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1 Você vai ler nesta edição, den- tre outras coisas, os principais acon- tecimentos da 2ª Reunião Anual da RET-SUS e do 2º Seminário de Edu- cação Profissional do Cefope de Natal, Rio Grande do Norte, que aconteceu logo em seguida. Primei- ro, chamamos atenção para o novo espaço de comunicação que foi criado e lançado no encontro: o site da RET-SUS. Em segundo, no meio de tudo que aconteceu em três dias de uma programação intensa, destacamos o debate que gerou a proposta de um novo texto para a portaria que institui a Rede. Inde- pendentemente das propostas finais, todos os presentes assistiram e participaram de uma interessante discussão, que envolveu a admi- nistração de diferentes opiniões e a construção de consensos. E o que é mais importante: evidenciou um interesse e, conseqüentemente, um compromisso coletivo com a mobilização da Rede. RET-SUS dezembro de 2004 Editorial Renata Reis Renata Reis Renata Reis Renata Reis Renata Reis Secretaria Técnica da Rede de Escolas Técnicas do SUS Aproveito a oportunidade para para- benizá-los pela revista. Fico muito feliz. Participei no início dessa discussão e hoje posso contribuir na divulgação dessa grande conquista de articulação da educação profissinal e o SUS, na graduação e pós-graduação na odontologia, pois minha vida profissional teve uma revi- ravolta e não estou mais numa ETSUS, mas mesmo assim não deixei de lutar pela causa. Mais uma vez parabéns!! Luciane Maria Pezzato Campinas-SP Sou profissional da Saúde- Educadora em Saúde Pública e trabalho com processos coletivos,e tenho participação ativa no Polo de Educação Permanente Noroeste Paulista e fui selecionada tutora pra formação de facilitadores na Educação Permanente no est de são Paulo. Gostaria de receber a revista Ret-Sus que muito enriquece nosso trabalho abordando questões fundamentais. Maria Aparecida Davi Monteiro Andradina - SP Tive grande satisfação com a oportunidade de leitura dos dois primeiros exemplares da Revista RET-SUS. Venho por meio deste, solicitar, estudo sobre a possibilidade de recebimento dos próximos exemplares da Revista. Cabe ressaltar que sou aluno da segunda turma do Curso de Habilitação Profis- sional em Técnico em Imobilizações Orto- pédicas - Escola Técnica - SUS São Paulo (Centro de Formação dos Trabalhadores de Saúde) e membro, eleito pelos alunos, do Conselho Escolar. Agradecido pela a- tenção dispensada, despeço-me, antes parabenizando a todos os envolvidos pelo excelente trabalho, cujo resultado foram os dois brilhantes exemplares da Revista. Marco Antonio Januario São Paulo - SP Parabenizo a Secretaria Técnica da RET- SUS pena iniciativa desta publicação tão rica de informação. Agradeço por ter sido comtemplada com um exemplar. Maria de Fátima Medeiros Saldanha Instrutota do Profae-Cefope-RN Quero parabenizá-los pela revista. Está ótima! espero recebé-la em nossa biblioteca o mais rápido possível. Zildeja Nogueira Alves Bibliotecária - ETESB

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Você vai ler nesta edição, den-tre outras coisas, os principais acon-tecimentos da 2ª Reunião Anual daRET-SUS e do 2º Seminário de Edu-cação Profissional do Cefope deNatal, Rio Grande do Norte, queaconteceu logo em seguida. Primei-ro, chamamos atenção para o novoespaço de comunicação que foicriado e lançado no encontro: o siteda RET-SUS. Em segundo, no meiode tudo que aconteceu em três diasde uma programação intensa,destacamos o debate que gerou aproposta de um novo texto para aportaria que institui a Rede. Inde-pendentemente das propostasfinais, todos os presentes assistirame participaram de uma interessantediscussão, que envolveu a admi-nistração de diferentes opiniões e aconstrução de consensos. E o que émais importante: evidenciou uminteresse e, conseqüentemente, umcompromisso coletivo com amobilização da Rede.

RET-SUS dezembro de 2004

Editorial

Renata ReisRenata ReisRenata ReisRenata ReisRenata ReisSecretaria Técnica da Rede de

Escolas Técnicas do SUS

Aproveito a oportunidade para para-benizá-los pela revista. Fico muito feliz.Participei no início dessa discussão e hojeposso contribuir na divulgação dessagrande conquista de articulação daeducação profissinal e o SUS, na graduaçãoe pós-graduação na odontologia, poisminha vida profissional teve uma revi-ravolta e não estou mais numa ETSUS,mas mesmo assim não deixei de lutar pelacausa. Mais uma vez parabéns!!

Luciane Maria PezzatoCampinas-SP

Sou profissional da Saúde- Educadora emSaúde Pública e trabalho com processoscoletivos,e tenho participação ativa no Polode Educação Permanente NoroestePaulista e fui selecionada tutora praformação de facilitadores na EducaçãoPermanente no est de são Paulo.Gostaria de receber a revista Ret-Sus quemuito enriquece nosso trabalho abordandoquestões fundamentais.

Maria Aparecida Davi MonteiroAndradina - SP

Tive grande satisfação com a oportunidadede leitura dos dois primeiros exemplaresda Revista RET-SUS. Venho por meiodeste, solicitar, estudo sobre a possibilidadede recebimento dos próximos exemplaresda Revista.

Cabe ressaltar que sou aluno da segundaturma do Curso de Habilitação Profis-sional em Técnico em Imobilizações Orto-pédicas - Escola Técnica - SUS São Paulo(Centro de Formação dos Trabalhadoresde Saúde) e membro, eleito pelos alunos,do Conselho Escolar. Agradecido pela a-tenção dispensada, despeço-me, antesparabenizando a todos os envolvidos peloexcelente trabalho, cujo resultado foramos dois brilhantes exemplares da Revista.

Marco Antonio JanuarioSão Paulo - SP

Parabenizo a Secretaria Técnica da RET-SUS pena iniciativa desta publicação tãorica de informação. Agradeço por ter sidocomtemplada com um exemplar.

Maria de Fátima Medeiros SaldanhaInstrutota do Profae-Cefope-RN

Quero parabenizá-los pela revista. Estáótima! espero recebé-la em nossabiblioteca o mais rápido possível.

