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LITERATURA BRASILEIRA – SEMIEXTENSIVO 2015
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AULA 06
POESIA BRASILEIRA NA VIRADA DE SÉCULO
APRESENTAÇÃO
Na virada do século 19 para o século 20, a
melhor produção poética brasileira se dividia em duas
estéticas: Parnasianismo e Simbolismo, que
estudaremos nesta aula.
PARNASIANISMO
Os parnasianos renderam um tributo à cultura clássica.
Apresentação
Temos visto que o Realismo-Naturalismo
caracterizou-se, basicamente, pela objetividade, pela
reação aos excessos sentimentais dos românticos
e por um descritivismo de ordem mais racional. Na
poesia, o Parnasianismo apresenta, também, tais
traços e, por isso, às vez é chamado de poesia do
Realismo.
Sim, o Parnasianismo é a poesia do período
realista; do Realismo traz a objetividade, mas não o
critério social – a denúncia dos problemas vistos na
realidade – que os romances do período apresentam.
Surgiu na França, em antologias poéticas chamadas
Le Parnasse Contemporain, publicadas a partir da
década de 1860, e no Brasil foi lançado com o livro
Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882.
Este tipo de poesia é produto da chamada Belle
Époque, aquela euforia geral, provocada pelas
riquezas surgidas com a industrialização, que dominou
o final do século 19 e o início do século 20. Os artistas
da época deixaram-se levar pelo exibicionismo cultural,
que atravessou mares e se instalou num Rio de
Janeiro afrancesado, onde nossos poetas fizeram uma
poesia esnobe e bastante distante da realidade
nacional.
É interessante notar que nossos poetas
parnasianos tornaram-se ídolos populares, soberanos
até as primeiras décadas do século 20, quando daí
passaram a alvo de críticas demolidoras por parte dos
modernistas.
Características fundamentais
Objetividade, impessoalidade – A poesia
parnasiana representa uma espécie de reação ao
sentimentalismo excessivo da poesia romântica. O
eu lírico procura conter suas emoções, tentando
mostrar-se impassível ante a realidade, embora nem
sempre consiga.
OBSERVAÇÃO: no Brasil, os parnasianos oscilaram
constantemente entre a objetividade parnasiana e a
subjetividade romântica. A poesia parnasiana brasileira
é objetiva, mas não impassível, pois às vezes se abre
para uma subjetividade moderada, por mais que tal
postura contrarie os princípios teóricos parnasianos.
Apego à tradição clássica – Alusão constante a
elementos da cultura greco-romana, considerada
pelos artistas parnasianos exemplo supremo do belo
e do universal, o que ajuda a conferir ao
Parnasianismo ares de sofisticação e erudição e
que, também, os afasta das tendências românticas.
Arte pela arte, o esteticismo – A elaboração de
uma poesia distanciada dos temas cotidianos e que
recusa os temas vulgares. Como efeito dessa
postura, percebe-se um traço de alienação social no
Parnasianismo, pois a poesia, via de regra, não
retratará temas sociais mais profundos ou delicados.
Busca da perfeição formal – O poeta parnasiano
promove um intenso artesanato poético, buscando
rimas raras, a correção gramatical e estilística, a
métrica perfeita, o vocabulário acadêmico e a
predileção pelo soneto. A perfeição formal passa a
ser uma espécie de obsessão do artista parnasiano.
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Leiamos o fragmento de texto a seguir, que ilustra tal
aspecto do Parnasianismo:
PROFISSÃO DE FÉ
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
Olavo Bilac
Intenso descritivismo – Vasos, objetos clássicos,
paisagens, enfim, a pintura com palavras de
fenômenos naturais e fatos da história. A poesia
parnasiana é notadamente descritiva, o que
demonstra a tendência à objetividade.
Aproximação entre a arte literária e as artes
plásticas – Ao encarar a poesia como um
verdadeiro ofício, o poeta parnasiano torna-se um
artesão da palavra, um ourives de versos. Observe:
PROFISSÃO DE FÉ
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
........................................................
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e , enfim,
No verso de ouro engasta a rima
Como um rubim.
Olavo Bilac
Os principais poetas
Quando se fala de Parnasianismo no Brasil, é
muito comum citar-se a “tríade parnasiana”, a
“santíssima trindade parnasiana brasileira”, formada
pelos seguintes poetas:
Olavo Bilac
Aspectos centrais da obra
Quanto ao estilo, Bilac demonstra a
impassibilidade formal parnasiana em vários poemas,
como “Profissão de fé”, conforme lemos anteriormente.
