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Boletim Epid emiológico Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde Especial Tuberculose Vigilância de violência doméstica, sexual e/ou outras violências: Viva/Sinan – Brasil, 2011 Volume 44 N o 9 – 2013 Introdução Atualmente, o impacto da morbimortalidade por causas externas (violências e acidentes) constitui um dos maiores desafios no âmbito da Saúde Pública mundial. O incremento da mortalidade por violências e acidentes, assim como do número de internações e de sequelas devido, principalmente, a homicídios, acidentes de transporte terrestre e quedas têm contribuído significativamente para a redução da expectativa de vida de adolescentes e jovens, e da qualidade de vida da população. 1 No ano de 2011, no Brasil, as causas externas representaram 8,6% do total de internações no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), ocupando a quinta posição entre as principais causas. As maiores taxas de internações por essas causas ocorreram entre homens de 20 a 39 anos (89,7 por 10 mil homens) e entre as mulheres de 60 e mais anos de idade (74,3 por 10 mil mulheres). No período entre 2002 e 2011, verificou-se incremento de 19,3% na taxa de internação por agressões. 2 O coeficiente de mortalidade por causas externas no Brasil variou de 69,3 óbitos por 100 mil habitantes em 2001 a 75,1 óbitos por 100 mil habitantes em 2010 (aumento de 8,4%). Em 2010, as causas externas ocupavam a terceira posição entre as mortes da população total e a primeira posição entre óbitos de adolescentes (de 10 a 19 anos) e adultos jovens (de 20 a 39 anos). As mortes por agressões e acidentes de transporte terrestre foram responsáveis por cerca de 67% dos óbitos por causas externas. 2 Em 2006, reconhecendo que as violências e os acidentes exercem grande impacto social e econômico, sobretudo no setor Saúde, e que intervenções pautadas na vigilância, prevenção e promoção da saúde são fundamentais para o enfretamento desse problema, o Ministério da Saúde, por meio de sua Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), implantou o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), constituído por dois componentes: a) Vigilância de violência doméstica, sexual e/ou outras violências interpessoais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan); e b) Vigilância de violências e acidentes em unidades de urgência e emergência (Viva Inquérito). 3 O objeto de notificação do Viva/Sinan é a violência doméstica, sexual e outros tipos de violência (psicológica/moral; financeira/ econômica; tortura; tráfico de pessoas; trabalho infantil; negligência/abandono; intervenção por agente legal) contra mulheres e homens de todas as idades. Nos casos de violências interpessoais e de violência urbana, excetuam- se homens adultos (com idade de 20 a 59 anos). 1 A notificação é compulsória, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan –, e se justifica em situações de violência envolvendo crianças, adolescentes, mulheres e idosos conforme determinado pelas Leis de no 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), 4 no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) 5 e no 10.778/2003 (Notificação de Violência contra a Mulher). 6 Este Boletim Epidemiológico apresenta dados do Viva/Sinan em 2.114 Municípios notificantes, no ano de 2011, com o objetivo de dimensionar e monitorar a situação epidemiológica e subsidiar a elaboração de políticas de vigilância e prevenção de violências e de promoção da saúde e cultura de paz.

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BoletimEpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde

Volume 43No 1 – 2012

Especial Tuberculose

Vigilância de violência doméstica, sexual e/ou outras violências: Viva/Sinan – Brasil, 2011

Volume 44No 9 – 2013

Introdução

Atualmente, o impacto da morbimortalidade por causas externas (violências e acidentes) constitui um dos maiores desafios no âmbito da Saúde Pública mundial. O incremento da mortalidade por violências e acidentes, assim como do número de internações e de sequelas devido, principalmente, a homicídios, acidentes de transporte terrestre e quedas têm contribuído significativamente para a redução da expectativa de vida de adolescentes e jovens, e da qualidade de vida da população.1

