aula-05- legislaÇÃo aplicada a policia federal 2014

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CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL P/ AGENTE E PAPILOSCOPISTA PF PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA – 05 Estimado futuro Policial Federal, Pronto para mais um combate? Nesta aula estudaremos mais uma importantíssima Lei Especial: a Lei Federal nº 9.605/98, mais vulgarmente conhecida como a Lei de Crimes Ambientais. Esta lei foi criada por que a partir da nossa Constituição de 1988, o meio ambiente se torna um direito comum, um direito de todos. Todas as pessoas têm direito a um meio ambiente equilibrado, e se uma pessoa danifica este bem, a vítima será toda a sociedade. Pois esse é o escopo dessa norma: dispor sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. A uma primeira leitura, você pode até achar que o estudo dessa norma pode não parecer muito amigável. Para muitos de seus concorrentes, uma pedra no sapato. Garanto-lhes que muitos deles sequer “perderão tempo” em uma norma aparentemente tão chatinha. Pois torça para que eles não deem mesmo a importância devida, pois esse não será o seu caso!! Sabe por quê? Porque tenho certeza que após essa aula você terá uma visão melhor das disposições da referida lei, principalmente no que diz respeito aos seus aspectos processuais penais. E melhor: terá plena segurança para resolver questões CESPE a respeito. Fiz uma grande pesquisa em provas recentes da nossa querida banca e acredito ter trazido mais de 80% do histórico de questões sobre o tema. Você verá, com o andar das explicações, que a resolução delas será também uma maravilha!! Concentração total, foco e objetivo!!

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AULA – 05

Estimado futuro Policial Federal,

Pronto para mais um combate?

Nesta aula estudaremos mais uma importantíssima Lei Especial: a Lei Federal nº 9.605/98, mais vulgarmente conhecida como a Lei de Crimes Ambientais.

Esta lei foi criada por que a partir da nossa Constituição de 1988, o meio ambiente se torna um direito comum, um direito de todos. Todas as pessoas têm direito a um meio ambiente equilibrado, e se uma pessoa danifica este bem, a vítima será toda a sociedade. Pois esse é o escopo dessa norma: dispor sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

A uma primeira leitura, você pode até achar que o estudo dessa norma pode não parecer muito amigável. Para muitos de seus concorrentes, uma pedra no sapato. Garanto-lhes que muitos deles sequer “perderão tempo” em uma norma aparentemente tão chatinha. Pois torça para que eles não deem mesmo a importância devida, pois esse não será o seu caso!!

Sabe por quê? Porque tenho certeza que após essa aula você terá uma visão melhor das disposições da referida lei, principalmente no que diz respeito aos seus aspectos processuais penais. E melhor: terá plena segurança para resolver questões CESPE a respeito.

Fiz uma grande pesquisa em provas recentes da nossa querida banca e acredito ter trazido mais de 80% do histórico de questões sobre o tema. Você verá, com o andar das explicações, que a resolução delas será também uma maravilha!!

Concentração total, foco e objetivo!!

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I – LEI 9.605/98 – CRIMES AMBIENTAIS

1. INTRODUÇÃO

Para iniciar nossa aula sobre os crimes cometidos contra o meio-ambiente, é preciso lembrar que a doutrina o classifica três formas:

Meio ambiente natural: é todo aquele local existente sem a ação do homem como meio para constituí-lo, como solo, água, atmosfera.

Meio ambiente artificial: é todo o local em que foi necessária a ação do homem para que existisse. As cidades, prédios e pontes são exemplos deste tipo de meio ambiente.

Meio ambiente cultural: é todo aquele local que, apesar da ação do homem ser imprescindível para que surgisse, é considerado um monumento histórico, cultural. Um exemplo seriam as pinturas rupestres no nordeste do país.

De posse desses conceitos, pergunta-se: O que é de fato o CRIME AMBIENTAL?

Todos nós conhecemos a conceituação mais básica e conhecida de CRIME:

“Crime é um fato típico e antijurídico.”

Pois bem, o crime ambiental, portanto, pode ser conceituado como um fato típico e antijurídico que cause danos ao meio ambiente.

Assim, partindo do pressuposto constitucional de que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (art. 5º, inc. XXXIX, da CF/88), para uma conduta ser enquadrada como crime ambiental, deve estar expressamente prevista na Lei dos Crimes Ambientais.

Dessa forma, por exemplo, estudaremos que o ato de exportar peles e couros, por mais danosa e perniciosa que possa ser ao meio ambiente, não constitui crime se praticada com autorização da autoridade ambiental competente.

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Conclui-se, portanto, que nem toda atividade que causa danos ao meio ambiente será, forçosamente, crime ambiental, uma vez que tal qualificação depende do enquadramento aos termos da legislação ambiental.

Vamos então conhecer cada um dos crimes tipificados na Lei 9.605/98, mais precisamente aqueles mais importantes para a sua prova. Antes disso, no entanto, precisamos estudar conceitos importantíssimos que servirão de base para o seu aprendizado.

2. O SUJEITO PASSIVO DOS CRIMES AMBIENTAIS

O sujeito passivo dos crimes ambientais é sempre a coletividade, conforme se depreende do art. 225, da Constituição Federal que assim estabelece:

CF/88

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

De tal sorte, todos nós somos sujeitos passivos do crime ambiental.

3. A PESSOA FÍSICA COMO SUJEITO ATIVO

Como primeira informação, sabia que o sujeito ATIVO dos crimes ambientais, de tal sorte, pode ser qualquer pessoa física ou jurídica.

Trataremos, nesse primeiro momento, sobre o regramento a respeito das pessoas FÍSICAS como sujeito ativo dos crimes ambientais. No próximo tópico, falaremos a respeito das implicações que a Lei traz para as pessoas JURÍDICAS.

A Lei 9.605/98, em seu art. 2º, versa que quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes nela previstos, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade.

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Atenção, pois dentre os sujeitos ativos estão:

� o DIRETOR;

� o ADMINISTRADOR;

� o MEMBRO DE CONSELHO E DE ÓRGÃO TÉCNICO;

� o AUDITOR;

� o GERENTE;

� o PREPOSTO ou MANDATÁRIO de pessoa jurídica.

IMPORTANTE

� A culpabilidade dos sujeitos descritos no quadro acima é caracterizada por OMISSÃO, uma vez que o supracitado artigo da Lei dispõe que são eles culpados se deixarem de impedir a prática de crimes, quando PODIAM AGIR para evitá-la.

Toda a disposição contida neste art. 2º admite o CONCURSO DE PESSOAS inspirada no art. 29 do Código Penal, que assim regulamenta:

Código Penal

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Além do concurso puramente de pessoas físicas, ainda admite-se o concurso de pessoas no que tange às pessoas jurídicas, pois além desta pessoa jurídica, ainda existem pessoas físicas que tem alguma finalidade com a prática delituosa.

Percebe-se também que crime pode ser praticado por omissão imprópria, ou seja, existe um sujeito que é garantidor daquele crime ambiental, e que ainda pode evitá-lo, mas se omite. Esta pessoa responde como partícipe do crime, com elemento culpa, pois foi negligente e permitiu que fosse praticado o delito.

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Para que seja configurada a responsabilidade penal, seja de pessoas físicas ou jurídicas, será necessário apurar o dolo ou a culpa (negligência, imperícia ou imprudência) dos agentes responsáveis. Não nos esqueçamos de que o Direito Ambiental está permeado dos valores que inspiram os Direitos Humanos, da mesma forma que o Direito Internacional dos Direitos Humanos está indissoluvelmente atado à proteção do meio ambiente. Defender a responsabilidade penal sem culpa por danos ao meio ambiente será antes de mais nada afrontar a dignidade humana.

Bom, você já sabe que qualquer pessoa FÍSICA que de qualquer forma, concorra para a prática dos crimes ambientais, incidirá nas penas a estes cominadas na medida da sua culpabilidade.

E a que tipos de penas tipos a Lei 9.605/98 sujeita essas pessoas?

Resposta:

� Penas RESTRITIVAS DE LIBERDADE

� Penas RESTRITIVAS DE DIREITO

As penas restritivas de liberdade você já deve estar cansado de saber são a DETENÇÃO e a RECLUSÃO, a depender do que estiver estabelecido para cada tipo penal previsto na referida Lei. Agora, quanto às penas restritivas de DIREITO, precisamos de um pouco de sua atenção.

Antes de estudá-las, vamos as nossas primeiras questões CESPE desta aula:

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB - 2011] Considerando a disciplina legal dos crimes contra o meio ambiente, julgue os itens a seguir.

01. Incidem nas penas previstas em lei, na medida de sua culpabilidade, as pessoas que, tendo conhecimento da conduta criminosa de alguém contra o ambiente e podendo agir para evitá-la, deixem de impedir sua prática.

02. As sanções penais aplicáveis às pessoas físicas pela prática de crimes ambientais são as penas restritivas de direitos e multa, mas não, as privativas de liberdade.

Questão 01: Certíssima!! Estamos diante de uma reprodução quase que fiel do art. 2º da Lei 9.605/98 o qual estabelece que quem, de qualquer forma, concorrer para a prática dos crimes ambientais, incidirá nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade. Ele também nos traz um rol de

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pessoas que também podem ser culpadas se deixarem de impedir a prática de crimes ambientais quando podiam agir para evitá-la.

Gabarito: CERTO

Questão 02: Tranquila, não é mesmo? Não tenha dúvidas: as penas privativas de liberdade são, assim como as penas restritivas de direitos e multa, também aplicáveis às pessoas físicas pela prática de crimes ambientais.

Gabarito: ERRADO

� As penas restritivas de DIREITO para pessoas FÍSICAS

Sobre as penas restritivas de direito para aquelas pessoas físicas que cometem crimes ambientais, temos a primeira e importantíssima informação para a sua prova:

IMPORTANTE

� As penas restritivas de direitos TERÃO A MESMA DURAÇÃO da privativa de liberdade substituída.

Para a aplicação da pena, o juiz, em primeiro lugar, fixa a pena privativa de liberdade e, logo após, a substitui pela restritiva de direitos que terá a mesma duração da substituída.

Mas aí você me pergunta: professor, o juiz sempre substituirá a pena restritiva de liberdade pela restritiva de direitos?

Nem sempre, pois a Lei 9605/98 estabelece, em seu art. 7º, que as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

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� tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a 04 anos;

� a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

E quais são então essas penas restritivas de direito que podem ser aplicadas em matéria ambiental?

