainda não são conhecidos.Falecendo uma pessoa nesta situação, seus bens são arrecadados. Juntam-setodos os bens do de cujus e nomeia-se uma pessoa (curador) para conservá-los e administrá-los até a sua entrega a um sucessor devidamente habilitado ouentão até que se declare a vacância. É um procedimento cautelar que se tomapara evitar a dilapidação dos bens por parte de um terceiro oportunista. Todosos atos do curador são supervisionados pelo Juiz.

A característica principal da herança jacente é a transitoriedade dasituação dos bens; a jacência é uma fase que visa a declaração posterior devacância da herança. Trata-se de uma universalidade de direito. A doutrina atrata como sendo um “grupo despersonalizado” (ou com personificaçãoanômala), sendo um conjunto de direitos e obrigações sem personalidadejurídica. Assim, são expedidos editais convocando eventuais sucessores. Após arealização de todas as diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um anoapós o primeiro edital, haverá o pronunciamento judicial de vacância (art. 1.820, CC).

Há outra hipótese de jacência, em que os bens ficam sob a administraçãode um curador. Trata do caso de herdeiro já concebido, mas ainda não nascido(nascituro). Nascendo com vida adquire a personalidade e a capacidade para sertitular de direitos, recebendo a herança, que perderá a condição de jacente.

Segundo o art. 1.823, CC quando todos os chamados a sucederrenunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.

2) Herança Vacante

Herança Vacante é aquela que não foi disputada com êxito por qualquerherdeiro e que foi judicialmente proclamada como sendo “de ninguém”.Superada aquela primeira fase, os bens passam, então, para a propriedade doEstado (em sentido amplo). Mas ainda não é de forma plena. Trata-se dapropriedade resolúvel (lembrem-se do que falamos sobre a propriedaderesolúvel → é a que pode se “resolver”, ou seja, se extinguir). Somente após05 (cinco) anos da abertura da sucessão (art. 1.822, CC) a propriedade passaem definitivo para o domínio público (Município, Distrito Federal ou União).Neste sentido, também o art. 1.844, CC. Se naquele período comparecer umherdeiro, converte-se a arrecadação em inventário regular. Interessante notarque os colaterais só podem se habilitar durante a jacência. Já os descendentes,ascendentes e cônjuge podem se habilitar também durante o prazo de vacância(art. 1.822, parágrafo único, CC).

Portanto o Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol deherdeiros apontados na ordem de vocação hereditária. Mas será consideradocomo sucessor, desde que haja uma sentença declarando a vacância dos bens.

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Exceção à Ordem de Vocação Hereditária

O art. 5o, inciso XXXI, CF/88 estabelece uma exceção à ordem deVocação Hereditária: “A sucessão de bens de estrangeiros situados no País seráregulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,sempre que não lhe seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”. Exemplo:Como vimos, no Brasil os ascendentes concorrem com o cônjuge. Digamos queum estrangeiro se casa com uma brasileira e compra diversos bens aqui. Estapessoa possui pais vivos. Se esta pessoa falecer, pela lei brasileira os pais dela(que são estrangeiros) herdarão em concorrência com a esposa brasileira. Masvamos supor que no País de origem, na vocação hereditária, o cônjuge vemantes do ascendente, não havendo concorrência. Neste caso aplica-se a leiestrangeira, isto porque é mais benéfica ao cônjuge brasileiro.

DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ESTIRPE)

Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos parentes dofalecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse (art. 1.851, CC). Só tem aplicação na sucessão legítima. Observem o quadroabaixo:

A100%

“de cujus”

B (pré-morto)

20%

C20%

D(pré-morto)

20%

E20%

F(pré-morto)

20%

G10%

H10%

I20%

J10%

K 10%

No exemplo acima, A faleceu deixando cinco filhos. Três deles (B, D e F)já haviam falecido antes de A (o de cujus). B tinha dois filhos (G e H); D tinhaapenas um filho (I) e F também tinha dois filhos (J e K).

Nesta situação (levando em consideração que A já era viúvo e, portanto,não haverá meação), cada um de seus filhos receberia 20% de todo seupatrimônio. G e H irão representar seu pai (B) na herança de seu avô (A) e irãodividir o quinhão que seu pai receberia; portanto cada um irá receber 10% dototal da herança. A mesma situação ocorrerá como J e K que irão representarseu pai F. No entanto I é filho único e, portanto, irá receber a totalidade que

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seu pai (D) receberia (20%). Notem que: a) os filhos herdam por cabeça oupor direito próprio; b) já os netos herdam por direito de representação ouestirpe.

Vamos imaginar outra situação, aproveitando o mesmo gráfico. Vamossupor que todos os filhos de A já haviam falecido anteriormente (são pré-mortos), concorrendo na herança somente os netos (todos eles sãodescendentes em segundo grau). Neste caso a sucessão não será mais porrepresentação (ou estirpe), mas sim por cabeça. Assim, como há cinco netos,cada um herdará um quinto (20%) da totalidade da herança. Quando issoocorre chamamos estas quotas de avoengas, por serem transmitidasdiretamente do avô para os netos.

Observações

01) O direito de representação se aplica ao herdeiro pré-falecido etambém ao excluído por indignidade ou deserdação.

02) Somente se verifica o direito de representação na linha retadescendente (operando-se ad infinitum), nunca na linha ascendente (art. 1.852, CC). Já na linha colateral, só ocorrerá em favor dos filhos de irmãos dofalecido (sobrinhos), quando com irmão deste concorrerem (art. 1.853, CC).Não há representação quando houver renúncia, nem na herança testamentária,não se aplicando, também aos legados (veremos esta expressão adiante).

II. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA (arts. 1.857 a 1.990, CC)

Sucessão Testamentária é aquela em que a transmissão hereditária seopera por ato de última vontade, revestido da solenidade requerida por lei. Emoutras palavras, é a sucessão que se faz por meio de um testamento. Permitea instituição de herdeiro (sucessor a título universal) ou legatário (sucessor atítulo singular). Como já vimos, tem certas limitações, pois deve respeitar alegítima (ou quota reservatária - que é a parte que cabe aos herdeirosnecessários).

A sucessão testamentária rege-se pela:

• Lei vigente no momento da feitura do testamento, que regula acapacidade testamentária ativa (capacidade para fazer testamento) e aforma do ato de última vontade.

• Lei que vigorar ao tempo da abertura da sucessão, que rege a capacidadetestamentária passiva (capacidade para adquirir por testamento) e aeficácia jurídica do conteúdo das disposições testamentárias.

Testamento ⎯ é um ato personalíssimo, unilateral, solene erevogável pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte de seupatrimônio para depois de sua morte, podendo também fazer outrasdisposições de caráter não-patrimonial.

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No dizer de Zeno Veloso, “o testamento encerra a voz, o desejo, avontade de uma pessoa, projetando este querer para um tempo em que odeclarante já é defunto. Paradoxalmente, o último suspiro do testador é o soprovivificador que dá definitividade e eficácia ao testamento”. De fato! Com a mortedo testador, o testamento (que até então podia ser alterado ou revogado) setorna ato definitivo e irrevogável, passando a produzir efeitos. Mesmo que apessoa tenha feito o seu testamento há trinta ou cinquenta anos. O fato dotestamento ter sido elaborado há muitos anos não o invalida.

O testamento serve também para a nomeação de tutores, reconhecimentode filhos, deserdação de herdeiros, revogação de testamentos anteriores eoutras declarações de última vontade.

O testamento é ato unilateral e individual, não podendo ser feito emconjunto com outra pessoa (art. 1.863, CC). É nulo o chamado testamentoconjuntivo (também chamado de “mão comum”), em que duas pessoas dispõemde seus bens por meio de um só instrumento (um testamento). São suasespécies (todas nulas de pleno direito):

a) testamento simultâneo – quando os testadores dispõem em benefíciode terceiros.

b) testamento recíproco – quando os instituidores se instituem um aooutro, de modo que o sobrevivente recolhe a herança do outro.

c) testamento correspectivo – quando o benefício outorgado por um dostestadores ao outro, retribui vantagem correspondente.

Observação – A doutrina entende que esta vedação legal não atingequando as disposições testamentárias sejam feitas em atos separados,autônomos e independentes (dois testamentos), ainda que desses atos sedepreenda identidade ou correspondência entre as disposições testamentárias.Exemplo: marido faz um testamento e deixa sua parte disponível a sua esposa;esta, por sua vez, também faz um testamento com a mesma disposição. Nestecaso as disposições são válidas, pois foram feitos dois testamentos.

Proíbem-se, também, os pactos sucessórios, ou seja, estipulaçõesbilaterais, de feição contratual, em favor dos estipulantes ou de terceiros,afastando-se a possibilidade de contratos que tenham por objeto herança depessoa viva (art. 426, CC – pacta corvina).

O testamento é ato personalíssimo (não pode haver testamento pormandato, nem que a procuração tenha poderes especiais). O testamento podeser revogado (veremos este item mais adiante, de forma pormenorizada). Noentanto não pode ser revogado na parte em que há o reconhecimento depaternidade (art. 1.609, III, CC).

O testamento, como todo negócio jurídico, requer para a sua validade oselementos gerais previstos no art. 104, CC: agente capaz, objeto lícito e formaprescrita ou não defesa em lei. Além disso, ainda exige uma série desolenidades, visando garantir a certeza da vontade do testador. Portanto,mesmo que realizado de forma espontânea, se não for respeitada a forma

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imposta pela lei, esta declaração de vontade não terá eficácia para transferir apropriedade do patrimônio do testador, sendo o ato considerado nulo (conformea regra geral do art. 166, incisos IV e V, CC). Lembrem-se que neste caso anulidade pode ser reconhecida de ofício pelo Juiz (art. 168, parágrafo único,CC).

Outra característica do testamento é que ele deve ser gratuito, ou seja,não visa em troca qualquer contraprestação ou vantagem. No entanto, podehaver a imposição de algum encargo (ex: dou-lhe um carro, mas você devepagar o IPVA atrasado). Também é necessária a análise da capacidadetestamentária ativa e passiva, como veremos abaixo.

CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA

1) Capacidade Testamentária Ativa (arts. 1.860 e 1.861, CC)

A capacidade testamentária ativa é a capacidade para fazer otestamento. O Código Civil estabelece como incapazes de testar (art. 1.860,CC): os menores de dezesseis anos, os desprovidos de discernimento (ex: osque não estiverem em perfeito juízo, surdos-mudos, que não puderemmanifestar a sua vontade, etc.) e a Pessoa Jurídica (por analogia). NossoCódigo, de uma forma geral arrola as pessoas que não podem testar. Assim,todos os que não estão incluídos na norma legal são capazes de testar.

A contrário senso, concluímos que podem testar: o cego, o analfabeto, opródigo, o falido, etc.

Importante: os maiores de 16 anos, mas menores de 18 anos, apesar derelativamente incapazes, podem testar, mesmo sem a assistência de seusrepresentantes legais. Isto porque como o testamento é um ato personalíssimo,não pode ficar o testador sujeito à assistência, autorização ou anuência de quemquer que seja.

A capacidade para testar (ativa) deve existir no momento em queo testamento é feito, pois a incapacidade superveniente não invalida otestamento eficaz. Exemplo: pessoa faz seu testamento e posteriormente setorna incapaz – o testamento valeu. Já o contrário não é verdadeiro, ou seja, otestamento do incapaz não pode ser convalidado com a superveniência de suacapacidade. Exemplo: rapaz com 15 anos fez seu testamento e morreu aos 70anos – o testamento continua nulo, pois a nulidade (absoluta) não se convalescecom o tempo. Uma pessoa de 90 anos pode fazer um testamento? Comosabemos, a idade avançada não é prova de alienação mental. Por isso, estandolúcida, tendo discernimento e compreendendo o ato que está realizando não háum limite máximo de idade para testar, não podendo ser impedida de realizar oato.

2) Capacidade Testamentária Passiva

A capacidade testamentária passiva é a capacidade para adquirir portestamento, que deve ser verificada no momento da abertura da

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sucessão. Rege-se pela regra genérica de que são capazes todas as pessoas,físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, maiores ou menores, existentesou já concebidas ao tempo da morte do testador (art. 1.798, CC). A capacidadeé a regra; a incapacidade a exceção.

Pelo art. 1.799, CC, também podem ser chamados a suceder:

1) Os filhos, mesmo que ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelotestador, desde que vivas estas ao abrir a sucessão. Trata-se da proleeventual dessa pessoa. Exemplo: José pode deixar uma herança para os filhosde João, que é casado com Maria. Ocorre que o casal ainda não tem filhos. Nomomento da morte de José duas situações podem ocorrer: a) João e Maria játêm um filho. Nesta hipótese o filho já terá a propriedade dos bens; b) João eMaria ainda não têm filho. Nesta hipótese o prazo para que este herdeiro sejaconcebido é de 02 (dois) anos após a abertura da sucessão (morte do decujus), momento em que os bens reservados passarão aos herdeiros legítimos,salvo disposição em contrário do próprio testador (art. 1.800, §4º, CC).Observem uma sutileza: o prazo é de dois anos para a concepção, mesmo queo nascimento se dê após o prazo estabelecido. Antes do nascimento os bensserão administrados por um curador, que, não havendo outra previsão será apessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro (no nosso exemplo acimaseria João) e, sucessivamente, as pessoas indicadas no art. 1.775, CC. Se o filhoesperado nascer com vida, será deferida a sucessão, tendo direito aos frutos erendimentos do quinhão testamentário a partir da morte do testador (retroage).

Ponto controvertido: Segundo parte da doutrina (ex: Maria HelenaDiniz), deve ser excluída a filiação pela adoção. Isto porque uma pessoa, paranão perder a herança, poderia adotar uma pessoa, não levando emconsideração aspectos sentimentais, mas sim econômicos. Digamos que umapessoa deixou uma grande herança para o eventual filho de um casal.Posteriormente descobre-se que um dos cônjuges é estéril; assim o casal adotauma criança apenas com o intuito de “ficar com a herança”. Se não fosse aherança, eles nunca teriam adotado a criança... No entanto outra correntedoutrinária (ex: Sílvio de Salvo Venosa) entende que mesmo com a adoção seriapossível a transmissão da herança, uma vez que se assim não fosse estaríamosfazendo uma distinção entre filhos adotivos e consanguíneos, sendo que aConstituição Federal proíbe qualquer espécie de distinção (art. 227, §6°), umavez que igualou a posição dos filhos e vedou a discriminação.

2) As Pessoas Jurídicas cuja organização for determinada pelo testadorsob forma de Fundação. Neste caso os bens ficam provisoriamente nas mãosda pessoa encarregada de constituí-la, passando ao domínio desta, com seusacessórios, no momento do registro.

Não podem ser contemplados por testamento as coisas inanimadas,os animais e as entidades místicas. Quem já não ouviu alguma estória de queuma senhora deixou todos os seus bens para seu gatinho? Pois isso é proibidoem nosso direito. O que ela pode fazer é deixar seus bens para uma terceirapessoa, desde que esta trate bem de seu animal de estimação.

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Se o beneficiário do testamento já morreu (pré-morto), a cláusula éconsiderada sem efeito.

São absolutamente incapazes para adquirir por testamento:

• Os indivíduos não concebidos (o nascituro possui capacidade, pois já foiconcebido) até a morte do testador, salvo se a disposição deste sereferir à prole eventual de pessoas por ele designadas e existentes aoabrir-se a sucessão (hipótese que analisamos acima).

• As pessoas jurídicas de direito público externo relativamente a imóveissituados no Brasil

São relativamente incapazes para adquirir por testamento, proibindo quese nomeiem herdeiros ou legatários:

• A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge, seusascendentes, descendentes, e irmãos.

• As testemunhas do testamento – para evitar que estas exerçaminfluência sobre o testador.

• O concubinário (“amante”) do testador casado, salvo se este, sem culpasua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de 05 anos.

• O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão, perante o qual sefizer, assim como o que fizer, ou aprovar o testamento.

Interposta Pessoa

Às vezes, não podendo o testador beneficiar alguém, por incapacidade ouilegitimidade, utiliza terceiros para conseguir o feito. Trata-se do “testa de ferro”ou interposta pessoa. Exemplo: um testador casado tem uma amante hámuitos anos e deseja lhe deixar alguns bens. Isto é proibido. Desta forma eledoa os bens a uma terceira pessoa, sendo que esta, futuramente, entregará osbens àquela pessoa inicialmente impedida. O art. 1.802, CC impõe a nulidadedas disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder,ainda quando simuladas ou feitas mediante interposta pessoa. Ora, se a leiproíbe que se faça diretamente, também não vai permitir que se alcance afinalidade por meio de subterfúgios maliciosos. Lembrem-se que a Simulação(art. 167, CC) o torna nulo o negócio jurídico de pleno direito. O art. 1.802,parágrafo único aponta as pessoas que se presumem interpostas: ascendentes,ascendentes, irmãos, cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.Trata-se de uma presunção absoluta (juris et de jure); dispensa-se a prova dainterposição. Notem que interposição pode ocorrer de pessoa que não esteja norol acima (ex: um amigo comum do herdeiro impedido e do testador). Nestecaso, a nulidade depende de prova cabal do fato.

Restrições

Como já visto anteriormente, não se pode dispor de mais da metade dosbens havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjugesobrevivente), salvo se os mesmo forem deserdados. As disposições que

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excederem à metade disponível será reduzida ao limite dela. Reduzem-setambém as doações feitas em vida, que atingiram a legítima dos herdeirosnecessários (são chamadas doações inoficiosas).

Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer espécie), totalou parcialmente. Portanto não há uma hierarquia entre as modalidades detestamentos (que veremos mais adiante).

DESERDAÇÃO (arts. 1.961 e seguintes, CC)

Deserdação é o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão,mediante testamento (ato formal) com expressa declaração de causa,herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por ter praticado algumaconduta prevista na lei como causa.

Requisitos de Eficácia para a Deserdação:

A deserdação exige a concorrência dos seguintes requisitos:

• Existência de herdeiros necessários.

• Testamento válido (só pode haver deserdação por testamento, sendoproibido por escritura pública, instrumento particular, cartas, termojudicial ou codicilo – veremos este termo mais adiante). Se otestamento for nulo ou se ele se romper não prevalecerá a deserdação.

• Expressa declaração da causa prevista em lei (motivação).

• Propositura de ação ordinária (até quatro anos da abertura dotestamento) e sentença judicial.

Causas de Deserdação

São causas de deserdação todas as causas que autorizam a indignidade(art. 1.814, CC), como já visto acima. Além disso, devem ser acrescentadas aorol as seguintes hipóteses:

a) Deserdação dos descendentes (em qualquer grau) por seusascendentes (art. 1.962, CC): ofensa física, injúria grave; relações ilícitascom a madrasta ou padrasto; desamparo do ascendente, em alienaçãomental ou grave enfermidade.

b) Deserdação dos ascendentes (em qualquer grau) pelos descendentes(art. 1.963, CC): ofensa física; injúria grave; relações ilícitas com a mulherou companheira do filho ou a do neto com o marido ou companheiro da filhaou o da neta; desamparo do filho ou do neto com deficiência mental ou graveenfermidade.

Observações

01) As ofensas físicas precisam ser dolosas (com intenção), mas não énecessária prévia condenação criminal para tanto.

02) Como vimos mais acima, o cônjuge, apesar de ser herdeiro necessário,não pode ser deserdado, pois o Código é omisso quanto a ele. E, tratando-se de

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uma sanção, deve ser interpretada de forma restritiva, não se estendendo ahipóteses não previstas expressamente.

Efeitos da Deserdação

Os efeitos da deserdação são pessoais. Isto é, atingem o herdeiroexcluído, como se ele morto fosse (da mesma forma que a indignidade). Masos seus descendentes herdam por representação, ante o caráter personalíssimoda pena civil.

Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outrosherdeiros promover, no prazo de 04 anos (contados da abertura dotestamento), ação de deserdação para confirmar a vontade do morto (ou seja,a deserdação não é automática). É evidente que o deserdado terá direito dedefesa. Não se provando o motivo da deserdação (o ônus da prova é de quemingressa com a ação – princípio constitucional da presunção de inocência), otestamento produzirá efeitos em tudo o que não prejudicar a legítima doherdeiro necessário.

Mera reconciliação do testador com o deserdado não gera ineficácia dadeserdação. A revogação deve ser realizada por meio de um testamento(trata-se, na verdade, da reabilitação ou perdão, também possível naindignidade – art. 1.818, CC).

Não confundir: Indignidade e Deserdação

1) A exclusão por indignidade decorre da lei e funda-se exclusivamente(hipóteses taxativas) nos casos do art. 1.814, CC. A deserdação repousa navontade exclusiva do autor da herança (ato voluntário), desde que fundadaem motivo legal; abrange todas as causas de indignidade (art. 1.814, CC) eainda mais outras específicas (arts. 1962 e 1.963, CC).

2) A exclusão por indignidade se refere à sucessão legítima, somente se dápor sentença e afasta da sucessão tanto os herdeiros legítimos, quanto ostestamentários, necessários ou não, inclusive o legatário. A deserdação serefere à sucessão testamentária (é necessário um testamento), servindo paraprivar da herança apenas os herdeiros necessários (descendentes,ascendentes e cônjuge), inclusive quanto à parte legítima.

3) As causas de deserdação são anteriores ao testamento; as causas deindignidade podem ser anteriores ou posteriores ao óbito.

Cuidado com outra diferença: Renúncia e Deserdação.

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DE CUJUS

IrmãoRenunciantePEDRO

HERDEIRO RENUNCIANTE

Filho doRenunciante

R$ 50 mil

R$ 100 mil

R$ 50 mil

DE CUJUS

IrmãoIndignoPEDRO

HERDEIRO INDIGNO OU DESERDADO

Filho doIndigno

R$ 50 mil

R$ 100 mil

R$ 50 mil

Observem que quando há renúncia (primeiro quadro), o renunciante é“como se nunca tivesse existido” (para a lei é como se nunca tivesse sidoherdeiro), seus herdeiros (no caso, o filho do renunciante) não têm direito derepresentação, sendo que a quota do renunciante irá acrescer a dos outrosherdeiros da mesma classe (no caso, o seu irmão). Já na hipótese dadeserdação ou indignidade (segundo quadro), o indigno é considerado “comose morto fosse” (ou seja, é considerado pré-morto em relação ao de cujus), porisso os seus filhos herdam por representação (ou estirpe).

