assepsia

Upload: delineide-pereira-gomes

Post on 13-Jul-2015

99 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MICRORGANISMOS ASSOCIADOS A SEMENTES DE SOJA SUBMETIDAS AO ARMAZENAMENTO, ASSEPSIA E RETIRADA DE TEGUMENTOADILSON BIZZETTO 1 MARTIN HOMECHIN 2RESUMO - Determinou-se a presena de microrganismos associados a sementes de soja (Glycine max (L.) Merrill), armazenadas durante oito meses nas temperaturas de 18oC e 22oC. As avaliaes foram realizadas bimestralmente, sendo as sementes submetidas ou no ao processo de assepsia com hipoclorito de sdio, e retirada ou no do tegumento. Foram incubadas em papel de filtro e avaliadas no stimo dia. Os microrganismos detectados foram: Fusarium spp., bactrias, Colletotrichum dematium var. truncata e Aspergillus spp.. Fusarium spp. teve sua incidncia inalterada durante o perodo da avaliao, independente do tratamento adotado. Para bactrias, a assepsia com hipoclorito ou fungicidas favoreceu o desenvolvimento na superfcie das sementes. Apesar do pequeno nmero de sementes infectadas por Colletotrichum dematium var. truncata e Aspergillus spp., esses foram considerados, devido importncia que ultimamente vm adquirindo nas sementes de soja.

TERMOS PARA INDEXAO: Colletotrichum spp., fungicida, Fusarium spp., Glycine max, microrganismos, soja.

MICROORGANISMS ASSOCIATED TO SOYBEAN SEEDS SUBMITED TO STORAGE, ASSEPTIC TREATMENT AND TEGUMENT RETREATABSTRACT - In soybean seeds (Glycine max (L.) Merrill), kept in storaging during eight months under the temperature of 18 oC and 22 oC, it was determinated the presence of associated microorganisms. The evaluations were done each two months, with the seeds with or without the tegument and to sodium hipoclorine treatment. The seeds were incubated in filter paper and evaluated on the 7 th day. The microorganisms detected were: Fusarium spp., bacteria, Colletotrichum dematium var. truncata and Aspergillus spp. The Fusarium spp. incidence was inalterated during the evaluation period. For bacteria, the asseptic treatment with hipochlorine or fungicides favored its presence and development on the tegument surface. Although the number of seeds infected by Colletotrichum dematium var. truncata and Aspergillus spp. was reduced, these seeds were considered, due to its importance which has been related lately in soybean seeds.

INDEX TERMS: Colletotrichum spp., fungicide, Fusarium spp., Glycine max, microorganisms, soybean. INTRODUO A soja (Glycine max (L.) Merrill) afetada no campo por amplo nmero de doenas fngicas, algumas bacterianas, alm de viroses e nematides (Henning, 1996). Grande nmero desses organismos utilizam a semente como principal veculo de disseminao e introduo em novas reas de cultivo. Os patgenos Fusarium semitectum (seca da vagem), Colletotrichum truncatum (antracnose da soja), Peronospora manshurica (mldio), Rhizoctonia solani (rizoctoniose), Phomopsis sojae (queima da haste e da vagem) so disseminados pelas sementes (Henning, 1984 e Yorinori, 1986a). Temperatura e umidade elevadas durante a maturao e a colheita das sementes de soja podem favorecer a infeco de fungos, como Phomopsis spp. e Fusarium spp., principalmente F. semitectum (Frana Neto e Henning, 1984). Segundo Yorinori (1986b), a ocorrncia de percevejos-sugadores (Euchistus heros, Nezara viridula e Piezodorus gildini) responsveis por picadas e retardamento da colheita, auxiliam a infeco por Phomopsis spp., Fusarium spp. e Colletotrichum dematium var. truncata. De acordo com Menten e Bueno (1987), h relao entre a poca de inoculao e a localizao do patgeno nas diferentes partes das

1. Aluno do Curso de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), bolsista de Iniciao Cientfica do CNPq. 2. Eng. Agr.,Dr.,Prof. Adjunto do Departamento de Fitopatologia da UEL e orientador do trabalho, Caixa Postal 6001, CEP 86.051-970 - Londrina, PR, Brasil.