Quanto ao conteúdo, entretanto, nota-se ainda
uma aproximação com o Romantismo, não por um
sentimentalismo excessivo, mas por um lirismo ora
mais intimista, ora de tendência mais reflexiva, até um
pouco filosofante. O soneto a seguir evidencia tais
traços:
OUVIR ESTRELAS
―Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso !‖ Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: ―Tresloucado amigo !
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?‖
E eu vos direi: ―Amai para entendê-las !
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.‖
A sensualidade e o erotismo estão presentes
na poesia de Olavo Bilac, principalmente nas obras de
sua juventude. O patriotismo de Olavo Bilac se
manifesta no poema épico O caçador de esmeraldas,
no Hino à Bandeira e em vários poemas que versam
sobre a língua portuguesa, o Brasil, a música
brasileira, etc.
Alberto de Oliveira
O mais parnasiano dos poetas brasileiros. Sua
poesia, essencialmente descritiva e cultuadora dos
modelos clássicos, dava de ombros aos problemas
brasileiros de sua época pois, para o autor, mais valia
ficar descrevendo em seus poemas taças, vasos ou
paisagens do que falar em desigualdade ou injustiça
social.
VASO GREGO
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
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Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Raimundo Correia
Autor considerado parnasiano muito mais pela
forma do que pelos temas abordados em sua poesia.
Reflexões filosóficas e lições de vida acompanham as
cenas apresentadas em seus versos, além de
heranças românticas, traços descritivistas e grande
profundidade filosófica que evidencia certo
pessimismo.
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais...mais outra...enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.
E, à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada.
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais:
No azul da adolescências as asas soltam,
Fogem...Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles, aos corações, não voltam mais...
SIMBOLISMO
Imagens vagas, diluídas: esta é a poesia simbolista, que guarda
grande afinidade com a pintura impressionista.
Contextualização
As últimas décadas do século 19 foram
marcadas por uma visão materialista, racional e
cientificista da realidade. Esse foi o pensamento
predominante, mas não único.
Nas artes – e, em especial, na literatura –
surgiram alguns artistas insatisfeitos com a
mentalidade de que tudo no mundo poderia ser
explicado de modo lógico e comprovado pela ciência.
Esses artistas perceberam que o discurso racional não
dava conta de explicar totalmente todas as questões
atinentes à existência humana. A ciência não era
capaz de traduzir a complexidade do intelecto humano,
muito menos a linguagem podia expressar todos os
dilemas vivenciados pelo homem mas, no máximo,
sugeri-los.
Lançado no Brasil oficialmente em 1893, com a
publicação dos livros Missal e Broquéis, de Cruz e
Sousa, o Simbolismo foi uma escola literária
contemporânea do Realismo-Naturalismo e significou
uma dupla reação:
reação ideológica contra o materialismo positivista
e cientificista do século XIX, colocando-se,
consequentemente, a favor da filosofia, da
metafísica e da espiritualidade;
reação estética contra a objetividade e
impessoalidade descritiva da poesia parnasiana, e a
consequente proposta de um retorno às raízes
subjetivistas da poesia.
Como o Parnasianismo brasileiro, também o
Simbolismo cultua a forma, embora com menos rigor, e
pratica Arte pela Arte. Este tipo de poesia permanece
distante, alienado da realidade nacional.
Características
Estas são as características fundamentais da
estética simbolista:
1. A sugestão predomina sobre a descrição: as
imagens que tão fartamente aparecem nos poemas
simbolistas são vagas, diluídas, suaves. Não
importa como a realidade é, mas os efeitos que ela
causa na sensibilidade do artista.
2. Misticismo: o simbolista mantém uma atitude
mística perante a vida; tenta atingir o inatingível, o
oculto e o misterioso.
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3. Inovação no emprego das maiúsculas: o autor
simbolista usa maiúsculas em substantivos comuns
para ampliar o sentido desses vocábulos, além de
dar maior força emocional a eles.
4. Musicalidade: para os simbolistas, há uma relação
fundamental entre música e poesia. Os efeitos
sonoros são amplamente explorados, como o uso
das aliterações (repetição de sons consonantais).