São elas:

a prestação de serviços à comunidade;

a interdição temporária de direitos;

a suspensão parcial ou total de atividades;

a prestação pecuniária e;

o recolhimento domiciliar.

Vamos analisar cada uma!!

� A prestação de serviços à comunidade

A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas realizadas em parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano ambiental praticado contra coisa particular, pública, ou tombada, a pena consiste na restauração desta, se possível.

É um tipo de pena não institucional, ou seja, é executada em liberdade, e sem qualquer vinculação com estabelecimento prisional. É também PENA ALTERNATIVA, ou seja, é sanção de natureza criminal, porém diversa da prisão.

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É pena de serviços à comunidade pela prática de crime ambiental é sempre cumprida em parques, jardins, e unidades de conservação, sendo que estas são:

� espaços territoriais e seus recursos ambientais, e águas, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, e com garantias especiais de proteção. (Lei federal nº 9.985, de 18 de julho de 2.000).

Se o bem danificado for particular, público ou tombado, a pena constitui na restauração dele, mas perceba a ressalva: SE POSSÍVEL.

� A interdição temporária de direitos

A interdição temporária de direitos consiste na proibição do condenado:

� de contratar com o Poder Público;

� de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios;

� de participar de licitações, pelo prazo de 05 anos, no caso de crimes dolosos;

� de participar de licitações pelo prazo de 03 anos, no caso de crimes culposos.

É importante ressaltar, caro aluno, que tal interdição temporária de direitos difere sensivelmente da prevista no Código Penal, em seu art. 47, que prevê outras hipóteses de interdição temporária de direitos. Quando a questão de sua prova tratar de crimes ambientais, e te pedir o conhecimento dessa pena, o seu link tem que ser feito com as disposições acima, que estão previstas na Lei 9.605/98 (art. 10) e não nas previstas no CP (art. 47).

Cabe destacar ainda que com o término do cumprimento da pena, termina também a interdição temporária a que o condenado é submetido podendo, portanto, contratar com o poder público, receber incentivos fiscais e participar de licitações.

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� A suspensão parcial ou total de atividades

Essa é bem simples e óbvia!!

A suspensão parcial ou total de atividades será aplicada quando tais atividades não estiverem obedecendo às prescrições legais.

� A prestação pecuniária

A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância fixada pelo juiz, entre 01 e 360 salários mínimos, sendo que o valor da prestação pecuniária será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

Consiste no pagamento de multa, em razão de prática de dano ambiental, que é fixada de acordo com o dano causado, ou do impacto sofrido pelo meio ambiente. O juiz escolherá o quantum que ficará responsável ao condenado a pagar dentro dos limites e condições expresso anteriormente. Poderá o juiz parcelar o pagamento desta pena.

O valor destinado desta multa não será para o Poder Judiciário, pois o valor que está sendo pago pelo infrator é de total finalidade social, sendo assim destinadas a entidades públicas ou privadas com finalidade social.

IMPORTANTE

� A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até 03 vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

� O Recolhimento domiciliar

O recolhimento domiciliar é baseado na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado que deverá, SEM VIGILÂNCIA, trabalhar,

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frequentar curso ou exercer atividade autorizada e permanecer recolhido nos dias e horários de folga na própria residência, ou em sua moradia habitual.

É importante que o art. 79 da Lei 9.605/98 estabelece que serão a ela aplicadas subsidiariamente as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. Assim, o condenado será transferido do regime aberto ou domiciliar se praticar crime doloso, se frustrar os fins de execução, ou se podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada, nos termos do art. 36, § 2º, do Código Penal.

Conhecidas então as penas restritivas de direito, saiba que tanto para a imposição quanto para a gradação destas e das penas restritivas de liberdade, a autoridade competente terá que observar alguns requisitos quais sejam:

� a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;

� os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

� a situação econômica do infrator, no caso de multa.

E mais: existem situações previstas na Lei 9.605/98 que podem ATENUAR (aliviar) ou AUMENTAR as penas até aqui estudadas. Antes de conhecê-las, convido-os para resolver a questão a seguir:

03. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE - 2008] As penas restritivas de direito especificamente aplicáveis aos crimes ambientais, previstas na Lei n.º 9.605/1998, não incluem a prestação pecuniária à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social e a prestação de serviços à comunidade junto a parques públicos.

Questão 03: Essa está fácil, não é mesmo? Ao contrário do que afirma a questão, é claro que tanto a prestação pecuniária à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social como a prestação de serviços à comunidade junto a parques públicos são penas restritivas de direito aplicáveis aos crimes ambientais, previstas na Lei n.º 9.605/1998.

Gabarito: ERRADO

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� As circunstâncias ATENUANTES de penas para crimes ambientais

Quando estamos dizendo que a lei de crimes ambientais traz algumas circunstâncias atenuantes específicas, é exatamente porque são situações que são específicas de crimes contra o meio ambiente, diferente das atenuantes genéricas, que se encontram elencadas nos artigos 60 e 61, do Código Penal.

Conforme o que versa o art. 14 da Lei 9.605/98, são circunstâncias que atenuam a pena:

BAIXO GRAU de instrução ou escolaridade do agente;

ARREPENDIMENTO DO INFRATOR, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

COMUNICAÇÃO PRÉVIA PELO AGENTE do perigo iminente de degradação ambiental;

COLABORAÇÃO com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental;

Nos crimes de matéria ambiental, ao contrário dos demais crimes, as circunstâncias atenuantes são aplicadas a critério do juiz. Isso porque

enquanto o art. 14 da Lei dos Crimes Ambientais reza apenas que “São circunstâncias que atenuam a pena”, o Código Penal estabelece que “São circunstâncias que sempre atenuam a pena”, para demonstrar a aplicação obrigatória das circunstâncias.

O quantum da atenuação fica a critério do juiz, que a aplicará sobre a pena-base.

Exercitemos:

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04. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Bartolomeu, pessoa com baixo grau de instrução, foi preso em flagrante pela prática de ato definido como crime contra a fauna. Nessa situação, o baixo grau de instrução de Bartolomeu não exclui a sua culpabilidade, mas constitui circunstância que atenuaria a sua pena no caso de eventual condenação penal.

05. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Considere a seguinte situação hipotética. Um comerciante com baixíssimo grau de escolaridade aproveitou-se de uma área de cerrado pertencente a um parque nacional, próxima ao seu estabelecimento, e passou a depositar ali produtos químicos com validade vencida, provocando a morte da vegetação circundante ao local de rejeitos, além da contaminação do solo, incorrendo, assim, em crime ambiental por causar dano à unidade de conservação.

Nessa situação, o fato de o comerciante ter pouca instrução em nada influenciará na dosimetria da pena a que ele for condenado.

Questão 04: Essa está muito fácil, não é verdade!! O baixo grau de instrução ou escolaridade do agente é uma das circunstâncias atenuantes de pena para crimes ambientais, regulamentadas pela Lei 9.605/98. Logo, o baixo grau de instrução de Bartolomeu atenuará sim a sua pena no caso de eventual condenação penal por este tipo de crime.

Gabarito: CERTO

Questão 05: Não estudamos ainda os crimes ambientais tipificados na Lei 9.605/98, mas isso não inviabiliza a fácil resolução da questão, até porque o enunciado afirma que a conduta do comerciante é de fato crime contra o meio-ambiente. A afirmação de que o referido comerciante tem baixíssimo grau de instrução já nos servirá como base para resposta, pois essa sua condição, você já sabe, será uma circunstância atenuante da pena para qual for condenado, influenciando obviamente na sua dosimetria.

Gabarito: ERRADO

� As circunstâncias AGRAVANTES de penas para crimes ambientais

As circunstâncias que agravam a pena constituem matéria delicada, e que, para sua aplicação, precisa ser analisada de forma detida e minuciosa pelo aplicador do direito.

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Primeiramente, vamos conhecer cada uma delas e, em seguida, bater um papo mais detalhados sobre essas circunstâncias. O art. 15 da Lei de Crimes Ambientais estabelece que são circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

A REINCIDÊNCIA nos crimes de natureza ambiental;

O fato de o agente ter cometido a infração nas seguintes SITUAÇÕES:

� para obter vantagem pecuniária;

� coagindo outrem para a execução material da infração;

� afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

� concorrendo para danos à propriedade alheia;

� atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

� atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

� em período de defeso à fauna;

� em domingos ou feriados;

� à noite;

� em épocas de seca ou inundações;

� no interior do espaço territorial especialmente protegido;

� com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

� mediante fraude ou abuso de confiança;

� mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

� no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

� atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

� facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

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Para a sua prova, não tem segredo nem mágica!! Apesar de não ser uma tarefa muito prazerosa, é de suma importância que você memorize essas agravantes de pena e não as esqueça!!

NÃO ESQUEÇA!!

� As circunstâncias acima elencadas agravam a pena QUANDO NÃO CONSTITUEM OU QUALIFICAM O CRIME, uma vez que se a circunstância já constitui elemento do tipo, ou circunstância que o qualifique, não pode servir também para agravar a pena, o que é proibido em direito penal pelo princípio non bis in idem - não se devem aplicar duas penas sobre a mesma infração.

Para que você possa compreender melhor, a título de exemplo, a Lei dos Crimes Ambientais prevê crime contra a fauna, com a hipótese qualificadora em que o crime é praticado em unidade de conservação.

Dessa forma, a prática do crime “em unidade de conservação” já constitui circunstância qualificadora do tipo penal, e não pode, dessa forma, sofrer incidência de uma das agravantes acima previstas (atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso) porque se isso ocorresse, o crime seria aumentado duas vezes em razão do mesmo fato, o que é proibido.

4. A PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO ATIVO

Esse é o tópico no qual preciso que você gaste um bom e o aprenda bem, pois a nossa banca CESPE tem um verdadeiro caso de amor por ele!! Questões sobre a pessoa jurídica como sujeito ativo aparecem em quase todas as suas provas que cobram a Lei 9.605/98!! Por isso, se você quiser ganhar uma a duas questõezinhas a respeito, concentre-se boa parte de seus esforços aqui, ok?

A Lei 9.605/98, em seu art. 3º, estabelece que as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente por crimes ambientais nos casos em que a infração seja cometida no interesse ou benefício da sua entidade por decisão:

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� de seu representante legal ou contratual ou;

� de seu órgão colegiado.

E o que significa ser responsabilizada administrativa, civil e penalmente?

Bom, a Constituição Federal previu em seu art. 225, § 3º, a tríplice responsabilidade ambiental do poluidor, que pode ser tanto pessoa física como pessoa jurídica.