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Vejamos agora as modalidades de testamento e as suaspeculiaridades.

ESPÉCIES DE TESTAMENTO

Costuma-se dizer que nosso ordenamento jurídico prevê duas espécies detestamento: Comum e Especial. Adverte o art. 1.887, CC que não se admitemoutras espécies de testamentos especiais além dos contemplados no Código.Primeiro forneceremos apenas um quadro geral e depois vamos analisar cadaespécie de testamento em separado.

1) TESTAMENTO ORDINÁRIO (OU COMUM)

a) Público

b) Cerrado

c) Particular

2) TESTAMENTO ESPECIAL

a) Marítimo

b) Aeronáutico

c) Militar

1) TESTAMENTO PÚBLICO (arts. 1.864 a 1.867, CC)

Testamento Público é o lavrado por tabelião em livro de notas, deacordo com a declaração de vontade do testador, exarada verbalmente emlíngua nacional, perante o oficial. Obedece-se ao Princípio da Oralidade, atéporque a sucessão testamentária (que é mais antiga que a legítima) teve origemno Direito Romano e era realizado oralmente.

Lembrando alguns termos que usaremos muito:

• Tabelião ou notário, titular do serviço notarial, é o agente que exerceem caráter privado e por delegação do Poder Público a função de redigir,fiscalizar e instrumentar atos e negócios jurídicos, conferindo-lhesautenticidade e fé pública. O art. 236, CF/88 menciona os serviçosnotariais e de registro, sendo que este artigo foi regulamentado pela Lein° 8.935/94 (conhecida como Lei dos Notários e Registradores).

• Lavrar significa ordenar ou exarar por escrito, escrever.

O testamento público é a forma mais segura de se testar. Segundo parteda doutrina tem o inconveniente de permitir que qualquer pessoa conheça o seuteor (por ser público), mesmo antes de sua morte. Bastaria pedir uma certidãodo ato. No entanto, na prática não é bem assim. Nossas leis nada tratam sobreo tema; não há uma previsão explícita. Entendo (acompanhando a outra parteda doutrina) que o testamento é chamado de “público”, porque é confeccionadoperante um tabelião, em um livro de notas. Mas isso não quer dizer que otestamento deva ficar ao alcance do todos. Pessoalmente entendo que enquanto

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o testador viver não pode um terceiro ter acesso ao mesmo (exceto se assim odesejar o próprio testador). E isso por pelo menos por três motivos: primeiroporque no testamento podem aparecer disposições não-patrimoniais, comoreconhecimento de um filho, confissão de um fato obscuro, esclarecimento deuma situação constrangedora, etc., segundo porque a divisão patrimonial comtestamento geralmente não agrada os herdeiros legítimos e a sua não-divulgação pode evitar divergências familiares, e terceiro porque um testamentopode ser revogado pelo testador a qualquer tempo, portanto pode criarexpectativas e divergências inúteis. É pouco provável que alguém vá a umTabelionato e consiga a cópia de um testamento de uma pessoa viva, somentecom o argumento de que ele é “público”. Geralmente o tabelião é orientado(corretamente, digo eu) a fornecê-la somente ao próprio testador quando vivo,ou depois de sua morte, desde que fornecida a certidão de óbito do testador.

Podem testar de forma pública: os analfabetos, os surdos (desde quenão sejam mudos). Só não podem assim testar os mudos e os surdos-mudos,pois este testamento deve ser exarado verbalmente (princípio da oralidade).

Requisitos:

• Exarado verbalmente, de acordo com a vontade do testador.Admite-se a entrega de minuta (um rascunho) previamenteelaborada, mas mesmo assim exige-se que a declaração seja verbal.Por isso os mudos e os surdos-mudos não podem testar assim.

• Escrito por oficial público (atualmente é chamado de tabelião), emseu livro de notas (embora a lei não exija expressamente, entende-seque deve ser em língua nacional, por se tratar de um ato notarial). Oautor do testamento é o testador; o tabelião apenas formaliza o quequer e diz o outorgante.

• Presenciado por 02 (duas) testemunhas idôneas, que assistiram atodo o ato.

• Novamente lido (em voz alta e de forma inteligível).

• Ser assinado por todos (testador, testemunhas e tabelião).

• Menção de observância de todas as formalidades.

Com a abertura da sucessão, o traslado é apresentado em juízo. Depois delido e não tendo vícios o Juiz ordena o registro e cumprimento.

Observações:

01) Se o testador não souber (analfabeto) ou não puder assinar (quebroua mão, sofre de “Parkinson”, etc.), o tabelião declara o fato e uma dastestemunhas assina pelo testador a seu rogo (art. 1.865, CC). Não sabendo lero tabelião designa alguém para ler na presença de duas testemunhas.

02) Se o testador for surdo poderá testar, desde que não seja mudo (art. 1.866, CC).

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03) O cego só pode testar por testamento público. Seu testamento é lidoduas vezes: uma pelo tabelião e outra por uma das testemunhas por eledesignadas (art. 1.867, CC).

2) TESTAMENTO CERRADO (arts. 1.868 a 1.875, CC)

Testamento Cerrado é o escrito em caráter sigiloso, feito e assinadopelo testador ou por alguém a seu rogo, completado por instrumento deaprovação lavrado por oficial público na presença de 02 (duas) testemunhasidôneas. Também é chamado de testamento secreto ou místico.

O analfabeto e o cego não podem testar desta forma. O surdo-mudo sópoderá fazer esse testamento se souber ler e escrever. Ao entregá-lo ao oficialdeve escrever na face externa “que é seu testamento cuja aprovação lhe pede”.

Contém quatro elementos:

a) Cédula (ou Carta) Testamentária – escrita pelo testador (oualguém a seu rogo, desde que não seja beneficiário), em carátersigiloso. As disposições testamentárias estão nesta cédula.

b) Auto de entrega – o testador (não se admite portadores) entregaa cédula ao tabelião na presença das testemunhas, que não precisamsaber do teor do testamento.

c) Auto de aprovação – lavrado pelo tabelião para assegurar aautenticidade do ato; todos (tabelião, testador, testemunhas) assinamo instrumento.

d) Cerramento – o tabelião lacra o envelope com cera derretida,costura a cédula com cinco pontos de retrós e lança pingos de lacresobre cada um. Após isso o tabelião entrega ao testador, lançando emseu livro nota do lugar, ano, mês e dia em que o testamento foiaprovado e entregue. Este é o único registro oficial da existência dotestamento cerrado, não trazendo, contudo, o seu teor.

Requisitos:

• Escrito (em língua nacional ou estrangeira, por não ser um atonotarial – art. 1.871, CC) e assinado pelo testador; pode ser escritomecanicamente, desde que todas as páginas sejam numeradas eautenticadas com sua assinatura (art. 1.868, parágrafo único, CC).

• Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas; estasapenas presenciam a entrega do testamento ao tabelião (por issosão chamadas de instrumentais).

• Oficial pergunta se este é o testamento e exara o auto deaprovação, tendo-o por bom, firme e valioso.

• Leitura do auto de aprovação (e não do testamento).

• É cerrado (fechado e lacrado) e costurado (devem-se fazer ospontos ou “nós de retrós”). É praxe notarial (e não uma exigência

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legal) o tabelião colocar pingos de cera sobre os nós da linha queutilizaram para coser o testamento.

• Depois de aprovado e cerrado, o tabelião entrega o testamento aotestador; este deve guardá-lo ou de preferência entregá-lo apessoa de confiança.

Morto o testador, deve o testamento cerrado ser apresentado ao Juiz paraas formalidades da abertura. O Juiz verifica se o documento se encontra intacto(lacre inviolável, bem como qualquer outro vício), para depois abri-lo edeterminar que o escrivão proceda a leitura na presença de quem o entregou.Ouve-se o representante do Ministério Público e depois o Juiz manda registrar,inscrever (arquivar) e cumprir (arts. 1.125 e 1.126, CPC). Se o testamentoapresentar sinais de ter sido violado, o Juiz pode determinar uma perícia.

Observações:

1) Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não saibam ler(analfabetos e cegos).

2) As testemunhas, ao contrário do testamento público, não sabem quaissão as disposições testamentárias.

3) Vantagem → por ser cerrado ninguém conhece a vontade do testadorantes de sua morte.

4) Desvantagens → possui muitas formalidades, pode ser ocultado;qualquer vício o invalida (ex: se o lacre estiver rompido) e a sucessãoserá feita pela forma legítima (e não mais testamentária).

3) TESTAMENTO PARTICULAR (arts. 1.876 a 1.880, CC)

O Testamento Particular, também chamado de aberto, hológrafo (dogrego: holos – inteiro; graphiens – escrito) ou privado, é o escrito pelotestador, no local onde estiver e lido em voz alta perante três testemunhasidôneas, que também assinam. É a forma menos segura de se testar, porque,não tendo registro em cartório, depende de confirmação do seu teor em juízopelas testemunhas. Além disso, é mais suscetível de extravio, substituição,alteração ou destruição. Se este testamento se extraviar, mesmo que astestemunhas afirmem que ele existia e atestem o seu conteúdo, ele não poderáser cumprido.

Por outro lado possui a vantagem de não necessitar da presença dotabelião e ser gratuito. É permitido aos que sabem ler e escrever. Não pode serutilizado pelo cego, analfabeto e os incapacitados de escrever. Obs. Algunsautores preferem usar a expressão “ológrafo” (sem o “H”), devido à grafia emfrancês, olographe, uma vez que, com as características que possui atualmente,teve origem no direito francês, introduzido pelo Código Napoleônico de 1804,sendo que ainda é a forma mais usada na França.

Requisitos:

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• Escrito de próprio punho pelo próprio testador (sob pena denulidade) ou mediante processo mecânico (art. 1.876, CC) – nestecaso não pode conter rasuras ou espaços em branco. Assinado pelotestador. Dispensa-se a presença do tabelião. Pode ser feito emlíngua estrangeira, desde que as testemunhas o compreendam.

• 03 (três) testemunhas.

• Leitura do testamento pelo próprio testador. Após, assinado pelastestemunhas. O testador o guarda onde quiser.

• Publicação, em juízo, após a morte do testador (confirmaçãojudicial).

• Homologação do testamento pelo Juiz.

• Sobrevivência de pelo menos uma das testemunhas. Se astestemunhas forem afirmativas (contestes) sobre o fato ou pelomenos da leitura perante elas e reconheçam suas assinaturas otestamento será confirmado. Se nenhuma das testemunhascomparecerem (já faleceram ou estão em lugar ignorado), otestamento não poderá ser cumprido. Porém, em casos excepcionaiso testamento sem testemunhas poderá ser confirmado pelo Juiz,desde que se convença da sua veracidade (alguns doutrinadoreschamam isso de testamento particular excepcional).

Morto o testador, será publicado em juízo, com citação dos herdeiroslegítimos. Os apresentadores do testamento devem requerer a notificação daspessoas a quem caberia a sucessão legítima, para assistirem a inquirição dastestemunhas que assinaram o testamento. Pelo menos uma das testemunhasdeve reconhecer sua autenticidade e afirmar que o testador estava em perfeitojuízo no momento em que testou. Após isso e ouvido o Ministério Público o Juizconfirmará o testamento.

Sempre que uma pessoa deseja fazer um testamento particular, orientoque o faça na presença de mais testemunhas do que o previsto pela lei. O art. 1.876, §1o, CC menciona “pelo menos três testemunhas”, portanto não proíbeum número maior. Cautela e caldo de galinha... não fazem mal a ninguém...

Curiosidade – Como Juiz, tive um caso muito interessante (aindavigorava o Código anterior). Uma pessoa ingressou com uma ação de inventário,pois seu companheiro de muitos anos havia falecido. Este, antes de morrer,elaborou um testamento particular, deixando alguns bens para a suaconvivente. Os filhos do de cujus (de seu casamento anterior) desejavam osbens todos para eles (herdeiros necessários), excluindo-se, portanto, acompanheira da sucessão e impugnaram o testamento, alegando um vício deformalidade (o testamento não teria sido lido em voz alta pelo testador).Entendi que o testamento, apesar do defeito era válido e determinei o seucumprimento. Os herdeiros recorreram, sendo que o Tribunal de Justiça, oSuperior Tribunal de Justiça (STJ) e até mesmo o Supremo Tribunal Federal(STF) mantiveram a decisão. O que foi importante neste caso é que a vontade

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do testador foi clara no sentido de dispor de uma pequena parte de seupatrimônio a quem lhe deu carinho e estabilidade emocional durante muitosanos e até os seus últimos momentos de vida, atenuando-se assim, o rigor deuma forma legal que no caso prático seria injusto à companheira fiel de tantosanos.

4) TESTAMENTOS ESPECIAIS (arts. 1.886/1.896, CC)

São os que possuem caráter provisório, feitos em situações deemergência. O atual Código prevê como formas especiais de testamento omarítimo, o aeronáutico e o militar. Trata-se de um rol taxativo; não se admiteoutras formas além dessas.

A) Testamento Marítimo e Aeronáutico

O testamento marítimo consiste na declaração feita a bordo de navionacional, de guerra ou mercante, em viagem de alto mar por pessoa que receiamorrer na viagem sem testamento (art. 1.888, CC). Deve ser lavrado pelocomandante ou escrivão de bordo perante duas testemunhas idôneas. Nãovalerá este testamento se ao tempo da feitura o navio estava em um porto ondeo testador pudesse desembarcar e testar de forma ordinária.

O testamento aeronáutico consiste na declaração de vontade feita abordo de aeronave de guerra ou comercial (art. 1.889, CC).

Ambos podem ser realizados pela forma que corresponda ao testamentopúblico (lavrado pelo comandante ou por pessoa por ele designada, peranteduas testemunhas) ou cerrado (o testador escreve o testamento e o apresentaao comandante ou pessoa por ele designada, na presença de duas testemunhas,dizendo que aquele é seu testamento; o comandante certifica o fato, data eassina com o testador e as testemunhas).

Observação: Se o testador não morrer na viagem ou nos 90 diassubsequentes após o desembarque, o testamento perde a validade. Trata-se dacaducidade.

B) Testamento Militar

Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militarese demais pessoas a serviço do exército em campanha, dentro ou fora do país.Deve ser escrito por autoridade militar, na presença de duas testemunhas.Admite a modalidade pública e cerrada. Admite, também, a forma nuncupativa,isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode ser feito até de viva voz (ouseja, verbal) na presença de duas testemunhas.

Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou nos 90 diassubsequentes em lugar onde possa testar na forma ordinária, o testamentocaducará.

Registro, Arquivamento e Cumprimento

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Após a morte do testador, o testamento deve ser apresentado ao Juiz(confirmação judicial) que o mandará registrar, arquivar e cumprir, se nãohouver vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade. Depois deefetuado o registro, o mérito das disposições testamentárias será examinado noinventário ou em ação ordinária própria.

Hierarquia

Pelo art. 1.858, CC o testador, a qualquer tempo, pode alterar ou revogaro testamento. E o art. 1.969, CC prevê que o testamento pode ser revogadopelo mesmo modo e forma como pode ser feito. Assim, só por testamento sepode revogar expressamente um testamento anterior. No entanto não háhierarquia entre as formas testamentárias. Todas elas têm o mesmo valor eimportância.

CODICILO (arts. 1.881/1.885, CC)

É interessante citar a origem do termo codicilo. Deriva do latim codicilus –que é o diminutivo de codex ou caudex. Estes termos significavam tronco deárvore ou tábuas, pois em Roma antiga as leis eram escritas em tábuas(lembrem-se da Lei das XII Tábuas). Depois significaram códigos ou registrosescritos. Logo, codicilo significa um pequeno código ou um pequeno registro.

Codicilo é um ato simplificado de última vontade pelo qual o disponentetraça diretrizes sobre assuntos de caráter não-patrimonial ou patrimonial, masde pequeno valor, tais como despesas e disposições sobre enterro, dádivas depequeno valor, móveis, roupas, etc. Pode também nomear ou substituir otestamenteiro, perdoar herdeiro indigno, etc. No entanto não é meio idôneopara instituir herdeiros ou legatários, efetuar deserdações, fazer disposições deimóveis, ou reconhecer filho havido fora do casamento.

O codicilo pode ser revogado por outro codicilo ou testamento posteriorque traga disposições que modifiquem as previstas. Porém o codicilo não poderevogar o testamento; apenas o completa em pequenos pontos. Não seexigem maiores formalidades; basta que o instrumento seja escrito, datado eassinado pelo testador. Também é chamado de “pequeno testamento”.

Cláusulas Testamentárias

São as atribuições de bens feitas através de testamento. Podem ser pura esimples ou submetidas a uma condição (evento futuro e incerto), um termo(evento futuro e certo) ou um encargo (impõe um ônus ao beneficiário. Nestashipóteses, aplicam-se as regras gerais sobre este, dispostas nos arts. 121 a137, CC). Uma cláusula nula não compromete todo o testamento. Não sãoadmitidas cláusulas em um testamento que impeçam o testador de revogá-lasposteriormente (a exceção é quanto ao reconhecimento de filhos). O prazodecadencial para a declaração de nulidade ou anulabilidade de uma cláusulatestamentária é de 04 (quatro) anos.

Cláusula de Inalienabilidade (art. 1.848 e 1.911, CC)

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A Cláusula de Inalienabilidade consiste em um meio de vincular, deforma absoluta ou relativa, vitalícia (enquanto viver o beneficiário) outemporariamente, os bens deixados pelo testador aos herdeiros, que deles nãopoderão dispor. Exemplo: O testador deixa alguns bens imóveis a seu filho, massabendo que o mesmo tem algum desvio de personalidade, sendo perdulário aoexcesso, vincula estes bens com a cláusula. Desta forma seu filho não poderávender e muito menos doar estes imóveis. Ele somente poderá usá-los ou retirardeles os seus frutos (alugar). Essa cláusula envolve a impenhorabilidade (o bemnão pode ser penhorado por dívidas) e a incomunicabilidade (se a pessoa secasar o bem não se comunica ao cônjuge, mesmo que se case pelo regime dacomunhão universal de bens), salvo disposição em contrário (art. 1.911, CC).No entanto a cláusula não atinge os frutos e rendimentos (ex: aluguéis).

O art. 1.848, CC determina que salvo se houver justa causa, declarada notestamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade,impenhorabilidade e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.

A cláusula extingue-se com o óbito do beneficiário (dura uma geração), anão ser que este vincule, também, o seu herdeiro. Mesmo que o bem sejagravado com esta cláusula ele poderá ser alienado mediante autorização judicial(no caso de desapropriação ou por conveniência econômica), sendo que oproduto da venda será convertido em outros bens, sobre os quais incidirão asmesmas restrições impostas aos primeiros.

Certa vez acompanhei um caso muito interessante em que se abriu umaexceção à clausula de inalienabilidade. Uma pessoa era proprietário de váriosimóveis, todos eles gravados com a cláusula de inalienabilidade, instituída porseu pai em testamento público. Posteriormente ele teve um filho (neto doinstituidor) com uma doença muito rara, sendo que necessitava de umaoperação e tratamento nos Estados Unidos. Legalmente ele não poderia vendero imóvel por causa da cláusula, mas obviamente houve a autorização judicialpara a venda de um dos imóveis para o tratamento. Trata-se de uma hipótesede estado de necessidade. Posteriormente o pai prestou contas de todo odinheiro gasto com o filho e o caso foi arquivado.

Convém salientar que embora o bem seja impenhorável, já há decisõesjudiciais no sentido de que a cláusula não impede a penhora do bem por débitosoriundos de tributos que incidem sobre o próprio imóvel (aplica-se, por analogia,as regras referentes ao bem de família).

Testemunhas Testamentárias

As testemunhas testamentárias são chamadas de instrumentárias, poissubscrevem o ato para o qual foram convocadas, tendo um dever de fiscalizaçãodas solenidades do ato testamentário. Elas asseguram a veracidade do ato quese quer provar, subscrevendo (assinando) o documento (no caso o testamento).O atual Código Civil não trouxe regras específicas sobre as testemunhastestamentárias. Por isso aplicam-se as disposições gerais do art. 228, CC.Qualquer pessoa pode ser testemunha, excluindo-se aquelas que a leideterminar de modo expresso. Na apreciação de eventual incapacidade da

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testemunha, leva-se em conta o momento da realização do ato; se a causa deincapacidade for superveniente (ex: a testemunha ficou enferma mentalmenteapós o ato), este não perderá sua validade.

São absolutamente incapazes de testemunhar: menores de 16 anos,enfermos mentais, surdo, cego e analfabeto (até porque as testemunhas devemler e assinar o testamento). Efeito → nulidade de pleno direito do testamentoem si.

São relativamente incapazes de testemunhar: herdeiros (art. 1.801,II, CC) e legatários instituídos, bem como os seus ascendentes, descendentesirmãos e cônjuge. Efeito → a doutrina entende que não há uma nulidade textualnestes casos, pois o legislador não assume expressamente estas nulidades. Nodizer de Sílvio Venosa: “não há que se entender irremediavelmente nulo umtestamento simplesmente porque, por exemplo, um parente do legatárioparticipou do testamento como testemunha, sem qualquer outra atividade noato ou na vontade do testador” e conclui afirmando que “tudo deve ser feito nosentido de que se evite a captação de vontade do testador ou suspeita de queocorra”. Assim, o ato é válido, porém são nulas as disposições feitas em favordo incapaz.

O cego e o surdo podem ser testemunhas testamentárias? Embora nãohaja uma previsão expressa a respeito, costuma-se dizer que não podem(nulidade absoluta), pois devido à grande complexidade do ato e de suassolenidades, requer-se, concomitantemente, o uso da visão e da audição parase certificar de que todas as solenidades legais foram realmente cumpridas noato (art. 228, III, CC).

Não há proibição para ser testemunha (segundo a jurisprudência):funcionários do cartório onde se lavrou o testamento, testamenteiro, tutores,estrangeiros, amigos íntimos do testador, pessoas obrigadas a guardar segredoprofissional (médicos e advogados), representantes ou diretores de pessoasjurídicas eventualmente contempladas, etc.

