as novas caras da agência -...

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número53 março de 2005 ISSN 1518-6377 www.anvisa.gov.br As novas caras da Agência págs. 4 e 5 Bares e lanchonetes precisam cumprir Boas Práticas pág. 3 Medidores mamários são registrados pela Anvisa pág. 8

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número53março de 2005

ISSN 1518-6377

8 março de 20057março de 20056 março de 2005

www.anvisa.gov.br

Novo quadro funcional surpreende pela qualificação

entrevista: Lúcia de Fátima Teixeira Masson

Aceitar o convite para trabalhar na Anvisa, tão logo a Agência foi criada, revelou-se um dos grandes desafios já enfrentados pela pedagoga Lúcia Masson, especialista em Recursos Humanos (RH). Mineira de Espera Feliz, Lúcia está em Brasília desde 1981, onde começou a carreira de servidora pública na Fundação Nacional da Merenda Escolar, do Ministério da Educação.

Ao ser removida para a área de RH do Ministério da Saúde, em 1993, a peda-goga deparou-se com um quadro de pessoal muito maior do que aquele ao qual estava acostumada. “Em vez de 1.200 funcionários, como na Fundação, havia no Ministério 200 mil. Era um desafio e tanto”, diz. Não maior do que montar a estrutura organizacional da Anvisa, em 1999, com apenas uma colaboradora.

Gerente de Gestão de Recursos Humanos, Lúcia Masson enaltece a impor-tância do concurso e do curso de formação, demonstrando expectativa positiva em relação ao novo quadro funcional da Anvisa.

As mulheres que pretendem fazer cirurgia plástica mamária ou as que precisam de uma prótese de silicone para reconstitui-ção de mama contam agora com mais um fator de segurança. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária registrou, nos últimos meses, medidores (moldes) de prótese mamária de silicone de quatro empresas. Os medidores são utilizados para avaliar o tamanho da prótese a ser implantada. Com o registro, os mé-dicos passam a ter acesso a normas de esterilização do produto, fundamentais para evitar contaminação bacteriana.

Em abril de 2004, foram notificados 25 casos de infecção em pacientes que se submeteram a esse tipo de cirurgia nos municípios paulistas de Campinas e Jundiaí e em Goiânia (GO). Na época, a Anvisa determinou a interdição cautelar de todos os medidores comercializados no país, apontados como causadores das infecções. A medida, de caráter temporário, teve função

preventiva. Em ação conjunta com a Vigilância em Saúde de Campinas e com a Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, a Anvisa realizou uma investigação criteriosa e, depois de analisar os produtos, concedeu registro a quatro deles.

O registro de produtos para saúde deve atender a critérios definidos pela Lei 6.360/76 e pela Resolução RDC nº 185/01. De acordo com a RDC 185, todos os produtos correlatos, o que inclui tanto as próteses quanto os medidores, devem ter registro na Anvisa para que possam ser comercializados.

É possível saber se o produto está registrado, pelo nome co-mercial, acessando a página www.anvisa.gov.br. Depois, basta clicar em Áreas de Atuação, no ícone Produtos para Saúde, Regis-tro de Produtos. Outro modo é informar os seguintes termos, na consulta: medidores de mama; sizer; molde provador de prótese mamária e medidor para implante mamário cheio de silicone.

Regularização de medidores mamários reduz riscos em cirurgias

BI – Como foi a experiência de trabalhar pela efetivação do primeiro concurso da Anvisa?

Aqui cabe uma retrospectiva. Na lei de criação da Anvisa não há referência a quadro de pessoal. Uma medida provisó-ria redistribuiu para a Agência servidores que trabalhavam na extinta Secretaria de Vigilância Sanitária. Só em julho de 2000 a Lei 9.986 criou os quadros das agências reguladoras, sob o regime cele-tista. Começamos a estruturar a carreira e quando nos preparávamos para lançar o edital, o PT entrou com uma ação de inconstitucionalidade, em dezembro de 2000, questionando o regime trabalhista. A alegação era a de que o especialista em regulação, por fiscalizar e ter poder de polícia, ficaria extremamente vulnerável regido pela CLT.

Aguardamos uma decisão do Supre-mo Tribunal Federal, que nunca julgou o mérito da ação. No começo de 2003, as agências começaram a se reunir para propor uma alteração na lei, mudando o regime para o RJU – Regime Jurídico Úni-co. O então presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu que a decisão caberia ao próximo governo. Como o PT ganhou a eleição, empenhou-se em solucionar o caso e, em maio de 2004, foi aprovada a Lei das Carreiras das Agências (Lei 10.871), que trouxe, entre outras inovações, a criação de cargos de nível médio.

A partir daí o processo deslanchou, com a ajuda da diretoria, das gerên-cias, dos funcionários. Em novembro

realizamos a primeira etapa do concurso; em fevereiro de 2005, a segunda etapa e no último dia 15 começamos a dar posse aos aprovados.

BI – Já é possível delinear um perfil dos aprovados?

A maioria é constituída por jovens, solteiros, com menos de cinco anos de formados e com algum curso de pós-graduação. Eles estão entrando com uma perspectiva de carreira na Anvisa e com uma visão mais ampla da Agência, devido ao curso de formação.

BI – E o desenvolvimento da carreira, como se dará?

Estão previstas na lei a progressão e a promoção. Na progressão o servidor passa de um padrão de vencimento para o outro, imediatamente superior. A base da progressão é o desempenho, não mais a an-tigüidade. Quanto à promoção, representa a mudança de classe – a carreira é dividida em classes A, B e Especial – e leva em conta não só o desempenho, mas o cumprimento de alguns requisitos objetivos, como tempo de experiência e titulação.

Há também duas gratificações. A gra-tificação de desempenho por atividade de regulação (GDAR), destinada apenas aos especialistas, é baseada no desempenho individual e no institucional, onde são levadas em consideração, por exemplo, metas do contrato de gestão, PPA, etc. As Agências estão aguardando publicação de Decreto regulamentando a GDAR.

Produtos apreendidos de 2 a 31 de março

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Lúcia: “Curso de formação foi sucesso” As novas caras da Agência págs. 4 e 5

Bares e lanchonetes precisam cumprir Boas Práticaspág. 3

Medidores mamários são registrados pela Anvisapág. 8

Rotulagem de alimentos deve informar sobre gordura trans-saturada

O que aos olhos parece irresistível, e que de certo modo já está incorporado ao hábito da população de consumir gulo-seimas e outros alimentos de preparação rápida, pode representar sérios danos à saúde. A chamada gordura trans – que confere sabor e consistência e amplia o prazo de validade de produtos indus-trializados, como salgadinhos de pacote, biscoitos, bolachas, bolos, margarinas, sorvetes – constitui um importante fator de risco para infartos, derrames e outras doenças relacionadas ao aumento do colesterol ruim (LDL) e redução daquele considerado bom (HDL).

Em benefício do consumidor e da saúde pública e compatibilizando a legislação nacional com as normas har-monizadas no Mercosul, a Anvisa editou a Resolução RDC n° 360 (23/12/2003), que obriga os fabricantes a declarar no rótulo nutricional informações sobre os ácidos graxos trans. A determinação é que a partir de agosto de 2006 os rótulos dos alimentos industrializados informem so-bre a quantidade de gordura trans contida nos produtos. O regulamento técnico de rotulagem obrigatória de alimentos em-balados já está em vigor no Brasil desde o início de 2003, de acordo com a RDC 360/03. A nova resolução adicionará o novo item de trans à tabela de informações nutricionais.

“Com essa norma em vigor, a popu-lação tomará conhecimento do teor de gorduras trans, descrito nos rótulos dos alimentos, e poderá escolher aqueles que possuem menor quantidade desse tipo de gordura”, defende a gerente de produtos especiais da Anvisa, Antônia Aquino.

As trans são uma das mais nocivas gorduras – lipídios insaturados com uma ou mais dupla ligação trans, expressos como ácidos graxos livres – formadas por um processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen de animais a partir da flora microbiana intestinal) ou industrial, presentes principalmente nos alimentos que passaram por processamento tecno-lógico de hidrogenação de lipídios mono e poliinsaturados. O processo industrial de hidrogenação transforma a consistência

dos óleos vegetais de fluida para sólida, assegurando ao produto estrutura mais rígida e estabilidade à oxidação. Os ali-mentos de origem animal, como a carne e o leite, além dos óleos vegetais, possuem pequenas quantidades dessas gorduras.

A gerente Antônia Aquino reforça a importância de a indústria alimentícia nacional se adequar às novas normas de rotulagem nutricional, pois “há evidên-cias científicas de que o principal efeito metabólico dos ácidos graxos trans em relação às doenças coronarianas refere-se à sua ação hipercolesterolêmica, que eleva o colesterol total e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e reduz a lipoproteína de alta densidade (HDL), resultando, as-sim, em significativo aumento na relação LDL/HDL. Essa relação é um dos fatores determinantes do prognóstico de doenças cardiovasculares”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reco-menda a menor ingestão p o s s í v e l desse tipo de gordura, não devendo o consumo diário ser superior a 1% do total de calorias, ou seja, cerca de 2 gramas em uma dieta de 2.000 calorias. Na rotulagem nutricional obrigatória devem ser declarados os seguintes nutrientes: valor ener-gético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras satu-radas, gorduras trans e sódio.

“A partir da vo-racidade da indús-tria alimentícia em lançar produtos mais atrativos, variados, con-

sistentes e saborosos, a população está adoecendo. Uma das maiores causas de toxinas acumuladas no organismo advém do consumo indiscriminado de gordu-ra trans-saturada presente na maioria desses alimentos processados”, alerta o nutricionista especialista em Nutrição Esportiva Leonardo de Sousa Costa, formado na Universidade de Brasília. Ele diz que “a ingestão excessiva desse tipo de gordura agrega-se às paredes das artérias, aumenta o conteúdo de LDL (colesterol ruim), além de causar enve-lhecimento precoce por ser altamente oxidante, podendo redundar em graves problemas coronários.” Sousa Costa avalia que “as trans são nocivas à saúde devido à dificuldade de eliminação das toxinas depositadas no tecido gorduroso do corpo”.

Outra gratificação é a de qualificação (GQ), que vai atender a três requisitos: acadêmico, técnico-funcional e organi-zacional. Hoje, no serviço público, os servidores do Banco Central são os únicos que a recebem. As áreas de Recursos Hu-manos das Agências Reguladoras estão se reunindo, mensalmente, com o objetivo de propor parâmetros para regulamentação da Gratificação de Qualificação ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

BI – Que importância as pessoas que deixam a Agência tiveram na consolidação da instituição?

Sem o trabalho delas, a Anvisa não seria o que é. Todas têm o reconhecimento da Agência. Temos contratos temporários, contratos com organismos internacionais e os terceirizados. Todos esses vínculos têm prazo definido para terminar. E tanto para a instituição quanto para as pessoas é complicado esse momento de transi-ção. Todas trabalharam, se dedicaram e também houve bastante investimento da Anvisa. Cabe à área de Recursos Humanos preparar as pessoas para as mudanças que estão ocorrendo. O ser humano sempre procura a zona de conforto, sempre acha que tudo vai dar certo. Temos de aprender com esse processo todo e agir previamente, porque no final deste ano serão encerrados os contratos por organismos internacionais que ainda permanecem e grande parte dos contratos regidos pela Lei 8.745/93. Além disso, iremos publicar o edital do concurso para os cargos de nível médio.

Produto Empresa Situação Motivo

Água Sanitária Cloral (lote 138) Prodisa Produtos e Distribuidora Ltda Interditado Presença de microorganismos e rótulo

fora do padrão

Analgesil 500mg (lote 1.912) Laboratório Kinder Ltda Interditado Presença de sulcos e pontos escuros na

superfície

Captopron 12,5mg (captopril) lotes 001 e 004

Cifarma Científica Farmacêutica Ltda Interditado Teor do princípio ativo abaixo do padrão

e presença de impurezas

Complexo Vitamínico B – gotasOrtotex Produtos

Hospitalares e Farmacêuticos Ltda

Apreendido Não possui registro

Creme Dental Ultra Action Menta – com flúor + cálcio

(lotes B0153 e B0294)

BBP Comércio e Distribuidor Ltda Interditado Potencial de irritação da mucosa oral

Detergente Automotivo CremosoVideoquímica

Produtos Químicos Ltda

Apreendido Não possui registro

Dipironati 500mg (lote 010904) Nativita Indústria e Comércio Interditado Teor de princípio ativo abaixo do

especificado

Duzimicin 250mg/5ml (lotes 403 E e 405 A) Prati, Donaduzzi & CIA Interditado Odor desagradável e sedimentação

insatisfatória

Hidrofloc HCL 200 Extra Forte (cloro) Hidroall Piscinas Ltda Apreendido Não possui registro

Hidrol 50mg (Hidroclorotizida) Hipolabor Indústria Farmacêutica Ltda Apreendido Embalagens com cartelas de outros

medicamentos

Metildopa Genérico Comprimidos 500mg (lote 03A434)

EMS Indústria Farmacêutica Ltda Interditado Teste de dissolução

Tira-dúvidas

1. Para que servem as gorduras trans?As gorduras trans formadas durante o processo de hidroge-

nação industrial que transforma óleos vegetais

líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente

são utilizadas para melhorar a consistência dos alimentos e

também aumentar a vida de pra-teleira de alguns produtos.

2. Esse tipo de gordura faz mal para a saúde?

Sim. O consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode causar o au-

mento do colesterol total e ainda do colesterol ruim (LDL), além de reduzir os níveis de colesterol

bom (HDL). É importante lembrar que não há in-formação disponível que ateste benefícios à saúde a partir do consumo de gordura trans.

3. Gordura hidrogenada é o mesmo que gordura trans?Não. O nome gordura trans deriva da ligação química que a gordura apresenta, podendo estar presente em produtos industrializados ou in natura, como carnes e leites. A gordura hidrogenada é o tipo específico de gordura trans fabricado na indústria.

4. Quais alimentos são ricos em gordura trans?A maior preocupação deve ser com os alimentos industrializados - sorvetes, cremes vegetais, ba-

tatas-fritas, salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, bem como gorduras

hidrogenadas e margarinas, e os produtos preparados com esses ingredientes.

com os valores, com a missão, com a posição técnica e social que a instituição ocupa na sociedade”, afirma. Regina é funcionária pública há 22 anos, dos quais 19 traba-lhando na área da Saúde. Ela ressalta que o profissional de Vigilância Sanitária deve ter como especificidade um conhecimento multidiscipli-nar, sempre baseando suas ações no gerenciamento dos riscos, isto é, “na probabilida-de de ocorrência de eventos desfavoráveis nos processos

desenvolvidos nos serviços de saúde e com produtos de saúde”.

A formação de uma cultura organi-zacional é fundamental para o sucesso de instituições privadas ou públicas. Na Anvisa, essa identidade começará a ser constituída com a chegada dos novos funcionários do quadro efetivo. A ad-ministradora Denise Soares, concursada que trabalha na Gerência-Geral de Gestão Administrativa e Financeira (GGGAF), percebe algumas particularidades da Agência quando comparada a outros ór-gãos públicos: “No pouco tempo em que estou aqui, me impressionou a organiza-ção na tramitação de documentos. Este não é meu primeiro emprego público e vejo inúmeras vantagens em permanecer aqui. Gosto do ambiente de trabalho e da seriedade com que as decisões são tomadas”.

Suzana Machado de Ávila, funcio-nária do Ministério da Saúde e gerente de Inspeção e Certificados de Insumos, Medicamentos e Produtos (GIMEP) da Anvisa está treinando uma turma de concursados que recebeu em sua gerên-cia. Segundo ela, é necessário construir uma unidade de ação. “O concurso é absolutamente importante. Ter uma força de trabalho fixa, que dê continuidade às ações e conduza a Casa com legitimida-de, é imprescindível, principalmente no campo da Vigilância Sanitária, uma das áreas da Saúde Pública mais importan-tes no dia-a-dia da sociedade”. Suzana lembra da fundamental contribuição daqueles que estão deixando a Anvisa: “Estou muito feliz com a equipe que

“É inegável a importância da Anvisa. É uma instituição respeitada não só no setor público como no privado. Somos vistos com credibilidade tanto pelo governo quanto pela população e pelos profis-sionais de saúde”, afirma a economista Mariene Castilho D`Ávila, na Anvisa há cinco anos e aprovada no concurso como Especialista em Regulação.