CF/88

Art. 225. (...)

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A sanção administrativa ocorre em decorrência da responsabilidade administrativa, a sanção civil em razão da responsabilidade vinculada à obrigação de reparar danos causados ao meio ambiente, e por fim a sanção penal por conta da chamada responsabilidade penal.

� Responsabilidade ADMINISTRATIVA ambiental

A infração administrativa ambiental (responsabilidade administrativa) é a que resulta da infringência de norma da administração estabelecida em lei, regulamento ou até mesmo por força contratual, impondo um ônus ao contratado ou para com qualquer órgão público. É independente das demais responsabilidades, é de caráter pessoal, mas a sanção nem sempre é de execução personalíssima, caso em que pode transmitir-se aos sucessores do contratado, quer sejam pessoas físicas ou jurídicas, como ocorre com as multas e encargos tributários.

Sanções administrativas são penalidades impostas por órgãos vinculados de forma direta ou indireta aos entes estatais (União, Estados, Municípios e mesmo Distrito Federal), nos limites de competências estabelecidas em lei, com o objetivo de impor regras de conduta àqueles que também estão ligados à Administração no âmbito do Estado Democrático de Direito.

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Essa responsabilidade tem por finalidade obrigar os órgãos citados acima, a preservar os bens ambientais para as gerações vindouras.

��� Responsabilidade CIVIL ambiental

No caso de infrações civis ambientais, haverá a responsabilidade civil quando o agente deixar de cumprir o dever fundamental de proteção ambiental, bem como, quando não adotar as precauções necessárias para prevenir os danos ao meio ambiente, causando lesão ou ameaça de lesão à integridade do bem jurídico ambiental.

IMPORTANTE

� O Direito Ambiental considerando a importância dos bens tutelados adota a responsabilidade civil OBJETIVA, independentemente de existência de culpa do agente. E é fundada na teoria do RISCO INTEGRAL.

Pela teoria do risco integral, a necessidade de reparação ao dano independerá de dolo ou de culpa, mas simplesmente pela existência da atividade geradora do prejuízo. Em outras palavras, no risco integral não se admite qualquer excludente de responsabilidade.

A responsabilidade por dano ambiental é objetiva dada a dificuldade de comprovação dos prejuízos e da dimensão do patrimônio ambiental enquanto interesse transindividual. A responsabilidade do Estado é objetiva dada a necessidade de se repartir de forma equitativa os ônus e encargos públicos.

Infelizmente, as repressões que são aplicadas na esfera cível e administrativa, por danos causados ao meio ambiente não têm provocado os efeitos esperados, daí procura-se na esfera penal uma forma mais rígida de repressão a fim de proteger ao meio ambiente.

� Responsabilidade PENAL ambiental

A responsabilidade penal consiste na obrigação de sofrer um castigo ou incorrer em sanções penais impostas ao agente do fato ou omissão criminoso,

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e o seu fundamento é a imputabilidade ao ato criminoso, ou seja, é a indicação do agente a quem se deve atribuir à responsabilidade.

A nossa Carta Magna entendeu por bem sujeitar qualquer infrator, seja pessoa física ou pessoa jurídica as sanções penais ambientais, desde que observada à existência de crime ambiental.

No intuito de preservar o meio ambiente definido com o direito fundamental do cidadão, o legislador infraconstitucional elaborou a nossa Lei 9.605/98 implementando a forma mais severa de punição de nosso ordenamento através da sanção penal.

� A PESSOA JURÍDICA e as teorias de responsabilização penal

Uma situação peculiar surge quando se é possível uma pessoa jurídica cometer um ato ilícito que enseje a sua responsabilidade penal, pelo fato de que a pena não pode passar da pessoa do delinquente, e a pessoa jurídica é por sua natureza uma entidade coletiva.

Alguns doutrinadores defendem que a pessoa jurídica não comete crimes, pois a imputabilidade é individual e pelo fato de que a culpa tem como fundamento a consciência potencial da ilicitude do ato praticado e como se sabe, a pessoa jurídica não é dotada deste atributo, que é uma característica eminentemente humana, ela seria incapaz de delinquir.

A penalização da pessoa jurídica foi um grande avanço da Constituição Federal, tal avanço ocorreu devido às grandes devastações ambientais ocorridas principalmente pelas empresas que são as maiores poluidoras e degradadoras do meio ambiente. Vamos balizar nossa argumentação estudando as principais teorias sobre a responsabilização da pessoa jurídica.

��� A Teoria da FICÇÃO

A Teoria da ficção foi desenvolvida na Alemanha, tendo como doutrinadores Savigny e Windescheid. Tal teoria sustenta que pessoas jurídicas não poderiam ser responsabilizadas por atos ilícitos praticados por seus administradores. Desse modo, essa teoria acredita que só o homem (pessoa física) é capaz de ser sujeito de direito e obrigações.

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De acordo com Savigny, as decisões tomadas pela pessoa jurídica são dadas pelos seus membros dirigentes que são pessoas físicas passiveis de responsabilização por suas ações e omissões.

Essa teoria se ampara na locução societas delinquere non potest (pessoa jurídica não pode cometer delitos), cujo seus principais argumentos são:

- ausência de consciência, vontade e finalidade;

- ausência de culpabilidade;

- ausência de capacidade de pena;

- ausência de justificativa para a imposição da pena.

Os adeptos a essa teoria alegam que a pessoa jurídica é desprovida de consciência e de vontade própria e a ela não se aplicariam os princípios da responsabilidade pessoal e culpabilidade. A pessoa jurídica é considerada como mera entidade artificial, sem vontade e sem consequentemente capacidade de ação, sendo assim, acredita-se que não poderá cometer um ato ilícito.

��� Teoria da REALIDADE ou da REALIDADE REAL

Essa teoria tem origem Germânica e teve como precursor Otto Gierke, que acredita que a pessoa jurídica possui personalidade real e não um ser artificial como trata a teoria anterior. Para a teoria da Realidade, a pessoa jurídica é capaz de praticar ações e atos ilícitos, sendo assim capaz de ser responsabilizado civil e penal, reconhecendo, portanto sua capacidade criminal.

Segundo Gierke, a pessoa jurídica tem vontade própria distinta de dos seus associados. O ente corporativo existe, é uma realidade social, é sujeito de deveres e direitos.

Podemos verificar que de acordo com essa Teoria existe uma real possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica, pois esta possui capacidade de ação e por obvio, não da mesma forma que a pessoa física, mas do seu modo, através de atos deliberativos do seu conselho que direcionam as ações da empresa, que pode ser através da vontade da maioria dos dirigentes e consequentemente torna-se alguma vontade real da pessoa jurídica.

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��� Teoria da REALIDADE JURÍDICA

Essa teoria é uma das mais defendidas na atualidade, pois no seu entender, a pessoa jurídica é criada pelo Direito que lhe é conferido personalidade, tal qual como a pessoa física.

IMPORTANTE

� É a teoria aplicada pela nossa Constituição e, é claro, também pela nossa estimada banca, o CESPE!!

Dessa forma a personalidade jurídica que é criada é considerada um atributo que o ordenamento jurídico concede a alguns entes, não sendo, portanto mera ficção. Tal teoria defende que a pessoa jurídica possui uma existência legal e sua realidade não equivale a das pessoas físicas, não sendo possível imaginar a pessoa jurídica sem atribuir direitos próprios.

A pessoa jurídica só existe por que o ordenamento jurídico prevê sua existência, assim o começo e o fim da personalidade jurídica estão condicionados a requisitos legais.

A Lei nº. 9.605/98 que trata das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, tornou-se um grande marco no ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que, regulamenta de forma clara e incisa a responsabilidade penal da pessoa jurídica que comete crime ambiental, tendo como referência o art. 225, § 3º da Constituição Federal.

Mesmo com a Constituição Federal ter inserido a responsabilidade penal da pessoa jurídica, era da alçada da legislação infraconstitucional tornar apta a aplicação de tal norma constitucional, só após a Lei 9.605/98, ou seja, dez anos depois de promulgada a nossa Constituição.

Com o advento da referida lei é importante frisar que apesar do reconhecimento da responsabilidade penal da pessoa jurídica não há a exclusão da responsabilidade da pessoa física adotando desse modo o sistema de dupla imputação.

Eis o conhecido sistema de dupla imputação:

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IMPORTANTE

� Mesmo que seja a pessoa jurídica que cometeu o delito, a Lei 9.605/98 NÃO EXCLUI a culpabilidade de seus representantes legais e nem das demais pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato (art. 3º, parágrafo único).

O sistema de dupla imputação consiste, caro aluno, na responsabilização criminal não apenas da pessoa jurídica, como também da pessoa física, que agiu em nome da empresa. Em suma nada mais é que a possibilidade de responsabilizar simultaneamente a pessoa jurídica e a pessoa física.

Outro tema importante abordado na lei 9.605/98 está presente no at. 4º, que trata da desconsideração da personalidade da pessoa jurídica, estudada no tópico a seguir.

� Teoria da DESCONSIDERAÇÃO da pessoa jurídica

O art. 4º, da Lei dos Crimes Ambientais, possibilita a aplicação da penalidade de desconsideração da pessoa jurídica sempre que sua personalidade constituir obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Tal disposição tem alicerce no disposto no art. 28, da Lei federal nº 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor, ao determinar que:

“Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.”

Assim, podemos concluir que as entidades jurídicas continuam a ser distintas e separadas de seus membros, mas tal distinção e separação podem ser desconsideradas sempre que a personalidade jurídica for utilizada como anteparo da fraude e abuso de direito.

Nesses casos, serão responsabilizados apenas seus representantes legais!!

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Com essas informações, duvido que você erre o montão de questões CESPE dispostas a seguir:

06. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AL - 2008] Dispõe o CP que a omissão é penalmente relevante quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado. Como o art. 225 da CF prevê que todos os cidadãos têm a obrigação de preservar o meio ambiente para as gerações futuras, não é necessário que se comprove que o agente podia e devia agir para evitar o resultado de crime contra o meio ambiente.

07. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] De acordo com a teoria do risco integral, a responsabilidade civil por dano ambiental não é afastada em face da ocorrência de caso fortuito, e o agente causador do dano fica sujeito à obrigação de repará-lo.

08. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Um delegado de polícia federal determinou abertura de inquérito para investigar crime ambiental, apontando como um dos indiciados a madeireira Mogno S.A. Nessa situação, houve irregularidade na abertura do inquérito porque pessoas jurídicas não podem ser consideradas sujeitos ativos de infrações penais.

09. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] A legislação brasileira consagrou a responsabilidade penal da pessoa jurídica, contudo não previu a desconsideração da pessoa jurídica na hipótese de sua personalidade ser obstáculo à reparação dos prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

10. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] Conforme a teoria da dupla imputação, somente ocorrerá a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais se houver a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício.

11. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/AC – 2008] Em crimes ambientais, em se tratando de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, poderá haver a responsabilização penal da pessoa jurídica, desde que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal, no interesse da sua entidade.

12. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Segundo a lei que dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica.

13. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC - 2007] Em relação à tutela penal ambiental, a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe da cominação de sanção administrativa em relação ao mesmo fato e somente pode existir nos casos em que a ação ou a omissão ocorrerem no interesse ou no benefício do ente coletivo.

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14. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2005] Um órgão do Ministério Público ofereceu denúncia contra uma pessoa jurídica de direito privado e dois de seus administradores por crime contra o meio ambiente, por causarem poluição em leito de um rio interestadual, por meio de lançamento de resíduos, tais como graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da atividade do estabelecimento comercial. Nessa situação, de acordo com entendimento do STJ, a pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo de crime ambiental.

15. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A pessoa jurídica poderá ser alcançada administrativa, civil e penalmente nos casos em que a conduta ou atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

[FUNRIO – POLICIA RODOVIARIA FEDERAL – 2009] A Lei 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Assim, dispõe que quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixe de impedir a sua prática, quando puder agir para evitá-la. Neste sentido, julgue os itens a seguir.

16. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas somente na esfera administrativa e civil conforme o disposto na lei 9.605/98, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

17. A responsabilidade das pessoas jurídicas exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.

18. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto na lei 9.605/98, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

19. A pessoa física poderá ser desconsiderada sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

20. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] Por se tratar de ente fictício, a pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo dos crimes ambientais.

21. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] Aceita-se a responsabilização penal da pessoa jurídica em crimes ambientais, independentemente de ser ela denunciada em coautoria a pessoa física que tenha agido com elemento subjetivo próprio na mesma infração penal.

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22. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2011] Consoante a jurisprudência do STJ, a necessidade de dupla imputação nos crimes ambientais tem como fundamento o princípio da indivisibilidade, o qual se aplica, por exceção, nessa hipótese, e por não se admitir responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física.

Questão 06: Vimos que o direito ambiental adota a responsabilidade civil objetiva. Vimos também que tal responsabilidade é fundada na teoria do risco integral a qual consiste em não haver a necessidade de se provar dolo ou culpa na prática de crimes ambientais para que haja a reparação do dano. Basta a existência da atividade causadora do dano. Assim, podemos concluir que a questão acerta ao afirmar que nos crimes ambientais, mesmo em casos de omissão, não é necessário que se comprove que o agente podia e devia agir para evitar o resultado de crime contra o meio ambiente.

Gabarito: CERTO

Questão 07: Fortuito em latim quer dizer casual; é uma imprevisão, um acidente, que mostra incontrolável ao agente e superior às suas forças. Saiba, caro aluno, que em se tratando de direito ambiental, por conta da teoria do risco integral, nem o caso fortuito considerado excludente de responsabilidade. Por isso, a questão acerta ao afirmar que a responsabilidade civil por dano ambiental não é afastada em face da ocorrência de caso fortuito. Nesses casos, o agente tem de fato a obrigação de reparar o dano.

Gabarito: CERTO

Questão 08: Brincadeira essa questão, não é mesmo? Por tudo que acabamos de estudar, há na questão um erro gravíssimo ao afirmar que pessoas jurídicas não podem ser consideradas sujeitos ativos de infrações penais.

Gabarito: ERRADO

Questão 09: É claro que a legislação brasileira previu sim a desconsideração da pessoa jurídica na hipótese de sua personalidade ser obstáculo à reparação dos prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. A previsão está no art. 4º da Lei 9.605/98 ao estabelecer que poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade constituir obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Gabarito: ERRADO

Questão 10: Verdade!! Essa é outra forma de conceituaremos a teoria da imputação: somente ocorrerá a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais se houver a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício. Caracteriza-se pela simultaneidade da responsabilização penal.

Gabarito: CERTO

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Questão 11: É exatamente a literalidade do regulamentado pelo art. 3º da Lei 9.605/98, nossa Lei de Crimes Ambientais.

Gabarito: CERTO

Questão 12: É muito repetitiva nossa banca!! Eu havia lhe dito que ela tem um verdadeiro caso louco de amor pela pessoa jurídica como sujeito ativo de crimes ambientais, não foi? Pois é, acho que não há dúvidas de que ela está certinha, pois já estamos cansados de saber que é perfeitamente possível a responsabilização penal da pessoa jurídica em crimes ambientais.

Gabarito: CERTO

Questão 13: Exato!! A resposta para a questão está no art. 3º da Lei 9.605/98 ao estabelecer que as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade, ou seja, nos casos em que a ação ou a omissão ocorrerem no interesse ou no benefício do ente coletivo. E mais: a CF/88 nos garante que a responsabilidade penal independe das responsabilidades civil e administrativa.

Gabarito: CERTO

Questão 14: Sempre a mesma afirmativa equivocada: a de que a pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo de crime ambiental. Claro que pode!! Perceba que você nem precisaria conhecer o crime descrito no enunciado e seus desdobramentos. A última parte do enunciado estragou a questão.

Gabarito: ERRADO

Questão 15: Mais uma questão que repete com muita maestria a pura e fiel literalidade do art. 3º da Lei 9.605/98. Compare:

“Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.”

Gabarito: CERTO

Questão 16: Quase toda certinha, não fosse por ter omitido a informação de que a pessoa jurídica também será responsabilizada PENALMENTE por crimes ambientais.

Gabarito: ERRADO

Questão 17: Lembra-se da teoria da dupla imputação?? Ela está caracterizada no art. 3º, parágrafo único da Lei 9.605/98 o qual NÃO EXCLUI a culpabilidade

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de seus representantes legais e nem das demais pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. Oposto do que afirma nossa questão.

Gabarito: ERRADO

Questão 18: Mais uma repetição literal e fiel do IMPORTANTÍSSIMO art. 3º da Lei 9.605/08. Você nunca mais vai se esquecer dele!!

Gabarito: CERTO

Questão 19: Isso mesmo!! Agora estamos diante da cópia fiel do art. 4º da norma em estudo.

Gabarito: CERTO

Questão 20: Temos visto questões de vários anos diferentes e o que se percebe é que o tempo passa, o tempo voa e as afirmativas parecem ser as mesmas!! Falta só agora a de 2012... É óbvio que a pessoa jurídica pode ser sujeito ativo dos crimes ambientais!!

Gabarito: ERRADO

Questão 21: De forma alguma!! Aplica-se por meio do art. 3º parágrafo único da Lei 9.605/98 a teoria de dupla imputação a qual preceitua que somente ocorrerá a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais se houver a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício.

Gabarito: ERRADO

Questão 22: Segundo o princípio da indivisibilidade, tanto a ação penal pública como a privada é indivisível, sendo obrigatório que abranja todos os que praticaram a infração. É um princípio que de fato é compatível com a teoria da dupla imputação e por isso, não há que se falar em aplicação desse principio em caráter de exceção quando se trata de crimes ambientais cometidos por pessoas jurídica.

Gabarito: ERRADO

� As penas aplicáveis às pessoas JURÍDICAS

Já estudamos as penas aplicáveis às pessoas físicas. E quanto às pessoas jurídicas? A que tipo de pena serão submetidas essas pessoas quando condenadas por crimes ambientais?

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A Lei 9.605/98 nos ensina que são penas aplicáveis às pessoas jurídicas:

Multa

Penas restritivas de direitos e;

Prestação de serviços à comunidade.

Já sei que você vai me perguntar: professor, até entendo que a pena de multa possa ser aplicada a uma pessoa jurídica, mas pena restritiva de direitos? Prestação de serviços à comunidade? Como assim?

Calma, vamos por partes!!

� A pena de multa

A pena de multa, nos moldes das disposições da Lei nº 9.605/98, é a aplicável para pessoas físicas e jurídicas indistintamente, ou seja, a mesma pena pecuniária é aplicada para todos. Como você já sabe, consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância fixada pelo juiz, entre 01 e 360 salários mínimos, sendo que o seu valor será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal. Se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até 03 vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. A Lei 9.605/98 estabelece ainda que a perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

Esse fato tem ensejado muita discussão, caro aluno, uma vez que a vantagem obtida através do crime ambiental pelas pessoas jurídicas é sempre muito maior do que o obtido por uma pessoa física, e, dessa forma, a multa aplicada às primeiras deveria ser sempre em maior valor.

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� As penas restritivas de direitos para pessoa JURÍDICA

As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

suspensão parcial ou total de atividades;

interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

� A suspensão parcial ou total de atividades

A suspensão de atividades, bem óbvia, será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

� Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade

A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando:

� sem a devida autorização ou;

� em desacordo com a autorização concedida ou;

� com violação de disposição legal ou regulamentar.

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� Proibição de contratar com o Poder Público

Para falar bem a verdade, é pena restritiva de direito para a pessoa jurídica, não só a proibição para contratar como o poder Público como também a proibição de dele obter subsídios, subvenções ou doações.

IMPORTANTE

� Essa pena não pode ser exceder o prazo de 10 anos.

� Prestação de serviços à comunidade

Pois é!! Pessoa jurídica também pode receber a pena de prestação de serviços à comunidade. Tal pena pode ser aplicada nas seguintes modalidades:

� custeio de programas e de projetos ambientais;

� execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

� manutenção de espaços públicos;

� contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Tais penas visam mais o lado educacional que punitivo. Dificuldade na aplicação desta pena existe pelo fato de o legislador não haver especificado nem os programas nem os projetos a serem custeados. Importante é aferir-se a proporcionalidade entre o crime e o dano caudado ao meio ambiente, quando da apuração dos custos dos serviços a serem executados pelo infrator.

O Ministério Público e até a própria entidade condenada poderão apresentar ao juiz proposição solicitando a cominação de qualquer dos tipos de pena de prestação de serviços arrolados acima.

Veja como foi cobrado:

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23. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] A proibição de contratar com a administração pública por período de até três anos constitui sanção administrativa autônoma, podendo ser aplicada pela autoridade juntamente com pena de embargo de obra, em caso de concurso de infrações ambientais.