131 sementes, bem como da flora fngica existente. Aps a maturao, tambm h possibilidade de infeces durante os processos de secagem, trilha e armazenamento. Na avaliao sanitria de sementes, recomendada a utilizao de solues desinfestantes, como de hipoclorito de sdio, para eliminar microrganismos saprofticos que possam eventualmente influenciar o desenvolvimento de patgenos nas sementes. Saver e Burroughs (1984) verificaram aumento da eficincia de controle de Aspergillus spp. em sementes de trigo, com a reduo do pH da soluo de NaOCl de 11-12 para 8, apesar da maior instabilidade da molcula. No mtodo de papel de filtro, Henning (1996) postula a utilizao de soluo de hipoclorito de sdio a 1,05% (20 % do produto comercial QBoa), com o objetivo de notificar os patgenos existentes nas sementes, sem a ocorrncia de saprfitos. Henning e Frana Neto (1980) verificaram a erradicao de patgenos localizados internamente em sementes com elevados ndices de danos mecnicos, provavelmente resultante da penetrao do hipoclorito nas rachaduras existentes no tegumento. O presente trabalho visa a determinar a incidncia de microrganismos em sementes com ou sem tegumento, submetidas ou no assepsia superficial, no perodo de oito meses de armazenamento a 18 e 22 oC. MATERIAL E MTODOS Sementes da cultivar de soja Br-16, colhidas na safra agrcola 95/96 na regio da Warta, Distrito de Londrina - PR, pela EMBRAPA-Soja, foram avaliadas bimestralmente quanto sanidade, durante oito meses, sob duas temperaturas de armazenamento (18 e 22 oC), sendo a anlise sanitria realizada no Laboratrio de Fitopatologia da Universidade Estadual de Londrina. As sementes de soja foram acondicionadas em sacos de polipropileno. Quatro tratamentos, diferenciados pela adoo ou no de assepsia e/ou retirada de tegumento, foram representados por quatro repeties de 50 sementes, amostradas de fraes armazenadas sob ambas temperaturas consideradas. O mtodo de papel de filtro (Brasil, 1980) modificado foi adotado. Dez caixas plsticas previamente desinfestadas com soluo de hipoclorito de sdio a 1,02 %, munidas de quatro folhas de papel de filtro umedecidas com gua autoclavada, receberam 20 sementes cada, totalizando 200 sementes por tratamento em cada perodo de avaliao. As folhas de papel de filtro e gua foram esterilizadas em autoclave a 120oC por 20 e 60 minutos, respectivamente. Dispostas nos recipientes, as sementes foram incubadas por sete dias (Costa et al., 1992) em temperatura ambiente e ciclos alternativos de 12 horas de luz e 12 horas de escuro. Decorrido esse perodo, a leitura de microrganismos foi efetuada com auxlio de microscpio estereoscpico e binocular. Nos tratamentos com assepsia, as sementes foram imersas em soluo de hipoclorito de sdio a 0,51 % durante um minuto. Nos tratamentos com sementes sem tegumento, a retirada manual dessa estrutura foi facilitada pela embebio daquelas em gua esterilizada por 180 minutos. No oitavo ms de armazenamento, uma amostra adicional de 200 sementes foi tratada com fungicida thiabendazole na dosagem de 0,2 g i.a./kg de sementes, visando a determinar o controle do fungicida sobre os distintos microrganismos em relao amostra no tratada. A influncia isolada e das interaes dos fatores: temperatura de armazenamento, assepsia e retirada de tegumento sobre o desenvolvimento de microrganismos nas sementes de soja, foram determinadas pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSO Aos dois e seis meses de armazenamento, a reduo significativa do nmero mdio de sementes infectadas por Fusarium spp. nas sementes com assepsia, em relao s sem assepsia e nas sementes sem tegumento em relao s com tegumento (Tabela 1), ocorreu devido a menor infeco das sementes sem tegumento e com assepsia (Tabela 2), em relao aos demais tratamentos. O gnero Fusarium destacou-se pela infeco de grande nmero de sementes de soja (Tabela 1 e 2). Goulart, Paiva e Andrade (1995b) tambm detectaram alta freqncia, verificando Fusarium semitectum em 96,5 % dos lotes de sementes de soja amostrados e incidncia mdia de 17,2 %. De acordo com esses autores, os locais de produo de sementes interferem na incidncia de F. semitectum na soja. As temperaturas de armazenamento no reduziram significativamente Fusarium spp. nas sementes, apesar da menor freqncia no lote armazenado temperatura de 22 oC (Tabela 1). A assepsia associada retirada de tegumento e ao armazenamento em temperatura de 22oC, proporcionaram menores infeces por Fusarium spp., principalmente nos seis primeiros meses. Nos demais tratamentos, a freqncia do fungo nas sementes manteve-se estvel, sem diferenas estatsticas no decorrer do armazenamento (Tabela 2). Segundo Sisterna e Lori (1990), a manuteno da viabilidade do Fusarium spp. durante o armazenamento influenciada pela localizao interna nas sementes, sendo sua penetrao facilitada por danos causados por percevejos. Para Henning e Frana Neto (1980), apesar de alguns autores o considerarem como parasita fraco ou saprfita, esse microrganismo pode promover diminuio nos percentuais de germinao em laboratrio.