Tendo atuado sempre na área-fim, Mariene optou por conhecer a área-meio e está trabalhando na Audi-toria. “Minha experiência profissional na Agência contribuiu positivamente para minha formação. Tive a oportunidade de parti-cipar de atividades muito interessantes na área técni-ca, nas áreas de assessoria, gestão e coordenação, que me permitiram enxergar a Anvisa como um conjunto. Construí uma visão ampla

da Agência, não atrelada somente à parte técnica, ao dia-a-dia”, conta.

Ciente da responsabilidade de tra-balhar na Anvisa e da necessidade de fortalecer a carreira de agente regulador, a economista acredita que agora é “o mo-mento de reorganizar a Casa, consolidar a identidade da instituição, firmar valores”. Ao defender o investimento na carreira, Mariene ressalta o papel da Agência: “Estamos aqui para fazer um trabalho em prol da sociedade”.

Fico mais tranqüila sabendo que existe uma lei que deve ser cumprida.”

Parceria

Buscando uma aproximação maior com os manipuladores e comerciantes de alimentos, a Anvisa participa, desde 2001, do Programa Alimentos Seguros (PAS), por meio do qual desenvolve um trabalho de conscientização para controlar os perigos ligados à saúde do consumidor. “Com o PAS deixamos de

ser um órgão que apenas formula nor-mas e cobra o cumprimento de regras. Passamos a fazer, também, um trabalho de orientação, de educação de produto-res, distribuidores, comerciantes e ma-nipuladores de alimentos. No que diz respeito à RDC 216, especificamente, o PAS possibilita que treinemos pes-soas que, ao dominar a ferramenta das Boas Práticas, nos ajudarão a implantar a resolução. O programa é uma forma de nos aproximar da sociedade, de fazê-la entender por que é tão importante a adoção de nossas determinações”, afirma o gerente de qualificação técnica em segurança de alimentos da Anvisa, Fernando Viga Magalhães.

O momento da vigilância sanitária no Brasil, segundo o estudioso Geraldo Lucchese, mostra um processo de reestruturação que percorre todas as partes componentes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: reformu-lação do nível federal, com a criação da Anvisa e o seu Contrato de Gestão com o Ministério da Saúde; reapare-lhamento e reestruturação dos órgãos estaduais, e criação de estruturas legais e operacionais para a execução das ações de vigilância sanitária no nível municipal.

A consolidação desse Sistema depende, invaria-velmente, do fortalecimento da instituição federal. A legitimidade de sua capacidade de coordenação tem repercussão direta na qualidade dos serviços de vigilância sanitária em todo o país.

É nesse contexto que o primeiro concurso para formação de um quadro de funcionários efetivos da Agência tem sua relevância ampliada, constituindo um marco institucional na história da Anvisa e do Sistema de Vigilância Sanitária em toda a sua complexidade.

Os aprovados na primeira fase tiveram a oportunidade de participar de uma atividade que os fez conhecer a abrangência de atuação da Anvisa e o compromisso, dos que nela trabalham, com o bem-estar coletivo. O curso de formação possibilitou delinear um panorama expressivo da Agência e da importância de seu papel frente às esferas estadual e municipal.

A chegada de novos profissionais, que ingressam na carreira de agentes de regulação com a Agência já consolidada, irá possibilitar um planejamento ainda mais efetivo das ações federais de vigilância sanitária. A instituição reconhece o esforço, competência e dedi-cação de todos aqueles que até aqui ajudaram a colocá-la no lugar de destaque que hoje tem no cenário nacional. Ao lado disso, recebe os recém-empossados com a certeza de que prosseguirão na missão de zelar pela saúde pública.

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2março de 2005

3 março de 2005 4março de 2005 5 março de 2005

Concurso público renova força de trabalho da AnvisaRDC 216: Qualidade e segurança para os alimentos vendidos no comércio

Encontro

Representantes das gerências-gerais de Sangue, outros Tecidos, Células e Órgãos (GGSTO) e de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) da Anvisa promoveram cursos durante o I Encontro de Medicina Tropical do Cone Sul, realizado de 6 a 10 de março, em Florianópolis, no XLI Congresso Anual da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Professores e pesquisadores debateram o combate a doenças que atingem, principalmente, as classes sociais menos favorecidas.

PAF

O médico-sanitarista Paulo Ricardo Santos Nunes é o novo gerente-geral de Portos, Aeroportos e Fronteiras (GGPAF) da Anvisa. Nunes, que já ocupou o cargo de 1998 a 2001, reassumiu a função no dia 9 de março. Doutorando em Educação em Vigilância Sanitária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalhava como consultor técnico na coordenação de PAF do estado.

Anorexígenos

O chefe da Unidade de Produtos Controlados da Anvisa, Kleber Pessoa de Mello, esteve presente à divulgação de um relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes/ONU, no qual são apontados os riscos do aumento do consumo de medicamentos anorexígenos no Brasil para fins de emagrecimento. A solenidade foi realizada no dia 1o de março, no Palácio do Planalto. Mais informações: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2005/030305.htm.

Em cinco anos de existência, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi construída por uma força de traba-lho múltipla. A diversidade de vínculos empregatícios e a alta rotatividade de profissionais caracterizaram o quadro de pessoal da Agência em sua fase de estrutu-ração. A despeito disso, foi pelo esforço e dedicação desses 2.200 profissionais que a Anvisa pôde consolidar-se como institui-ção, perante a população, o setor regulado e o Sistema Único de Saúde (SUS).

O ano de 2005 marca, entretanto, o início de uma nova fase na história da Agência. No dia 21 de março, o primeiro grupo de funcionários efetivos, aprovados no concurso de provas e títulos realizado em 2004, entrou em exercício na Casa. Essas 580 pessoas darão um novo rosto à Agência.

“Este é o segundo momento mais importante para a Anvisa. O primeiro foi a sua criação. Agora temos um quadro de pessoas permanente na Agência, que garantirá a continuidade das políticas, a estabilidade do trabalho e a previsibilida-de. O investimento nessa mão-de-obra é fundamental. O constante aperfeiçoa-mento implicará melhorias para a organi-zação como um todo. Nossa expectativa é de que, em poucos anos, cada um dos profissionais da Anvisa torne-se referên-cia técnica nacional para os diferentes temas de vigilância sanitária”, afirma o diretor-presidente da Agência, Cláudio Maierovitch.

A criação da Anvisa, em abril de 1999, foi resultado da Reforma do Aparelho de Estado e da necessidade de transformar o frágil modelo de regulação e controle sanitário vigente no Brasil até então. A máquina pública passava por um processo de desburocratização e incorporou o mo-delo regulatório das agências americanas, que tinha como principal objetivo a busca da eficiência gerencial.

Nesse processo, transparência e agili-dade das funções administrativas foram conquistas da Anvisa, apontadas pelo psicólogo Gilvando Conceição de Olivei-ra como motivadores de sua permanência no órgão. “A Anvisa sedimentou meu percurso profissional. Ser psicólogo no Brasil não é fácil. Ser psicólogo na área de saúde coletiva é mais complicado ainda.

Não me arrependo de ter vindo para Brasília tentar seguir esse caminho. Comecei como contratado e tive a opor-tunidade de passar no concurso. Me sinto privilegiado por trabalhar numa instituição tão séria e transparente como a Anvisa. Vejo isso como uma evolução do serviço público”, diz.

Gilvando ingressou na Anvisa em 2003, contratado temporariamente para trabalhar no Comitê de Política de Recur-sos Humanos (COPRH). Especializado em Saúde do Trabalhador, com mestra-do em Saúde Coletiva, deixou Salvador (BA) determinado a seguir carreira na Vigilância Sanitária Federal. “Não sou concurseiro. Saúde Pública não é acaso na minha vida, me especializei para estar aqui. Quero continuar estudando, fazer meu doutorado na área e me estabelecer profissionalmente na Agência”, planeja.

Compromisso

Para o diretor-presidente, Cláudio Maierovitch, a Anvisa será fortalecida se os novos funcionários internalizarem a missão da Agência. “Precisamos de pessoas que optem por trabalhar em Vigi-lância Sanitária e não a enxerguem apenas como uma oportunidade de mercado volátil, oportunidade que será trocada a qualquer momento pela realização de um novo concurso ou por proposta do setor privado que remunere melhor.”

A gerente de Infra-estrutura em Serviços de Saúde, Regina Barcellos, partilha dessa opinião: “Esperamos receber profissionais comprometidos

está entrando. Tenho muitas expecta-tivas, mas fico triste, também, por ver alguns de nossos profissionais saindo. Fico admirada com a postura que estão assumindo. Continuam nos ajudando o tempo inteiro e prestando orientações aos novos”, elogia.

Adaptação

A maioria dos aprovados no concurso não morava em Brasília e está em processo de adaptação não só ao trabalho como à cidade. A farmacêutica Mariângela Tor-chia do Nascimento, da Gerência Geral de Medicamentos (GGMED), é um exem-plo. Ela morava em Barra Mansa (RJ) e ainda não se instalou definitivamente. Por enquanto, está na casa de amigos e elogia a receptividade brasiliense: “Tenho recebido forte apoio das pessoas. Todos estão sempre procurando ajudar quem é de fora. Na Agência o ambiente é bom, caloroso”, comenta.

Mariângela ressaltou, também, que o ingresso na Anvisa modificou sua visão sobre o trabalho em Vigilância Sanitária. “Acho que a maior dificuldade que as pessoas podem ter no primeiro contato com a Agência é o desconhecimento da rotina. De fora, fica mais evidente o poder de polícia do que a preservação da saúde. A impressão é que existe um grupo que edita normas por editar. Percebo, agora, que temos pessoas muito capaci-tadas trabalhando para que a população tenha acesso a produtos de qualidade”, argumenta.

Das 580 vagas oferecidas pelo con-curso, 460 eram para especialistas e 120 para analistas, ambos os cargos de nível superior. Enquanto o especialista tem atribuições voltadas para a área-fim – são farmacêuticos, biólogos, nutrólogos, médicos etc. – o analista tem atribuições da área-meio – logística, recursos hu-manos, finanças. Do total de vagas para especialistas, o maior número ficou para farmacêuticos: 231, seguidos por advo-gados, que somaram 33. Para o cargo de analista, 30 das 120 vagas foram ocupadas por profissionais de administração; 14, por advogados.

Ao todo, foram 22 mil inscritos, sendo que 14.200 confirmaram a matrícula, ou

seja, pagaram a inscrição. Foram apro-vadas 182 pessoas do Distrito Federal e 407 de outros estados, o que resulta em 589 profissionais. A diferença em relação ao número de vagas previsto deve-se ao fato de que alguns concursandos ganha-ram liminar para fazer a segunda etapa do concurso, mesmo não tendo obtido classificação para isso.

Medidas adotadas pela Anvisa, desde a sua criação, configuram-se como avanços na qualidade do trabalho da Vigilância Sanitária em benefício da sociedade brasileira. A instituição do medicamento genérico, a formulação do primeiro re-gulamento nacional sobre Boas Práticas em Serviços de Alimentação, o controle da propaganda de medicamentos, entre outros, são determinações da Agência, que repercutem na melhoria da saúde da população.

Nos últimos seis meses, o Brasil empreendeu mudanças significativas no campo da oferta de alimentos seguros para a população. A Reso-lução RDC 216 da Anvisa estabe-lece novos procedimentos de Boas Práticas em Alimentação e tem por objetivo a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos alimentos pre-parados em padarias, cantinas, lancho-netes, bufês, confeitarias, restaurantes, comissarias, cozinhas industriais e institucionais, em todo o país.

O regulamento nacional entrou em vigor no dia 16 de setembro de 2004 e determinava um período de 180 dias para adequação dos estabelecimentos. O prazo expirou, portanto, no dia 16 de março. “Já existiam códigos municipais e estaduais para fiscalização dos alimentos vendidos em restauran-tes e afins, mas agora definimos padrões nacionais que irão unifor-mizar tanto os procedimentos da produção quanto da fiscalização”, afirma o gerente-geral de Alimen-tos, Cleber Ferreira.

A norma orienta os comer-ciantes a procederem de maneira adequada e segura à manipulação, preparo, acondicionamento, ar-mazenamento, transporte e expo-sição dos alimentos. Prevê ainda a manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e uten-sílios; o controle da água de abasteci-mento e de vetores transmissíveis de doenças e pragas urbanas; a capacitação profissional e a supervisão da higiene e da saúde dos manipuladores; o manejo correto de resíduos (lixo); e o controle e a garantia de qualidade do alimento preparado.

A estudante de Direito Raquel de Souza come freqüentemente em lanchonetes fast-food e restaurantes self-service. Ela aprova a iniciativa da Agência. “Como passo o dia na faculdade e no estágio, sou obrigada a almoçar na rua. É muito ruim duvidar o tempo todo da qualidade do alimento.

O PAS atua em todo o país por meio de Comitês Gestores Estaduais. É uma parceria entre CNI, Senai, Sebrae, Senac, Sesc, Senar, CNPq, Embrapa, Anvisa e ministérios da Saúde, do Turismo e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Seis projetos – Campo, Indústria, Distribuição, Mesa, Trans-porte, Ações Especiais – foram elabo-rados para acompanhar o alimento em toda a sua trajetória, do campo à mesa, permitindo o controle das diversas etapas. Cada projeto prevê o desen-

volvimento dos produtos (material técnico de sensibilização, cursos etc.) adequados ao público-alvo em cada caso; a formação de multiplicadores, instrutores e consultores; a divulga-ção do sistema entre os empresários; e a capacitação e a adoção orientada das Boas Práticas.

A ação educativa da Anvisa, no entanto, não se limita ao PAS e ao setor produtivo. Em parceria com a Universidade da Bahia, a Agên-cia está produzindo a cartilha “O Porquê da RDC 216”. Segundo a gerente de Inspeção e Controle de Riscos de Alimentos, Ana Virgínia de Almeida, a Universidade da Bahia tem experiência na formulação de material educativo para público não-acadêmico, na área da Saúde. “Eles irão desenvolver uma cartilha que mostre a RDC 216 comentada,

permitindo que o conteúdo seja de fácil acesso a todos. A publicação será dife-rente das cartilhas do PAS porque não estará restrita a um setor nem condicio-nada a um programa de treinamento. Todo o cidadão interessado poderá adquirir seu exemplar”, esclarece.

Enquanto a cartilha não fica pron-ta, os manipuladores de alimentos devem recorrer ao texto legal. A íntegra da RDC 216 está na página da Anvisa: www.anvisa.gov.br, no link Legislação. Os estabelecimentos que não cum-prirem o disposto na norma estarão sujeitos a notificações e multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, de acordo com a Lei nº 6.437/77.

Anvisa Boletim Informativo é uma publicação mensal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - Ministério da Saúde.

Edição: Beth Nardelli, registro DRT/DF 500/04/43Textos: Beth Nardelli, Luciana Barreto, Shirley Medeiros e Vanessa AmaralRevisão: Dulce Bergmann Projeto e Design Gráfico: Daniel FerreiraEditoração: João Carlos MachadoFoto da capa: Almir WanzellerApoio: Daniella Silva e Gabriele OliveiraImpressão: Gráfica ElliteTiragem: 60 mil exemplares Endereço: SEPN Quadra 515, Bloco B, Ed. Ômega Brasília-DF CEP 70770-502Telefones: (61) 448-1022 ou 448-1301/ Fax: (61) 448-1252 E-mail: [email protected]: 1518-6377

cartas

Se você tem alguma dúvida ou sugestão a fazer, entre em contato com a produção do Boletim Informativo da Anvisa. Envie e-mail para [email protected] ou carta para o Núcleo de Assessoramento em Comunicação Social e Institucional (Comin): SEPN Q. 515 - Bloco B - Edifício Omega - 4º andar - sala 9. CEP: 70.770-502 - Brasília - DF.

A construção de uma carreira

André Vaz Lopes é administrador de empresas e, ainda estudante, direcionou sua carreira profissional para o serviço público. Aos 18 anos, conseguiu seu primeiro emprego no Ministério da Saúde e, em 2001, ingressou na Anvisa como estagiário da Gerência de Recursos Humanos.

Foi contratado por organismo internacional para permanecer na mesma área, por empresa terceirizada, e, mais tarde, foi aprovado no processo seletivo para contratação temporária. Neste ano consolidou sua permanência na Agência. André integra agora o quadro efetivo de funcionários e atua na área de Capacitação e Desenvolvimento.