No ano de 2011, no Brasil, as causas externas representaram 8,6% do total de internações no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), ocupando a quinta posição entre as principais causas. As maiores taxas de internações por essas causas ocorreram entre homens de 20 a 39 anos (89,7 por 10 mil homens) e entre as mulheres de 60 e mais anos de idade (74,3 por 10 mil mulheres). No período entre 2002 e 2011, verificou-se incremento de 19,3% na taxa de internação por agressões.2

O coeficiente de mortalidade por causas externas no Brasil variou de 69,3 óbitos por 100 mil habitantes em 2001 a 75,1 óbitos por 100 mil habitantes em 2010 (aumento de 8,4%). Em 2010, as causas externas ocupavam a terceira posição entre as mortes da população total e a primeira posição entre óbitos de adolescentes (de 10 a 19 anos) e adultos jovens (de 20 a 39 anos). As mortes por agressões e acidentes de transporte terrestre foram responsáveis por cerca de 67% dos óbitos por causas externas.2

Em 2006, reconhecendo que as violências e os acidentes exercem grande impacto social e econômico, sobretudo no setor Saúde, e que intervenções pautadas na vigilância, prevenção e promoção da saúde são fundamentais para o enfretamento desse problema, o Ministério da Saúde, por meio de sua Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), implantou o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), constituído por dois componentes: a) Vigilância de violência doméstica, sexual e/ou outras violências interpessoais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan); e b) Vigilância de violências e acidentes em unidades de urgência e emergência (Viva Inquérito).3

O objeto de notificação do Viva/Sinan é a violência doméstica, sexual e outros tipos de violência (psicológica/moral; financeira/econômica; tortura; tráfico de pessoas; trabalho infantil; negligência/abandono; intervenção por agente legal) contra mulheres e homens de todas as idades. Nos casos de violências interpessoais e de violência urbana, excetuam-se homens adultos (com idade de 20 a 59 anos).1 A notificação é compulsória, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan –, e se justifica em situações de violência envolvendo crianças, adolescentes, mulheres e idosos conforme determinado pelas Leis de no 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),4 no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso)5 e no 10.778/2003 (Notificação de Violência contra a Mulher).6

Este Boletim Epidemiológico apresenta dados do Viva/Sinan em 2.114 Municípios notificantes, no ano de 2011, com o objetivo de dimensionar e monitorar a situação epidemiológica e subsidiar a elaboração de políticas de vigilância e prevenção de violências e de promoção da saúde e cultura de paz.

Boletim Epidemiológico

Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde – Brasil

2 | Volume 44 – 2013 |

Comitê EditorialJarbas Barbosa da Silva Jr. (editor geral), Sônia M. F. Brito, Marcus Quito, Cláudio Maierovitch P. Henriques, Deborah Carvalho Malta, Dirceu B. Greco, Guilherme Franco Netto, Elisete Duarte, Eunice de Lima, Marta Roberta Santana Coelho, Carlos Estênio Freire Brasilino.

Equipe Editorial Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviço/SVS/MS: Deborah Carvalho Malta (editora científica), Gilmara Lima Nascimento e Luciana M. V. Sardinha (editoras assistentes) e Alisson Leandro Aragão Meneses (secretário executivo).

ColaboradoresAlice Cristina Medeiros das Neves (DANTPS/SVS), Ana Amélia Galas Pedrosa (SMS/Teresina/PI), Anna Paula Bise Viegas

(DANTPS/SVS), Márcio Dênis Medeiros Mascarenhas (DANTPS/SVS), Marta Maria Alves da Silva (DANTPS/SVS), Otaliba Libânio de Morais Neto (UFG), Regina Tomie Ivata Bernal (DANTPS/SVS), Rosane Aparecida Monteiro (USP).

Distribuição impressa e eletrônicaNúcleo de Comunicação/SVS

Revisão de texto Ermenegyldo Munhoz Junior

DiagramaçãoSabrina Lopes (Nucom/SVS)

NormalizaçãoCoordenação-Geral de Documentação e Informação/Editora MS

© 1969 Ministério da Saúde.