Zildeja Nogueira AlvesBibliotecária - ETESB

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Entrevista

RET-SUS dezembro de 2004

Médico Sanitarista com residência em Saúde Internacional e coordenador do mestradoMédico Sanitarista com residência em Saúde Internacional e coordenador do mestradoMédico Sanitarista com residência em Saúde Internacional e coordenador do mestradoMédico Sanitarista com residência em Saúde Internacional e coordenador do mestradoMédico Sanitarista com residência em Saúde Internacional e coordenador do mestradode Saúde Pública da Universidade de Buenos Aires, Mario Rde Saúde Pública da Universidade de Buenos Aires, Mario Rde Saúde Pública da Universidade de Buenos Aires, Mario Rde Saúde Pública da Universidade de Buenos Aires, Mario Rde Saúde Pública da Universidade de Buenos Aires, Mario Rovere é especialista emovere é especialista emovere é especialista emovere é especialista emovere é especialista emredes de saúde. Nos dias 29 e 30 de novembro, ele coordenou, na Escola Predes de saúde. Nos dias 29 e 30 de novembro, ele coordenou, na Escola Predes de saúde. Nos dias 29 e 30 de novembro, ele coordenou, na Escola Predes de saúde. Nos dias 29 e 30 de novembro, ele coordenou, na Escola Predes de saúde. Nos dias 29 e 30 de novembro, ele coordenou, na Escola Politécnicaolitécnicaolitécnicaolitécnicaolitécnicade Saúde Joaquim Vde Saúde Joaquim Vde Saúde Joaquim Vde Saúde Joaquim Vde Saúde Joaquim Venâncio, no Rio de Janeiro, a oficina ‘enâncio, no Rio de Janeiro, a oficina ‘enâncio, no Rio de Janeiro, a oficina ‘enâncio, no Rio de Janeiro, a oficina ‘enâncio, no Rio de Janeiro, a oficina ‘TTTTTrabalhos de Rrabalhos de Rrabalhos de Rrabalhos de Rrabalhos de Redes e aedes e aedes e aedes e aedes e aFFFFFormação Pormação Pormação Pormação Pormação Profissional’rofissional’rofissional’rofissional’rofissional’, , , , , a convite da Va convite da Va convite da Va convite da Va convite da Vice-presidência de Ensino e Rice-presidência de Ensino e Rice-presidência de Ensino e Rice-presidência de Ensino e Rice-presidência de Ensino e Recursos Humanosecursos Humanosecursos Humanosecursos Humanosecursos Humanosda Fda Fda Fda Fda Fiocruz. Durante a programação, houve apresentação de algumas eiocruz. Durante a programação, houve apresentação de algumas eiocruz. Durante a programação, houve apresentação de algumas eiocruz. Durante a programação, houve apresentação de algumas eiocruz. Durante a programação, houve apresentação de algumas experiências dexperiências dexperiências dexperiências dexperiências dearticulação em rede das quais a Farticulação em rede das quais a Farticulação em rede das quais a Farticulação em rede das quais a Farticulação em rede das quais a Fiocruz pariocruz pariocruz pariocruz pariocruz par-ticipa. Dentre elas, a R-ticipa. Dentre elas, a R-ticipa. Dentre elas, a R-ticipa. Dentre elas, a R-ticipa. Dentre elas, a Rede de Escolasede de Escolasede de Escolasede de Escolasede de EscolasTécnicas do SUS. Nesta entrevista, RTécnicas do SUS. Nesta entrevista, RTécnicas do SUS. Nesta entrevista, RTécnicas do SUS. Nesta entrevista, RTécnicas do SUS. Nesta entrevista, Rovere eovere eovere eovere eovere ex-plica as especificidades de se trabalharx-plica as especificidades de se trabalharx-plica as especificidades de se trabalharx-plica as especificidades de se trabalharx-plica as especificidades de se trabalharem rede, fala sobre educação profissional em saúde e dá algumas dicas para o crescimentoem rede, fala sobre educação profissional em saúde e dá algumas dicas para o crescimentoem rede, fala sobre educação profissional em saúde e dá algumas dicas para o crescimentoem rede, fala sobre educação profissional em saúde e dá algumas dicas para o crescimentoem rede, fala sobre educação profissional em saúde e dá algumas dicas para o crescimentoda RETda RETda RETda RETda RET-SUS.-SUS.-SUS.-SUS.-SUS.

Quais as vantagens e as especi-Quais as vantagens e as especi-Quais as vantagens e as especi-Quais as vantagens e as especi-Quais as vantagens e as especi-ficidades de se organizar em rede?ficidades de se organizar em rede?ficidades de se organizar em rede?ficidades de se organizar em rede?ficidades de se organizar em rede? A organização em rede é uma propostacontra-hegemônica que se opõe à orga-nização hierárquico-burocrática e à orga-nização fragmentada na forma de arqui-pélago. Sua importância foi descobertapor conta da mudança de uma produçãofabril, centrada na grande escala de pro-dutos padronizados, para uma produçãocom grande diversidade qualitativa, fle-xibilidade e cujo valor agregado é, princi-palmente, de trabalho intelectual. O senhor diz que as redes existemO senhor diz que as redes existemO senhor diz que as redes existemO senhor diz que as redes existemO senhor diz que as redes existemna sociedade. Como podemos iden-na sociedade. Como podemos iden-na sociedade. Como podemos iden-na sociedade. Como podemos iden-na sociedade. Como podemos iden-tificar as redes de que fazemos partetificar as redes de que fazemos partetificar as redes de que fazemos partetificar as redes de que fazemos partetificar as redes de que fazemos partee tirar proveito delas?e tirar proveito delas?e tirar proveito delas?e tirar proveito delas?e tirar proveito delas? Nós somos parte dessas redes e nelasnos constituímos como seres sociais. Asredes se centram nos vínculos entre aspessoas e esses vínculos podem ser devários tipos. Por isso existe na psicologiasocial uma área especializada na terapiaem rede, que consegue resultados bemmelhores para problemas como a depen-dência de drogas e a violência. Autorescomo Slutsky, nos Estados Unidos, ouMony Elkaim, na Europa, têm trabalhadomuito a noção de ‘sanear as redes’. Alémdo uso ‘terapêutico’, nas práticas sociais

é crescente o uso da organização em redespara estabelecer uma estrutura leve esituacional. Eu acho que o movimento‘Fora Collor ’ foi, na sua época, umexemplo de organização em redes. Quais os principais conceitos e va-Quais os principais conceitos e va-Quais os principais conceitos e va-Quais os principais conceitos e va-Quais os principais conceitos e va-lores que estão em jogo numa rede?lores que estão em jogo numa rede?lores que estão em jogo numa rede?lores que estão em jogo numa rede?lores que estão em jogo numa rede? Principalmente o valor da democracia di-reta, o respeito à diversidade e à dife-rença, a aceitação do outro, a soli-dariedade, a construção de consensos apartir da explicitação dos dissensos e aprocura de objetivos socialmente valo-rizados de forma coletiva. Acho, alémdisso, que o exercício rotativodas lideranças é uma forma muito efetivade capacitação e educação permanente. Qual a diferença entre rede, redeQual a diferença entre rede, redeQual a diferença entre rede, redeQual a diferença entre rede, redeQual a diferença entre rede, redesocial e rede de movimentos sociais?social e rede de movimentos sociais?social e rede de movimentos sociais?social e rede de movimentos sociais?social e rede de movimentos sociais? Esses conceitos não são categoriastaxonômicas. Na prática, as redes reaissão uma mistura de todas elas. Maspoderíamos pontuar assim: a meto-dologia de construção de rede com quenós trabalhamos inspira-se nos aportesda psicologia social, da saúde mental eda análise institucional. Concentra-se napossibilidade de cada ator serprotagonista na forma de vincular ou

sanear os vínculos entre os nós da rede.A gestão de redes é o uso do referencialde redes para desconstruir umaorganização muito hierárquica e facilitaras relações entre as unidades e osmembros. Além disso, facilita as relaçõescom o ambiente (usuários, fornecedores,etc). A organização em rede é mais umprocesso do que um resultado. A análisede rede ou rede social é o uso do refe-rencial de redes para pesquisar relaçõese vínculos. Por exemplo, uma pesquisasobre contatos nas doenças de trans-missão sexual. Ela tem sua origem na so-ciologia inglesa dos anos 60 e 70. O duplouso da idéia de ‘rede em movimento’ ou‘movimento em rede’ produz uma boaaproximação dinâmica dessas relações. Aexperiência dos chamados ‘novos movi-mentos sociais’ — movimentos ecolo-gistas, de gênero, sem terra, igrejas debase, os que resistem à idéia de globa-lização e muitos outros — fazem um usosistemático da noção de rede, embora elanão esteja no centro do discurso mas simdas práticas. Eu também acho que a Re-forma Sanitária brasileira e a construçãodo SUS é um bom exemplo desse uso. O senhor diz que a organização emO senhor diz que a organização emO senhor diz que a organização emO senhor diz que a organização emO senhor diz que a organização emrede fortalece a democracia. Umarede fortalece a democracia. Umarede fortalece a democracia. Umarede fortalece a democracia. Umarede fortalece a democracia. Umapessoa ou instituição participa depessoa ou instituição participa depessoa ou instituição participa depessoa ou instituição participa depessoa ou instituição participa devárias redes e está inserida tam-várias redes e está inserida tam-várias redes e está inserida tam-várias redes e está inserida tam-várias redes e está inserida tam-