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

132 TABELA 1 - Nmero mdio de sementes de soja da cv. Br-16 infectadas por Fusarium spp., armazenadas durante oito meses a 18 e 22 oC, em diferentes perodos de armazenamento, submetidas ou no assepsia e retirada de tegumento, considerando-se a influncia isolada dos diferentes fatores. UEL, Londrina - PR, 1996. Perodo de armazenamento(meses) 2 Com assepsia Sem assepsia C.V. = 22,85 % Com tegumento Sem tegumento C.V.= 20,52 % 18 0C 22 0C C.V.= 16,50 % Letras maisculas de uma mesma coluna e letras minsculas iguais de uma mesma linha, nos diferentes fatores considerados isoladamente, no apresentam diferenas estatsticas (Tukey, 5 %). 2 Nmero total mdio de sementes infectadas de um total de 200 sementes. O tratamento com fungicida aplicado nas sementes reduziu esse patgeno, sem, entretanto, eliminar completamente o inculo (Tabela 2). Resultados obtidos por Goulart, Paiva e Andrade (1995a) indicaram alta eficincia do fungicida thiabendazole no controle de Fusarium semitectum em sementes de soja, erradicando o patgeno. Os processos de assepsia e principalmente de retirada do tegumento favoreceram o desenvolvimento mdio de bactrias, ao contrrio das temperaturas de armazenamento, nas quais a populao bacteriana no variou significativamente nos diferentes perodos considerados (Tabela 3). Na interao dos fatores assepsia, temperatura de armazenamento e retirada de tegumento, verificouse favorecimento do desenvolvimento das bactrias nas sementes sem tegumento, em ambas temperaturas. Isso ocorreu provavelmente no pela localizao, mas em funo das condies existentes. Na retirada do tegumento, quando as sementes foram imersas em gua durante trs horas, houve condies ideais para desenvolvimento desses organismos em relao aos fungos. Situao idntica ocorreu nas sementes tratadas com fungicidas aos oito meses de armazenamento. A eliminao de competidores da bactria promoveu aumento em relao s sementes no tratadas, independentemente das temperaturas de armazenamento (Tabela 4). Apesar de no observar diferenas significativas nos diferentes tratamentos, menor nmero de sementes foram infectadas por Colletotrichum dematium var. truncata, quando efetuada a assepsia e retirada de tegumento (Tabela 5). Para Ito e Tanaka (1993), a infeco das sementes por C. dematium var. truncata se restringe ao tegumento, localizando-se na camada intermediria da semente, que rica em amido. O embrio normalmente no colonizado, mas quando infectado, garante a sobrevivncia do patgeno por perodo prolongado de tempo, principalmente nas sementes armazenadas a baixas temperaturas. Segundo Henning (1984), devido baixa incidncia desse agente em sementes, pouco se conhece a respeito das implicaes que um lote com elevada incidncia de Colletotrichum spp. pode causar, se fosse aprovado no teste de germinao. Sisterna e Lori (1990) destacaram que a manuteno de C. dematium var. truncata durante o armazenamento pode levar reduo do poder germinativo das1