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.

Histórico da vigilância de violência doméstica, sexual e/ou outras violências interpessoais1

Ao longo dos últimos anos, o Ministério da Saúde mobilizou e integrou diferentes setores do governo, articulados nas esferas de gestão federal, estadual e municipal, além de organizações não governamentais e do setor privado, a partir da elaboração da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência (Portaria MS/GM no 737, de 16 de maio de 2001), que define propósitos, estabelece diretrizes, atribui responsabilidades institucionais e apresenta, como pressuposto básico, a articulação intrassetorial e intersetorial. A partir de então, outros mecanismos legais foram criados:

• PortariaMS/GMno1.863,de29desetembrode2003

Política Nacional de Atenção às Urgências, orienta o componente assistencial do plano de enfrentamento das causas externas, prevendo o aprimoramento e a expansão dos atendimentos pré, intra e pós-hospitalares das vítimas de acidentes e violências, entre outros eventos que requerem esse tipo de atenção.

• PortariaMS/GMno936,de18demaiode2004

RedeNacionaldePrevençãodasViolênciasePromoçãodaSaúde,visaàimplantação/implementaçãodosnúcleosdeprevençãodasviolênciasepromoçãodasaúdeemâmbitolocal,voltadosparaaatençãointegraleproteçãoàspessoasesuasfamíliasemsituaçãodeviolência.

• PortariaMS/GMno2.406,de5denovembrode2004

Instituiu o serviço de notificação compulsória de violência contra a mulher dentro do SUS e aprovou instrumento e fluxo para notificação nos serviços de saúde. Medida semelhante tinha sido tomada com relação à notificação de maus-tratos contra crianças e adolescentes, por meio da Portaria MS/GM no 1.968, de 25 de outubro de 2001.

Em 2005, foi aprovada a Agenda Nacional de Vigilância, Prevenção e Controle dos Acidentes e Violências, que contempla as ações de aprimoramento e expansão da vigilância e do sistema de informações de violências e acidentes, com treinamento e capacitação de profissionais

Boletim Epidemiológico

Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde – Brasil

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para gerenciamento e avaliação das intervenções propostas, a partir das informações coletadas.

No ano seguinte, por intermédio da Portaria MS/GM no 687, de 30 de março de 2006, o Ministério da Saúde implantou a Política Nacional de Promoção da Saúde, reforçando medidas anteriores e revalidando seu caráter transversal e estratégico ao contemplar os condicionantes e determinantes das violências e acidentes no País. Por meio da Portaria MS/GM no 1.876, de 14 de agosto de 2006, foram instituídas as Diretrizes Nacionais para a Prevenção do Suicídio, apontando para a necessidade da notificação dos casos de suicídio e tentativas, na perspectiva de vincular essas pessoas aos serviços de saúde como forma de intervenção em saúde e prevenção de novas ocorrências. Também foi implantada a Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), por meio da Portaria MS/GM no 1.356, de 23 de junho de 2006.

No período de 2006 a 2008, esse componente foi implantado em serviços de referência para violências (centros de referência para violências, centros de referência para doenças sexualmente transmissíveis (DST) e aids, ambulatórios especializados, maternidades, entre outros) em algumas cidades previamente selecionadas, e os dados coletados eram armazenados no programa Epi Info Windows, versão 3.5.1. A partir de 2009, os dados passaram a ser digitados no Sinan, proporcionando a ampliação progressiva do número de Municípios e unidades notificadoras de violências.