5. Emprego de símbolos cósmicos e religiosos:
altares, incensos, estrelas, constelações, sinos,
nuvens, ... são símbolos frequentemente utilizados
pelos simbolistas para sugerir os estados da alma
humana.
6. Emprego de sinestesias: a sinestesia consiste
numa figura de linguagem que procura promover a
fusão de sensações (audição, tato, gustação,
olfato, visão), para tentar dizer o indizível, para
tentar sugerir, esboçar aquilo que não pode ser
descrito objetivamente.
7. Desejo de transcendência e integração
cósmica: em oposição aos limites do mundo físico
e material, os simbolistas apreciam situações de
viagem interior ou cósmica, o extravasamento e a
transcendência do mundo real. Em virtude desta
postura um tanto escapista, foram chamados
pejorativamente de nefelibatas (viviam nas nuvens).
Principais autores
Cruz e Sousa
Principais obras
Missal (1893) – prosa poética bastante refinada
Broquéis (1893), Faróis (1900), Últimos sonetos
(1905) – poesia
Aspectos centrais
Poesia de sublimação – anulação da matéria para
a liberação de uma profunda espiritualidade.
Comprove isso versos a seguir:
SIDERAÇÕES
Para as Estrelas de cristais gelados
Na ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
Da Eternidade que nos Astros canta...
Erotismo sensual / espiritual, que demonstra certa
angústia sexual. Observe:
SEIOS (IV)
Oásis brancos e miraculosos
Das frementes volúpias pecadoras
Nas paragens fatais, aterradoras
Do Tédio, nos desertos tenebrosos...
(...)
Ó seios virginais, tálamos vivos,
Onde o amor nos êxtases lascivos
Velhos faunos febris dormem sonhando...
Misticismo indefinido – Em vários versos,
observamos um Cruz de Sousa cravejando sua
poesia de símbolos religiosos do culto católico e a
figura de anjos. Já em outros, há constante
referência ao reino das trevas, menção a demônios e
ao inferno. Leia os versos a seguir:
A FLOR DO DIABO
Branca e floral como um jasmim do Cabo
Maravilhosa ressurgiu um dia
A fatal Criação do fulvo Diabo,
Eleita do pecado e da Harmonia.
SINFONIAS DO OCASO
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
Os céus resplendem de sidéreas rosas,
Da Lua e das Estrelas majestosas
Iluminando a escuridão das furnas.
Obsessão pela cor branca e tudo que sugere
brancura – É interessante ressaltar que tal
característica também é muito comum em toda a
poesia simbolista francesa. Além disso, o branco
também significa a síntese de todas as cores, uma
vez que todas elas se diluem no branco. Observe:
BRAÇOS
Braços nervosos, brancas opulências,
Brumais brancuras, fúlgidas brancuras,
Alvuras castas, virginais alvuras,
Lactescências das raras lactescências.
Alphonsus de Guimaraens
Principais obras
Septenário das Dores de Nossa Senhora (1899);
Dona Mística (1899);
Kyriale (1902).
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Aspectos centrais
Alphonsus de Guimaraens demonstra em seus
versos todas as principais características simbolistas: a
sugestão, a musicalidade e o desejo de
transcendência. Quanto à temática, o amor, a
religiosidade e o escapismo são bastante frequentes
em sua obra.
O traço marcante de Alphonsus vem ser a
descrição idealizada da mulher, normalmente uma
virgem inacessível tragada pela morte – talvez a
herança do desgosto pela perda da noiva Constança.
Já quanto à religiosidade, percebemos em seus versos
um eu lírico completamente rendido à fé católica.
ISMÁLIA
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar...
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Augusto dos Anjos
Aspectos centrais
Um caso à parte na literatura brasileira: esta é a
melhor forma de classificarmos a produção poética de
Augusto dos Anjos, autor que não pode ser encaixado
plenamente em qualquer dos “-ismos” do final do
século XIX e início do século XX, tendo lançado
apenas um livro, intitulado Eu (1912). Na realidade, o
autor se valeu de todas as estéticas existentes para
escrever seus versos. Vejamos:
Seus poemas apresentam o rigor formal e o apuro
técnico típicos do Parnasianismo.
Sua poesia constantemente tematiza os aspectos
decadentes da condição humana, o viver doloroso,
numa linguagem bastante simbólica, melódica e
sugestiva, características que se configuram como
próprias ao Simbolismo.
A visão pessimista a respeito da sociedade e da
condição humana demonstra alguns pontos de
contato com o Realismo propriamente dito.