Tratamento

Repeties 4 4 74 2 aB1 122,25 aA

4s 89,5 aA 106,25 aA

6 60,25 aB 97 aA

8 62,5 aA 89,25 aA

4 4

112 aA 84,25 aB

104 aA 91,75 aA

98,25 aA 59 aB

91,5 aA 60,25 aB

4 4

104,25 aA 92 aA

103,25 aA 92,5 aA

96 aA 61 aB

81 aA 70,75 aA

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

133 sementes. Esse fator agravado pela constatao de Goulart (1991), que observou em condies de campo, percentagem de plntulas com sintomas de antracnose superior percentagem de sementes infectadas com Colletotrichum dematium var. truncata, provavelmente atribudo a outras fontes de inculo, como restos culturais. Poucas sementes foram afetadas por Colletotrichum dematium var. truncata, comparativamente aos demais microrganismos (Tabela 5). Em 142 amostras de lotes de sementes de soja, produzidas no Estado do Mato Grosso na safra 1992/93, Goulart, Paiva e Andrade (1995b) verificaram que a espcie Colletotrichum truncatum ocorreu em 45,1 % dos lotes, mas com incidncia mdia de 1,8 %.

TABELA 2 - Nmero de sementes de soja da cv. Br-16 infectadas por Fusarium spp., submetidas ao armazenamento a 18 e 22 oC, com ou sem tegumento e assepsia, a quatro perodos de armazenamento. UEL, Londrina - PR, 1996. Tempo de armazenamento (meses) 2 c/ assepsia c/tegumento 2 18 0 C c/ assepsia s/ tegumento s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento c/ assepsia c/tegumento 22 0C c/ assepsia s/ tegumento s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento 103 aA 119 aA 61 aA 74 aA 89,25 A 0 130 aA 93 aA 94 aA 86 aA 100,75 A 5 34 aB 47 aB 20 aA 53 aA 38,5 B 7 101 aA 111 aA 70 aA 70 aA 88 A 3 132 aA 101 aA 94 aA 92 aA 104,75 A 1 124 aA 112 aA 139 aA 105 aA 120 A 19 68 abA 100 aA 61 abA 22 bB 62,75 A 3 93 aA1 4 100 aA 6 90 aA 8 105 aA 97 A 3

Temperatura

Tratamento

Mdia

Fungicida 3

C. V. = 21,15 %Letras maisculas de uma mesma coluna e letras minsculas iguais de uma mesma linha, nos diferentes tratamentos das respectivas temperaturas, no apresentam diferenas estatsticas (Tukey, 5 %). 2 Nmero de sementes infectadas num total de 200 sementes. 3 Tratamento de sementes com thiabendazole (0,2 g i.a./ Kg semente)1