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Experiência colaborou para a formação de Mariene

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Denise elogia organização da Anvisa

com os valores, com a missão, com a posição técnica e social que a instituição ocupa na sociedade”, afirma. Regina é funcionária pública há 22 anos, dos quais 19 traba-lhando na área da Saúde. Ela ressalta que o profissional de Vigilância Sanitária deve ter como especificidade um conhecimento multidiscipli-nar, sempre baseando suas ações no gerenciamento dos riscos, isto é, “na probabilida-de de ocorrência de eventos desfavoráveis nos processos

desenvolvidos nos serviços de saúde e com produtos de saúde”.

A formação de uma cultura organi-zacional é fundamental para o sucesso de instituições privadas ou públicas. Na Anvisa, essa identidade começará a ser constituída com a chegada dos novos funcionários do quadro efetivo. A ad-ministradora Denise Soares, concursada que trabalha na Gerência-Geral de Gestão Administrativa e Financeira (GGGAF), percebe algumas particularidades da Agência quando comparada a outros ór-gãos públicos: “No pouco tempo em que estou aqui, me impressionou a organiza-ção na tramitação de documentos. Este não é meu primeiro emprego público e vejo inúmeras vantagens em permanecer aqui. Gosto do ambiente de trabalho e da seriedade com que as decisões são tomadas”.

Suzana Machado de Ávila, funcio-nária do Ministério da Saúde e gerente de Inspeção e Certificados de Insumos, Medicamentos e Produtos (GIMEP) da Anvisa está treinando uma turma de concursados que recebeu em sua gerên-cia. Segundo ela, é necessário construir uma unidade de ação. “O concurso é absolutamente importante. Ter uma força de trabalho fixa, que dê continuidade às ações e conduza a Casa com legitimida-de, é imprescindível, principalmente no campo da Vigilância Sanitária, uma das áreas da Saúde Pública mais importan-tes no dia-a-dia da sociedade”. Suzana lembra da fundamental contribuição daqueles que estão deixando a Anvisa: “Estou muito feliz com a equipe que

“É inegável a importância da Anvisa. É uma instituição respeitada não só no setor público como no privado. Somos vistos com credibilidade tanto pelo governo quanto pela população e pelos profis-sionais de saúde”, afirma a economista Mariene Castilho D`Ávila, na Anvisa há cinco anos e aprovada no concurso como Especialista em Regulação.

Tendo atuado sempre na área-fim, Mariene optou por conhecer a área-meio e está trabalhando na Audi-toria. “Minha experiência profissional na Agência contribuiu positivamente para minha formação. Tive a oportunidade de parti-cipar de atividades muito interessantes na área técni-ca, nas áreas de assessoria, gestão e coordenação, que me permitiram enxergar a Anvisa como um conjunto. Construí uma visão ampla

da Agência, não atrelada somente à parte técnica, ao dia-a-dia”, conta.

Ciente da responsabilidade de tra-balhar na Anvisa e da necessidade de fortalecer a carreira de agente regulador, a economista acredita que agora é “o mo-mento de reorganizar a Casa, consolidar a identidade da instituição, firmar valores”. Ao defender o investimento na carreira, Mariene ressalta o papel da Agência: “Estamos aqui para fazer um trabalho em prol da sociedade”.

Fico mais tranqüila sabendo que existe uma lei que deve ser cumprida.”

Parceria

Buscando uma aproximação maior com os manipuladores e comerciantes de alimentos, a Anvisa participa, desde 2001, do Programa Alimentos Seguros (PAS), por meio do qual desenvolve um trabalho de conscientização para controlar os perigos ligados à saúde do consumidor. “Com o PAS deixamos de

ser um órgão que apenas formula nor-mas e cobra o cumprimento de regras. Passamos a fazer, também, um trabalho de orientação, de educação de produto-res, distribuidores, comerciantes e ma-nipuladores de alimentos. No que diz respeito à RDC 216, especificamente, o PAS possibilita que treinemos pes-soas que, ao dominar a ferramenta das Boas Práticas, nos ajudarão a implantar a resolução. O programa é uma forma de nos aproximar da sociedade, de fazê-la entender por que é tão importante a adoção de nossas determinações”, afirma o gerente de qualificação técnica em segurança de alimentos da Anvisa, Fernando Viga Magalhães.

O momento da vigilância sanitária no Brasil, segundo o estudioso Geraldo Lucchese, mostra um processo de reestruturação que percorre todas as partes componentes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: reformu-lação do nível federal, com a criação da Anvisa e o seu Contrato de Gestão com o Ministério da Saúde; reapare-lhamento e reestruturação dos órgãos estaduais, e criação de estruturas legais e operacionais para a execução das ações de vigilância sanitária no nível municipal.

A consolidação desse Sistema depende, invaria-velmente, do fortalecimento da instituição federal. A legitimidade de sua capacidade de coordenação tem repercussão direta na qualidade dos serviços de vigilância sanitária em todo o país.

É nesse contexto que o primeiro concurso para formação de um quadro de funcionários efetivos da Agência tem sua relevância ampliada, constituindo um marco institucional na história da Anvisa e do Sistema de Vigilância Sanitária em toda a sua complexidade.

Os aprovados na primeira fase tiveram a oportunidade de participar de uma atividade que os fez conhecer a abrangência de atuação da Anvisa e o compromisso, dos que nela trabalham, com o bem-estar coletivo. O curso de formação possibilitou delinear um panorama expressivo da Agência e da importância de seu papel frente às esferas estadual e municipal.

A chegada de novos profissionais, que ingressam na carreira de agentes de regulação com a Agência já consolidada, irá possibilitar um planejamento ainda mais efetivo das ações federais de vigilância sanitária. A instituição reconhece o esforço, competência e dedi-cação de todos aqueles que até aqui ajudaram a colocá-la no lugar de destaque que hoje tem no cenário nacional. Ao lado disso, recebe os recém-empossados com a certeza de que prosseguirão na missão de zelar pela saúde pública.

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2março de 2005

3 março de 2005 4março de 2005 5 março de 2005

Concurso público renova força de trabalho da AnvisaRDC 216: Qualidade e segurança para os alimentos vendidos no comércio

Encontro

Representantes das gerências-gerais de Sangue, outros Tecidos, Células e Órgãos (GGSTO) e de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) da Anvisa promoveram cursos durante o I Encontro de Medicina Tropical do Cone Sul, realizado de 6 a 10 de março, em Florianópolis, no XLI Congresso Anual da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Professores e pesquisadores debateram o combate a doenças que atingem, principalmente, as classes sociais menos favorecidas.

PAF

O médico-sanitarista Paulo Ricardo Santos Nunes é o novo gerente-geral de Portos, Aeroportos e Fronteiras (GGPAF) da Anvisa. Nunes, que já ocupou o cargo de 1998 a 2001, reassumiu a função no dia 9 de março. Doutorando em Educação em Vigilância Sanitária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalhava como consultor técnico na coordenação de PAF do estado.

Anorexígenos

O chefe da Unidade de Produtos Controlados da Anvisa, Kleber Pessoa de Mello, esteve presente à divulgação de um relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes/ONU, no qual são apontados os riscos do aumento do consumo de medicamentos anorexígenos no Brasil para fins de emagrecimento. A solenidade foi realizada no dia 1o de março, no Palácio do Planalto. Mais informações: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2005/030305.htm.

Em cinco anos de existência, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi construída por uma força de traba-lho múltipla. A diversidade de vínculos empregatícios e a alta rotatividade de profissionais caracterizaram o quadro de pessoal da Agência em sua fase de estrutu-ração. A despeito disso, foi pelo esforço e dedicação desses 2.200 profissionais que a Anvisa pôde consolidar-se como institui-ção, perante a população, o setor regulado e o Sistema Único de Saúde (SUS).

O ano de 2005 marca, entretanto, o início de uma nova fase na história da Agência. No dia 21 de março, o primeiro grupo de funcionários efetivos, aprovados no concurso de provas e títulos realizado em 2004, entrou em exercício na Casa. Essas 580 pessoas darão um novo rosto à Agência.

“Este é o segundo momento mais importante para a Anvisa. O primeiro foi a sua criação. Agora temos um quadro de pessoas permanente na Agência, que garantirá a continuidade das políticas, a estabilidade do trabalho e a previsibilida-de. O investimento nessa mão-de-obra é fundamental. O constante aperfeiçoa-mento implicará melhorias para a organi-zação como um todo. Nossa expectativa é de que, em poucos anos, cada um dos profissionais da Anvisa torne-se referên-cia técnica nacional para os diferentes temas de vigilância sanitária”, afirma o diretor-presidente da Agência, Cláudio Maierovitch.

A criação da Anvisa, em abril de 1999, foi resultado da Reforma do Aparelho de Estado e da necessidade de transformar o frágil modelo de regulação e controle sanitário vigente no Brasil até então. A máquina pública passava por um processo de desburocratização e incorporou o mo-delo regulatório das agências americanas, que tinha como principal objetivo a busca da eficiência gerencial.

Nesse processo, transparência e agili-dade das funções administrativas foram conquistas da Anvisa, apontadas pelo psicólogo Gilvando Conceição de Olivei-ra como motivadores de sua permanência no órgão. “A Anvisa sedimentou meu percurso profissional. Ser psicólogo no Brasil não é fácil. Ser psicólogo na área de saúde coletiva é mais complicado ainda.

Não me arrependo de ter vindo para Brasília tentar seguir esse caminho. Comecei como contratado e tive a opor-tunidade de passar no concurso. Me sinto privilegiado por trabalhar numa instituição tão séria e transparente como a Anvisa. Vejo isso como uma evolução do serviço público”, diz.

Gilvando ingressou na Anvisa em 2003, contratado temporariamente para trabalhar no Comitê de Política de Recur-sos Humanos (COPRH). Especializado em Saúde do Trabalhador, com mestra-do em Saúde Coletiva, deixou Salvador (BA) determinado a seguir carreira na Vigilância Sanitária Federal. “Não sou concurseiro. Saúde Pública não é acaso na minha vida, me especializei para estar aqui. Quero continuar estudando, fazer meu doutorado na área e me estabelecer profissionalmente na Agência”, planeja.

Compromisso

Para o diretor-presidente, Cláudio Maierovitch, a Anvisa será fortalecida se os novos funcionários internalizarem a missão da Agência. “Precisamos de pessoas que optem por trabalhar em Vigi-lância Sanitária e não a enxerguem apenas como uma oportunidade de mercado volátil, oportunidade que será trocada a qualquer momento pela realização de um novo concurso ou por proposta do setor privado que remunere melhor.”

A gerente de Infra-estrutura em Serviços de Saúde, Regina Barcellos, partilha dessa opinião: “Esperamos receber profissionais comprometidos

está entrando. Tenho muitas expecta-tivas, mas fico triste, também, por ver alguns de nossos profissionais saindo. Fico admirada com a postura que estão assumindo. Continuam nos ajudando o tempo inteiro e prestando orientações aos novos”, elogia.

Adaptação

A maioria dos aprovados no concurso não morava em Brasília e está em processo de adaptação não só ao trabalho como à cidade. A farmacêutica Mariângela Tor-chia do Nascimento, da Gerência Geral de Medicamentos (GGMED), é um exem-plo. Ela morava em Barra Mansa (RJ) e ainda não se instalou definitivamente. Por enquanto, está na casa de amigos e elogia a receptividade brasiliense: “Tenho recebido forte apoio das pessoas. Todos estão sempre procurando ajudar quem é de fora. Na Agência o ambiente é bom, caloroso”, comenta.

Mariângela ressaltou, também, que o ingresso na Anvisa modificou sua visão sobre o trabalho em Vigilância Sanitária. “Acho que a maior dificuldade que as pessoas podem ter no primeiro contato com a Agência é o desconhecimento da rotina. De fora, fica mais evidente o poder de polícia do que a preservação da saúde. A impressão é que existe um grupo que edita normas por editar. Percebo, agora, que temos pessoas muito capaci-tadas trabalhando para que a população tenha acesso a produtos de qualidade”, argumenta.

Das 580 vagas oferecidas pelo con-curso, 460 eram para especialistas e 120 para analistas, ambos os cargos de nível superior. Enquanto o especialista tem atribuições voltadas para a área-fim – são farmacêuticos, biólogos, nutrólogos, médicos etc. – o analista tem atribuições da área-meio – logística, recursos hu-manos, finanças. Do total de vagas para especialistas, o maior número ficou para farmacêuticos: 231, seguidos por advo-gados, que somaram 33. Para o cargo de analista, 30 das 120 vagas foram ocupadas por profissionais de administração; 14, por advogados.

Ao todo, foram 22 mil inscritos, sendo que 14.200 confirmaram a matrícula, ou

seja, pagaram a inscrição. Foram apro-vadas 182 pessoas do Distrito Federal e 407 de outros estados, o que resulta em 589 profissionais. A diferença em relação ao número de vagas previsto deve-se ao fato de que alguns concursandos ganha-ram liminar para fazer a segunda etapa do concurso, mesmo não tendo obtido classificação para isso.

Medidas adotadas pela Anvisa, desde a sua criação, configuram-se como avanços na qualidade do trabalho da Vigilância Sanitária em benefício da sociedade brasileira. A instituição do medicamento genérico, a formulação do primeiro re-gulamento nacional sobre Boas Práticas em Serviços de Alimentação, o controle da propaganda de medicamentos, entre outros, são determinações da Agência, que repercutem na melhoria da saúde da população.

Nos últimos seis meses, o Brasil empreendeu mudanças significativas no campo da oferta de alimentos seguros para a população. A Reso-lução RDC 216 da Anvisa estabe-lece novos procedimentos de Boas Práticas em Alimentação e tem por objetivo a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos alimentos pre-parados em padarias, cantinas, lancho-netes, bufês, confeitarias, restaurantes, comissarias, cozinhas industriais e institucionais, em todo o país.

O regulamento nacional entrou em vigor no dia 16 de setembro de 2004 e determinava um período de 180 dias para adequação dos estabelecimentos. O prazo expirou, portanto, no dia 16 de março. “Já existiam códigos municipais e estaduais para fiscalização dos alimentos vendidos em restauran-tes e afins, mas agora definimos padrões nacionais que irão unifor-mizar tanto os procedimentos da produção quanto da fiscalização”, afirma o gerente-geral de Alimen-tos, Cleber Ferreira.

A norma orienta os comer-ciantes a procederem de maneira adequada e segura à manipulação, preparo, acondicionamento, ar-mazenamento, transporte e expo-sição dos alimentos. Prevê ainda a manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e uten-sílios; o controle da água de abasteci-mento e de vetores transmissíveis de doenças e pragas urbanas; a capacitação profissional e a supervisão da higiene e da saúde dos manipuladores; o manejo correto de resíduos (lixo); e o controle e a garantia de qualidade do alimento preparado.

A estudante de Direito Raquel de Souza come freqüentemente em lanchonetes fast-food e restaurantes self-service. Ela aprova a iniciativa da Agência. “Como passo o dia na faculdade e no estágio, sou obrigada a almoçar na rua. É muito ruim duvidar o tempo todo da qualidade do alimento.

O PAS atua em todo o país por meio de Comitês Gestores Estaduais. É uma parceria entre CNI, Senai, Sebrae, Senac, Sesc, Senar, CNPq, Embrapa, Anvisa e ministérios da Saúde, do Turismo e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Seis projetos – Campo, Indústria, Distribuição, Mesa, Trans-porte, Ações Especiais – foram elabo-rados para acompanhar o alimento em toda a sua trajetória, do campo à mesa, permitindo o controle das diversas etapas. Cada projeto prevê o desen-

volvimento dos produtos (material técnico de sensibilização, cursos etc.) adequados ao público-alvo em cada caso; a formação de multiplicadores, instrutores e consultores; a divulga-ção do sistema entre os empresários; e a capacitação e a adoção orientada das Boas Práticas.

A ação educativa da Anvisa, no entanto, não se limita ao PAS e ao setor produtivo. Em parceria com a Universidade da Bahia, a Agên-cia está produzindo a cartilha “O Porquê da RDC 216”. Segundo a gerente de Inspeção e Controle de Riscos de Alimentos, Ana Virgínia de Almeida, a Universidade da Bahia tem experiência na formulação de material educativo para público não-acadêmico, na área da Saúde. “Eles irão desenvolver uma cartilha que mostre a RDC 216 comentada,

permitindo que o conteúdo seja de fácil acesso a todos. A publicação será dife-rente das cartilhas do PAS porque não estará restrita a um setor nem condicio-nada a um programa de treinamento. Todo o cidadão interessado poderá adquirir seu exemplar”, esclarece.