Mario Rovere

‘A Reforma Sanitária brasileira é um Mario Rovere fala sobre metodologia e organização

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bém em várias pirâmides. No casobém em várias pirâmides. No casobém em várias pirâmides. No casobém em várias pirâmides. No casobém em várias pirâmides. No casoda RETda RETda RETda RETda RET-SUS, por e-SUS, por e-SUS, por e-SUS, por e-SUS, por exemplo, cadaxemplo, cadaxemplo, cadaxemplo, cadaxemplo, cadaEscola está ligada hierarquica-Escola está ligada hierarquica-Escola está ligada hierarquica-Escola está ligada hierarquica-Escola está ligada hierarquica-mente à Secretaria de Saúde oumente à Secretaria de Saúde oumente à Secretaria de Saúde oumente à Secretaria de Saúde oumente à Secretaria de Saúde ouEducação. Como a rede pode ‘con-Educação. Como a rede pode ‘con-Educação. Como a rede pode ‘con-Educação. Como a rede pode ‘con-Educação. Como a rede pode ‘con-tagiartagiartagiartagiartagiar ’ a pirâmide e vice-versa?’ a pirâmide e vice-versa?’ a pirâmide e vice-versa?’ a pirâmide e vice-versa?’ a pirâmide e vice-versa? Eu gosto muito da perspectiva do edu-cador brasileiro Lefevre, que fala em“construir uma realidade didática ana-lógica a um projeto de sociedade futura”.A possibilidade de construir e aprofundara RET-SUS tem que se sustentar em umaredefinição permanente do que é aformação técnica e de como você conse-gue o melhor mix entre a precisão e origor da formação profissional e o com-promisso e a militância dos alunos e dosgraduados na construção do SUS e dodireito à saúde. Daí que a mudança devecomeçar nas aulas e nos modelos orga-nizacionais das Escolas. A democratizaçãodas instituições pode ser inspirada e atécontagiada pelas próprias redes na medi-da em que as Escolas procurem formarsujeitos atuantes e capazes de redefiniros espaços de trabalho. O senhor diz que a Saúde Pública,O senhor diz que a Saúde Pública,O senhor diz que a Saúde Pública,O senhor diz que a Saúde Pública,O senhor diz que a Saúde Pública,especialmente no Brasil, já temespecialmente no Brasil, já temespecialmente no Brasil, já temespecialmente no Brasil, já temespecialmente no Brasil, já temtradição de se organizar em rede.tradição de se organizar em rede.tradição de se organizar em rede.tradição de se organizar em rede.tradição de se organizar em rede.Quais os principais exemplos?Quais os principais exemplos?Quais os principais exemplos?Quais os principais exemplos?Quais os principais exemplos? Na minha breve experiência, a construçãodo próprio SUS é um desrespeito àsorganizações hierárquico-burocráticas. Anoção de um movimento sanitário deforma transversal, que desafia a própriaorganização dos partidos políticos; a co-nexão entre academia, serviços epopulação; as conferências sanitárias; e oConasems (Conselho Nacional dosSecretários Municipais de Saúde) comoum ator relevante no cenário do SUS sãosituações ‘normais’ para quem trabalhaem saúde no Brasil, mas, para quem vemde fora, representam mudanças insti-tucionais, sociais, políticas e técnicas semcomparação no mundo sanitário. Paramim, isso não poderia ter sido possível

sem uma forma de se pensar em rede. A RETA RETA RETA RETA RET-SUS é uma rede de Escolas-SUS é uma rede de Escolas-SUS é uma rede de Escolas-SUS é uma rede de Escolas-SUS é uma rede de Escolasgeograficamente distantes, quegeograficamente distantes, quegeograficamente distantes, quegeograficamente distantes, quegeograficamente distantes, quelidam com educação profissionallidam com educação profissionallidam com educação profissionallidam com educação profissionallidam com educação profissionalem saúde e têm, em geral, difi-em saúde e têm, em geral, difi-em saúde e têm, em geral, difi-em saúde e têm, em geral, difi-em saúde e têm, em geral, difi-culdade de acesso ou de hábitoculdade de acesso ou de hábitoculdade de acesso ou de hábitoculdade de acesso ou de hábitoculdade de acesso ou de hábitocom as novas tecnologias decom as novas tecnologias decom as novas tecnologias decom as novas tecnologias decom as novas tecnologias decomunicação. Como dinamizarcomunicação. Como dinamizarcomunicação. Como dinamizarcomunicação. Como dinamizarcomunicação. Como dinamizar,,,,,articular e promover as trocas numaarticular e promover as trocas numaarticular e promover as trocas numaarticular e promover as trocas numaarticular e promover as trocas numarede como essa? rede como essa? rede como essa? rede como essa? rede como essa?

O uso das novas tecnologias da comu-nicação deve ser parte da formaçãotécnica. No futuro, as pessoas terão quetrabalhar em serviços de saúde muito maisinterligados e interconectados não só nastecnologias de gestão, mas nas tecno-logias centrais também. Refiro-me aredes de laboratórios, de centros dediagnóstico, etc. As Escolas têm que seantecipar a esse movimento. Eu estiveem uma escola agrícola no interior do ser-tão, em Valente, Bahia, e pude confirmarque, quando as pessoas querem, as pos-sibilidades tecnológicas existem. Comseis horas de energia elétrica por um gera-dor, eles tinham acesso à internet paratodos os alunos. Também tive o privilégiode conhecer o projeto de ‘inclusão digital’que oferece educação e acesso ao com-putador a meninos e meninas de baixarenda. O projeto nasceu no Rio de Ja-neiro e hoje está em mais de dez paísesda América Latina.

FFFFFazem parte da RETazem parte da RETazem parte da RETazem parte da RETazem parte da RET-SUS as ETSUS-SUS as ETSUS-SUS as ETSUS-SUS as ETSUS-SUS as ETSUSdo Brasil inteiro, a Escola Pdo Brasil inteiro, a Escola Pdo Brasil inteiro, a Escola Pdo Brasil inteiro, a Escola Pdo Brasil inteiro, a Escola Politéc-olitéc-olitéc-olitéc-olitéc-nica de Saúde Joaquim Vnica de Saúde Joaquim Vnica de Saúde Joaquim Vnica de Saúde Joaquim Vnica de Saúde Joaquim Venânicoenânicoenânicoenânicoenânico(onde funciona a Secretaria Técnica(onde funciona a Secretaria Técnica(onde funciona a Secretaria Técnica(onde funciona a Secretaria Técnica(onde funciona a Secretaria Técnicada Rede) e o Ministério da Saúde.da Rede) e o Ministério da Saúde.da Rede) e o Ministério da Saúde.da Rede) e o Ministério da Saúde.da Rede) e o Ministério da Saúde.Qual deve ser o papel de cada umQual deve ser o papel de cada umQual deve ser o papel de cada umQual deve ser o papel de cada umQual deve ser o papel de cada umdesses elos?desses elos?desses elos?desses elos?desses elos?