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

134 TABELA 3 - Nmero mdio de sementes de soja da cv. Br-16 infectadas por Bactrias sp., armazenadas durante oito meses a 18 e 22 oC, submetidas ou no assepsia e retirada de tegumento, considerando a influncia isolada dos diferentes fatores. UEL, Londrina - PR, 1996. Tempo de armazenamento (meses) 2 Com assepsia Sem assepsia C.V.= 16,13 % Com tegumento Sem tegumento C.V.= 61,56 % 18 0C 22 0C C.V.= 11,28 % Letras maisculas de uma mesma coluna e letras minsculas de uma mesma linha iguais nos diferentes fatores considerados isoladamente, no apresentam diferenas estatsticas (Tukey, 5 %).2 1

Tratamento

Repeties

4 81 aA 69 aA

6 79,75 aA 59,75 abB

8 64,5 aA 45,75 bB

4 4

69,5 2 aA1 60,75 abA

4 4

33,75 aB 96,5 bcA

32,5

aB

21 aB 118 aA

19,25 aB 91 cA

117,5 abA

4 4

64,75 abA 65,5 aA

75,25

aA

67,5 abA 72 aA

53

bA

74,75 aA

57,25 aA

Nmero total mdio de sementes infectadas num total de 200 sementes.

O thiabendazole eliminou completamente Colletotrichum dematium var. truncata nos diferentes tratamentos, para sementes armazenadas a 22o C, o mesmo no ocorrendo nas armazenadas a 18o C (Tabela 5). Segundo Frana Neto e Henning (1992), o thiabendazole eficiente no controle de Fusarium semitectum e Phomopsis spp., mas no para C. truncatum, e recomendam a utilizao de outros fungicidas para lotes com incidncia superior a 5 %. Goulart (1991) observou que os fungicidas tolyfluanid, benomyl, pencycuron + tolyfluanid foram eficientes no controle de Colletotrichum dematium var. truncata nas sementes de soja, apesar de no erradic-lo. A baixa infeco de Aspergillus spp. nas sementes e a alta variao estatstica limitaram a determinao da influncia dos fatores considerados isoladamente (Tabela 06). Segundo Dhingra, Nicholson e Sinclair (1967), a presena de Aspergillus spp., notadamente de A. flavus melhor notificada quando as sementes de soja so submetidas a temperatura que oscilam de 30 oC a 35 oC de incubao.

Em ambas as temperaturas de armazenamento, o nmero de sementes infectadas com Aspergillus spp. aumentou ao longo dos meses (Tabela 6). Christensen e Dorworth (1966) notificaram maior ocorrncia de Aspergillus spp. nas sementes armazenadas a 25oC, em comparao s armazenadas a 20oC e a 5oC. Quanto localizao, Pereira et al. (1994) detectaram pelo mtodo de papel de filtro, maior percentual de Aspergillus spp. em relao ao mtodo de incubao em meio garsalino, sendo este mais eficiente na deteco de microrganismos localizados internamente nas sementes, sugerindo a localizao nas camadas mais superficiais. Em sementes de soja com 10,9 % de incidncia de A. flavus, Dhingra, Nicholson e Sinclair (1967) verificaram que 1,4 % estavam localizados internamente e 9,5 % externamente. Maior nmero de sementes infectadas por Aspergillus spp. foi verificado aps oito meses de armazenamento, entretanto, o tratamento com thiabendazole proporcionou eficiente controle (Tabela 7). Embora em baixa incidncia, Aspergillus spp., principalmente

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

135 Aspergillus flavus, tem provocado deteriorao das sementes com perda de matria seca e de colorao ( vero, 1995), alm de produzir micotoxinas, responsveis por alteraes histolgicas em animais e de efeito teratognico (Wogan, 1966). Dhingra, Nicholson e Sinclair (1967) verificaram que Aspergillus flavus reduz a viabilidade da soja, principalmente em temperaturas de incubao mais elevadas (30 oC- 35 oC), nas quais as redues de germinao e tamanho dos cotildones das plntulas so mais evidentes. Lotes de sementes de soja descartados e amostrados por Pereira et al. (1994) atingiram ndices de infeco de 81% com Aspergillus flavus. Apesar da estreita relao observada entre os fungos de armazenamento e a baixa germinao dos lotes, foi constatado que Aspergillus spp. no foi a causa principal da baixa qualidade das sementes.