A utilização de um vocabulário cientificista, repleto
de termos considerados não poéticos – tais como:
amoníaco, escarro, vermes, mamífero,
malacopterígios, flamívomos, Zooplasma, ... – faz-
nos lembrar o Naturalismo. A propósito: esse
vocabulário tão inusitado torna inconfundíveis os
poemas de Augusto dos Anjos.
Sua visão multifacetada de realidade, misturando
filosofia, religião oriental, ciências naturais, o faz um
antecipador de tendências modernistas, que viriam
desabrochar no Brasil apenas a partir de 1922, com
a realização da Semana de Arte Moderna.
A morte é um dos temas mais frequentes em
suas obras; a morte seguida pela decomposição do
indivíduo até este voltar a ser apenas elemento
químico. É o niilismo existencial, o vazio da existência
humana.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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TESTES
01. (FGV – SP) – Assinale a alternativa correta a
respeito do Parnasianismo:
a) A inspiração é mais importante que a técnica.
b) Culto da forma: rigor quanto às regras de
versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras.
c) O nome do movimento vem de um poema de
Raimundo Correia.
d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o
Barroco.
02. (UPF – RS) – Segundo o crítico Luís Augusto
Fischer, uma escola literária que apresentou
significativa produção no Brasil, na segunda metade do
século XIX, tinha como propósito central a “descrição
profissional de mundos mortos”. O crítico refere-se,
certamente, à escola do
a) Romantismo d) Parnasianismo
b) Simbolismo e) Realismo
c) Naturalismo
03. (UPF – RS) – Dos traços abaixo mencionados,
aquele que não caracteriza a poética parnasiana é
a) o caráter confessional;
b) a objetividade na abordagem dos temas;
c) os ideais antirromânticos;
d) o culto da forma;
e) o desejo de impessoalidade.
04. (UCS – RS) – O Simbolismo foi um movimento
literário de grande repercussão na produção dos
escritores brasileiros. Nesse período, eles buscaram
evocar e sugerir imagens, explorando as experiências
sensoriais. Leia o fragmento do poema Cárcere das
Almas, de Cruz e Sousa, um dos representantes do
Simbolismo:
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.
TUFANO, Douglas. Estudos de literatura brasileira
Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das
proposições abaixo, sobre o fragmento do poema:
( ) Nesse fragmento, é possível perceber o estado
onírico, uma das características típicas do período
literário em questão.
( ) O sujeito lírico deseja a liberdade, buscando
encontrá-la no mundo das aparências.
( ) Ao grafar as palavras Espaço e Pureza em
maiúsculo, o poeta sugere uma personificação
das ideias contidas nesses vocábulos.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os
parênteses de cima para baixo:
a) V – F – F d) V – F – V
b) V – V – V e) F – V – V
c) F – V – F
Texto para a questão 05:
Referir-se a um objeto pelo seu nome é
suprimir a três quartas partes da fruição do poema, que
consiste na felicidade de adivinhar pouco a pouco:
sugeri-lo, eis o sonho. É o uso perfeito desse mistério que
constitui o símbolo; evocar pouco a pouco um objeto e
desprender-se dele um estado de alma, uma série de
decifrações. Mallarmé
05. (UEPG – PR) – O autor faz referência à construção
da poesia simbolista e destaca-lhe características.
Com base no fragmento, assinale o que for correto:
01) A sugestão predomina sobre a descrição: as
imagens produzidas são vagas, diluídas, suaves.
02) Misticismo: o simbolista busca o inatingível, o
oculto e o misterioso.
04) O jogo dos sentimentos exacerbados, com
alargamento da subjetividade pela
espontaneidade coloquial.
08) Liberdade formal, com incorporação e valorização
do prosaico, do vulgar, do cotidiano, e pela livre
associação de ideias.
16) Emprego de inusitadas combinações entre sons,
cores e perfumes para expressar imagens e
sensações pertencentes a diferentes domínios
dos sentidos.