Mediante a publicação da Portaria MS/GM no 2.472, de 31 de agosto de 2010, incluiu-se a notificação de violência doméstica, sexual e/ou autoprovocada em serviços sentinelas. Mas foi a partir de 2011, por meio da Portaria MS/GM no 104, de 25 de janeiro, que a notificação de violência doméstica, sexual e/ou outras violências passou a ser considerada de caráter universal, ou seja, realizada em todos os serviços de saúde, públicos ou privados. Apesar dessa normativa, sabe-se que a implantação da notificação de

violência encontra-se em diferentes estágios de evolução, nos diversos Municípios brasileiros. O Ministério da Saúde recomenda que a implantação do Viva/Sinan não procure apenas realizar a contabilização de casos de violência, mas que também ofereça atenção integral às vítimas de violência, considerando a oferta de serviços e a organização da estrutura da Saúde local e regional, bem como a capacitação e sensibilização dos profissionais de saúde e de setores afins.

Resultados

Em 2009, a partir da inserção de dados no Sinan, a notificação de violência doméstica, sexual e outras violências apresentou progressiva expansão. De 2009 a 2011, o número de unidades notificadoras e de notificações triplicou (Figura 1).

Boletim Epidemiológico

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Em 2011, foram registradas 107.530 notificações de violência. Os Estados com maior razão de notificação foram Mato Grosso do Sul (221 notificações por 100 mil habitantes), Roraima (108 notificações por 100 mil hab.) e Rio Grande do Sul (95 notificações por 100 mil hab.), enquanto Ceará (8 notificações por 100 mil hab.), Maranhão (12 notificações por 100 mil hab.) e Rondônia (17 notificações por 100 mil hab.) apresentaram a menor razão de notificação (Figura 2).

Excluindo, se os casos com sexo ignorado, do total de notificações registradas, 32.431 (30,2%) referiam-se a vítimas do sexo masculino e 75.033 (69,8%) a vítimas do sexo feminino.

As maiores proporções de casos notificados foram identificadas entre adultos jovens (20 a 39 anos de idade) (Figura 3), apresentando distribuições diferentes quando analisadas entre

Figura 1 – Unidades notificadoras e notificações de violência doméstica, sexual e outras violências. Brasil, 2009 a 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.

2,079 4,196 5,898

39,976

73,794

107,530

0

20

40

60

80

100

120

2009 2010 2011

n

Ano de notificação

Nº de Unidades Notificadoras

Nº de Notificações

os sexos. Para os homens, a faixa etária mais acometida foi a de 0 a 9 anos (25,2%), seguida das idades de 15 a 19 anos (19,2%). Entre as mulheres, a maior proporção de ocorrência de violência por faixa de idade foi observada naquelas de 20 a 29 anos (24,4%) e 30 a 39 (18,9%) (dados não mostrados).

No que se refere à raça/cor, os brancos representaram 41,3%, seguidos de pardos (29,1%) e pretos (7,8%), enquanto amarelos e indígenas (0,7% e 0,5% respectivamente) corresponderam às menores proporções no total de vítimas. Salienta-se que mais de 20% das notificações não havia informação de raça/cor (Figura 4).

Os atos de violência predominaram na residência (57,3%) e na via pública (14,7%); cerca de 16%da notificações não apresentaram informação referente ao local de ocorrência (Figura 5).

Boletim Epidemiológico

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Figura 2 – Razão de notificação (por 100 mil habitantes) de violência doméstica, sexual e outras violências, segundo Unidade Federada. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.

8 12 17 20 22 26 27 31 31 31 31 39 40 49 53 61 65 68 69 74 75 75 76 83 95

108

221

0

50

100

150

200

250

CE MA RO SE ES PA RN BA MT GO PB AP PI PR RJ DF AM SP TO AC AL PE MG SC RS RR MS

Figura 3 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências, segundo a faixa etária. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.

0

5

10

15

20

25

0-9 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60 e mais

%

Faixa etária

Boletim Epidemiológico

Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde – Brasil

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Figura 4 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências, segundo raça/cor. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Branca Preta Amarela Parda Indígena Seminformação

%

Raça/cor

Figura 5 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências, segundo local de ocorrência. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.