TABELA 4 - Nmero de sementes de soja da cv. Br-16 infectadas por Bactrias sp., com ou sem tegumento e assepsia, em quatro perodos de armazenamento nas temperaturas de 18 e 22 oC. UEL, Londrina - PR, 1996. Tempo de armazenamento (meses) 2 c/ assepsia c/tegumento 18 0 C c/ assepsia s/ tegumento s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento c/ assepsia c/tegumento 22 0C c/ assepsia s/ tegumento s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento C. V. = 16,19 %1 2

Temperatura

Tratamento

Mdia 8

Fungicida 3

4 32 b

6 35 b

27 b1

16 b

27,5 B

60

105 a

130 a

119 a

104 a

114,5 A

128

29 b

27 b

9b

11 b

19 B

44

98 a

112 a

107 a

81 a

99,5 A

98

36 b

38 b

32 b

40 b

36,5 B

53

110 a

124 a

133 a

98 a

116,25 A

132

43 a

33 b

10 b

10 b

24 B

60

73 a

104 a

113 a

81 a

92,75 A

137

Letras minsculas e maisculas iguais, nas colunas nos diferentes tratamentos, no apresentam diferenas estatsticas (Tukey, 5 %). 2 Nmero de sementes infectadas num total de 200 sementes. 3 Tratamento de sementes com thiabendazole (0,2 g i.a./ Kg semente)

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

136 TABELA 5 - Nmero de sementes de soja da cv. Br-16 infectadas por Colletotrichum dematium var. truncata, com ou sem tegumento e assepsia, em quatro perodos de armazenamento nas temperaturas de 18 e 22 oC. UEL, Londrina - PR, 1996. Tempo de armazenamento (meses) 2 c/ assepsia c/tegumento c/ assepsia s/ tegumento 18 0 C s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento c/ assepsia c/tegumento c/ assepsia s/ tegumento 22 0C s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento C. V. = 10,53 % Letras maisculas de uma mesma coluna e letras minsculas iguais de uma mesma linha, nos diferentes tratamentos das respectivas temperaturas, no apresentam diferenas estatsticas (Tukey, 5 %).2 3 1 2

Temperatura

Tratamento

Mdia 8 1 aA 4,25 A

Fungicida 3

4 3 aA

6 4 aA

9 aA1

3

1 aA

1 aA

1 aA

0 aA

0,75 A

0

13 aA

17 aA

5 aA

5 aA

10 A

3

4 aA

1 aA

8 aA

10 aA

5,75 A

1

7 aA

2 aA

4 aA

4 aA

4,25 A

0

0 aA

0 aA

0 aA

0 aA

0A

0

5 aA

12 aA

8 aA

5 aA

9,25 A

0

2 bA

30 aA

2 bA

3 bA

7,5 A

0

Nmero de sementes infectadas num total de 200 sementes. Tratamento de sementes com thiabendazole (0,2 g i.a./ Kg semente)

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

137 TABELA 6 - Nmero mdio de sementes de soja da cv. Br-16 infectadas por Aspergillus spp., armazenadas durante oito meses a 18 e 22 o C, submetidas ou no assepsia e retirada de tegumento, considerando-se a influncia isolada dos diferentes fatores. UEL, Londrina - PR, 1996. Tempo de armazenamento (meses) Tratamento Repeties 2 4 6 8

Com assepsia Sem assepsia C.V.= 112 % Com tegumento Sem tegumento C.V.= 108 % 18 0C 22 0C C.V.= 109,2 %