Eu gostaria de enfatizar que as redes de-vem ser multicêntricas, mesmo que otamanho e as possibilidades dos nós oudos parceiros da rede sejam muitodiferentes. A lógica de grupo diz que to-dos os parceiros são iguais na hora da to-

exemplo de organização em rede’o social em rede

mada de decisão. A lógicada equipe ou do tra-balho especializado dizque todos são dife-rentes na hora deagir. A complexidade éque, na hora do poder de decisão,todo parceiro é igual, mas, na hora deagir, cada um trabalha de acordo com assuas possibilidades. . . . . Como a rede podeter sub-redes, é muito útil gerar coor-denações múltiplas para que todos os nóspossam ter a experiência de liderança dealguma tarefa e se evoluir (e envolver)muito mais. Os elos da RETOs elos da RETOs elos da RETOs elos da RETOs elos da RET-SUS têm, como-SUS têm, como-SUS têm, como-SUS têm, como-SUS têm, comocampo de atuação, a educação pro-campo de atuação, a educação pro-campo de atuação, a educação pro-campo de atuação, a educação pro-campo de atuação, a educação pro-fissional em saúde. Como ela podefissional em saúde. Como ela podefissional em saúde. Como ela podefissional em saúde. Como ela podefissional em saúde. Como ela podeinfluenciar diretamente a educaçãoinfluenciar diretamente a educaçãoinfluenciar diretamente a educaçãoinfluenciar diretamente a educaçãoinfluenciar diretamente a educaçãoprofissional, a formação e a saúdeprofissional, a formação e a saúdeprofissional, a formação e a saúdeprofissional, a formação e a saúdeprofissional, a formação e a saúdepública em geral no Brasil?pública em geral no Brasil?pública em geral no Brasil?pública em geral no Brasil?pública em geral no Brasil? Eu imagino, por minha experiência nosoutros países da região, que o grandedesafio para a formação técnica é comonão formar profissionais ‘subordinados’,que sejam funcionais a qualquer políticade saúde. Eu acho que a formaçãoprofissional tem que se envolver nasoutras fases do processo de profis-sionalização dos técnicos e empoderá-los,facilitando a geração de novas legislações,espaços de troca entre alunos e gra-duados, sistemas de créditos para teracesso a outras formações profissionais,etc. O futuro dos serviços de saúde po-derá trazer algumas surpresas, como umaredução do número de leitos hospitalarese muita tecnologia para fortalecer aatenção primária. E os alunos devem sepreparar para essa possibilidade. A pró-pria municipalização da saúde traz mu-danças que chegam até os processos detrabalho. A participação popular,a democratização dos serviços de saúde ea geração de espaços de atendimento têmque contar com um segmento técnicoprofissional atuante e comprometido comas necessidades da população.

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Acoordenadora da seçãoodontológica da PrefeituraMunicipal de Bom Despacho,

em Minas Gerais, não é dentista. Àfrente desse cargo está Conceição Cor-reia, uma Técnica de Higiene Dental(THD) formada pelo Centro Formadorda Escola de Saúde Pública de MinasGerais. A história de Sãozinha, como éconhecida, é um exemplo da res-ponsabilidade política das EscolasTécnicas do SUS no momento em quesão incentivadas a formar THD eAuxiliares de Consultório Dentário(ACD) que vão contribuir paramodificar o quadro da saúde bucal dopaís. Nacionalmente, isso faz parte deum programa do governo federalchamado Brasil Sorridente. Na basedesse Programa, e do desenvolvimentodessa área nos últimos anos, está aidéia de que a saúde bucal é parteindissociável da saúde integral dosindivíduos e, portanto, responsa-bilidade do Sistema Único de Saúde.

Nos serviços e na Escola

O objetivo do Brasil Sorridente,lançado em março deste ano, é ampliara assistência odontológica da popu-lação. O governo está se baseando emnúmeros do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE),segundo os quais 30 milhões de bra-sileiros nunca foram ao dentista (in-cluindo 13% dos adolescentes do país)e oito milhões são banguelas totais ouparciais. Para atingir esses objetivos, oPrograma vai investir R$ 1,3 bilhão. Aprimeira estratégia é criar e credenciarCentros de Especialidades Odonto-lógicas (CEOs), que vão complemen-tar os serviços das unidades básicas de

saúde com atendimento especializadoem áreas como cirurgia oral,atendimento a pacientes com neces-sidades especiais, periodontia (gen-giva), endodontia (canal) e diagnósticooral, com ênfase na identificação docâncer de boca, além de extração den-tária, restauração, pequenas cirurgias,aplicação de flúor e resina.

Para prevenir as doenças bucais,o governo também promete garantir afluoretação da água em todos osmunicípios brasileiros — onde não háflúor, a incidência de cáries cresce 49%— e distribuir dois milhões de kits comescova e pasta de dente para alunos darede pública.

Mas, de tudo isso, o que diz res-peito mais diretamente às EscolasTécnicas é que o Programa está incen-tivando a formação dos profissionaisque vão atuar na saúde bucal. Por con-ta disso, todas as ETSUS estão rece-bendo recursos específicos para aformação de THD e complementaçãodos profissionais que cursaram o Au-xiliar de Consultório Dentário (ACD).Embora devam ser pactuados nos pólosde educação permanente, a prioridadedesses cursos já está dada como dire-triz nacional e, portanto, ele contamcom recursos próprios.

O Programa espera espalhar 400CEOs pelo Brasil até 2006. Levando-se em conta que a equipe de cada umdeles deve ter, no mínimo, um den-tista, um ACD e um THD, pode-sever o tamanho do desafio posto àsETSUS como instituições de ensino eordenadoras da formação de níveltécnico em saúde. “A formação do THDtem sido um exercício importante paraas ETSUS, pois elas estão tendo queformular seus projetos a partir da

realidade do serviço, ou seja, estãotendo que buscar junto à realidadequais as necessidades de formação. Issotem sido muito interessante, porquevai colocando as Escolas num outrocenário de debate em relação áformação técnica”, diz SimoneMachado, coordenadora de AçõesTécnicas do Deges/SGTES/MS.

Formação em Saúde Bucal

Não por acaso, ‘Educação econstrução da cidadania’ é o título doprimeiro tópico do relatório final da 3ªConferência Nacional de Saúde Bucal,que aconteceu de 29 de julho a 1º deagosto deste ano, em Brasília. “A neces-sidade de mudança faz da educaçãoinstrumento formador da consciênciado sujeito socialmente responsável eelemento fundamental no contexto daatenção à saúde”, diz o texto. Sobreesse tema, o relatório aponta 83propostas, boa parte delas associandoeducação e comunicação — como, porexemplo, o incentivo à divulgação ecriação de campanhas para conscien-tizar a população sobre os problemasodontológicos — e educação formal eeducação popular.

No terceiro capítulo do rela-tório, lá está ela de novo: ‘Formação etrabalho em saúde bucal’. O texto nãoanalisa detalhadamente a formação deprofissionais de nível médio em saúdebucal, mas conclui que ela “tende autilizar o mesmo marco conceitualpedagógico do nível universitário”, o

Saúde bucal é novo desafio de Brasil Sorridente incentiva cursos de ACD e THD

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partir de janeiro de 2006, o ConselhoRegional de Odontologia (CRO) vaiexigir diploma para o desempenho dafunção de técnico. Isso significa que oConselho não vai mais aceitar umaprática que é comum hoje: a declaraçãodo dentista atestando que o pro-fissional está apto a exercer a ocu-pação. O mesmo vale para o ACD: quemquiser seu registro no Conselho terá oprazo de um ano para concluir o curso.

Débora diz que a Escola estáatenta ao Brasil Sorridente. Segundoela, lá serão criados 22 CEOs. “Ademanda de profissionais vai crescer.Por isso, vamos abrir mais turmas deACD e THD e estamos esperando adecisão do pólo para abrirmos o deTPD”, diz. Ela acredita que os CEOsvão direcionar melhor a formação e, porconseqüência, o Brasil Sorridente vaipossibilitar que a Escola atenda à de-manda real de cada localidade.