Enquanto a cartilha não fica pron-ta, os manipuladores de alimentos devem recorrer ao texto legal. A íntegra da RDC 216 está na página da Anvisa: www.anvisa.gov.br, no link Legislação. Os estabelecimentos que não cum-prirem o disposto na norma estarão sujeitos a notificações e multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, de acordo com a Lei nº 6.437/77.

Anvisa Boletim Informativo é uma publicação mensal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - Ministério da Saúde.

Edição: Beth Nardelli, registro DRT/DF 500/04/43Textos: Beth Nardelli, Luciana Barreto, Shirley Medeiros e Vanessa AmaralRevisão: Dulce Bergmann Projeto e Design Gráfico: Daniel FerreiraEditoração: João Carlos MachadoFoto da capa: Almir WanzellerApoio: Daniella Silva e Gabriele OliveiraImpressão: Gráfica ElliteTiragem: 60 mil exemplares Endereço: SEPN Quadra 515, Bloco B, Ed. Ômega Brasília-DF CEP 70770-502Telefones: (61) 448-1022 ou 448-1301/ Fax: (61) 448-1252 E-mail: [email protected]: 1518-6377

cartas

Se você tem alguma dúvida ou sugestão a fazer, entre em contato com a produção do Boletim Informativo da Anvisa. Envie e-mail para [email protected] ou carta para o Núcleo de Assessoramento em Comunicação Social e Institucional (Comin): SEPN Q. 515 - Bloco B - Edifício Omega - 4º andar - sala 9. CEP: 70.770-502 - Brasília - DF.

A construção de uma carreira

André Vaz Lopes é administrador de empresas e, ainda estudante, direcionou sua carreira profissional para o serviço público. Aos 18 anos, conseguiu seu primeiro emprego no Ministério da Saúde e, em 2001, ingressou na Anvisa como estagiário da Gerência de Recursos Humanos.

Foi contratado por organismo internacional para permanecer na mesma área, por empresa terceirizada, e, mais tarde, foi aprovado no processo seletivo para contratação temporária. Neste ano consolidou sua permanência na Agência. André integra agora o quadro efetivo de funcionários e atua na área de Capacitação e Desenvolvimento.

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Experiência colaborou para a formação de Mariene

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com os valores, com a missão, com a posição técnica e social que a instituição ocupa na sociedade”, afirma. Regina é funcionária pública há 22 anos, dos quais 19 traba-lhando na área da Saúde. Ela ressalta que o profissional de Vigilância Sanitária deve ter como especificidade um conhecimento multidiscipli-nar, sempre baseando suas ações no gerenciamento dos riscos, isto é, “na probabilida-de de ocorrência de eventos desfavoráveis nos processos

desenvolvidos nos serviços de saúde e com produtos de saúde”.

A formação de uma cultura organi-zacional é fundamental para o sucesso de instituições privadas ou públicas. Na Anvisa, essa identidade começará a ser constituída com a chegada dos novos funcionários do quadro efetivo. A ad-ministradora Denise Soares, concursada que trabalha na Gerência-Geral de Gestão Administrativa e Financeira (GGGAF), percebe algumas particularidades da Agência quando comparada a outros ór-gãos públicos: “No pouco tempo em que estou aqui, me impressionou a organiza-ção na tramitação de documentos. Este não é meu primeiro emprego público e vejo inúmeras vantagens em permanecer aqui. Gosto do ambiente de trabalho e da seriedade com que as decisões são tomadas”.

Suzana Machado de Ávila, funcio-nária do Ministério da Saúde e gerente de Inspeção e Certificados de Insumos, Medicamentos e Produtos (GIMEP) da Anvisa está treinando uma turma de concursados que recebeu em sua gerên-cia. Segundo ela, é necessário construir uma unidade de ação. “O concurso é absolutamente importante. Ter uma força de trabalho fixa, que dê continuidade às ações e conduza a Casa com legitimida-de, é imprescindível, principalmente no campo da Vigilância Sanitária, uma das áreas da Saúde Pública mais importan-tes no dia-a-dia da sociedade”. Suzana lembra da fundamental contribuição daqueles que estão deixando a Anvisa: “Estou muito feliz com a equipe que

“É inegável a importância da Anvisa. É uma instituição respeitada não só no setor público como no privado. Somos vistos com credibilidade tanto pelo governo quanto pela população e pelos profis-sionais de saúde”, afirma a economista Mariene Castilho D`Ávila, na Anvisa há cinco anos e aprovada no concurso como Especialista em Regulação.

Tendo atuado sempre na área-fim, Mariene optou por conhecer a área-meio e está trabalhando na Audi-toria. “Minha experiência profissional na Agência contribuiu positivamente para minha formação. Tive a oportunidade de parti-cipar de atividades muito interessantes na área técni-ca, nas áreas de assessoria, gestão e coordenação, que me permitiram enxergar a Anvisa como um conjunto. Construí uma visão ampla

da Agência, não atrelada somente à parte técnica, ao dia-a-dia”, conta.

Ciente da responsabilidade de tra-balhar na Anvisa e da necessidade de fortalecer a carreira de agente regulador, a economista acredita que agora é “o mo-mento de reorganizar a Casa, consolidar a identidade da instituição, firmar valores”. Ao defender o investimento na carreira, Mariene ressalta o papel da Agência: “Estamos aqui para fazer um trabalho em prol da sociedade”.

Fico mais tranqüila sabendo que existe uma lei que deve ser cumprida.”

Parceria

Buscando uma aproximação maior com os manipuladores e comerciantes de alimentos, a Anvisa participa, desde 2001, do Programa Alimentos Seguros (PAS), por meio do qual desenvolve um trabalho de conscientização para controlar os perigos ligados à saúde do consumidor. “Com o PAS deixamos de

ser um órgão que apenas formula nor-mas e cobra o cumprimento de regras. Passamos a fazer, também, um trabalho de orientação, de educação de produto-res, distribuidores, comerciantes e ma-nipuladores de alimentos. No que diz respeito à RDC 216, especificamente, o PAS possibilita que treinemos pes-soas que, ao dominar a ferramenta das Boas Práticas, nos ajudarão a implantar a resolução. O programa é uma forma de nos aproximar da sociedade, de fazê-la entender por que é tão importante a adoção de nossas determinações”, afirma o gerente de qualificação técnica em segurança de alimentos da Anvisa, Fernando Viga Magalhães.

O momento da vigilância sanitária no Brasil, segundo o estudioso Geraldo Lucchese, mostra um processo de reestruturação que percorre todas as partes componentes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: reformu-lação do nível federal, com a criação da Anvisa e o seu Contrato de Gestão com o Ministério da Saúde; reapare-lhamento e reestruturação dos órgãos estaduais, e criação de estruturas legais e operacionais para a execução das ações de vigilância sanitária no nível municipal.

A consolidação desse Sistema depende, invaria-velmente, do fortalecimento da instituição federal. A legitimidade de sua capacidade de coordenação tem repercussão direta na qualidade dos serviços de vigilância sanitária em todo o país.

É nesse contexto que o primeiro concurso para formação de um quadro de funcionários efetivos da Agência tem sua relevância ampliada, constituindo um marco institucional na história da Anvisa e do Sistema de Vigilância Sanitária em toda a sua complexidade.

Os aprovados na primeira fase tiveram a oportunidade de participar de uma atividade que os fez conhecer a abrangência de atuação da Anvisa e o compromisso, dos que nela trabalham, com o bem-estar coletivo. O curso de formação possibilitou delinear um panorama expressivo da Agência e da importância de seu papel frente às esferas estadual e municipal.

A chegada de novos profissionais, que ingressam na carreira de agentes de regulação com a Agência já consolidada, irá possibilitar um planejamento ainda mais efetivo das ações federais de vigilância sanitária. A instituição reconhece o esforço, competência e dedi-cação de todos aqueles que até aqui ajudaram a colocá-la no lugar de destaque que hoje tem no cenário nacional. Ao lado disso, recebe os recém-empossados com a certeza de que prosseguirão na missão de zelar pela saúde pública.

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3 março de 2005 4março de 2005 5 março de 2005

Concurso público renova força de trabalho da AnvisaRDC 216: Qualidade e segurança para os alimentos vendidos no comércio

Encontro

Representantes das gerências-gerais de Sangue, outros Tecidos, Células e Órgãos (GGSTO) e de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) da Anvisa promoveram cursos durante o I Encontro de Medicina Tropical do Cone Sul, realizado de 6 a 10 de março, em Florianópolis, no XLI Congresso Anual da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Professores e pesquisadores debateram o combate a doenças que atingem, principalmente, as classes sociais menos favorecidas.

PAF

O médico-sanitarista Paulo Ricardo Santos Nunes é o novo gerente-geral de Portos, Aeroportos e Fronteiras (GGPAF) da Anvisa. Nunes, que já ocupou o cargo de 1998 a 2001, reassumiu a função no dia 9 de março. Doutorando em Educação em Vigilância Sanitária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalhava como consultor técnico na coordenação de PAF do estado.

Anorexígenos

O chefe da Unidade de Produtos Controlados da Anvisa, Kleber Pessoa de Mello, esteve presente à divulgação de um relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes/ONU, no qual são apontados os riscos do aumento do consumo de medicamentos anorexígenos no Brasil para fins de emagrecimento. A solenidade foi realizada no dia 1o de março, no Palácio do Planalto. Mais informações: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2005/030305.htm.

Em cinco anos de existência, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi construída por uma força de traba-lho múltipla. A diversidade de vínculos empregatícios e a alta rotatividade de profissionais caracterizaram o quadro de pessoal da Agência em sua fase de estrutu-ração. A despeito disso, foi pelo esforço e dedicação desses 2.200 profissionais que a Anvisa pôde consolidar-se como institui-ção, perante a população, o setor regulado e o Sistema Único de Saúde (SUS).

O ano de 2005 marca, entretanto, o início de uma nova fase na história da Agência. No dia 21 de março, o primeiro grupo de funcionários efetivos, aprovados no concurso de provas e títulos realizado em 2004, entrou em exercício na Casa. Essas 580 pessoas darão um novo rosto à Agência.

“Este é o segundo momento mais importante para a Anvisa. O primeiro foi a sua criação. Agora temos um quadro de pessoas permanente na Agência, que garantirá a continuidade das políticas, a estabilidade do trabalho e a previsibilida-de. O investimento nessa mão-de-obra é fundamental. O constante aperfeiçoa-mento implicará melhorias para a organi-zação como um todo. Nossa expectativa é de que, em poucos anos, cada um dos profissionais da Anvisa torne-se referên-cia técnica nacional para os diferentes temas de vigilância sanitária”, afirma o diretor-presidente da Agência, Cláudio Maierovitch.

A criação da Anvisa, em abril de 1999, foi resultado da Reforma do Aparelho de Estado e da necessidade de transformar o frágil modelo de regulação e controle sanitário vigente no Brasil até então. A máquina pública passava por um processo de desburocratização e incorporou o mo-delo regulatório das agências americanas, que tinha como principal objetivo a busca da eficiência gerencial.

Nesse processo, transparência e agili-dade das funções administrativas foram conquistas da Anvisa, apontadas pelo psicólogo Gilvando Conceição de Olivei-ra como motivadores de sua permanência no órgão. “A Anvisa sedimentou meu percurso profissional. Ser psicólogo no Brasil não é fácil. Ser psicólogo na área de saúde coletiva é mais complicado ainda.

Não me arrependo de ter vindo para Brasília tentar seguir esse caminho. Comecei como contratado e tive a opor-tunidade de passar no concurso. Me sinto privilegiado por trabalhar numa instituição tão séria e transparente como a Anvisa. Vejo isso como uma evolução do serviço público”, diz.

Gilvando ingressou na Anvisa em 2003, contratado temporariamente para trabalhar no Comitê de Política de Recur-sos Humanos (COPRH). Especializado em Saúde do Trabalhador, com mestra-do em Saúde Coletiva, deixou Salvador (BA) determinado a seguir carreira na Vigilância Sanitária Federal. “Não sou concurseiro. Saúde Pública não é acaso na minha vida, me especializei para estar aqui. Quero continuar estudando, fazer meu doutorado na área e me estabelecer profissionalmente na Agência”, planeja.

Compromisso

Para o diretor-presidente, Cláudio Maierovitch, a Anvisa será fortalecida se os novos funcionários internalizarem a missão da Agência. “Precisamos de pessoas que optem por trabalhar em Vigi-lância Sanitária e não a enxerguem apenas como uma oportunidade de mercado volátil, oportunidade que será trocada a qualquer momento pela realização de um novo concurso ou por proposta do setor privado que remunere melhor.”

A gerente de Infra-estrutura em Serviços de Saúde, Regina Barcellos, partilha dessa opinião: “Esperamos receber profissionais comprometidos

está entrando. Tenho muitas expecta-tivas, mas fico triste, também, por ver alguns de nossos profissionais saindo. Fico admirada com a postura que estão assumindo. Continuam nos ajudando o tempo inteiro e prestando orientações aos novos”, elogia.

Adaptação

A maioria dos aprovados no concurso não morava em Brasília e está em processo de adaptação não só ao trabalho como à cidade. A farmacêutica Mariângela Tor-chia do Nascimento, da Gerência Geral de Medicamentos (GGMED), é um exem-plo. Ela morava em Barra Mansa (RJ) e ainda não se instalou definitivamente. Por enquanto, está na casa de amigos e elogia a receptividade brasiliense: “Tenho recebido forte apoio das pessoas. Todos estão sempre procurando ajudar quem é de fora. Na Agência o ambiente é bom, caloroso”, comenta.

Mariângela ressaltou, também, que o ingresso na Anvisa modificou sua visão sobre o trabalho em Vigilância Sanitária. “Acho que a maior dificuldade que as pessoas podem ter no primeiro contato com a Agência é o desconhecimento da rotina. De fora, fica mais evidente o poder de polícia do que a preservação da saúde. A impressão é que existe um grupo que edita normas por editar. Percebo, agora, que temos pessoas muito capaci-tadas trabalhando para que a população tenha acesso a produtos de qualidade”, argumenta.

Das 580 vagas oferecidas pelo con-curso, 460 eram para especialistas e 120 para analistas, ambos os cargos de nível superior. Enquanto o especialista tem atribuições voltadas para a área-fim – são farmacêuticos, biólogos, nutrólogos, médicos etc. – o analista tem atribuições da área-meio – logística, recursos hu-manos, finanças. Do total de vagas para especialistas, o maior número ficou para farmacêuticos: 231, seguidos por advo-gados, que somaram 33. Para o cargo de analista, 30 das 120 vagas foram ocupadas por profissionais de administração; 14, por advogados.

Ao todo, foram 22 mil inscritos, sendo que 14.200 confirmaram a matrícula, ou

seja, pagaram a inscrição. Foram apro-vadas 182 pessoas do Distrito Federal e 407 de outros estados, o que resulta em 589 profissionais. A diferença em relação ao número de vagas previsto deve-se ao fato de que alguns concursandos ganha-ram liminar para fazer a segunda etapa do concurso, mesmo não tendo obtido classificação para isso.

Medidas adotadas pela Anvisa, desde a sua criação, configuram-se como avanços na qualidade do trabalho da Vigilância Sanitária em benefício da sociedade brasileira. A instituição do medicamento genérico, a formulação do primeiro re-gulamento nacional sobre Boas Práticas em Serviços de Alimentação, o controle da propaganda de medicamentos, entre outros, são determinações da Agência, que repercutem na melhoria da saúde da população.

Nos últimos seis meses, o Brasil empreendeu mudanças significativas no campo da oferta de alimentos seguros para a população. A Reso-lução RDC 216 da Anvisa estabe-lece novos procedimentos de Boas Práticas em Alimentação e tem por objetivo a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos alimentos pre-parados em padarias, cantinas, lancho-netes, bufês, confeitarias, restaurantes, comissarias, cozinhas industriais e institucionais, em todo o país.