4 4

0,5 2 bA1 1,25 bA

0,5 bA 1,75 bA

1 bB 9,25 abA

16,25 aA 15,5 aA

4 4

1 bA 0,75 bA

2 bA 0,25 bA

3,75 bA 6,5 bA

14 aA 17,75 aA

4 4

1 bA 0,75 bA

1,75 bA 0,50 bA

3,25 bA 7 bA

13,5 aA 18,25 aA

Letras maisculas de uma mesma coluna e letras minsculas iguais de uma mesma linha, nos diferentes fatores considerados isoladamente, no apresentam diferenas estatsticas (Tukey, 5 %).2

1

Nmero total mdio de sementes infectadas num total de 200 sementes. CONCLUSES e) A assepsia e retirada de tegumento no reduz o nmero de sementes infectadas com Colletotrichum dematium var. truncata. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BRASIL. Ministrio da Agricultura. Departamento Nacional de Produo Vegetal. Regras para anlise de sementes. Braslia, 1980. 188p. CHRISTENSEN, C.M.; DORWORTH, C.E.. Influence of moisture content, and time on invasion of soybeans by storage fungi. Phytopathology, St. Paul, v.56, p.412 - 418, 1966.

a) Em sementes desprovidas do tegumento, a assepsia reduz a incidncia de Fusarium spp; b) O fungicida thiabendazole, aplicado em sementes de soja, controla eficientemente Fusarium spp. e Aspergillus spp., porm com pouca eficincia no controle de Colletotrichum dematium var. truncata; c) A retirada de tegumento e/ou o tratamento das sementes com o fungicida thiabendazole favorece o desenvolvimento das bactrias em sementes de soja; d) Temperaturas de armazenamento de 18OC e O 22 C no interferem significativamente no nmero de sementes infectadas com Fusarium spp., Colletotrichum dematium var. truncata, Bactrias sp. e Aspergillus spp.

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

138 TABELA 7 - Nmero mdio de sementes de soja da cv. Br-16 infectadas com Aspergillus spp., com ou sem tegumento e assepsia, a quatro perodos de armazenamento, nas temperaturas de 18 e 22 o C. UEL, Londrina- PR, 1996.

Temperatura

Tratamento 2 c/ assepsia c/tegumento 2 c/ assepsia s/ tegumento

Tempo de armazenamento (meses) 4 6 8

Mdia

Fungicida 3

0 aA1

1 aA

0 aA

9 aA

2,5 A

0

1 bA

1 bA

1 bA

24 aA

6,75 A

0

18 0 C

s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento c/ assepsia c/tegumento c/ assepsia

2 aA

5 aA

6 aA

11 aA

6A

2

1 aA

0 aA

6 aA

10 aB

4,25 A

0

0 bA

0 bA

2 bA

19 aA

5,25 A

0

1 aA

0 aA

1 aA

13 aA

3,75 A

0

22 0C

s/ tegumento s/ assepsia c/ tegumento s/ assepsia s/ tegumento

2 aA

2 aA

7 aA

17 aA

7A

4

0 bA

0 bA

18 aA

24 aA

10,5 A

2

C. V. = 73,27 % Letras maisculas de uma mesma coluna e letras minsculas iguais uma mesma linha, nos diferentes tratamentos das respectivas temperaturas, no apresentam diferenas estatsticas (Tukey, 5 %).2 3 1

Nmero de sementes infectadas num total de 200 sementes. Tratamento de sementes com thiabendazole (0,2 g i.a./ Kg semente)