0

10

20

30

40

50

60

70

Residência Via pública Bar ou similar Escola Outros Seminformação

%

Local de ocorrência

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Caracterização dos eventos por violência doméstica, sexual e outras violências – Ciclos de vida

Criança (0 a 9 anos de idade)

Dentre as crianças menores de 10 anos de idade, a negligência foi o tipo de violência mais comum (43,1%), seguido da violência física (33,3%). Na maior parte dos atendimentos, tratava-se de um familiar o provável autor da agressão, e a mãe apareceu em mais de 36% dos casos notificados (Figuras 6 e 7).

Figura 6 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças (0 a 9 anos), segundo o tipo de violênciaa. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.a A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Negligência/abandono

Física Sexual Psicológica/moral

Outros

%

Tipologia da violência

Figura 7 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças (0 a 9 anos), segundo provável autor de agressãob. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.b A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.

Amigos/conhecidos

Desconhecido Padastro Própriapessoa

Pai Mãe Irmão Outros

Provável autor de agressão

0 5

10 15 20 25 30 35 40

%

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Adolescente (10 a 19 anos de idade)

A violência física (65,3%) foi o tipo de violência mais comum na faixa etária de 10 a 19 anos de idade. Na maior parte dos atendimentos, tratava-se de um amigo ou conhecido o provável autor da agressão (20,0%) (Figuras 8 e 9).

Figura 8 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra adolescentes (10 a 19 anos), segundo o tipo de violênciaa. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.a A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.

0

10

20

30

40

50

60

70

Física Sexual Psicológica/moral

Negligência/abandono

Outros

%

Tipologia da violência

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

%

Provável autor de agressão

Amigos/conhecidos

Desconhecido Relaçãoafetiva

Própriapessoa

Pai Mãe Outros

Figura 9 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra adolescentes (10 a 19 anos), segundo provável autor de agressãob. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.b A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.

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Adulto (20 a 59 anos de idade)

Dentre os indivíduos de 20 a 59 anos de idade, a violência física foi responsável por mais de 80% das notificações nesta faixa etária. O provável autor de agressão foi uma pessoa com relação afetiva em 39,6% das notificações, seguida da própria pessoa – lesão autoprovocada (16,2%) (Figuras 10 e 11).

Figura 10 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra adultos (20 a 59 anos) segundo o tipo de violênciaa. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.a A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.

Tipologia da violência

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Física Psicológica/moral

Sexual Tortura Outros

%

Figura 11 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra adultos (20 a 59 anos), segundo provável autor de agressãob. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.b A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.

Amigos/conhecidos

Desconhecido Própriapessoa

Relaçãoafetiva

Irmão Outros

Provável autor de agressão

0 5

10 15 20 25 30 35 40 45

%

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Idosos (60 e mais anos de idade)

Dentre os indivíduos com 60 ou mais anos de idade, a violência física foi responsável por 64,0% do das notificações, destaca-se que tanto a violência psicológica quanto a negligência predominaram nesta faixa etária. Na maior parte dos atendimentos, tratava-se do filho o provável autor da agressão (29,7%) (Figuras 12 e 13).

Figura 12 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra idosos (60 e mais anos), segundo o tipo de violênciaa. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.a A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.

0

10

20

30

40

50

60

70

Física Psicológica/moral

Negligência/abandono

Financeira Outros

%

Tipologia da violência

Figura 13 – Distribuição proporcional das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra idosos (60 e mais anos), segundo provável autor de agressãob. Brasil, 2011.

Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan),Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde.b A mesma pessoa pode ter sido vítima de mais de um tipo de violência.Nota: dados sujeitos a atualização, acessados em julho de 2012.