O regulamento nacional entrou em vigor no dia 16 de setembro de 2004 e determinava um período de 180 dias para adequação dos estabelecimentos. O prazo expirou, portanto, no dia 16 de março. “Já existiam códigos municipais e estaduais para fiscalização dos alimentos vendidos em restauran-tes e afins, mas agora definimos padrões nacionais que irão unifor-mizar tanto os procedimentos da produção quanto da fiscalização”, afirma o gerente-geral de Alimen-tos, Cleber Ferreira.

A norma orienta os comer-ciantes a procederem de maneira adequada e segura à manipulação, preparo, acondicionamento, ar-mazenamento, transporte e expo-sição dos alimentos. Prevê ainda a manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e uten-sílios; o controle da água de abasteci-mento e de vetores transmissíveis de doenças e pragas urbanas; a capacitação profissional e a supervisão da higiene e da saúde dos manipuladores; o manejo correto de resíduos (lixo); e o controle e a garantia de qualidade do alimento preparado.

A estudante de Direito Raquel de Souza come freqüentemente em lanchonetes fast-food e restaurantes self-service. Ela aprova a iniciativa da Agência. “Como passo o dia na faculdade e no estágio, sou obrigada a almoçar na rua. É muito ruim duvidar o tempo todo da qualidade do alimento.

O PAS atua em todo o país por meio de Comitês Gestores Estaduais. É uma parceria entre CNI, Senai, Sebrae, Senac, Sesc, Senar, CNPq, Embrapa, Anvisa e ministérios da Saúde, do Turismo e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Seis projetos – Campo, Indústria, Distribuição, Mesa, Trans-porte, Ações Especiais – foram elabo-rados para acompanhar o alimento em toda a sua trajetória, do campo à mesa, permitindo o controle das diversas etapas. Cada projeto prevê o desen-

volvimento dos produtos (material técnico de sensibilização, cursos etc.) adequados ao público-alvo em cada caso; a formação de multiplicadores, instrutores e consultores; a divulga-ção do sistema entre os empresários; e a capacitação e a adoção orientada das Boas Práticas.

A ação educativa da Anvisa, no entanto, não se limita ao PAS e ao setor produtivo. Em parceria com a Universidade da Bahia, a Agên-cia está produzindo a cartilha “O Porquê da RDC 216”. Segundo a gerente de Inspeção e Controle de Riscos de Alimentos, Ana Virgínia de Almeida, a Universidade da Bahia tem experiência na formulação de material educativo para público não-acadêmico, na área da Saúde. “Eles irão desenvolver uma cartilha que mostre a RDC 216 comentada,

permitindo que o conteúdo seja de fácil acesso a todos. A publicação será dife-rente das cartilhas do PAS porque não estará restrita a um setor nem condicio-nada a um programa de treinamento. Todo o cidadão interessado poderá adquirir seu exemplar”, esclarece.

Enquanto a cartilha não fica pron-ta, os manipuladores de alimentos devem recorrer ao texto legal. A íntegra da RDC 216 está na página da Anvisa: www.anvisa.gov.br, no link Legislação. Os estabelecimentos que não cum-prirem o disposto na norma estarão sujeitos a notificações e multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, de acordo com a Lei nº 6.437/77.

Anvisa Boletim Informativo é uma publicação mensal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - Ministério da Saúde.

Edição: Beth Nardelli, registro DRT/DF 500/04/43Textos: Beth Nardelli, Luciana Barreto, Shirley Medeiros e Vanessa AmaralRevisão: Dulce Bergmann Projeto e Design Gráfico: Daniel FerreiraEditoração: João Carlos MachadoFoto da capa: Almir WanzellerApoio: Daniella Silva e Gabriele OliveiraImpressão: Gráfica ElliteTiragem: 60 mil exemplares Endereço: SEPN Quadra 515, Bloco B, Ed. Ômega Brasília-DF CEP 70770-502Telefones: (61) 448-1022 ou 448-1301/ Fax: (61) 448-1252 E-mail: [email protected]: 1518-6377

cartas

Se você tem alguma dúvida ou sugestão a fazer, entre em contato com a produção do Boletim Informativo da Anvisa. Envie e-mail para [email protected] ou carta para o Núcleo de Assessoramento em Comunicação Social e Institucional (Comin): SEPN Q. 515 - Bloco B - Edifício Omega - 4º andar - sala 9. CEP: 70.770-502 - Brasília - DF.

A construção de uma carreira

André Vaz Lopes é administrador de empresas e, ainda estudante, direcionou sua carreira profissional para o serviço público. Aos 18 anos, conseguiu seu primeiro emprego no Ministério da Saúde e, em 2001, ingressou na Anvisa como estagiário da Gerência de Recursos Humanos.

Foi contratado por organismo internacional para permanecer na mesma área, por empresa terceirizada, e, mais tarde, foi aprovado no processo seletivo para contratação temporária. Neste ano consolidou sua permanência na Agência. André integra agora o quadro efetivo de funcionários e atua na área de Capacitação e Desenvolvimento.

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Experiência colaborou para a formação de Mariene

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Denise elogia organização da Anvisa

com os valores, com a missão, com a posição técnica e social que a instituição ocupa na sociedade”, afirma. Regina é funcionária pública há 22 anos, dos quais 19 traba-lhando na área da Saúde. Ela ressalta que o profissional de Vigilância Sanitária deve ter como especificidade um conhecimento multidiscipli-nar, sempre baseando suas ações no gerenciamento dos riscos, isto é, “na probabilida-de de ocorrência de eventos desfavoráveis nos processos

desenvolvidos nos serviços de saúde e com produtos de saúde”.

A formação de uma cultura organi-zacional é fundamental para o sucesso de instituições privadas ou públicas. Na Anvisa, essa identidade começará a ser constituída com a chegada dos novos funcionários do quadro efetivo. A ad-ministradora Denise Soares, concursada que trabalha na Gerência-Geral de Gestão Administrativa e Financeira (GGGAF), percebe algumas particularidades da Agência quando comparada a outros ór-gãos públicos: “No pouco tempo em que estou aqui, me impressionou a organiza-ção na tramitação de documentos. Este não é meu primeiro emprego público e vejo inúmeras vantagens em permanecer aqui. Gosto do ambiente de trabalho e da seriedade com que as decisões são tomadas”.

Suzana Machado de Ávila, funcio-nária do Ministério da Saúde e gerente de Inspeção e Certificados de Insumos, Medicamentos e Produtos (GIMEP) da Anvisa está treinando uma turma de concursados que recebeu em sua gerên-cia. Segundo ela, é necessário construir uma unidade de ação. “O concurso é absolutamente importante. Ter uma força de trabalho fixa, que dê continuidade às ações e conduza a Casa com legitimida-de, é imprescindível, principalmente no campo da Vigilância Sanitária, uma das áreas da Saúde Pública mais importan-tes no dia-a-dia da sociedade”. Suzana lembra da fundamental contribuição daqueles que estão deixando a Anvisa: “Estou muito feliz com a equipe que

“É inegável a importância da Anvisa. É uma instituição respeitada não só no setor público como no privado. Somos vistos com credibilidade tanto pelo governo quanto pela população e pelos profis-sionais de saúde”, afirma a economista Mariene Castilho D`Ávila, na Anvisa há cinco anos e aprovada no concurso como Especialista em Regulação.

Tendo atuado sempre na área-fim, Mariene optou por conhecer a área-meio e está trabalhando na Audi-toria. “Minha experiência profissional na Agência contribuiu positivamente para minha formação. Tive a oportunidade de parti-cipar de atividades muito interessantes na área técni-ca, nas áreas de assessoria, gestão e coordenação, que me permitiram enxergar a Anvisa como um conjunto. Construí uma visão ampla

da Agência, não atrelada somente à parte técnica, ao dia-a-dia”, conta.

Ciente da responsabilidade de tra-balhar na Anvisa e da necessidade de fortalecer a carreira de agente regulador, a economista acredita que agora é “o mo-mento de reorganizar a Casa, consolidar a identidade da instituição, firmar valores”. Ao defender o investimento na carreira, Mariene ressalta o papel da Agência: “Estamos aqui para fazer um trabalho em prol da sociedade”.

Fico mais tranqüila sabendo que existe uma lei que deve ser cumprida.”

Parceria

Buscando uma aproximação maior com os manipuladores e comerciantes de alimentos, a Anvisa participa, desde 2001, do Programa Alimentos Seguros (PAS), por meio do qual desenvolve um trabalho de conscientização para controlar os perigos ligados à saúde do consumidor. “Com o PAS deixamos de

ser um órgão que apenas formula nor-mas e cobra o cumprimento de regras. Passamos a fazer, também, um trabalho de orientação, de educação de produto-res, distribuidores, comerciantes e ma-nipuladores de alimentos. No que diz respeito à RDC 216, especificamente, o PAS possibilita que treinemos pes-soas que, ao dominar a ferramenta das Boas Práticas, nos ajudarão a implantar a resolução. O programa é uma forma de nos aproximar da sociedade, de fazê-la entender por que é tão importante a adoção de nossas determinações”, afirma o gerente de qualificação técnica em segurança de alimentos da Anvisa, Fernando Viga Magalhães.

O momento da vigilância sanitária no Brasil, segundo o estudioso Geraldo Lucchese, mostra um processo de reestruturação que percorre todas as partes componentes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: reformu-lação do nível federal, com a criação da Anvisa e o seu Contrato de Gestão com o Ministério da Saúde; reapare-lhamento e reestruturação dos órgãos estaduais, e criação de estruturas legais e operacionais para a execução das ações de vigilância sanitária no nível municipal.

A consolidação desse Sistema depende, invaria-velmente, do fortalecimento da instituição federal. A legitimidade de sua capacidade de coordenação tem repercussão direta na qualidade dos serviços de vigilância sanitária em todo o país.

É nesse contexto que o primeiro concurso para formação de um quadro de funcionários efetivos da Agência tem sua relevância ampliada, constituindo um marco institucional na história da Anvisa e do Sistema de Vigilância Sanitária em toda a sua complexidade.

Os aprovados na primeira fase tiveram a oportunidade de participar de uma atividade que os fez conhecer a abrangência de atuação da Anvisa e o compromisso, dos que nela trabalham, com o bem-estar coletivo. O curso de formação possibilitou delinear um panorama expressivo da Agência e da importância de seu papel frente às esferas estadual e municipal.

A chegada de novos profissionais, que ingressam na carreira de agentes de regulação com a Agência já consolidada, irá possibilitar um planejamento ainda mais efetivo das ações federais de vigilância sanitária. A instituição reconhece o esforço, competência e dedi-cação de todos aqueles que até aqui ajudaram a colocá-la no lugar de destaque que hoje tem no cenário nacional. Ao lado disso, recebe os recém-empossados com a certeza de que prosseguirão na missão de zelar pela saúde pública.

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2março de 2005

3 março de 2005 4março de 2005 5 março de 2005

Concurso público renova força de trabalho da AnvisaRDC 216: Qualidade e segurança para os alimentos vendidos no comércio

Encontro

Representantes das gerências-gerais de Sangue, outros Tecidos, Células e Órgãos (GGSTO) e de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) da Anvisa promoveram cursos durante o I Encontro de Medicina Tropical do Cone Sul, realizado de 6 a 10 de março, em Florianópolis, no XLI Congresso Anual da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Professores e pesquisadores debateram o combate a doenças que atingem, principalmente, as classes sociais menos favorecidas.

PAF

O médico-sanitarista Paulo Ricardo Santos Nunes é o novo gerente-geral de Portos, Aeroportos e Fronteiras (GGPAF) da Anvisa. Nunes, que já ocupou o cargo de 1998 a 2001, reassumiu a função no dia 9 de março. Doutorando em Educação em Vigilância Sanitária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalhava como consultor técnico na coordenação de PAF do estado.

Anorexígenos

O chefe da Unidade de Produtos Controlados da Anvisa, Kleber Pessoa de Mello, esteve presente à divulgação de um relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes/ONU, no qual são apontados os riscos do aumento do consumo de medicamentos anorexígenos no Brasil para fins de emagrecimento. A solenidade foi realizada no dia 1o de março, no Palácio do Planalto. Mais informações: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2005/030305.htm.

Em cinco anos de existência, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi construída por uma força de traba-lho múltipla. A diversidade de vínculos empregatícios e a alta rotatividade de profissionais caracterizaram o quadro de pessoal da Agência em sua fase de estrutu-ração. A despeito disso, foi pelo esforço e dedicação desses 2.200 profissionais que a Anvisa pôde consolidar-se como institui-ção, perante a população, o setor regulado e o Sistema Único de Saúde (SUS).

O ano de 2005 marca, entretanto, o início de uma nova fase na história da Agência. No dia 21 de março, o primeiro grupo de funcionários efetivos, aprovados no concurso de provas e títulos realizado em 2004, entrou em exercício na Casa. Essas 580 pessoas darão um novo rosto à Agência.

“Este é o segundo momento mais importante para a Anvisa. O primeiro foi a sua criação. Agora temos um quadro de pessoas permanente na Agência, que garantirá a continuidade das políticas, a estabilidade do trabalho e a previsibilida-de. O investimento nessa mão-de-obra é fundamental. O constante aperfeiçoa-mento implicará melhorias para a organi-zação como um todo. Nossa expectativa é de que, em poucos anos, cada um dos profissionais da Anvisa torne-se referên-cia técnica nacional para os diferentes temas de vigilância sanitária”, afirma o diretor-presidente da Agência, Cláudio Maierovitch.

A criação da Anvisa, em abril de 1999, foi resultado da Reforma do Aparelho de Estado e da necessidade de transformar o frágil modelo de regulação e controle sanitário vigente no Brasil até então. A máquina pública passava por um processo de desburocratização e incorporou o mo-delo regulatório das agências americanas, que tinha como principal objetivo a busca da eficiência gerencial.

Nesse processo, transparência e agili-dade das funções administrativas foram conquistas da Anvisa, apontadas pelo psicólogo Gilvando Conceição de Olivei-ra como motivadores de sua permanência no órgão. “A Anvisa sedimentou meu percurso profissional. Ser psicólogo no Brasil não é fácil. Ser psicólogo na área de saúde coletiva é mais complicado ainda.

Não me arrependo de ter vindo para Brasília tentar seguir esse caminho. Comecei como contratado e tive a opor-tunidade de passar no concurso. Me sinto privilegiado por trabalhar numa instituição tão séria e transparente como a Anvisa. Vejo isso como uma evolução do serviço público”, diz.

Gilvando ingressou na Anvisa em 2003, contratado temporariamente para trabalhar no Comitê de Política de Recur-sos Humanos (COPRH). Especializado em Saúde do Trabalhador, com mestra-do em Saúde Coletiva, deixou Salvador (BA) determinado a seguir carreira na Vigilância Sanitária Federal. “Não sou concurseiro. Saúde Pública não é acaso na minha vida, me especializei para estar aqui. Quero continuar estudando, fazer meu doutorado na área e me estabelecer profissionalmente na Agência”, planeja.

Compromisso

Para o diretor-presidente, Cláudio Maierovitch, a Anvisa será fortalecida se os novos funcionários internalizarem a missão da Agência. “Precisamos de pessoas que optem por trabalhar em Vigi-lância Sanitária e não a enxerguem apenas como uma oportunidade de mercado volátil, oportunidade que será trocada a qualquer momento pela realização de um novo concurso ou por proposta do setor privado que remunere melhor.”

A gerente de Infra-estrutura em Serviços de Saúde, Regina Barcellos, partilha dessa opinião: “Esperamos receber profissionais comprometidos

está entrando. Tenho muitas expecta-tivas, mas fico triste, também, por ver alguns de nossos profissionais saindo. Fico admirada com a postura que estão assumindo. Continuam nos ajudando o tempo inteiro e prestando orientações aos novos”, elogia.

Adaptação

A maioria dos aprovados no concurso não morava em Brasília e está em processo de adaptação não só ao trabalho como à cidade. A farmacêutica Mariângela Tor-chia do Nascimento, da Gerência Geral de Medicamentos (GGMED), é um exem-plo. Ela morava em Barra Mansa (RJ) e ainda não se instalou definitivamente. Por enquanto, está na casa de amigos e elogia a receptividade brasiliense: “Tenho recebido forte apoio das pessoas. Todos estão sempre procurando ajudar quem é de fora. Na Agência o ambiente é bom, caloroso”, comenta.