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999

139 COSTA, N.P. da, PEREIRA, L.A.G., FRANA NETO, J. de B.; HENNING, A.A. Zoneamento ecolgico do Estado do Paran para a produo de sementes de cultivares precoces de soja.. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1992. 28p. (EMBRAPACNPSo. Boletim de Pesquisa, 2). DHINGRA, O.D., NICHOLSON, J.F.; SINCLAIR, J.B. Influence of temperature on recovery of Aspergillus flavus from soybean seed. Phytopathology, Belltsvile, v.57, p. 185-187, 1967. FRANA NETO, J de B.; HENNING, A.A. Qualidades fisiolgica e sanitria de sementes de soja. Londrina : EMBRAPA-CNPSo, 1984. 39p. (EMBRAPA-CNPSo. Circular Tcnica, 9). FRANA NETO, J. de B.; HENNING, A.A. Diacom: diagnstico completo da qualidade da semente de soja. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1992. 22 p. (EMBRAPA-CNPSo. Circular Tcnica, 10). GOULART, A.C.P. Eficincia do tratamento qumico das sementes de soja no controle de Colletotrichum dematium var. truncata. Revista Brasileira de Sementes, Braslia, v.13, n.1, p. 1-4, jan./ jun. 1991. GOULART, A.C.P., PAIVA, F de A.; ANDRADE, P. J. M. Controle de fungos em sementes de soja (Glycine max ) pelo tratamento com fungicidas. Summa Phytopathologica, Jaguarina, v.21, n. 3/4, p. 239-244, 1995a. GOULART, A.C.P., PAIVA, F. de A.; ANDRADE, P.J.M. Qualidade sanitria de sementes de soja produzidas no Mato Grosso do Sul. Revista Brasileira de Sementes, Braslia, v.17, n.1, p.42-46, jan/ jun 1995b. HENNING, A.A.; FRANA NETO, J.B. Problemas na avaliao de germinao de sementes de soja com alta incidncia de Phomopsis sp. Revista Brasileira de Sementes, Braslia, v.2, n. 3, p. 922, mar. 1980. HENNING, A.A. Qualidade sanitria da semente. In: FRANA NETO, J. de B. & HENNING, A. A. Qualidade fisiolgica e sanitria de sementes de soja. EMBRAPA-CNPSo. 1984. (EMBRAPACNPSo. Circular Tcnica, 9). HENNING, A.A. Patologia de sementes. Londrina. EMBRAPA-CNPSo. 1996. 43p. (EMBRAPACNPSo. Documentos, 90). ITO, M.F.; TANAKA, M.A. de S. Soja: principais doenas causadas por fungos, bactrias e nematides. Campinas: Fundao Cargill, 1993. 48 p. MENTEN, J.O.M.; BUENO, J.T.. Transmisso de patgenos pelas sementes. In: SOAVE, J. & WETZEL, M.M.V.S.. Patologia de Sementes. Campinas: Fundao Cargill, 1987. Cap. 7, p.164 -191. PEREIRA, G.F.A., MACHADO, J.C., SILVA, R.L.X. da; OLIVEIRA, S.M.A. de. Fungos de armazenamento em lotes de sementes de soja descartados no Estado de Minas Gerais na safra 1989/90. Revista Brasileira de Sementes, Braslia, v.16, n.2, p. 216219, jul/dez. 1994. SAVER, D.B.; BURROUGHS, R. Desinfection of seedsurfaces with sodium hipochlorite. Phytopathology, St. Paul, v. 74, n. 7, p. 879, 1984. SISTERNA, M.N.; LORI, G.A. Logevidad y efecto de lo hongos patogenos de semillas de soja. Fitopatologia Brasileira, Braslia, v. 15, p. 195 -199, 1990. VERO. Cuidado com as raes. Avicultura Cincia & Tecnologia, Campinas, v.3, n. 14, p.12-13, maio 1995. YORINORI, J.T. Doenas de soja no Brasil. In: Fundao Cargill. A Soja no Brasil Central. 3. ed, Campinas, 1986a. v.1, cap. 8, 444 p. YORINORI, J. T. Inspeo de campo visando sanidade de sementes de soja. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE PATOLOGIA DE SEMENTES, 2., 1986. Campinas. Resumos Campinas: Fundao Cargill, 1986b, p. 79-83. WOGAN, G.N. Chemical nature and biological effects of the aflatoxins. Bacteriological Reviews, v. 30, n.2, p. 460-470, 1966.

Cinc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.1, p.130-139, jan/mar., 1999