INEXECUÇÃO DO TESTAMENTO

Sendo o testamento um negócio jurídico, para que possa produzir efeitosjurídicos, deverá satisfazer as condições genéricas (capacidade do testador,objeto lícito e possível, forma solene e consentimento válido), sob pena denulidade e anulabilidade. Além disso, ainda existem outras causas que tambémimpedem o testamento de produzir seus efeitos jurídicos:

• Revogação

• Rompimento

• Caducidade

• Nulidade Absoluta ou Relativa

1. Revogação

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Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna ineficazo testamento anterior, manifestando vontade contrária à que nele se encontraexpressa. Segundo o art. 1.969, CC, o testamento pode ser revogado pelomesmo modo e forma como pode ser feito. Assim, um testamento só pode serrevogado por outro, mesmo que de modalidade diversa, não havendo umahierarquia entre eles (um testamento público pode revogar um cerrado; umtestamento particular pode revogar um cerrado, etc.). O importante é que onovo testamento seja válido. No entanto é irrevogável o testamento naparte em que o testador reconhece filho havido fora do casamento (art. 1.609, III e 1.610, ambos do CC).

O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido revogadoposteriormente (não há repristinação no testamento, exceto se houver previsãoexpressa neste sentido).

Um codicilo (disposição de última vontade para bens de pequeno valor)não pode revogar um testamento, mas este pode revogar o codicilo.

A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em (art. 1.970,CC):

a) total → o testamento superveniente retira a eficácia de todas asdisposições testamentárias anteriores.

b) parcial → o novo testamento retira a eficácia de algumas dasdisposições anteriores, subsistindo as demais. No termos do parágrafoúnico do art. 1.970, CC, se a revogação for parcial, ou se o testamentoposterior não contiver cláusula revogatória expressa, o anterior subsisteem tudo que não for contrário ao posterior.

Já quanto à forma utilizada, a revogação pode ser classificada em:

a) expressa (ou direta) → há uma declaração inequívoca, explícita dotestador; o novo testamento revoga o anterior (podendo ser de formatotal ou parcial).

b) tácita (ou indireta) → quando o testador não declara que revoga oanterior, mas há incompatibilidade entre as disposições deste e as do novotestamento ou em caso de dilaceração ou abertura do testamentocerrado, pelo testador, ou por outrem, com o seu consentimento, ouquando o testado alienar voluntariamente a coisa legada.

2. Rompimento

Rompimento é a inutilização do testamento por perda de validade emrazão da ocorrência de certos fatos previstos em lei. Exemplo: quando houver asuperveniência de descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não oconhecia quando testou ou quando o testamento foi feito na ignorância deexistirem outros herdeiros necessários. Outro exemplo é da hipótese dereconhecimento de filho, voluntária ou judicialmente. O testador não teria

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disposto de seus bens em testamento se soubesse da existência de algumherdeiro necessário. Vejam o que diz o art. 1.973, CC. O rompimento também échamado de revogação presumida (o testamento é chamado de rupto).

Revogação X Rompimento

Estes institutos não devem ser confundidos. Enquanto a revogaçãopressupõe a mudança da vontade do testador (pois não deseja mais queprevaleçam as disposições testamentárias anteriores), o rompimento independeda vontade do testador; é a lei que determina.

3. Caducidade

Não há uma unanimidade quanto a este termo. Alguns autores, de formageral, conceituam caducar como sendo “decair, perder a força, a eficácia,enfraquecer”. Porém outros, de forma mais específica, definem a caducidadequando as disposições testamentárias não prevalecem, embora válidas, pelaocorrência de algum obstáculo superveniente. Exemplos: herdeiro morreuantes do testador; herdeiro renuncia ou foi excluído; perecimento da coisalegada, etc. Também é causa de caducidade o testamento marítimo e o militar,três meses após o momento em que o testador podia testar de forma ordináriae não o fez.

4. Nulidade e Anulabilidade

Em alguns casos, os atos praticados pelas partes podem não produzir osefeitos desejados, posto que realizados em desacordo com o ordenamentojurídico. No entanto o grau de invalidade dos negócios em geral depende danatureza da norma ofendida. A invalidade é o gênero do qual a nulidade e aanulabilidade são as espécies. De uma forma geral o art. 166, CC trata danulidade e o art. 171, CC da anulabilidade dos negócios jurídicos. O testamento,por ser um negócio jurídico, também pode ser invalidado se contiver um defeitograve ou leve. Vejamos:

a) Hipóteses de Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade ouilicitude do objeto; inobservância das formas legais e nulidade dasdisposições. Requerimento de qualquer interessado, do Ministério Público oude ofício pelo Juiz.

b) Hipóteses de Anulabilidade: erro substancial na designação da pessoado herdeiro, legatário ou da coisa legada; dolo; coação ou fraude.Requerimento apenas do interessado, respeitando o prazo decadencial dequatro anos.

O defeito pode atingir o testamento em sua totalidade (neste caso abre-sea sucessão legítima) ou em parte (prevalece a parte válida do testamento,abrindo-se sucessão legítima, apenas em relação ao que foi anulado).

Importante

1) Sabemos que um ato nulo é insuscetível de ratificação e não seaperfeiçoa com o tempo (art. 169, CC). No entanto o art. 1.859, CC estabelece

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que em 05 (cinco) anos extingue-se o direito de impugnar a validade dotestamento, contado do prazo da data de seu registro. Trata-se de um prazodecadencial, que é uma exceção à teoria geral, pois mesmo sendo nulo o atopode se convalidar pelo decurso de tempo.

2) Se o vício for referente a erro, dolo e coação o prazo decadencial paraanular as disposições testamentárias é de 04 (quatro) anos, contados de quandoo interessado teve conhecimento do vício.

Captação de Vontade

Segundo Clóvis Bevilácqua é o emprego de artifícios para conquistar abenevolência de alguém, no intuito de obter liberalidades de sua parte, em favordo captante ou de terceiros. Segundo a doutrina não se trata de um vício deconsentimento (erro, dolo ou coação). Se alguém fazer-se estimar pelo testador,despertando nele um sentimento de simpatia, de modo que venha a sercontemplado em seu testamento, esse ato é considerado válido, pois não foramusados recursos considerados ilícitos. Mesmo a conduta sendo consideradamoralmente incorreta, no campo do direito não é ilícita. É necessário que estaafeição exagerada ou simulada venha acompanhada de outras medidasfraudulentas para que o ato seja passível de anulação.

TESTAMENTEIRO (arts. 1.976 a 1.990, CC)

Testamentaria é o conjunto de funções que são atribuídas pela lei e pelotestador. Já Testamenteiro (ou executor testamentário) é a pessoaencarregada de dar cumprimento às disposições de última vontade do autor daherança (de cujus). Geralmente o próprio testador nomeia o testamenteiro (nopróprio testamento ou em codicilo). Qualquer pessoa física ou natural (não podeser pessoa jurídica), desde que capaz e idônea pode ser nomeadatestamenteira. No caso de omissão, o Juiz pode nomear uma pessoa da suaconfiança (dativo). O testador poderá nomear um ou vários testamentários quepodem ser sucessivos, conjuntos ou solidários.

O testamenteiro pode recusar a testamentaria sem alegar qualquermotivo, pois no caso o interesse que prevalece é o particular (lembrem-se que atutela não pode ser recusada sem motivo, posto que há um interesse público).Se o testamenteiro não for herdeiro ou legatário, recebe uma remuneraçãochamada de vintena. Esta varia de 1% a 5% (sobre a herança testamentárialíquida) de acordo com importância da herança e dificuldade na execução dotestamento, arbitrado pelo Juiz.

O testamenteiro deve ser citado para o inventário e ouvido em todos osatos e termos do processo.

LEGADO (arts. 1.912 a 1.940, CC)

Legado é a disposição testamentária a título singular, pela qual otestador deixa a pessoa estranha ou não à sucessão legítima, um ou maisobjetos individualizados ou uma certa quantia em dinheiro. O legado é típico

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da sucessão testamentária; só existe se houver um testamento. Recai sobreuma coisa certa e determinada. Exemplos: embora tenha filhos, deixo a meusobrinho o meu anel de grau, pois o mesmo se formou em direito; deixo a umamigo estudioso a minha biblioteca; deixo a minha cunhada o meu piano, etc.

O legado, quanto ao objeto, pode incidir em: coisas corpóreas ouincorpóreas, crédito ou de quitação de dívidas, alimentos, usufruto, imóvel,dinheiro, renda ou pensão periódica.

Diferentemente da sucessão de uma forma geral, não se defere deimediato a posse da coisa legada, nem pode o legatário entrar na posse porautoridade própria (art. 1.923, §1°, CC). Não há o direito de saisine. Cabe aolegatário solicitar e aos herdeiros o cumprimento da disposição testamentária.Em regra, enquanto o Juiz não julgar a partilha, o legatário não se investe naposse. Mas é possível que o próprio herdeiro lhe entregue a coisa antes dapartilha. Ressalte-se que com a abertura da sucessão (morte do de cujus) acoisa certa existente no acervo pertence ao legatário, cabendo a ele os frutosque a coisa produzir depois da morte do testador, salvo se o legado depender decondição suspensiva ou termo inicial. Cabe ao legatário arcar com as despesas eriscos da entrega da coisa legada, inclusive com os impostos de transmissãocausa mortis.

O legatário não é obrigado a aceitar o legado, podendo renunciar tácita ouexpressamente. Os legados também podem caducar (art. 1.939, CC).Exemplos: anulação do testamento; alienação, modificação ou perecimento dacoisa; falecimento do legatário antes do testador; revogação; indignidade dolegatário, etc.

DIREITO DE ACRESCER (arts. 1.941 a 1.946, CC)

Quando vários herdeiros ou legatários, pela mesma disposiçãotestamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhõesdeterminados, e qualquer deles não puder (ex: pré-morte, indignidade,renúncia, etc.) ou não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos outroscoerdeiros ou colegatários (salvo direito do substituto, que será visto a seguir).Exemplo: A deixa, por testamento, seus bens a B, C e D. Se um deles falecerantes de A, sua parte retornará ao monte, acrescendo ao quinhão dos outrosdois. Mesmo que D tenha filhos estes não receberão os bens por representação.

Observação – Não haverá direito de acrescer se a cédula testamentáriafor declarada nula ou anulada, caso em que subsistirá a sucessão legítima (art. 1.788, CC). Também não haverá o direito de acrescer se o testador, já prevendoalgum problema, nomear um substituto (veremos isso logo adiante).

Requisitos

• Nomeação de coerdeiro ou colegatário, na mesma disposiçãotestamentária.

• Deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens.

• Ausência de quotas hereditárias.

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SUBSTITUIÇÕES (arts. 1.947 a 1.960, CC)

Substituição hereditária (do latim sub instituto – instituição em segundoplano) é a disposição testamentária na qual o testador chama uma pessoa parareceber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após oherdeiro ou o legatário nomeado em primeiro lugar. O testador, prevendo ahipótese de um herdeiro ou legatário não aceitar ou não poder aceitar aherança, nomeia-lhe substitutos.

Pode ocorrer nas hipóteses de premoriência (o herdeiro morreu primeiro),exclusão por indignidade, renúncia, não implemento de condição imposta pelotestador, etc.

Espécies:

1) Vulgar ou Ordinária

a) Simples (ou singular)

b) Coletiva (ou plural)

c) Recíproca

2) Fideicomissária

3) Compendiosa

1. Substituição Vulgar ou Ordinária (1.947 a 1.951 CC)

Ocorre a substituição vulgar quando o testador designa uma ou maispessoas para ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não quiser ou nãopuder aceitar o benefício. Esta espécie de substituição somente ocorre se aindicação inicial não se confirmar. A substituição fica condicionada a um eventofuturo e incerto. Estabelece-se, então, a vocação direta (é uma substituiçãodireta), pois o substituto herda diretamente do de cujus, e não do substituído.

A substituição vulgar pode ser subdividida em (art. 1.948, CC):

• Simples – quando é designado um só substituto ao herdeiro oulegatário. Exemplo: deixo meus bens para “A”. Se ele não quiser (ounão puder aceitar) os bens irão para “B”.

• Coletiva (ou plural) – quando há mais de um substituto. Exemplo:deixo meus bens para “A”. Se ele não quiser (ou não puder aceitar)estes bens irão para “B”, “C” e “D”.

• Recíproca – quando o testador, ao instituir uma pluralidade deherdeiros ou legatários, os declara substitutos uns dos outros, parao caso de qualquer deles não querer ou não puder aceitar aliberalidade. Admite-se também a nomeação de uma pessoainicialmente estranha. Exemplo: deixo meus bens para “A”, “B” ou“C”. Se qualquer deles não quiser (ou não puder aceitar) a quotadele irá para os demais herdeiros (ou também para uma outrapessoa, “D”).

Observação

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No caso da Substituição Recíproca é necessário outro esclarecimento.Duas situações podem ocorrer:

a) Se não for incluída mais nenhuma outra pessoa, entende-se que aproporção atribuída na primeira disposição dos quinhões deve ser mantida casohaja substituição. Exemplo: Foram nomeados herdeiros: “A” com 2/10 daherança; “B” com 3/10 e “C” com 5/10, sendo substitutos entre si. Se “A” nãoaceitar a herança, seu quinhão (2/10) será dividido em oito partes: três delasirão para “B” e outros cinco para “C” (mantém-se a mesma proporção anterior).

b) Se for incluída outra pessoa com as anteriormente nomeadas, o quinhãovago pertencerá em partes iguais aos substitutos. Aproveitando o exemploanterior, digamos que foi inserido como substituto também “D”. Neste caso oquinhão de “A” (2/10) será dividido em três partes iguais a ser distribuído a “B”,“C” e “D”.

2. Substituição Fideicomissária (art. 1.951 a 1.960, CC)

O Fideicomisso teve sua origem no Direito Romano, baseado na“fidúcia”, que é a confiança. Anteriormente não tinha força coercitiva; contava-se com a confiança da pessoa que recebeu a herança para transmiti-la aterceiro. Atualmente é uma forma de substituição indireta. Consiste asubstituição fideicomissária na instituição de herdeiro ou legatário com aobrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob condição preestabelecida,transmitir a herança ou o legado a outra pessoa. O atual Código só permite queesta “outra pessoa” seja quem ainda não foi sequer concebido quando da mortedo testador. Estabelece-se, assim, uma vocação dupla: direta (para o herdeiroou legatário instituído, que desfrutará do benefício por certo tempo estipuladopelo de cujus) e indireta (ou oblíqua para o substituto). Portanto, há doisbeneficiários.

Melhor esclarecendo. No fideicomisso participam três pessoas.Observem o nome das pessoas envolvidas neste instituto:

a) Fideicomitente – é o testador; é quem grava o bem; é a pessoa queinstitui o fideicomisso.

b) Fiduciário (ou gravado) – é a pessoa que é chamada a suceder emprimeiro lugar; é o titular da propriedade resolúvel (que é a que pode serextinta) e pode praticar todos os atos inerentes ao domínio. Com oacontecimento da condição (nascimento do filho) deverá passar os benspara o fideicomissário

c) Fideicomissário – é o segundo destinatário e beneficiário final daherança ou legado. Segundo o atual Código, o fideicomissário deve serpessoa não concebida ao tempo da abertura da sucessão. Caso ofideicomissário já tenha nascido, não haverá fideicomisso, mas usufruto.O fideicomissário já será o proprietário dos bens fideicomitidos e ofiduciário passará à condição de usufrutuário, pelo tempo de duração quefora previsto originalmente. Se o fideicomissário não nascer apropriedade plena se consolida nas mãos do fiduciário.

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Exemplo: “A” deixou sua fazenda para “B” (que é seu caseiro há muitos anos),mas com a morte de “B” estes bens passarão a ser dos eventuais filhos de “C”(que é irmão de “A”). Notem que neste caso “C” não é herdeiro necessário do decujus (pois é seu irmão – colateral). E seus filhos são seus sobrinhos. Outroexemplo: “A” deixou sua fazenda para seu irmão “B”. No entanto, com oeventual nascimento do filho de “B”, a propriedade será para ele transmitida.

O fideicomisso só pode ser instituído sobre a metade disponível dosbens do testador, não podendo comprometer a legítima. Possui trêsmodalidades:

• Vitalício – a substituição ocorre com a morte do fiduciário.

• A termo – a substituição ocorre no momento fixado pelo testador;este marca um momento para a extinção do fideicomisso.

• Condicional – quando depende do cumprimento de uma condiçãoresolutiva.

3. Substituição Compendiosa

A substituição compendiosa constitui um misto de substituição vulgar esubstituição fideicomissária. Ou seja, havendo o fideicomisso o testador forneceum substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que caso um ououtro não queira ou não possa aceitar a herança ou o legado, serão os bensentregues a outra pessoa. O testador inicialmente institui um fideicomisso. Edepois designa substitutos para as partes envolvidas.

Substituição Vulgar X Fideicomissária Na substituição vulgar apenas uma pessoa se beneficia com a deixa

testamentária. Ou o herdeiro/legatário recebe a herança ou a mesma é recebidapelo substituto. Já na substituição fideicomissária são dois os beneficiários:primeiro o fiduciário e depois o fideicomissário.

Fideicomisso X Usufruto

Usufruto – é um direito real sobre coisa alheia, sendo que o domínio sedivide em duas partes, cada uma com seu titular (nu proprietário - direito dedispor e reaver - e usufrutuário - direito de usar e fruir), que exercem seusdireitos simultaneamente. Fideicomisso – é espécie de substituiçãotestamentária em que as partes (fiduciário e fideicomissário) exercem apropriedade plena, mas de forma sucessiva, permitindo que se beneficie proleeventual.

INVENTÁRIO (arts. 1.991/2.012, CC)

Conceito

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Inventário é vocábulo derivado de inventar (do latim invenire), quegenericamente significa encontrar, descobrir, achar. Com o falecimento do decujus ocorre a abertura da sucessão e estabelece-se entre os herdeiros umestado de comunhão que cessará com a partilha, expedindo-se o respectivoformal. Embora os herdeiros adquiram o domínio desde a abertura da sucessão(princípio da saisine), somente após o registro do formal de partilha que seusnomes passarão a figurar no Registro de Imóveis. No inventário não se inclui ameação do cônjuge sobrevivente, visto que esta não constitui herança.

O inventário é um processo judicial (como regra), de carátercontencioso, que visa relacionar, descrever, avaliar todos os bens pertencentesao de cujus ao tempo de sua morte, para distribuí-los entre seus sucessores.Deve ser instaurado no último domicílio do autor da herança (art. 1.785, CC),no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar do falecimento do de cujus (que émomento em que se dá a abertura da sucessão), conforme o art. 1.796, CC. Senão for observado o prazo, o imposto será calculado com acréscimo de 10% demulta. Se o atraso for além de 180 dias a multa será de 20%. O processo deveser concluído dentro dos 12 (doze) meses subsequentes. Mas o Juiz poderádilatar o prazo, de ofício ou a requerimento da parte. Observem, também, o art.983, CPC. No processo de inventário não se admitem discussão sobre “altaindagação”. Esta expressão é usada no campo dos fatos (e não do direito),sendo aquelas que requerem prova e contraprova. Se isso ocorrer o Juizencaminha a questão para ser apurada no juízo competente.

No inventário, apura-se o patrimônio do de cujus, cobram-se e pagam-seas dívidas, avaliam-se os bens e pagam-se os legados e impostos. Após,procede-se à partilha.

A Lei n° 11.441/07, que alterou dispositivos no Código de Processo Civil(arts. 982 e 983), estabelece que quando houver um testamento ou alguminteressado menor ou incapaz deve-se proceder ao inventário judicial. Noentanto, não havendo testamento, se todos os herdeiros forem maiores ecapazes e houver consenso entre eles, pode-se fazer o inventário e a partilhapor escritura pública, sem que haja homologação judicial. Trata-se da formaadministrativa ou extrajudicial. O tabelionato é de livre escolha dos interessados(não se aplicam as regras de competência do Código de Processo Civil). Aescritura será o documento hábil para o registro imobiliário posterior. Todos osinteressados devem comparecer no Tabelionato, acompanhados de advogadopara o ato (um para todos ou cada um com o seu). Lembrando que esteprocedimento é facultativo, ou seja, mesmo que todos os requisitos para a suarealização estejam presentes, as partes ainda podem se socorrer à via judicial.

Se ocorrer sucessão hereditária entre companheiros, inicialmente seránecessário o ajuizamento de ação judicial para o reconhecimento da uniãoestável. De posse desta declaração judicial a meação do convivente pode serreconhecida na escritura pública, desde que todos os herdeiros e interessadosna herança sejam absolutamente capazes e não haja divergências.

Pode requerer a abertura de inventário judicial quem estiver na posse eadministração da herança (art. 987, CPC). No entanto a legitimidade é

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concorrente, pois se permite que outras pessoas requeiram a sua abertura:cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro ou legatário, testamenteiro, cessionáriodo herdeiro ou legatário, Ministério Público, havendo herdeiros incapazes e aFazenda Pública, quando houver interesse. O Juiz pode determinar a abertura doinventário de ofício, se nenhuma das pessoas mencionadas requerê-la dentro doprazo legal. Esta hipótese é uma exceção ao princípio da inércia jurisdicional.

Inventariança

Requerido o inventário, o Juiz nomeará o inventariante, a quem caberá aadministração e representação (ativa e passiva) do espólio, em juízo ou foradele; ele deve impulsionar o inventário, desde a assinatura do compromisso atéa homologação da partilha. Só poderá haver um inventariante; é um encargopessoal, sujeito, entretanto, à fiscalização dos herdeiros, do Juiz e do MinistérioPúblico. Há uma ordem preferencial (art. 990, CPC):

• Cônjuge sobrevivente – desde que estivesse convivendo com o outro aotempo da morte deste e que o casamento tenha sido celebrado no regimeda comunhão universal ou parcial de bens. O companheiro sobreviventesomente pode ser nomeado se houver prova a união estável.

• Na falta do cônjuge, será nomeado o herdeiro que se achar na posse eadministração dos bens da herança.

• Se ninguém preencher os requisitos acima, atribui-se a inventariança aqualquer herdeiro, a critério do Juiz.

• Na última hipótese o Juiz nomeia pessoa estranha, porém idônea, quedesempenhará todas as funções, exceto a de representar a herança(inventariante dativo).