Mas o que fazem esses profis-sionais que as ETSUS estão se pre-parando para formar? Segundo Con-ceição Correia, ex-aluna da ESP-MG,

saúde e educação”.Tudo indica que

a área odontológica estácomeçando a ocupar seu espaço nocenário da saúde pública brasileira,o que aponta, não só para a melhoriada saúde bucal da população, mastambém para o aumento dos postosde trabalho nessa área e a neces-sidade de formação de novosprofissionais e daqueles já inseridosno sistema. Um primeiro passo paraisso foi a portaria nº 673/03, doMinistério da Saúde, que permiteque os municípios aumentem suasequipes de saúde bucal, podendoaté alcançar a mesma quantidadede equipes de saúde da família —antes, esse número só podia chegar àmetade do PSF. Além disso, o BrasilSorridente prevê um aumento dosincentivos a essas equipes de saúdebucal do PSF: a modalidade I (dentistae ACD) receberá R$ 20.400 e amodalidade II (que tem também oTHD) receberá R$ 26.400.

ETSUS engajadas no BrasilSorridente

Com todo esse movimento, asEscolas Técnicas do SUS tambémestão se mexendo. Muitas construindoos planos, outras já implementandocursos. Praticamente todas elas estãooferecendo — ou começarão nopróximo ano — o ACD e o THD. OCentro Formador de Pessoal CaetanoMunhoz da Rocha, no Paraná, porexemplo, já lançou oito turmas deTHD em outubro. De acordo com acoordenadora do curso, DéboraMassaro, eles não puderam perdertempo, dentre outras coisas, porque, a

que significa uma forte crítica nega-tiva porque, segundo o relatório, a gra-duação da área odontológica “não estácumprindo o seu papel na formação deprofissionais comprometidos com oSUS e com o controle social”. Trata-se, ainda de acordo com o relatório, deum modelo formador “dissociado darealidade brasileira”, que não se com-promete com as necessidades dapopulação”.

Melhor acender a luz amarela eligar o alerta, já que esse novo modo deolhar a saúde bucal no Brasil virou umdesafio para a educação. “Precisamosque nosso processo de formação ecapacitação dos profissionais assumaum caráter estratégico. Necessitamosagora de novos enfoques para o trabalhoem saúde bucal; da lógica do trabalhoem equipe, da compartilhação doconhecimento, da abordagem multi-disciplinar e integral da assistência emsaúde bucal”, diz a introdução ao perfilde competências do THD e ACD, as-sinada pelo Ministro Humberto Costa.

A despeito das críticas àeducação de nível médio em geral, em57 deliberações sobre a formação e 43sobre o trabalho, o relatório da Confe-rência cita as ETSUS nominalmentealgumas vezes e, no tópico 51, expli-cita qual deve ser o papel dessasinstituições: “A formação dostrabalhadores de nível médio em saúdebucal para o SUS deve ser feita pre-ferencialmente pelas Escolas Técnicasdo SUS, favorecendo assim uma liga-ção mais estreita entre os serviços de

formação para o SUS

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Polêmica na formação do ACD

Nas vésperas do Natal, asEscolas Técnicas do SUS receberamo convite para participar de umabaixo-assinado eletrônico. OCefope, do Rio Grande do Norte, estápedindo o apoio das ETSUS para con-testar a Decisão 61/2004 do Con-selho Federal de Odontologia (CFO),que determina que a carga horáriamínima do curso de ACD é de 300horas. A Decisão 47/2003, alteradapelo novo documento, exigia pelomenos 600 horas-aula.

Para Lêda Hansen, a decisãodo CFO é muito polêmica porque vaide encontro ao perfil profissional doACD, que foi homologado em 21 deoutubro de 2003 como resultado dediscussões e consensos entre váriasinstituições, dentre elas a Secretariade Gestão do Trabalho e da Educaçãona Saúde (SGTES/MS), o ConselhoNacional dos Secretários Estaduaisde Saúde (Conass), o Conselho Na-cional dos Secretários Municipais deSaúde (Conasems), a Associação Bra-sileira de Odontologia Nacional(ABO Nacional) e a Federação Na-cional dos Auxiliares e Técnicos deOdontologia. “Em apenas 300 horas,é impossível atender a esse perfil”,opina Leda. E completa: “Foi con-senso que o ACD deve atuar também

o campo de atuação do THD é bemabrangente. “Ele trabalha naprevenção, na profilaxia coronária, naaplicação de celante e flúor, além defazer palestras. Seu principal papel éa promoção da saúde, ele ensina opaciente a escovar os dentes, instruisobre noções de higiene, faz a triageme o encaminha para o dentista”,explica. Já o ACD, diz, trabalha dire-tamente com o dentista, fazendo ainstrumentação e os procedimentos delimpeza, esterilizando o material, de-sinfetando a cadeira, enfim, prepa-rando o ambiente para o dentista. Eletambém marca as consultas e preen-che a ficha do paciente. Atentandopara o perfil de competências dessesprofissionais e para o discurso dosmilitantes da saúde bucal, é precisoidentificar uma mudança. “Antes, a fun-ção do técnico era ‘tampar buraco’. Hoje,o mais importante é prevenir”, destaca.

Em Bom Despacho, onde Con-ceição trabalha, o Brasil Sorridenteainda não chegou. Mesmo assim, oCentro de Atenção à Saúde Bucal coor-denado por ela atende 140 pessoas pordia. “Acho que mais da metade da po-pulação está consciente da necessi-dade de prevenir”, avalia.

O primeiro passo para que essetrabalho fosse adiante foi travar umdiálogo com a associação de moradoresda região. A clínica fez uma parceriacom o Programa de Saúde da Famílialocal e hoje Conceição conta com o tra-balho dos ACS para agendar o aten-dimento da população.

Quando o Brasil Sorridente che-gar por lá, já vai encontrar uma estru-tura que funciona com interdis-ciplinaridade, trabalho em equipe eintegração dos serviços. Valores que seaprendem na Escola: “Antes, eu tra-balhei um ano sem nenhuma forma-ção. O curso de THD abriu minhacabeça”, conclui Conceição.

na promoção e divulgação da saúdebucal. Com essa carga horária insu-ficiente, só é possível formar um tra-balhador voltado para as atividadesclínicas, ou seja, para ajudar odentista. É um desrespeito aocidadão”.

O secretário-geral do CFO,Marcos Santana, se defende, dizendoque o Conselho está apenas seguindoo Parecer 460/75, do Ministério daEducação, segundo o qual as 300 horassão suficientes nos casos em que oaluno já tenha ensino fundamentalcompleto. Na verdade, esse parecerfoi derrubado junto com a lei 5692para dar lugar à LDB. Mas comonenhuma portaria entrou no lugar, ocaso fica sem regulação.

Ele destaca ainda que o perfillançado pelo Ministério da Saúde éapenas uma sugestão, já que o res-ponsável pela regulação da cargahorária dos cursos é o MEC.

Apesar dessa resolução do CFO,o Cefope vai manter seu curso de ACDcom 650 horas. “Nosso compromisso écom a melhoria dos serviços”, diz.

Em breve, a discussão sobreessa polêmica pode estar no site daRET-SUS. Não deixe de dar a suaopinião.

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Aconteceu nas ETSUS

Unimontes lança seuManual Pedagógico

“O manual da Escola deve ser olivro de cabeceira do professor”, diz IzaCotrim, que organizou, junto com aprofessora Laura Leão, o ManualPedagógico da Escola Técnica deSaúde Unimontes. Além de conterorientações básicas do Projeto PolíticoPedagógico (PPP) da Escola, queinclui o currículo integrado, a meto-dologia problematizadora e o conceitode competências, o manual dá dicasaos professores e coordenadores sobrecomo planejar suas atividades.