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06. (UNIPAR – PR) – Com relação a Augusto dos
Anjos, podemos afirmar corretamente que ele foi o
poeta do
a) cientificismo triunfante que, aliado à ideia de
progresso, marcou boa parte da lírica
contemporânea aos primeiros anos da República.
b) pessimismo aliado à ciência que acusava a
degradação humana mediante associações e
comparações com processos químicos e
biológicos.
c) cientificismo militante disposto a abranger temas
como o cálculo algébrico, a crítica literária e
arquitetura para retirar o caráter subjetivo da
poesia.
d) esteticismo que depurava a forma de seus
sonetos à perfeição, sem jamais fazer concessões
a temas considerados prosaicos ou de mau gosto.
e) pessimismo acusatório que denunciou o latifúndio
e a política oligárquica, reproduzindo na poesia as
preocupações e temas de Lima Barreto.
07. (UEPG – PR) – Sobre as estéticas literárias
brasileiras, assinale o que for correto:
01) O principal representante do Realismo-
Naturalismo brasileiro foi José de Alencar, com
suas obras regionalistas e indianistas.
02) Os versos "Minha terra tem palmeiras,/ onde
canta o Sabiá;/As aves que aqui gorjeiam,/ Não
gorjeiam como lá." fazem parte do poema
"Canção do exílio", poema de Gonçalves Dias,
representante da primeira geração da poesia
romântica.
04) A preferência pelo soneto, a contenção da
emoção e o princípio da arte pela arte são
características do Parnasianismo.
08. (UP – PR) – Textos:
TEXTO 1
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma
Olavo Bilac – excerto
TEXTO 2
Frouxo o verso talvez, pálida a rima
Por estes meus delírios cambeteia
Porém odeio o pó que deixa a lima
E o tedioso emendar que gela a veia!
Quanto a mim é o fogo que me anima
De uma instância o calor: quando formei-a,
Se a estátua não saiu como pretendo,
Quebro-a – mas nunca seu metal emendo.
Álvares de Azevedo – excerto
Qual(is) a(s) opção(ões) que se pode(m) deduzir dos
poemas, de seus autores e da literatura?
I. O primeiro texto e seu autor fazem parte do
movimento parnasiano brasileiro. O poema a que
os versos pertencem (Profissão de fé) é um do
símbolos dessa escola que defendeu o
comedimento emocional e a precisão formal como
meios para atingir o poema perfeito.
II. O segundo texto e seu autor pertencem ao
período romântico e o escritor se destaca como
um dos ícones do Ultrarromantismo, em que as
emoções tinham espaço privilegiado nas
composições poéticas.
III. Álvares de Azevedo defende, no texto II, a
liberdade de criação artística, não destaca a
elegância da composição, mas sim o quanto de
intensidade emotiva e paixão ela contém.
IV. Olavo Bilac entende que a poesia é uma rara joia
que precisa ser bem lapidada para alcançar a
perfeição, pois o poeta é um servidor da Deusa da
Forma.
V. Ambos os poetas estão errados, já que é
necessário seguir os princípios do Modernismo,
que defende ao mesmo tempo a liberdade criativa
do poeta, a ruptura com a tradição temática e a
precisão do que escreve.
Assinale a única alternativa que contém todas as
afirmativas corretas:
a) Apenas II e IV; d) I, II, III e IV;
b) Apenas I, III e IV; e) Apenas II, III e IV.
c) Apenas a V;
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09. (ENEM) – Texto:
CÁRCERE DAS ALMAS
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa
Os elementos formais e temáticos relacionados ao
contexto cultural do Simbolismo encontrados no
poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e
direta, de temas filosóficos.
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em
relação à temática nacionalista.
c) o refinamento estético da forma poética e o
tratamento metafísico de temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a
realidade social expressa em imagens poéticas
inovadoras.
e) a liberdade formal da estrutura poética que
dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor
de temas do cotidiano.
10. (ENEM) – Textos:
Texto 1
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..."
– Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994
Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a
imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro
e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto
dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até
mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.
CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia
Em consonância com os comentários do texto 2 acerca
da poética de Augusto dos Anjos, o poema O
morcego apresenta-se, enquanto percepção de
mundo, como forma estética capaz de
a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos
banais são revestidos na poesia.
b) expressar o caráter doentio da sociedade
moderna por meio do gosto pelo macabro.
c) representar realisticamente as dificuldades do
cotidiano sem associá-lo a questões de cunho
existencial.
d) abordar dilemas humanos universais a partir de
um ponto de vista distanciado e analítico acerca
do cotidiano.
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de
elementos das histórias de horror e suspense na
estrutura lírica da poesia.
GABARITO
01. b 06. b
02. d 07. 06 (02,04)
03. a 08. d
04. d 09. c
05. 19 (01, 02, 16) 10. d