Processamento

Requer-se a abertura da sucessão, instruindo-se com a certidão de óbitodo de cujus e com procuração. O Juiz nomeia inventariante, que prestacompromisso, e em 20 dias apresenta as primeiras declarações. Se houvertestamento o Juiz determina que seja juntado ao processo. Costuma-se dizerque as primeiras declarações são consideradas como “a peça-base” doinventário. Deve conter: nome, estado, idade e domicílio do autor da herança,bem como o dia e o lugar em que faleceu; informação se o de cujus deixoutestamento; nome, estado idade e domicílio dos herdeiros, bem como aqualidade de cada um e o grau de parentesco com o de cujus; se houver aqualificação completa do cônjuge, bem como o regime de bens e finalmente arelação completa e individualizada de todos os bens deixados, com o valorcorrespondente.

Após, o Juiz determina a citação dos interessados: cônjuge, herdeiros,legatários, Fazenda Pública (em virtude dos impostos a serem pagos), MinistérioPúblico (se houver herdeiro incapaz ou ausente) e testamenteiro (se houvertestamento). Os bens serão avaliados pelo preço de mercado para servir debase para cálculo do imposto de transmissão causa mortis e também para ajusta divisão a ser feita na partilha. As impugnações devem ser apresentadas

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em 10 (dez) dias após a citação. Resolvidas eventuais questões incidentais(impugnações, valor correto dos bens, etc.) lavra-se o termo de últimasdeclarações, momento em que o inventariante poderá emendar, aditar oucomplementar as primeiras. Procede-se o cálculo do imposto, homologa-se porsentença e são expedidas as guias para pagamento. As partes são consultadasem prazo comum de cinco dias e os autos são encaminhados à Fazenda Públicapara verificação do pagamento de todos os tributos. A seguir encerra-se oinventário. Falando assim... parece fácil e rápido... porém na prática isso podelevar muito tempo...

Passa-se em seguida à fase da partilha. O Juiz faculta às partes aformulação de pedido de quinhão e, após profere despacho de deliberação dapartilha.

ARROLAMENTO

O arrolamento é um processo de inventário simplificado, caracterizadopela redução de atos formais ou de solenidades. É possível a sua realizaçãoquando os herdeiros forem maiores e capazes e for conveniente fazer umapartilha amigável, que é homologada pelo Juiz, mediante prova de quitaçãode tributos. Se os herdeiros divergirem ou se algum deles for menor ou incapaza partilha será judicial.

Havendo um único herdeiro não se procede à partilha propriamente dita(não há o que partilhar), mas simplesmente à adjudicação (transferência) dosbens a este.

Inventário Negativo

Embora não tenha sido previsto em nossa legislação, incorporou-se aonosso costume. É usado para atestar que o falecido não deixou bens. Naverdade, não se inventaria nada; segundo Sílvio Rodrigues, o que se procura éobter uma sentença que diga, exatamente, que não há o que se inventariar. Éusado quando o cônjuge sobrevivente pretende se casar novamente e desejaprovar que o de cujus não deixou bens a partilhar. Evita-se a incidência decausa suspensiva matrimonial (art. 1.523, I, CC), como também paracomprovar aos credores que não há bens para saldar as dívidas.

SONEGADOS (arts. 1.992/1.996, CC)

É a ocultação dolosa de bens que deveriam ser inventariados ou levados àcolação, mas que foram desviados. Pode ser praticada pelo inventariante(quando omite intencionalmente bens e valores ao prestar as primeira e asúltimas declarações) ou pelos herdeiros (que não indicam bens que estavam emseu poder). A pena de sonegados tem caráter civil e consiste, para o herdeiro,na perda do direito sobre o bem sonegado, que é devolvido ao monte epartilhado aos outros herdeiros, como se o sonegador nunca tivesse existido(ainda que a ação seja movida por um só herdeiro, aproveita a todos os demaisinteressados). Se o bem não existir mais, será responsável por seu valor, maisperdas e danos. Quando o sonegador for o inventariante a pena limita-se àremoção da inventariança.

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A ação de sonegados prescreve em 10 anos e deve ser ajuizada no foro doinventário e pode ser proposta pelos herdeiros legítimos, testamentários ecredores. Lembrando que dependendo da hipótese, o autor da conduta aindapode responder pelo crime de apropriação indébita (art. 168, CP).

COLAÇÃO (arts. 2.002/2.012, CC)

Os herdeiros que foram agraciados com doações em vida deverão, noprazo de 10 dias, apresentar esses bens, a fim de que se verifique se não houveprejuízo à legítima dos herdeiros necessários.

Dá-se o nome de colação ao ato de retorno ao monte a ser partilhado dasliberalidades feitas pelo de cujus, antes de sua morte, a seus descendentes. Seufim é igualar a legítima destes herdeiros e do cônjuge sobrevivente, havendouma conferência dos bens. É dever imposto ao herdeiro, pois, segundo a lei, adoação dos pais aos filhos importa em adiantamento de legítima.

O doador pode dispensar o donatário da colação, desde que a doação nãohaja ultrapassado a parte disponível (art. 2.005, CC). A dispensa deveráconstar do contrato de doação ou do próprio testamento. Também não serãotrazidos à colação os gastos ordinários do ascendente em educação, estudos,sustento, vestuário, tratamento de doenças, enxovais, etc. e as doaçõesremuneratórias de serviços feitos ao ascendente.

Pagamento de Dívidas (arts. 1.997/2.001, CC)

Como vimos, a própria herança responde pelas dívidas do falecido, e,mesmo depois de a partilha ter sido realizada, os herdeiros só respondem pelasdívidas do falecido até o limite das forças da herança e na mesma proporção daparte que coube a cada um (art. 1.997, CC). Assim:

Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo doinventário o pagamento de dívidas. Só serão partilhados os bens e valores querestarem depois de pagas as dívidas. A cobrança das dívidas faz-se, em regra,pela habilitação do credor ao inventário. Não sendo impugnada a dívida vencidae exigível, o Juiz declarará habilitado o credor e mandará que se faça aseparação do dinheiro ou bens, para o seu pagamento.

Depois de efetivada a partilha os credores devem cobrar seus créditosnão mais do espólio, mas dos próprios herdeiros, proporcionalmente.lembrando, mais uma vez, que o herdeiro não pode responder por encargossuperiores às forças da herança.

Observação – Determina o art. 1.998, CC que as despesas funeráriassairão do monte da herança, haja ou não herdeiros legítimos. As despesas desufrágios por alma do falecido só obrigarão a herança quando ordenadas emtestamento ou codicilo.

PARTILHA (arts. 2.013/2.027, CC)

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A herança, até à partilha, é uma universalidade, legalmente indivisível. Apartilha é a divisão oficial do apurado durante o inventário entre os sucessoresdo de cujus. Tem natureza meramente declaratória, sendo que a sentença quea homologa retroage ao momento da abertura da sucessão (efeito ex tunc).

Na verdade o Inventário e a Partilha constituem um únicoprocedimento, cindido em duas fases. Terminado o inventário, os bens sãopartilhados entre os herdeiros, separando-se a meação do cônjuge sobrevivente(se houver). Havendo um único herdeiro é feita a adjudicação dos bens (não háo que partilhar).

A partilha pode ser amigável (acordo entre os interessados, desde quemaiores e capazes) ou judicial (realizada no processo de inventário quando nãohouver acordo ou sempre que um dos herdeiros seja menor ou incapaz). Apartilha amigável é simplesmente homologada pelo Juiz. Mas a partilha judicialdeve ser julgada por sentença. Esta, transitando em julgado, faz com que oherdeiro receba os bens que integram o seu quinhão, por meio do formal departilha, que pode ser substituído pela certidão de pagamento do quinhãohereditário, quando for de pequeno valor (não exceder cinco vezes o saláriomínimo).

Lembrando que se não houver testamento e os interessados forem todoscapazes e estiverem de acordo, o inventário e a partilha podem ser feitos pormeio de escritura pública.

Depois de realizada a partilha, se algum dos herdeiros vier a sofrerdesfalque em seu quinhão, por força de evicção (que é a perda da propriedadeem virtude de sentença judicial), todos os demais interessados devem indenizá-lo do prejuízo, para restabelecer a igualdade.

Partilha de bens indivisíveis

Pode ocorrer que o bem a ser partilhado seja indivisível (ex: de cujusdeixou uma casa e três filhos). Neste caso inicialmente o bem pode seradjudicado a todos; isto é, forma-se um condomínio entre os herdeiros. Noentanto o testador não pode impor a seus herdeiros a obrigação depermanecerem eternamente em condomínio. A determinação de indivisão nãopode ultrapassar o prazo de 05 (cinco) anos, conforme o art. 1.320, §2o, CC.Neste caso, se não houver um acordo entre eles deve-se proceder a vendajudicial do bem para que o valor apurado seja dividido entre os interessados. Háainda a possibilidade de um dos herdeiros desejar adjudicar o bem, ressarcindoos demais em dinheiro, após a avaliação do bem. Se mais de um herdeirodesejar a adjudicação, o Juiz determinará uma licitação.

Formal de Partilha

Passado em julgado a sentença, receberão os herdeiros os bens que lhetocarem e um formal de partilha que será composto das seguintes peças:

• Termo de inventariante e título de herdeiros

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• Avaliação dos bens que constituem o quinhão do herdeiro

• Pagamento do quinhão hereditário

• Quitação de impostos

• Sentença

Sobrepartilha

É uma nova partilha (partilha adicional) de bens que por certas edeterminadas razões não puderam ser divididos entre os herdeiros de imediato.Hipóteses: a) quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar doinventário, litigiosos, ou de liquidação morosa ou difícil – neste caso realiza-se apartilha dos bens livres e desembaraçados, reservando os demais para a sobrepartilha; b) quando houver bens sonegados e quaisquer outros bens da herançaque se descobrirem depois da partilha. Entende-se que poderá haver asobrepartilha extrajudicial (escritura pública), desde que respeitados osrequisitos da Lei no 11.441/07 (mesmo que a partilha tenha sido feita de formajudicial).

MEUS AMIGOS E ALUNOS. O tema desta nossa última aula foisobre o Direito das Sucessões. Como vimos, o novo Código introduziu inúmerasalterações em relação ao regime anterior. Portanto, mais uma vez, alerto paraque tenham cuidado com livros e exercícios antigos, já superados.

Com esta aula posso dizer: MISSÃO CUMPRIDA! Mais uma vez,Recebam todos um grande abraço, como se eu estivesse aí com vocês, e umgrande beijo no coração. Mais uma vez desejo tudo de bom para vocês. MuitasALEGRIAS e SUCESSO nesta empreitada que vocês se propuseram.

Mas, ainda completando esta aula, vamos agora apresentar o nossoúltimo quadro sinótico da matéria dada, cuja leitura reputo indispensável.Nosso tema foi o Direito das Sucessões. Já sabemos importância destes“quadrinhos” para visualizar toda a matéria de hoje. Trata-se de um resumodo que foi falado na aula, ajudando o aluno a melhor assimilar e memorizar osconceitos fornecidos na aula. Lembrem-se, mais uma vez, que este tema sofreumuitas alterações pelo atual Código. Vamos a ele:

Quadro Sinótico

DIREITO DAS SUCESSÕES

1) Conceito – conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio dealguém, depois de sua morte, em virtude de lei ou testamento.

2) Conteúdo

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• Sucessão em Geral (arts. 1.784/1.828, CC).

• Sucessão Legítima (arts. 1.729/1.756, CC).

• Sucessão Testamentária (arts. 1.757/1.990, CC).

• Inventário e Partilha (arts. 1.991/2.027, CC).

3) Sucessão em Geral

• Abertura → morte comprovada do de cujus.

• Transmissão - Princípio da Saisine → posse imediata.

: • Capacidade Sucessória – capacidade para adquirir bens. Herdeiroslegítimos (ordem legal), necessários (descendentes, ascendentes ecônjuge) e testamentários (designados pelo testamento). Indignidade –incapacidade sucessória que priva alguém de receber a herança (arts. 1.814/1.818, CC).

• Aceitação → ato unilateral, indivisível, incondicional, não havendoretratação.

• Renúncia → ato solene (expresso), unilateral e indivisível, não aceitandoa herança; deve respeitar eventuais direitos de credores e é irretratável.

• Cessão → transferência da herança a outrem.

4) Sucessão Legítima. Ordem de Vocação Hereditária:

a) Descendentes (filhos, netos, bisnetos, etc.) – em concorrência com ocônjuge sobrevivente (salvo se este for casado com o falecido no regime dacomunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens; ou se, no regimeda comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bensparticulares).

b) Ascendentes (pais, avós, bisavós, etc.) – em concorrência com o cônjugesobrevivente.

c) Cônjuge sobrevivente (também chamado de supérstite)

d) Colaterais até 4° grau ⎯ ordem preferencial: irmão (2° grau); sobrinho (3°grau); tio (3° grau); sobrinho-neto (4° grau); tio-avô (4° grau) e primo-irmão(4° grau).

e) Municípios, Distrito Federal ou União – Herança Jacente e Vacante.

5) Direito de Representação – a lei chama certos parentes do falecido a suceder emtodos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse (art. 1.851, CC).

6) Sucessão Testamentária – a transmissão hereditária se opera por ato de últimavontade, revestido da solenidade requerida por lei.

a) Testamento – ato personalíssimo, unilateral, solene e revogável pelo qualalguém dispõe no todo ou em parte de seu patrimônio para depois de sua morte.Permite a instituição de herdeiro (sucessor a título universal) ou legatário (sucessor a título singular).

b) Deserdação – ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão,mediante testamento com expressa declaração de causa, herdeiro

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necessário, privando-o de sua legítima, por ter praticado alguma conduta previstana lei como causa. Além do testamento é necessária a propositura de ação judicial.

c) Formas de Testamento

1) Ordinário a) Público b) Particular c) Cerrado

2) Especial a) Marítimo ou Aeronáutico b) Militar

d) Inexecução do testamento 1) revogação 2) rompimento 3) caducidade 4) nulidade e anulabilidade

e) Codicilo – ato de vontade pelo qual o disponente traça diretrizes sobreassuntos de pequeno valor (pequenas doações, roupas, forma de enterro, etc.).

f) Legado – disposição testamentária a título singular em que o testador deixaa pessoa estranha ou não à sucessão legítima um ou mais objetos individualizadose certa quantia em dinheiro.

g) Direito de Acrescer - vários herdeiros ou legatários, pela mesmadisposição testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhõesdeterminados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, a sua parteacrescerá à dos outros coerdeiros ou colegatários.

h) Substituições

1) Vulgar ou Ordinária (simples, coletiva ou recíproca)

2) Fideicomissária

3) Compendiosa

INVENTÁRIO

1) Conceito – é um processo judicial, de caráter contencioso, que visarelacionar, descrever, avaliar todos os bens pertencentes ao de cujus ao tempo de suamorte, para distribuí-los entre seus sucessores. Se houver um testamento ou alguminteressado incapaz deve-se proceder ao inventário judicial. No entanto, se todosforem capazes e houver consenso entre eles, pode-se fazer o inventário e a partilha porescritura pública. Esta será o documento hábil para o registro imobiliário posterior.Todos os interessados devem comparecer no Tabelionato, acompanhados de advogado(um para todos ou cada um com o seu).

2) Inventariança – Juiz nomeia um inventariante, a quem caberá aadministração e representação (ativa e passiva) do espólio. Só pode haver uminventariante; é um encargo pessoal, sujeito, entretanto, à fiscalização dos herdeiros,do Juiz e do Ministério Público. Há uma ordem preferencial para sua escolha.

3) Arrolamento – é um processo de inventário simplificado, caracterizado pelaredução de atos formais ou de solenidades. É possível a sua realização quando os

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herdeiros forem maiores e capazes e for conveniente fazer uma partilha amigável, queé homologada pelo Juiz, mediante prova de quitação de tributos.

4) Sonegados – é a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados oulevados à colação. Pode ser praticada pelo inventariante (quando omiteintencionalmente bens e valores ao prestar as primeira e as últimas declarações) oupelos herdeiros (que não indicam bens em seu poder). Pena perda do direito sobre obem sonegado, que é devolvido ao monte e partilhado aos outros herdeiros, como se osonegador nunca tivesse existido. Prescrição – 10 anos e deve ser ajuizada no foro doinventário e pode ser proposta pelos herdeiros legítimos, testamentários e credores.

5) Colação – Os herdeiros que foram agraciados com doações em vida, deverão,no prazo de 10 dias, apresentar esses bens, a fim de que se verifique se não houveprejuízo à legítima dos herdeiros necessários. Dá-se o nome de colação ao ato deretorno ao monte a ser partilhado das liberalidades feitas pelo de cujus, antes de suamorte, a seus descendentes. Seu fim é igualar a legítima destes herdeiros, havendouma conferência dos bens. É dever imposto ao herdeiro, pois, segundo a lei, a doaçãodos pais aos filhos importa em adiantamento de legítima.

6) Pagamento de Dívidas – antes da partilha, poderão os credores do espóliorequerer ao juízo do inventário o pagamento de dívidas. Só serão partilhados os bens evalores que restarem depois de pagas as dívidas. A cobrança das dívidas faz-se, emregra, pela habilitação do credor ao inventário. Não sendo impugnada a dívida vencidae exigível, o Juiz declarará habilitado o credor e mandará que se faça a separação dodinheiro ou bens, para o seu pagamento.

PARTILHA

1) Conceito – a herança, até à partilha, é uma universalidade, legalmenteindivisível. A partilha é a divisão oficial do apurado durante o inventário entre ossucessores do de cujus. Tem natureza meramente declaratória. A partilha pode serjudicial (realizada no processo de inventário quando não houver acordo ou sempre queum dos herdeiros seja menor ou incapaz) ou amigável (acordo entre os interessados,desde que maiores e capazes). A partilha amigável é homologada e a judicial julgadapor sentença. A partilha pode ser feita também por escritura pública (se todos osinteressados forem capazes e estiverem de acordo).

2) Formal de Partilha – passado em julgado a sentença, receberão osherdeiros os bens que lhe tocarem e um formal de partilha que um documento para serlevado a registros composto de diversas peças.

3) Sobrepartilha – é uma nova partilha (partilha adicional) de bens que pordeterminadas razões não puderam ser divididos entre os herdeiros, como exemplo:quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do inventário, litigiosos,ou de liquidação morosa ou difícil; ou quando houver bens sonegados e quaisqueroutros bens da herança que se descobrirem depois da partilha.

TESTES

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Lembrando que todos estes testes já caíram em provas e concursosanteriores e têm a finalidade de revisar o que foi ministrado na aula de hoje,completando a aula.

01) (CESPE - OAB/SP – 2008) A sucessão da pessoa natural ocorre com

a) o testamento. b) a abertura do inventário. c) a finalização do inventário. d) a partilha. e) morte do sucedido.

02) (ESAF/2010 – Fiscal de Rendas - Prefeitura do Rio de JaneiroISS/RJ) Sobre a herança de pessoa viva podemos afirmar que:

a) pode ser objeto de cessão de direitos.

b) pode ser objeto de cessão, desde que condicionada ao falecimento do de cujus.

c) pode ser objeto de cessão, desde que a isso não se oponha tal pessoa.

d) pode ser objeto de cessão para satisfação dos atuais credores.

e) não pode ser objeto de cessão.

03) Segundo o disposto no art. 1.784, CC, aberta a sucessão, a herançatransmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Atéo momento da partilha, os bens do falecido são considerados imóveis,

a) indivisíveis, coletivos da espécie universalidade de fato, inalienáveis e emcondomínio.

b) divisíveis, coletivos da espécie universalidade de direito, inalienáveis e em condomínio.

c) indivisíveis, coletivos da espécie universalidade de direito, alienáveis e emcondomínio.

d) indivisíveis, coletivos da espécie universalidade de direito, inalienáveis e emcondomínio.

04) Bernardo faleceu, deixando uma soma de dinheiro depositada embanco, ações de uma companhia, dois automóveis e os utensíliosdomésticos de sua residência, no valor total de R$ 300.000,00. Nestecaso, pode-se afirmar que:

a) a cessão de direitos hereditários, pelo herdeiro de Bernardo, pode ser feitapor instrumento particular, sendo a herança, sob cogitação, móvel, emboraindivisível, até a partilha.

b) a cessão de direitos hereditários, pelo herdeiro de Bernardo, deve ser feitapor escritura pública, sendo a herança, sob cogitação, imóvel, mas divisível,até a partilha.

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c) a cessão de direitos hereditários, pelo herdeiro de Bernardo, pode ser feitapor instrumento particular, sendo a herança, sob cogitação, móvel e divisível,podendo ser antecipada a partilha.

d) a cessão de direitos hereditários, pelo herdeiro de Bernardo, deve ser feitapor escritura pública, sendo a herança, sob cogitação, imóvel e indivisível, atéa partilha.

05) Assinale a alternativa CORRETA:

a) o direito à sucessão aberta é considerado bem móvel, desde que nelasomente haja bens móveis.

b) o direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel, podendo ser alienadopor instrumento particular.

c) é ineficaz a disposição, sem prévia autorização do Juiz da sucessão, porqualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente deindivisibilidade.

d) o direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel, mas somente podehaver alienação ou cessão após a partilha.

06) Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com o Código Civil.

a) O coerdeiro, da constância do processo de inventário, só poderá ceder atítulo oneroso a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão depois derespeitado o direito de preferência do(s) outro(s) coerdeiro(s).

b) A herança de pessoa viva pode ser objeto de contrato, desde que feito onegócio mediante escritura pública.

c) Não há como conviver, na mesma sucessão, suas duas modalidades(legítima e testamentária).

d) O cônjuge sobrevivente e o companheiro(a) sobrevivente são sempreconsiderados herdeiros necessários.

07) Estão legitimados a suceder, na sucessão legítima:

a) os já nascidos, os concebidos e a prole eventual de pessoas já existentes. b) as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. c) apenas as pessoas já nascidas com vida ao tempo da abertura da sucessão. d) as pessoas físicas e jurídicas existentes ao tempo da abertura da sucessão.