Mariângela ressaltou, também, que o ingresso na Anvisa modificou sua visão sobre o trabalho em Vigilância Sanitária. “Acho que a maior dificuldade que as pessoas podem ter no primeiro contato com a Agência é o desconhecimento da rotina. De fora, fica mais evidente o poder de polícia do que a preservação da saúde. A impressão é que existe um grupo que edita normas por editar. Percebo, agora, que temos pessoas muito capaci-tadas trabalhando para que a população tenha acesso a produtos de qualidade”, argumenta.

Das 580 vagas oferecidas pelo con-curso, 460 eram para especialistas e 120 para analistas, ambos os cargos de nível superior. Enquanto o especialista tem atribuições voltadas para a área-fim – são farmacêuticos, biólogos, nutrólogos, médicos etc. – o analista tem atribuições da área-meio – logística, recursos hu-manos, finanças. Do total de vagas para especialistas, o maior número ficou para farmacêuticos: 231, seguidos por advo-gados, que somaram 33. Para o cargo de analista, 30 das 120 vagas foram ocupadas por profissionais de administração; 14, por advogados.

Ao todo, foram 22 mil inscritos, sendo que 14.200 confirmaram a matrícula, ou

seja, pagaram a inscrição. Foram apro-vadas 182 pessoas do Distrito Federal e 407 de outros estados, o que resulta em 589 profissionais. A diferença em relação ao número de vagas previsto deve-se ao fato de que alguns concursandos ganha-ram liminar para fazer a segunda etapa do concurso, mesmo não tendo obtido classificação para isso.

Medidas adotadas pela Anvisa, desde a sua criação, configuram-se como avanços na qualidade do trabalho da Vigilância Sanitária em benefício da sociedade brasileira. A instituição do medicamento genérico, a formulação do primeiro re-gulamento nacional sobre Boas Práticas em Serviços de Alimentação, o controle da propaganda de medicamentos, entre outros, são determinações da Agência, que repercutem na melhoria da saúde da população.

Nos últimos seis meses, o Brasil empreendeu mudanças significativas no campo da oferta de alimentos seguros para a população. A Reso-lução RDC 216 da Anvisa estabe-lece novos procedimentos de Boas Práticas em Alimentação e tem por objetivo a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos alimentos pre-parados em padarias, cantinas, lancho-netes, bufês, confeitarias, restaurantes, comissarias, cozinhas industriais e institucionais, em todo o país.

O regulamento nacional entrou em vigor no dia 16 de setembro de 2004 e determinava um período de 180 dias para adequação dos estabelecimentos. O prazo expirou, portanto, no dia 16 de março. “Já existiam códigos municipais e estaduais para fiscalização dos alimentos vendidos em restauran-tes e afins, mas agora definimos padrões nacionais que irão unifor-mizar tanto os procedimentos da produção quanto da fiscalização”, afirma o gerente-geral de Alimen-tos, Cleber Ferreira.

A norma orienta os comer-ciantes a procederem de maneira adequada e segura à manipulação, preparo, acondicionamento, ar-mazenamento, transporte e expo-sição dos alimentos. Prevê ainda a manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e uten-sílios; o controle da água de abasteci-mento e de vetores transmissíveis de doenças e pragas urbanas; a capacitação profissional e a supervisão da higiene e da saúde dos manipuladores; o manejo correto de resíduos (lixo); e o controle e a garantia de qualidade do alimento preparado.

A estudante de Direito Raquel de Souza come freqüentemente em lanchonetes fast-food e restaurantes self-service. Ela aprova a iniciativa da Agência. “Como passo o dia na faculdade e no estágio, sou obrigada a almoçar na rua. É muito ruim duvidar o tempo todo da qualidade do alimento.

O PAS atua em todo o país por meio de Comitês Gestores Estaduais. É uma parceria entre CNI, Senai, Sebrae, Senac, Sesc, Senar, CNPq, Embrapa, Anvisa e ministérios da Saúde, do Turismo e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Seis projetos – Campo, Indústria, Distribuição, Mesa, Trans-porte, Ações Especiais – foram elabo-rados para acompanhar o alimento em toda a sua trajetória, do campo à mesa, permitindo o controle das diversas etapas. Cada projeto prevê o desen-

volvimento dos produtos (material técnico de sensibilização, cursos etc.) adequados ao público-alvo em cada caso; a formação de multiplicadores, instrutores e consultores; a divulga-ção do sistema entre os empresários; e a capacitação e a adoção orientada das Boas Práticas.

A ação educativa da Anvisa, no entanto, não se limita ao PAS e ao setor produtivo. Em parceria com a Universidade da Bahia, a Agên-cia está produzindo a cartilha “O Porquê da RDC 216”. Segundo a gerente de Inspeção e Controle de Riscos de Alimentos, Ana Virgínia de Almeida, a Universidade da Bahia tem experiência na formulação de material educativo para público não-acadêmico, na área da Saúde. “Eles irão desenvolver uma cartilha que mostre a RDC 216 comentada,

permitindo que o conteúdo seja de fácil acesso a todos. A publicação será dife-rente das cartilhas do PAS porque não estará restrita a um setor nem condicio-nada a um programa de treinamento. Todo o cidadão interessado poderá adquirir seu exemplar”, esclarece.

Enquanto a cartilha não fica pron-ta, os manipuladores de alimentos devem recorrer ao texto legal. A íntegra da RDC 216 está na página da Anvisa: www.anvisa.gov.br, no link Legislação. Os estabelecimentos que não cum-prirem o disposto na norma estarão sujeitos a notificações e multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, de acordo com a Lei nº 6.437/77.

Anvisa Boletim Informativo é uma publicação mensal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - Ministério da Saúde.

Edição: Beth Nardelli, registro DRT/DF 500/04/43Textos: Beth Nardelli, Luciana Barreto, Shirley Medeiros e Vanessa AmaralRevisão: Dulce Bergmann Projeto e Design Gráfico: Daniel FerreiraEditoração: João Carlos MachadoFoto da capa: Almir WanzellerApoio: Daniella Silva e Gabriele OliveiraImpressão: Gráfica ElliteTiragem: 60 mil exemplares Endereço: SEPN Quadra 515, Bloco B, Ed. Ômega Brasília-DF CEP 70770-502Telefones: (61) 448-1022 ou 448-1301/ Fax: (61) 448-1252 E-mail: [email protected]: 1518-6377

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Se você tem alguma dúvida ou sugestão a fazer, entre em contato com a produção do Boletim Informativo da Anvisa. Envie e-mail para [email protected] ou carta para o Núcleo de Assessoramento em Comunicação Social e Institucional (Comin): SEPN Q. 515 - Bloco B - Edifício Omega - 4º andar - sala 9. CEP: 70.770-502 - Brasília - DF.

A construção de uma carreira

André Vaz Lopes é administrador de empresas e, ainda estudante, direcionou sua carreira profissional para o serviço público. Aos 18 anos, conseguiu seu primeiro emprego no Ministério da Saúde e, em 2001, ingressou na Anvisa como estagiário da Gerência de Recursos Humanos.

Foi contratado por organismo internacional para permanecer na mesma área, por empresa terceirizada, e, mais tarde, foi aprovado no processo seletivo para contratação temporária. Neste ano consolidou sua permanência na Agência. André integra agora o quadro efetivo de funcionários e atua na área de Capacitação e Desenvolvimento.

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Experiência colaborou para a formação de Mariene

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Denise elogia organização da Anvisa

número53março de 2005

ISSN 1518-6377

8 março de 20057março de 20056 março de 2005

www.anvisa.gov.br

Novo quadro funcional surpreende pela qualificação

entrevista: Lúcia de Fátima Teixeira Masson

Aceitar o convite para trabalhar na Anvisa, tão logo a Agência foi criada, revelou-se um dos grandes desafios já enfrentados pela pedagoga Lúcia Masson, especialista em Recursos Humanos (RH). Mineira de Espera Feliz, Lúcia está em Brasília desde 1981, onde começou a carreira de servidora pública na Fundação Nacional da Merenda Escolar, do Ministério da Educação.

Ao ser removida para a área de RH do Ministério da Saúde, em 1993, a peda-goga deparou-se com um quadro de pessoal muito maior do que aquele ao qual estava acostumada. “Em vez de 1.200 funcionários, como na Fundação, havia no Ministério 200 mil. Era um desafio e tanto”, diz. Não maior do que montar a estrutura organizacional da Anvisa, em 1999, com apenas uma colaboradora.

Gerente de Gestão de Recursos Humanos, Lúcia Masson enaltece a impor-tância do concurso e do curso de formação, demonstrando expectativa positiva em relação ao novo quadro funcional da Anvisa.

As mulheres que pretendem fazer cirurgia plástica mamária ou as que precisam de uma prótese de silicone para reconstitui-ção de mama contam agora com mais um fator de segurança. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária registrou, nos últimos meses, medidores (moldes) de prótese mamária de silicone de quatro empresas. Os medidores são utilizados para avaliar o tamanho da prótese a ser implantada. Com o registro, os mé-dicos passam a ter acesso a normas de esterilização do produto, fundamentais para evitar contaminação bacteriana.

Em abril de 2004, foram notificados 25 casos de infecção em pacientes que se submeteram a esse tipo de cirurgia nos municípios paulistas de Campinas e Jundiaí e em Goiânia (GO). Na época, a Anvisa determinou a interdição cautelar de todos os medidores comercializados no país, apontados como causadores das infecções. A medida, de caráter temporário, teve função

preventiva. Em ação conjunta com a Vigilância em Saúde de Campinas e com a Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, a Anvisa realizou uma investigação criteriosa e, depois de analisar os produtos, concedeu registro a quatro deles.

O registro de produtos para saúde deve atender a critérios definidos pela Lei 6.360/76 e pela Resolução RDC nº 185/01. De acordo com a RDC 185, todos os produtos correlatos, o que inclui tanto as próteses quanto os medidores, devem ter registro na Anvisa para que possam ser comercializados.

É possível saber se o produto está registrado, pelo nome co-mercial, acessando a página www.anvisa.gov.br. Depois, basta clicar em Áreas de Atuação, no ícone Produtos para Saúde, Regis-tro de Produtos. Outro modo é informar os seguintes termos, na consulta: medidores de mama; sizer; molde provador de prótese mamária e medidor para implante mamário cheio de silicone.

Regularização de medidores mamários reduz riscos em cirurgias

BI – Como foi a experiência de trabalhar pela efetivação do primeiro concurso da Anvisa?

Aqui cabe uma retrospectiva. Na lei de criação da Anvisa não há referência a quadro de pessoal. Uma medida provisó-ria redistribuiu para a Agência servidores que trabalhavam na extinta Secretaria de Vigilância Sanitária. Só em julho de 2000 a Lei 9.986 criou os quadros das agências reguladoras, sob o regime cele-tista. Começamos a estruturar a carreira e quando nos preparávamos para lançar o edital, o PT entrou com uma ação de inconstitucionalidade, em dezembro de 2000, questionando o regime trabalhista. A alegação era a de que o especialista em regulação, por fiscalizar e ter poder de polícia, ficaria extremamente vulnerável regido pela CLT.

Aguardamos uma decisão do Supre-mo Tribunal Federal, que nunca julgou o mérito da ação. No começo de 2003, as agências começaram a se reunir para propor uma alteração na lei, mudando o regime para o RJU – Regime Jurídico Úni-co. O então presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu que a decisão caberia ao próximo governo. Como o PT ganhou a eleição, empenhou-se em solucionar o caso e, em maio de 2004, foi aprovada a Lei das Carreiras das Agências (Lei 10.871), que trouxe, entre outras inovações, a criação de cargos de nível médio.

A partir daí o processo deslanchou, com a ajuda da diretoria, das gerên-cias, dos funcionários. Em novembro

realizamos a primeira etapa do concurso; em fevereiro de 2005, a segunda etapa e no último dia 15 começamos a dar posse aos aprovados.

BI – Já é possível delinear um perfil dos aprovados?

A maioria é constituída por jovens, solteiros, com menos de cinco anos de formados e com algum curso de pós-graduação. Eles estão entrando com uma perspectiva de carreira na Anvisa e com uma visão mais ampla da Agência, devido ao curso de formação.

BI – E o desenvolvimento da carreira, como se dará?

Estão previstas na lei a progressão e a promoção. Na progressão o servidor passa de um padrão de vencimento para o outro, imediatamente superior. A base da progressão é o desempenho, não mais a an-tigüidade. Quanto à promoção, representa a mudança de classe – a carreira é dividida em classes A, B e Especial – e leva em conta não só o desempenho, mas o cumprimento de alguns requisitos objetivos, como tempo de experiência e titulação.

Há também duas gratificações. A gra-tificação de desempenho por atividade de regulação (GDAR), destinada apenas aos especialistas, é baseada no desempenho individual e no institucional, onde são levadas em consideração, por exemplo, metas do contrato de gestão, PPA, etc. As Agências estão aguardando publicação de Decreto regulamentando a GDAR.

Produtos apreendidos de 2 a 31 de março

Imag

em-C

omin

/Anv

isa

Lúcia: “Curso de formação foi sucesso” As novas caras da Agência págs. 4 e 5

Bares e lanchonetes precisam cumprir Boas Práticaspág. 3

Medidores mamários são registrados pela Anvisapág. 8

Rotulagem de alimentos deve informar sobre gordura trans-saturada

O que aos olhos parece irresistível, e que de certo modo já está incorporado ao hábito da população de consumir gulo-seimas e outros alimentos de preparação rápida, pode representar sérios danos à saúde. A chamada gordura trans – que confere sabor e consistência e amplia o prazo de validade de produtos indus-trializados, como salgadinhos de pacote, biscoitos, bolachas, bolos, margarinas, sorvetes – constitui um importante fator de risco para infartos, derrames e outras doenças relacionadas ao aumento do colesterol ruim (LDL) e redução daquele considerado bom (HDL).

Em benefício do consumidor e da saúde pública e compatibilizando a legislação nacional com as normas har-monizadas no Mercosul, a Anvisa editou a Resolução RDC n° 360 (23/12/2003), que obriga os fabricantes a declarar no rótulo nutricional informações sobre os ácidos graxos trans. A determinação é que a partir de agosto de 2006 os rótulos dos alimentos industrializados informem so-bre a quantidade de gordura trans contida nos produtos. O regulamento técnico de rotulagem obrigatória de alimentos em-balados já está em vigor no Brasil desde o início de 2003, de acordo com a RDC 360/03. A nova resolução adicionará o novo item de trans à tabela de informações nutricionais.

“Com essa norma em vigor, a popu-lação tomará conhecimento do teor de gorduras trans, descrito nos rótulos dos alimentos, e poderá escolher aqueles que possuem menor quantidade desse tipo de gordura”, defende a gerente de produtos especiais da Anvisa, Antônia Aquino.

As trans são uma das mais nocivas gorduras – lipídios insaturados com uma ou mais dupla ligação trans, expressos como ácidos graxos livres – formadas por um processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen de animais a partir da flora microbiana intestinal) ou industrial, presentes principalmente nos alimentos que passaram por processamento tecno-lógico de hidrogenação de lipídios mono e poliinsaturados. O processo industrial de hidrogenação transforma a consistência

dos óleos vegetais de fluida para sólida, assegurando ao produto estrutura mais rígida e estabilidade à oxidação. Os ali-mentos de origem animal, como a carne e o leite, além dos óleos vegetais, possuem pequenas quantidades dessas gorduras.

A gerente Antônia Aquino reforça a importância de a indústria alimentícia nacional se adequar às novas normas de rotulagem nutricional, pois “há evidên-cias científicas de que o principal efeito metabólico dos ácidos graxos trans em relação às doenças coronarianas refere-se à sua ação hipercolesterolêmica, que eleva o colesterol total e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e reduz a lipoproteína de alta densidade (HDL), resultando, as-sim, em significativo aumento na relação LDL/HDL. Essa relação é um dos fatores determinantes do prognóstico de doenças cardiovasculares”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reco-menda a menor ingestão p o s s í v e l desse tipo de gordura, não devendo o consumo diário ser superior a 1% do total de calorias, ou seja, cerca de 2 gramas em uma dieta de 2.000 calorias. Na rotulagem nutricional obrigatória devem ser declarados os seguintes nutrientes: valor ener-gético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras satu-radas, gorduras trans e sódio.