Questão 23: A proibição de contratar com a administração pública é mesmo sanção administrativa autônoma, podendo ser aplicada, em caso de concurso de infrações ambientais pela autoridade cumulativamente com outra pena aplicável à pessoa jurídica: a pena de interdição (ou embargo) de obra. O art. 21 da Lei 9.605/98 nos ensina que as penas previstas para pessoas jurídicas podem ser aplicadas isolada, cumulativa ou alternativamente. Mas muito cuidado com essa questão, pois o prazo dado por ela de “até três anos” é meramente exemplificativo. Não confunda com o prazo máximo estabelecido pela lei para a proibição de contratar com o poder público, que é de 10 anos. A banca apenas quis, com o exemplo dos três anos, confundir a cabeça do candidato que faz uma leitura rápida do enunciado. Não é o seu caso, eu sei!!

Gabarito: CERTO

� A LIQUIDAÇÃO FORÇADA – “a pena de morte” da empresa

A lei de crimes Ambientais, em seu art. 24, estabelece que a pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime nela definido terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

A aplicação da sanção de extinção da empresa é tão grave que não só determina a liquidação da empresa, mas faz a transferência do patrimônio desta para o Fundo Penitenciário Nacional, que poderá utilizar o referido patrimônio da forma que desejar.

O principal objetivo dessas sanções penais é prevenir atentados contra o meio ambiente, através da punição da pessoa jurídica que cometeu crimes ambientais.

A pessoa jurídica constituída ou utilizada principalmente com a finalidade de permitir, facilitar ou ocultar prática de crime ambiental terá sua liquidação

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forçada decretada com a perda de bens e valores, o que de fato corresponde à verdadeira “pena de morte” da pessoa jurídica.

Tal pena, a nosso ver, é perfeitamente constitucional, uma vez que o art. 5º, inc. XLVI, letra b, da Carta, prevê como espécie de pena a perda de bens.

5. A SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA E A REPARAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

A suspensão condicional da pena é o chamado sursis, que permite que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração.

IMPORTANTE

� Para os crimes ambientais, a SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA pode ser aplicada aos crimes de condenação a pena privativa de liberdade não superior a 03 anos.

Sabemos que as disposições do Código Penal e as do Código Processual Penal aplicam-se subsidiariamente à Lei de Crimes Ambientais. Assim, os requisitos para a aplicação da suspensão condicional da pena estão previstos no art. 77, do Código Penal. São eles:

� o condenado não seja reincidente em crime doloso;

� a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;

� não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direito.

Estabelece ainda o Código Penal, agora em seu art. 78, que durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. Dispõe ainda sobre as exigências a que o condenado se submete durante o prazo de suspensão.

Em seu § 1º, esse artigo versa que o condenado, no primeiro ano da suspensão, deverá prestar serviços à comunidade, ou submeter-se à limitação do fim de semana, que consiste na obrigação do condenado permanecer, aos

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sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, nos termos da lei.

No seu § 2º, dispõe sobre a situação do condenado que repara o dano causado, situação em que o juiz poderá substituir a exigência contida cima por outras condições, que são:

� proibição de frequentar determinados lugares ou;

� proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz, ou;

� comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

Essa substituição é chamada pela doutrina de sursis especial!!

Pois bem, os condenados a crimes ambientais previstos na Lei 9.605/98 forem agraciados pela suspensão condicional da pena, também poderão reparar os danos ambientais por ele causados e, assim, auferir o direito a uma das vantagens acima listadas.

IMPORTANTE

� A verificação da reparação do dano será realizada mediante LAUDO DE REPARAÇÃO do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção do meio ambiente.

6. A AÇÃO E O PROCESSO PENAL PARA OS CRIMES AMBIENTAIS

Para os crimes ambientais de menor potencial ofensivo (cuja pena máxima não é superior a 02 anos), a competência será dos Juizados Especiais Criminais. Entretanto, a Lei 9.605/98 traz algumas particularidades em relação ao processo penal para esses crimes em particular as quais devem ser estudadas com muito carinho e atenção por você. Antes de conhecê-las, a primeira regra fundamental:

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IMPORTANTE

� TODAS AS INFRAÇÕES PENAIS previstas nesta Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) são de ação penal PÚBLICA INCONDICIONADA.

A Lei de Juizados Especiais Criminais, em seu art. 76, determina que havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

Para os crimes ambientais de menor potencial ofensivo, tal proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade. A composição dos danos ambientais será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.

Outra particularidade trazida pela Lei 9.605/98 em relação ao processo penal para os crimes ambientais diz repeito à suspensão condicional do processo.

Prevista no art. 89 da Lei 9.099/95, a suspensão condicional do processo é uma forma de solução alternativa para problemas penais. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 02 a 04 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes também aqueles requisitos aqui estudados que autorizariam a suspensão condicional da pena.

Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:

� reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

� proibição de frequentar determinados lugares;

� proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;

� comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

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Pois saiba, caro aluno, que a Lei de Crimes Ambientais permite a suspensão condicional processo não só para crimes ambientais de pena mínima menor ou igual a 01 ano, mas também a TODOS os de menor potencial ofensivo nela tipificados. Mas, preste bastante atenção, pois para os condenados a esses crimes, é preciso que se observem as seguintes peculiaridades:

� Extinção da punibilidade

O § 5º do art. 89 da Lei 9.099/65 permite ao Juiz do processo que declare extinta a punibilidade do processo caso expire o prazo de sua suspensão condicional se esta não for revogada.

IMPORTANTE

� Segundo a Lei de Crimes Ambientais, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade devidamente comprovada.

� Na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será PRORROGADO, até o período máximo previsto (04 anos) acrescido de mais um ano, ou seja, 05 anos, com suspensão do prazo da prescrição.

� Prorrogação da extinção da suspensão do processo

No período de prorrogação da suspensão do processo, o réu estará dispensado das proibições de frequentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz e também assim como estará liberado da obrigação de comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

Findo o prazo de prorrogação, será lavrado novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental. Se ainda assim a reparação não tiver sido completa poderá ser novamente prorrogado o período de

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suspensão, até o máximo também de 05 anos, observadas as dispensas e a liberação citadas no parágrafo anterior.

IMPORTANTE

� Esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

Caro aluno, tratamos dos principais aspectos relacionados com os crimes ambientais previstos na Lei 9.605/98. Estou certo de que as questões que aparecerão em sua prova te cobrarão o conhecimento de tudo que foi até aqui estudado. Um exemplo, mais uma questãozinha:

24. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A ação penal para todos os delitos previstos na lei que dispõe acerca das sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente é, exclusivamente, pública incondicionada.

Questão 24: Essa é para você não se esquecer nunca mais: TODAS as infrações penais previstas nesta lei 9.605/98 são de ação penal pública INCONDICIONADA.

Gabarito: CERTO

Agora vem sua pergunta:

Professor, quais são esses crimes ambientais? Não é preciso estudá-los para a minha prova do dia 06/05??

É claro que é sim!! A partir do próximo tópico, estudaremos os principais e mais “caíveis” tipos penais trazidos pela Le i de Crimes Ambientais. O rol de crimes é vasto, mas o histórico de provas CESPE nos leva a crer que eles não são o maior foco de suas questões de concursos. Isso não significa dizer que a banca não os cobre no próximo dia 06/05!! Concurso é uma caixinha de surpresa e é por isso que os abordaremos na medida certa, sem muito stress, ok? Vamos em frente!!

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7. OS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

Caro aluno, para o estudo dos crimes contra o meio ambiente, é preciso antes de mais nada, esclarecer-lhe que não há a necessidade de que você memorize a literalidade de todos os tipos penais trazidos pela Lei 9.605/98. Será uma tarefa muito árdua e talvez não tão eficaz, pois você já pôde constatar que o CESPE vem concentrando o foco de suas questões, não exatamente nos tipos penais, mas, principalmente, nos aspectos processuais e penais que envolvem o tema. E você viu que as questões não são de solução complexa. Basta o conhecimento certo na hora certa!!

Isso não quer dizer, no entanto, que não devamos estudar tais crimes. É claro que sim, pois nunca se sabe o que se passa na cabeça do elaborador. O que fazer então?

Bom, nessa parte final da aula analisaremos os principais aspectos daquelas infrações penais que chamam mais atenção das bancas e que normalmente têm uma repercussão maior no nosso cotidiano. Não trarei todos os crimes regulamentados pela Lei, pois não há a necessidade. O grande objetivo seu aqui não deve ser o de decorá-los e sim o de entendê-los. Para facilitar o estudo, vou dividi-los em grupos (contra a fauna, a flora, a poluição, o ordenamento territorial e a administração ambiental) transcrevendo-os e comentando-os, quando couber, em uma ordem que vai dos crimes de menor para os de maior potencial ofensivo.

Vamos em frente!!

� O ELEMENTO SUBJETIVO nos crimes contra o meio ambiente

Os crimes ambientais são tidos nas modalidades de dolosos e culposos, admitindo-se ainda a possibilidade de tentativa, sendo esta punida com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços, salvo disposição em contrário obedecendo-se ao disposto nos Código Penal em seu art. 14, parágrafo único.

Para que se possa condenar alguém culposamente à prática de crimes ambientais, é necessário que no texto legal esteja explícita a modalidade culposa. Isso também decorre da obediência de outro artigo do Código Penal, o art. 18, que assim regulamenta:

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Art. 18. Salvo os casos previstos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.

Questão recente do CESPE:

25. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB - 2011] A responsabilidade penal por crimes ambientais está integralmente amparada no princípio da culpabilidade; desse modo, os tipos penais previstos na lei que dispõe sobre os crimes ambientais (Lei n.º 9.605/1998) só se consumam se os delitos forem praticados dolosamente.

Questão 25: A responsabilidade penal por crimes ambientais não está integralmente amparada no princípio da culpabilidade, pois tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas, poderão responder por conduta dolosa em crimes ambientais.

Gabarito: ERRADO

� Competência para julgar os crimes contra o meio ambiente

A despeito das controvérsias doutrinárias e das polêmicas ainda existentes, o que você precisa saber para a sua prova é o seguinte:

1º - Nos crimes indicados na Lei 9.605/98, a competência em regra será da Justiça Estadual. Será da Justiça Federal, se presentes os requisitos do art. 109 da Constituição Federal, que traz as competências dos juízes federais.

2º - Todas as ações em que não tenham a União e/ou suas entidades, seja no polo passivo ou ativo, a competência para julgar e processar tais causas é da Justiça Estadual.

3º - Crimes contra a Fauna, em regra são de competência da Justiça Estadual.