08) Com relação à sucessão, assinale a opção INCORRETA.

a) a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. b) a companheira participa da sucessão do outro, apenas em relação aos bensadquiridos onerosamente na constância da união. c) o nascituro tem vocação hereditária. d) pessoas jurídicas não podem receber por sucessão causa mortis.

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09) A aceitação da herança:

a) jamais pode ser tácita.

b) é presumida pelo fato de haver o herdeiro promovido o funeral do de cujus.

c) só se configura com a habilitação do herdeiro em inventário.

d) não se configura quando o herdeiro promove a cessão gratuita, pura esimples, da herança, aos demais herdeiros.

10) (Defensoria Pública do Estado de São Paulo – 2006) Com relação àherança é CORRETO afirmar:

a) pode haver renúncia parcial. b) a renúncia da herança pode se dar por instrumento particular. c) não pode haver aceitação tácita. d) a transmissão da herança se dá a contar da aceitação do herdeiro. e) não se pode aceitar a herança sob condição.

11) (CESPE - OAB/SP – 2008) Não comporta condição o ato de:

a) mútuo. b) compra e venda. c) aceitação ou repúdio à herança. d) doação. e) locação.

12) Assinale a alternativa CORRETA:

a) o cônjuge sobrevivente por ser herdeiro facultativo pode ser afastado dasucessão pela via testamentária.

b) os colaterais por serem herdeiros necessários nunca podem ser afastados dasucessão.

c) são herdeiros necessários os descendentes, ascendentes e o cônjuge.

d) são herdeiros necessários os descendentes e os ascendentes, somente.

13) (CESPE - OAB/SP – 2007) No caso de sucessão causa mortis, dasclasses de pessoas citadas abaixo, não comporá aquela dos “herdeirosnecessários”.

a) pais do sucedido. b) irmãos do sucedido. c) cônjuge do sucedido. d) filho adotivo do sucedido. e) avós do sucedido.

14) Antônio é divorciado de Maria, com quem teve dois filhos, José e João, hojemaiores e casados. Depois do divórcio e da partilha de bens, Antônio passou a

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viver maritalmente com Beatriz, com a qual não teve descendentes. Enquantomantinha união estável com Beatriz, o pai de Antônio faleceu, tornando-se este,então, único herdeiro de vasto patrimônio imobiliário, que acabou por nãousufruir em virtude de ter falecido três dias depois de seu pai. Com basenestas informações, assinale a alternativa CORRETA:

a) os bens de Antônio, havidos antes do falecimento do pai, serão partilhadosaos dois filhos do primeiro casamento (José e João) e os havidos por herançade seu pai, serão partilhados à companheira (Beatriz).

b) os bens de Antônio, havidos antes do falecimento do pai, caberão metade àex-mulher (Maria) e metade aos dois filhos nascidos naquele casamento (Josée João), enquanto que os bens havidos por herança do pai, caberão metade àcompanheira (Beatriz) e metade aos dois filhos (José e João).

c) Beatriz terá direito à metade do que couber a cada um dos filhos (José eJoão).

d) todos os bens caberão aos dois filhos (José e João).

15) Tratando-se de Direito das Sucessões, marque a opção INCORRETA.

a) a companheira, quando concorrer com filhos comuns, tem direito à metadedo que couber a cada um deles.

b) o direito à sucessão aberta pode ser objeto de cessão por escritura pública,observado o direito de preferência do coerdeiro.

c) o testamento público, lavrado no cartório de notas, pode ser revogado portestamento marítimo.

d) extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento,contado o prazo da data do seu registro.

16) Companheiro, na concorrência com colateral de 3° grau do falecido,na sua sucessão quanto aos bens onerosamente adquiridos na vigênciada união estável, fará jus a:

a) 1/2 do que couber ao colateral. b) 1/3 daquela herança. c) 1/4 daquela herança. d) quota equivalente ao que, legalmente, couber ao colateral. e) 1/6 do que couber ao colateral.

17) (Fundação Getúlio Vargas/SEFAZ-RJ – ICMS/RJ – 2008) Quanto aosbens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, acompanheira participará da sucessão do companheiro, se concorrer comdescendentes, só da herança do que couber a cada um deles, naproporção de:

a) três quartos. b) um terço.

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c) um meio. d) dois quintos. e) um quarto.

18) Configura-se o instituto da representação, no Direito das Sucessões,quando:

a) por testamento ou disposição de última vontade, parentes do falecido sãochamados a suceder herdeiros não necessários.

b) por testamento ou disposição de última vontade, o falecido nomeiarepresentantes para os herdeiros menores, confiando-lhes, enquanto durar amenoridade, a guarda e administração dos bens herdados.

c) a lei determinar que certos herdeiros, menores ou incapazes, sejamrepresentados, nos atos da vida civil, por tutores, curadores ou por aquelesque detenham o poder familiar como decorrência de determinação judicial.

d) a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, emque ele sucederia, se vivesse.

19) Assinale a alternativa CORRETA:

a) aberta a sucessão, não tendo descendentes ou ascendentes sucessíveis, ocompanheiro ou companheira sobrevivente, terá direito à totalidade daherança.

b) quando o herdeiro renuncia ao quinhão da herança a que tinha direito, osseus sucessores podem representá-lo na herança.

c) os herdeiros colaterais somente serão chamados a suceder na ausência decônjuge sobrevivente.

d) o direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca naascendente.

20) (Magistratura de São Paulo – 2007) Considere as seguintessituações:

I – João morreu sem deixar cônjuge, convivente, descendentes e mãe, mastendo irmãos, pai e avó materna vivos → seu único herdeiro legítimo é seupai.

II – Antônio faleceu sem deixar descendentes, cônjuge, convivente eascendentes; dois de seus irmãos eram ainda vivos; Pedro, filho de irmão jáfalecido, também é herdeiro legítimo de Antônio por representação.

III – Paulo faleceu sem deixar descendentes, cônjuge, convivente,ascendentes, irmãos e sobrinhos; seus herdeiros legítimos são dois tios e ofilho de um terceiro tio já falecido.

IV – Joaquim, José e Manoel são os únicos sobrinhos de Luís, que morreusem deixar descendentes, cônjuge, convivente, ascendentes e irmãos; os

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dois primeiros são irmãos e o terceiro primo deles e, como sucessoreslegítimos, herdam por cabeça.

Estão CORRETAS:

a) todas as conclusões. b) apenas as conclusões I e III. c) apenas as conclusões II e IV. d) todas as conclusões estão erradas. e) apenas as conclusões I, II e IV.

21) É CORRETO afirmar que o testamento público, de acordo com oCódigo Civil de 2002: a) exige a presença de 03 (três) testemunhas para o ato. b) é sempre escrito manualmente e nunca mecanicamente. c) é a única forma permitida ao cego. d) é aquele que só pode ser feito nas dependências de um tabelionato. e) se o testador não souber assinar não poderá testar desta forma.

22) (CESPE - OAB/SP – 2008) Não é característica própria aostestamentos: a) solenidade. b) não-conjuntivo. c) unilateralidade. d) irrevogabilidade. e) personalíssimo.

23) (Fundação Getúlio Vargas - Fiscal de Rendas do Estado do MatoGrosso do Sul – 2006) O Código Civil veda o testamento:

a) nuncupativo militar. b) marítimo. c) conjuntivo. d) hológrafo. e) militar.

24) (Fundação Getúlio Vargas/ICMS-RJ – SEFAZ – 2008) O testamentoparticular pode ser escrito de próprio punho. São requisitos essenciais àsua validade que seja lido e assinado por quem o escreveu, na presençade pelo menos:

a) duas testemunhas. b) seis testemunhas. c) quatro testemunhas. d) cinco testemunhas. e) três testemunhas.

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25) Romper-se-á o testamento se:

a) o testador dispuser de sua metade, não contemplando herdeiros necessáriosde cuja existência saiba.

b) ocorrer superveniência de descendente sucessível ao testador, que nãotinha ou não o conhecia quando testou.

c) o testador manifestar vontade contrária à que se encontra expressa noanterior.

d) herdeiro nomeado desamparou o autor da herança, sendo descendente seu,com o intuito de atentar contra sua vida.

26) Em relação à herança, é CORRETO afirmar que:

a) os atos de aceitação ou de renúncia da herança são irrevogáveis.

b) os herdeiros necessários são apenas os descendentes e os ascendentes.

c) o testamento público deve ser presenciado, pelo menos, por 03 (três)testemunhas, sob pena de nulidade.

d) os herdeiros necessários podem ser deserdados, de acordo com a vontadedo testador.

27) (OAB/MG – 2005) É absolutamente incapaz, para atuar comotestemunha testamentária:

a) o cego. b) o testamenteiro. c) o funcionário do cartório em que se lavra a disposição de última vontade. d) o estrangeiro.

28) Sobre o direito de representação na sucessão legítima, éINCORRETO afirmar que:

a) na linha ascendente nunca há direito de representação. b) se uma herdeira for declarada indigna, sua filha não herda no seu lugar. c) na linha transversal só há direito de representação em favor do sobrinho dofalecido. d) na linha descendente há direito de representação.

29) (Magistratura de São Paulo/2009 – Concurso 182) O direito derepresentação:

a) verifica-se na linha reta descendente e ascendente. b) inexiste na linha colateral. c) implica divisão por estirpe. d) implica divisão por cabeça.

30) Sobre a Sucessão Legítima, é INCORRETO afirmar:

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a) deixando o falecido apenas uma avó materna, uma avó paterna e um avôpaterno, a herança será dividida em três partes iguais.

b) descendentes, ascendentes e cônjuge do falecido têm direito à partelegítima da herança, por serem herdeiros necessários.

c) com a morte do seu marido existe a possibilidade de a viúva concorrer naherança com filhos do falecido, ainda que não sejam descendentes dela.

d) na sucessão colateral, cada irmão bilateral herda o dobro do que cadairmão unilateral.

31) (OAB/SP – 2007) Sobre Sucessão Legítima em favor da viúva, éERRADO afirmar que:

a) ainda que concorra com filhos exclusivos do falecido, a viúva, mesmocasada sob o regime da separação obrigatória de bens, tem direito real dehabitação relativamente ao único imóvel deixado pelo de cujus.

b) casada sob o regime da separação convencional, a viúva herdará apropriedade dos bens particulares do de cujus, concorrendo com os filhosexclusivos este, em igualdade de quotas.

c) concorrendo com o irmão do falecido, a esposa herdará todo o patrimônio,qualquer que seja o regime de bens.

d) não havendo descendentes, os ascendentes herdarão o patrimônio emconcorrência com a viúva.

e) não há diferença quanto ao fato de a viúva ser ou não a mãe de todos oscinco filhos do seu falecido marido.

32) (OAB/CESPE – 2008.3) A respeito da sucessão legítima, assinale a opção INCORRETA.

a) a existência de herdeiros na classe dos descendentes afasta da sucessão osascendentes.

b) o consorte supérstite herdará a totalidade da herança na ausência dedescendentes e ascendentes.

c) os herdeiros colaterais são herdeiros necessários.

d) na união estável, não tendo o de cujus descendentes, mas somenteascendentes, o convivente sobrevivo concorrerá, quanto aos bens adquiridosonerosamente na vigência da convivência, a um terço do montantehereditário.

33) (OAB/Paraná III - 2004) Analise as afirmativas abaixo e, emseguida, assinale a alternativa CORRETA:

I – Príamo e Hécuba eram casados pelo regime da participação final nosaquestos. Do casamento resultou o nascimento de um único filho. Príamomorre em 5 de dezembro de 2004. Hécuba, cônjuge sobrevivente, nãoconcorrerá com os descendentes de Príamo na herança deste último, mas

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terá direito à meação sobre os bens adquiridos onerosamente na vigênciada sociedade conjugal.

II – Andrômaca era casada com Heitor pelo regime da separação absolutade bens, decorrente de pacto antenupcial. Ambos os pais de Heitor, bemcomo seu avô paterno, morreram em um acidente de automóvel em 2003.Um ano depois Heitor vem a falecer, sem deixar descendentes. Os doisavós maternos e a avó paterna de Heitor ainda estão vivos. A herança deHeitor será dividida da seguinte forma: 50% para Andrômaca, 12,5% paracada um dos avós maternos e 25% para a avó paterna.

a) ambas as afirmativas estão incorretas. b) somente a afirmativa I está correta. c) somente a afirmativa II está correta. d) ambas as afirmativas estão corretas.

34) “A” elabora testamento cerrado deixando a quota disponível de seupatrimônio a dois sobrinhos “X” e “Y”, designando aos nomeados o quinhão decada um. Um ano depois, em razão de uma discussão entre os familiaresenvolvendo o testador e os beneficiários, “A” elabora novo testamento público,deixando os mesmos bens a uma prima. Após dois anos, muito doente erecebendo zelosa dedicação dos sobrinhos em sua enfermidade, “A” revogaexpressamente, por outro testamento, sem estabelecer quaisquer novasdisposições testamentárias e vem a falecer.

ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:

a) a herança será recolhida toda á sucessão legítima, de acordo com aordem de vocação hereditária, já que a vontade revogatória subsiste comoexpressão da última vontade do falecido.

b) o testamento cerrado jamais se considera revogado pelo segundo ato dotestado, pois só se permite a revogação quando feita por testamentorevogatório na mesma forma pela qual foi feito o testamento primitivo, nocaso a revogação só poderia ter sido feita pela forma cerrada também.Assim, os sobrinhos permanecem como os beneficiários da deixatestamentária.

c) o testamento cerrado foi revogado tacitamente pelo público, o qual, porsua vez, foi revogado pelo terceiro ato de última vontade. Como o últimotestamento não dispôs sobre os bens de forma diversa ou incompatível aoprimeiro, e tendo sido expressamente revogado o segundo ato, ficarevigorado o testamento primitivo. Por essa razão, os sobrinhos receberãocada qual o seu quinhão.

d) o testamento, na qualidade de ato de última vontade, pode ser revogadode forma expressa, quando o testador o declarar sem efeito, no todo ou emparte; de forma tácita, quando fizer novas disposições que nãocorrespondam às antigas sem mencionar que as revoga, ou quando alienar acoisa legada; ou de forma presumida, quando ocorrer superveniência dedescendente do testador, que não tinha ou desconhecia. Sendo expressa ou

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tácita a revogação pode ser efetuada por novo testamento ou por codicilo.Assim, os sobrinhos prevalecem como beneficiários.

35) Um herdeiro poderá ser excluído da sucessão:

a) em nenhuma hipótese. b) se atentar contra a honra da pessoa que sucedeu. c) na tentativa contra a vida de outro interessado na sucessão. d) se ocorreu a cogitação do atentado contra a vida da pessoa que sucede.

36) O herdeiro necessário poderá ser privado da legítima:

a) mediante simples determinação do autor da herança consignada emtestamento público.

b) através de ação proposta pelo Ministério Público no caso de homicídio contraa vida daquele.

c) por interessados na sucessão que detenham a maioria das quotaslegitimarias.

d) por intermédio de ação aforada por qualquer interessado na sucessão nahipótese de fraude ou violência que inibiu o falecido de dispor livremente deseus bens em testamento.

37) (CESPE - OAB/SP – 2008) Assinale a opção CORRETA a respeito dadeserdação. a) a deserdação pode ser ordenada em testamento válido. b) não há previsão legal que autorize o descendente a deserdar o ascendente. c) a legislação civil brasileira admite a deserdação imotivada. d) a deserdação dos descendentes pelos ascendentes em razão de ofensa física exige prévia decisão da justiça penal.

38) Caio falece na cidade de São Paulo e deixa testamento cerrado. Tício, seumelhor amigo, encontra na residência do “de cujus” o testamento. Tício abre otestamento e descobre que fora nomeado como legatário do único bem deixadopelo “de cujus”, um apartamento na mencionada cidade. Caio não tinha nenhumherdeiro:

a) Tício deverá pleitear a abertura do inventário, juntando prova de suacondição o testamento de Caio.

b) Tício deverá requerer a homologação judicial do testamento, pedido esteque será deferido pelo Juiz, requerendo posteriormente o início do processo deinventário.

c) o testamento não será considerado válido na medida em que Tício nãopoderia tê-lo deslacrado, cabendo a herança á Municipalidade de São Paulo.

d) Tício deverá simplesmente requerer a transferência da propriedade junto aoRegistro de Imóveis mediante apresentação do testamento.

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39) (Magistratura – São Paulo – Concurso 173) A abertura da sucessãohereditária ocorre com o falecimento do de cujus, mas há que seconsiderar como INCORRETO:

a) que a mulher casada pelo regime da separação parcial, recebendo a herançade seu pai, não pode recusá-la sem autorização marital.

b) que a renúncia à herança não pode ser tácita ou presumida.

c) que a aceitação da herança não pode ser condicional, nem dependendo determo.

d) que a aceitação da herança não pode ser presumida ou tácita.

40) Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aosherdeiros legítimos e testamentários. Até o momento da partilha, osbens do falecido são considerados imóveis,

a) indivisíveis, coletivos da espécie universalidade de fato, inalienáveis e emcondomínio.

b) divisíveis, coletivos da espécie universalidade de direito, inalienáveis e em condomínio.

c) indivisíveis, coletivos da espécie universalidade de direito, alienáveis e emcondomínio.

d) indivisíveis, coletivos da espécie universalidade de direito, inalienáveis e emcondomínio.

41) (Magistratura – Minas Gerais – 2004) Considerando o atual CódigoCivil no tocante ao Direito das Sucessões, assinale a alternativaINCORRETA.

a) os descendentes, os ascendentes e o cônjuge são herdeiros necessários.

b) o coerdeiro não poderá ceder sua quota hereditária a pessoa estranha àsucessão, se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto.

c) na sucessão testamentária, quando contemplados os filhos ainda nãoconcebidos de pessoas indicadas pelo testador, os bens da herança serãoconfiados a curador nomeado pelo Juiz e, se decorridos 03 (três) anos daabertura da sucessão não for concebido o herdeiro esperado, os bensreservados caberão aos demais herdeiros testamentários.

d) somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, aotempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nemseparados de fato há mais de 02 (dois) anos, salvo prova, neste caso, de queessa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

e) são anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo oucoação, extinguindo-se em 04 (quatro) anos o direito de anular a disposição,contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício.

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42) (Procurador do Estado de Goiás – 2005) Um homem morreu deixandoviúva e três filhos solteiros. Estes, após darem procuração ao advogado pararequerimento do inventário, renunciaram expressamente a herança. Assimprocedendo, a herança, em sua totalidade, acabou sendo recolhida em favor damãe viúva. A propósito da natureza e das consequências tributárias da renúncia,assinale a alternativa VERDADEIRA.

a) a renúncia foi para favorecer e, assim, corresponde à cessão gratuita dedireitos hereditários, motivo pelo qual deve-se pagar o respectivo imposto.

b) houve aceitação da herança, ao dar procuração ao advogado para oinventário. Assim, aceita a herança, não seria possível a renúncia abdicativa,mas a translativa, motivo pelo qual deve-se pagar o imposto.

c) no caso o recolhimento da herança pela mãe em virtude da renúncia dosfilhos constitui ato entre vivos que não será novamente tributado.

d) aceita a herança, torna-se definitiva a transmissão ao herdeiro e a renúnciaposterior não invalidou esta transmissão, motivo pelo qual deve o ato sertributado.

43) (AFR – ICMS/SP – 2006) São herdeiros necessários:

a) os descendentes, os ascendentes e os colaterais até o terceiro grau. b) apenas os descendentes e ascendentes. c) os descendentes e os colaterais até quarto grau. d) apenas o cônjuge sobrevivente, se o regime de casamento for o dacomunhão universal de bens. e) os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente, qualquer queseja o regime de bens do casamento.

44) (OAB/SP – 2007) Sobre Sucessão Testamentária, é ERRADOafirmar:

a) o instituto da redução das disposições testamentárias é aplicado para ashipóteses de avanço do testamento na parte legítima dos herdeirosnecessários.

b) há direito de representação na sucessão testamentária.

c) o pai pode testar metade de seu patrimônio ao filho primogênito “A”,enquanto a outra metade será igualmente dividida entre o próprio “A” e ofilho caçula “B”.

d) uma pessoa com 16 (dezesseis) anos pode testar normalmente.

e) o analfabeto pode fazer testamento de forma pública.

45) (Magistratura do Estado do Paraná – 2007) Em 10 de janeiro de 1976,Antônio e Bruna se casaram pelo regime da comunhão universal de bens. Docasamento resultou o nascimento de dois filhos: César e Daniela. César se casoucom Eliana em 05 de maio de 2001, pelo regime da separação parcial de bens,sendo que do casamento resultou o nascimento de dois filhos, Fábio e Gabriela.

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César morreu no dia 1o de abril de 2006, sem deixar bens a inventariar. Antôniofaleceu hoje, 17 de junho de 2007, deixando um único bem a inventariar: umacasa, que herdou de seus pais e que vale R$ 240.000,00. Diante dos fatosnarrados, assinale a alternativa CORRETA:

a) eventual renúncia de Daniela à herança deixada por seu pai aproveitaráaos filhos de César, mas não beneficiará Bruna.

b) Eliana herdará, por direito de representação, um terço do quinhão que caberia a César na sucessão de Antônio.

c) Bruna herdará, por direito próprio, um terço do patrimônio deixado porAntônio, sem prejuízo de sua meação.

d) Bruna herdará, por direito próprio, a quarta parte do patrimônio deixadopor Antônio, sem prejuízo de sua meação.

46) (OAB/SP 2007) Sobre o Direito das Sucessões, assinale aalternativa ERRADA.

a) viúva, que fora casada em separação convencional com o de cujus, temdireito de concorrer com os filhos exclusivos do falecido na sucessão deste.

b) o pai pode deixar toda a parte disponível de sua herança para um de seusdois filhos.

c) para excluir da sucessão o irmão, basta que o testador disponha de seupatrimônio sem o contemplar.

d) aplica-se o direito de representação à linha ascendente.

47) (OAB/SP 2007) Sobre a possibilidade de realização de inventário,partilha, separação consensual e divórcio consensual, por viaadministrativa assinale a alternativa ERRADA.

a) havendo testamento, não se pode utilizar a via administrativa para oinventário.

b) a via administrativa é uma opção e não uma imposição às partes.

c) a fixação amigável de alimentos entre cônjuges exige a via judicial.

d) o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal,poderá ser realizado por escritura pública.