“A partir da vo-racidade da indús-tria alimentícia em lançar produtos mais atrativos, variados, con-

sistentes e saborosos, a população está adoecendo. Uma das maiores causas de toxinas acumuladas no organismo advém do consumo indiscriminado de gordu-ra trans-saturada presente na maioria desses alimentos processados”, alerta o nutricionista especialista em Nutrição Esportiva Leonardo de Sousa Costa, formado na Universidade de Brasília. Ele diz que “a ingestão excessiva desse tipo de gordura agrega-se às paredes das artérias, aumenta o conteúdo de LDL (colesterol ruim), além de causar enve-lhecimento precoce por ser altamente oxidante, podendo redundar em graves problemas coronários.” Sousa Costa avalia que “as trans são nocivas à saúde devido à dificuldade de eliminação das toxinas depositadas no tecido gorduroso do corpo”.

Outra gratificação é a de qualificação (GQ), que vai atender a três requisitos: acadêmico, técnico-funcional e organi-zacional. Hoje, no serviço público, os servidores do Banco Central são os únicos que a recebem. As áreas de Recursos Hu-manos das Agências Reguladoras estão se reunindo, mensalmente, com o objetivo de propor parâmetros para regulamentação da Gratificação de Qualificação ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

BI – Que importância as pessoas que deixam a Agência tiveram na consolidação da instituição?

Sem o trabalho delas, a Anvisa não seria o que é. Todas têm o reconhecimento da Agência. Temos contratos temporários, contratos com organismos internacionais e os terceirizados. Todos esses vínculos têm prazo definido para terminar. E tanto para a instituição quanto para as pessoas é complicado esse momento de transi-ção. Todas trabalharam, se dedicaram e também houve bastante investimento da Anvisa. Cabe à área de Recursos Humanos preparar as pessoas para as mudanças que estão ocorrendo. O ser humano sempre procura a zona de conforto, sempre acha que tudo vai dar certo. Temos de aprender com esse processo todo e agir previamente, porque no final deste ano serão encerrados os contratos por organismos internacionais que ainda permanecem e grande parte dos contratos regidos pela Lei 8.745/93. Além disso, iremos publicar o edital do concurso para os cargos de nível médio.

Produto Empresa Situação Motivo

Água Sanitária Cloral (lote 138) Prodisa Produtos e Distribuidora Ltda Interditado Presença de microorganismos e rótulo

fora do padrão

Analgesil 500mg (lote 1.912) Laboratório Kinder Ltda Interditado Presença de sulcos e pontos escuros na

superfície

Captopron 12,5mg (captopril) lotes 001 e 004

Cifarma Científica Farmacêutica Ltda Interditado Teor do princípio ativo abaixo do padrão

e presença de impurezas

Complexo Vitamínico B – gotasOrtotex Produtos

Hospitalares e Farmacêuticos Ltda

Apreendido Não possui registro

Creme Dental Ultra Action Menta – com flúor + cálcio

(lotes B0153 e B0294)

BBP Comércio e Distribuidor Ltda Interditado Potencial de irritação da mucosa oral

Detergente Automotivo CremosoVideoquímica

Produtos Químicos Ltda

Apreendido Não possui registro

Dipironati 500mg (lote 010904) Nativita Indústria e Comércio Interditado Teor de princípio ativo abaixo do

especificado

Duzimicin 250mg/5ml (lotes 403 E e 405 A) Prati, Donaduzzi & CIA Interditado Odor desagradável e sedimentação

insatisfatória

Hidrofloc HCL 200 Extra Forte (cloro) Hidroall Piscinas Ltda Apreendido Não possui registro

Hidrol 50mg (Hidroclorotizida) Hipolabor Indústria Farmacêutica Ltda Apreendido Embalagens com cartelas de outros

medicamentos

Metildopa Genérico Comprimidos 500mg (lote 03A434)

EMS Indústria Farmacêutica Ltda Interditado Teste de dissolução

Tira-dúvidas

1. Para que servem as gorduras trans?As gorduras trans formadas durante o processo de hidroge-

nação industrial que transforma óleos vegetais

líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente

são utilizadas para melhorar a consistência dos alimentos e

também aumentar a vida de pra-teleira de alguns produtos.

2. Esse tipo de gordura faz mal para a saúde?

Sim. O consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode causar o au-

mento do colesterol total e ainda do colesterol ruim (LDL), além de reduzir os níveis de colesterol

bom (HDL). É importante lembrar que não há in-formação disponível que ateste benefícios à saúde a partir do consumo de gordura trans.

3. Gordura hidrogenada é o mesmo que gordura trans?Não. O nome gordura trans deriva da ligação química que a gordura apresenta, podendo estar presente em produtos industrializados ou in natura, como carnes e leites. A gordura hidrogenada é o tipo específico de gordura trans fabricado na indústria.

4. Quais alimentos são ricos em gordura trans?A maior preocupação deve ser com os alimentos industrializados - sorvetes, cremes vegetais, ba-

tatas-fritas, salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, bem como gorduras

hidrogenadas e margarinas, e os produtos preparados com esses ingredientes.

número53março de 2005

ISSN 1518-6377

8 março de 20057março de 20056 março de 2005

www.anvisa.gov.br

Novo quadro funcional surpreende pela qualificação

entrevista: Lúcia de Fátima Teixeira Masson

Aceitar o convite para trabalhar na Anvisa, tão logo a Agência foi criada, revelou-se um dos grandes desafios já enfrentados pela pedagoga Lúcia Masson, especialista em Recursos Humanos (RH). Mineira de Espera Feliz, Lúcia está em Brasília desde 1981, onde começou a carreira de servidora pública na Fundação Nacional da Merenda Escolar, do Ministério da Educação.

Ao ser removida para a área de RH do Ministério da Saúde, em 1993, a peda-goga deparou-se com um quadro de pessoal muito maior do que aquele ao qual estava acostumada. “Em vez de 1.200 funcionários, como na Fundação, havia no Ministério 200 mil. Era um desafio e tanto”, diz. Não maior do que montar a estrutura organizacional da Anvisa, em 1999, com apenas uma colaboradora.

Gerente de Gestão de Recursos Humanos, Lúcia Masson enaltece a impor-tância do concurso e do curso de formação, demonstrando expectativa positiva em relação ao novo quadro funcional da Anvisa.

As mulheres que pretendem fazer cirurgia plástica mamária ou as que precisam de uma prótese de silicone para reconstitui-ção de mama contam agora com mais um fator de segurança. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária registrou, nos últimos meses, medidores (moldes) de prótese mamária de silicone de quatro empresas. Os medidores são utilizados para avaliar o tamanho da prótese a ser implantada. Com o registro, os mé-dicos passam a ter acesso a normas de esterilização do produto, fundamentais para evitar contaminação bacteriana.

Em abril de 2004, foram notificados 25 casos de infecção em pacientes que se submeteram a esse tipo de cirurgia nos municípios paulistas de Campinas e Jundiaí e em Goiânia (GO). Na época, a Anvisa determinou a interdição cautelar de todos os medidores comercializados no país, apontados como causadores das infecções. A medida, de caráter temporário, teve função

preventiva. Em ação conjunta com a Vigilância em Saúde de Campinas e com a Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, a Anvisa realizou uma investigação criteriosa e, depois de analisar os produtos, concedeu registro a quatro deles.

O registro de produtos para saúde deve atender a critérios definidos pela Lei 6.360/76 e pela Resolução RDC nº 185/01. De acordo com a RDC 185, todos os produtos correlatos, o que inclui tanto as próteses quanto os medidores, devem ter registro na Anvisa para que possam ser comercializados.

É possível saber se o produto está registrado, pelo nome co-mercial, acessando a página www.anvisa.gov.br. Depois, basta clicar em Áreas de Atuação, no ícone Produtos para Saúde, Regis-tro de Produtos. Outro modo é informar os seguintes termos, na consulta: medidores de mama; sizer; molde provador de prótese mamária e medidor para implante mamário cheio de silicone.

Regularização de medidores mamários reduz riscos em cirurgias

BI – Como foi a experiência de trabalhar pela efetivação do primeiro concurso da Anvisa?

Aqui cabe uma retrospectiva. Na lei de criação da Anvisa não há referência a quadro de pessoal. Uma medida provisó-ria redistribuiu para a Agência servidores que trabalhavam na extinta Secretaria de Vigilância Sanitária. Só em julho de 2000 a Lei 9.986 criou os quadros das agências reguladoras, sob o regime cele-tista. Começamos a estruturar a carreira e quando nos preparávamos para lançar o edital, o PT entrou com uma ação de inconstitucionalidade, em dezembro de 2000, questionando o regime trabalhista. A alegação era a de que o especialista em regulação, por fiscalizar e ter poder de polícia, ficaria extremamente vulnerável regido pela CLT.

Aguardamos uma decisão do Supre-mo Tribunal Federal, que nunca julgou o mérito da ação. No começo de 2003, as agências começaram a se reunir para propor uma alteração na lei, mudando o regime para o RJU – Regime Jurídico Úni-co. O então presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu que a decisão caberia ao próximo governo. Como o PT ganhou a eleição, empenhou-se em solucionar o caso e, em maio de 2004, foi aprovada a Lei das Carreiras das Agências (Lei 10.871), que trouxe, entre outras inovações, a criação de cargos de nível médio.

A partir daí o processo deslanchou, com a ajuda da diretoria, das gerên-cias, dos funcionários. Em novembro

realizamos a primeira etapa do concurso; em fevereiro de 2005, a segunda etapa e no último dia 15 começamos a dar posse aos aprovados.

BI – Já é possível delinear um perfil dos aprovados?

A maioria é constituída por jovens, solteiros, com menos de cinco anos de formados e com algum curso de pós-graduação. Eles estão entrando com uma perspectiva de carreira na Anvisa e com uma visão mais ampla da Agência, devido ao curso de formação.

BI – E o desenvolvimento da carreira, como se dará?

Estão previstas na lei a progressão e a promoção. Na progressão o servidor passa de um padrão de vencimento para o outro, imediatamente superior. A base da progressão é o desempenho, não mais a an-tigüidade. Quanto à promoção, representa a mudança de classe – a carreira é dividida em classes A, B e Especial – e leva em conta não só o desempenho, mas o cumprimento de alguns requisitos objetivos, como tempo de experiência e titulação.

Há também duas gratificações. A gra-tificação de desempenho por atividade de regulação (GDAR), destinada apenas aos especialistas, é baseada no desempenho individual e no institucional, onde são levadas em consideração, por exemplo, metas do contrato de gestão, PPA, etc. As Agências estão aguardando publicação de Decreto regulamentando a GDAR.

Produtos apreendidos de 2 a 31 de março

Imag

em-C

omin

/Anv

isa

Lúcia: “Curso de formação foi sucesso” As novas caras da Agência págs. 4 e 5

Bares e lanchonetes precisam cumprir Boas Práticaspág. 3

Medidores mamários são registrados pela Anvisapág. 8

Rotulagem de alimentos deve informar sobre gordura trans-saturada

O que aos olhos parece irresistível, e que de certo modo já está incorporado ao hábito da população de consumir gulo-seimas e outros alimentos de preparação rápida, pode representar sérios danos à saúde. A chamada gordura trans – que confere sabor e consistência e amplia o prazo de validade de produtos indus-trializados, como salgadinhos de pacote, biscoitos, bolachas, bolos, margarinas, sorvetes – constitui um importante fator de risco para infartos, derrames e outras doenças relacionadas ao aumento do colesterol ruim (LDL) e redução daquele considerado bom (HDL).

Em benefício do consumidor e da saúde pública e compatibilizando a legislação nacional com as normas har-monizadas no Mercosul, a Anvisa editou a Resolução RDC n° 360 (23/12/2003), que obriga os fabricantes a declarar no rótulo nutricional informações sobre os ácidos graxos trans. A determinação é que a partir de agosto de 2006 os rótulos dos alimentos industrializados informem so-bre a quantidade de gordura trans contida nos produtos. O regulamento técnico de rotulagem obrigatória de alimentos em-balados já está em vigor no Brasil desde o início de 2003, de acordo com a RDC 360/03. A nova resolução adicionará o novo item de trans à tabela de informações nutricionais.

“Com essa norma em vigor, a popu-lação tomará conhecimento do teor de gorduras trans, descrito nos rótulos dos alimentos, e poderá escolher aqueles que possuem menor quantidade desse tipo de gordura”, defende a gerente de produtos especiais da Anvisa, Antônia Aquino.

As trans são uma das mais nocivas gorduras – lipídios insaturados com uma ou mais dupla ligação trans, expressos como ácidos graxos livres – formadas por um processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen de animais a partir da flora microbiana intestinal) ou industrial, presentes principalmente nos alimentos que passaram por processamento tecno-lógico de hidrogenação de lipídios mono e poliinsaturados. O processo industrial de hidrogenação transforma a consistência

dos óleos vegetais de fluida para sólida, assegurando ao produto estrutura mais rígida e estabilidade à oxidação. Os ali-mentos de origem animal, como a carne e o leite, além dos óleos vegetais, possuem pequenas quantidades dessas gorduras.

A gerente Antônia Aquino reforça a importância de a indústria alimentícia nacional se adequar às novas normas de rotulagem nutricional, pois “há evidên-cias científicas de que o principal efeito metabólico dos ácidos graxos trans em relação às doenças coronarianas refere-se à sua ação hipercolesterolêmica, que eleva o colesterol total e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e reduz a lipoproteína de alta densidade (HDL), resultando, as-sim, em significativo aumento na relação LDL/HDL. Essa relação é um dos fatores determinantes do prognóstico de doenças cardiovasculares”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reco-menda a menor ingestão p o s s í v e l desse tipo de gordura, não devendo o consumo diário ser superior a 1% do total de calorias, ou seja, cerca de 2 gramas em uma dieta de 2.000 calorias. Na rotulagem nutricional obrigatória devem ser declarados os seguintes nutrientes: valor ener-gético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras satu-radas, gorduras trans e sódio.

“A partir da vo-racidade da indús-tria alimentícia em lançar produtos mais atrativos, variados, con-

sistentes e saborosos, a população está adoecendo. Uma das maiores causas de toxinas acumuladas no organismo advém do consumo indiscriminado de gordu-ra trans-saturada presente na maioria desses alimentos processados”, alerta o nutricionista especialista em Nutrição Esportiva Leonardo de Sousa Costa, formado na Universidade de Brasília. Ele diz que “a ingestão excessiva desse tipo de gordura agrega-se às paredes das artérias, aumenta o conteúdo de LDL (colesterol ruim), além de causar enve-lhecimento precoce por ser altamente oxidante, podendo redundar em graves problemas coronários.” Sousa Costa avalia que “as trans são nocivas à saúde devido à dificuldade de eliminação das toxinas depositadas no tecido gorduroso do corpo”.

Outra gratificação é a de qualificação (GQ), que vai atender a três requisitos: acadêmico, técnico-funcional e organi-zacional. Hoje, no serviço público, os servidores do Banco Central são os únicos que a recebem. As áreas de Recursos Hu-manos das Agências Reguladoras estão se reunindo, mensalmente, com o objetivo de propor parâmetros para regulamentação da Gratificação de Qualificação ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

BI – Que importância as pessoas que deixam a Agência tiveram na consolidação da instituição?

Sem o trabalho delas, a Anvisa não seria o que é. Todas têm o reconhecimento da Agência. Temos contratos temporários, contratos com organismos internacionais e os terceirizados. Todos esses vínculos têm prazo definido para terminar. E tanto para a instituição quanto para as pessoas é complicado esse momento de transi-ção. Todas trabalharam, se dedicaram e também houve bastante investimento da Anvisa. Cabe à área de Recursos Humanos preparar as pessoas para as mudanças que estão ocorrendo. O ser humano sempre procura a zona de conforto, sempre acha que tudo vai dar certo. Temos de aprender com esse processo todo e agir previamente, porque no final deste ano serão encerrados os contratos por organismos internacionais que ainda permanecem e grande parte dos contratos regidos pela Lei 8.745/93. Além disso, iremos publicar o edital do concurso para os cargos de nível médio.