A idéia do manual surgiu no cursode pós-graduação em Docência paraEducação Profissional, cursado pelasduas professoras. Durante a pesquisade final de curso, Iza e Laura perce-beram que a maioria dos professoresda Escola não possui formação emeducação. “O manual vai ajudar nossosdocentes a entender um pouco a filo-sofia da ETSUS e os princípios doPPP”, explica Laura.

O projeto teve o financiamentodo componente 2 do Profae e foiorientado pela professora Ilma Passos,da Universidade de Brasília, que édoutora em educação.

Cefor Araraquara inova com Projeto Político Pedagógico

competências. “Utilizamos o métododa problematização, ou seja, fazemosuma ponte entre a teoria e a prática.Segundo Paulo Freire, é preciso partirda necessidade do aluno para ensinarcomo deve ser na prática”, diz.

A equipe do Cefor Araraquaraacredita que a Escola deve formar umprofissional que, além da técnica, te-nha uma visão humanitária do seu tra-balho. Para isso, está sendo pensadoum Projeto Político Pedagógico baseadona interdisciplinaridade. “A idéia émostrar para o aluno o que uma disci-plina tem a ver com a outra. Os pro-fessores das duas matérias montariamo plano de aula juntos”, explica. Umexemplo, segundo Márcia, poderia serum plano de curso comum para asdisciplinas de Psicologia, Relacio-namento Interpessoal e Enfermagemem Saúde Mental. “Essas matérias se-riam dadas concomitantemente. Namedida do possível, dois professoresestariam juntos em sala de aula”, diz.

No próximo ano, a proposta dereformulação será apresentada paratodos os professores da ETSUS Ara-raquara. A partir daí, eles serão divi-didos segundo suas especialidades paracriar um projeto político pedagógicopor área.

Interdisciplinaridade. Esse é oprincipal conceito do inovador ProjetoPolítico Pedagógico (PPP) que vemsendo desenvolvido e proposto porMárcia Cintrão, professora do CeforAraraquara. O projeto nasceu como tra-balho final do curso de pós-graduaçãosemipresencial ‘Formação Pedagógicaem Educação Profissional de Saúde:Enfermagem’, oferecido a 75 profes-sores da região, como parte do com-ponente 2 do Profae.

A diretora do Cefor, Maria Helenade Nardi, resolveu aproveitar apesquisa e o conhecimento que estásendo produzido pela professora paraanalisar e reformular o PPP da Escola.Nessa análise, Márcia percebeu queos currículos ainda seguem algunsparâmetros da década de 70, como ode formar profissionais preocupadosapenas com a técnica. “Antes, ostrabalhadores faziam uma atividademecânica, cumpriam as tarefas semquestionar. Hoje, precisamos de pes-soas que tenham uma visão mais hu-mana da saúde”, explica a enfermeira,que faz mestrado em EnfermagemPsiquiátrica e Ciências Humanas, naUSP de Ribeirão Preto.

Para Márcia, a Lei 9.394/96 danova LDB já oferece avanços pelo fatode inserir nos PPP o conceito de

ETIS promove curso técnico de enfermagem nos hospitais do Rio

A partir de dezembro, os cursos

descentralizados da Escola Técnica de

Saúde Izabel dos Santos (ETIS)

também acontecerão dentro dos

hospitais estaduais do Rio de Janeiro.

O projeto é uma parceria entre a ETIS,

a Secretaria Estadual de Saúde e as

Unidades de Emergências dos hos-pitais Carlos Chagas, AlbertoSchweitzer, Rocha Faria, Pedro II,Eduardo Rabello, Adão Pereira Nunese Getúlio Vargas, todos do municípiodo Rio de Janeiro.

As aulas, que começaram dia15 de dezembro, são oferecidas em dois

turnos. A Escola promoveu a capa-citação pedagógica para 70 en-fermeiros dos hospitais, que serão osprofessores dos cursos. Até julho do anoque vem, serão contemplados 324profissionais, mas a meta da Escola éformar aproximadamente 3 mil auxi-liares em técnico de enfermagem.

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Aconteceu nas ETSUS

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Reunião Anual da RET-SUS acontece em NatalRede lança site, discute educação permanente e sugere novo texto para portaria

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Lançamento do site, troca de experiências sobre a participação nos pólos de

educação permanente e proposta derevisão do texto da portaria que ins-tituiu a Rede foram os temas tratadosna 2ª Reunião Anual da RET-SUS, queaconteceu no Cefope, em Natal, RioGrande do Norte, no dia 30 de no-vembro. Participaram do encontrodiretores e coordenadores de ensino dasEscolas Técnicas do SUS de todo opaís. A pauta foi definida a partir dasnecessidades e demandas apontadasna última reunião de trabalho da Rede,em setembro.

Dando continuidade a um pro-jeto de comunicação que começou coma criação desta Revista, a SecretariaTécnica lançou o site da RET-SUS,que fica no endereço www.retsus.epsjv.fiocruz.br. Além de divulgarnotícias — que serão anunciadas pe-riodicamente por um boletimeletrônico enviado por e-mail —, oobjetivo do site é reunir informaçõesinstitucionais sobre a Rede e sobrecada uma das Escolas que a compõem.Quem navegar pelo site vai poderconhecer todas as ETSUS, obter infor-mações sobre os cursos que elas ofe-recem e entender um pouco mais sobreeducação profissional em saúde.

Avançando nos PEP

A participação das ETSUS nospólos de educação permanente (PEP)não só aumentou como ficou mais qua-lificada desde a última reunião de

trabalho da Rede, que aconteceu cercade três meses antes. Essa foi a prin-cipal impressão que ficou dos relatosdas Escolas do Acre, Bahia, Blumenau(SC), Assis (SP) e Alagoas, durante aReunião Anual. Durante o debate, ou-tras ETSUS comentaram suasexperiências.

Na maior parte dos casos, oroteiro se repetiu: dificuldade de in-serção no início, constatação de que amaioria dos pólos não dava importânciaà educação profissional e de que épreciso trabalho pesado para con-quistar espaço. A portaria 198, que ins-titui os PEP e cita as Escolas Técnicascomo instituições de formação emsaúde, foi apontada como uma ferra-menta importante na luta pela parti-cipação. Terezinha Carneiro, diretorada Escola de Blumenau, por exemplo,contou que, certa vez, perguntaram oque ela estava fazendo na reunião dopólo. Com a portaria debaixo do braço,

ela reafirmou que a ETSUS é um atorfundamental para a educaçãopermanente em saúde.

Segundo Talita Lima, da Es-cola do Acre, que tem uma participaçãoativa e proveitosa no único pólo doestado, no começo ninguém entendiamuito bem o que era educaçãopermanente e tudo se resumia à brigapelos recursos, uma “corrida ao ouro”.Hoje, passada essa fase, ela disse se sentiruma representante do pólo na ReuniãoAnual. Um ponto destacado por todasas Escolas foi a necessidade de as ETSUSconquistarem um assento no conselhogestor dos pólos, apontado como um lugarde reconhecimento.

Simone Machado, do Deges/SGTES/MS, que coordenou essa mesade experiências, destacou que ganharespaço para a educação profissional epara as ETSUS nos pólos é importante,mas não é o único desafio. Segundo ela,as Escolas precisam participar da for-

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mulação da política mais ampla, con-tribuindo, por exemplo, para a mudan-ça nas graduações em saúde. “O lugarde formulador não deve ser só para aeducação técnica”, explicou.