48) (OAB/SP – 2009) O testador tem ampla liberdade de testar, desde quepreserve a legítima dos herdeiros necessários. Além de ser permitida ainstituição de herdeiro e legatário em primeiro grau, a norma jurídica autoriza-lhe indicar substituto (sucessor de segundo grau) para recolher os bens daherança, na falta de herdeiro ou legatário nomeado, em virtude de falecimentoantes da abertura da sucessão, de renúncia, ou de exclusão, ou após o herdeiroou legatário indicado em primeiro lugar, que, nesse caso, passará os benstransmitidos pelo de cujus, depois de certo tempo, a um substituto (Maria Helena Diniz. Curso de Direito Civil brasileiro. Direito das Sucessões, Vol. VI, 21.ª ed. Saraiva, 2007 –com adaptações). Considerando as ideias do texto acima e os dispositivos do

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Código Civil relativos ao direito das sucessões, assinale a opçãoCORRETA.

a) é permitida a substituição hereditária de mais de um grau.

b) a substituição vulgar consiste na indicação da pessoa que deve ocupar olugar do herdeiro, ou legatário, que não quer ou não pode aceitar aliberalidade.

c) substituição recíproca consiste na instituição de herdeiro ou legatário com aobrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob condição preestabelecida,transmitir a uma outra pessoa a herança.

d) no usufruto testamentário, o testador poderá contemplar pessoas incertasou ainda sem existência.

49) (CESPE - OAB/SP – 2008) Assinale a opção CORRETA a respeito dassucessões:

a) codicilo é ato jurídico unilateral de última vontade, escrito, pelo qual oautor da herança pode dispor sobre o seu enterro.

b) o legatário sucede o autor da herança a título universal.

c) considerada a ordem de vocação hereditária, os irmãos do falecido sãoherdeiros necessários.

d) a pessoa jurídica detém capacidade testamentária ativa.

50) (CESPE/UnB – 2008) Em relação à sucessão legítima etestamentária, assinale a opção CORRETA.

a) a renúncia a herança é um ato irrevogável, por isso, se todos os herdeiros,de qualquer classe, renunciarem à herança, esta será, desde logo, declaradavacante.

b) o herdeiro necessário é deserdado por seu ascendente quando o testadordeixa de contemplá-lo em seu testamento.

c) no inventário e partilha, a omissão involuntária dos bens da herança peloinventariante configura sonegação de bens e o sujeita a apresentar os bensque omitiu, e a pagar perdas e danos aos demais herdeiros.

d) ocorre a sucessão por cabeça, ou substituição hereditária, quando outrapessoa é chamada a suceder em lugar do herdeiro, em virtude de pré-morte,deserdação ou indignidade.

51) (Magistratura de São Paulo/2009 – Concurso 182) Quanto ao direitosucessório brasileiro, a família matrimonial e a família fundada na união estáveldiferem:

a) apenas em relação à participação do sobrevivente na legítima e à influênciado momento de aquisição do bem herdado pelo sobrevivente.

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b) apenas em relação à situação do sobrevivente na ordem de vocaçãohereditária, à influência do momento de aquisição do bem herdado pelosobrevivente e à concorrência com os demais herdeiros.

c) apenas em relação à influência do momento de aquisição do bem herdadopelo sobrevivente e à concorrência com os demais herdeiros.

d) em relação à participação do sobrevivente na legítima, à influência domomento de aquisição do bem herdado pelo sobrevivente, à situação dosobrevivente na ordem de vocação e à concorrência com os demais herdeiros.

52) (UnB/CESPE – Juiz de Direito Substituto/PI – 2007) Quanto aodireito das sucessões, assinale a opção CORRETA.

a) O pacto sucessório é expressamente vedado pelo ordenamento jurídicobrasileiro, pois é nulo de pleno direito o contrato que tenha por objeto os bensdo espólio. Ademais, a herança é direito indivisível, e os bens que aconstituem são uma universalidade, por isso, os herdeiros não poderãovalidamente fazer qualquer convenção quanto aos bens da herança enquantonão for ultimado o inventário.

b) Considera-se aberta a sucessão no lugar do falecimento do autor daherança ou, quando este é desconhecido, no lugar onde se encontrar a maiorparte dos bens a serem inventariados.

c) Havendo herdeiros legítimos, o autor da herança poderá dispor portestamento de um terço de seu patrimônio, a chamada parte disponível, poisa outra parte, a legítima, será necessariamente entregue a esses herdeiros.

d) O credor que se sentir prejudicado pela renúncia do herdeiro poderá,mediante autorização do Juiz, aceitar a herança em nome do renunciante.Quitadas as dívidas do renunciante e se houver saldo, prevalece a renúnciaquanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.

e) Considere que o autor de uma herança seja casado pelo regime daseparação de bens e não tenha deixado descendentes, deixando o cônjugesobrevivente, e como ascendentes, os pais e a avó materna. Nessa hipótese,serão chamados a suceder os ascendentes, por direito próprio, e a herançaserá divida em três partes iguais.

53) (UnB/CESPE - Juiz de Direito Substituto/AC – 2008) Quanto aodireito das sucessões, assinale a opção CORRETA.

a) Na sucessão legítima e na testamentária, ocorre o direito de acrescer,quando a herança for renunciada e, por conseguinte, forem chamadosautomaticamente à vocação hereditária os herdeiros do renunciante.

b) Dá-se a sucessão por direito de representação quando certas pessoas sãochamadas a suceder parente mais próximo do autor da herança, desde queesse parente esteja na condição de pré-morto, ausente ou incapaz desuceder. A representação é restrita à sucessão legítima e ocorre na linhadescendente.

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c) Se uma pessoa em estado de viuvez falecer sem ter elaborado testamentoconhecido e deixar dois filhos, sendo um pré-morto, e três netos, essesdescendentes herdam por direito próprio e cada um deles recebe quota igualda herança.

d) A sucessão testamentária decorre de expressa manifestação de últimavontade, por meio de testamento, no qual o autor da herança tem totalliberdade de dispor de seus bens e alterar a ordem da vocação hereditária.Ainda que contenha cláusula proibindo a sua revogação, quando amanifestação de vontade for de natureza exclusivamente patrimonial, otestamento público pode ser feito por intermédio de procurador com poderesespeciais.

TESTES ESPECÍFICOS DA FUNDAÇÃO CESGRANRIO

01) (CESGRANRIO – Advogado do BNDES – Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social – 2006) A cláusula deinalienabilidade poderá ser instituída das seguintes formas:

I – Mediante a manifestação de vontade mútua das partes contratantes. II – Por ato causa mortis, como na hipótese do testamento, sobre a partedisponível da herança. III – Por meio de negócio jurídico, com a presença de duas testemunhas. IV – Quando se tratar de legítima, mediante justa causa declarada notestamento. V – Por ato inter vivos, como na hipótese de doação.

Estão CORRETAS, apenas, as formas:

a) I e IV. b) III e IV. c) I, II e V. d) I, III e V. e) II, IV e V.

OBS: as questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnBtambém costuma usar (embora nem sempre), julgando asassertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

Questão 01 (CESPE/UnB - Defensor Público/AM) Cíntia foi nomeada, portestamento público, herdeira de Clóvis. Como ela faleceu antes do testador,Clóvis revogou parcialmente o testamento, por instrumento particular,nomeando as filhas de Cíntia suas herdeiras. Diante dessa situaçãohipotética, julgue os itens a seguir.

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a) A capacidade para adquirir por testamento pressupõe a existência doherdeiro, ou legatário, à época da morte do testador. Tendo falecido antes oherdeiro, perde validade a cédula testamentária.

b) A revogação parcial do testamento, como efetivada na hipótese, visando asubstituição da herdeira anteriormente nomeada e já falecida, é nula de plenodireito.

Questão 02 (CESPE/UnB - Defensor Público/AM) No que concerne aodireito das sucessões, julgue os itens a seguir.

a) Aberta a sucessão pela morte, o acervo hereditário é transmitido, desdelogo, aos herdeiros legítimos e testamentários, que passam a exercer, pordireito próprio, a posse e o domínio sobre os bens deixados, em regime decondomínio universal com os demais sucessores, até que ocorra a partilha.

b) A mulher casada em regime de comunhão universal de bens não concorrecom os filhos em relação à herança do marido, cabendo-lhe a meação dosbens deixados por este.

c) Falecendo uma pessoa casada sob o regime da separação de bens, na faltade descendentes ou ascendentes, a sucessão será deferida ao cônjugesobrevivente se não estava separado judicialmente ou de fato por mais dedois anos.

Questão 03 (UnB/CESPE – Juiz de Direito Substituto/SE – 2007) Acercado direito das sucessões, julgue os itens a seguir.

a) Nas disposições testamentárias, o testador pode exigir um encargo paraque o contemplado possa receber o legado ou a herança, sendo que esseônus não deve ser superior à liberalidade.

b) Se o legatário vier a falecer antes do testador, a cláusula testamentáriaque o beneficia, independentemente de qualquer declaração quanto àeventual substituição do legatário, é automaticamente transferida a seusherdeiros.

c) O companheiro sobrevivente é herdeiro necessário e participa da sucessãodo outro quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da uniãoestável. Esse companheiro concorre com os filhos comuns do de cujus e comos ascendentes desse e, na inexistência de todos eles, tem direito à totalidadeda herança.

Questão 04 – Quanto ao direito sucessório, julgue os itens abaixo.

a) Com a morte, os bens do falecido transmitem-se imediatamente aos seusherdeiros, extinguindo-se os direitos personalíssimos e transmitindo-se osdemais aos herdeiros e legatários.

b) O legatário detém legitimidade para requerer em juízo a sucessãoprovisória do ausente.

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c) Na hipótese de comoriência dos cônjuges, sem descendentes, o patrimôniode cada um dos comorientes deverá ser recebido pelos seus respectivosherdeiros.

d) Na hipótese de morrer o avô e renunciando à sua sucessão um dos seustrês filhos, os netos do de cujus e filhos do renunciante receberão a herançaque a este caberia, invocando o direito de representação.

e) A partilha decorrente de inventário por morte não pode ser amigável sealgum dos herdeiros for incapaz.

GABARITO COMENTADO

01) Alternativa correta: letra “e”. A abertura da sucessão da pessoanatural se dá no momento da constatação da morte comprovada do de cujus(sucedido). Os herdeiros sucedem o morto no momento de sua morte.Transmite-se de forma automática e imediata o domínio e a posse da herança,mesmo que eles não tenham ciência do fato (Princípio da Saisine).

02) Alternativa correta: letra “e”. Cessão de herança (art. 1.793 eparágrafos, CC) é a transferência que o herdeiro (legítimo ou testamentário) faza outrem do quinhão hereditário (no todo ou em parte dele) que lhe compete,após a abertura da sucessão. Como a sucessão somente se abre após amorte do autor da herança, conclui-se que não pode haver cessão de herançade pessoa estiver viva. Até porque o art. 426, CC proíbe que a herança depessoa viva seja objeto de contrato. Falecendo o autor da herança, esta setransmite de imediato aos herdeiros, permanecendo em estado de indivisão atéa partilha final. Durante este período (entre a abertura da sucessão e a partilhafinal) um herdeiro pode ceder seus direitos hereditários a terceiros.

03) Alternativa correta: letra “d”. A herança também é chamada deespólio ou monte. Ela constitui uma universalidade de bens sempersonalidade jurídica, um patrimônio único, um conjunto de direitos (ativo) edeveres (as dívidas, o passivo), representado pelo inventariante, até ahomologação da partilha. É uma universalidade de direito (vejam os arts 1.791e 91, CC). Para os efeitos legais a sucessão aberta é tida como imóvel (art. 80,II, CC). Há alguns direitos que não se transmitem por herança (ex: direitospersonalíssimos, usufruto, etc.). No tocante às dívidas, os herdeiros sórespondem até os limites da herança. É indivisível até à partilha, tratando-sede um condomínio forçado. Cada coerdeiro possui uma parte ideal daherança. O coerdeiro não pode vender ou hipotecar parte determinada decoisa comum ao espólio, mas pode ceder os direitos hereditáriosconcernentes à sua parte ideal. No entanto os demais coerdeiros possuemdireito de preferência.

04) Alternativa correta: letra “d”. Como vimos em aula e na questãoanterior, mesmo havendo apenas bens móveis na herança, ela continua sendoconsiderada como bem imóvel por determinação legal (ainda que os bensindividualizados sejam, de fato, móveis). Os bens são inalienáveis e indivisíveis

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(art. 1.791 e parágrafo único, CC) até a partilha. No entanto é possível acessão de direitos em relação a estes bens. A cessão só poderá ser feita porescritura pública, conforme determinação dos artigos 1.793 e 166, IV, CC.

05) Alternativa correta: letra “c”. O art. 1.793, §3°, CC, declara comoineficaz (nula) a disposição de bem componente do acervo da herança enquantopendente a indivisibilidade (antes da partilha), se esta for realizada sem adevida autorização judicial. Como vimos a herança é considerada como um bemimóvel (art. 80, II, CC), independentemente dos bens nela contidos. Portanto aletra “a” está errada. A herança é inalienável, podendo haver cessão, sendo queesta pode ser feita antes da partilha (art. 1.793, CC – letras “b” e “d” erradas).

06) Alternativa correta: letra “a”. A cessão onerosa de quota da herançasó pode ser feita a pessoa estranha depois de oferecida aos coerdeiros, para queexerçam o direito de preferência, tanto por tanto, conforme determinação doart. 1794, CC. Como vimos, é proibida a herança de pessoa viva, tambémchamada de pacta corvina (art. 426, CC), em qualquer hipótese (letra “b” estáerrada). Uma pessoa pode deixar parte de sua herança para uma determinadapessoa (sucessão testamentária) e o resto ser partilhado como sucessãolegítima; assim pode coexistir, na mesma sucessão, suas duas modalidades desucessão: legítima e testamentária (letra “c” está errada). O companheiro não éconsiderado como herdeiro necessário. A relação dos herdeiros necessários estáno artigo 1.845, CC (letra “d” está errada).

07) Alternativa correta: letra “b”. Legitimidade sucessória é a aptidão deuma pessoa para receber a herança do “de cujus”. Observem que todas aspessoas mencionadas nas alternativas podem receber herança, de uma formageral. Mas notem que no cabeçalho da questão o examinador menciona emsucessão legítima. Neste caso, por força do art. 1.798, CC, só estão legitimadasa receber herança as pessoas nascidas e as já concebidas (já têm seu direitopatrimonial em estado potencial, faltando-lhes ainda personalidade jurídicamaterial). A pessoa ainda não concebida (prole eventual – letra “a”) e a pessoajurídica podem herdar, mas apenas se houver previsão testamentária, com baseno art. 1.799, inciso I, CC (sucessão testamentária). Observem que a letra “c”não estaria errada (está incompleta), não fosse a expressão “apenas”.

08) Alternativa incorreta: letra “d”. As pessoas jurídicas podem sucedercausa mortis, desde que a sucessão seja testamentária (art. 1.799, inciso II,CC). A letra “a” está certa nos termos do art. 1.785, CC. A letra “b” está corretanos termos do art. 1.790, CC. A letra ”c” está correta nos termos do art. 1.798,CC.

09) Alternativa correta: letra “d”. A aceitação da herança é um atojurídico unilateral, expresso ou tácito, pelo qual o herdeiro manifesta suavontade de receber a herança. A aceitação tácita decorre da prática de atospróprios de herdeiro. Não se considera como aceitação tácita os atos oficiosos(ex: funeral do de cujus), os atos meramente conservatórios dos bens,administração e guarda provisória. Também não importa aceitação a cessãogratuita (pura e simples) da herança aos demais coerdeiros (isto é, a renúnciaabdicativa), conforme previsão contida no art. 1.805, CC.

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10) Alternativa correta: letra “e”. Isto porque o art. 1.808, CC prevê quenão se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.Por este mesmo fundamento a letra “a” está errada (não pode haver renúnciaparcial). A letra “b” está errada, pois o art. 1.806, CC determina que a renúnciada herança deve constar expressamente de instrumento público ou termojudicial. Assim, a contrário senso, a renúncia da herança não se pode dar porinstrumento particular. A letra “c” está errada, pois o art. 1.805, CC permite aaceitação tácita, quando resultar de atos próprios de herdeiro (ex: cobrança dedívida do espólio, transporte de bens de herança para o seu domicílio, etc.).Finamente a letra “d” está errada, pois a transmissão dos bens se dá assim queé aberta a sucessão (ou seja, com a morte do de cujus – art. 1.784, CC). Trata-se da aplicação do Princípio da Saisine.

11) Alternativa correta: letra “c”. Em algumas hipóteses, ligadasdiretamente a normas de direito público, nosso direito não aceita que secoloquem condições. Estes atos geralmente estão presentes no Direito deFamília e das Sucessões e são chamados de atos puros. Exemplos: condição denão se casar, condição para se reconhecer filhos, de emancipação, de exílio oumorada perpétua em determinado lugar, mudança de religião (atenta contra aliberdade de consciência assegurada pela Constituição), proibição de exercerdeterminada profissão. Entre estes atos estão também a aceitação ou arenúncia da herança. Estes atos devem ser puros e simples, sem condições.Neste sentido é o art. 1.808, CC: não se pode aceitar ou renunciar a herança emparte, sob condição ou a termo.

12) Alternativa correta: letra “c”. O art. 1.845, CC, determina que sãoherdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge do autorda herança. Esses herdeiros têm direito à metade dos bens da herança(legítima), só podendo ser afastado da sucessão por indignidade ou pordeserdação. A letra “a” está errada, pois considera o cônjuge como herdeirofacultativo. A letra “b” está errada, pois os colaterais não são herdeirosnecessários; alem disso a expressão “nunca” também torna a alternativaincorreta. Na letra “d” a expressão “somente” é que torna a questão errada.

13) Alternativa correta: letra “b”. Apenas um cuidado, pois a questãodeseja que se assinale a hipótese em que a pessoa não é herdeira necessária.São herdeiros necessários (art. 1.845, CC): descendentes (inclui-se o filhoadotivo, pois a lei proíbe qualquer discriminação quanto a origem da filiação),descendentes (pais, avós, etc.) e cônjuge. Logo, por exclusão, os irmãos(colaterais em segundo grau) não são herdeiros necessários.

14) Alternativa correta: letra “d”. O companheiro sobrevivente, nostermos do art. 1.790, CC, só tem direito à sucessão dos bens adquiridos deforma onerosa na constância da união estável, pelo outro companheiro. Comono problema os bens foram adquiridos de forma gratuita (herança), acompanheira de Antônio (Beatriz) nada terá direito. Maria também nadareceberá, pois já era divorciada de Antônio quando o mesmo herdou. Portantosomente os filhos de Antônio herdarão. Se os bens fossem adquiridosonerosamente na constância da união estável, aí sim Beatriz teria direito à

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meação e ainda receberia, como herança, metade do que coubesse a cada umdos filhos de Antônio. Nesta hipótese a alternativa “c” estaria correta.

15) Alternativa incorreta: letra “a”. A sucessão do companheiro estáprevista no art. 1.790, CC, abrangendo apenas os bens adquiridosonerosamente na constância da união estável. O inciso I, do citado artigo,garante à companheira uma quota equivalente à que por lei for atribuída aosfilhos comuns do casal. Ela receberia metade do que coubesse aos demaisfilhos, se estes fossem descendentes apenas do autor da herança. A alternativafala em filhos comuns, por isso está errada. Como vimos em questões anteriorespode haver a cessão de direitos hereditários, respeitando-se o direito depreferência (letra “b” correta). Um testamento, seja ele qual for, pode serrevogado por outro, também seja ele qual for, não havendo uma hierarquiaentre os testamentos (letra “c” correta). Registrado um testamento, o prazopara impugná-lo é de cinco anos (letra “d” correta – art. 1.859, CC).

16) Alternativa correta: letra “b”. Vamos recordar. Um companheiroparticipará na sucessão do outro quanto aos bens adquiridos onerosamente, naconstância da união estável (art. 1.790, CC): a) se concorrer com filhoscomuns terá direito a mesma quota destes; b) se concorrer com descendentessó do autor da herança (o de cujus), terá direito à metade do que couber a cadafilho; c) se concorrer com outros parentes sucessíveis (ascendentes oucolaterais) terá direito a um terço da herança; não havendo parentessucessíveis, terá direito à totalidade da herança. No caso o companheiro estáconcorrendo com colateral – que pode ser de 2º grau (irmãos), 3º grau (tios esobrinhos) ou 4º grau (primos e tios-avô). Portanto, na questão proposta, ocompanheiro terá direito a 1/3 da herança, dos bens adquiridos onerosamentena vigência da união estável.

17) Alternativa correta: letra “c”. A questão poderia ser mais clara. Istoporque o art. 1.790, CC trata de forma diferente duas situações: a) se os filhosforem comuns o companheiro terá uma quota igual a deles (inciso I); b) se osfilhos forem só do autor da herança caberá ao companheiro metade do quecouber a cada um dos filhos (inciso II). Como a questão coloca a frase “só daherança do que couber a cada um deles” e não há alternativa se referindo àquota igual (apenas frações), por exclusão, ficamos com a hipótese “um meio”.Reforçamos: esta questão se refere a um concurso muito importante e por issodeveria ser bem mais elaborada para evitar erros de interpretação. Mas nãofoi... Nem por isso foi anulada. Portanto devemos ter muito cuidado...

18) Alternativa correta: letra “d”. Nos termos do disposto no art. 1.851,CC a herança pode ser deferida por direito próprio (ou seja, ao herdeiro maispróximo) ou por representação (quando se é chamado pela lei, a receber nolugar de um herdeiro pré-morto, que era mais próximo do de cujus). Quemherda por representação, herda por estirpe, recebendo o que receberia orepresentado, se vivo fosse. Lembrem-se que somente haverá o direito derepresentação na sucessão legítima (e não na testamentária). Vejam oscomentários da próxima questão, que completam a presente questão.