Veja como as informações acima são suficientes:

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26. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2006] Em regra, o processo e o julgamento dos crimes ambientais é de competência da justiça federal.

27. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Em regra, a competência para processar e julgar os crimes contra a fauna é da justiça federal, uma vez que a proteção ao meio ambiente, conforme disposição da Constituição Federal, é dever da União.

Questão 26: Não há, caro aluno, dificuldade nas questões sobre competência em termos de crimes ambientais, pois vimos que nos crimes indicados na Lei 9.605/98, a competência em regra será da Justiça ESTADUAL e não da Justiça Federal.

Gabarito: ERRADO

Questão 27: Quase uma cópia fiel da questão anterior, não é mesmo? Nessa você não cai mais!! Regra geral, a competência para processa e julgar crimes ambientais, principalmente aqueles cometidos contra a FAUNA é da Justiça ESTADUAL.

Gabarito: ERRADO

Bom, agora vamos aos crimes!!

� Os crimes contra a FAUNA

Para conhecer os principais crimes contra a fauna é preciso primeiramente conhecer o conceito de fauna silvestre trazido pela própria Lei 9.605/98 em seu art. 29 § 3º:

São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

Pois bem, sem mais delongas vamos aos crimes contra a fauna!!

� Praticar ato de ABUSO, MAUS-TRATOS, FERIR ou MUTILAR animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano + multa.

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Também incorrerá nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

IMPORTANTE

� A pena é aumentada de um 1/6 a 1/3, se ocorre MORTE DO ANIMAL.

Lembra-se da enfermeira de Goiás que maltratou e matou o seu cão da raça Yorkshire cujo caso teve grande repercussão nacional?

Pois é exatamente por esse crime que ela responderá e certamente terá sua pena aumentada.

Dica: Esse é um dos crimes que você na pode deixar de aprender para a sua prova!!

� INTRODUZIR espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano + multa.

Não deixe de observar que a conduta acima só é configurada crime se não houver parecer técnico oficial ou licença expedida por autoridade competente. Caso haja, a entrada de determinada espécime no país estará devidamente regularizada.

� MATAR, PERSEGUIR, CAÇAR, APANHAR, UTILIZAR espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de 06 meses a 01 ano + multa.

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Estamos diante de mais um crime interessante para a sua prova, por isso, dê a ele especial atenção!!

Da mesma forma que o anterior a conduta descrita neste só será infração penal se uma das duas situações seguintes não for cumprida:

� sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, OU;

� em havendo a permissão, licença ou autorização, a conduta for pratica em desacordo com ela.

Também incorrerá nas mesmas penas (detenção de 06 meses a 01 ano e multa) quem:

� quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida (olhe o detalhe da licença!!);

� quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

� quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

Em um dos casos acima o juiz poderá, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena: é quando no caso de guarda doméstica, a espécie silvestre envolvida não for considerada ameaçada de extinção.

IMPORTANTE

� A pena é aumentada de METADE, se o crime é praticado:

� contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

� em período proibido à caça;

� durante a noite;

� com abuso de licença;

� em unidade de conservação;

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� com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa. .

� A pena é aumentada até o TRIPLO, se o crime decorre do exercício de caça profissional.

� As disposições estudadas para esse crime não se aplicam aos atos de pesca.

� EXPORTAR para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de 01 a 03 anos + multa.

Vou incansavelmente chamar sua atenção para o fato de que havendo autorização da autoridade ambiental, a exportação de peles e couros de anfíbios e répteis será LEGAL e, portanto, não considerada conduta criminosa.

IMPORTANTE PARA SUA PROVA!!

� Não é crime o abate de animal, quando realizado:

� em ESTADO DE NECESSIDADE, para saciar a fome do agente ou de sua família;

� para PROTEGER LAVOURAS, POMARES E REBANHOS da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

� POR SER NOCIVO O ANIMAL, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Vamos ao CESPE:

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28. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que um fazendeiro, nos limites de sua propriedade rural, abata espécime da fauna silvestre brasileira sem autorização do órgão competente, visando proteger seu rebanho da ação predatória do animal. Nessa situação, o fato é atípico, pois a legislação ambiental expressamente prevê essa excludente.

29. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Constitui crime cuja pena é de seis meses a um ano e multa matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, em desacordo com as prescrições legais pertinentes. Assim, diante de uma ocorrência policial dessa natureza e não havendo causas de aumento de pena, a autoridade policial competente deverá lavrar termo circunstanciado, em face da incidência de delito de menor potencial ofensivo.

30. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] A prática de maus-tratos contra animais domésticos é considerada crime contra o meio ambiente, sendo a morte do animal causa especial de aumento de pena.

31. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC - 2007] O abate de animal da fauna silvestre, quando realizado para a proteção de plantações ou rebanhos, não constitui crime; a lei, porém, exige que haja autorização expressa do órgão ambiental competente.

[CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Paul, cidadão britânico e presidente de organização não governamental para proteção aos cachorros, em visita ao Brasil para divulgar os trabalhos de sua organização, presenciou, em um pet shop, o corte das caudas de três filhotes de cachorro da raça rottweiler. Inconformado, Paul compareceu à delegacia mais próxima no intuito de formalizar uma representação criminal contra o médico veterinário responsável pelo estabelecimento comercial. A partir dessa situação hipotética e com base na Lei n.º 9.605/1998 (crimes contra o meio ambiente), julgue o item a seguir.

32. A representação não deverá ser formalizada pela autoridade policial, pois Paul, além de não ser cidadão brasileiro, não presenciou nenhuma infração penal.

Questão 28: Na situação da assertiva, o fato só seria atípico se o fazendeiro tivesse recebido autorização legal de autoridade competente para fazer o abate do animal. É o que prevê o art. 37, inciso II da Lei 9.605/98. Como não tinha a autorização, cometeu o crime tipificado no art. 32 da mesma norma, com o aumentativo de pena de 1/6 a 1/3 por causa da morte do animal.

Gabarito: ERRADO

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Questão 29: A descrição do crime está igualzinha a do art. 32 da Lei de Crimes Ambientais e, de fato, a pena para ele prevista, quando não há caso de morte do animal, é de 06 meses a 01 ano. Ora, como a pena máxima não excede a 02 anos, estamos diante de um crime de menor potencial ofensivo. Se é de menor potencial ofensivo, seu processo ocorrerá com base no regulamentado pela Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais) que exige nesses casos, a lavratura, pela autoridade policial, de termo circunstanciado. Vamos relembrar:

Lei 9.099/95

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Gabarito: CERTO

Questão 30: Exatamente!! Foi o que já revisamos nos comentários das duas questões anteriores. O crime de maus-tratos a animais, tipificado no art. 32 da Lei 9.605/98 determina que a pena seja aumentada de 1/6 a 1/3 caso ocorra a morte do animal. Questão do último concurso da Polícia Federal, hein!! Facinha, facinha!!

Gabarito: CERTO

Questão 31: Não se esqueça: o abate de animal da fauna silvestre, quando realizado para a proteção de plantações ou rebanhos se constitui crime sim se não for feito com autorização expressa do órgão ambiental competente.

Gabarito: ERRADO

Questão 32: Cortar cauda de cachorro, mesmo sendo em clínica especializada, é uma mutilação promovida no animal, não é verdade? Se é uma mutilação, enquadra-se perfeitamente no crime de maus-tratos a animais previsto no art. 32 da Lei 9.605/98. Revisando:

“Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou MUTILAR animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano + multa.”

A questão erra ao afirmar que a conduta do veterinário não é uma infração penal.

Gabarito: ERRADO

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� Os crimes contra a FLORA

A Lei 9.605/98 traz um rol um pouco mais extenso quando se trata de crimes contra a flora. Mas você não precisa se preocupar, pois, da mesma forma, citarei aqui aqueles que considero serem os mais “caíveis” em provas CESPE.

Confesso, no entanto, que podemos contar nos dedos o número de questões da referida banca sobre tais tipos penais. Não obedecerei à ordem trazida na lei, pois, como combinamos, vou ordená-los pelo potencial de ofensividade. Vamos conhecê-los!!

� DESTRUIR ou DANIFICAR florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação;

� COMERCIALIZAR motosserra ou UTILIZÁ-LA em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano + multa.

Juntei os dois crimes por terem as mesmas penas previstas. Para o primeiro tipo, o crime só estará consumado se as florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, forem objeto de especial preservação.

Para o segundo, só será consumado se não houver licença ou registro da autoridade competente para o uso da motosserra.

Não se esqueça desses detalhes!!

� DESTRUIR, DANIFICAR, LESAR ou MALTRATAR, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Se doloso: detenção, de 03 meses a 01 ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Se culposo: detenção de 01 a 06 meses ou multa.

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O tipo acima, já fala por siso e é bem simples de entender!! Destaco o fato para a distinção entre a distinção de penas entre a conduta dolosa e a culposa.

� EXTRAIR de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

� IMPEDIR ou DIFICULTAR a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de 06 meses a 01 ano + multa.

� CORTAR ÁRVORES em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

� FABRICAR, VENDER, TRANSPORTAR ou SOLTAR BALÕES que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção de 01 a 03 anos OU multa, OU ambas as penas cumulativamente.

O destaque que faço para os crimes acima descritos é quanto à existência de três possíveis combinações de aplicação de suas penas. Repetindo, nesses crimes o réu pode ser condenado:

1 – Somente à pena restritiva de liberdade (detenção de 01 a 03 anos);

2 – Somente ao pagamento de multa ou;

3 – Cumulativamente à detenção e ao pagamento de multa.

Da mesma forma temos os crimes a seguir:

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� DESTRUIR ou DANIFICAR floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção;

� DESTRUIR ou DANIFICAR vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de 01 a 03 anos, OU multa, OU ambas as penas cumulativamente.

Atenção: para esses crimes, se a conduta for CULPOSA, a pena será reduzida à METADE.

Por último cito um dos mais graves crimes contra a flora:

� DESMATAR, EXPLORAR ECONOMICAMENTE ou DEGRADAR floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente:

Pena - reclusão de 02 (dois) a 04 (quatro) anos e multa.

Primeiro fato que chamo sua atenção com relação a esse crime:

destaquei em vermelho a pena de reclusão pelo fato desse ser um dos poucos crimes previstos na Lei 9.605/98 que preveem essa modalidade de pena restritiva de direito.

Bom, terras rurais de domínio público são aquelas destinadas, originariamente, à agricultura e à pecuária, podendo servir a outros usos, ou manter-se intocadas para preservação da flora, da fauna e de outros recursos naturais, com jurisdição da União, basicamente por intermédio do INCRA.