Nova portaria

O número de representantesdas Escolas Técnicas na comissãogeral de coordenação da RET-SUS vaisubir de um para cinco. E essa comis-são terá, dentre outras coisas, aresponsabilidade de aprovar a entradade outras instituições públicas, liga-das à educação profissional mas quenão são ETSUS, na Rede. Isso porquealguns dirigentes de universidadespúblicas estaduais e federais já têmparticipado e contribuído com as trocasem todas as últimas reuniões da Rede.

Essas foram as principais mu-danças propostas no texto da portariaque institui a RET-SUS, um docu-mento emitido em 2000 que precisaser atualizado para dar conta tanto danova estrutura do Ministério da Saúde

quanto das confi-gurações que a própriaRede adquiriu nosúltimos meses.

A decisão maispolêmica, que geroudebate, foi que, apesarde poderem participarda Rede, as Escolas nãovinculadas adminis-trativamente à gestãodo SUS (secretarias desaúde) não podem inte-grar a comissão geral decoordenação da RET-SUS.

Outra mudança foi a subs-tituição da antiga Coordenação deRecursos Humanos em Saúde pelaCoordenação de Ações Técnicas doDeges/SGTES, respeitando-se a novaorganização do Ministério da Saúde.Os próximos passos são submeter assugestões ao departamento jurídico doMinistério da Saúde e, em seguida,indicar ao Ministro para assinatura.

Embora a nova portaria aindanão esteja em vigor — a SGTES vaiencaminhar as sugestões para apre-

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ciação da assessoria jurídica e sub-metê-las à aprovação do Ministro —, aeleição dos representantes da comissãogeral de coordenação aconteceu, naprópria Reunião Anual, já segundo anova proposta. Do grupo eleito (vertabela), a diretora do Cefope, do RioGrande do Norte, Vera Lucia Ferreira,foi indicada também como represen-tante das Escolas no Comitê Consul-tivo da Biblioteca Virtual em Saúdeda área temática Educação Profis-sional em Saúde (BVS-EPS).

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Aconteceu nas ETSUS

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Seminário discute qualidade na Educação ProfissionalDuas conferências e várias mesas de experiências marcam dois dias de trabalho

processo. “De um lado, temos avançocientífico e tecnológico; do outro, con-centração de renda”, disse. Segundoele, na década de 80, a sociedade deuum passo atrás e retomou um processoque tinha sido interrompido depoisdas duas grandes guerras mundiais: amercantilização de questões sociaiscomo saúde e educação. “Quando co-mecei a trabalhar, eu não precisava terum seguro de saúde, que é só para quempode pagar. Fora da esfera pública, nãoexiste direito, só negócio”, disse.

Gaudêncio fez críticas à peda-gogia das competências que, segundoele, trata-se de fórmula antiga que, senão for devidamente qualificada, sóincentiva a preguiça mental. “Empre-gabilidade hoje é para quem tem umalista restrita de competências. Essa éuma outra forma de dizer que não hávaga para todo mundo”, completou.

Toda a fala da conferência foiuma defesa da educação básica e daampliação de escolaridade como um

direito de todos e pressuposto de ci-dadania. “Para mim, a educação pro-fissional de qualidade é uma boa edu-cação básica e média que não separeo geral do técnico. Quem tem a baseapreende novos conhecimentos e téc-nicas rapidamente”, explicou.

Para encerrar sua fala, dizendoque no auditório estava representadoum “Brasil bonito”, o professor de-clamou o poema “Desejo a você”, deCarlos Drummond de Andrade.

Saber popularSaber popularSaber popularSaber popularSaber popular

No segundo dia, José Ivo Pe-drosa, coordenador de ações popularesdo Deges/SGTES/MS, fez a con-ferência ‘A inserção da EducaçãoPopular na Formação dos Traba-lhadores de Nível Médio da Saúde’.Falando pelo campo da educação po-pular em saúde, ele destacou a neces-sidade de se ouvir a população paraque o sistema de saúde não seja

Buscar uma proposta edu-cacional includente e dequalidade. Esse foi, segundo

a diretora Vera Lucia Ferreira, oprincipal objetivo do 2º Seminário deEducação Profissional do Cefope, RioGrande do Norte. O evento, quesucedeu a 2ª Reunião Anual da RET-SUS, aconteceu nos dias 1º e 2 dedezembro, no próprio CentroFormador, e contou com a presençados diretores e coordenadores deensino de todas as Escolas Técnicasdo SUS, além de professores eprofissionais de saúde do estado.

A programação incluiu duasgrandes conferências e diversasmesas-redondas com apresentação deexperiências de pós-graduação paradocentes, pesquisa, educação adistância e estratégias de ensino parauma aprendizagem significativa.

Mundo do trabalhoMundo do trabalhoMundo do trabalhoMundo do trabalhoMundo do trabalho

Gaudêncio Frigotto, professorda Universidade Federal Fluminense(RJ) e um dos mais importantesnomes da área de Educação, fez a con-ferência de abertura do Seminário,com o tema ‘Trabalho, Conhecimentoe Cultura como eixos estruturantesda educação profissional’. Sobre ostrês conceitos do título, ele destacouo trabalho como direito e dever, a cul-tura como tudo que tem a marca devalores e significados humanos, e oconhecimento como algo que é criadona vida e que o ser humano busca otempo todo.

O professor fez um históricodas mudanças que trouxeram a perdade direitos fundamentais para a hu-manidade no mundo atual e destacouas desigualdades resultantes desse

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pautado por uma única lógicainstituída. “Se nos dispusermos a es-cutar as pessoas e, junto com elas, re-construirmos o que é ou não viável esaudável, vamos contribuir para quecada um viva melhor o seu próprio mo-do de vida. E seremos profissionaismais revolucionários”, disse.

Um dos temas provocados pe-lo público durante o debate foi a atualpolêmica sobre a formação técnicados Agentes Comunitários de Saúde,já que parte do grupo da educação po-pular é contra o curso técnico porachar que isso vai comprometer o per-fil de líder e profissional de confiançada comunidade que caracteriza oACS. José Ivo lembrou que discussõescomo essas existem porque algunsambientes idealizam uma pseudo-divergência entre o conhecimentopopular como aquele que liberta e oconhecimento científico como o queoprime. “Alguns acham que o que háde mais ‘suspirante’ no ACS é o fatode ele vir da comunidade. Mas ele éum profissional, que passa por umaseleção, recebe salário. Portanto, a‘pureza’ já foi ‘contaminada’”, disse.E completou: “Não podemos ter a in-genuidade de achar que o saber do po-vo é suficiente para libertar o povo. Aeducação popular deve ser trabalhadade modo a mobilizar as pessoas na di-reção da busca pelos seus direitos”.

Mesas de experiênciasMesas de experiênciasMesas de experiênciasMesas de experiênciasMesas de experiências

Nas mesas-redondas, a EscolaPolitécnica de Saúde JoaquimVenâncio (EPSJV), o Cefor de Arara-quara, a Unimontes e a ETSUS Blu-menau apresentaram suas experiên-cias com cursos de pós-graduação paraos professores. A Escola de SaúdePública de Minas Gerais apresentouo caminho que percorreu para desen-volver sua pesquisa de egressos, aindasem resultados finais, e a EstaçãoObservatório dos Técnicos em Saúde,que funciona na EPSJV, mostrou ediscutiu alguns resultados do estudo“Trabalhadores Técnicos em Saúde:formação profissional e mercado detrabalho”. A edição impressa da pes-

Professora do Cefope de Natal ganhaPrêmio Rosalia Moura

O desafio de transformar aprática educativa é cotidianamenteassumido por todas as Escolas Técni-cas do SUS. Mas, este ano, essa expres-são pedagógica se tornou motor e sub-título de uma experiência que rendeu oPrêmio Rosália Moura ao Centro Forma-dor de Natal, Rio Grande do Norte.