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19) Alternativa correta: letra “d”. Dá-se o direito de representaçãoquando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos,em que ele sucederia, se vivesse (art. 1.851, CC). A representação só éadmitida na linha reta descendente (art. 1.852, CC) e na linha transversal(também chamada de colateral), em favor dos filhos de irmãos do falecido(sobrinhos), quando com irmãos deste concorrerem (art. 1.853, CC). Não hádireito de representação na linha ascendente. Como vimos, o companheirosomente terá direito à totalidade dos bens na sucessão no caso de não haverdescendentes, ascendentes e colaterais (letra “a” está errada). Quando há arenúncia, o quinhão correspondente à parte do renunciante acrescenta aosdemais herdeiros do de cujus (herdeiros da mesma classe – direito de acrescer)e não aos sucessores do renunciante. Os descendentes do renunciante, nestecaso, não herdam por representação (letra “b” errada). Lembrando que arenúncia é um ato irretratável e irrevogável. Os colaterais herdam no caso denão haver descendentes, ascendentes e cônjuge do de cujus. Repartem aherança com o companheiro do falecido. Não havendo companheiro herdam natotalidade (letra “c” errada).

20) Alternativa correta: letra “e”. Estão corretas as afirmações I, II e IV.A questão, muito bem elaborada, trata sobre a representação. A afirmação Iestá correta, pois na linha ascendente não há representação (art. 1.852, CC). Seo de cujus deixou pai e mãe vivos, a herança será entregue a eles em partesiguais. Se apenas um dos genitores for vivo a este será transmitida toda aherança, ainda que sobrevivam os ascendentes do outro. Portanto, na questão,o pai tudo herdará. A afirmação II está correta, pois há o direito derepresentação na linha colateral em favor de filhos de irmão do falecido (são ossobrinhos), quando com o irmão deste concorrerem (art. 1.853, CC). Naquestão, Pedro, filho de um irmão já falecido irá concorrer com os outros irmãosde Antônio. A afirmação III está errada, pois na linha colateral (ou transversal)não há direito de representação pelos filhos de tios já falecidos. O filho doterceiro tio mencionado na questão nada herdará. Como vimos na linha colateralsó há representação na hipótese de filhos de irmãos (sobrinhos). A afirmação IVestá correta, pois no caso os três herdeiros são sobrinhos do de cujus. Todosestão na mesma classe (colaterais). Dentro desta classe todos estão no mesmograu (sobrinhos → 3o grau). Portanto a sucessão será por cabeça. No casodivide-se a herança em três partes iguais.

21) Alternativa correta: letra “c”. O testamento público é feito portabelião, em livro de notas, de acordo com a vontade declarada pelo testador.Deve ser lido em voz alta, em língua nacional, escrito por oficial público eassinado pelo testador, pelo tabelião e por duas testemunhas idôneas (logo aalternativa “a” está errada). Como é exarado verbalmente, o mudo não podetestar desta forma. Com a abertura da sucessão ele é apresentado em juízo,sendo que não tendo vícios, o Juiz ordena o seu registro e cumprimento. Dianteda solenidade imposta, entendeu o legislador que ao cego somente deve serpermitido o testamento público, como forma de protegê-lo (art. 1.867, CC). Oart. 1.894, parágrafo único, CC permite que o testamento público seja escritomanualmente ou mecanicamente, por isso a letra “b” está errada. Não há nada

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na lei que obrigue que o testamento seja feito apenas nas dependências de umtabelionato, por isso a alternativa “d” está errada. Finalmente estabelece o art. 1.865, CC que se o testador não souber ou não puder assinar, o tabelião (ou oseu substituto) legal assim o declarará, assinando, neste caso pelo testador, e, aseu rogo (ou seja, a seu pedido), uma das testemunhas instrumentárias.

22) Alternativa correta: letra “d”. Testamento é um ato personalíssimo,unilateral, solene e revogável pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte deseu patrimônio para depois de sua morte, podendo também fazer outrasdisposições de caráter não-patrimonial. O testamento também não pode serfeito em conjunto com outra pessoa (art. 1.863, CC). Portanto o que está erradoé a sua irrevogabilidade, pois o testamento pode ser revogado por outro, sejaele da natureza que for, posto que não há uma hierarquia entre os testamentos.

23) Alternativa correta: letra “c”. O testamento é um ato unilateral eindividual, não podendo ser feito em conjunto com outra pessoa (art. 1.863,CC). É nulo o chamado testamento conjuntivo (ou “de mão comum”), em queduas pessoas dispõem de seus bens por meio de um só um testamento paraambos.

24) Alternativa correta: letra “e”. Questão bem objetiva. O art. 1.876, CCtrata do testamento particular, que pode ser escrito de próprio punho pelotestador. Este dispositivo exige que o ato seja presenciado por 03 (três)testemunhas.

25) Alternativa correta: letra “b”. Rompimento é a inutilização dotestamento por perda de validade em razão da ocorrência de certos fatosprevistos em lei. A alternativa “b” traz disposição idêntica à redação do artigo 1.973, CC. O rompimento do testamento é, portanto, uma forma de revogaçãopresumida, ficta ou legal, de todos os seus termos. Não confundir o rompimento(espécie de revogação ficta), com a revogação propriamente dita, prevista noart. 1.969, CC, que é o ato consciente do testador que torna ineficaz otestamento anterior (ex: faz um novo testamento), hipótese prevista naalternativa “c”. Se a quota disponível deixada a terceiros ultrapassar o limite de50%, afetando a legítima, poderão os herdeiros necessários, por meio de açãoprópria, pleitear a redução das disposições testamentárias e das doações. Nãose anula o testamento, mas procede-se a uma transferência de bens da quotadisponível para a legítima, integrando-se o que foi desfalcado. Por tal motivo aletra “a” também está errada, pois não se trata de hipótese de rompimento detestamento. A letra “d” trata da deserdação, estando também incorreta.

26) Alternativa correta: letra “a”. Conforme redação do art. 1.812, CC sãoirrevogáveis os atos de aceitação ou renúncia da herança. A letra “b” estáincompleta, pois o cônjuge também é herdeiro necessário (art. 1.845, CC). Otestamento público deve ser presenciado por 02 (duas) testemunhas (art. 1864,II, CC) e não 03 (três) como disposto na alternativa “c”. Os herdeirosnecessários podem ser deserdados. Não pela simples vontade ou capricho dotestador, mas por uma causa legítima, prevista na lei, como por exemplo, atentativa de homicídio doloso praticada contra o autor da herança. Outras

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hipóteses de deserdação: conferir os artigos 1.814, 1.962 e 1.963 todos do CC.Desta forma a letra “d” também está errada.

27) Alternativa correta: letra “a”. As testemunhas testamentárias sãochamadas de instrumentárias, pois subscrevem o ato para o qual foramconvocadas, tendo um dever de fiscalização das solenidades do atotestamentário. O atual Código Civil não trouxe regras específicas sobre astestemunhas testamentárias. Por isso aplicam-se as disposições gerais do art.228, CC. Qualquer pessoa pode ser testemunha, excluindo-se aquelas que a leideterminar de modo expresso. São absolutamente incapazes de testemunhar:menor de 16 anos, enfermo mental, surdo, cego e analfabeto (até porque atestemunha deve ler e assinar o testamento). O efeito é a nulidade de plenodireito do testamento. São relativamente incapazes de testemunhar: herdeirose legatários instituídos, bem como os seus ascendentes, descendentes irmãos ecônjuge. Efeito → a doutrina entende que não há nulidade do testamento em si,porém são nulas as disposições feitas em favor do incapaz. Embora não hajauma previsão expressa, entende-se que os cegos e os surdos não podem sertestemunhas (nulidade absoluta), devido à grande complexidade do ato e desuas solenidades, requerendo-se, concomitantemente o uso da visão e daaudição, para se certificar de que todas as solenidades legais foram realmentecumpridas no ato (art. 228, III, CC). Por outro lado, não há proibição paraser testemunha (segundo a jurisprudência): funcionários do cartório onde selavrou o testamento, testamenteiro, tutores, estrangeiros, amigos íntimos dotestador, pessoas obrigadas a guardar segredo profissional (médicos eadvogados), representantes ou diretores de pessoas jurídicas eventualmentecontempladas, etc.

28) Alternativa incorreta: letra “b”. Chama-se direito de representaçãoquando se é chamado pela lei, a receber a herança no lugar de um herdeiro pré-morto, que era mais próximo do “de cujus”. Quem herda por representação,herda por estirpe, recebendo o que receberia o representado, se vivo fosse. Seum herdeiro for declaro indigno, seus sucessores herdam com se o indigno fossemorto antes da abertura da sucessão, portanto a letra “b” está errada. O direitode representação só é admitido na linha reta descendente (letra “d” correta –art. 1852, CC) e na linha transversal (também chamada de colateral), em favordos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem (são ossobrinhos – art. 1.853, CC – letra “c” correta). Não há direito de representaçãona linha ascendente (letra “a” correta).

29) Alternativa correta: letra “c”. O direito de representação implicadivisão da herança por estirpe (e não por cabeça). A letra “a” está errada, poisse verifica na linha descendente, mas não na ascendente. A letra “b” estáerrada, pois na linha colateral é possível em relação aos filhos do irmão falecido(sobrinhos).

30) Alternativa incorreta: letra “a”. Conforme o disposto no art. 1.836,§2o, CC, havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes dalinha paterna herdam a metade, cabendo a outra metade aos ascendentes dalinha materna. Desta forma a alternativa “a” está errada, pois a herança nãoserá dividida em três partes, mas sim em duas partes. A avó materna ficará

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com metade da herança, o avô paterno ficará com 25% da herança e a avópaterna ficará com 25% da herança. As demais alternativas, como vimos naaula e em diversas outras questões, estão perfeitas.

31) Alternativa incorreta: letra “e”. Esta alternativa está errada, pois hádiferença no fato dos filhos do de cujus serem ou não também filhos da viúva.Reparem no seguinte exemplo clássico. “A” faleceu deixando esposa e cincofilhos que não são do cônjuge sobrevivente; neste caso a herança será divididaem seis partes iguais, cada um dos filhos e a esposa receberão um sexto. Seestes filhos forem também do cônjuge sobrevivente, a participação deles ficaráreduzida diante do limite da quota mínima estabelecida pela lei: o cônjuge ficarácom um quarto e os demais três quartos serão partilhados entre os seus cincofilhos. É o que determina o art. 1.832, CC. A alternativa “a” está correta, pois oart. 1.831, CC prevê que ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regimede bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba naherança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado àresidência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Aletra “b” esta correta, pois o art. 1.832, CC prevê que caberá ao cônjuge, emconcorrência com os descendentes, quinhão igual ao dos que sucederem porcabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança. A letra“c” está correta, pois os irmãos são herdeiros colaterais. E estes herdamsomente após o cônjuge. O art. 1.838, CC determina que na falta dedescendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjugesobrevivente. Finalmente a letra “d” está correta, pois o art. 1.836, CCdetermina que na falta de descendentes, são chamados à sucessão osascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.

32) Alternativa incorreta: letra “c”. Segundo o art. 1.845, CC, sãoherdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Portanto,os colaterais não fazem parte deste grupo. As demais alternativas estãocorretas. A letra “a” está correta, pois uma classe de herdeiros somente seráchamada quando faltarem herdeiros da classe precedente. Por outro lado,havendo descendentes, são excluídos da sucessão os ascendentes. A letra “b”está correta, pois o art. 1.838, CC determina que na falta de descendentes eascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente.Finalmente a letra “d” está correta, pois estabelece o art. 1790, III, CC que oconvivente sobrevivente participará da sucessão do outro, quanto aos bensadquiridos onerosamente na vigência da união estável. Se o de cujos não tinhadescendentes, o convivente irá concorrer com os outros parentes sucessíveis,inclusive os ascendentes daquele, tendo direito a um terço da herança.Lembrando que não havendo parentes sucessíveis, o companheiro terá direito àtotalidade da herança.

33) Alternativa correta: letra “c”. Trata-se de uma ótima e difícil questão,pois exige conhecimentos sobre o Direito de Família (Regime de Bens) etambém desta aula sobre Sucessões. A afirmativa I está errada. No regime daseparação final nos aquestos (exige-se pacto antenupcial), há um misto deoutros dois regimes: durante a constância do casamento vigoram as regrassemelhantes ao regime da separação total de bens; dissolvida a sociedade

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conjugal, em tese, vigoram as regras da comunhão parcial. Assim, havendo adissolução do matrimônio (seja pela morte, seja pelo divórcio), haverá ameação. Isto é, será conferido a cada consorte, metade dos bens amealhadospelo casal. Mas na hipótese de morte de um dos cônjuges, o sobrevivente aindaterá direito à herança, conforme dispõe o art. 1.829, I, CC (uma vez que não háressalvas quanto a este regime de bens). Portanto, na questão, Hécuba terádireito à meação e também direito à sucessão de Príamo. A afirmativa II estácorreta. Mesmo na separação absoluta de bens (convencional, decorrente depacto antenupcial e não de separação obrigatória ou legal), o cônjugesobrevivente tem direito à sucessão (art. 1.829, I, CC). Observem que ele temdireito à herança, e não à meação. No caso da questão Heitor faleceu deixandoesposa e três avós (um paterno e dois maternos). Aplica-se então o art. 1.837,segunda parte do CC: o cônjuge terá direito à metade dos bens se o de cujus sódeixou um ascendente ou se só deixou ascendentes de grau maior. No caso ofalecido não deixou pais (somente avós), portanto o cônjuge terá direito àmetade dos bens (Andrômaca terá direito a 50% de tudo). Já a outra metadeserá dividida por dois. Reparem que o art. 1.836, §2o, CC determina que osascendentes da linha paterna herdam a metade e os da materna a outrametade. Portanto a avó paterna de Heitor receberá 25% (metade da outrametade). E os outros 25% serão divididos entre os avós maternos de Heitor(12,5% para cada um). Ufa...

34) Alternativa correta: letra “a”. Apesar da questão ser grande, tanto noenunciado, quanto nas alternativas, seu ponto central é simples. O examinadorquer saber: há hierarquia entre os testamentos? Existe repristinação em relaçãoaos testamentos? Resposta: não há hierarquia; prevalece sempre o último. Alémdisso, a pessoa revogando o segundo testamento, esse ato não restaura oprimeiro testamento que já havia sido revogado (exceto se esta restauração forexpressa). Na questão, o último testamento revogou o anterior, nãoestabelecendo novas disposições, não contemplando ninguém. Por tal motivo aherança será distribuída pela sucessão legítima, seguindo a ordem prevista nalei e não mais pela sucessão testamentária.

35) Alternativa correta: letra “b”. A resposta está nos artigos 1.814, 1.962 e 1.963, CC. Das hipóteses mencionadas na questão a única que encontrarespaldo expresso na lei é a de se atentar contra a honra da pessoa a quesucedeu. Inicialmente sabemos que um herdeiro, até mesmo necessário, podeser excluído da sucessão, portanto a letra “a” está errada. Notem que a letra “c”fala em tentativa contra a vida de outro interessado na sucessão (o que não é ocaso de exclusão da sucessão) e a letra “d” fala em cogitação do atentadocontra a vida. Ora, a cogitação não é crime, não sendo também causa deexclusão da herança.

36) Alternativa correta: letra “d”. A fundamentação é a mesma daresposta anterior. No entanto, acrescente-se: o art. 1.964, CC determina quesomente com a declaração de causa pode a deserdação ser ordenada emtestamento. Além disso, o herdeiro instituído ou àquele a quem aproveite adeserdação é que incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador,

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por meio de ação própria. O prazo para isso é de 04 (quatro) anos, a contar dadata da abertura do testamento (art. 1.965 e parágrafo único, CC).

37) Alternativa correta: letra “a”. A letra “b” está errada, pois odescendente pode deserdar o ascendente (art. 1.961 e 1.963, CC). A letra “c”está errada, pois o art. 1.964, CC determina que somente com expressadeclaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento. A letra “d”está errada, pois o Código Civil não exige prévia condenação criminal para aimposição da pena civil (deserdação).

38) Alternativa correta – letra “c”. Como vimos, o testamento cerrado é oescrito em caráter sigiloso, possuindo inúmeras formalidades. E qualquer víciopode invalidá-lo. Morto o testador deve este tipo de testamento ser apresentadoao Juiz para sua abertura. Se o lacre do testamento for aberto em outrasituação ele perde sua validade. No caso da questão Tício rompeu o testamento.Portanto ele perdeu sua validade. Como Caio não tinha outros herdeiros(descendentes, ascendentes e cônjuge), a herança irá toda para aMunicipalidade (art. 1.844, CC). É interessante esclarecer que o Código permiteao Juiz que “se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade oususpeito de falsidade”, pode ordenar o seu registro e cumprimento. Assim, naprática, mesmo havendo um vício que entenda não essencial, não havendoindício de falsidade, o Juiz pode considerá-lo como válido.

39) Alternativa incorreta: letra “d”. A aceitação da herança é o atojurídico unilateral, expresso ou tácito, pelo qual o herdeiro manifesta suavontade de receber a herança. A aceitação tácita decorre da prática de atospróprios de herdeiro, com exceção dos atos oficiosos (funeral), dos atosmeramente conservatórios e a cessão gratuita aos demais coerdeiros (isto é, arenúncia abdicativa), conforme previsão contida no art. 1.805, CC. Já o art. 1.808, CC determina que não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte,sob condição ou a termo. Por tal motivo a letra “c” está correta. A letra “a” estácorreta, pois o art. 1.647, CC determina que, ressalvado o regime da separaçãoabsoluta de bens, um cônjuge não poderá, sem autorização do outro alienar ougravar de ônus real os bens imóveis. A sucessão é considerada como um bemimóvel (art. 80, II, CC). Portanto, sendo pessoa casada, a renúncia à herança(bem imóvel) depende de outorga (uxória ou marital). A letra “b” também estácorreta, pois a renúncia da herança deve constar expressamente de instrumentopúblico ou termo judicial (art. 1.806, CC).

40) Alternativa correta: letra “d”. A herança também é chamada deespólio ou monte. Constitui ela uma universalidade de bens sempersonalidade jurídica, um patrimônio único, um conjunto de direitos (o ativo) ede obrigações (o passivo; as dívidas). O espólio é representado peloinventariante, até a homologação da partilha. É uma universalidade de direito(vejam os arts. 1.791 e 91, CC). Para os efeitos legais a sucessão aberta é tidacomo sendo um bem imóvel (art. 80, II, CC). Lembrem-se que há direitos quenão se transmitem (ex: direitos personalíssimos, usufruto, etc.). No tocante àsdívidas, os herdeiros só respondem até os limites da herança. É indivisível atéà partilha; é um condomínio forçado. Cada coerdeiro possui uma parte idealda herança. O coerdeiro não pode vender ou hipotecar parte determinada de

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coisa comum ao espólio, mas pode ceder os direitos hereditáriosconcernentes à sua parte ideal. No entanto os demais coerdeiros possuemdireito de preferência. Portanto, por exclusão, a única alternativa correta é a“d”.

41) Alternativa correta: letra “c”. Apesar de ter caído em um exame paraJuiz, com grau de dificuldade, trata-se de um teste bem didático, pois quatrodas alternativas estão corretas, sendo que a simples leitura do teste já é umexercício de fixação da matéria. O erro na alternativa apontada é sutil. O art. 1.799, CC permite que na sucessão testamentária possa ser chamado a sucederos filhos ainda não concebidos de pessoas indicadas pelo testador desde quevivas estas ao abrir-se a sucessão. Exemplificando: José pode deixar umaherança (a chamada parte disponível e por meio de um testamento) ao filho deCarlos, sendo que no momento da feitura do testamento, Carlos não tinha filhose nem ao menos era casado. Quando José falecer se Carlos já tinha filho, aherança irá para este filho. Se Carlos ainda não tinha filhos, é necessário quepelo menos Carlos ainda esteja vivo no momento da abertura da sucessão.Carlos está vivo, mas ainda não tem filhos. Aguarda-se mais 02 (dois) anosapós a abertura da sucessão. Se neste período Carlos tiver um filho o bem irápara este. Se Carlos mesmo assim não tiver filhos neste prazo, os bens irãopara os herdeiros legítimos de José. É o que determina o art. 1.800, §4º, CC.Portanto a afirmativa contém dois erros sutis: o prazo apontado pela lei é dedois anos (e não três como na questão); além disso, os bens irão para osdemais herdeiros legítimos (e não testamentários) do de cujus. As demaisalternativas estão corretas, sendo que se trata de cópia de texto literal deartigos do Código Civil: letra “a” → art. 1.845; letra “b” → art. 1.794; letra “d”→ art. 1.830; letra “e” → art. 1.909 e seu parágrafo único.

42) Alternativa correta: letra “c”. A renúncia da herança consiste no atojurídico unilateral pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita aherança a que tem direito, abrindo mão de sua titularidade. Trata-se de um atosolene, devendo ser feito por escritura pública (perante o tabelião) ou portermo nos autos (perante o juiz). No caso o simples fato dos filhos forneceremprocuração a advogado não induz a aceitação da herança. No caso a aceitaçãoteria sido válida se o advogado já estivesse ingressado com a ação e eles jáestivessem representados no processo de inventário. Os filhos renunciaram aherança de forma “pura e simples”, portanto trata-se de uma “cessãoabdicativa”, gratuita e sem indicar quem irá representá-los na sucessão. Poresse motivo, não incidirá nova tributação. No entanto, se os herdeiros“renunciassem em favor de outrem”, isto não se configura em uma renúnciapropriamente dita. Seria uma “renúncia translativa”. Na verdade iria se tratar deuma aceitação com uma imediata transmissão dos bens, havendo a incidênciade tributação causa mortis e logo a seguir outra inter vivos.

43) Alternativa correta: letra “e”. Segundo o art. 1.845, CC, são herdeirosnecessários (também chamados de legitimários ou reservatários): a) osdescendentes (filhos, netos, bisnetos, etc.); b) os ascendentes (pais, avós,bisavós, etc.); c) e o cônjuge sobrevivente, não importando qual seja o regimede bens adotado no casamento. Lembrem-se os herdeiros necessários têm

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direito à metade dos bens da herança. Esta parte da herança é chamada delegítima. A outra parte da herança é chamada de parte disponível, que é a parteem que o de cujus pode deixar para qualquer pessoa por meio de umtestamento. Somente na hipótese de não haver herdeiros necessários o testadorpode deixar todo o seu patrimônio a quem quiser. Lembrem-se, também, quemesmo um herdeiro necessário pode ser excluído da sucessão através doinstituto da deserdação.