Terras devolutas são todas as terras que pertencem ao domínio público, de qualquer das entidades estatais, e que não se achem utilizadas pelo Poder Público, nem destinadas a fins administrativos específicos.

Temos aqui também a previsão de autorização do órgão competente para que tais condutas não sejam consideradas como crime. Não se esqueça disso, ok?

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Muita atenção: NÃO É CRIME a conduta acima quando sua prática for necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família.

Cabe destacar ainda que se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil

hectares), a pena será aumentada de 01 ano por milhar de hectare.

IMPORTANTE

� Nos crimes contra a FLORA, a pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se:

Do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;

O crime é cometido:

� no período de queda das sementes;

� no período de formação de vegetações;

� contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;

� em época de seca ou inundação;

� durante a noite, em domingo ou feriado.

Veja como o CESPE cobrou:

33. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Alguém que, ao passar por um logradouro público, em manobra imprudente, desgoverna o carro e derruba uma árvore pode incorrer em sanção administrativa, mas nunca em sanção penal, pois a conduta de destruir ou maltratar plantas de logradouros públicos só admite a modalidade dolosa e não a culposa.

34. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC - 2007] A existência de autorização válida do órgão ambiental para o corte de árvores em floresta de preservação permanente atua como causa de exclusão de pena no crime previsto no art. 39 da Lei n.º 9.605/1998 (“Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente”).

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35. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] O ato de soltar balões somente se caracteriza como crime contra o meio ambiente se, em consequência da conduta, houver incêndio em floresta ou em outras formas de vegetação, em áreas urbanas ou em qualquer tipo de assentamento humano

Questão 33: Se a manobra foi imprudente, a conduta foi culposa. A questão afirma equivocadamente que não há sanção penal prevista ao justificar que a conduta de destruir ou maltratar plantas de logradouros públicos só admite a modalidade dolosa e não a culposa. De jeito nenhum!! Vimos que esse crime admite sim a conduta culposa que, se provada, terá penas mais brandas que a dolosa (06 meses a 01 ano ou multa). É o que nos ensina a Lei 9.605/98 no parágrafo único de seu art. 49.

Gabarito: ERRADO

Questão 34: Perfeito!! Em nossas explicações, batemos muito nessa tecla!! Para determinados condutas previstas na Lei 9.605/98 só estará consumado o crime caso não haja permissão ou autorização da autoridade competente. De fato, o crime descrito no enunciado (art. 39 da referida lei) prevê essa excludente.

Gabarito: CERTO

Questão 35: Vamos rever o tipo penal do art. 42 da Lei 9.605/98: fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano. Detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Veja que a redação do artigo não indica que seja necessária a ocorrência de incêndio para que o ato de soltar balões seja configurado crime. Basta apenas que o balão (a ser solto, vendido, fabricado ou transportado) tenha características potenciais de provocar incêndio para que já esteja configurada a infração penal.

Gabarito: ERRADO

� Crimes relacionados com a PESCA

Deixei para tratar desses numa ordem diferente da trazida pela lei, porque eles se referem tanto a espécies da fauna quanto a espécies da flora. É só checar o conceito de pesca trazido pela nossa querida Lei de Crimes Ambientais. Veja:

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Considera-se pesca todo ato tendente a RETIRAR, EXTRAIR, COLETAR, APANHAR, APREENDER ou CAPTURAR espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

E os crimes relativos à pesca? Vamos a eles:

� PESCAR em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção de 01 a 03 anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Incorre nas MESMAS PENAS quem:

� pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

� pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

� transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

� Pescar mediante a utilização de explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante; de substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de 01 a 05 anos.

Mais um dos poucos crimes ambientais que preveem pena de reclusão!!

� A POLUIÇÃO e outros crimes ambientais

Vamos aos tipos penais mais importantes dessa parte da Lei 9.605/98.

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� CAUSAR POLUIÇÃO DE QUALQUER NATUREZA em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde HUMANA, ou que provoquem a mortandade de ANIMAIS ou a destruição significativa da FLORA:

Pena - reclusão, de 01 a 04 anos + multa.

IMPORTANTE

� As penas serão de detenção, de 06 meses a 01 ano e multa se o crime de poluição for CULPOSO:

� A pena será de reclusão de 01 a 05 anos se o crime de poluição:

� tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

� causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

� causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

� dificultar ou impedir o uso público das praias;

� ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos.

E mais: quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave

ou irreversível, ou seja, agir por omissão no caso de crimes de poluição ambiental, incorrerá nas mesmas penas acima previstas.

Caro aluno, o crime a seguir sofreu alterações recentes promovidas pela Lei 12.305/10 e, por isso, dê uma atençãozinha especial a ele, ok? É outro que também prevê a pena de reclusão. Vamos lá!!

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� Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de 01 a 01 anos, e multa.

� Se o produto ou a substância for NUCLEAR OU RADIOATIVA, a pena é aumentada de 1/6 a 1/3.

� Se o crime acima for CULPOSO, além da multa, a pena restritiva de liberdade será a detenção, de 06 meses a 01 ano.

Nas mesmas penas incorre quem:

� abandona os produtos ou substâncias acima referidos ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)

� manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)

IMPORTANTE

� Nos crimes acima descritos, QUANDO DOLOSOS, as penas serão aumentadas:

� de um 1/6 a 1/3:

Se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

� de um 1/3 à 1/2:

Se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

� até o dobro:

Se resultar a morte de outrem.

� Tais penalidades somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

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Por último, antes de mais questões, temos ainda esse crime:

� DISSEMINAR doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de 01 a 04 anos + multa.

Veja como caiu em prova:

36. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Considere a seguinte situação hipotética. Um navio com produtos químicos altamente tóxicos chocou-se contra uma rocha e derramou em um rio grande quantidade da carga, provocando enorme poluição hídrica, com graves ameaças de danos à saúde dos ribeirinhos e pescadores.

Nessa situação, se — segundo listagem do IBAMA — algumas espécies animais ameaçadas de extinção forem atingidas, o autor do crime de poluição, no caso, terá sua pena agravada.

37. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] Admite a tentativa qualquer modalidade do crime previsto no art. 54 da Lei n.º 9.605/1998, assim definido: “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”.

38. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] A emissão, em bares, de sons e ruídos muito acima do volume permitido constitui infração penal ambiental descrita na lei de regência como poluição de natureza geral, passível de causar danos à saúde humana.

39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2011] O delito ambiental consistente em instalar, sem licença dos órgãos ambientais competentes, em qualquer parte do território nacional, estabelecimento potencialmente poluidor só se configura se a poluição gerada tiver potencial de, ao menos, causar danos à saúde humana.

Questão 36: Certíssimo!! O acidente causado pelo navio é, sem dúvida nenhuma, um crime de poluição ambiental. Você estudou no comecinho de nossa aula que uma das situações agravantes de pena para crime ambiental é o agente tê-lo cometido atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios

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oficiais das autoridades competentes (art. 15, inciso II, alínea “q” da Lei 9.605/98).

Gabarito: CERTO

Questão 37: Admite-se a tentativa em determinados crimes ambientais, mas esse no caso de poluição ambiental na medida em que o crime só estará consumado se o nível da poluição for tal que resulte ou possibilite que resulte em danos à saúde humana ou que provoque a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.

Gabarito: ERRADO

Questão 38: O erro da questão está em afirmar que a emissão em bares, de sons e ruídos muito acima do volume permitido constitui infração penal ambiental descrita na lei. Não citamos esse tipo penal em nossa aula porque ele simplesmente não existe na Lei 9.605/98. A conduta pode até ser enquadrada como crime de poluição ambiental sim pelo fato de resultar em dano à saúde humana, mas não é uma infração penal descrita literalmente na referida lei.

Gabarito: ERRADO

Questão 39: Aproveito a questão para citar o crime a que ela se refere:

� Construir, reformar, ampliar, INSTALAR ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Agora pergunto: há nesse tipo penal alguma citação de que ele só se configurará se a poluição gerada pelo estabelecimento tiver potencial de, ao menos, causar danos à saúde humana? Claro que não!! Basta que o estabelecimento seja POTENCIALMENTE POLUIDOR e que não tenha licença ou autorização de órgãos competentes ou que contrarie as normas legais.

Gabarito: ERRADO

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� Os crimes contra o ORDENAMENTO URBANO e o PATRIMÔNIO CULTURAL

Desses crimes, destaco apenas dois deles chamando, desde já, sua atenção para o segundo tipo a ser apresentado, pois ele teve sua redação completamente alterada pela também recente Lei Federal nº 12.408/11.

São eles:

� DESTRUIR, INUTILIZAR ou DETERIORAR bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de 01 a 03 anos + multa.

ATENÇÃO!!

� Se o crime for CULPOSO, a pena é de 06 meses a 01 ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Agora o crime que foi recentemente alterado pela Lei 10.248/11. Bom candidato para sua prova:

� PICHAR ou por outro meio CONSPURCAR (manchar, sujar) edificação ou monumento urbano:

Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano + multa.

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IMPORTANTE

� Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 06 meses a 01 ano de DETENÇÃO e multa.

� NÃO CONSTITUI CRIME a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

A filha única (pelo menos a que eu encontrei!!) de nossa banca sobre esses crimes:

40. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Considere a seguinte situação hipotética. Um jovem rebelde de 18 anos de idade escalou o mais alto prédio público de determinada cidade e nele promoveu pichação com suas iniciais, tendo sido surpreendido no ato pela segurança do edifício.

Nessa situação, o jovem deverá ser submetido a sanções administrativas e civis, pois a conduta descrita ainda não foi tipificada como crime na legislação pátria.

Questão 40: Vamos combinar, caro aluno, que essas questões elaboradas para cargos de juízes são muito tranquilas, não é verdade?? Essa então!! É claro que o jovem rebelde do caso em estudo responderá sim pelo crime ambiental previsto no art. 65 da Lei 9.605/98. Lembre-se que esse crime teve sua redação alterada recentemente pela Lei 12.408/11. Bom candidato para a sua prova!!

Gabarito: ERRADO

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� Os crimes contra a ADMINISTRAÇÃO ambiental

Esses têm ligação direta ou indireta com agentes públicos. Vamos aos principais:

� FAZER o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, OMITIR a verdade, SONEGAR informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de 01 a 03 anos + multa.

� OBSTAR ou DIFICULTAR a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais:

Pena - detenção, de 01 a 03 anos + multa.

� Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

� Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Se dolosos - detenção, de 01 a 03 anos + multa.

Se culposos – detenção de 03 meses a 01 ano + multa.

***

Finalizada mais uma aula!!

Dessa lei só não tratamos das infrações administrativas. Assim fizemos porque o edital de seu concurso, ao citar a Lei de Crimes Ambientais, é bem claro ao dar especial destaque aos aspectos processuais e penais dessa norma. Assim, seria desnecessário fazê-lo gastar sua preciosa energia e tempo quebrando a cabeça com tais infrações.

Tenho absoluta certeza de que as questões de sua prova do dia 06/05 estão aqui bem representadas!! Não deixe de participar do nosso fórum com suas dúvidas e questionamentos, pois ele está bombando!!

Bons estudos e até a próxima aula!

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QUESTÕES DE SUA AULA

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB - 2011] Considerando a disciplina legal dos crimes contra o meio ambiente, julgue os itens a seguir.

01. Incidem nas penas previstas em lei, na medida de sua culpabilidade, as pessoas que, tendo conhecimento da conduta criminosa de alguém contra o ambiente e podendo agir para evitá-la, deixem de impedir sua prática.

02. As sanções penais aplicáveis às pessoas físicas pela prática de crimes ambientais são as penas restritivas de direitos e multa, mas não, as privativas de liberdade.

03. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE - 2008] As penas restritivas de direito especificamente aplicáveis aos crimes ambientais, previstas na Lei n.º 9.605/1998, não incluem a prestação pecuniária à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social e a prestação de serviços à comunidade junto a parques públicos.

04. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Bartolomeu, pessoa com baixo grau de instrução, foi preso em flagrante pela prática de ato definido como crime contra a fauna. Nessa situação, o baixo grau de instrução de Bartolomeu não exclui a sua culpabilidade, mas constitui circunstância que atenuaria a sua pena no caso de eventual condenação penal.

05. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Considere a seguinte situação hipotética. Um comerciante com baixíssimo grau de escolaridade aproveitou-se de uma área de cerrado pertencente a um parque nacional, próxima ao seu estabelecimento, e passou a depositar ali produtos químicos com validade vencida, provocando a morte da vegetação circundante ao local de rejeitos, além da contaminação do solo, incorrendo, assim, em crime ambiental por causar dano à unidade de conservação.

Nessa situação, o fato de o comerciante ter pouca instrução em nada influenciará na dosimetria da pena a que ele for condenado.

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06. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AL - 2008] Dispõe o CP que a omissão é penalmente relevante quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado. Como o art. 225 da CF prevê que todos os cidadãos têm a obrigação de preservar o meio ambiente para as gerações futuras, não é necessário que se comprove que o agente podia e devia agir para evitar o resultado de crime contra o meio ambiente.

07. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] De acordo com a teoria do risco integral, a responsabilidade civil por dano ambiental não é afastada em face da ocorrência de caso fortuito, e o agente causador do dano fica sujeito à obrigação de repará-lo.

08. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Um delegado de polícia federal determinou abertura de inquérito para investigar crime ambiental, apontando como um dos indiciados a madeireira Mogno S.A. Nessa situação, houve irregularidade na abertura do inquérito porque pessoas jurídicas não podem ser consideradas sujeitos ativos de infrações penais.

09. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] A legislação brasileira consagrou a responsabilidade penal da pessoa jurídica, contudo não previu a desconsideração da pessoa jurídica na hipótese de sua personalidade ser obstáculo à reparação dos prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

10. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] Conforme a teoria da dupla imputação, somente ocorrerá a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais se houver a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício.

11. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/AC – 2008] Em crimes ambientais, em se tratando de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, poderá haver a responsabilização penal da pessoa jurídica, desde que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal, no interesse da sua entidade.

12. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Segundo a lei que dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de

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condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica.

13. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC - 2007] Em relação à tutela penal ambiental, a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe da cominação de sanção administrativa em relação ao mesmo fato e somente pode existir nos casos em que a ação ou a omissão ocorrerem no interesse ou no benefício do ente coletivo.

14. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2005] Um órgão do Ministério Público ofereceu denúncia contra uma pessoa jurídica de direito privado e dois de seus administradores por crime contra o meio ambiente, por causarem poluição em leito de um rio interestadual, por meio de lançamento de resíduos, tais como graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da atividade do estabelecimento comercial. Nessa situação, de acordo com entendimento do STJ, a pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo de crime ambiental.

15. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A pessoa jurídica poderá ser alcançada administrativa, civil e penalmente nos casos em que a conduta ou atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

[FUNRIO – POLICIA RODOVIARIA FEDERAL – 2009] A Lei 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Assim, dispõe que quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixe de impedir a sua prática, quando puder agir para evitá-la. Neste sentido, julgue os itens a seguir.

16. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas somente na esfera administrativa e civil conforme o disposto na lei 9.605/98, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

17. A responsabilidade das pessoas jurídicas exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

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18. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto na lei 9.605/98, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

19. A pessoa física poderá ser desconsiderada sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

20. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] Por se tratar de ente fictício, a pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo dos crimes ambientais.

21. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] Aceita-se a responsabilização penal da pessoa jurídica em crimes ambientais, independentemente de ser ela denunciada em coautoria a pessoa física que tenha agido com elemento subjetivo próprio na mesma infração penal.

22. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2011] Consoante a jurisprudência do STJ, a necessidade de dupla imputação nos crimes ambientais tem como fundamento o princípio da indivisibilidade, o qual se aplica, por exceção, nessa hipótese, e por não se admitir responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física.

23. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] A proibição de contratar com a administração pública por período de até três anos constitui sanção administrativa autônoma, podendo ser aplicada pela autoridade juntamente com pena de embargo de obra, em caso de concurso de infrações ambientais.

24. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB - 2011] A responsabilidade penal por crimes ambientais está integralmente amparada no princípio da culpabilidade; desse modo, os tipos penais previstos na lei que dispõe sobre os crimes ambientais (Lei n.º 9.605/1998) só se consumam se os delitos forem praticados dolosamente.

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25. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A ação penal para todos os delitos previstos na lei que dispõe acerca das sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente é, exclusivamente, pública incondicionada.

26. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2006] Em regra, o processo e o julgamento dos crimes ambientais é de competência da justiça federal.

27. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Em regra, a competência para processar e julgar os crimes contra a fauna é da justiça federal, uma vez que a proteção ao meio ambiente, conforme disposição da Constituição Federal, é dever da União.

28. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que um fazendeiro, nos limites de sua propriedade rural, abata espécime da fauna silvestre brasileira sem autorização do órgão competente, visando proteger seu rebanho da ação predatória do animal. Nessa situação, o fato é atípico, pois a legislação ambiental expressamente prevê essa excludente.

29. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Constitui crime cuja pena é de seis meses a um ano e multa matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, em desacordo com as prescrições legais pertinentes. Assim, diante de uma ocorrência policial dessa natureza e não havendo causas de aumento de pena, a autoridade policial competente deverá lavrar termo circunstanciado, em face da incidência de delito de menor potencial ofensivo.

30. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] A prática de maus-tratos contra animais domésticos é considerada crime contra o meio ambiente, sendo a morte do animal causa especial de aumento de pena.

31. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC - 2007] O abate de animal da fauna silvestre, quando realizado para a proteção de plantações ou rebanhos, não constitui crime; a lei, porém, exige que haja autorização expressa do órgão ambiental competente.

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[CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Paul, cidadão britânico e presidente de organização nãogovernamental para proteção aos cachorros, em visita ao Brasil para divulgar os trabalhos de sua organização, presenciou, em um pet shop, o corte das caudas de três filhotes de cachorro da raça rottweiler. Inconformado, Paul compareceu à delegacia mais próxima no intuito de formalizar uma representação criminal contra o médico veterinário responsável pelo estabelecimento comercial. A partir dessa situação hipotética e com base na Lei n.º 9.605/1998 (crimes contra o meio ambiente), julgue o item a seguir.

32. A representação não deverá ser formalizada pela autoridade policial, pois Paul, além de não ser cidadão brasileiro, não presenciou nenhuma infração penal.

33. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Alguém que, ao passar por um logradouro público, em manobra imprudente, desgoverna o carro e derruba uma árvore pode incorrer em sanção administrativa, mas nunca em sanção penal, pois a conduta de destruir ou maltratar plantas de logradouros públicos só admite a modalidade dolosa e não a culposa.

34. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC - 2007] A existência de autorização válida do órgão ambiental para o corte de árvores em floresta de preservação permanente atua como causa de exclusão de pena no crime previsto no art. 39 da Lei n.º 9.605/1998 (“Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente”).

35. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] O ato de soltar balões somente se caracteriza como crime contra o meio ambiente se, em consequência da conduta, houver incêndio em floresta ou em outras formas de vegetação, em áreas urbanas ou em qualquer tipo de assentamento humano

36. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Considere a seguinte situação hipotética. Um navio com produtos químicos altamente tóxicos chocou-se contra uma rocha e derramou em um rio grande quantidade da carga, provocando enorme poluição hídrica, com graves ameaças de danos à saúde dos ribeirinhos e pescadores.

Nessa situação, se — segundo listagem do IBAMA — algumas espécies animais ameaçadas de extinção forem atingidas, o autor do crime de poluição, no caso, terá sua pena agravada.

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37. [CESPE – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2007] Admite a tentativa qualquer modalidade do crime previsto no art. 54 da Lei n.º 9.605/1998, assim definido: “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”.

38. [CESPE – JUIZ SUBSITITUTO – TJ/PB - 2011] A emissão, em bares, de sons e ruídos muito acima do volume permitido constitui infração penal ambiental descrita na lei de regência como poluição de natureza geral, passível de causar danos à saúde humana.

39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TRF 5ª - 2011] O delito ambiental consistente em instalar, sem licença dos órgãos ambientais competentes, em qualquer parte do território nacional, estabelecimento potencialmente poluidor só se configura se a poluição gerada tiver potencial de, ao menos, causar danos à saúde humana.

40. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT - 2005] Considere a seguinte situação hipotética. Um jovem rebelde de 18 anos de idade escalou o mais alto prédio público de determinada cidade e nele promoveu pichação com suas iniciais, tendo sido surpreendido no ato pela segurança do edifício.

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 C E E C E C C E 9 10 11 12 13 14 15 16 E C C C C E C E 17 18 19 20 21 22 23 24 E C C E E E C C 25 26 27 28 29 30 31 32 E C E E E C E E 33 34 35 36 37 38 39 40 E C E C E E E E