Produto Empresa Situação Motivo

Água Sanitária Cloral (lote 138) Prodisa Produtos e Distribuidora Ltda Interditado Presença de microorganismos e rótulo

fora do padrão

Analgesil 500mg (lote 1.912) Laboratório Kinder Ltda Interditado Presença de sulcos e pontos escuros na

superfície

Captopron 12,5mg (captopril) lotes 001 e 004

Cifarma Científica Farmacêutica Ltda Interditado Teor do princípio ativo abaixo do padrão

e presença de impurezas

Complexo Vitamínico B – gotasOrtotex Produtos

Hospitalares e Farmacêuticos Ltda

Apreendido Não possui registro

Creme Dental Ultra Action Menta – com flúor + cálcio

(lotes B0153 e B0294)

BBP Comércio e Distribuidor Ltda Interditado Potencial de irritação da mucosa oral

Detergente Automotivo CremosoVideoquímica

Produtos Químicos Ltda

Apreendido Não possui registro

Dipironati 500mg (lote 010904) Nativita Indústria e Comércio Interditado Teor de princípio ativo abaixo do

especificado

Duzimicin 250mg/5ml (lotes 403 E e 405 A) Prati, Donaduzzi & CIA Interditado Odor desagradável e sedimentação

insatisfatória

Hidrofloc HCL 200 Extra Forte (cloro) Hidroall Piscinas Ltda Apreendido Não possui registro

Hidrol 50mg (Hidroclorotizida) Hipolabor Indústria Farmacêutica Ltda Apreendido Embalagens com cartelas de outros

medicamentos

Metildopa Genérico Comprimidos 500mg (lote 03A434)

EMS Indústria Farmacêutica Ltda Interditado Teste de dissolução

Tira-dúvidas

1. Para que servem as gorduras trans?As gorduras trans formadas durante o processo de hidroge-

nação industrial que transforma óleos vegetais

líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente

são utilizadas para melhorar a consistência dos alimentos e

também aumentar a vida de pra-teleira de alguns produtos.

2. Esse tipo de gordura faz mal para a saúde?

Sim. O consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode causar o au-

mento do colesterol total e ainda do colesterol ruim (LDL), além de reduzir os níveis de colesterol

bom (HDL). É importante lembrar que não há in-formação disponível que ateste benefícios à saúde a partir do consumo de gordura trans.

3. Gordura hidrogenada é o mesmo que gordura trans?Não. O nome gordura trans deriva da ligação química que a gordura apresenta, podendo estar presente em produtos industrializados ou in natura, como carnes e leites. A gordura hidrogenada é o tipo específico de gordura trans fabricado na indústria.

4. Quais alimentos são ricos em gordura trans?A maior preocupação deve ser com os alimentos industrializados - sorvetes, cremes vegetais, ba-

tatas-fritas, salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, bem como gorduras

hidrogenadas e margarinas, e os produtos preparados com esses ingredientes.

número53março de 2005

ISSN 1518-6377

8 março de 20057março de 20056 março de 2005

www.anvisa.gov.br

Novo quadro funcional surpreende pela qualificação

entrevista: Lúcia de Fátima Teixeira Masson

Aceitar o convite para trabalhar na Anvisa, tão logo a Agência foi criada, revelou-se um dos grandes desafios já enfrentados pela pedagoga Lúcia Masson, especialista em Recursos Humanos (RH). Mineira de Espera Feliz, Lúcia está em Brasília desde 1981, onde começou a carreira de servidora pública na Fundação Nacional da Merenda Escolar, do Ministério da Educação.

Ao ser removida para a área de RH do Ministério da Saúde, em 1993, a peda-goga deparou-se com um quadro de pessoal muito maior do que aquele ao qual estava acostumada. “Em vez de 1.200 funcionários, como na Fundação, havia no Ministério 200 mil. Era um desafio e tanto”, diz. Não maior do que montar a estrutura organizacional da Anvisa, em 1999, com apenas uma colaboradora.

Gerente de Gestão de Recursos Humanos, Lúcia Masson enaltece a impor-tância do concurso e do curso de formação, demonstrando expectativa positiva em relação ao novo quadro funcional da Anvisa.

As mulheres que pretendem fazer cirurgia plástica mamária ou as que precisam de uma prótese de silicone para reconstitui-ção de mama contam agora com mais um fator de segurança. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária registrou, nos últimos meses, medidores (moldes) de prótese mamária de silicone de quatro empresas. Os medidores são utilizados para avaliar o tamanho da prótese a ser implantada. Com o registro, os mé-dicos passam a ter acesso a normas de esterilização do produto, fundamentais para evitar contaminação bacteriana.

Em abril de 2004, foram notificados 25 casos de infecção em pacientes que se submeteram a esse tipo de cirurgia nos municípios paulistas de Campinas e Jundiaí e em Goiânia (GO). Na época, a Anvisa determinou a interdição cautelar de todos os medidores comercializados no país, apontados como causadores das infecções. A medida, de caráter temporário, teve função

preventiva. Em ação conjunta com a Vigilância em Saúde de Campinas e com a Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, a Anvisa realizou uma investigação criteriosa e, depois de analisar os produtos, concedeu registro a quatro deles.

O registro de produtos para saúde deve atender a critérios definidos pela Lei 6.360/76 e pela Resolução RDC nº 185/01. De acordo com a RDC 185, todos os produtos correlatos, o que inclui tanto as próteses quanto os medidores, devem ter registro na Anvisa para que possam ser comercializados.

É possível saber se o produto está registrado, pelo nome co-mercial, acessando a página www.anvisa.gov.br. Depois, basta clicar em Áreas de Atuação, no ícone Produtos para Saúde, Regis-tro de Produtos. Outro modo é informar os seguintes termos, na consulta: medidores de mama; sizer; molde provador de prótese mamária e medidor para implante mamário cheio de silicone.

Regularização de medidores mamários reduz riscos em cirurgias

BI – Como foi a experiência de trabalhar pela efetivação do primeiro concurso da Anvisa?

Aqui cabe uma retrospectiva. Na lei de criação da Anvisa não há referência a quadro de pessoal. Uma medida provisó-ria redistribuiu para a Agência servidores que trabalhavam na extinta Secretaria de Vigilância Sanitária. Só em julho de 2000 a Lei 9.986 criou os quadros das agências reguladoras, sob o regime cele-tista. Começamos a estruturar a carreira e quando nos preparávamos para lançar o edital, o PT entrou com uma ação de inconstitucionalidade, em dezembro de 2000, questionando o regime trabalhista. A alegação era a de que o especialista em regulação, por fiscalizar e ter poder de polícia, ficaria extremamente vulnerável regido pela CLT.

Aguardamos uma decisão do Supre-mo Tribunal Federal, que nunca julgou o mérito da ação. No começo de 2003, as agências começaram a se reunir para propor uma alteração na lei, mudando o regime para o RJU – Regime Jurídico Úni-co. O então presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu que a decisão caberia ao próximo governo. Como o PT ganhou a eleição, empenhou-se em solucionar o caso e, em maio de 2004, foi aprovada a Lei das Carreiras das Agências (Lei 10.871), que trouxe, entre outras inovações, a criação de cargos de nível médio.

A partir daí o processo deslanchou, com a ajuda da diretoria, das gerên-cias, dos funcionários. Em novembro

realizamos a primeira etapa do concurso; em fevereiro de 2005, a segunda etapa e no último dia 15 começamos a dar posse aos aprovados.

BI – Já é possível delinear um perfil dos aprovados?

A maioria é constituída por jovens, solteiros, com menos de cinco anos de formados e com algum curso de pós-graduação. Eles estão entrando com uma perspectiva de carreira na Anvisa e com uma visão mais ampla da Agência, devido ao curso de formação.

BI – E o desenvolvimento da carreira, como se dará?

Estão previstas na lei a progressão e a promoção. Na progressão o servidor passa de um padrão de vencimento para o outro, imediatamente superior. A base da progressão é o desempenho, não mais a an-tigüidade. Quanto à promoção, representa a mudança de classe – a carreira é dividida em classes A, B e Especial – e leva em conta não só o desempenho, mas o cumprimento de alguns requisitos objetivos, como tempo de experiência e titulação.

Há também duas gratificações. A gra-tificação de desempenho por atividade de regulação (GDAR), destinada apenas aos especialistas, é baseada no desempenho individual e no institucional, onde são levadas em consideração, por exemplo, metas do contrato de gestão, PPA, etc. As Agências estão aguardando publicação de Decreto regulamentando a GDAR.

Produtos apreendidos de 2 a 31 de março

Imag

em-C

omin

/Anv

isa

Lúcia: “Curso de formação foi sucesso” As novas caras da Agência págs. 4 e 5

Bares e lanchonetes precisam cumprir Boas Práticaspág. 3

Medidores mamários são registrados pela Anvisapág. 8

Rotulagem de alimentos deve informar sobre gordura trans-saturada

O que aos olhos parece irresistível, e que de certo modo já está incorporado ao hábito da população de consumir gulo-seimas e outros alimentos de preparação rápida, pode representar sérios danos à saúde. A chamada gordura trans – que confere sabor e consistência e amplia o prazo de validade de produtos indus-trializados, como salgadinhos de pacote, biscoitos, bolachas, bolos, margarinas, sorvetes – constitui um importante fator de risco para infartos, derrames e outras doenças relacionadas ao aumento do colesterol ruim (LDL) e redução daquele considerado bom (HDL).

Em benefício do consumidor e da saúde pública e compatibilizando a legislação nacional com as normas har-monizadas no Mercosul, a Anvisa editou a Resolução RDC n° 360 (23/12/2003), que obriga os fabricantes a declarar no rótulo nutricional informações sobre os ácidos graxos trans. A determinação é que a partir de agosto de 2006 os rótulos dos alimentos industrializados informem so-bre a quantidade de gordura trans contida nos produtos. O regulamento técnico de rotulagem obrigatória de alimentos em-balados já está em vigor no Brasil desde o início de 2003, de acordo com a RDC 360/03. A nova resolução adicionará o novo item de trans à tabela de informações nutricionais.

“Com essa norma em vigor, a popu-lação tomará conhecimento do teor de gorduras trans, descrito nos rótulos dos alimentos, e poderá escolher aqueles que possuem menor quantidade desse tipo de gordura”, defende a gerente de produtos especiais da Anvisa, Antônia Aquino.

As trans são uma das mais nocivas gorduras – lipídios insaturados com uma ou mais dupla ligação trans, expressos como ácidos graxos livres – formadas por um processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen de animais a partir da flora microbiana intestinal) ou industrial, presentes principalmente nos alimentos que passaram por processamento tecno-lógico de hidrogenação de lipídios mono e poliinsaturados. O processo industrial de hidrogenação transforma a consistência

dos óleos vegetais de fluida para sólida, assegurando ao produto estrutura mais rígida e estabilidade à oxidação. Os ali-mentos de origem animal, como a carne e o leite, além dos óleos vegetais, possuem pequenas quantidades dessas gorduras.

A gerente Antônia Aquino reforça a importância de a indústria alimentícia nacional se adequar às novas normas de rotulagem nutricional, pois “há evidên-cias científicas de que o principal efeito metabólico dos ácidos graxos trans em relação às doenças coronarianas refere-se à sua ação hipercolesterolêmica, que eleva o colesterol total e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e reduz a lipoproteína de alta densidade (HDL), resultando, as-sim, em significativo aumento na relação LDL/HDL. Essa relação é um dos fatores determinantes do prognóstico de doenças cardiovasculares”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reco-menda a menor ingestão p o s s í v e l desse tipo de gordura, não devendo o consumo diário ser superior a 1% do total de calorias, ou seja, cerca de 2 gramas em uma dieta de 2.000 calorias. Na rotulagem nutricional obrigatória devem ser declarados os seguintes nutrientes: valor ener-gético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras satu-radas, gorduras trans e sódio.

“A partir da vo-racidade da indús-tria alimentícia em lançar produtos mais atrativos, variados, con-

sistentes e saborosos, a população está adoecendo. Uma das maiores causas de toxinas acumuladas no organismo advém do consumo indiscriminado de gordu-ra trans-saturada presente na maioria desses alimentos processados”, alerta o nutricionista especialista em Nutrição Esportiva Leonardo de Sousa Costa, formado na Universidade de Brasília. Ele diz que “a ingestão excessiva desse tipo de gordura agrega-se às paredes das artérias, aumenta o conteúdo de LDL (colesterol ruim), além de causar enve-lhecimento precoce por ser altamente oxidante, podendo redundar em graves problemas coronários.” Sousa Costa avalia que “as trans são nocivas à saúde devido à dificuldade de eliminação das toxinas depositadas no tecido gorduroso do corpo”.

Outra gratificação é a de qualificação (GQ), que vai atender a três requisitos: acadêmico, técnico-funcional e organi-zacional. Hoje, no serviço público, os servidores do Banco Central são os únicos que a recebem. As áreas de Recursos Hu-manos das Agências Reguladoras estão se reunindo, mensalmente, com o objetivo de propor parâmetros para regulamentação da Gratificação de Qualificação ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

BI – Que importância as pessoas que deixam a Agência tiveram na consolidação da instituição?

Sem o trabalho delas, a Anvisa não seria o que é. Todas têm o reconhecimento da Agência. Temos contratos temporários, contratos com organismos internacionais e os terceirizados. Todos esses vínculos têm prazo definido para terminar. E tanto para a instituição quanto para as pessoas é complicado esse momento de transi-ção. Todas trabalharam, se dedicaram e também houve bastante investimento da Anvisa. Cabe à área de Recursos Humanos preparar as pessoas para as mudanças que estão ocorrendo. O ser humano sempre procura a zona de conforto, sempre acha que tudo vai dar certo. Temos de aprender com esse processo todo e agir previamente, porque no final deste ano serão encerrados os contratos por organismos internacionais que ainda permanecem e grande parte dos contratos regidos pela Lei 8.745/93. Além disso, iremos publicar o edital do concurso para os cargos de nível médio.

Produto Empresa Situação Motivo

Água Sanitária Cloral (lote 138) Prodisa Produtos e Distribuidora Ltda Interditado Presença de microorganismos e rótulo

fora do padrão

Analgesil 500mg (lote 1.912) Laboratório Kinder Ltda Interditado Presença de sulcos e pontos escuros na

superfície

Captopron 12,5mg (captopril) lotes 001 e 004

Cifarma Científica Farmacêutica Ltda Interditado Teor do princípio ativo abaixo do padrão

e presença de impurezas

Complexo Vitamínico B – gotasOrtotex Produtos

Hospitalares e Farmacêuticos Ltda

Apreendido Não possui registro

Creme Dental Ultra Action Menta – com flúor + cálcio

(lotes B0153 e B0294)

BBP Comércio e Distribuidor Ltda Interditado Potencial de irritação da mucosa oral

Detergente Automotivo CremosoVideoquímica

Produtos Químicos Ltda

Apreendido Não possui registro

Dipironati 500mg (lote 010904) Nativita Indústria e Comércio Interditado Teor de princípio ativo abaixo do

especificado

Duzimicin 250mg/5ml (lotes 403 E e 405 A) Prati, Donaduzzi & CIA Interditado Odor desagradável e sedimentação

insatisfatória

Hidrofloc HCL 200 Extra Forte (cloro) Hidroall Piscinas Ltda Apreendido Não possui registro

Hidrol 50mg (Hidroclorotizida) Hipolabor Indústria Farmacêutica Ltda Apreendido Embalagens com cartelas de outros

medicamentos

Metildopa Genérico Comprimidos 500mg (lote 03A434)

EMS Indústria Farmacêutica Ltda Interditado Teste de dissolução

Tira-dúvidas

1. Para que servem as gorduras trans?As gorduras trans formadas durante o processo de hidroge-

nação industrial que transforma óleos vegetais

líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente

são utilizadas para melhorar a consistência dos alimentos e

também aumentar a vida de pra-teleira de alguns produtos.

2. Esse tipo de gordura faz mal para a saúde?

Sim. O consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode causar o au-

mento do colesterol total e ainda do colesterol ruim (LDL), além de reduzir os níveis de colesterol

bom (HDL). É importante lembrar que não há in-formação disponível que ateste benefícios à saúde a partir do consumo de gordura trans.

3. Gordura hidrogenada é o mesmo que gordura trans?Não. O nome gordura trans deriva da ligação química que a gordura apresenta, podendo estar presente em produtos industrializados ou in natura, como carnes e leites. A gordura hidrogenada é o tipo específico de gordura trans fabricado na indústria.

4. Quais alimentos são ricos em gordura trans?A maior preocupação deve ser com os alimentos industrializados - sorvetes, cremes vegetais, ba-

tatas-fritas, salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, bem como gorduras

hidrogenadas e margarinas, e os produtos preparados com esses ingredientes.