44) Alternativa incorreta: letra “b”. Como vimos em questões anteriores,ocorre o direito de representação, quando a lei chama certos parentes dofalecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.Revejam os arts. 1.851/1.856, CC. No entanto o direito de representação não seaplica à sucessão testamentária (apenas na legítima) e por isso a alternativaestá errada. A letra “a” está correta, pois se uma pessoa, em seu testamentoavançar na parte disponível dos herdeiros, haverá uma redução nesta disposiçãotestamentária. Ex: uma pessoa viúva tem um filho e quatro casas de mesmovalor. Metade destes bens (duas casas) será de seu filho (herdeiro necessário).A outra metade é a chamada de parte disponível da herança, a qual o testadorpoderá doar para quem quiser. No entanto digamos esta pessoa faça umtestamento e deixe três casas a um amigo seu. Neste caso o testador “avançou”na parte que seria de seu filho. Não se anula o testamento. Apenas haverá umaredução da disposição: no caso concreto o amigo ficará não com as três casas,mas com duas, que é a parte disponível do testador. Isto está previsto no art. 1.967, CC. A letra “c” está correta, pois a parte disponível pode ser entregue aqualquer pessoa: à esposa, à companheira, a um outro filho e até mesmo a umestranho ou a uma pessoa jurídica. A letra “d” está correta, pois o art. 1.860,parágrafo único, CC dispõe que podem fazer testamento os maiores dedezesseis anos. Finalmente a letra “e” também está correta, pois o art. 1.865,CC dispõe que se o testador não souber (ou não puder) assinar, ele poderátestar de forma pública (a única permitida a ele), mas o tabelião deve constareste fato do termo e o assinará juntamente com uma testemunhainstrumentária.

45) Alternativa correta: letra “a”. A questão aparentemente é confusa,mas ao lermos o enunciado com atenção, veremos que não é tão difícil. Antesde verificarmos qual a alternativa correta, vamos analisar como a herança deAntônio será repartida. Ele era casado sob o regime da comunhão universal.Logo sua esposa Bruna fará jus a 50% dos bens (R$ 120.000,00). Não comoherança. Mas sim como meação. Observem que exatamente por causa doregime escolhido, Bruna não terá direito à herança (releiam a tabela queelaboramos a respeito). A outra parte será dividida pela sucessão legítima, poispela questão Antônio não deixou testamento. Ele possuía dois filhos: César eDaniela. Portanto caberia a cada um R$ 60.000,00. Ocorre que César éconsiderado pré-morto em relação a seu pai. Logo seus filhos (Fábio e Gabriela,herdarão por representação), cabendo a cada um R$ 30.000,00. Eliana nadaherdará, pois além de seu casamento ser por comunhão parcial (os bensrecebidos por herança não se comunicam), seu marido é pré-morto. Portanto adivisão será a seguinte: Bruna – R$ 120.000,00 (meação); Daniela – R$

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60.000,00 (filha); Fábio e Gabriela – R$ 30.000,00 cada um. Agora,respondendo a questão: Como Bruna é apenas meeira, não receberá herança(eliminamos as alternativas “c” e “d”). Eliana (nora) nada herdará, pois nãopode representar seu marido César (eliminamos também a alternativa “b”).Resta, por exclusão, a alternativa “a”. Vamos analisá-la. Se Daniela renunciar aherança, seu quinhão transmite-se, de imediato, aos outros herdeiros da mesmaclasse. O renunciante é tido como se nunca tivesse existido. Assim, a herançanão será transmitida a sua mãe, Bruna. Pelo mesmo motivo, mesmo queDaniela tivesse filhos, eles nada receberiam. Sua quota iria para seu irmãoCésar (mesma classe). No entanto, como ele também morreu, sua parte iriapara os filhos de César, seus sobrinhos, por representação.

46) Alternativa incorreta: letra “d”. O art. 1.852, CC prevê “o direito derepresentação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente”. Aletra “a” esta correta, pois realmente a viúva, que fora casada em separaçãoconvencional com o de cujus, tem direito de concorrer com os filhos exclusivosdo falecido na sucessão deste. No entanto faria uma ressalva a esta situação:ela teria direito à herança, caso o de cujus tenha deixado bens particulares. Se ode cujus não deixou bens particulares ela somente terá direito à meação (e nãoà herança). E ainda completando a questão: a sua quota na herança será igual àde cada filho, não podendo ser inferior à quarta parte da herança (art. 1.832,CC). A letra “c” também está correta, pois o art. 1.849, CC prevê que umherdeiro necessário (no caso o filho) a quem o testador deixar a sua partedisponível, não perderá o direito da legítima. Finalmente a letra “c” tambémestá correta. Irmão é parente colateral em segundo grau (portanto não éherdeiro necessário) e o art. 1850, CC dispõe que para excluir os herdeiroscolaterais, “basta que o testador disponha de seu patrimônio sem ocontemplar”.

47) Alternativa incorreta: letra “c”. A questão trata do disposto na Lei n° 11.441/07. Não havendo testamento e se todos os interessados forem capazese estiverem de acordo, podem optar (não é uma imposição) por fazer oinventário, a partilha, a separação consensual e o divórcio consensual pelachamada via administrativa (escritura pública). Até mesmo a fixação dealimentos, retomada do nome, etc, podem ser pactuados. No entanto énecessária a presença de advogado no ato. Não pode haver filhos menores.

48) Alternativa correta: letra “b”. Pelo art. 1.947, CC, na substituiçãovulgar o testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatárionomeado, para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar aherança ou o legado, presumindo-se que a substituição foi determinada para asduas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira. A letra “a” estáerrada nos termos do art. 1.959, CC). A letra “c” está errada, pois se refere àsubstituição fideicomissária (arts. 1.951 e seguintes, CC), sendo que asubstituição recíproca está prevista no art. 1.950, CC. A letra “d” está errada,pois se refere ao fideicomisso (e não ao usufruto), sendo que é neste caso emque se permite instituir em favor de pessoas não concebidas.

49) Alternativa correta: letra “a”. Codicilo, previsto nos arts. 1.881/1.885,CC é um ato simplificado de última vontade pelo qual o disponente traça

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diretrizes sobre assuntos de caráter não-patrimonial ou patrimonial, mas depequeno valor, tais como despesas e disposições sobre enterro, dádivas depequeno valor, móveis, roupas, etc. Pode também nomear ou substituir otestamenteiro, perdoar herdeiro indigno, etc. No entanto não é meio idôneopara instituir herdeiros ou legatários, efetuar deserdações, fazer disposições deimóveis, ou reconhecer filho havido fora do casamento. A letra “b” está errada,pois o legatário sucede o autor da herança a título singular; ou seja, otestador deixa ao beneficiário uma coisa ou um direito certo e determinado(arts. 1.912 e seguintes). A letra “c” está errada, pois os herdeiros necessáriossão os descendentes, os ascendentes e o cônjuge (art. 1.845, CC); portanto osirmãos (colaterais) não se encaixam neste conceito. Finalmente a letra “d”também está errada, pois embora não haja previsão expressa no Código Civil, apessoa jurídica não pode fazer testamento. Porém pode receber herança(capacidade testamentária passiva), nos termos do art. 1.799, II, CC.

50) Alternativa correta: letra “a”. Prevê o art. 1.812, CC que sãoirrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. Já o art. 1.823,CC, prevê que quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança,será esta desde logo declarada vacante. A letra “b” está errada, pois umdescendente (herdeiro necessário) somente pode ser privado da herança sendodeserdado, em hipóteses previstas taxativamente pela lei (art. 1.962, CC). Se aomissão foi involuntária, não é hipótese de aplicação da penalidade desonegação (arts. 1.992 a 1.996, CC). Esta somente ocorre no caso de ocultaçãodolosa dos bens que deveriam ser inventariados ou levados à colação, mas queforam desviados. Mesmo não havendo a aplicação da pena de sonegados, deveocorrer uma sobrepartilha, nos termos do art. 2.022, parte final, CC. A letra “d”está errada, pois quando ocorrer a pré-morte, deserdação ou indignidade dedeterminados parentes do de cujus, ocorre a sucessão por representação (e nãopor cabeça), nos termos dos arts. 1.851 a 1.856, CC.

51) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se de uma boa questão que traz,de forma completa, as diferenças entre a família matrimonial e a união estável,quanto aos efeitos sucessórios.

52) Alternativa correta: letra “d”. Nos termos do art. 1.813, CC, quando oherdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, comautorização do Juiz, aceitá-la em nome do renunciante, no prazo de 30 dias.Acrescenta o §2o que pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúnciaquanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. Aalternativa “a” está errada, pois embora sejam proibidos os pactos referentes àherança de pessoa viva (pacta corvina), é possível, mesmo antes do término doinventário, a cessão da herança (art. 1.793, CC). Esta é a transferência que oherdeiro (legítimo ou testamentário) faz a outrem do quinhão hereditário (notodo ou em parte dele), que lhe compete, após a abertura da sucessão, podendoser gratuita ou onerosa. No entanto é necessária a prévia autorização do Juiz dasucessão (art. 1.793, §3º, CC). A letra ”b” está errada, pois o art. 1.785, CCdetermina que a sucessão deve ser aberta no lugar do último domicílio dofalecido. A letra “c” está errada, por a parte disponível é de metade. Obervem oart. 1846, CC: pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade

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dos bens da herança, constituindo a legítima. A letra “e” está errada.Inicialmente é necessário esclarecer que o cônjuge sobrevivente irá dividir aherança com os ascendentes. E, neste tópico, a lei não faz qualquer distinçãoem relação ao regime de bens adotado pelo casal; o cônjuge sobrevivente temdireito à concorrência, qualquer que seja o regime adotado. No caso da questãoo autor da herança deixou pai, mãe e avós. Como o grau mais próximo exclui omais remoto, os avós estão excluídos da sucessão. No caso reserva-se umterço da herança ao cônjuge e os pais do finado ficarão com dois terços. Apenaspara completar a questão. Se o cônjuge concorresse com apenas um dosgenitores, receberia metade da herança. E se concorresse com ascendentes desegundo grau (avós) ou graus superiores, independentemente da quantidade,também lhe tocaria metade da herança.

53) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se do direito de representaçãoprevisto nos arts. 1.810, 1.851 a 1.856, CC. A letra “a” está errada, pois elatrata do direito de acrescer, previsto nos arts. 1.941 a 1.946, CC. Na sucessãolegítima o direito de acrescer ocorre quando um dos herdeiros renuncia aherança. Neste caso a sua parte acresce à dos outros herdeiros da mesmaclasse e, se ele era o único desta classe, devolve-se aos da classe subsequente(art. 1.810, CC). Já na sucessão testamentária ocorre quando vários herdeirosou legatários, pela mesma disposição testamentária, forem conjuntamentechamados à herança em quinhões determinados, e qualquer deles não puder(ex: pré-morte, indignidade, renúncia, etc.) ou não quiser aceitá-la, a sua parteacrescerá à dos outros coerdeiros ou colegatários (salvo direito do substituto –art. 1.941, CC). Neste caso não são chamados os herdeiros do renunciante.Assim, não confundir o direito de acrescer com o direito de representação (emque a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, emque ele sucederia, se vivo fosse – art. 1.851, CC). A letra “c” está errada. Nestecaso a herança será dividida em duas partes (ou montes). Cada uma delas serádestinada a um dos filhos. Como um deles é pré-morto, a parte deste filho serádividida entre seus três filhos (netos do de cujus). Logo, neste caso osherdeiros-netos herdam por estirpe ou representação e não por cabeça. A letra“d” também está errada, pois um testamento não pode alterar a ordem davocação hereditária, especialmente no que toca à legítima dos herdeirosnecessários. A liberdade de dispor dos bens não é total; deve-se respeitar alegítima da herança (art. 1.967, CC). O art. 1.802, CC determina que são nulasas disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder,ainda quando simuladas, sob a forma de contrato oneroso, ou feitas medianteinterposta pessoa. No entanto, quanto aos demais herdeiros não haveriaimpedimento algum. E mais. O testamento é um ato personalíssimo. Destaforma, não pode ser elaborado por um procurador, ainda que com “poderesespeciais”.

GABARITO DOS TESTES DA CESGRANRIO

01) Alternativa correta: letra “e”. Estão corretas as afirmativas II, IV e V. Acláusula de inalienabilidade consiste em um meio de vincular, de forma absolutaou relativa, vitalícia ou temporária, os bens doados ou deixados pelo testador

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aos seus herdeiros, que deles não poderão dispor (vender, doar, etc.). O art. 1.911, CC dispõe que a inalienabilidade, como regra, envolve também aimpenhorabilidade (o bem não pode ser penhorado por dívidas) e aincomunicabilidade (se o beneficiário se casar, o bem não se comunica a seucônjuge, mesmo que o regime adotado seja o da comunhão universal de bens).O artigo em questão fala em “ato de liberalidade”. Logo pode ser instituído tantopor ato inter vivos (ex: pai faz uma doação e institui a cláusula) como por causamortis (ato de última vontade – testamento). Já o art. 1.848, CC determina que,para se estabelecer esta cláusula no testamento, sobre os bens da legítima, énecessária uma “justa causa”. No entanto, não é possível estabelecer talcláusula por meio de contrato, daí porque as afirmativas I e III estão erradas.

GABARITO DOS TESTES DA CESPE/UnB – CERTO OU ERRADO

Questão 01

a) Certo. Capacidade (ou legitimação) sucessória é a capacidade da pessoapara receber os bens deixados pelo de cujus no tempo da abertura da sucessão(art. 1.787, CC). São seus pressupostos: morte do autor da herança,sobrevivência do sucessor (no caso o sucessor morreu antes) e herdeirohumano.

b) Certo. Pois a revogação do testamento somente poderia ser feita pormeio de outro testamento e não por instrumento particular.

Questão 02

a) Certo. É o que determina os artigos 1.784 e 1.791, ambos do CC.

b) Certo. Se o regime for da comunhão universal, o cônjuge não seráherdeiro em concorrência com os descendentes, mas tem assegurada a suameação (art. 1.929, CC).

c) Certo. É o que determina os arts. 1.830 e 1.838, ambos do CC.

Questão 03

a) Certo. O testador pode instituir condições, termos e encargos aobeneficiário (art. 1.897, CC). No caso trata-se do encargo ou modo. As regrasaplicáveis são as da parte geral do Código (arts. 121 a 137).

b) Errado. Segundo o art. 1.939, inciso V, CC, se o legatário falecer antesdo testador haverá a caducidade do legado. Isto porque presume-se que otestador deseja beneficiar uma determinada pessoa, e não os seus herdeiros.Além do mais não cabe direito de representação quanto aos legados. No entantoa cláusula pode não caducar se o testador consignar expressamente no sentidode que os bens irão aos herdeiros do legatário se este morrer antes. Neste casoo testador estará instituindo substitutos para o legatário.

c) Errado. De fato o companheiro pode concorrer com os filhos comuns dode cujus e com os ascendentes desse, quanto aos bens adquiridosonerosamente na vigência da união estável (art. 1.790, I e II, CC). No entanto,

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na falta de descendentes e ascendentes, o companheiro concorrerá com osoutros parentes sucessíveis. Somente se não houver parentes sucessíveis, terádireito à totalidade da herança (art. 1.790, III e IV, CC).

Questão 04

a) Certo (art. 1.784, CC).

b) Certo. Nos termos do art. 27, II, entre outras pessoas, o legatário(herdeiro testamentário) tem legitimidade par requerer a sucessão provisória,por ser considerado como “interessado”.

c) Certo.

d) Errado. Se o filho renunciar, sua quota se transmite aos outros herdeirosda mesma classe, no caso os seus irmãos (outros filhos do de cujus). Trata-sedo direito de acrescer). Portanto, os descendentes do renunciante não herdampor representação.

e) Certo. Art. 2.015, CC, a contrário senso.

DISSERTAÇÕES

Meus Amigos e Alunos

Vejamos agora alguns “probleminhas”, bem como propostas parapequenas dissertações (com gabarito logo a seguir) sobre o que foi visto naaula. Recomendamos, no mínimo, a leitura da indagação com sua respectivaresposta, o que, por si só, já constitui numa excelente forma de recordação eestudo, reforçando e complementando o que foi visto em aula. Além disso, éuma ótima forma de desenvolver o poder de síntese e de redação do aluno,sendo um excelente exercício prático. Vamos então a elas.

01) Vivian foi companheira de Alexandre durante 20 (vinte) anos, constituindocom ele uma típica União Estável, e tendo com ele uma filha. Neste períodoAlexandre adquiriu onerosamente (em decorrência de seu trabalho) todo o seupatrimônio, estimado em 02 (dois) milhões de reais. Alexandre faleceu e ametade do seu patrimônio foi atribuída a Vivian (meação). Além dessa metade,Vivian terá ainda algum direito sucessório?

Resposta: Sim. Vivian terá direito à parte da herança do restante dos bensadquiridos por Alexandre. Notem que estes bens foram adquiridos de formaonerosa e na constância da União Estável. Por isso, além da meaçãodividindo com a filha que teve em comum com Alexandre, em igualdade dequotas, por força do art. 1.790, inciso I do Código Civil.

02) João, solteiro, não tem filhos e nem pais vivos. Tem apenas um tio vivo(Mário) e outro que faleceu (Roberto). Cada um desses tios tem dois filhos vivos(portanto primos de João). Se João falecer, como será a distribuição de suaherança? O que ele pode fazer para alterar esta situação?

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Resposta: João não é casado, não tem ascendente ou descendentes. Por issonão tem herdeiros necessários (art. 1.845, CC). No caso em tela a herança serárecolhida toda (100%) para Mário, que é seu tio (colateral de terceiro grau).Observem que os filhos de Roberto (tio pré-morto) não irão representar seu paina sucessão. Recordem que somente se verifica o direito de representação nalinha reta descendente (e nunca na ascendente), conforme o art. 1.852, CC. Jána linha colateral (que é a hipótese do problema), só ocorrerá em favor dosfilhos de irmãos do falecido (sobrinhos do falecido), quando com irmão desteconcorrerem (art. 1.853, CC). Portanto não haverá direito de representação nocaso do problema, pois eles são seus primos. Para alterar esta situação Joãopoderá fazer um testamento. Como não tem herdeiros necessários podeelaborar um testamento e dispor de forma livre e integral todo o seupatrimônio. Pode, exemplificativamente, deixar o seu patrimônio total paraapenas um dos filhos de Roberto.

03) Pedro faleceu deixando viúva Maria das Graças, com a qual foi casado vinteanos sob o regime da comunhão universal de bens e quantia no valor de R$200.000,00. Ainda deixou o filho João e um outro, Mário, pré-morto, que nãodeixou descendentes. Pedro ainda deixou sua mãe, Josefa, um irmão Jorge e umtio (irmão do pai), Maurício. Quem será legitimado na sucessão de Pedro? Quala quota-parte de cada um?

Resposta: Maria das Graças, por ser casada sob o regime da comunhãouniversal de bens, é cônjuge meeiro. Portanto tem direito à metade de todosos bens de Pedro, ou seja, R$ 100.000,00. Por outro lado ela não se qualificacomo herdeira por força do regime de bens. O filho João deve receber os outrosR$ 100.000,00 a título de herança. Os demais herdeiros não tem direito algumà herança de Pedro. Mário é pré-morto. E como não tem descendentes, nãohaverá herança por representação; apenas por classe. A existência de herdeirona classe descendente (João) afasta a legitimidade sucessória dos herdeiros naclasse ascendente (mãe) e colateral (irmão e tio).

04) José é divorciado, tem dois filhos e um patrimônio composto por umapartamento no valor de trezentos mil reais e mais uma conta-poupança nomesmo valor, totalizando seiscentos mil reais. José, em vida, doou oapartamento para seu filho caçula, sem que houvesse qualquer cláusula especialno contrato de doação. Pouco tempo depois faleceu. Como será feita a partilhade bens?

Resposta: A doação que José fez a seu filho caçula foi sem cláusula especial.Desta forma esta doação é considerada como “adiantamento da legítima”. Logo,quando da abertura do inventário, o mesmo deverá apresentar este bem paraconferência e igualar as legítimas de ambos os filhos (herdeiros necessários).Trata-se da colação (arts. 2.002 e seguintes do CC). Dá-se o nome de colaçãoao ato de retorno ao monte a ser partilhado das liberalidades feitas pelo decujus, antes de sua morte, a seus descendentes. Se o caçula não trouxer o bemà colação ocorrerá o sonegado (arts. 1.992 e seguintes, CC). No caso concreto,como o caçula já recebeu um bem no valor de trezentos mil, o outro filho terádireito a todo dinheiro da conta-poupança, que tem o mesmo valor do imóvel.

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Se José quisesse beneficiar seu filho caçula poderia fazer a doação constando nocontrato cláusula expressa de dispensa do donatário à colação, desde que adoação não ultrapasse a parte disponível (art. 2.005, CC). Se José assim tivesseprocedido, o filho caçula ficaria com o imóvel (metade disponível da herança) emais metade do valor da conta-poupança.

05) Adalberto, não tendo herdeiros necessários, fez um testamento deixandometade de seus bens para José, um grande amigo seu e a outra metade paraBeatriz, filha de uma ex-funcionária de sua empresa, por quem teve sempremuito carinho. Passados alguns anos, Adalberto, já doente e desconfiado queBeatriz poderia ser sua filha, pois ele teve um relacionamento amoroso com afuncionária, resolveu fazer um exame de DNA. O resultado foi positivo: Beatrizrealmente era sua filha. Antes de morrer Adalberto conseguiu regularizar toda asituação de Beatriz, inclusive com a retificação no assento de nascimento deBeatriz, constando sua paternidade. No entanto Adalberto não fez outrotestamento. Pergunta-se: O testamento feito continua válido? José continuatendo direitos sucessórios?

Resposta: Não. No momento em que Adalberto fez seu testamento ele nãotinha ou não sabia que tinha herdeiros necessários. Reconhecendo a filha, otestamento imediatamente se rompeu, independentemente de qualquer outraprovidência. É o que determina o art. 1.973, CC. No caso concreto ocorreu o quese chama de “rompimento do testamento”. Rompido o testamento José nadaherdará sendo que todos os seus bens serão de Beatriz.