0

5

10

15

20

25

30

35

%

Provável autor de agressão

Amigos/conhecidos

Desconhecido Relaçãoafetiva

Própriapessoa

Filho Irmão Cuidador Outros

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Considerações finais

Desde a implantação do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes – VIVA – em 2006, o Ministério da Saúde tem investido na melhoria da informação acerca da magnitude da violência doméstica, sexual e de outros tipos de violência, no intuito de melhor conhecer esse grave problema de Saúde Pública. Para tanto, conta com o apoio das esferas de gestão federal, estadual e municipal do SUS, além de parceiros intra e intersetoriais, que colaboram para o fortalecimento da vigilância de violências e a estruturação de serviços de atenção às vítimas.

É perceptível que a vigilância de violências ganhou grande impulso a partir da publicação da Portaria MS/GM no 104, de 25/01/11, que universalizou a notificação de violência doméstica, sexual e outras violências para todos os serviços de saúde, incluindo-a na relação de doenças e agravos de registro no Sinan.

É mister esclarecer que a notificação de violência se encontra em fase de expansão, nos serviços de saúde e nos Municípios brasileiros. A implantação da vigilância desse agravo dá-se de maneira heterogênea, a depender do número de profissionais capacitados e da existência de serviços que decidem fazer a notificação e estruturação da rede de atenção às pessoas vítimas de violência. Tais procedimentos não são feitos de maneira uniforme e instantânea, requerem capacitação de recursos humanos, planejamento, organização e articulação entre os serviços notificantes e a rede de atenção. Além disso, a notificação parte de uma decisão local, baseada na capacidade de atuação e resposta de cada Município.

Devido à variabilidade de serviços e estruturas de vigilância de violência no Brasil, os dados disponíveis não podem ser utilizados

para comparar Municípios, ou promover um “ranqueamento” entre os que possuem mais ou menos casos notificados. Os dados, provenientes da implantação gradativa da vigilância do agravo em questão, não podem ser entendidos como uma avaliação dos Municípios quanto ao quesito violência, porque são insuficientes para demonstrar a totalidade de casos de violência existentes em determinado local: estima-se que haja um grande número de casos de violência não conhecidos, seja por falta de notificação, seja por não demandarem atendimento nos serviços de saúde.

Os dados disponíveis devem ser utilizados para conhecer as principais características dos eventos notificados, e prover os serviços de saúde e demais mecanismos sociais de informações essenciais para o acolhimento e atenção às vítimas da violência, além de fundamentar a elaboração de políticas públicas que deem resposta à sociedade. Não convém categorizar Municípios com maior número de casos notificados como os mais violentos; tal classificação pode gerar desestímulo à notificação pelos Municípios, já que nenhum quer ser reconhecido dessa forma. O melhor uso desses dados, como resultado do compromisso e empenho desses Municípios com a notificação de casos, estaria no desenvolvimento de ações para registrar a ocorrência dos eventos violentos e, consequentemente, providenciar assistência, acolhimento ou encaminhamentos necessários.

É fundamental o uso adequado das informações para fins de análises de situação de saúde e planejamento de ações de vigilância, prevenção e controle das violências nos Municípios. Para tanto, deve-se incentivar a notificação compulsória de violência doméstica, sexual e outras violências em todo o território nacional, por meio de capacitação dos profissionais e estruturação dos serviços que contemplam a Rede de Atenção e de Proteção Social às Vítimas de Violências.

Boletim Epidemiológico

Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde – Brasil

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Referências

1- Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Viva: instrutivo de notificação de violência doméstica, sexual e outras violências. Brasília, 2011.

2- Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde.Saúde Brasil 2011: uma análise da situação de saúde e a vigilância da saúde da mulher. Brasília, 2011.

3- Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de análise de situação de saúde. Viva: Vigilância de violências e acidentes, 2008 e 2009. Brasília, 2010.

4- Brasil. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União 1990; 13 jul 13.

5- Brasil. Lei no 10.741, de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União 2003; out

6- Brasil. Lei no 10.778, de 24 de novembro de 2003. Estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados. Diário Oficial da União 2003; nov 25.