Tudo começou em outubro de2003, quando a professora Lêda MariaHansen assumiu uma turma de atua-lização de auxiliares de consultório den-tário (ACD). O objetivo era capacitar30 alunos para que eles desen-volvessem ações de educação em saúdebucal. Mas, em poucas 32 horas,distribuídas em quatro dias de curso,eles conseguiram muito mais do queisso. “Acho que os participantestrilharam seus primeiros passos paraampliar o conceito de prevenção paraalém da instrução sobre autocuidadobucal, aplicações tópicas de flúor eproibição do consumo de açúcar pelosindivíduos”, diz ela, no texto que relataa experiência. Pouco mais de um anodepois, numa cerimônia que aconteceudurante o 2º Seminário de EducaçãoProfissional do Cefope, seu relato ficouem primeiro lugar na premiaçãopromovida pelo Observatório deRecursos Humanos em Saúde doNúcleo de Estudos em Saúde Coletiva(Nesc) da Universidade Federal do RioGrande do Norte. Essa foi a segundaedição do concurso, que busca iden-tificar, no estado, experiências inova-doras na área de recursos humanos. Oprêmio, financiado pela OrganizaçãoPan-americana de Saúde (Opas), foi umcomputador e uma impressora.

A base da experiência de Lêdaé a crença de que a prática docente éum elemento decisivo para umaeducação cidadã, que busque formarcidadãos “críticos, criativos eexploradores” e não apenas repro-dutores do conhecimento produzidopor outros. Para isso, na turma de ACD,ela adotou a metodologia de ‘projetosde trabalho’, entendida como umaestratégia que conecta a escola com omundo exterior e entende o alunocomo responsável pela sua própriaaprendizagem. “O trabalho didáticotomou como ponto de partida areflexão sobre as práticas e expe-riências já construídas pelo grupo,buscando direcionar o seu foco para aconstrução do conhecimento através daaprendizagem significativa”, explica.Segundo ela, ao longo do processo osalunos foram assumindo cada vez maisuma postura de pesquisa, fazendo in-vestigações, análises, formulando eargumentando. “A experiência mostrouque é possível transformar a práticaeducativa. Mas essa transformaçãopressupõe que o professor abandonea tradicional passividade, assuma umapostura crítica e desenvolva uma novarelação com o conhecimento, estu-dando, teorizando a sua prática ereconhecendo o espaço da sala de aulacomo fonte fundamental de pesquisa.E, acima de tudo, tenha clareza do tipode sociedade, de escola e de pessoaque ele pretende ajudar a formar”,conclui Lêda.

O relato completo da experiência está disponível noendereço www.observatorio.nesc.ufrn.br/artigoRelato.php?codigo=208.

quisa foi distribuída para todos ospresentes. Para o debate de educaçãoa distância, foram expostas as expe-riências do curso de facilitadores deeducação permanente, do Ministérioda Saúde; do Proformar, da EPSJV; eda Formação Pedagógica para Do-centes da Educação Profissional, daEaD da ENSP e também do MS. So-bre estratégias para aprendizagem

significativa, o público assistiu aosrelatos de experiências da Escola deSaúde Pública do Ceará e de doisprojetos específicos, um da EPSJV eoutro do próprio Cefope.

Os arquivos das apresentações,

com conteúdo completo em powerpoint,

serão disponibilizados no site da RET-

SUS (www.retsus.epsjv.fiocruz.br).

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ETSUS Acre inovou no

processo seletivo

Um aluno comprometido com

o Sistema Único de Saúde é o que aETSUS Acre deseja. Por isso, a Escolamodificou o processo seletivo paraseus cursos. Agora, os candidatosprecisam preencher um questionáriosócio-profissional e fazer uma provadiscursiva. Na primeira avaliação, élevado em consideração o tempo deserviço, o vínculo profissional e asituação econômica medida pelasvariáveis tipo de moradia, renda equantidade de filhos. A segunda etapaconsiste em uma prova com estudode caso, ou seja, são sugeridassituações fictícias ao aluno, que deveexplicar o procedimento correto a serexecutado. “Queremos avaliar afamiliaridade do profissional na área.Para responder à questão, ele deverefletir sobre situações reais da saúde.Além disso, as questões tambémavaliam o posicionamento ético docandidato”, explica a diretora daEscola, Talita Lima.

Cefor da Paraíba realiza

Atualização Pedagógica

A ETSUS Paraíba realizou,durante todo o ano, o curso deatualização pedagógica com todos osprofessores do curso de auxiliar deenfermagem de sete municípios doestado. Ao todo, foram feitas oitooficinas e cerca de 240 professores ecoordenadores foram capacitados.

Inaugurada a sede da ETSUS Amazonas

dietética, radiologia, higiene dental,laboratório de prótese dentária,reabilitação de dependentes quí-micos e técnico em saúde e segurançado trabalho, vão começar a ser ofe-recidos em fevereiro de 2005, emturmas de 50 alunos.

Novinha em folha. A ETSUSAmazonas inaugurou sua nova sedeno dia 12 de novembro, com a a-presentação da Orquestra SinfônicaCláudio Santoro, que tocou músicaslocais. A festa reuniu cerca de 2 milpessoas, incluindo os secretários mu-nicipais de saúde e educação e o gover-nador do estado, Eduardo Braga, quecortou a fita.

As aulas começaram logo trêsdias depois, com os cursos básicos deAperfeiçoamento dos Conselheiros daÁrea de Saúde; Informática Básica; eAtendimento ao Idoso, voltado paraauxiliares e técnicos de enfermagem.

Os cursos técnicos de biodia-gnóstico, hemoterapia, nutrição e

ETIS inaugura biblioteca e videoteca

Profae, abriu as portas com 60 títulos,que estão à disposição dos alunos detodos os cursos. A videoteca temcapacidade para 15 pessoas. As Escolasque quiserem doar acervo para essesnovos espaços de educação profissionaldevem entrar em contato com a ETIS.

A cerimônia de aniversáriocontou com a presença de váriasautoridades, incluindo o secretárioestadual de saúde do Rio de Janeiro,Gilson Cantarino.

No aniversário de 15 anos daEscola Técnica de Saúde Izabel dosSantos (ETIS), no Rio de Janeiro, quemga-nhou presente foram os alunos eprofessores. Na comemoração, no dia7 de dezembro, foram inauguradas aBiblioteca Marilisa Cortes, em home-nagem à ex-diretora e a Videoteca AnaGalvão, que leva o nome de uma pro-fessora escolhida pelos trabalhadoresda Escola. A biblioteca, construídacom recursos do componente 2 do

ETSUS Pernambuco forma auxiliarese técnicos de enfermagem

A turma de 21 alunos domunicípio de Salgueiro, em Pernam-buco, concluiu o curso de auxiliar deenfermagem, que contou com recursosdo Profae, no dia 21 de dezembro. Jáem Vitória de Santo Antão, 29 técnicosde enfermagem – todos trabalhadoresdo PSF da região – se formaram no dia17 de dezembro. O curso foi desen-volvido com recursos do Proesf (Projeto

de Expansão e Con-solidação da Saúdeda Família).

A complementação de auxi-liar para técnico de enfermagem foi umademanda dos próprios profissionais, quequeriam aumentar sua qualificação.Um diferencial do curso foi a inclusão,a pedido dos alunos, de disciplinasenvolvendo a saúde dos idosos eprocedimentos em caso de emergência.